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Comunidade Virtual Autismo no Brasil, Notas de estudo de Enfermagem

Comunidade Virtual Autismo no Brasil

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 11/07/2010

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Baixe Comunidade Virtual Autismo no Brasil e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! Ajude-nos a aprender (Help us learn) Um Programa de Treinamento em ABA (Análise do Comportamento Aplicada) em ritmo auto-estabelecido. Kathy Lear AJUDE-NOS A APRENDER Manual de Treinamento em ABA parte 1 Help Us Learn: A Self-Paced Training Program for ABA Part I: Training Manual Kathy Lear Toronto, Ontario – Canada, 2a edição, 2004 Website: www.helpuslearn.com e-mail: customerservice@helpuslearn.com Comunidade Virtual Autismo no Brasil DISTRIBUIÇÃO INTERNA Tradução: Margarida Hofmann Windholz Marialice de Castro Vatavuk Inês de Souza Dias Argemiro de Paula Garcia Filho Ana Villela Esmeraldo AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA Lidando com o Comportamento ...........................................................................................4-8 Comportamento de fuga de demanda (Reforçamento Social Negativo) ..............................4-8 Comportamento Auto-Estimulatório (Reforçamento Automático)......................................4-9 Causas “tangíveis” de Comportamento (Reforçamento Negativo) ....................................4-10 Comportamento de Busca de Atenção (Reforçamento Social Positivo) ............................4-11 Extinção de Comportamento ..............................................................................................4-12 Utilizando Reforçamento Diferencial para Lidar com Comportamentos-problema ..........4-13 5. Ajudas e dicas...................................................................................................................5-1 Tipos de Dicas ......................................................................................................................5-2 Aprendizagem sem erros ......................................................................................................5-3 Esvanecendo a Dica..............................................................................................................5-4 Dica “Não-Não” (também conhecida como NNP)...............................................................5-4 O que fazer se a criança dá a resposta errada .......................................................................5-5 Diretrizes para o uso de dicas...............................................................................................5-6 6. Foco no Comportamento Verbal ......................................................................................6-1 Os operantes verbais:............................................................................................................6-2 Ensinando Mandos: OEs (EO’s) ..........................................................................................6-4 Ensinando mandos: Captação e Planejamento em Ambiente Natural..................................6-4 O que Levar em Conta ao Escolher as Primeiras Palavras para Ensinar como Mandos......6-6 Linguagem Receptiva ...........................................................................................................6-6 Intraverbal.............................................................................................................................6-7 Textual (Ler).........................................................................................................................6-8 Transcritivo (Escrever).........................................................................................................6-9 Técnicas de Ensino usadas em Comportamento Verbal.......................................................6-9 Procedimento de Transferência de Controle de Estímulo Procedimento de Transferência Rápido) ...............................................................................................................................6-10 Conceito-Chave para Usar o Procedimento de Transferência de Estímulo .......................6-10 O que fazer se a Resposta é Incorreta: Usando o Procedimento de Correção...................6-12 Como Saber a Seqüência para ensinar Comportamento Verbal? .......................................6-13 Uma olhada no ABLLS ......................................................................................................6-13 Perfil do Aprendiz Iniciante no ABLLS – página 1 de 3 ...............................................6-15 Como Aprender Mais sobre Comportamento Verbal.........................................................6-16 7. Currículo...........................................................................................................................7-1 Decida Por Onde Começar ...................................................................................................7-2 A “pizza” curricular..............................................................................................................7-3 Exemplo de Conteúdo em Cada Categoria da “Pizza Curricular” .......................................7-4 Quantos Programas Ensinar de Uma Só Vez? .....................................................................7-6 Análise de Tarefa..................................................................................................................7-6 Montando a Pasta Curricular ................................................................................................7-8 Divisões na Pasta Curricular ................................................................................................7-8 Folhas a usar para montar sua Pasta Curricular....................................................................7-9 A Folha de Registro de SD................................................................................................7-9 Como usar a Folha de Registro de SD e a Folha de Registro de Dados..........................7-10 Como usar a Folha de Dados para Mandos ....................................................................7-11 Como usar a Folha de Dados para FCC .........................................................................7-12 Como usar o planejamento NET ....................................................................................7-13 Dicas para a Elaboração do Currículo ................................................................................7-14 8. Instrução ...........................................................................................................................8-1 Torne o ambiente de aprendizagem reforçador ....................................................................8-2 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA Prepare o ambiente de aprendizado......................................................................................8-2 Intercale e varie “demandas de instrução” ...........................................................................8-3 Aprendizagem sem erro........................................................................................................8-4 Intercale tarefas fáceis e difíceis...........................................................................................8-4 Aumente gradualmente o número de demandas...................................................................8-4 Ritmo rápido de instrução ....................................................................................................8-4 Ensine fluência das habilidades............................................................................................8-5 Cartões de dicas para professores.........................................................................................8-5 Algumas palavrinhas sobre contato visual ...........................................................................8-7 Técnicas comportamentais usadas em ABA ........................................................................8-7 Juntando as coisas: exemplos de um programa de ABA....................................................8-10 Exemplo de Currículo: .......................................................................................................8-10 Exemplo de espaço de trabalho: .........................................................................................8-11 Exemplo de Aula: ...............................................................................................................8-12 9. Manejo de dados...............................................................................................................9-1 Sondagem de Dados versus Coleta Contínua de dados........................................................9-1 Como fazer uma Sondagem de Dados..................................................................................9-2 Anotando os resultados.........................................................................................................9-2 Exemplo 1 de uma Folha de Registro de SDs, mostrando os dados coletados .................9-3 Não é melhor ter mais dados? ..............................................................................................9-3 Domínio e Fluência ..............................................................................................................9-3 Quando um programa é considerado dominado e fluente? ..................................................9-4 Exemplo 2 de uma Folha de Registro de SD indicando domínio......................................9-4 Plotando os dados .................................................................................................................9-5 Exemplo 1 de Gráfico de Dados.......................................................................................9-5 O que você aprende a partir de um gráfico?.........................................................................9-6 Exemplo 2 de Gráfico de Dados.......................................................................................9-6 Exemplo de Folha de Registro de Mandos.......................................................................9-7 Exemplo de Gráfico de Mandos .......................................................................................9-8 10. Teste seu Conhecimento.............................................................................................10-1 Dramatização, Estudos de Caso: Teste Final. ....................................................................10-1 Dramatização......................................................................................................................10-2 Currículo para Dramatização..........................................................................................10-2 Montando o Espaço de Trabalho....................................................................................10-3 Estudos de Caso................................................................................................................10-12 Teste .................................................................................................................................10-16 Referências Bibliográficas................................................................................................10-21 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-1 1. Introdução à ABA1 O que é ABA? O que é VB? Esse tipo de programa é eficaz? Como posso usar esse programa de treinamento? Objetivos de aprendizagem. O objetivo do Programa em ritmo auto-estabelecido “Ajude-nos a aprender” (“Help Us Learn Self-Paced Training Program for ABA”) é tornar a metodologia de ensino da Análise do Comportamento Aplicada (ABA - abreviação de Applied Behavioral Analysis) mais fácil de aprender e de usar; bem como torná-la acessível a mais pessoas a um custo barato. Foi escrito por uma mãe para pais; professores, terapeutas, assistentes educacionais, provedores de serviços, tias, tios, acompanhantes, monitores de acampamento, babás, avós e qualquer pessoa que tenha a oportunidade de fazer diferença na vida de uma criança com autismo. O programa foi planejado para atender as necessidades de dois diferentes grupos de pessoas: as famílias ou professores que não têm acesso a um consultor ou psicólogo especializados em ABA, não pode pagar pelo serviço ou não quer esperar para começar o trabalho; famílias e professores que estão dirigindo um programa de ABA e precisam de um meio eficaz e barato para treinar novos professores de ABA. Se os professores forem bem treinados, as crianças serão bem ensinadas. 1 “A” ABA ou “O” ABA? Rigorosamente falando, seria a Análise do Comportamento Aplicada. Pronuncia- se “ei, bi, ei” – mas já se fala corriqueiramente “aba”, no Brasil. Quem fala “O” ABA está se referindo ao “método ABA” – seria uma silepse de gênero? Capítulo 1 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-4 O que é ABA? Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis; abreviando: ABA) é um termo advindo do campo científico do Behaviorismo, que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem. Uma vez que um comportamento é analisado, um plano de ação pode ser implementado para modificar aquele comportamento.O Behaviorismo concentra-se na análise objetiva do comportamento observável e mensurável em oposição, por exemplo, à abordagem psicanalítica, que assume que muito do nosso comportamento deve-se a processos inconscientes. (Lembre-se de Freud!). Ivan Pavlov, John B. Watson, Edward Thorndike e B.F. Skinner foram os pioneiros que pesquisaram e descobriram os princípios científicos do Behaviorismo. São considerados os “Pais do Behaviorismo”. O livro de B.F. Skinner, lançado em 1938, “The Behavior of Organisms” (O comportamento dos organismos), descrevia sua mais importante descoberta, o Condicionamento Operante, que é o que usamos atualmente para mudar ou modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem. Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um estímulo reforçador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele comportamento ocorra no futuro. Em português claro isso significa que, à medida que você vai levando a vida, vão lhe acontecendo coisas que vão aumentar ou diminuir a probabilidade de que você adote determinado comportamento no futuro. Por exemplo, se durante seu caminho para o trabalho você acena e sorri para o motorista do carro ao lado, e ele deixa que você atravesse na sua frente, você provavelmente vai tentar a mesma estratégia no dia seguinte. Seu comportamento de acenar e sorrir ficará mais freqüente, porque foi reforçado pelo outro motorista! Todos nós aprendemos através de associações e nosso comportamento é “modificado” através das conseqüências. Tentamos coisas e elas funcionam; então as fazemos novamente. Tentamos coisas e elas não funcionam; então é menos provável que as façamos novamente. Nosso comportamento foi “modificado” pelo resultado ou conseqüência. Ao lado do Condicionamento Operante, Skinner pesquisou e descreveu os termos: SD (Estímulo Discriminativo = Discriminative Stimulus), Reforçador (Reinforcer), Controle de Estímulo (Stimulus Control), Extinção (Extinction), Esquemas de Reforçamento (Schedules of Reinforcement) e Modelagem (Shaping). Todos esses conceitos podem ser aplicados para trabalhar com uma vasta gama de comportamentos humanos. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-5 ABA é um termo “guarda-chuva”, descreve uma abordagem científica que pode ser usada para tratar muitas questões diferentes e cobrir muitos tipos diferentes de intervenções. Educação, especificamente Educação Especial para crianças com autismo, é uma das aplicações dessa ciência. Como ABA é usada para ensinar crianças com autismo? Para ensinar crianças com autismo, ABA é usada como base para instruções intensivas e estruturadas em situação de um-para-um. Embora ABA seja um termo “guarda-chuva” que englobe muitas aplicações, as pessoas usam o termo “ABA” como abreviação, para referir- se apenas à metodologia de ensino para crianças com autismo. Um programa de ABA freqüentemente começa em casa, quando a criança é muito pequena. A intervenção precoce é importante, mas esse tipo de técnica também pode beneficiar crianças maiores e adultos. A metodologia, técnicas e currículo do programa também podem ser aplicados na escola. A sessão de ABA normalmente é individual, em situação de um-para-um, e a maioria das intervenções precoces seguem uma agenda de ensino em período integral – algo entre 30 a 40 horas semanais. O programa é não- aversivo – rejeita punições, concentrando-se na premiação do comportamento desejado. O currículo a ser efetivamente seguido depende de cada criança em particular, mas geralmente é amplo; cobrindo as habilidades acadêmicas, de linguagem, sociais, de cuidados pessoais, motoras e de brincar. O intenso envolvimento da família no programa é uma grande contribuição para o seu sucesso. Medos e Fobias Adição e Dependência Química Transtornos Comportamentais... de sono, de alimentação Serviços de Proteção à Criança Parar de Fumar Desenvolvimento da Linguagem Treinamento de Animais Estresse e Relaxamento Educação/ Ed Especial Comportamento Organizacional Aconselhamento de Casal e Família AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-6 O que é DTT? O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching – DTT) é uma das metodologias de ensino usadas pela ABA. Tem um formato estruturado, comandado pelo professor, e caracteriza-se por dividir seqüências complicadas de aprendizado em passos muito pequenos ou “discretos” (separados) ensinados um de cada vez durante uma série de “tentativas” (trials), junto com o reforçamento positivo (prêmios) e o grau de “ajuda2” (prompting) que for necessário para que o objetivo seja alcançado. Pense em aprender a jogar futebol – você não começou colocando um uniforme do seu time e apresentando-se como centro-avante. Provavelmente, começou aprendendo como chutar e controlar a bola com os pés. Então, depois que desenvolveu essas habilidades, começou a chutar a gol. Se foi sortudo, teve alguém – pai, mãe, um irmão mais velho – que lhe proporcionou muitas oportunidades para praticar (“tentativas!”), muito encorajamento (“reforçamento positivo!”) e que lhe ajudou a se posicionar corretamente para chutar a bola quantas vezes fosse necessário (“dando ajudas!”). É importante notar que apesar do termo “DTT” ser freqüentemente usado como sinônimo de “ABA”, ele não o é. A ABA é muito mais abrangente e inclui muitos tipos diferentes de intervenções, estratégias de ensino e manejo comportamental. DTT é um método dentro do campo da ABA. Quem é Ivar Lovaas? Ivar Lovaas é um psicólogo que foi a primeira pessoa a aplicar os princípios da ABA e DTT para ensinar crianças com autismo. Por isso muitas pessoas falam do “método Lovaas” quando se referem sobre o ensino de crianças com autismo. Em 1987, Lovaas publicou os resultados de um estudo de longo prazo sobre o tratamento de modificação comportamental em crianças pequenas com autismo. Os resultados do seguimento destas crianças mostraram que, em um grupo de 19 crianças, 47% dos que receberam tratamento atingiram níveis normais de funcionamento intelectual e educacional, com QIs na faixa do normal e uma performance bem sucedida na 1ª série de escolas públicas. 40% do grupo tratado foram depois diagnosticados como portadores de retardo leve e freqüentaram classes especiais de linguagem, e os 10% remanescentes do grupo tratado foram diagnosticados como portadores de retardo severo. Comparativamente, em um grupo de 40 crianças, somente 2% do grupo controle (aqueles que não receberam o tratamento de ABA usado por Lovaas), atingiram funcionamento 2 Nota dos Tradutores: Os termos “to prompt” (verbo) e “prompt” (s) serão traduzidos como “ajudar”, “ajuda” ou “dica”, ao longo do texto, conforme mais indicado em português. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-9 diretamente em sessões individuais. Neste ponto, ele ou ela podem estar prontos para entrar em uma sala de aula ou em uma brincadeira em grupo onde haverá contato com outras crianças. Um bom currículo de ABA deve ter algum equilíbrio entre as atividades – trabalho de mesa, brincar, motora ampla, motora fina, etc; uma variedade de locações – sala de terapia, casa da família, quarto de dormir, carro, etc; e uma variedade de professores ou terapeutas. Tudo isso ajudará que a generalização das habilidades fique mais fácil. Tudo o que você sempre precisou saber? Planejar todas as diferentes necessidades e situações que podem surgir quando estiver ensinando uma criança é simplesmente impossível. Você precisará usar seu bom senso e resolver problemas à medida que forem aparecendo nas sessões. Talvez seja necessário elaborar novos programas ou modificar os já existentes. Você pode ter que lidar com questões comportamentais não previstas por nenhuma fonte de consulta. Você só será capaz de desempenhar esses papéis de maneira eficiente se conhecer muito bem os princípios básicos da ABA. Esse é o objetivo do “Ajude-nos a aprender”. Quão eficaz é este tipo de programa? Há muitos estudos publicados que comprovam a eficácia da abordagem ABA: • Behavioral Treatment and Normal Education and Intellectual Functioning in Young Autistic Children. Ivar O. Lovaas. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 1987. Vol. 55 (1), páginas 3 - 9. Este conhecido estudo mostrou que, de 19 crianças pequenas participantes de um programa de ABA por dois anos, 47% atingiram funcionamento intelectual e escolar normais, com QIs dentro da faixa do normal. No grupo controle (que não recebeu a terapia ABA intensiva), somente 2% das crianças conseguiram atingir funcionamento intelectual e escolar normais. • Age at intervention and treatment outcome for autistic children in a comprehensive intervention program. Edward Fenske, Stanley Zalenski, Patricia Krantz, Lynn McClannahan. Analysis and Intervention in Developmental Disabilities, 1985, vol. 5 (1-2), páginas 49-58. Este estudo, realizado no Princeton Child Development Institute, comparou resultados do tratamento em crianças incluídas em um programa amplo de intervenção antes e depois dos 5 anos de idade: 6 das 9 crianças que entraram com menos de 5 anos tiveram resultados positivos, enquanto 1 entre 9 das crianças incluídas com mais de 5 anos conseguiu o mesmo resultado. • Long Term Outcome for Children with Autism Who Received Early Intensive Behavioral Treatment. John McEachin, Tristram Smith, Ivar Lovaas. American Journal on Mental Retardation, 1993, vol. 97 (4), páginas 359-372. Este é um seguimento do estudo original de Lovaas (acima), que reporta que o grupo experimental (aqueles que receberam terapia intensiva ABA), manteve seus ganhos sobre o grupo controle (aqueles que não receberam terapia ABA intensiva). Os autores concluem que a intervenção comportamental pode produzir ganhos significativos e duradouros para crianças pequenas. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-10 • The Murdoch Early Intervention Program After 2 years. J.S. Birnbrauer. David J. Leach. Behavior Change, 1993, vol. 10 (2) páginas 63-74. Este estudo foi planejado para replicar o programa de Lovaas e concluiu que 4 de 9 crianças (44%) com autismo submetidas ao programa de Lovaas estavam se aproximando dos níveis normais de funcionamento, enquanto 1 de 5 crianças (20%) de um grupo controle (que não recebeu a mesma intervenção) apresentou os mesmos resultados. • Preschool education programs for children with autism. Sandra L. Harris, Jan S. Handleman, 1994. Este livro revisou 10 diferentes programas de educação pré-escolar e mostrou que mais de 50% das crianças com autismo que participaram de um programa pré-escolar de ABA foram integradas com sucesso em classes regulares. • Intensive Home-Based Early Intervention with Autistic Children. Stephen R. Anderson, Debra L. Avery, Ellete K. DiPietro, Glynnis L. Edwards et al. Education and Treatment of Children, 1987, vol. 10(4), páginas 352-366. Este trabalho relata a eficácia de um modelo de intervenção na casa das crianças. A maioria do grupo tratado (14 crianças com idade de 18 a 64 meses) apresentou ganhos significativos de linguagem, cuidados pessoais, sociais e acadêmicos. Visão geral de um programa de ABA (e o Lingo) Apresentamos aqui uma rápida visão geral dos elementos que compõem um programa de ABA. O restante do Ajude-nos a Aprender (Help Us Learn) vai explicar e elaborar cada uma dessas partes, com exemplos e exercícios. Currículo O currículo usado será dividido em uma série de categorias, ou “programas”, tais como habilidades de cuidados pessoais, habilidades sociais, habilidades de linguagem, habilidades acadêmicas etc, organizadas em níveis de dificuldade, de maneira que você comece com habilidades básicas, muito simples, e depois as use para desenvolver as mais complexas. Os programas que você seleciona para trabalhar formam seu currículo: Currículo = Programa de Linguagem Receptiva • Aponta para objetos quando solicitado • Segue instruções de um passo • Aponta para partes do corpo Programa Habilidades de Imitação • Imita ações motoras amplas • Imita ações motoras finas • Imita ações com objetos Programa Habilidades de Cuidados Pessoais • Tira as roupas • Usa colher e garfo • Usa o toalete Programas AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-11 Uma vez selecionados, os programas serão estabelecidos de maneira que todos saibam quais instruções dar, como apresentar os materiais que podem ser usados e qual resposta é aceitável. Há uma terminologia que geralmente é usada para ajudar nisso: Estímulo / SD • Conhecido e chamado de “SD” ou “Estímulo Discriminativo”. • A instrução inicial, a exigência, ou comando a ser dado. • Também conhecido como o antecedente. • Especifica a fala e/ou a apresentação dos materiais. Tentativa • A seqüência completa de apresentar um SD, obter uma resposta (usando quantas dicas/ajudas forem necessárias) e o reforçar da resposta. • Unidade básica de um programa individual, que é praticada durante a sessão. Resposta • A(s) resposta(s) esperada(s) e aceitável(is). Reforçador • “Estímulo reforçador” abreviado para “SR+” • também conhecido como reforçamento ou conseqüência. • A conseqüência que segue imediatamente a resposta da criança. Ajudas/ Dicas • Estímulos ou dicas suplementares dadas pelo professor. • Usadas antes ou durante a execução do comportamento. Estímulos • Uma lista de palavras ou ações, uma coleção de materiais, itens, etc. que estão sendo usados para determinado programa (por exemplo: figuras de animais, lista de palavras para praticar, conjunto de blocos de montar, cartões de pistas). Aula • O tempo de atividade gasto trabalhando com a criança no seu programa. • Também chamada “sessão” por pessoas que preferem usar linguagem terapêutica. Domínio • Os critérios que determinam quando a criança aprendeu a habilidade e está pronta para seguir em frente. • A maioria das pessoas está adotando o critério de “fluência” (100% correto e rápido) das pesquisas de Comportamento Verbal. • Outras pessoas podem preferir permanecer com o tradicional “80%, ou melhor, em 3 sessões sucessivas de 10 tentativas cada”. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA INTRODUÇÃO À ABA - CAPÍTULO 1-14 Começando O Coordenador do Programa vai informar-lhe sobre suas expectativas para o treinamento e o cronograma. Você deverá estudar o Manual de Treinamento sozinho, completando os exercícios. A Chave de Respostas está no Guia do Coordenador do Programa. O Coordenador do Programa decidirá se preferirá fornecer-lhe as soluções ou se preferirá corrigi-las pessoalmente. Enquanto estiver estudando Manual, não deixe de discutir todas as perguntas que tiver com o Coordenador do Programa. O programa foi planejado de maneira que cada capítulo depende do conhecimento obtido no capítulo anterior: é muito importante que todos os conceitos estejam bem entendidos antes de passar para o capítulo seguinte. Boa sorte. Objetivos de Aprendizagem Ao completarem este manual, os participantes serão capazes de: 1) Entender e descrever a Análise do Comportamento Aplicada, Comportamento Verbal e Tentativas Discretas de Ensino, de maneira que uma pessoa leiga entenda. 2) Entender e definir os termos: antecedente, estímulo, SD, comportamento, resposta, conseqüência, reforço. 3) Observar, analisar e descrever eventos em termos comportamentais. 4) Entender, descrever e identificar funções de um comportamento. 5) Conduzir uma análise funcional de comportamento. 6) Descrever e demonstrar o uso correto de vários reforçadores e esquemas de reforçamento. 7) Entender e explicar Reforçamento Diferencial e suas aplicações. 8) Entender e demonstrar estratégias para lidar com comportamentos difíceis. 9) Entender e explicar Comportamento Verbal e operantes verbais, incluindo Tatos, Mandos, Ecóicos, Linguagem Receptiva, FFC, Intraverbais, Imitação, Textual e Transcritivo. 10) Entender, saber descrever e demonstrar uma série de dicas. 11) Entender e demonstrar técnicas de aprendizagem sem erro em uma situação de ensino. 12) Entender e usar técnicas de instrução, tais como misturar e variar instruções, usar um esquema variável de reforçamento, técnicas de pareamento, instrução rápida, modelagem, momentum comportamental, encadeamento, compressão, esvanecimento, extinção, bloqueio, redirecionar, generalização e aprendizagem incidental. 13) Entender, definir e usar notação comportamental, como SD, SR+, R, +, -, NR e A. 14) Coletar e registrar dados, demonstrar o preenchimento correto das folhas de registro. 15) Entender e descrever domínio e fluência. 16) Ser capaz de analisar dados e identificar tendências ou problemas e fazer recomendações de programas. 17) Demonstrar capacidade de preparar e montar adequadamente uma sessão. 18) Ser capaz de montar e manejar uma Pasta Curricular. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 2-1 2. Comportamento O que é Comportamento? O ABC do Comportamento. Observando e Medindo Comportamento. No mundo da Análise do Comportamento Aplicada (ABA - Applied Behavior Analysis), o conceito de comportamento é crítico. O que, exatamente, é um comportamento? Simples: um comportamento é o que uma pessoa faz e diz. É uma ação (“chorar”) e não uma característica da pessoa (“alta”). Aquelas coisas que estão “na sua cabeça”, como pensamentos, intenções, idéias, planos, etc., não são comportamentos3. 3 Nota dos tradutores: A fim de manter o caráter científico da ABA e a necessária precisão conceitual, os tradutores se vêm obrigados a corrigir a afirmação acima. Para a Análise do Comportamento, da qual a ABA deriva, os eventos que ocorrem “por detrás dos olhos” são considerados comportamentos como quaisquer outros que ocorrem “na frente dos olhos". Imaginar, sentir e pensar (falar consigo mesmo) são coisas que ocorrem "por detrás dos olhos". A única diferença que a Análise do Comportamento faz entre um comportamento que ocorre "por detrás dos olhos" e um que ocorre "na frente dos olhos" é exatamente esta: no primeiro caso, somente a pessoa que se comportou (imaginou, pensou, sentiu) teve acesso direto ao evento e pode, portanto, falar sobre ele, que é, por isso mesmo, chamado de um evento privado ou comportamento encoberto, sendo o outro chamado um comportamento público ou aberto. Ao lidarmos com pessoas especiais com problemas de comunicação, reconhecer estes eventos que ocorrem "por detrás dos olhos" como comportamentos - e portanto passíveis de aquisição e treinamento - pode fazer uma grande diferença: sem habilidades para comunicar seus eventos privados, pessoas especiais muitas vezes sofrem por não poder pedir aos seus cuidadores uma solução para seus estados internos, como dor, sensação de fome, etc. Skinner, B.F. - About Behaviorism. New York: Knopf, A., Inc., 1974. Baum, W. - Para compreender o behaviorismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. Capítulo 2 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 2-2 Exemplos de comportamentos: Chorar Ir de bicicleta até o mercado Digitar um e-mail no computador Telefonar para um amigo e falar de um filme Dirigir até o trabalho Coçar-se Medir farinha, ovos, manteiga, chocolate em pó com uma xícara e misturar tudo em uma tigela. Faça os exercícios abaixo para verificar sua compreensão de comportamento: Exercício 1 Instruções: Marque com um “x” na coluna “certo” ou “errado” para cada sentença Um comportamento é... Certo Errado 1. A cor dos seus olhos 2. Piscar 3. As roupas que alguém está vestindo 4. Vestir-se 5. Sua opinião sobre a violência na TV 6. Enrubescer quando fica com vergonha 7. Cantar uma música 8. O comprimento de seus cabelos 9. Brincar de estátua, ficando em pé sem se mover 10. Decidir trabalhar em casa hoje, em vez de ir ao escritório Note que as respostas para os exercícios deste Manual de Treinamento estão no Capítulo 2 do Guia do Coordenador do Programa. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 2-5 Exercício 4. Instruções: reescreva as seguintes afirmativas de forma que elas sejam mais comportamentais 1. Conhece seu caminho pela cidade. 2. Tem pobres hábitos de higiene. 3. Parece não ter consciência do ambiente à sua volta. 4. Coopera com os outros. 5. Compreende o conceito de dinheiro. 6. É mandona. 7. Desorganiza as atividades. 8. Tem baixa auto-estima. 9. Não se comporta apropriadamente à mesa. 10. Compreende o conceito de tempo. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 2-6 Como manejamos ou alteramos o comportamento? Condicionamento operante é o processo que usamos para ajudar a modificar ou trocar um comportamento que é indesejável, ou para reforçar um comportamento desejável. Os princípios do Condicionamento Operante foram descobertos e descritos por B.F. Skinner. A coisa mais importante a se entender é: Um comportamento seguido de um estímulo reforçador resulta em um aumento da probabilidade daquele comportamento se repetir no futuro. Por exemplo, se você preparou e serviu um jantar elaborado e todos os seus convidados a elogiam e dizem quanto seu salmão à Wellington é delicioso, provavelmente você tornará a fazê-lo. Por outro lado, se todos brincarem e disserem que o gosto é de papelão salgado cozido em meias velhas, provavelmente você nunca mais vai voltar a cozinhar um salmão de novo. As conseqüências positivas ou negativas de seu comportamento determinam se você vai repeti-lo ou não. Os métodos e técnicas envolvidos em modificar ou mudar comportamento são o foco deste Programa de Treinamento. Os ABC´s: Antecedente, Comportamento e Conseqüência (ABC – Antecedent, Behavior & Consequence) O antecedente é aquilo que acontece logo antes do comportamento. O comportamento é a resposta ao antecedente e a conseqüência é o que ocorre logo depois do comportamento. Isso é conhecido como os ABC´s do Behaviorismo. Os ABC´s A = Antecedente (ou SD – Estímulo Discriminativo) B = Comportamento (Behavior) ou resposta C = Conseqüência (ou Reforçador) O telefone toca (antecedente), você atende (comportamento) e o operador de telemarketing lhe prende ao telefone, fazendo com que atrase o jantar (conseqüência). A conseqüência poderá ser tanto positiva, negativa ou neutra (no caso acima, foi negativa). O tipo de conseqüências determinará se você repetirá o comportamento no futuro. Baseado neste exemplo, você provavelmente estaria menos afeito a atender ao telefone na hora do jantar, da próxima vez em que tocasse. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 2-7 A ciência do comportamento visa trocar as condições sob as quais o comportamento ocorre, ou trocar as conseqüências de um comportamento para conseguir efetuar mudança no comportamento. Aqui estão alguns exemplos: Antecedente: Você assiste a um filme triste. Comportamento: Você chora. Conseqüência: Você se sente triste. Você pára de assistir a filmes tristes. Agora, troque as condições sob as quais o comportamento acontece, ou o antecedente; e você mudará o comportamento e a conseqüência: Antecedente: Você assiste a um filme engraçado. Comportamento: Você ri. Conseqüência: Você fica feliz. Você assiste a outros filmes engraçados. Eis um outro: Antecedente: O sinal ficou amarelo. Comportamento: Você acelera. Conseqüência: Você é multado. Você ficará menos propenso a furar o amarelo no futuro. Seu comportamento futuro foi modificado pelas conseqüências desse comportamento. Você foi multado. No futuro você estará menos disposto a furar o sinal amarelo. Agora, troque a conseqüência e você trocará o comportamento subseqüente: Antecedente: O sinal ficou amarelo. Comportamento: Você acelera. Conseqüência: Você não é multado. Você continua a furar o sinal amarelo. De novo, a conseqüência deste comportamento vai moldar seu comportamento futuro. Neste caso, seu comportamento foi positivamente reforçado. E assim você tenderá a repeti- lo. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 2-10 Exercício 6 Instruções: Encontre alguém cujo comportamento você possa observar por um intervalo de 5 minutos. Para o propósito deste exercício, escolha um comportamento de alta freqüência para observar e medir. Pode ser um hábito pessoal como morder um dedo, bater com uma caneta, limpar a garganta, rabiscar garatujas ou tamborilar com os dedos. Meça a freqüência com que aquele comportamento acontece no intervalo de 5 minutos. Comportamento escolhido para ser computado: __________________________________ Data: ________________ Tempo: _______________ às: __________________ Observador: ____________________________________________________________ Contagem: (você pode usar cada célula abaixo para uma contagem de 5 – mude para a célula seguinte ao atingir a contagem de 5 marcas. É uma forma muito fácil de totalizar sua contagem ao final. As 15 células representam 75 ocorrências do comportamento). Observações AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-1 3. Reforçamento O que é reforçamento? Reforçamento positivo. Reforçamento negativo. Punição. Reforçadores primários e secundários. Idéias de reforçadores. 112 formas de dizer “Muito bem”. Escolhendo reforçadores para seu filho. Esquemas de reforçamento. Como usar reforçadores. Todos precisamos de reforçamento, e todos trabalhamos por ele. Pode ser o reconhecimento do chefe, um abraço da esposa, uma risada depois de contarmos uma piada, uma boa nota em um exame ou o salário no fim do mês. O truque para reforçar é descobrir o que é poderoso o suficiente para causar o comportamento desejado acontecer de novo. Reforçamento é um processo no qual um comportamento é fortalecido pela conseqüência imediata que seguramente segue a sua ocorrência (Miltenberger, 2001). Quando um comportamento é fortalecido é mais provável que aconteça no futuro. No Capítulo 2 você aprendeu que as conseqüências dos comportamentos podem ser positivas ou negativas. Quando as conseqüências são positivas são chamadas de Reforçadoras, porque tendem a reforçar o comportamento que seguem. Quando conseqüências são negativas, são chamadas de punição. Ao usar ABA para ensinar crianças com autismo, usamos apenas conseqüências positivas, ou reforçadoras. Agora, eis o macete: um mesmo reforçador pode ser positivo ou negativo. Capítulo 3 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-2 Reforçamento positivo Um Reforçador Positivo (SR+) é a adição de alguma coisa que resulta no fortalecimento do comportamento. Por exemplo: você faz um trabalho, e é pago por ele. Você tende a continuar fazendo o trabalho! Você canta uma música e todos o aplaudem – você quer fazer de novo; um bebê fala “da-da” e seus pais sorriem e aplaudem – assim, o bebê repete a gracinha; uma criança escova os dentes sem ninguém pedir e ganha um cartão em um quadro – a criança volta a escovar seus dentes na noite seguinte; um garoto apara seu gramado e recebe R$ 10,00 por isso – ele vai querer repetir a tarefa na semana seguinte; você entra em uma dieta milagrosa e perde cinco quilos em sete dias – vai se manter no regime na semana seguinte; uma criança mostra a cor azul quando lhe perguntam e ganha um pequeno chocolate –da vez seguinte, vai apontar com mais facilidade quando lhe pedirem. Reforçamento negativo Um Reforçador Negativo (SR–) é a remoção de alguma coisa desagradável que resulta no fortalecimento de um comportamento. Ele é também chamado de ‘aversivo’. Por exemplo, você retira a etiqueta de uma camisa nova que está irritando sua nuca. Sua nuca se sente bem e você retirará todas as etiquetas de suas camisas novas. Ou você fecha seu guarda-chuva quando está ventando para evitar que ele vire do avesso. Seu guarda-chuva não estraga e, assim, da vez seguinte você mantém o guarda-chuva fechado quando estiver ventando. Colocar seu cinto-de- segurança pára o barulho irritante do alarme e, assim, você passa a pôr o cinto ao entrar no carro; digitar seu código faz cessar o alarme da sua casa e, então, você digita seu código cada vez que entra em casa. Deixar a sala quando alguém lhe pede alguma coisa faz com que pare de pedir e, dessa forma, você tende a sair da sala quando as pessoas pedirem alguma coisa. Lembre-se que, se aparece aqui a palavra REFORÇADOR, há a tendência de aumentar o comportamento. Tanto reforçadores positivos quanto os negativos tenderão a fortalecer ou aumentar o comportamento. Perceba a notação: SR+ e SR–. Estas são as notações usadas para Estímulo Reforçador Positivo e Estímulo Reforçador Negativo. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-5 Idéias para reforçadores Comestíveis Docinhos, como chocolates, balas, jujubas Pipoca Batata frita Sorvete Bolinhos Pizza Castanha de caju Dicas: tenha certeza de que verificou se há dietas especiais ou alergias antes de usar reforçadores comestíveis. Quebre as coisas grandes em pedacinhos, ou um reforçador poderá se transformar em uma longa interrupção. Elas devem ser rápidas de consumir. Salgadinhos Brigadeiros Frutas secas Biscoitos Sucrilhos Refrigerante Suco Beiju, Biscoito de polvilho, ... ou qualquer coisa que a criança goste de comer ou beber. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-6 Social Elogios entusiasmados usando uma variedade de frases (Veja a tabela “112 formas de dizer muito bem” neste capítulo) Sorrir para a criança Fazer o sinal de OK Aplaudir Dar uma piscadela Cantar uma canção de seu agrado Abrir os braços e dizer “Viva!” Rir bastante Acenar com a cabeça Sentar no chão de contente Mandar um beijo Fingir que está surpreso. Dica: Seja muito dramático e divertido para a criança, exagere seus elogios e ações. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-7 112 Formas de Dizer Muito Bem (98 na edição canadense). 1. Abalou Bangu (Expressão carioca) 2. Admirável 3. A fuzel 4. Aííí! Muito bem! 5. Animal 6. Arrasou 7. Arrebentou a boca do balão 8. Arrepiou 9. Bacana 10. Bárbaro 11. Beleza 12. Beleza pura 13. Belíssimo 14. Bem Bolado 15. Bolado 16. Bonito 17. Bravíssimo 18. Bravo 19. Brilhante 20. Buenaço! 21. Campeão 22. caprichou hem! 23. Certíssimo 24. Certo 25. Chocante 26. Chuchu bananeira 27. Chuchu beleza 28. Correto 29. "da hora" 30. Demais 31. Detonou 32. DEZ! 33. Digno de admiração 34. Duca 35. É isso aí 36. Encantador 37. Encanto 38. Espantoso 39. Espertíssimo 40. Exato 41. Excelente 42. Excepcional 43. Extraordinário 44. Falou 45. Fantástico 46. Fascinante 47. Fechou 48. Fenomenal 49. Fiche (Expr. de Portugal) 50. Ficou daqui, ó! 51. Garoto (a) esperto (a)! 52. Genial 53. Good! 54. Gostei 55. Grande 56. Impressionante! 57. Irado! 58. Isso 59. Isso mesmo 60. Jóia 61. Joinha 62. Legal 63. Lindo 64. Magnífico 65. Mandou bem 66. Maneiríssimo 67. Maneiro 68. Maravilha 69. Maravilhoso 70. Massa! 71. Ótimo 72. Oba! 73. Parabéns 74. Perfeito 75. Pra lá de bom! 76. Preciso! 77. Que demais 78. Que jóia! 79. Matou a pau 80. Máximo 81. Menino (a) esperto (a) 82. Menino (a) inteligente 83. Muito bem 84. Muito bom 85. Muito tri 86. Nota dez! 87. Nota mil! 88. Oba! 89. Odara 90. Ok 91. Que lindo! 92. Que tri! 93. Show de bola 94. Sinistro 95. Super 96. Supimpa (Essa é antiga) 97. Surpreendente 98. Surreal 99. "tá da pontinha da orelha" 100. tá de chamar o vizinho 101. tá nota dez 102. tá o maior barato 103. tá um brinco 104. tá um barato 105. Tri bom! 106. Trilegal! (Expr. gaúcha) 107. Tri massa! 108. Uau! 109. um primor 110. Valeu 111. Você conseguiu! 112. Você é fera Esta lista foi desenvolvida em janeiro de 2005 por participantes da Comunidade Virtual Autismo no Brasil. A versão original, em inglês, “98 Ways to Say Very Good” foi desenvolvida principalmente por pais, num projeto conjunto da Canadian Child Day Care Federation e a Canadian Association of Toy Libraries and Parent Resource Centres. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-10 Físicos Rodopiar (segurar a criança por baixo dos braços e girá-la) Perseguir, fazer cócegas, abraçar e beijar Foguetinho (levantá-la em uma cadeira) Balançar a criança nas pernas Soprar nela Cantar Plantar bananeira (cabeça para baixo), fazer “parada de mão” Luta de polegares Fazer massagens Dar pancadinhas nas costas Brinquedos de apertar Fingir comer os dedos, orelhas, pés, etc da criança, com som de mastigar (“nhoque, nhoque, nhoque!”) Fazer a criança “rugir” e fingir tanto medo que corre ou cai na cadeira Balançar a criança no colo e, de repente, fingir deixá-la cair Cobrir partes da criança com seus cabelos Rodar a criança segurando-a alto (cuidado com a segurança!) Pôr a criança no colo e simular uma corrida de carro (pára, vai, dirija, bata) Balançar a criança para frente e para trás Fazer “serra, serra, serrador” Fingir deixar a criança cair com barulho de vento Fazer aviãozinho Dizer “Mãos ao alto” e fazer cócegas Deixar a criança cair num colchão ou na cama Pular na cama ou cama elástica Palmas-sanduíche (bater palmas com as mãos da criança entre as suas) Enrolar a criança em um cobertor Deitar a criança e pôr o seu pé suavemente sobre a barriga dela Dar tapinhas no peito da criança enquanto falam palavras ou repetem sons Andar de carrinho-de-mão Montar cavalinho Cócegas na barriga Brincar com uma caixa sensorial (tubo com pedrinhas, areia, água) Soprar na orelha da criança Rastejar pela sala Luta de travesseiros Rolar no chão Fazer um jogo batendo palmas e cantando Segurar a criança de cabeça para baixo AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-11 Escolhendo reforçadores que funcionem com a criança Antes de realmente começar a ensinar a criança, é muito útil verificar que tipos de coisas são reforçadores para ela. Faça uma lista e, antes de tudo, separe estes itens. Você pode querer separar certos brinquedos e bugigangas especialmente para o horário de trabalho, para que sejam especiais. Você pode querer reservar também guloseimas favoritas, vídeos, jogos, etc., só para estas horas. Como descobrir quais devem ser estes reforçadores? Pergunte Pergunte à criança, mãe, pai, babá, irmãos, professores, etc Observe Olhe o que a criança escolhe para brincar por si só. Lembre-se, poderão ser coisas pouco usuais que interessam a ela – uma caixa de vídeo, um papel brilhante, um barbante, um espelho, um cobertor. Não se preocupe, por ora, se estas opções são pouco usuais. Teste Deixe a criança escolher dentre diferentes itens de uma caixa. Troque as escolhas. Pode ser interessante ter uma caixa com várias coisas legais, assim você poderá dar-lhe três ou quatro coisas diferentes de cada vez. Lembre-se de apresentar diferentes categorias de reforçadores, tais como comida, brinquedos, vídeos, oportunidades de brincar, etc. Force uma escolha Dê à criança a escolha entre dois – “Você quer figurinhas ou um biscoito?”. Tente coisas diferentes Dê um reforçador diferente a cada vez e observe qual é o mais eficaz e convidativo. Use muitos reforçadores interessantes e variados À medida que você conhece seu aluno aprenderá quais os seus interesses particulares – brinquedos, carros, quebra-cabeças, vídeos, etc. Mas lembre-se: suas preferências vão mudar, e sua tarefa é ajudá-lo a desenvolver novos e variados interesses. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-12 Exercício 8 Instruções: use alguma ou todas as técnicas discutidas acima para criar uma lista de reforçadores para seu aluno. Você pode usá-la para criar um “kit inicial” para seu programa. Comestíveis Tangíveis (brinquedos e brindes) Físicos Sociais Atividades AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-15 Intervalo Variável (VI) – similar ao Intervalo Fixo, mas aqui o reforçamento é ministrado depois de decorrido um intervalo variável de tempo. Por exemplo, o professor verifica os alunos na biblioteca a intervalos variados de tempo, que seriam imprevisíveis. Ele poderia aparecer após 10 minutos, depois após 35, então após 15 minutos, etc. Porque os alunos não sabem quando ele virá, tenderão a estudar mais silenciosamente. Exercício 9 Instruções: Decida o tipo de esquema de reforçamento que está sendo usado em cada um dos exemplos a seguir. 1. Um aluno é elogiado a cada vez que identifica corretamente uma cor. 2. Um aluno recebe uma estrela dourada depois de aprender 5 palavras novas. 3. Um professor elogia um aluno na primeira vez em que levanta a sua mão para responder uma questão. Nada diz nas duas vezes seguintes, reforça na 4ª vez, então na 5ª, 7ª, 10ª, 13ª, 20ª, etc. 4. Um pai ou cuidador cumprimenta entusiasticamente a criança a cada vez que esta urina no vaso sanitário. 5. Paulo ganha sua mesada se limpar seu quarto 5 dias seguidos. 6. Um professor reforça o trabalho de um aluno depois de 10 problemas terem sido completados, depois após 3 problemas, então depois de outros 5 problemas, então mais 2 problemas, etc. 7. Uma máquina de apostas monta a combinação ganhadora baseada na seguinte fórmula: depois de 100 vezes, então 150, depois 207, então 349, em seguida, 502, etc. 8. As pessoas continuam a comprar bilhetes de loteria apesar de ganhar algo somente de vez em quando. Como usar reforçadores 1. Associe a si mesmo com o reforçamento positivo. Esta é provavelmente a coisa mais importante que você pode fazer como professor. Para aprender com você, o aluno precisa estar ligado a você. Antes mesmo de fazer qualquer coisa como professor, gaste algum tempo com a criança estabelecendo uma relação reforçadora positiva. Pareie-se a todas suas coisas favoritas. Se ele gosta de biscoitos, então você será a pessoa a lhe dar os biscoitos. Se o interesse é por AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-16 quebra-cabeças, seja a pessoa que traz os quebra-cabeças. Lembre-se: parear é uma situação sem demandas. Você não estará pedindo à criança para fazer nada além de ficar perto e gostar de você. 2. Torne o ambiente de trabalho reforçador. Faça do ambiente de trabalho um lugar divertido. Tenha uma atividade favorita sobre a mesa para quando a criança chegar para seu trabalho. Não deixe que a recompensa pelo trabalho seja para o não-trabalho (Alguns professores usam uma parada no trabalho como reforçador). Embora isto possa parecer uma boa idéia, o que você estará dizendo é que o trabalho não é divertido – e ele deveria ser tão divertido quanto possível. 3. Fixe um esquema inicial ao ensinar e passe logo que possível a um de Razão Variável. Vá de um esquema de Reforçamento Contínuo para um Intermitente – “VR”, ou “Razão Variável”, com a meta final de fazer o reforçador ser como na vida real sem perder a resposta desejada. A idéia é manter a aprendizagem enquanto se vai esvanecendo a necessidade de reforçamento. Isto dá condições à criança de aprender mais prontamente no ambiente natural, porque este não reforça de maneira previsível. Antes de ensinar, tenha uma idéia do esquema VR que usará. Por exemplo, se você começa com um esquema VR5 você reforçará a uma média de cada 5 respostas. Então, tão rápido quanto possível, amplie o esquema – para 10, 15, 25, 50... Você perceberá se está muito alto quando começar a perceber comportamentos negativos na criança. 4. Dê a recompensa imediatamente após o comportamento – e nós queremos dizer imediatamente! Mesmo um pequeno atraso pode permitir que outro comportamento aconteça. Por exemplo, você pede à criança para tocar sua cabeça e ela toca. Então, enquanto você olha de lado para dar seu reforçador, ele toca seus joelhos. Quando você der o prêmio, o que estará reforçando? Não se surpreenda se da próxima vez que pedir que toque sua cabeça ele puser a mão no joelho! Ou ele dá a resposta certa, mas introduz um tapa, se você for lento demais em premiá-lo. Você, sem dúvida, não quer reforçar comportamentos negativos! 5. Mude seu grau de reforçamento de acordo com o nível de realização. Isto se chama reforçamento diferencial, porque varia de acordo com as circunstâncias: • Fazer algo certo ao primeiro pedido requer um grande reforçador – faça uma festa: “UAU! VOCÊ É O MAIOR! MUITO BEM! GUARDOU SEUS BRINQUEDOS! É ASSIM QUE SE FAZ!”, junto com um abraço e um pequeno doce, por exemplo. • Fazer algo com uma dica recebe um reforçamento menor: “Bom trabalho! Guardou seus brinquedos!”. • Uma tarefa que requer ajuda total geralmente recebe apenas uma confirmação do que foi feito: “É assim que se faz, guardou os brinquedos”. A razão para isso é que você quer que a criança responda ao primeiro pedido, ou SD. Se ela recebeu um reforçador tão grande mesmo quando foi preciso dar-lhe uma dica, não haverá motivo para fazê-lo prontamente. Ela ficaria, assim, “dependente de dica”. 6. Mantenha a sua entonação consistente com sua mensagem. Tenha certeza de que seu “sim” ou “muito bem” seja positivo e entusiasmado. Quando disser “não” ou “tente de novo” no contexto de uma aula, seu tom deve ser absolutamente neutro. Você quer que sua voz seja consistente com sua mensagem – quando está reforçando, ela soa positiva, alegre, com vários graus AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA REFORÇAMENTO - CAPÍTULO 3-17 de entusiasmo; quando você não está reforçando, sua voz não terá emoção. “Não” e “UAU!”, devem soar de maneira diferente. Um erro comum é falar “Não” com voz pausada, esticada no final: “NÃÃÃÃOOOO”. Isto pode soar como positivo a uma criança com pouca linguagem receptiva. Uma boa idéia é ter certeza que, se alguém que não fala sua língua estivesse ouvindo, entenderia sua mensagem apenas pelo tom de voz. 7. Seja consistente. Tenha certeza de ser consistente no quê você elogia. Tenha certeza de verificar nas tabelas de SD o que seria uma resposta aceitável. Não reforce umas vezes por dizer “uá uá” para em outras aguardar um pedido de “água, por favor”. Não vá pedir à criança que coloque um objeto em sua mão e da próxima vez permitir que apenas aponte para ele. 8. Quando começar um novo programa ou se você for um novo professor, reforce mais freqüentemente. Quando ensinar um novo comportamento, tenha certeza de reforçar consistentemente toda vez que a criança realiza a nova tarefa. Você quer construir competência e confiança o mais rápido possível. Novos professores também deveriam reforçar em um esquema contínuo. Eles precisam parear a si mesmos com reforçadores tangíveis por algum tempo, até que eles mesmos se tornem uma fonte de reforçamento positivo. À medida que a capacidade ou a familiaridade se desenvolve, o esquema de reforçamento pode ser esvanecido, e mais reforçadores sociais podem ser usados. É possível ter a mesma criança usando diferentes esquemas de reforçamento durante o mesmo programa e com diferentes instrutores. Sempre haverá dias em que será preciso temporariamente aumentar os reforçadores porque a criança está com problemas de prestar atenção ou apenas não se sente bem ao trabalhar. 9. Varie sua voz, tom e frases usadas. Tenha em mente que a variedade é importante quando você está usando elogios verbais. Você não ficaria enjoado em ouvir “Bom trabalho” ou “Uau!” duzentas vezes por dia? 10. Seja específico sobre o que você está reforçando. Sempre deixe claro o que você está reforçando. Isso não apenas permitirá à criança saber por que você a acha “Genial”, mas vai ajudá-la a aprender o nome de itens ou ações. “Muito bem, o cachorro está pulando” é melhor do que apenas “Muito bem!”. “Você é grande, encontrou os círculos!” é melhor que “Você é grande!”. “Eu gosto de ver você trabalhando assim, quietinho!” é melhor que “Eu gosto de ver você trabalhando!”. 11. Monitore a eficácia dos reforçadores e varie-os. Acredite ou não, é possível enjoar de comer o chocolate M&M. Uma vez que a criança atingiu o limite para uma coisa que antes lhe era prazerosa, esta vai perder sua eficácia como reforçador. Isto é chamado “saciedade”. Se a criança já estiver comendo batatinhas fritas antes da aula e você decidir usá-las como reforçador, deve se lembrar que não haverá eficácia, porque a criança já estará saciada de batatinhas. Freqüentemente, os professores reservam coisas de interesse e brinquedos especiais para a aula e, assim, o interesse neles e a motivação será alta. Reforçadores funcionam melhor quando a criança não os tem à disposição o tempo todo. Lembra como esperava pela Ceia de Natal antes de se empanturrar? Como “peru” soa no dia seguinte? No outro dia? Você não precisará monitorar constantemente a eficácia dos seus reforçadores. Apenas observe – no que a criança está interessada hoje? Esteja preparado para mudar de reforçador imediatamente se ele não for mais eficaz. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-2 Funções do Comportamento Modificar um comportamento significa mudar os eventos ambientais (antecedentes e conseqüências) sob os quais ele ocorre. Para fazer isto, precisamos entender bem a relação funcional entre essas condições e o comportamento. Em outras palavras, o comportamento que está acontecendo tem alguma função para a pessoa, ou não estaria acontecendo. Iwata (1993)4 e Miltenberger (1999)5 descreveram as quatro funções do comportamento. 4 Funções do Comportamento 5) Reforçamento Social Positivo Este reforçamento é proporcionado por outra pessoa. a) Uma pessoa presta atenção a uma criança quando esta exibe um comportamento específico ou um conjunto de comportamentos. b) Uma pessoa apresenta atividades reforçadoras ou tangíveis para uma criança, tais como brinquedos, comida, etc., quando ela apresenta um comportamento específico ou conjunto de comportamentos. c) Isto pode ser prestar atenção a uma criança (ou dar lhe seu brinquedo favorito) porque ela está fazendo birra ou batendo em alguém. d) Freqüentemente chamado COMPORTAMENTO DE BUSCA DE ATENÇÃO. 6) Reforçamento Social Negativo Este reforçamento é mediado por outra pessoa. a) A pessoa interrompe uma interação aversiva, tarefa ou atividade, quando a criança exibe certos comportamentos. b) Quando a criança apresenta uma crise de birra e alguém a deixa escapar de fazer a tarefa, como resultado desta birra, isso também é reforçamento social negativo. c) Comportamento freqüentemente chamado COMPORTAMENTO DE FUGA DE DEMANDA. 7) Reforçamento Positivo Automático Este reforçamento é uma conseqüência automática do próprio comportamento. a) Fazer algo para satisfazer sua própria necessidade é Reforçamento Positivo Automático. b) Comportamento auto-estimulatório (“stims”) que provê estimulação sensorial, tal como se balançar, “agitar mãos”, repetir frases continuamente, são exemplos de Reforçamento Positivo Automático. c) Comportamento muitas vezes chamado “stim”. 4 Nota dos tradutores: no original em inglês, este trabalho não foi listado nas “Referências Bibliográficas”. 5 Idem nota anterior. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-3 8) Reforçamento Negativo Automático Apresentar este comportamento tem o efeito de remover ou reduzir uma condição aversiva. a) Exemplo: você fecha a janela quando está com frio. b) “Agitar as mãos” ou balançar-se para reduzir a ansiedade é um exemplo de reforçamento negativo automático. c) Isto também pode caracterizar COMPORTAMENTO AUTO- ESTIMULATÓRIO. (Nota: a diferença entre o Positivo Automático e o Negativo Automático é que o primeiro lhe dá algo positivo, enquanto o segundo retira algo negativo). d) A criança que puxa sua orelha para tentar reduzir a dor (Reforçamento Negativo Automático) pode ter uma infecção de ouvido. A criança que deita a cabeça na mesa pode estar tentando aliviar o cansaço ou ter dor de cabeça. A criança que tira a roupa pode estar tentando reduzir o desconforto por estar quente ou molhada. Isto é freqüentemente chamado de RAZÕES TANGÍVEIS. Exercício 10 Instruções: Identifique a função de cada comportamento, e escreva no espaço. Antecedente Comportamento Conseqüência Função do comportamento 1. Sandra está assistindo TV. Sua mãe a chama para o jantar. Sandra começa a chorar e bater seus pés. A mãe diz: "Bom, não jante". Sandra pára de chorar, continua vendo TV. 2. Miguel está sentado na mesa de trabalho. Miguel começa a balançar de um lado para o outro. O professor pede que pare, mas ele continua. 3. Elisa está no quarto com outras crianças. Elisa parte para uma criança e a belisca. A criança diz “pare com isto” e sai. 4. Rui está fazendo uma tarefa com a sua professora. Ela se vira para outro lado. Rui bate sua cabeça na mesa. A professora se volta e diz “não faça isto”. 5. Alex está brincando na areia com outras crianças. Alex começa a lançar areia nas crianças. O professor tira as outras crianças da caixa de areia. 6. Carlos está fazendo lições na classe. Ele começa espirrar e fungar, incontrolavelmente. O professor o leva para a enfermaria. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-4 Exercício 11 Instruções: Para cada um dos exemplos da pagina anterior: 1) Indique se a conseqüência do comportamento causará aumento ou diminuição (circule ou ) e, depois, 2) Descreva como você mudaria a conseqüência e por quê. 1.Sandra ↑ ↓ 2. Miguel ↑ ↓ 3. Elisa ↑ ↓ 4. Rui ↑ ↓ 5. Alex ↑ ↓ 6. Carlos ↑ ↓ AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-7 Exemplo de uma “checklist” observacional (adaptado de Miltenberger, 1999). Este método de lista de observação é geralmente usado após os comportamentos-problema terem sido identificados através de uma entrevista com o professor ou pai e é usada para obter dados mais específicos. Comportamento Antecedentes Conseqüências Escreva aqui os comportamentos: problema alvo Escreva aqui antecedentes hipotéticos (deixe espaço para acréscimos) Escreva aqui as conseqüências hipotéticas (deixe espaço para acréscimos) Gr ito s Ag re ss õe s Pr of es so r a ju da nd o ou tro s Te m po u m -p ar a- um In te rv alo So ne ca At ivi da de d e g ru po Pr of es so r d á a te nç ão Pr of es so r i gn or a Al un os d ão at en çã o Al un os ig no ra m Re ce be o bj et o ou at ivi da de Pe ss oa Ho ra AB 9:05 AB 9:18 AB 10:01 AB 10:11 AB 10:19 AB 11:02 AB 11:14 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-8 Lidando com o Comportamento Uma vez que tenha analisado os dados, estará na posição de descobrir algumas funções dos comportamentos, podendo começar a lidar com elas através de intervenções apropriadas. Aqui há algumas idéias para lidar com cada função do comportamento: Comportamento de fuga de demanda (Reforçamento Social Negativo) Quando um comportamento é realizado com a intenção de atrasar ou evitar uma exigência ou tarefa requerida, é chamado de “fuga de demanda”. Por exemplo, a professora pede a uma criança que aponte o Tigrão; a criança a belisca; a professora a coloca sentada em “tempo-fora”. O que realmente aconteceu foi que a criança achou uma estratégia eficaz para deixar de fazer o que a professora pediu. Na próxima vez em que a professora lhe pedir que faça algo que não quer, é provável que ganhe um beliscão. Como agir nestas situações... Ir até o fim com a exigência (ensinando obediência). O professor sempre deveria ir até o fim com a exigência feita, usando o nível de ajuda necessário para que a mesma seja completada. Não reforce se você tiver que superar os obstáculos criados pela criança. Se for impossível completar a exigência original – a criança tem uma crise de birra violenta, por exemplo – uma opção é reduzir o nível da exigência e pedir à criança que faça algo mais fácil, como “toque seu nariz” ou “bata palmas”. Isto é para que ela não saia de forma gratuita da situação ao intensificar o comportamento a ponto de você desistir de fazê-la obedecer. Exigências físicas são boas neste momento, porque o professor sempre pode dar ajuda física para garantir que a criança complete a atividade. Não reforce a criança nesta situação. Tente dar atenção mínima para o comportamento que está sendo exibido, assegurando-se de que a criança e outros estão seguros. Ensine à criança linguagem funcional apropriada. Ensine a criança a pedir “mais 2 minutos” em vez de gritar, ou mesmo a dizer “não quero”. Uma criança frustrada é uma pessoa que não consegue se fazer compreendida ou ter suas necessidades conhecidas. Reconhecer a razão de sua raiva – “você está furiosa porque o picolé acabou” ou “você não gosta de cortar o cabelo” – ou induzi-la a dizer “vá embora”, “me dá”, ou “eu estou brava”, pode freqüentemente ajudar a aliviar uma situação. Isto pode ser usado como uma oportunidade de ensino para ajudar a nomear sentimentos e solucionar problemas com a criança, como: “Eu sei que você está triste – o que poderia fazer você sentir-se alegre?”. Antecipar e Evitar. Antes que o comportamento surja ou se torne muito severo, você pode dar uma volta para gastar energia? Adiantar a hora do lanche para afastar a fome? Fazer um carinho e cantar uma canção ou ler uma história de cinco minutos? Deixar a criança ter um brinquedo ou objeto que a acalme, uma chupeta, bicho de pelúcia ou manta favorita? Escutar música? Dar uma volta de bicicleta? Apenas AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-9 lembre-se de não reforçar comportamentos negativos – assegure-se de não recompensar a criança com um carinho ou biscoito se ela acabou de fazer uma birra. Ao invés, você pode usar estas “rotinas neutralizadoras” como reforçadores durante uma aula, quando você vê que a criança está começando a ficar agitada ou pensa que ela poderia ficar. Pode até ser uma atividade programada, como um intervalo. Bloquear e Redirecionar. Você não tem que deixar a criança lhe agredir, enquanto você “agüenta”. Use suas mãos ou o corpo para bloquear fisicamente o comportamento ou interrompê-lo, impedindo-a de entrar em contato consigo. Redirecione-a para um comportamento mais desejável. Cuidado para não reforçá-la positivamente se um contato for feito. Comportamento Auto-Estimulatório (Reforçamento Automático) Todo o mundo tem comportamentos auto-estimulatórios. Quando você balança o pé, enrola o cabelo, ou clica sua caneta, está se engajando em comportamentos auto-estimulatórios. Estes podem ser tanto calmantes como excitantes, dependendo da pessoa. Comportamentos auto-estimulatórios se tornam um problema quando são excessivos e interferem com o aprendizado ou a interação adequada com pessoas ou objetos. Uma criança com TID/Autismo pode apresentar comportamentos auto-estimulatórios estereotipados, como “agitar as mãos” (flapping), balançar-se (rocking), enfileirar objetos, fixar o olhar em luzes, repetir verbalizações, cantarolar, etc. Comportamentos auto-estimulatórios são os mais difíceis de manejar, porque são automáticos e por definição auto-reforçadores. Você precisa achar um reforçador MAIOR do que o desenvolvido pela criança: freqüentemente, um grande desafio. O que fazer nestas ocasiões? Coloque os comportamentos auto-estimulatórios sob controle do professor. Neste caso, a criança precisaria estar envolvida em uma atividade de aprendizagem para ganhar o comportamento auto-estimulatório como reforçador. O professor controla a quantidade e o momento do mesmo. Em última instância ele seria pareado com e substituído por outro reforçador mais apropriado. Redirecione o comportamento para um substituto mais apropriado. Por exemplo, se a criança tem um comportamento auto-estimulatório de bater palmas, você poderia interrompê-lo e redirecioná-lo para uma atividade de música, como bater num tambor, ou tocar pratos, caso o ruído das palmas seja o que mantém o comportamento. Se for a estimulação sensorial que estiver mantendo o comportamento, o comportamento poderia ser redirecionado para uma atividade com massinha ou argila. Faça perguntas ou pratique ecóicos para interromper comportamentos auto- estimulatórios verbais, ou atrapalhe a emissão do mesmo. Por exemplo, se ela gosta de repetir uma frase inúmeras vezes, você pode inserir uma palavra na frase AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-12 Extinção de Comportamento Extinção acontece quando o reforçamento é retido. O termo “extinção” é freqüentemente usado incorretamente. Muitas pessoas o usam para significar “ignorar”. Embora ignorar possa resultar em extinção, há vezes em que isso não ocorre. Ignorar pressupõe que a atenção é o reforçador; em muitos casos, o comportamento- problema (ou outro comportamento) não é reforçado por atenção. Por exemplo, se uma criança está roubando comida do prato de outra, ela é reforçada pelo ganho da comida. Ignorar o comportamento de roubo da comida não extinguirá o comportamento. Para extingüir o comportamento, você teria que remover o reforçador – ela não pode ter êxito na obtenção de comida dos pratos. Se rebobinar vídeos é reforçador, ignorá-lo não o extinguirá. Para extinguir o comportamento, você teria que remover o reforçador e não permitir acesso ao botão de rebobinar durante apresentação de vídeos. Se choramingar por uma guloseima na loja sempre resultou na mãe dar chocolate para a criança, neste caso ignorar o comportamento ESTARIA extinguindo-o, uma vez que o comportamento é do tipo busca de atenção. Picos de extinção Porém, quando um comportamento não está mais sendo reforçado, ele aumenta muitas vezes brevemente em freqüência, duração ou intensidade. Comportamentos novos e maravilhosamente desafiadores podem emergir, tais como agressão ou emoção. O pensamento da criança é: “mamãe parece um pouco lenta em entender; terei que fazer mais força para obter a atenção dela”. Assim, ela aumenta o volume de voz e seu esforço. Este fenômeno interessante é chamado um “pico de extinção”. Isto significa que, antes de um comportamento ser extinto ou eliminado, haverá um tipo de “pico” ou aumento de atividade. Por exemplo, uma criança que cutuca sua irmã sem obter resposta poderá cutucá-la várias vezes, depois tentar bater-lhe, pôr a língua para fora, xingá-la – usando todo seu repertório para provocá-la. Como a irmã continua ignorando a provocação, a criança intensifica o seu comportamento. Isto é parte do “pico”; SE RESPONDER NESTE PONTO, TERÁ REFORÇADO TODOS OS ESFORÇOS DA IRMà e garantido que esta fará isto novamente. Por outro lado, se, por mais difícil que possa ser, ela a ignorar, em algum momento ela se cansará, irá embora, e aceitará que este procedimento não funciona com sua irmã. Estará menos disposta a tentar o mesmo no futuro. Ainda que possa levar algumas vezes para que ela o perceba, isso acontecerá. Esta é a parte da “extinção”. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-13 A sucessão completa fica parecida com: Extinção de comportamento- problema 0 20 40 60 1 3 5 7 9 11 13 dias m in ut os Note que o comportamento aumenta antes de começar a cair. Quinze dias é apenas um exemplo – alguns comportamentos podem demorar bastante para extinguir-se: semanas ou meses de cuidadosa extinção. Utilizando Reforçamento Diferencial para Lidar com Comportamentos-problema Uma vez que você entenda o conceito básico e o poder do reforçamento, poderá variar o modo de aplicá-lo para ajudar em situações difíceis ou desafiadoras. “Reforçamento Diferencial” é uma técnica que visa mudar a maneira de reforçar com base nas circunstâncias. Isto é útil quando você está tentando eliminar comportamentos indesejáveis, como auto- estimulatórios, agressão, birras, ou falar fora de hora. Primeiro, você deve identificar o comportamento que quer eliminar. Então, escolha o tipo de Reforçamento Diferencial que julgar efetivo.Três tipos serão tratados aqui: DRO = Reforçamento Diferencial de OUTRO Comportamento Aqui, você identifica um comportamento indesejável, e então reforça a criança quando este NÃO ocorreu durante um certo período. (Defina quanto tempo é razoável ou possível esperar que a criança se abstenha do comportamento indesejável e, então, gradualmente aumente o tempo em que ela tem êxito). Por exemplo, se o comportamento indesejável for sair de um veículo enquanto está andando, você reforçaria a criança por “sentar legal no veículo”, depois de ter ficado sentada por, digamos, 1 minuto. Você poderia, evidentemente, usar um reforçador tangível (um brinquedo, um doce etc.) juntamente com seu elogio para torná-lo mais poderoso. Outros exemplos são: Uma criança que pula na cadeira quando trabalhando é recompensada com um vídeo- clipe ao término de cada período de 2 minutos que não pulou. (“Muito bom! Trabalhou em silêncio!”) Você aumentaria gradualmente o período de tempo para trabalhar entre os reforçadores, modelando o comportamento. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA MANEJO DO COMPORTAMENTO - CAPÍTULO 4-14 Uma criança que gosta de acender e apagar luzes é recompensada com adesivos ao fim de cada período de 3 minutos no qual ela não piscou as luzes. Gradualmente, aumente o tempo requerido para reforçamento. Nota: É melhor não chamar atenção para o negativo: "Legal não bater na Mamãe” poderia apenas lhe recordar que batesse! Ao invés, recompense o positivo: "Eu gosto como você coloriu o desenho". Temporizador (“timer”) Este é um “temporizador”, que mostra visualmente um período de tempo. Quando o vermelho passou, o tempo acabou. Para usar: Ponha-o perto da área de trabalho, onde a criança pode vê-lo. Ajuste para um intervalo muito pequeno de tempo – digamos, um minuto – e reforce com elogio social e um presente especial quando o tempo passou sem ocorrência de comportamentos. Uma vez que a criança entenda o conceito, comece a aumentar o intervalo de tempo. Se a criança emitir o comportamento indesejável antes que o tempo acabe, reajuste o relógio para começar o período novamente. Não é necessário verbalizar isto para a criança. O temporizador está disponível em www.timetimer.com., assim como também em várias companhias que vendem materiais de ABA. Exercício 12 Instruções: Descreva um programa de DRO para uma criança que está batendo na tela de TELEVISÃO. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA AJUDAS E DICAS - CAPÍTULO 5-1 5. Ajudas e dicas O que são ajudas e dicas6? Tipos de dicas. Aprendizagem sem erros. Esvanecendo as dicas. Diretrizes para uso de dicas. Para ajudar o processo de aprendizagem, usam-se vários níveis de dica. Uma dica é um estímulo extra que ajudará o comportamento desejado a ocorrer sob o estímulo correto. A meta é usar o menor nível possível de dica necessário para conseguir o efeito desejado e então esvanecer (remover gradualmente) as dicas o mais rapidamente possível, de maneira que a criança possa fazer tudo sozinha. Todos usamos dicas na vida cotidiana. Quando escrevemos lembretes para nós mesmos, isto é uma dica. Quando lembramos nossos filhos de dizer “obrigado”, estamos usando uma dica. Muitos de nós usamos agendas eletrônicas que nos lembram de um compromisso 30 minutos antes. Quando estamos aprendendo a sacar no tênis, primeiro observamos alguém demonstrando – estamos recebendo uma dica. Quando queremos que crianças aprendam habilidades e conceitos, precisamos ajudá-las dando-lhes dicas suficientes para que possam executar determinada tarefa com sucesso. As dicas vivem acontecendo em situações naturais. Aparecem nas propagandas, no rádio, TV e em especial nos programas de computadores. Tomando consciência delas, você perceberá que as usa de maneira freqüente e natural com seu esposo, filhos, amigos e colegas. Quando você vê um anúncio de um produto, você está recebendo uma dica. Quando assiste a um programa de culinária, ou segue um tutorial no computador, ou recebe uma chamada do seu dentista lembrando- lhe que está na hora do seu check-up dental, você esta recebendo uma dica. Você está se 6 Nota dos tradutores: Os termos “to prompt” (verbo) e “prompt” (substantivo) foram traduzidos: “ajudar, dar ajuda, ajuda ou dica”. Capítulo 5 AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA AJUDAS E DICAS - CAPÍTULO 5-2 dando uma dica quando marca seu aniversário no calendário, esperando que seu marido note. Tipos de Dicas Há dois tipos principais de dicas: Dicas de Resposta e Dicas de Estímulo (Alberto & Troutman, 19867; Cooper e cols., 1987)8. Uma Dica de Resposta envolve o comportamento de outra pessoa que ajuda na efetuação da resposta. Pode ser: Verbal – pode ser verbal parcial (VP) ou verbal total (VT). Verbal total é dar a resposta inteira – dizendo, por exemplo: “Qual é a capital do Brasil? Brasília”, antes de fazer a pergunta “Qual é a capital do Brasil?”. Verbal parcial significa dar apenas uma parte da resposta, um tipo de começo, como em: “Qual é a capital do Brasil? Bra...”. Gestual – é apontar para a resposta correta ou indicá-la olhando de relance ou na direção da resposta correta. Pode ser um outro tipo de movimento, como inclinar a cabeça para dar um sinal ou começar a executar uma ação. Vamos dizer que você está ajudando uma criança a brincar de esconde-esconde e procurando uma criança escondida. Você poderia dar uma dica para a criança procurar no closet inclinando sua cabeça na direção do closet. Se perguntasse para a criança “O que é alguma coisa bem alta com degraus onde os bombeiros sobem?” e fizesse movimentos de subir escadas usando os braços e as pernas, esta seria uma dica gestual. Modelação - é quando se mostra à criança como fazer alguma coisa: Ao pedir para uma criança observar como você anda de bicicleta, está fazendo uma modelação. Quando pede para uma criança tocar a própria cabeça e, ao mesmo tempo, executa o movimento, está modelando o comportamento. Física – Você ajuda fisicamente a criança a completar uma tarefa pondo sua mão sobre a dela para pegar brinquedos, empilhar blocos, segurar um giz de cera, escolher um objeto sobre a mesa, usar um garfo ou colher. Também é chamada condução Mão- sobre-Mão (Hand-Over-Hand, ou HOH). HOH também pode significar pegar a criança e conduzi-la até o local desejado. Iniciação é um outro tipo de dica física. É uma espécie de “cutucada”. Pode ser feita com uma leve pressão sobre o braço, costas ou ombro. Pode ser feito começando delicadamente um movimento, como tocar um braço para indicar que está na hora de levantar a mão, tocar as costas para relembrar a criança de começar a andar, ou dar tapinhas no ombro para indicar “é a sua vez”. 7 Nota dos tradutores: no original em inglês, este trabalho não foi listado nas “Referências bibliográficas”. 8 Idem. Neste caso, concluímos que poderia se tratar da obra “Applied Behavior Analysis” e a incluímos na listagem (v. Referências Bibliográficas). AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA AJUDAS E DICAS - CAPÍTULO 5-3 Uma Dica de Estímulo é alguma coisa que você faz para tornar o estímulo mais saliente e mais provável de ser escolhido. Há dois tipos: Dica Intra-estímulo: você muda alguma coisa do estímulo para que se destaque e tenha mais chances de ser escolhido. Por exemplo, mudando o tamanho (tornando- o maior que o resto); a forma (pode ser redondo quando todo o resto é quadrado); a cor (a escolha correta pode ser colorida quando o resto é branco-e-preto). Dica Extra-estímulo: (Schreibman, 19759) – alguma coisa que você adiciona ao estímulo para ajudar a criança a responder corretamente. Por exemplo, poderia colocar um adesivo de estrela sobre o cartão que traz a resposta correta. Posteriormente você poderá remover o adesivo (esvanecê-lo) e, ainda assim, esperar pela resposta correta. Algumas vezes as mães escrevem um “D” ou “E” nos sapatos das crianças para tornar mais fácil distinguir direita da esquerda, porque o próprio sapato como dica não é suficiente. Aprendizagem sem erros Apesar do termo e da técnica de Aprendizagem Sem Erros existir há um bom tempo, tornou-se mais conhecida e mais usada há poucos anos, através da popularização das técnicas de Comportamento Verbal, trazidas pelo livro “Teaching Language to Children with Autism or other Developmental Disabilities” (“Ensinando linguagem a crianças com autismo e outros problemas de desenvolvimento”, sem edição em português) de Mark Sundberg e James Partington, e por psicólogos e pesquisadores como Patrick McGreevy e Vince Carbone. Aprendizagem sem erro significa que você garante que seja dada a resposta correta. É um sistema de dicas que vai da ajuda MÁXIMA para a ajuda MÍNIMA. Você começa com a maior dica disponível e gradualmente esvanece para dicas menos evidentes, até retirá-las completamente. Aprendizagem sem erro significa que o aluno dará muitas respostas corretas (não cometerá muitos erros) e, portanto, o valor de fugir da situação de aprendizagem diminuirá. Imagine- se tentando aprender alguma coisa nova (como um programa de computador!) e errando muito. Você provavelmente vai querer desistir bem rápido e, se for forçado a continuar, provavelmente não ficará muito feliz. Se você conseguir ser bem sucedido, provavelmente se sentirá melhor em relação à situação toda, vai querer ficar mais tempo e, como prêmio extra, experimentaria o que significa ter sucesso. Quando estiver ensinando uma nova habilidade, comece com uma dica grande, para manter a aprendizagem sem erro, e depois esvaneça gradualmente as dicas. 9 Nota dos tradutores: no original em inglês, este trabalho não foi listado nas “Referências bibliográficas”. Neste caso, concluímos que seria a obra que incluímos na listagem (v. Referências Bibliográficas) AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA AJUDAS E DICAS - CAPÍTULO 5-6 Diretrizes para o uso de dicas 1. Quando estiver ensinando novas habilidades, use os níveis mais altos de dica – pode ser mão-sobre-mão, verbal total ou um modelo. 2. Quando estiver ensinando uma habilidade nova, não deve haver demora entre a apresentação do SD e a dica (0 segundos). 3. Quando você achar que a criança já pode ter aprendido a nova habilidade, você pode esperar dois segundos entre a apresentação do SD e a dica para ver se a criança responde corretamente. No entanto, se ela responder corretamente dessa vez, mas não na vez seguinte, retroceda imediatamente e adicione uma dica – a menor necessária para conseguir a resposta desejada. 4. Use o procedimento de transferência para ter certeza de que a criança está realmente respondendo a pergunta, ou respondendo ao estímulo, e não simplesmente te ecoando. 5. Sonde as habilidades já dominadas. Esteja preparado para retroceder e ajudar, se necessário. 6. Aumente e diminua o nível de dicas tentativa por tentativa, conforme for necessário para que a criança responda corretamente todas vezes. 7. As ajudas precisam ser esvanecidas (gradualmente removidas) o mais rápido possível. 8. Deveriam ser evitadas as dicas não planejadas. Isto pode ser tão mínimo quanto voltar seu olhar para o item correto ou, inadvertidamente, colocar um item em uma posição favorável à escolha. 9. Nem todos os tipos de dicas se aplicam a todos programas. Por exemplo, não é possível usar a dica mão-sobre-mão para conseguir uma resposta verbal. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA AJUDAS E DICAS - CAPÍTULO 5-7 Exercício 15 Instruções: Identifique os tipos de ajudas/dicas usadas nos exemplos abaixo 1. Maria pede que João lhe passe o leite e o açúcar. João não responde, então Maria pede novamente. 2. Mamãe oferece um biscoito para Sara, mas não o entrega até que Sara se lembre de dizer “obrigada”. 3 Margarida pede que Davi lhe mostre o maior dos três itens sobre a mesa. Quando Davi erra na primeira tentativa, Margarida repete o pedido, mas desta vez aponta o item correto. 4. Kátia canta uma canção e espera que João preencha a lacuna: “Nesta rua, nesta rua tem um bos...”. 5. Maria diz para José: Faça assim, enquanto dá pequenos saltos. 6. Cris pede que Mateus toque seus dedos do pé. Mateus não responde, então Cris aponta para os dedos do pé de Mateus. 7. Dona Clementina pede que as crianças façam fila. Como Paulo não entra na fila, ela põe gentilmente a mão sobre seu ombro e o dirige para lá. 8. Gina está ensinando Caio a usar um mouse de computador, colocando suavemente a mão sobre a dele, e conduzindo-o levemente para frente. 9. Como Paulo ainda não se dirigiu para a fila, Dona Clementina pega sua mão e o leva até a mesma. 10. O professor demonstra como escrever a letra “H” e então deixa que Gabriel tente sozinho. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-1 6. Foco no Comportamento Verbal O que é Comportamento Verbal? Os Operantes Verbais: Tatos, Mandos, Linguagem Imitativa, Ecóica, Receptiva, FCC (Função, Característica, Classe), Intraverbais, Textual, Transcritivo. Ensinando Mandos. Procedimento de Transferência de Controle de Estímulo. Procedimento de Correção. Uma Olhada no ABLLS. Comportamento verbal é o título do livro de B. F. Skinner, publicado em 1957. Nele, o autor aplicou os princípios do condicionamento operante à aquisição de linguagem. Isto significa que ele acreditava que a linguagem desenvolveu-se não por ser um mecanismo inato com que todos nascemos (como era a crença prevalente), mas sim que se desenvolveu da mesma maneira que as outras habilidades – pelo reforçamento que sucedia um “comportamento verbal”. Desta forma, aprenderíamos a dizer “leite” porque fomos reforçados pelo comportamento verbal de dizer “leite” (enquanto nos apresentavam o leite). Inicialmente provavelmente ecoamos nossa mãe, que dizia “leite”, quando nos dava. Então começamos a dizer “leite” ou alguma coisa semelhante e o leite aparecia novamente. Nosso reforçador por dizer leite foi receber leite, então aprendemos a nomeá-lo e pedi-lo. Skinner identificou diversos “operantes verbais” ou unidades funcionais de linguagem, cada uma com uma função diferente. Skinner acreditava que a unidade não era a palavra em si mesma, mas a combinação da palavra e das circunstâncias sob as quais a palavra é apresentada. Skinner cunhou alguns termos novos para nomear estes operantes verbais. Por exemplo, a pessoa tem que ser capaz de nomear leite (TATO) quando o ver, pedir leite (MANDO) quando o quiser, falar sobre as Capítulo 6 A criança não precisa ter linguagem vocal para que se usem os princípios de ensino do Comportamento Verbal. O método inclui o uso de linguagem de sinais ou sistemas de comunicação facilitada como o PECS (Sistema de Comunicação por Troca de Figuras). AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-4 Ensinando Mandos: OEs (EO’s) Pensando em Motivação. Uma OE ou Operação Estabelecedora é basicamente uma situação que muda o valor de algo como reforçador. Muda também a freqüência de qualquer comportamento que tenha funcionado no passado para conseguir este reforçador. Por exemplo, estar com fome muda o valor de comida como reforçador. Estar satisfeito depois do jantar também muda a valor de comida como reforçador. No primeiro caso, alguém irá se esforçar para conseguir comida como reforçador (alta freqüência de comportamento de conseguir comida) e, no segundo caso, provavelmente não irá se esforçar para conseguir comida como reforçador (baixa freqüência de comportamento de conseguir comida). Através da manipulação das OEs, você pode tornar o mando mais ou menos valioso para a sua criança. Se existe um estado de privação, por exemplo, a criança não recebeu bala por um certo tempo, ela tenderá mais a querer pedi-las como reforçador. Se existe uma situação aversiva, digamos, a música está muito alta, a criança tenderá mais a pedir a remoção da música como reforçador. Por outro lado, se existe um estado de saciação onde ela está simplesmente “entupida” de bala, a bala tenderá a ter uma baixa OE – seu valor como reforçador irá diminuir. O ensino do mando deve acontecer no ambiente natural do dia-a-dia, no qual a motivação tende a ser alta. Existem duas formas de ensinar mandos no ambiente natural: através da captação e do planejamento de oportunidades. Ensinando mandos: Captação e Planejamento em Ambiente Natural Captação significa simplesmente que você está alerta, “de olho”, para “captar” no que a criança está interessada e dar a dica que a leve a produzir um mando antes de entregar o item reforçador. Você está se valendo de uma situação reforçadora que acontece naturalmente. Por exemplo, se a criança quer um caminhão de brinquedo (presumivelmente num momento em que o valor da OE do caminhão é alto), você pode inserir um ecóico “CAMINHÃO” e esperar a criança o ecoe. Quando ela o fizer, entregue o caminhão. Se ela não diz a palavra, uma prática padrão é dizer três vezes a palavra caminhão (você está construindo a associação entre a palavra e o objeto) e então entregar o objeto. Não o entregue até que a criança realmente diga a palavra, senão você estará liquidando a OE. Exemplo de ensino de um Mando Criança: estende o braço para um caminhão de brinquedo. Pai, ou mãe: (segura o caminhão à frente da criança) “CAMINHÃO”. Criança: (ecoa) “Caminhão”. Pai: (dá o caminhão para a criança) “CAMINHÃO! Você quer o caminhão!”. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-5 Ou, se a criança não te ecoa Criança: (estende o braço para pegar o caminhão). Pai: (segura o caminhão à frente da criança) “CAMINHÃO”. Criança: (não diz nada). Pai: (segura o caminhão à frente da criança) “CAMINHÃO!”. Criança: (não diz nada). Pai: (segura o caminhão à frente da criança) “CAMINHÃO” – e dá o caminhão. Se a criança ecoar de forma consistente o você diz, você pode adicionar a “tentativa de transferência” para o primeiro exemplo. Você transfere a resposta da criança para o estímulo “caminhão”, ao invés de fazer a criança ecoar a palavra que você diz. No final você poderá esvanecer gradualmente as dicas ecóicas. Criança: (estende o braço para pegar um caminhão de brinquedo). Pai: (segura o caminhão à frente da criança) “CAMINHÃO.” Criança: (ecoa) “Caminhão.” Pai: (retendo o caminhão) “O que você quer?” Criança: “Caminhão”. Pai: (dá o caminhão para a criança). “CAMINHÃO! Você quer o caminhão!” Planejamento significa montar uma situação no ambiente (ao invés de se valer de uma situação de ocorrência espontânea) que irá aumentar o valor de um reforçador para a criança. Por exemplo, se você está brincando com um quebra-cabeça e mantém uma peça escondida, a criança terá uma forte OE para pedir “quebra-cabeça” a fim de completá-lo. Há uma grande quantidade de maneiras de planejar uma situação para conseguir que a criança produza um mando. O mando por itens que estão faltando é provavelmente o mais fácil de fazer. Diga à criança para se aprontar para ir ao parque e esconda os sapatos – de repente os sapatos passam a ter uma importância que não tinham um momento antes, porque você planejou uma situação para criar uma OE para produzir um mando pelos sapatos. Dê a ela sorvete sem apresentar a colher – você planejou uma OE para produzir o mando pela colher. Diga a ela para se sentar num lugar que não tenha cadeira, e você planejou uma situação na qual a cadeira é importante. No começo você deve esperar somente mandos de uma só palavra. Espere até que a criança tenha um repertório muito amplo e esteja produzindo mandos de forma consistente, antes de adicionar frases-suporte, tais como EU QUERO, ou POSSO PEGAR. Enfim você pode estender a produção de mandos fazendo a criança pedir informação (“Onde está a mamãe?” “O que tem dentro da caixa?” etc.), mas estes são mais difíceis de ensinar e mais adequados para um aluno mais avançado. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-6 O que Levar em Conta ao Escolher as Primeiras Palavras para Ensinar como Mandos. Na página 113 do seu livro Teaching Language to Children with Autism or Other Developmental Disabilities (“Ensinando linguagem para crianças com autismo ou outros transtornos do desenvolvimento”, sem edição em português) Sundberg e Partington (1998) sugerem que, quando se começa a ensinar mandos para uma criança, devem se considerar as seguintes questões: • Escolha palavras que são reforçadores. Estas devem ser: • Consumíveis (comida, bebidas); • De curta duração (bolhas de sabão, cócegas); • Fáceis de serem retiradas do aluno (música, vídeos); • Fáceis de dar; • Passíveis de serem dadas em múltiplos momentos; • Serem consistentemente potentes. • Selecione palavras que demandem uma resposta verbal curta e fácil para crianças verbais, ou sinais que sejam icônicos (eles se parecem com os objetos que representam) para crianças que sinalizam. • Escolha palavras que sejam relevantes para a vida cotidiana – coisas que a criança vê e usa freqüentemente. • Selecione palavras de diferentes categorias – comida, brinquedos, vídeos. • Não escolha palavras ou sinais que soem ou sejam muito parecidos ou irá ser difícil distingui-los. Por exemplo, os sinais para comer e para beber são muito similares, as palavras bola e bota tem um som muito parecido (exemplos em inglês meat e eat). • Evite palavras que possam ser aversivas para a criança, tais como “cama12” e “banheiro”. • Linguagem Receptiva Linguagem receptiva é seguir instruções ou atender os pedidos de outras pessoas. Um exemplo seria dar um beijo em alguém quando este lhe diz “Me dê um beijo”. “Linguagem Receptiva” é, de certo modo, um termo errôneo – o ouvinte não está realmente usando “linguagem”, mas sim respondendo à linguagem de outra pessoa. 12 “Cama!” – pode significar a ordem para ir direto para cama, dormir ou descansar. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-9 Transcritivo (Escrever) Isso é escrever e soletrar palavras que são faladas para você. Um exemplo seria escrever a palavra “escola” quando pedido. Técnicas de Ensino usadas em Comportamento Verbal Exemplos de ensino sem erro Professor: Qual é o seu nome? José. Criança: José. Professor: Legal, José! Agora, você pode ver que a criança não está realmente respondendo à pergunta. Está meramente ecoando ou repetindo o que o professor disse. Este comportamento é chamado “dependente de dica”. Você não quer que a criança meramente ecoe suas dicas, quer que aprenda a responder corretamente à pergunta (estímulo) “Qual é o seu nome?”15. A próxima tarefa é transferir a resposta, produzida a partir de sua dica, para o estímulo ou SD (o “Qual é o seu nome?”). Isto é “colocar o comportamento sob controle de estímulo”. Sundberg e Partington (1998), no seu livro “Teaching Language to Children with Autism or Other Developmental Disabilities” (“Ensinando linguagem para crianças com autismo ou outros transtornos do desenvolvimento”, sem edição em português) identificam um “procedimento de transferência rápido” fazendo o seguinte: 15 Ou: “Como você se chama?” SD· Dica verbal total – nenhuma demora entre SD e a dica. A criança responde repetindo ou ecoando o professor. Reforçador AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-10 Procedimento de Transferência de Controle de Estímulo Procedimento de Transferência Rápido) Exemplo de Procedimento de Transferência Rápido Professor: Qual o seu nome? José. Criança: José. Professor: Qual o seu nome? Criança: José. Professor: Oba! É isso mesmo! A resposta foi transferida da dica para o SD. Isto significa que, ao invés de ecoar o que você disse, ela está respondendo à pergunta. Agora, para garantir que a criança aprendeu de fato a responder dizendo o seu nome quando lhe é perguntado “Qual é o seu nome?”, você deveria fazer um teste um pouco mais adiante nesta lição (talvez após três ou quatro tentativas diferentes) na qual você faria a mesma pergunta sem a dica. Obviamente isto irá demandar um pouco de treino para que a criança seja capaz de responder fluentemente à pergunta. Conceito-Chave para Usar o Procedimento de Transferência de Estímulo Se a criança apresentar a resposta correta numa única situação, isolada que seja (operante verbal), então você pode transferir esta resposta para qualquer outra situação através do procedimento de transferência de controle de estímulo. No exemplo acima, sabemos que a criança sabe ECOAR o professor, então usamos o eco e transferimos sua resposta para um estímulo INTRAVERBAL. (Lembre-se, do capítulo anterior, que intraverbal significa que o que você diz é determinado pelo que a outra pessoa diz – é responder perguntas, ou responder aos comentários de alguém com seu próprio comentário). SD Dica verbal completa A criança responde repetindo ou ecoando o professor Repete imediatamente o SD, espera 2 segundos. A criança responde ao SD! Reforçador AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-11 Transferência de Ecóico para Tato Digamos que seu aluno sabe ecoar “cachorro”. Isto significa que, quando dizemos “cachorro”, ele irá dizer “cachorro”. Gostaríamos de fazê-lo nomear por si mesmo a figura de um cachorro. Professor: (aponta para a figura do cachorro) CACHORRO. Criança: CACHORRO. Professor: O que é isto? (aponta para a figura do cachorro). Criança: CACHORRO. Transferência de Tato para FCC (função, característica, classe). Agora que seu aluno pode nomear fluentemente “CACHORRO”, vamos transferir este conhecimento para a Função, Característica ou Classe de um item. Professor: O que é isto? (apontando para a figura do cachorro). Criança: CACHORRO. Professor: Diga o nome de um animal. Criança: CACHORRO. Transferência de Tato para Intraverbal Digamos que seu aluno tem agora um amplo vocabulário de tatos, e queremos fazê-lo responder a algumas perguntas (intraverbais). Professor: (apresenta à criança uma série de figuras). Diga-me alguma coisa que você come. Criança: (vê figuras de uma banana, vaca, casa e bicicleta). BANANA. Professor: (vira a figura para baixo de forma que a criança não a veja, porque se ela puder vê-la isto seria um tato). O que você come? Criança: BANANA. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-14 Exemplo tirado da Sessão G, Nomeação, página 29 do ABLLS. Tarefa Escore Nome da Tarefa Objetivo da Tarefa Questão Exemplos Critérios Notas G4 01234 01234 01234 01234 Nomear figuras de itens comuns O aluno irá nomear pelo menos 100 figuras de itens encontrados facilmente em seu ambiente. Se você pergunta “O que é isto?”, enquanto mostra uma figura de um item comum, o aluno irá identificar o item? 4= 100 ou mais nomeações de figuras de itens e pode identificar vários exemplos diferentes (incluindo exemplos novos) da maioria destes itens; 3= 50 nomeações de pelo menos um exemplo do item; 2= 10 nomeações 1= 5 nomeações. Ver Apêndice dois: Lista de Receptivos e nomeações. Um pai ou professor terá primeiro que completar o ABLLS, percorrendo cada tarefa em cada uma das categorias e calculando o nível de funcionamento atual da criança em cada tarefa. É dado um escore, que é então marcado em uma grade. Depois de completar este exercício, que pode levar muito tempo, o pai obterá uma representação gráfica do conjunto das habilidades atuais da criança, que irá ser um guia para o planejamento do programa. Na página a seguir, é apresentado o perfil de um “Aprendiz Iniciante”. Ele tem algumas habilidades e tem evoluído entre as datas de avaliação, como evidenciado pelas diferentes cores (tons de cinza) nos quadrados. Observe que, enquanto as habilidades desta criança agrupam-se na base da grade, como esperado para um Aprendiz Iniciante, ela tem algumas habilidades dispersas nos níveis mais elevados. Veja B13, ou G30. Quando estiver consultando o ABLLS para ajudá-lo com o planejamento do currículo, o melhor procedimento é ir direto para trás e começar com o primeiro quadrado branco em cada categoria. Mesmo se a criança tem 3 pontos de um possível escore 4, dominar o critério para atingir um escore ‘4’ será muito importante para a construção da aprendizagem futura. Não é necessário trabalhar todas as 25 categorias ao mesmo tempo. Você pode escolher suas prioridades. É também adequado trabalhar com algumas tarefas de cada categoria ao mesmo tempo. Algumas delas dispensam explicação. Lembre-se somente de não superestimar as habilidades da criança. Isto pode frustrar os seus esforços mais tarde, caso essas habilidades não estiverem firmes em uma área anterior. Algumas das tarefas do ABLLS têm apêndices anexados, a partir dos quais você pode obter listas de itens ou atributos para usar no seu programa. Você mesmo terá que criar algumas, e outras atividades irão demandar que você use outros recursos curriculares para ajudá-lo a montar um programa específico. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-15 Perfil do Aprendiz Iniciante no ABLLS – página 1 de 3 Nome: C52 Avaliador Data C51 C50 12/12/03 C49 C48 06/06/03 C47 C46 12/01/03 C45 C44 C43 C42 G42 H42 C41 G41 H41 C40 G40 H40 C39 G39 H39 C38 G38 H38 C37 G37 H37 C36 G36 H36 C35 G35 H35 C34 G34 H34 C33 G33 H33 C32 G32 H31 C31 G31 H31 C30 G30 H30 C29 G29 H29 C28 G28 H28 C27 F27 G27 H27 C26 F26 G26 H26 C25 F25 G25 H25 C24 F24 G24 H24 C23 F23 G23 H23 C22 F22 G21 H22 B21 C21 F21 G19 H21 B20 C20 F20 G20 H20 B19 C19 F19 G19 H19 B18 C18 F18 G18 H18 B17 C17 F17 G17 H17 B16 C16 F16 G16 H16 B15 C15 F15 G15 H15 B14 C14 F14 G14 H14 B13 C13 F13 G13 H13 B12 C12 F12 G12 H12 A11 B11 C11 D11 F11 G11 H11 A10 B10 C10 D10 F10 G10 H10 A9 B9 C9 D9 E9 F9 G9 H9 19 A8 B8 C8 D8 E8 F8 G8 H8 18 A7 B7 C7 D7 E7 F7 G7 H7 17 A6 B6 C6 D6 E6 F6 G6 H6 16 A5 B5 C5 D5 E5 F5 G5 H5 15 A4 B4 C4 D4 E4 F4 G4 H4 14 A3 B3 C3 D3 E3 F3 G3 H3 13 A2 B2 C2 D2 E2 F2 G2 H2 12 A1 B1 C1 D1 E1 F1 G1 H1 11 A Cooperação e eficácia do reforço B Desemp. visual C Linguagem receptiva D Imitação E Imitação vocal F Pedidos G Nomeação H Intraverbal I Vocalizações espontâneas As diferentes cores representam as diferentes datas de avaliação CATEGORIAS O escore obtido na página anterior é indicado na grade. Veja o exemplo retirado da sessão D, Tarefa D9. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA COMPORTAMENTO VERBAL - CAPÍTULO 6-16 Como Aprender Mais sobre Comportamento Verbal Existem algumas fontes excelentes para aprender mais sobre Comportamento Verbal e o uso do ABLLS. Confira estes websites: www.verbalbehaviornetwork.com http://behavioranalysts.com www.christinaburkaba.com www.mariposaschool.org www.drcarbone.net Também vale a pena entrar num grupo de discussão da internet. Você poderá postar e fazer perguntas especificamente relacionadas com a H26: em geral, as pessoas saberão do que você está falando e lhe darão idéias para a implementação. Vá ao website www.yahoogroups.com e faça uma busca por: “DTT-NET” ou por “Verbal Behavior” AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA CURRÍCULO - CAPÍTULO 7-3 O terceiro modo de encontrar um ponto de partida para o programa de seu aluno é o método “adote sua melhor estimativa”19: você conhece sua criança e, provavelmente, tem uma idéia de seus níveis de habilidade nas diversas categorias. Você sempre pode fazer ajustes, se encontrar alguma coisa que superestimou ou subestimou. A preocupação com este método é que você pode escolher habilidades que estejam fora da seqüência de desenvolvimento, ou tentar ensinar habilidades que exijam conhecimento prévio que não tenha sido ensinado. Os livros apresentados abaixo podem ajudá-lo com o conteúdo do programa geral, logo que decidir o que quer ensinar: 1. Behavioral Intervention for Young Children with Autism, de Catherine Maurice, Gina Green e Stephen Luce (1996), contém um Guia Curricular nos níveis Iniciante, Intermediário e Avançado. Apesar de não ser preparado nos moldes de uma avaliação, você pode percorrer as listas de habilidades para determinar as áreas de competência versus déficits em/de habilidades e conhecimento. Tem programas pré-escritos, apesar de ser mais difícil saber exatamente o que se deveria estar trabalhando. 2. A Work in Progress, de Ron Leaf e John McEachin (1999). Outro bom livro para o conteúdo curricular, apesar de não ser organizado para servir de instrumento de avaliação. Portanto, você tem que saber o que está procurando. Tal como o manual anterior, de C. Maurice e cols., também contém boas informações sobre como aplicar programas de ABA. É um grande recurso de idéias e conteúdo programático. 20 3. Teaching Individuals With Developmental Delays, de O. Ivar Lovaas (2003). É uma atualização do manual Teaching Developmentally Disabled Children; The Me Book, publicado por Lovaas em 1981. Aborda uma ampla gama de informações e idéias valiosas para elaboração de programas. Também é fantástico para conteúdo programático, apesar de não ser organizado como um instrumento de avaliação. A “pizza” curricular Ao criar um currículo, pode ser difícil avaliar por onde começar; por isso a “Pizza Curricular” divide as áreas de aprendizagem em 6 categorias amplas. É um modelo útil quando consideramos tanto o currículo geral quanto o específico. Observe que, se você decidir usar o ABLLS, não necessita da “Pizza Curricular” como guia. O ABLLS abrangerá todas as categorias de ensino. Se você está apenas começando, provavelmente vai querer um currículo bem equilibrado, com programas que contemplem cada uma das áreas da “Pizza Curricular”. À medida que seu aluno progride e as habilidades se desenvolvem, você pode decidir dedicar mais ou menos tempo a várias áreas. Enfim, à medida que os programas se tornam mais complexos, você verá que áreas começam a se fundir (ex. Habilidades Sociais e Brincar podem se tornar uma 19 “Take-your-best-guess” method – guess = suposição, conjectura, “chute”. 20 Nota dos tradutores: Em português, recomenda-se o manual “Passo a Passo, Seu Caminho: Guia curricular para o ensino de habilidades básicas”, de Margarida H. Windholz, www.margaridawindholz.com.br AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA CURRÍCULO - CAPÍTULO 7-4 área, ou Linguagem pode ocorrer em todas as áreas do currículo). Por outro lado, pode ser proveitoso mais tarde dividir as áreas (ex. dividir Linguagem em Expressiva e Receptiva, ou dividir Brincar em Brincar Individual, Brincar com Iguais, Brincar de fazer de conta, etc). A “Pizza Curricular” Exemplo de Conteúdo em Cada Categoria da “Pizza Curricular” Para lhe dar uma idéia geral do que trata cada categoria, temos abaixo um exemplo de conteúdo programático. Este de maneira alguma deve ser entendido como sendo uma lista exaustiva, e não está apresentado numa ordem específica, nem numa seqüência de desenvolvimento. Por isto o ABLLS é tão valioso – ele lhe dá um plano a seguir para ensinar habilidades em 25 categorias abrangentes. • Autocuidado • Usa independentemente xícara, colher e garfo. • Veste e tira a roupa independentemente. • Habilidades de toalete. • Habilidades de higiene – pentear cabelos, escovar os dentes, lavar o rosto e as mãos, tomar banho. • Motora (Fina e Ampla) • Desenhar, colorir. • Copiar, escrever. • Cortar, amarrar. • Usar o teclado, usar o mouse. • Correr, andar, pular, balançar. • Usar equipamentos (bolas, raquetes etc.). Habilidades Motoras Linguagem Habilidades Acadêmicas Habilidades Sociais Habilidades de Brincar Habilidades de Autocuidado AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA CURRÍCULO - CAPÍTULO 7-5 • Social • Responde a saudações. • Responde perguntas sociais (ex. “Como vai você?”, “Qual é o seu nome?”). • Imita colegas. • Responde às propostas dos amigos. • Inicia brincadeiras com colegas. • Interage verbalmente com colegas (comenta, pergunta, oferece ajuda). • Linguagem / Comunicação • Receptiva – identifica objetos, partes do corpo e figuras; segue instruções de 1, 2 e 3 passos.... • Expressiva – faz pedidos, nomeia figuras, objetos, pessoas e verbos; pede itens desejados; diz “sim” e “não”; repete frases; permuta informações; responde a perguntas do tipo “por quê”21. • Abstrata – conversa sobre coisas ausentes, responde questões do tipo “por quê?”, antecipa conseqüências, explica ações, relata estórias, inventa estórias. • Brincar • Brincar sozinho de modo apropriado com brinquedos. • Brincar em paralelo – brincar ao lado de outras crianças, sem interação. • Brincar com foco compartilhado – brincar com os mesmos itens, tal como as outras crianças, sem interação. • Brincar com ação compartilhada – brincar que demanda alguma colaboração com outras crianças (ex.: construir torre, empurrar balança). • Brincar de faz-de-conta – capaz de assumir uma outra identidade. • Brincar com colegas de faz-de-conta e de representar papéis. • Acadêmica (e Pré-acadêmica) • Habilidades de imitação. • Identificação de números e letras. • Leitura – palavra inteira e fônica. • Soletração. • Habilidades de matemática e números. • Habilidades de uso do computador. • Habilidades escolares – participa de um grupo, espera a vez, recita em uníssono. 21No inglês: “why questions” (what, why, where, which, who), que abrangem as perguntas “o quê”, “por quê”, “onde”, “qual”, “quem”. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA CURRÍCULO - CAPÍTULO 7-8 Montando a Pasta Curricular Quer você esteja usando o ABLLS, o currículo de um livro, um consultor ou criando seus próprios programas, você precisará estabelecer um sistema para lhe ajudar a orientar e conduzir os programas que estará ensinando. Uma pasta-fichário, contendo todos os programas em uso com suas “folhas de registro de SD” e “folhas de registro de dados”, irá organizar seus programas num formato consistente, de modo que qualquer pessoa possa ter acesso a estes e entendê-los. Também guardará os resultados de cada sessão, permitindo a todos avaliar o progresso da criança. O professor ou o aplicador irão consultá-lo toda vez que estiverem se preparando para uma sessão ou vão usá-lo para montar o gráfico dos resultados. O supervisor do programa o usará para revisar os sumários das sessões, revisar o progresso nos programas individuais e atualizar ou criar novos programas. Divisões na Pasta Curricular Você provavelmente vai desejar umas três divisões na sua Pasta Curricular. Depois de ter trabalhado com estas por um tempo, será capaz de adicionar ou eliminar partes que sejam mais ou menos úteis para você e seu programa específico. Observe que todas as folhas de registro estão disponíveis no Guia do Supervisor do “Ajude-nos a Aprender”. 1. Administração • A criança terminou os itens do ABLLS? (Caso você o estiver usando). • Relatórios Diários –deve ser um resumo rápido do dia. Todos deveriam lê-lo antes de começar uma sessão. • Folha de Acompanhamento Mensal do Programa – útil caso várias pessoas estejam ensinando a criança e você queira acompanhar e garantir que todos os programas sejam realizados todos os dias. • Escala de Avaliação BALSH (opcional) – um formulário para avaliação rápida do Comportamento, Atenção, Linguagem, Comportamento Auto-Estimulativo e Hiperatividade (Behavior, Attention, Language, Self-stimulatory Behavior and Hyperactivity). • Formulário para Controle de Alimentação e Medicação (opcional). 2. Programas • Uma folha divisória com o rótulo de cada programa. Cada folha divisória conterá: • A folha de registro de SD. • Os gráficos de dados. • Opcional: um plano do programa contendo uma lista de itens para selecionar, tais como tatos a serem usados, ou ações. • Uma seção para “rastreamento” de mandos. Inclui a Folha de Dados de Mandos e um gráfico. Pasta Curricular do ABA para: Índice: 1. Relatórios diários 2. Mandos 3. Imitação 4. Ecóicos 5. FCC 6. Intraverbais AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA CURRÍCULO - CAPÍTULO 7-9 3. Sondagens22 • A seção de sondagens é usada para garantir que os itens dominados foram retidos. À medida que os itens forem sendo dominados, devem ser transferidos para a seção de sondas onde serão checados por algum tipo de programação pré- organizada – talvez uma vez por semana. Os itens que não “passarem” nas sondagens podem ser reintegrados ao programa. Folhas a usar para montar sua Pasta Curricular A Folha de Registro de SD A folha de registro de SD dá, de imediato, instruções para a execução de cada programa específico. Estas são combinadas com um sistema de coleta de dados para tornar as coisas mais simples. • Folha Geral de Dados – use-a com o ABLLS ou outro currículo. FOLHA GERAL DE REGISTRO DE SDs E DADOS Nome tarefa: Imitação SD: Faça isto Categoria no ABLLS: D3 R: Datas de: Datas das sondagens início domínio Estímulo: S S S S S S 01/11 Toque o nariz N N N N N N S S S S S S 01/11 Acene N N N N N N S S S S S S 01/11 Mostre sua língua N N N N N N S S S S S S 01/11 Bata palmas N N N N N N S S S S S S 01/11 Pule N N N N N N 22 Também conhecido como “testagem”. AJUDE-NOS A APRENDER – MANUAL DE TREINAMENTO EM ABA CURRÍCULO - CAPÍTULO 7-10 Como usar a Folha de Registro de SD e a Folha de Registro de Dados Uma vez que você identificou o programa que deseja ensinar, precisará estabelecer estímulos para o programa. Pode ser uma lista de ações imitativas (bata palmas, pule, mostre a língua); palavras ecóicas (dá, suco, mamãe, não); comandos de uma etapa (toque sua orelha, bata palmas, faça “tchau”); figuras para nomear (irmã, cachorro, carro, Cebolinha). Apesar de não haver regras para estabelecer quanto ensinar de cada categoria, geralmente quanto mais iniciante for o aprendiz, menos habilidades devem ser trabalhadas ao mesmo tempo. Provavelmente será bom começar com aproximadamente 3 a 5 habilidades por tarefa. Na Folha de Registro de SD você irá ver: • Espaço para o nome da tarefa. • A categoria no ABLLS (se você estiver usando-o; do contrário, ignore) escrita com uma letra e número – por exemplo, C14. • O SD, que lhe dará algumas idéias do que dizer quando apresentar a tarefa. • R – a Resposta - usada para indicar qual a forma da resposta aceitável. Por exemplo, em um programa de imitação verbal, pode ser importante observar que o melhor esforço ecóico da criança para “bolacha” é “ACHA”. Observar a pronúncia usual da criança será útil para determinar o escore considerado correto para ela. Isto é especialmente importante se você tem mais de uma pessoa trabalhando com ela. • A data de início e a data de domínio da habilidade. • Os estímulos (as palavras exatas, ações e figuras que você irá usar). • Os boxes para anotar a data em que a sondagem foi realizada. • Os boxes para circular “Sim” (S) ou “Não” (N) ao fazer uma sondagem dos dados, indicando se a criança foi capaz de realizar a tarefa sem dica (S), ou se precisou de dica (N). • Adicionalmente, você poderá querer anotar quaisquer instruções ou métodos especiais na folha de SD, tais como “continuar o videoclipe sem rebobinar” ou “esconda os objetos dentro de recipientes antes da sessão”. • Folha de Dados para Mandos – use-a com o Currículo do ABLLS para contagem de mandos. Data Inicial (s) Total por dia Hora Nº Horas Média/horas
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