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Guias e Dicas
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Cavernas do Brasil, Notas de estudo de Geologia

Reportagem da revista "Ciencia Hoje" vol. 40 Março 2007

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 09/04/2009

fabio-cruz-12
fabio-cruz-12 🇧🇷

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Baixe Cavernas do Brasil e outras Notas de estudo em PDF para Geologia, somente na Docsity! ais do Brasil EI LDA a(o Ta aos e BraSil'entra na corrida da * produção racional de fármacos FILOSOFIA POLÍTICA im busca da tradição republicana e do humanismo cívico El AMAZÔNIA “Como assegurar a soberania e o desenvolvimento sustentável? 4 Mistérios geológicos em [Et subterrâneas ESPELEOLOGIA Figura 5. Salão nagruta lapa Doce, com piso coberto por sedimentos arenosos de antigo rio subterrâneo, em Iraquara (BA) Figura6. Esqueleto de preguiça- gigante retirado da Gruta Azul, emlraquara (BA) Nos casos em que as cavernas recebem detritos vindos da superfície, restos orgânicos também po- dem ser transportados e depositados em seu interior juntamente com os sedimentos clásticos. Em algumas situações, esse ambiente subterrâneo é favorável à fossilização desses restos orgânicos, recebidos às vezes por dezenas a centenas de milhares de anos, compondo um registro do passado naquele local. Um exemplo desse processo é a Gruta Azul, localizada na chapada Diamantina, na região central da Bahia, onde mergulhadores descobriram um esqueleto com- pleto de preguiça-gigante (figura 6). O animal caiu por uma abertura no teto dessa caverna e seu esque- leto ficou preservado no fundo do lago por milhares de anos, até ser retirado recentemente por paleon- tólogos [ver 'O passado submerso”, em CH nº 218) No Brasil, grande parte do conhecimento atual sobre os animais extintos nos últimos 2 milhões de anos vem do estudo de fósseis preservados em cavernas, como no caso das preguiças-gigantes (ver 'Preguiças terrícolas, is desconhecidas”, em CH nº 161). E: ses estudos foram iniciados pelo dinamarquês Pet Wilhelm Lund (1801-1880), conhecido como o “pai da paleontologia brasileira, na primeira metade do século 19, em Lagoa Santa e Curvelo (Minas Gerais), e pelo alemão Ricardo Krone (1861-1918), no final desse mesmo século, em Iporanga e Eldorado, no vale da Ribeira (São Paulo) Já os sedimentos químicos compõem os 'espeleo- temas', nome dado a todas as formações geradas por precipitação — com a ajuda da água — de minerais no ambiente das cavernas (figura 7). A água que penetra no interior dos maciços rochosos, através de pequenas fissuras e poros, é enriquecida com minerais dissolvidos. Quando a água atinge o espaço vazio das cavernas, esses materiais podem sofrer precipitação no teto, nas paredes e no chão, gerando estruturas variadas e de grande efeito visual. Apesar da enorme variedade de formas dos espeleotemas, a grande maioria destes é composta por apenas três minerais: calcita e aragonita (ambos têm a fórmula CaCO,, mas o arranjo dos cristais é diferente), e gipsita (mineral de fórmula CaSO,.2H,0). Figura 7. Esquema de perfil cárstico, mostrando como se formam os diferentes tipos de espeleotemas Essa variedade é atribuída principalmente à quantidade e às características de fluxo das águas ricas em minerais dissolvidos que produzem goteja- mentos no ambiente das cavernas. Se o volume da infiltração de água é suficiente para alimentar um gotejamento no teto das cavernas, anéis superpostos de caleita ou aragonita constroem estalactites do tipo 'canudo” (figura 8A), enquanto as gotas que caem no piso geram uma superposição de finas camadas desses minerais, formando estalagmites (figura 8). Se esse mesmo gotejamento aumenta sua vazão, se torna muito rápido ou até forma um filete contínuo de água e, desse modo, origina estalagmites esparra- madas, com grande diâmetro comparado à suá altura, ou apenas gera crostas de calcita que recobrem irre- gularidades do piso, podendo dar origem às “repre- sas” de travertino (barreiras de calcário que armaze- nam água, com diversos tamanhos). Por outro lado, o lento brotamento de minúsculas gotinhas a partir de poros ou fissuras da rocha ou sobre espeleote- mas previamente formados origina estruturas excên- tricas denominadas helictites (figura 8€, Como o gotejamento em cavernas é alimentado pela água da chuva que se infiltra na rocha, é pos- sível relacionar o volume desse gotejamento com a quantidade de chuvas na superfício. Assim, em épocas de seca pode ocorrer a sua paralisação e, em consegiiência, a do crescimento de espeleotomas. Por outro lado, um maior volume de chuvas faz crescer a vazão em forma de gotas, o que pode aumentar Foto DE FRANS Mu Om cm Co, na atmosfera -0,04% 2 É Co, No solo - 21% Edo eo feio foro Re ate dei ao E al Edo E Tipos de espeleotemas 1- Estalapmite 5- Cortina com estalartite 2-Estolagmitetipovela 6-Coluna 3, Estalactite tipo canudo &- Estalactie 7: Excêntricos (hielictites) B Represas de travertino com. cristais de calcita subaquática a velocidade de formação de uma estalagmite. Em função dessa relação, e ainda de outras propriedades dos espeleotemas, que dependem do ambiente na superfície, algumas dessas surpreendentes forma- ções representam registros continuas das variações Ê Figura 8. (A) Estalactite do tipo canudo, com raro comprimento, encontrada da caverna Santana (galeria Takeopa), em Iporanga (SP); (B) estalagmite encontrada no abismo Anhumas, em Bonito (MS); e (C) estalactite com formações secundárias do tipo helictite (com formato excêntrico), composta de aragonita, na caverna São Mateus, em São Domingos (GO) Figura 9. Mapa da distribuição de cavernas erochas carbonáticas no Brasil, de acordo com os dados do Cecav/lbama m Rochas carbonáticas ORRER DME DO CERA SINCE 2 io é ONÇANES LH: MRS etc Sa Us sã ee GRI. BND NC RMAÇãS GEOGRÁEAS Sa E Mas ALLA 1 sen e UA, TEM, O. climáticas ocorridas na área da caverna ao longo de milhares ou dezenas de milhares de anos Importantes informações sobre a história climáli ca do sul-sudeste brasileiro, indicando v temperatura, vegetação c da quantidade de chuvas ao longo dos últimos 110 mil anos, foram obtidas à partir do estudo de estalagmitos de calcita das cavernas Botuverá (em Botuverá, SC) e Santana (em, Iporanga, SP). As pesquisas paleoclimáticas baseiam- se na determinação precisa da idade das rochas (pelo método urânio-tório), no cálculo da velocidade de scimento do espeleotema e na análise dos isóto- pos de oxigênio e carbono presentes na calcita ao longo do eixo de crescimento das estalagmites. Uma estalagmite da caverna Santana revelou uma taxa de crescimento entre 0,006 e 0,037 mm por ano (ou 0,6 a 3,7 cm em mil anos) nos últimos 115 mil anos, enquanto outra estalagmite, da caverna Botuverá, mostrou crescimento mais lento, com taxas entre 0,002 e 0,014 mm por ano (ou 0,2 a 1,4 cm em mil anos), durante os últimos 110 mil anos. As maiores taxas de crescimento foram relacioni das a períodos mais quentes é úmidos, em relação a fases mais frias e mais secas, onde o crescimento dimino nor quantidade de CaCO, em cre: devido à m solução. Em contraste com essas estalagmites de cre: cimento lento, o estudo de espeleotemas nas ca nas de São Domingos (GO), mostrou que estalagmites formadas por aragonita rapidamente, com taxas que atingem até 0,6 mm por ano (60 cm em mil anos). É bom frisar que a coleta de espelcotemas em cavernas só pode ser feita para fins científicos, com prévia autorização do Ibama. O estudo do palcoclima dos úllimos milhares de anos é uma ferramenta muito importante para a com- preensão das mudanças climáticas globais atuais. est né Cavernas no Brasil As principais rochas onde essas formações geológi- cas ocorrem no Brasil são as carbonáticas, que, em- bora se distribuam por em torno de 2,89% do territó- rio nacional, abrigam 85% das cavernas conhecidas no país, seguidas pelas siliciclásticas, com A% do total, de acordo com o cadastro da Sociedade Brasi- leira de Espeleologia (SBE). As cavernas existentes em outros lips de rochas são menos comuns e com dimensões reduzidas. Embora a área de ocorrência de rochas carbonáti- cas no Brasil soja percentualmente pequena, isso re- presenta uma grande extensão em valores absolutos (cerca de 238 mil kn?) As cavernas se distribuem de modo irregular nessa área (figura 9), o que mostra a descontinuidade dos processos cársticos ao longo dessas rochas. A presença de agrupamentos maiores de cavernas, em algumas regiões, indica que as con- dições locais são mais favoráveis ao desenvolvimento do carste e de sistemas de drenagem subtei O critério fundamental para identificar áreas mais propi- cias à formação de carste e cavernas é a associação entre tipo de rocha, relevo e clima favoráveis aos processos de dissolução. Além de solúvel, a rocha deve permitir o fluxo de água sublerrânea concen- trado em fraturas e planos de estratificação, o relevo precisa apresentar desníveis entre os pontos de entrada e saída da água subterrânea e o clima re- quer pluviosidade suficiente para recarregar as li fluxo da água subterrânea na rocha carbonática. as de Figura 10. Salão principal da gruta Lago Azul, em Bonito (MS)
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