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Espaço ficcional e ambientação em Ponte do Galo, romance de Dalcídio Jurandir, Notas de estudo de Literatura

Este artigo tem como objetivo fundamental realizar, por intermédio de uma análise intrínseca do romance Ponte do Galo, de Dalcídio Jurandir, um estudo das tipologias do espaço romanesco e da ambientação, evidenciando a relevância dessa categoria, por conta da relação com outras que constroem a ficção romanesca (ação, enredo, narrador, personagem, tempo). Nessa perspectiva, elegemos como ponto de alta relevância a correlação funcional personagens-espaços, em uma leitura que dê relevo ao viés soci

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 29/07/2009

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alcir.rodrigues.351 🇧🇷

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Baixe Espaço ficcional e ambientação em Ponte do Galo, romance de Dalcídio Jurandir e outras Notas de estudo em PDF para Literatura, somente na Docsity! Espaço ficcional e ambientação em Ponte do Galo, romance de Dalcídio Jurandir Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues1 (UFPA) RESUMO Este artigo tem como objetivo fundamental realizar, por intermédio de uma análise intrínseca do romance Ponte do Galo, de Dalcídio Jurandir, um estudo das tipologias do espaço romanesco e da ambientação, evidenciando a relevância dessa categoria, por conta da relação com outras que constroem a ficção romanesca (ação, enredo, narrador, personagem, tempo). Nessa perspectiva, elegemos como ponto de alta relevância a correlação funcional personagens-espaços, em uma leitura que dê relevo ao viés social e existencial sobrevindo dessa correlação de categorias. E se a leitura da obra de Jurandir é rarefeita, a categoria espacial ainda não recebeu a devida atenção dos Estudos Literários, o que constitui uma lacuna. Em vista disso – partindo de nosso livro-corpus, sétimo (de um total de dez) do Ciclo do Extremo-Norte –, tencionamos contribuir para o aprofundamento de estudo e detalhamento do espaço e da ambientação, sua caracterização, funcionalidade e efeitos de sentido gerados por figuras de linguagem de natureza espacial, especialmente antíteses e oxímoros. Assim, pretendemos coadjuvar no preenchimento de tal lacuna. Para isso, consideramos fundamental a ferramenta teórica da Narratologia, mantendo diálogos com a Semiótica da Escola de Tartu. Palavras-chave: espaço, ambientação, Ponte do Galo, Dalcídio Jurandir, Ciclo do Extremo-Norte. ABSTRACT This article has as fundamental objective to realize, intermediately of an intrinsic analysis of the novel Ponte do Galo, by Dalcídio Jurandir, a study of the typologies of the romanesque space and the Ambientation, evidencing the relevance of this category, because of the relation with others that construct the Romanesque fiction (action, plot, narrator, character, time). In this perspective, we elect as point of high relevance the functional correlation characters-space, in a reading that gives relieve to the social and existential relief befalling of this categories correlation. And if the reading of the Jurandir’s work is rarefied, the spatial category still did not receive the due attention of the Literary Studies, what constitute a lacuna. That is why – starting of our book-corpus, the seventh (of a total of ten) of the Ciclo do Extremo-Norte – we intend to contribute to a study more profound and with more particularities about space and ambientation, their characterization, functionality and signification effects which engendered for language figures of nature spatial, specially antithesis and oxymorons. So, we intend to support in the fulfillment of such lacuna. With this purpose, we consider fundamental the use of the theoretical tool of the Narratology, maintaining dialogs with the Tartu’s Semiotic School. 1 Alcir RODRIGUES, Mestrando. (Programa de Pós-Graduação em Letras do Centro de Letras e Comunicação/ UFPA/Belém) ay21a@yahoo.com.br Key words: space, ambientation, Ponte do Galo, Dalcidio Jurandir, Ciclo do Extremo-Norte. Introdução Ressaltamos o fato de que este artigo constitui, ainda, um ponto aonde chegamos até agora no desenvolvimento de nossa pesquisa. Pode ser nomeada, portanto, de pesquisa in progress, visto que nossa dissertação de mestrado (da qual este estudo compõe parte substancial) somente será defendida no primeiro semestre de 2009, como está previsto. Logo, as E 8 3 A E 8 3 Aconclusões a que chegamos não podem e não devem ser consideradas definitivas. Embora constituindo um estudo em andamento, a pesquisa revelou, entre outros achados, a espantosa polissemia e amplitude de sentidos do vocábulo espaço. “Para o confirmar, basta verificar, num bom dicionário, as suas múltiplas acepções nos âmbitos mais diversificados: da filosofia à física, da geometria à literatura” (GORDO, António, 1995, p. 19). Nossa análise, sendo intrínseca à obra, não está centrada nesse aspecto: enfoca tão-somente um dos componentes estruturais da narrativa literária que, aliando-se à ação, enredo, narrador, personagem e tempo, engendram o universo da ficção romanesca. Pretendemos, a partir do estudo do livro-corpus Ponte do Galo, erigir uma ponte que ligue a problemática da escassez de trabalhos acadêmicos sobre a categoria do espaço na narrativa de ficção à outra problemática, que é a leitura rarefeita das obras do grande romancista da Amazônia, Dalcídio Jurandir. Com isso, almejamos promover a aproximação/interligação dessas duas complexas margens e, igualmente, contribuir, modestamente que seja, para tentar apontar outra (sobretudo para o autor deste trabalho), onde uma senda, um caminho mais auspicioso, permita palmilhar tal terreno com menos insegurança. Dalcídio Jurandir nasceu em Ponta de Pedras, em 1909. Em 1910, a família já estava em Cachoeira do Arari 2, onde o futuro romancista viveria até 1922, quando partiu para Belém, com o intuito de dar continuidade aos estudos, que acabam por ficar incompletos. O escritor e jornalista, a partir daí, seria um autodidata. Viajou mais tarde para o Rio, precariamente, mas lá não pôde se fixar, retornando a Belém. Foi preso por convicções políticas, na década de trinta, pois era comunista convicto. Foi laureado com importantes prêmios de literatura, como o Vecchi-Dom Casmurro, o Paula Brito, O Luísa Cláudio de Sousa, o Machado de Assis (da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra), entre outros. Publicou onze romances, dez deles compondo o Ciclo do Extremo-Norte, que são Chove nos campos de 2 Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari são hoje municípios, localizados na Ilha de Marajó, no Pará. comentado por Dimas (op. citat., p. 13). Interessam-nos, também, os espaços físicos, sociais e psicológicos a que se referem Gordo e Carlos Reis e Ana Cristina Lopes 6, assim como suas relações funcionais com os personagens, discutidas por Cândida Vilares Gancho (2002, p. 24-25), além de tornar evidentes temas e figuras espaciais representados por pares opostos dialéticos com “marcado caráter espacial” (antíteses e oxímoros), como alto/baixo, próximo/ distante, cidade/interior, centro/periferia, por exemplo 7. Nas narrativas romanescas, no que diz respeito aos espaços físicos– aqueles destinados “[...] à movimentação das personagens e ao desenrolar das acções e constituído por cenários geográficos, interiores, objectos, etc. [...]”, (GORDO, 1995, p. 27) –, grande destaque é dado à existência de macro e microespaços, que mais adiante serão analisados, em um esforço de microscopia espacial de Ponte do Galo. Segundo o estudioso Ozíris Borges Filho (2007, p. 46), macroespaços são “[...] esses espaços maiores, polarizados em regiões ou países [...]”; são, por conseguinte, segmentações em que os extensos espaços são divididos, do ponto de vista físico, logicamente. Dentro de cada macroespaço certamente avultam espaços menores, muitas vezes nichos da existência dos personagens (centrais ou não), os quais são nomeados de microespaços. Em Ponte do Galo, os macroespaços são Cachoeira – torrão natal de Alfredo (personagem central do romance), onde este passa as férias escolares, no chalé de seus pais − e Belém, a metrópole onde vai dar continuidade a seus estudos. Entre tantos microespaços, relevo maior é dado pelo narrador ao chalé dos pais, em Cachoeira, e à casa no bairro do Telégrafo, em Belém, onde Alfredo mora com a costureira dona Dudu. A baía, o grande rio que separa a capital do Pará de Cachoeira, no arquipélago do Marajó, pode ser considerada uma fronteira, idéia também desenvolvida por Ozíris Borges (op. cit., p 101-102), cuja origem está na obra A estrutura do texto artístico: A fronteira divide todo o espaço do texto em dois subespaços, que não se tornam a dividir mutuamente. A sua propriedade fundamental é a impenetrabilidade. O modo como o texto é dividido pela sua fronteira constitui uma das suas características essenciais [...] a fronteira que divide um espaço em duas partes deve ser impenetrável e a estrutura de cada subespaço, diferente (LOTMAN, Iuri, 1978, p 372). 6 REIS, C. & LOPES, Ana Cristina M. (1987, p. 130). Cf. também em Gordo (1995, p. 27 e 52-57). 7 Cf. em AYBAR-RAMÍREZ, María-Dolores. A espacialidade do texto artístico: Iuri Mijailovich Lotman na fronteira textual. In: Montagem, p 11. A fronteira não faz parte de nenhum macroespaço, tendo em vista que pertence aos dois e a nenhum, ao mesmo tempo. Ela separa e une espaços, pólos que se caracterizam por valores axiológicos do tipo ‘bom-mau’, ‘aberto-fechado’, ‘meio urbano-meio rural’, etc. É possível somente a alguns personagens romper a barreira da fronteira e vivenciar experiências nesses dois espaços opostos, que no decorrer da narrativa podem transmudar seus valores, em relação ao que por eles sente o personagem, ou mesmo o leitor. Acerca de tudo isso sobre o qual discorremos nos últimos parágrafos– os macro e microespaços, a fronteira, valores axiológicos–, podemos encontrar uma rica exemplificação. Em Aparição (1959), romance do português Vergílio Ferreira, Alberto (personagem central) nasce e vive sua infância em uma vila e, mais tarde, já na idade adulta, estabelece-se como professor na cidade de Évora. Assim como Alfredo em Ponte do Galo, Alberto divide seu itinerário de vida entre dois grandes espaços, rompendo a fronteira, portanto. Situação semelhante ocorre com o personagem principal de O deserto dos tártaros (1940), romance de autoria do italiano Dino Buzzati. Aqui, o tenente Giovanni Drogo sai da cidade para ir viver sua vida de militar em um forte no deserto, fronteira natural que separa seu país dos inimigos dele, os tártaros. E Giovanni acaba por esperar quase a vida toda pela guerra a ser travada com os tártaros. Também ocorre com Oribela (personagem central de Desmundo (1996), romance de Ana Miranda) ter de cruzar a fronteira e deixar Portugal, juntamente com outras jovens órfãs, também como Oribela, para casar com um colono, em um Brasil de 1570. Aqui a fronteira rompida seria o próprio Oceano Atlântico. Logicamente, há narrativas em que não há uma fronteira, sem a presença, portanto, dos macroespaços em oposição. Por exemplo, no caso do conto “Amor”, do livro Laços de família (1960), da brasileira Clarice Lispector, há a cidade onde Ana vive (o macroespaço) e os microespaços, que são seus nichos cotidianos de existência: o apartamento, o bonde, o jardim botânico, todos estes lugares carregados de axiologias a eles atribuídos pelo narrador e pela protagonista. O microespaço pode ganhar sentido de amplificação e ele próprio se subdividir e gerar uma fronteira. É o que acontece em Ensaio sobre a cegueira (1995), do português José Saramago, quando os cegos e contaminados pelo “mal branco” são levados para um manicômio, onde a maior parte das ações se desenrolarão entre as duas camaratas, uma à esquerda, outra à direita do corredor que servirá, nesta narrativa, de fronteira espacial. Veremos, quando da análise de Ponte do Galo , que outras reentrâncias no estudo da espacialidade permitirão operar com conceitos como de homologia e heterologia, topofilia e topofobia, monotopia, bitopia e heterotopia, entre outros mais que certamente surgirão no decorrer de nossa análise ainda a ser realizada. 1.2 Ambientação segundo Osman Lins Osman Lins, no livro Espaço romanesco de Lima Barreto, de 1978, resultado de sua tese de doutoramento, sistematiza uma sólida tipologia para a ambientação, que nos parece ter funcionalidade ainda válida atualmente, em uma ótica narratológica. Este autor afirma que ambientação consiste em um conjunto de procedimentos empregados no texto narrativo com o fim de evocar a idéia de um ambiente. Diz ainda que, para aferir o espaço, o leitor leva em consideração a experiência de mundo. Entretanto, com respeito à ambientação, “[...] onde aparecem os recursos expressivos do autor, impõe-se um certo conhecimento da arte narrativa” (1978, p.77). E, segundo esse mesmo autor (apud DIMAS, p. 19-26), a ambientação pode ser franca, reflexa e dissimulada ou oblíqua, de cujos conceitos e exemplos passamos a discorrer agora. Por franca entende-se aquela em que o narrador introduz, pura e simplesmente, a descrição física do ambiente, estabelecendo um hiato no desenrolar da ação. Neste caso, a ambientação não contribui para a compreensão da trama, ou do estado de espírito da personagem. Funciona, tão-somente, como uma moldura, um pano de fundo dos acontecimentos. O leitor poderia pular este trecho, e em nada seria prejudicada a compreensão do enredo” (Atlas das representações literárias de regiões brasileiras, 2006, p. 23). Um exemplo característico desse tipo de ambientação pode ser encontrado nas primeiras linhas de Três casas e um rio: Situada num teso entre os campos e o rio, a vila de Cachoeira, na ilha de Marajó, vivia de primitiva criação de gado e da pesca, alguma roça, roçadinhos aqui e ali, porcos magros no manival miúdo e cobras no oco dos paus sabrecados. O rio, estreito e raso no verão, transbordando nas grandes chuvas, levava canoas cheias de peixe no gelo e barcos de gado que as lanchas rebocavam até a foz ou em plena baía marajoara. Na parte mais baixa da vila, uma rua beirando o rio, morava num chalé de quatro janelas o major da Guarda Nacional, Alberto Coimbra, secretário da Intendência Municipal de Cachoeira, adjunto do promotor público da Comarca e conselheiro de ensino (JURANDIR, 1994, p 5). 2. 1 Ponte do Galo e seu espaço na obra de Dalcídio Jurandir A história do romance Ponte do Galo se passa no início da década de 1920 e divide-se em duas partes, às quais o autor não deu título. Na primeira (que vai da página 03 à 120), o personagem central Alfredo regressou de seus estudos na capital, Belém. Ele tem nesse momento 17 anos, já é um ginasiano da segunda série 8 e retornou para Cachoeira com o intuito de passar as férias no chalé dos pais, o Major Alberto Coimbra, e dona Amélia, esta que se empenhou como pôde em realizar o sonho do filho de ir estudar na cidade grande. Na pequena Vila onde nascera, Alfredo passa o tempo revendo personagens familiares, como o tio Sebastião, irmão de dona Amélia, e outros da redondeza, como o Salu da venda, Dadá, Rodolfo e Didico (irmãos de Lucíola, a solteirona suicida que queria criar Alfredo como seu filho) e a prostituta Sabá Manjerona, entre outros conhecidos do personagem. Todavia, acima de tudo, o ginasiano permanecia mesmo era dentro de um recinto do chalé, a saleta, nicho que tomaria para si nesse período, com toda a nostalgia de ter sido espaço de predileção de seu irmão, Eutanázio, morto após quarenta dias de agonia. Era esse também o espaço preferido de seu pai, onde ficavam seus catálogos e livros, além da tipografia. A segunda parte do romance (da página 121 à 175) situa Alfredo já de volta aos estudos em Belém, cidade antes de encanto para o menino, que aos poucos se transformou, aos olhos do adolescente, em desencanto. Então sua ‘musa’ deixou de ser uma cidade de sonho (como lhe pintaram Belém em Chove nos campos de Cachoeira 9), para se tornar uma cidade de periferia, noturna, feia, cidade pós-lemismo 10, decadente e labiríntica para um Teseu que não encontra sua Ariadne, muito menos o fio a lhe guiar na sua busca por Luciana (CHAVES, Ernani, 2006, p. 40). Dona Santa, sua filha dona Dudu, suas netas órfãs Ana, Nini e a sobrinha ausente sempre presente Luciana povoam as páginas do romance e é pela mente do narrador e de Alfredo que passamos a entrar em sintonia com os anseios, não só delas, mas de todos que nas páginas e linhas do livro têm seu percurso desenhado, marcado pela busca de dias melhores. Pontos altos são os encontros e conversas marcantes de Alfredo com inúmeros personagens em Cachoeira (com o Salu da venda, a prostituta Sabá Manjerona e a mocinha 8 Corresponde hoje à 6ª. Série do Ensino Fundamental. 9 Cf. em JURANDIR, 1997, p. 86. 10 Antônio José de Lemos (1843-1913), que foi intendente municipal (hoje prefeito) de Belém, de 1897 a 1911, modernizou esta cidade, embelezando-a aos moldes franceses, durante o período áureo do Ciclo da Borracha, em plena Belle Époque paraense. dos maracujás, o tio Sebastião e tantos outros) e também nas noites do subúrbio belenense (com a dona Brasiliana, a Zuzu, a Esméia, o Cel. Braulino Boaventura, pai de Luciana, por exemplo), no perambular sem fim do ginasiano pelas ruas, principalmente do Telégrafo, ali pelas proximidades da Ponte do Galo. É possível a errônea inferência de que o tratamento dado ao espaço de Cachoeira seja mais enfático que o dado ao de Belém, em face da disparidade de quantidade de páginas a mais dedicadas à primeira parte do livro, que é de 117 páginas, em oposição às 54 da segunda. Mas a transfusão dos espaços (sobre o que adiante nos debruçaremos com profundidade) anula essa impressão e o espaço belenense avulta em importância no romance. Embora constitua o sétimo livro do Extremo-Norte, Ponte do Galo, no nosso entender, pode ser lido isoladamente, por compor um todo íntegro em seu universo ficcional. No entanto, sendo assim parte de vasta obra cíclica, sua leitura pode e – mais que isso – deve ser feita no contexto do ciclo do qual o livro faz parte, com isso ganhando o leitor um redimensionamento de compreensão que leva a um enriquecimento mesmo do processo de recepção da obra do romancista marajoara, o que pode levá-lo a considerar esse romance como um rio afluente, cujo curso deságua em um rio maior, que é o conjunto das dez obras. Assim, as águas que passam por Ponte do Galo (tomando-as aqui como uma figuração da passagem do tempo) certamente já passaram por sob outras pontes e trapiches nos seis romances que o precedem e continuam passando pelos outros três que o sucedem. Desse modo, é imprescindível situar nosso livro- corpus no âmbito do ciclo criado por Dalcídio Jurandir, cuja elaboração permite uma divisão em três núcleos, a partir do percurso narrativo do personagem Alfredo, que é o que fez Marlí Tereza Furtado em sua tese Universo derruído e corrosão do herói em Dalcídio Jurandir (2002, p. 14-17). A autora nomeia o primeiro de núcleo marajoara, integrado pelos romances Chove nos campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947) e Três casas e um rio (1958), tríade inicial do Extremo-Norte, caracterizada espacialmente por sua ambientação no cenário do arquipélago de Marajó, com especial destaque a Cachoeira do Arari, onde se ergueu o chalé da família de Alfredo, cujo pai exerce para a Intendência Municipal o cargo de secretário-tesoureiro. É no romance-embrião Chove nos campos de Cachoeira, como assim se referiu a ele o próprio autor, que nascia no menino que brincava com o caroço de tucumã a idéia fixa de ir estudar em Belém, um lugar que lhe foi pintado coloridamente por outros personagens como uma utopia a se realizar em seu futuro. Já em Marajó, o sonho desse personagem fica em suspenso, visto que nessa narrativa Alfredo não figura como personagem. Aqui é Missunga, filho do Coronel Coutinho, descendentes ambos de antigos latifundários estabelecidos nas redondezas de Ponta de Pedras, que tem sua trajetória ficcional traçada, da juventude até a idade adulta, quando já passa a responder de fato pelo nome dos mandatários locais (seu nome é Manoel Coutinho), verdadeiros tuxauas políticos que são. O macroespaço dos cenários marajoaras domina a ambientação nesse que é o segundo romance do Extremo-Norte, e também o segundo do núcleo marajoara, ainda segundo Marlí Furtado. O primeiro núcleo do ciclo finda com Três casas e um rio, cujo enredo delineia-se como um complemento e uma intensificação da trama narrativa do primeiro romance, emergindo de novo como personagem central um Alfredo mais obsessivo ainda com a idéia- sonho de estudar na capital, lugar que começa a sair do plano do devaneio e passa a se concretizar como cenário real para o personagem no último capítulo desse romance, quando dona Amélia o leva de barco para a cidade. O plano narrativo deixa bem patente que o menino não só foge da escolarização precária, mas também da alta taxa de mortalidade no arquipélago de Marajó, que tanto ceifa a vida de adultos quanto a de crianças. Os romances Belém do Grão-Pará (1960), Passagem dos Inocentes (1963), Primeira manhã (1968), Ponte do Galo (1971), Os habitantes e Chão dos Lobos (ambos de 1976), totalizando seis (do quarto ao nono do ciclo) compõem o núcleo belenense, nas palavras da estudiosa já mencionada. O primeiro deles é marcado pelo entusiasmo do primeiro contato do menino Alfredo com sua cidade sonhada, a tentativa de reconhecimento, agora no plano do concreto, de uma viagem há muito já feita, no plano do pensamento. O cenário dominante é o espaço de Belém, como o será nos cinco romances subseqüentes desse núcleo, com algumas passagens de cenários do Marajó, como por exemplo, em Passagem dos Inocentes, o capítulo “Noite em Santana”, episódio em que, no calor de uma festa nesse sítio – na embocadura do rio Arari –, Dolorosa inicia Alfredo na vida sexual; outro exemplo diz respeito às férias de Alfredo no chalé dos pais em Cachoeira, na primeira parte de Ponte do Galo. Para a autora da tese Universo derruído e corrosão do herói em Dalcídio Jurandir, os quatro últimos romances desse núcleo formam um todo, imbricados que estão entre si de maneira patente, tanto no início como no fim de cada um deles. Também o adolescer de Alfredo marca a trama de todos eles, até chegar-se ao Ribanceira, do qual se tratará linhas adiante. âmbito desses dois espaços amplos, destacam-se os microespaços. Por exemplo, em Cachoeira − o espaço do interior −, o chalé da família de Alfredo (personagem central do romance), onde moram os pais do ginasiano, dona Amélia e o Major Alberto, onde com eles o filho passa as férias. E na cidade − no locus urbano −, no bairro do Telégrafo, a outra casa onde o estudante reside (de favor) durante o período das aulas, com a costureira dona Dudu, prima das meninas Ana e Nini, filhas órfãs de Orminda, que também como Dudu é filha de dona Santa. Luciana, a que “caíra na vida”, a que vive na rua, a desabençoada (para quem o pai, o Cel. Braulino Boaventura – irmão de dona Santa – construíra a casa), lá também deveria morar. À procura das três, Alfredo, como um flâneur, perambula pela cidade, muitas vezes com a parteira, dona Santa, que personifica a figura da avó extremamente zelosa para com as netas. Tanto em Cachoeira como em Belém, é ele um notívago. Contudo, é no subúrbio da cidade que sua deriva sem meta nem fim, por excelência, se evidenciará, como alerta Ernani Chaves 15. Enfocaremos aqui um aspecto que consideramos fulcral no romance: a transfusão de espaços. O narrador − manipulador da e, ao mesmo tempo, manipulado pela mente de Alfredo − transfunde os espaços. Entre Cachoeira e Belém, não mais o rio e a baía, à maneira de uma fronteira, separam (e unem, paradoxalmente) os espaços, mas a memória de Alfredo, como ponte, traz e leva os fatos, as pessoas, os lugares, numa viagem que é um jogo, também pondo o leitor em xeque, instigando-o a perguntar, de si para si: “Onde estou?” A passagem abaixo, do romance Ponte do Galo − em que fica evidente a onisciência do narrador heterodiegético, ao revelar a fusão topográfico-memorialística de Alfredo −, é exemplar: Seguiu sob a chuva, não de Belém, chuvas de Cachoeira, as de outrora sobre o chalé, sobre a casa de seu Cristóvão, sobre Eutanázio andando. Também Rodolfo, com a chuva no telhado, redistribui pelas caixas de tipos o “Cachoeira Nova”, por falta de papel e logo vai compondo outro número e assim por diante até que chegue, ou nunca chegue a prometida bobina de papel, tão prometida pelo Dr. Lustosa (JURANDIR, 1971, p. 139). Tudo porque o personagem se sente um dépaysé, tal como diria um Gabriel Marcel (apud GORDO, 1995, 21): “Um indivíduo não é distinto de seu lugar; ele é seu lugar mesmo”. Então, o ginasiano não se ‘ambienta’ na sua Belém, onde sonhava ir para estudar, nem tampouco consegue estar em Cachoeira sem ‘viajar’ em pensamento até a Cidade das Mangueiras. Neste ponto, é bom que se perceba que o filho de dona Amélia não só transfunde espaços, mas tempos também: “Este tempe, em Cachoeira, é apanha de tucumã e gogó“ (op. cit., p. 138). Só que o “este tempe”, ao qual se refere o narrador, está registrado na mente de 15 Cf. em Ponte do Galo: a cidade como labirinto do desejo. In: LEITE, Marcus Vinnicius C., 2006, p. 40. Alfredo como uma estação passada − as tais “chuvas de Cachoeira, as de outrora sobre o chalé” −, como reminiscências, assim como as recorrentes lembranças de sua infância, de Mariinha (sua irmãzinha, já morta), do tio Sebastião, de Andreza e de outros personagens, fundem tempo e espaço, numa perfeita representação do cronotopo. Daí que se deduza a impossibilidade de um estudo do componente espacial de forma isolada do componente temporal, já que o ser ocupa lugar no espaço e é, ele mesmo, espaço. Mas espaço marcado pelo tempo, ser ativo-passivo de ações, de eventos, de mudanças ou transformações que se realizam não em um espaço, mas em um tempo-espaço ou espaço- tempo, como o afirmam os astrofísicos e filósofos. O mesmo, logicamente, estende-se ao campo dos Estudos Literários, com a denominação de cronotopo, estabelecida por Bakhtin 16, que a ótica do estudioso Ítalo Meneghetti Filho 17 vai denominar com o neologismo ‘tempoespacialidade’. Então, disso tudo podemos abstrair a idéia de que só um recorte analítico de natureza didático-metodológica pode permitir uma discussão em separado de um dos elementos desse par. É o que ocorre quando se busca classificar o espaço em topográfico, cronotópico (ambos no nível da diegese) e textual (no nível do discurso) 18. É nessa perspectiva que operamos com esses componentes narrativos na análise de Ponte do Galo. Dentro do âmbito dos macroespaços, na narrativa estudada avultam os microespaços, todos eles impregnados de sentidos de importância fundamental para o funcionamento do universo ficcional de Dalcídio Jurandir, pois estão, todos eles, sobrecarregados da peculiar semântica de decadência atribuída por ele à região amazônica das primeiras décadas do século XX 19, com o fim do Ciclo da Borracha. Porém, deter-se no estudo dos espaços físicos do romance só faz sentido para nós se deles emerge o signo do social e do existencial. Por isso, interessa-nos o exame dos espaços sociais de poder (agrário, econômico, político, de gênero), dos espaços simbólicos das casas (o chalé da família, em Cachoeira, e nele a “saleta”, a “varanda” do prelo, a cozinha e a despensa; a casa do Telégrafo, em Belém, entre outros espaços), os ‘lugares de passagem’, as ruas, a ponte em Cachoeira, a Ponte do Galo, etc. Interessa-nos, essencialmente, o que emana desses espaços em termos de sentimentos humanos e existenciais e como neles se vivenciam as relações sociais. 16 Cf. BAKHTINE, M. Esthétique et théorie du roman. Paris: Gallimard, 1978, p. 237. Apud GORDO (1995, p. 41 e 49). 17 E 8 3 A Do artigo “Por uma epistemologia do espaço ficcional em literatura a Geografia do afeto”. In: Revista Garrafa. Rio de Janeiro: UFRJ, nº. 7 set. dez., 2005. Disponível em: <http://www.ciencialit. letras.ufrj.br/garrafa7/4.html> . Acesso em: 25 mar 2005. 18 Cf. conceitos dessas tipologias em GORDO, 1995, p 28. 19 Cf. a relevante contribuição de FURTADO, Marlí Tereza, em sua tese Espaço derruído e corrosão do herói em Dalcídio Jurandir, constante nas referências bibliográficas. Assim, chama a atenção a apatia do Major Alberto e sua imersão nos catálogos e livros da saleta-tipografia, mais se perdendo do que se encontrando no universo literário de autores estrangeiros que lia e relia para a esposa. O mesmo se dá com esta, que mantém com a despensa, na cozinha, uma relação de mistério que aos poucos Alfredo e o pai desvendam: é lá que ela esconde as garrafas de aguardente. São situações emblemáticas na narrativa. Assim como emblemático é também o sonho desencantado do filho, de melhoria de vida a partir dos estudos na capital, que vai se dissolvendo paulatinamente, tanto na primeira quanto na segunda parte do romance. E o leitor acaba por perceber que o ginasiano mais passava o tempo em seu flanar pelos subúrbios do que estudando na escola, ou na casa do Telégrafo. Dona Santa, dona Dudu, Ana, Nini e Luciana vivem e emanam vida na voz e na mente do narrador e de Alfredo, possibilitadores, os dois, de nosso passeio − como leitores que somos − por uma ponte interligadora entre Cachoeira e Belém, entre o Alfredo-menino e o Alfredo-adolescente, como nesta passagem de Ponte do Galo: Deitou-se no soalho a olhar pelo buraquinho onde, quando guri, ficava com a sua linha conversando com os peixinhos, lá de baixo, tempo de cheia, tempo de Mariinha e Andreza, tempo em que o irmão, rompendo o lamaçal, o seu e o dos caminhos, ia ver Irene. Olhou, e lá estava, embaixo, no seco, o menino pescador. Rapaz e menino se miravam. Dizia o menino: E agora? Nem te ligo nem te conheço. Me traíste em Santana, enterraste o faz de conta, ganhaste a cidade. E aqui estou para sempre, fiel a este chão, aos carocinhos de tucumã espalhados no tanque e no meio dos peixinhos mal as águas chegam. E a tua pesca aí em cima? Que conversação é a tua, aí com o mundo? (JURANDIR, 1971, p. 92). Alfredo, dentro do espaço íntimo da casa (chalé dos pais), está no microespaço que mais lhe é louvável: a saleta, o lugar da tipografia, dos livros, onde na rede atada seu irmão Eutanázio (morto agora) costumava ficar, com o pensamento voltado para sua amada Irene, que tanto o menosprezava. Os elementos espaciais aqui avultam em quantidade e em valor sígnico. O assoalho é o elemento material mediador de dois espaços bipolarizados: o “lá de baixo” e o “aí em cima”. Relação de verticalidade, portanto. Porém, essas antíteses espaciais passam a conotar relações que, fora deste contexto particular, podem soar inimagináveis. Por exemplo, o assoalho (de madeira) é o meio que deveria separar, mas paradoxalmente − à maneira de um oxímoro −, por causa do “buraquinho”, torna-se câmera, olho mágico e (por que não?) a ponte que interliga o do alto, o adolescente em férias, ao do baixo, o menino que brincava com Mariinha e Andreza e com seu carocinho mágico de tucumã. Então, o espaço acaba por se temporalizar, tornando-se como uma revelação do ser e do tempo, um espaço cronotópico onde/quando o lá de baixo – mantém com o espaço de Cachoeira e do chalé dos pais uma relação, a princípio, de topofilia (de encanto) que, com o passar do tempo, transforma-se em relação de topofobia (de desencanto). Tal fato ocorre de modo semelhante com Belém e com a casa onde mora ‘de favor’, no bairro suburbano do Telégrafo. A bitopia vivida por Alfredo tem a funcionalidade de situá-lo como um exilado entre os dois lugares que habita. É um deslocado por não poder fincar raízes no solo da cidade e por não poder se desligar de Cachoeira, nem tampouco ali conseguir continuar vivendo. A bitopia de Alfredo também propicia seu perambular sem propósito pelos lugares distantes do subúrbio de Belém, vivendo uma condição de não-ser e de não-estar no que Silviano Santiago poderia assim chamar de “entre-lugar” 24. No seu percurso literário de menino pobre e sonhador, filho de pai branco e letrado, com mãe negra e iletrada, não se sente nem como ‘um’ nem como ‘outro’, sendo um mestiço, um mulato, passa da infância à adolescência vivendo uma vida de errância, de nomadismo em casas alheias. Em vista dos procedimentos narrativos empregados em Ponte do Galo, postulamos que este romance é corpus mais que apropriado ao estudo proposto, em decorrência da forte presença do componente espacial na criação do ambiente como locus de ação dos personagens dalcidianos. Seria evidente, portanto, a classificação de Ponte do Galo como romance de espaço, muito embora saibamos dos problemas advindos de uma classificação estanque, não permitindo outras ponderações, como a possibilidade de o considerarmos igualmente como romance de personagem 25, numa tipologia engendrada por Wolfgang Kayser e exposta por Vítor Manuel de Aguiar e Silva (1997, p. 685). Muito ainda nos falta para concluir a pesquisa. No entanto, nem tudo são incertezas. Sabemos, por exemplo, que pode parecer ser (mas não o é) coincidência que aqui, neste artigo, queiramos erigir uma ponte entre a ainda rarefeita leitura dos livros de Dalcídio Jurandir e a pouca relevância dada a um componente narrativo sobremaneira valorizado em sua obra Ciclo do Extremo-Norte. Ponte, portanto, a ligar entre si essas duas margens problemáticas e, concomitantemente, proporcionar uma transposição, uma superação possível, um salto qualitativo numa direção mais auspiciosa. Assim, Ponte do Galo nos ajudará na travessia desses espaços ficcionais dalcidianos, que enfocam um locus, por excelência, amazônida (sem o clichê tão desgastante e desgastado do elemento pitoresco), 24 Vide SANTIAGO, Silviano. O entre-lugar do discurso latino-americano. In: ____. Uma literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural. São Paulo: Perspectiva: Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1978, p. 11-28. 25 Entendemos que na tipologia de Edwin Muir (1982, p. 36), Ponte do Galo seria um romance de personagem. proporcionando um estudo analítico que contribua para minimizar (ao menos um pouco) a problemática dupla do silenciamento da palavra do autor marajoara e, ao mesmo tempo, aprofunde e pormenorize o estudo tão menosprezado da espacialidade na ficção narrativa. Referências bibliográficas Atlas das representações literárias de regiões brasileiras / IBGE, Coordenação de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, 2006-. AYBAR-RAMÍREZ, María-Dolores. 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