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Interpretação de Análise de Solo, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

Interpretação de Análise de solo

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 26/08/2009

Vinicius20
Vinicius20 🇧🇷

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Baixe Interpretação de Análise de Solo e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agronômica, somente na Docsity! BOLETIM TÉCNICO N° 2 INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DO SOLO Conceitos e Aplicações Alfredo Scheid Lopes Luiz Roberto Guimarães Guilherme Julho de 1992 ANDA Associação Nacional para Difusão de Adubos São Paulo – SP ________________________________________________________________________ INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DE SOLO Conceitos e Aplicações Lopes, A. S. e Guidolin, J.A Interpretação de Análise de Solo – Conceitos e Aplicações. 3º edição. Comitê de Pesquisa/ Técnico/ ANDA Associação Nacional para Difusão de Adubos – São Paulo, 1989, 64 p. 1. Solo – Análise. 2. Interpretação. 3. ANDA I Título CDU:631.42/64 Conceitos e Aplicações Alfredo Scheid Lopes * Luiz Roberto Guimarães Guilherme ** 1. INTRODUÇÃO No processo de recomendação de corretivos e fertilizantes, é indispensável a utilização dos resultados da análise de solo da maneira mais eficiente possível. Entretanto, nem sempre o técnico que orienta o agricultor, em relação a estas práticas, faz uso de todas as informações que podem ser obtidas a partir do boletim de análise de solo, sub-utilizando, muitas vezes, aspectos fundamentais para a tomada de decisão. Para aumentar a eficiência do trabalho de diagnose de problemas de fertilidade do solo, é necessário que o técnico esteja familiarizado com conceitos básicos sobre o assunto e como estes podem ser utilizados de uma forma mais abrangente. Neste contexto, uma recapitulação sobre colóides e íons do solo, capacidade de troca de cátions (CTC) e de ânions (CTA), inter-relações entre conceitos de acidez e CTC, teores e tipos de argila e matéria orgânica permite trabalhar melhor os resultados de análises de solo na proposição de soluções para os possíveis problemas de fertilidade. Este trabalho escrito de maneira bem simples procura oferecer aos técnicos que prestam orientação a agricultores, em relação à recomendação de corretivos e fertilizantes, uma oportunidade para relembrar estes conceitos básicos e aplicá-los na solução prática de problemas do dia a dia. Para facilitar a fixação dos aspectos práticos destes conceitos, são apresentados vários problemas de fertilidade do solo, sem pretender, entretanto, que as soluções encontradas sejam adequadas para todas as situações. Espera-se que estas informações contribuam para maior eficiência na utilização de corretivos e fertilizantes, tendo como objetivo uma maior produtividade da agricultura brasileira. _____________________ * Eng. Agr., MSc, PhD, Professor Emérito do Depto de Ciência do Solo, UFLA - Lavras, MG e Consultor Técnico da ANDA. ** Eng. Agr., MSc, PhD, Professor Adjunto do Depto de Ciência do Solo, UFLA - Lavras, MG. 2. COLÓIDES E ÍONS DO SOLO À medida que os solos são formados, durante os processos de intemperização, alguns minerais e a matéria orgânica são reduzidos a partículas extremamente pequenas. Alterações químicas diminuem ainda mais estas partículas até o ponto em que elas não podem mais ser vistas a olho nu. Estas partículas de menor tamanho é que são chamadas de “colóides”. Em termos práticos, o tamanho das frações da fase sólida do solo pode ser identificado de acordo com a seguinte classificação (Tabela 1): Tabela 1. Classificação, quanto ao tamanho, dos componentes da fase sólida do solo. Frações Dimensões (mm) Calhaus 20 a 2 Areia grossa 2 a 0,2 Areia fina 0,2 a 0,02 Limo 0,02 a 0,002 Argila < 0,002 ou 2 micra (µ) Os colóides argilosos são frações menores que 0,001 mm ou 1 micra. Os colóides orgânicos constituem-se no húmus, sendo produtos da decomposição da matéria orgânica, transformados biologicamente. Um resumo da classificação dos tipos de colóides é mostrado na Tabela 2. Tabela 2. Classificação dos tipos de colóides. Tipo de colóide Composição Minerais Argilas silicatadas e argilas sesquioxídicas (óxidos, hidróxidos e oxi-hidróxidos de Fe e Al) Orgânicos húmus Os cientistas de solos aprenderam que os colóides minerais (argilas) são, em geral, de estrutura semelhante a placas e de natureza cristalina (formam cristais). Na maioria dos solos, os colóides minerais encontram-se em maior quantidade que os colóides orgânicos. O ponto importante é que os colóides são os principais responsáveis pela atividade química dos solos. O tipo do material de origem e o grau de intemperização do solo determinam os tipos de argila e as suas quantidades. O teor e qualidade do húmus são influenciados pelo tipo de matéria orgânica que o solo possui por natureza ou em decorrência de adições posteriores. Uma vez que os colóides do solo são formados das argilas e da matéria orgânica, sua reatividade global depende do material de origem, grau de intemperização e atividade microbiana, dentre outros fatores. Os colóides (argila ou húmus) apresentam, em geral, um balanço de cargas negativas (-), desenvolvido durante o processo de formação. Isto BOLETIM TÉCNICO N° 2 INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DO SOLO Conceitos e Aplicações Alfredo Scheid Lopes Luiz Roberto Guimarães Guilherme Julho de 1992 ANDA Associação Nacional para Difusão de Adubos São Paulo – SP ________________________________________________________________________ INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DE SOLO Conceitos e Aplicações Lopes, A. S. e Guidolin, J.A Interpretação de Análise de Solo – Conceitos e Aplicações. 3º edição. Comitê de Pesquisa/ Técnico/ ANDA Associação Nacional para Difusão de Adubos – São Paulo, 1989, 64 p. 1. Solo – Análise. 2. Interpretação. 3. ANDA I Título CDU:631.42/64 Conceitos e Aplicações Alfredo Scheid Lopes * Luiz Roberto Guimarães Guilherme ** 1. INTRODUÇÃO No processo de recomendação de corretivos e fertilizantes, é indispensável a utilização dos resultados da análise de solo da maneira mais eficiente possível. Entretanto, nem sempre o técnico que orienta o agricultor, em relação a estas práticas, faz uso de todas as informações que podem ser obtidas a partir do boletim de análise de solo, sub-utilizando, muitas vezes, aspectos fundamentais para a tomada de decisão. Para aumentar a eficiência do trabalho de diagnose de problemas de fertilidade do solo, é necessário que o técnico esteja familiarizado com conceitos básicos sobre o assunto e como estes podem ser utilizados de uma forma mais abrangente. Neste contexto, uma recapitulação sobre colóides e íons do solo, capacidade de troca de cátions (CTC) e de ânions (CTA), inter-relações entre conceitos de acidez e CTC, teores e tipos de argila e matéria orgânica permite trabalhar melhor os resultados de análises de solo na proposição de soluções para os possíveis problemas de fertilidade. Este trabalho escrito de maneira bem simples procura oferecer aos técnicos que prestam orientação a agricultores, em relação à recomendação de corretivos e fertilizantes, uma oportunidade para relembrar estes conceitos básicos e aplicá-los na solução prática de problemas do dia a dia. Para facilitar a fixação dos aspectos práticos destes conceitos, são apresentados vários problemas de fertilidade do solo, sem pretender, entretanto, que as soluções encontradas sejam adequadas para todas as situações. Espera-se que estas informações contribuam para maior eficiência na utilização de corretivos e fertilizantes, tendo como objetivo uma maior produtividade da agricultura brasileira. _____________________ * Eng. Agr., MSc, PhD, Professor Emérito do Depto de Ciência do Solo, UFLA - Lavras, MG e Consultor Técnico da ANDA. ** Eng. Agr., MSc, PhD, Professor Adjunto do Depto de Ciência do Solo, UFLA - Lavras, MG. 2. COLÓIDES E ÍONS DO SOLO À medida que os solos são formados, durante os processos de intemperização, alguns minerais e a matéria orgânica são reduzidos a partículas extremamente pequenas. Alterações químicas diminuem ainda mais estas partículas até o ponto em que elas não podem mais ser vistas a olho nu. Estas partículas de menor tamanho é que são chamadas de “colóides”. Em termos práticos, o tamanho das frações da fase sólida do solo pode ser identificado de acordo com a seguinte classificação (Tabela 1): Tabela 1. Classificação, quanto ao tamanho, dos componentes da fase sólida do solo. Frações Dimensões (mm) Calhaus 20 a 2 Areia grossa 2 a 0,2 Areia fina 0,2 a 0,02 Limo 0,02 a 0,002 Argila < 0,002 ou 2 micra (µ) Os colóides argilosos são frações menores que 0,001 mm ou 1 micra. Os colóides orgânicos constituem-se no húmus, sendo produtos da decomposição da matéria orgânica, transformados biologicamente. Um resumo da classificação dos tipos de colóides é mostrado na Tabela 2. Tabela 2. Classificação dos tipos de colóides. Tipo de colóide Composição Minerais Argilas silicatadas e argilas sesquioxídicas (óxidos, hidróxidos e oxi-hidróxidos de Fe e Al) Orgânicos húmus Os cientistas de solos aprenderam que os colóides minerais (argilas) são, em geral, de estrutura semelhante a placas e de natureza cristalina (formam cristais). Na maioria dos solos, os colóides minerais encontram-se em maior quantidade que os colóides orgânicos. O ponto importante é que os colóides são os principais responsáveis pela atividade química dos solos. O tipo do material de origem e o grau de intemperização do solo determinam os tipos de argila e as suas quantidades. O teor e qualidade do húmus são influenciados pelo tipo de matéria orgânica que o solo possui por natureza ou em decorrência de adições posteriores. Uma vez que os colóides do solo são formados das argilas e da matéria orgânica, sua reatividade global depende do material de origem, grau de intemperização e atividade microbiana, dentre outros fatores. Os colóides (argila ou húmus) apresentam, em geral, um balanço de cargas negativas (-), desenvolvido durante o processo de formação. Isto significa que eles podem atrair e reter íons com cargas positivas (+), da mesma forma que pólos diferentes de um imã são atraídos, ao passo que repelem outros íons de carga negativa, como pólos iguais de um imã se repelem. Em certos casos, os colóides podem, também, desenvolver cargas positivas (+). É comum dividir as cargas negativas dos solos em cargas permanentes e cargas dependentes do pH. Esta divisão é extremamente importante, como será visto no decorrer deste trabalho. As cargas permanentes existem nas estruturas dos minerais e, por esta razão, estão sempre operantes. Já as cargas dependentes do pH são efetivas ou não, dependendo do pH do meio. Um elemento que apresenta uma carga elétrica é chamado de “íon”. Potássio, sódio, hidrogênio, cálcio e magnésio apresentam cargas positivas e são chamados “cátions”. Eles podem ser escritos na forma iônica (Tabela 3). Deve-se notar que alguns cátions possuem mais de uma carga positiva. Tabela 3. Símbolo químico e forma iônica dos principais cátions. Elemento Símbolo químico Forma iônica Potássio K K+ Sódio Na Na+ Hidrogênio H H+ Cálcio Ca Ca2+ Magnésio Mg Mg2+ Alumínio Al Al3+ Os colóides de cargas negativas, os quais predominam na superfície dos solos, atraem os cátions e os retêm de modo semelhante ao imã retendo pequenos pedaços de metal. Este conceito é ilustrado na Figura 1. Esta característica dos colóides explica porque o nitrogênio na forma de nitrato (NO3-) lixivia mais facilmente no solo, do que nitrogênio na forma de amônio (NH4+). O nitrato apresenta uma carga negativa fraca. Assim sendo, é pouco retido no solo, permanecendo como íon livre na água do solo, passível de ser lixiviado através do perfil de certos solos e sob certas condições pluviométricas. Íons de cargas negativas, tais como nitrato (NO3-) e sulfato (SO42-) são chamados “ânions”. A tabela 4 mostra alguns ânions mais comuns. Pode parecer estranho o fato das partículas coloidais do solo apresentarem cargas elétricas negativas (-) predominantemente, e positivas (+). Este é, sem dúvida alguma, um dos fenômenos mais importantes da natureza, somente suplantado pelo da fotossíntese no processo de manutenção da vida na face da terra. As cargas oriundas da dissociação dos radicais orgânicos (carboxílicos, principalmente, e fenólicos, em menor escala), e minerais, principalmente sesquióxidos de ferro e alumínio, são chamadas de cargas dependentes do pH, pois, à medida que se eleva o pH, o seu aparecimento é favorecido. O mesmo pode ocorrer pela desobstrução de cargas da matéria orgânica ocupadas por alumínio, ferro e manganês. É um processo que ocorre em função da calagem adequada dos solos ácidos. Os gráficos apresentados na figura 3 ilustram estes fenômenos: Figura 3. Exemplos de formação de cargas negativas pela elevação do pH, nos radicais carboxílicos (1) e fenólicos (2) da matéria orgânica, nos sesquióxidos (3) e em complexos orgânicos (4). 2.2. Origem das cargas positivas Muitos solos da região tropical apresentam também cargas positivas, muito embora na grande maioria predominem as cargas negativas, como explicado anteriormente. Mesmo em solos que apresentam um teor considerável de cargas elétricas positivas, a presença da matéria orgânica, cuja quase totalidade é formada por cargas negativas e dependem do pH, leva a um balanço final de cargas negativas nas camadas superiores do solo. Isto não elimina a possibilidade de ocorrer em certos solos, nas camadas subsuperficiais, uma predominância de cargas positivas. R C OH O R C O - + H2O (Dissociação) O + OH - Carboxílicos Fenólicos OH O - + H2O (Dissociação) + OH -(1) (2) + 3OH - OH Al Al O OH OH o Elevação do pH o + 3H2O (Dissociação) OH - Al Al O OH - OH - (4) (Desobstrução) o Al + 3OH - R C O O R C O O R C O O + Al(OH)3 R C OH - O R C OH - O R C OH - O (3) As cargas positivas do solo ocorrem pela protonação das hidroxilas (OH) dos óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, em condições de pH extremamente baixo (Figura 4). Figura 4. Formação de cargas positivas pela protonação das hidroxilas (OH) com a diminuição do pH (Fonte: Raij, 1981) 3. CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS (CTC) E CAPACIDADE DE TROCA DE ÂNIONS (CTA) A origem das cargas elétricas do solo, tanto negativas como positivas, foi explicada no tópico anterior. Cabe agora ligar estes aspectos teóricos com a conceituação prática de CTC e CTA e, finalmente, com as implicações na fertilidade do solo. As partículas (colóides) do solo apresentam cargas elétricas negativas e/ou positivas, sendo que as diferenças entre estas cargas induzem à retenção de cátions ou ânions. Este fenômeno, de extrema importância na natureza, é chamado troca ou adsorção iônica, podendo ser catiônica (Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, Na+, NH 4+, etc) ou aniônica (NO3-, PO4-, HPO42-, HCO3-, SO42-, etc). Como nos solos, em geral, predominam as cargas negativas, os estudos envolvendo CTC são muito mais abundantes do que aqueles sobre CTA. 3.1. Capacidade de troca de cátions (CTC) Cátions retidos (adsorvidos) nos colóides do solo podem ser substituídos por outros cátions. Isto, em termos práticos, significa que eles são trocáveis. O cálcio pode ser trocado por hidrogênio e, ou, potássio, ou vice-versa. O número total de cátions trocáveis que um solo pode reter (a quantidade de sua carga negativa) é chamado de sua Capacidade de Troca (adsorção) de Cátions ou CTC. Quanto maior a CTC do solo, maior o número de cátions que este solo pode reter. Portanto, a CTC é uma característica físico-química fundamental ao OH Al Al O OH OH OH2+ Al Al O OH2+ OH2+ 3H+ + Diminuição do pH 1 centimolc Ca2+ = Peso atômico ÷ valência ÷ 100 = 40,08 g ÷ 2 ÷ 100 = 0,2004 g ou 200,4 mg de Ca2+ Portanto, 200 mg de Ca2+ deslocam 10 mg de H+ e 1 cmolc de Ca2+ equivale a 200 mg. Exemplo: Qual é o centimol de carga de potássio, alumínio e magnésio? Potássio = 39,102 ÷ 1 ÷ 100 = 391,02 mg Alumínio = 26,981 ÷ 3 ÷ 100 = 89,94 mg Magnésio = 24,312 ÷ 2 ÷ 100 = 121,56 mg 3.3 Características do fenômeno de troca Algumas características do fenômeno de troca merecem comentários adicionais, face às suas implicações de ordem prática: a) O fenômeno de troca é reversível Isto significa que embora haja um ponto de equilíbrio na reação, um cátion desloca outro e assim sucessivamente. b) O fenômeno de troca é estequiométrico Os cátions se substituem em quantidade equivalentes (por exemplo, 200 mg de Ca2+ por 10 mg de H+, ou 391,02 mg de K+, ou 121,56 mg de Mg2+, ou 89,94 mg de Al3+). Uma solução com 10 centimolc de Ca2+ e que interage com um solo, provocando uma troca, poderá conter, no final, apenas 8 centimolc de Ca2+, mas terá que ter mais 2 centimolc de outros elementos, que estavam adsorvidos ao mesmo. c) O fenômeno de troca é instantâneo Tão logo seja adicionado ao solo o novo cátion, a troca desse novo cátion com cátions já adsorvidos ao solo ocorre instantaneamente. 3.3. Fatores que afetam a CTC A capacidade de troca de cátions reflete o poder de retenção de cátions que o solo tem. Conseqüentemente, os fatores que alteram o poder de retenção de cátions também alteram a CTC. Dentre os fatores, destacam-se os seguintes: a) Espécie e quantidade de argila e matéria orgânica Minerais de argila usualmente apresentam valores de CTC de 10 a 150 centimolc/kg. Já os sesquióxidos de ferro e alumínio, muito comuns na fração argila de um grande número de solos brasileiros, apresentam CTC entre 2 e 5 centimolc/kg. b) Superfície específica A superfície específica nada mais é que a área por unidade de peso sendo expressa em m2/g. Quanto mais subdividido for o material, maior será a sua superfície específica e maior a CTC do solo. c) pH A CTC do solo, além de ser influenciada pela espécie e quantidade de argila e matéria orgânica e pela superfície específica, também é fortemente alterada pelo pH do meio. Este efeito é, principalmente, decorrente da dissociação dos radicais orgânicos e, ou, sesquióxidos de ferro e alumínio, além da desobstrução de cargas da matéria orgânica ocupadas por alumínio, ferro e manganês, conforme explicado anteriormente. A influência do pH do meio na CTC será tanto maior, quanto maiores forem as presenças de espécies de minerais de argila com dominância de cargas dependentes de pH e, ou, matéria orgânica que, praticamente, só apresenta esta característica. A importância destes fatores na CTC justificam um detalhamento maior dos mesmos com o objetivo de ampliar a capacidade de melhor entender a fertilidade dos solos e, conseqüentemente, propor soluções mais adequadas aos problemas nutricionais das plantas. Conhecendo-se melhor a capacidade de troca de cátions de alguns componentes do solo, podem-se fazer inferências valiosas sobre o assunto. Na tabela 5 são apresentados alguns valores de CTC. Tabela 5. Capacidade de troca de cátions de alguns materiais. Fonte: Adaptado de Fassbender, 1980. Material CTC Superfície específica Tamanho (cmolc/kg) (m2/g) (micra) Matéria orgânica humificada 100 - 250 - - Vermiculita 100 - 150 - - Montmorilonita 80 - 120 800 0,01 - 1,0 Ilita 30 - 50 100 0,1 - 2,0 Clorita 10 - 40 - - Glauconita 5 - 40 - - Haloisita 5 - 10 - - Caulinita 3 -15 3 0,1 - 5,0 Óxidos de Fe e Al 2 - 5 - - Nas regiões tropicais, inclusive em grandes áreas no Brasil, onde os solos são mais intemperizados, predominando argilas de baixa atividade e teor baixo a médio de matéria orgânica, os níveis de CTC são baixos. Mas, em regiões onde ocorrem argilas do grupo 2:1 (menos intemperizadas) e os níveis de matéria orgânica são, usualmente, mais altos, valores da CTC podem ser, por natureza, bastante elevados. Solos argilosos, com argilas de alta atividade, podem reter grandes quantidades de cátions. Solos arenosos, com baixo teor de matéria orgânica e, conseqüentemente, baixa CTC, retêm somente pequenas quantidades de cátions, sendo, portanto, mais susceptíveis a perdas de nutrientes por lixiviação. Deve-se ressaltar, entretanto, ser quase impossível determinar a contribuição individual dos componentes do solo, diferentes minerais de argila, sesquióxidos e matéria orgânica, na CTC, já que estes materiais encontram-se intimamente associados. É possível, contudo, determinar a contribuição da matéria orgânica e da fração mineral, conforme exemplificado a seguir. Deve- se destacar que, no estudo sintetizado na tabela 6, desenvolvido em solos do Estado de São Paulo, a matéria orgânica, apesar de ocorrer em teores bem mais baixos que a fração argila, foi a principal responsável pela CTC, contribuindo com 56 a 82% do total de cargas elétricas negativas. Estes dados ressaltam a importância de um manejo adequado da matéria orgânica, quando se tem por meta um aumento da capacidade de retenção de cátions no solo. Tabela 6. Capacidade de troca de cátions de amostras de solos, total e da matéria orgânica. Fonte: Adaptado de Raij, 1981. CTC Legenda do solo Profundidade Teor de argila Teor de matéria orgânica Total da matéria orgânica CTC devida à matéria orgânica cm ------- g/kg--------- -----cmolc/dm3------ % PVLs 0 - 6 50 8 3,2 2,2 69 Pml 0 - 15 60 6 3,3 2,1 64 Pln 0 - 14 120 25 10,0 8,2 82 Pc 0 - 16 190 24 7,4 6,0 81 PV 0 - 12 130 14 3,7 2,7 73 TE 0 - 15 640 45 24,4 15,0 62 LR 0 - 18 590 45 28,9 16,1 56 LEa 0 -17 240 12 3,9 2,9 74 Estes aspectos ressaltam a importância do conhecimento da CTC do solo, para melhor definição de época de aplicação e doses de fertilizantes em um programa de adubação. O que o solo não conseguir reter de nutrientes será lixiviado e perdido, reduzindo a eficiência dos fertilizantes. A relação entre a CTC e o pH do meio, em dois tipos de argila, pode ser observada na tabela 7. Tabela 7. Variação da CTC em função do pH do meio. Fonte: Russel & Russel, 1968. Tipo de argila pH 2,5 a 6,0 pH 7,0 Aumento % de aumento ---------------------------cmolc/dm3-------------------- Caulinita 4 10 6 150,0 Montmorilonita 95 100 5 5,3 metodologia utilizada. É, portanto, um parâmetro que interage intimamente com a CTC do solo. 4.4 Acidez potencial ou acidez total (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3): refere-se ao total de H+ em ligação covalente mais H+ + Al3+ trocáveis, sendo usada na sua determinação uma solução tamponada a pH 7,0. Muitos laboratórios de rotina em fertilidade do solo, no Brasil, já incorporaram a determinação do H+ + Al3+, com todas as implicações benéficas do conhecimento e utilização deste parâmetro. Um esquema dos principais componentes de acidez, em relação às frações ativas da matéria orgânica, minerais de argila sesquióxidos de ferro e alumínio é mostrado na figura 7, para uma consolidação mais efetiva destes conceitos. Figura 7. Componentes da acidez do solo na fase sólida e fase líquida. Fonte: Raij & Quaggio, 1984. 4.5. SB = Soma de bases trocáveis (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3): este atributo, como o próprio nome indica, reflete a soma de cálcio, magnésio, potássio e, se for o caso, também o sódio, todos na forma trocável, do complexo de troca de cátions do solo. Enquanto os valores absolutos dos resultados das análises destes componentes refletem os níveis destes parâmetros de forma individual, a soma de bases dá uma indicação do número de cargas negativas dos colóides que está ocupado por bases. A soma de bases, em comparação com a CTC efetiva e Al trocável, permite calcular a percentagem de saturação de alumínio e a percentagem de saturação de bases desta CTC. Em comparação com a CTC a pH 7,0, permite avaliar a percentagem de saturação por bases desta CTC (V%),parâmetro indispensável para o cálculo da calagem, pelo método utilizado em alguns estados do País. SB = Soma de bases trocáveis = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+), Acidez trocável + Acidez não trocável = Acidez potencial Acidez trocável Acidez não trocável _ Ca _ Al _ COO_ H O_ H FeO_ H AlO_ H AlO_ H Húmus Sesquióxidos CTC Fase sólida Argila _ COO_ Al Al3+ Ca2+ Fase líquida H+ H+ Acidez ativa com valores expressos em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. 4.6. t = CTC efetiva (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3): reflete a capacidade efetiva de troca de cátions do solo ou, em outras palavras, a capacidade do solo em reter cátions próximo ao valor do seu pH natural. Quando se compara a CTC efetiva de um solo virgem sob cerrado (1,0 cmolc/dm3 ) com a de um Latossolo Roxo Eutrófico, por exemplo, 15,0 cmolc/dm3, fica óbvio o comportamento diferencial destes solos em termos de retenção de cátions, perdas por lixiviação, necessidade de parcelamento das adubações potássicas, etc. Avaliando-se este parâmetro em conjunto com textura e teor de matéria orgânica, pode-se inferir uma série de dados adicionais relevantes ao adequado manejo da fertilidade dos solos t = CTC efetiva = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + Al3+, com os valores expressos em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. 4.7. m% = Porcentagem de saturação por alumínio: expressa a fração ou quantos por cento da CTC efetiva estão ocupados pela acidez trocável ou Al trocável. Em termos práticos, reflete a percentagem de cargas negativas do solo, próximo ao pH natural, que está ocupada por Al trocável. É uma outra forma de expressar a toxidez de alumínio. Em geral, quanto mais ácido é um solo, maior o teor de Al trocável em valor absoluto, menores os teores de Ca, Mg e K, menor a soma de bases e maior a percentagem de saturação por alumínio. O efeito detrimental de altos teores de Al trocável e, ou, da alta percentagem de saturação por alumínio no desenvolvimento e produção de culturas sensíveis a este problema é fato amplamente comprovado pela pesquisa. m% = Porcentagem de saturação por Al = 100 x Al 100 x Al3+ = ou , t Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + Al3+ com os componentes expressos em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. Subtraindo-se a percentagem de saturação por Al (m%) de 100%, obtém- se a percentagem de saturação por bases da CTC efetiva. 4.8. T = CTC a pH 7,0 (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3): esta CTC, também conhecida como capacidade de troca de cátions potencial do solo, é definida como a quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0. É um parâmetro utilizado nos levantamentos de solos no Brasil e, em geral, sub-utilizado em termos de avaliação de fertilidade. Sob o ponto de vista prático, é o nível da CTC de um solo que seria atingido, caso a calagem deste solo fosse feita para elevar o pH a 7,0; ou o máximo de cargas negativas liberadas a pH 7,0 passíveis de serem ocupadas por cátions. A diferença básica entre a CTC efetiva e a CTC a pH 7,0 é que esta última inclui hidrogênio (H+) que se encontrava em ligação covalente (muito forte) com o oxigênio nos radicais orgânicos e sesquióxidos de ferro e alumínio, tão comuns nos solos brasileiros. T = CTC a pH 7,0 = S + (H+ + Al3+) = = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + H+ + Al3+, com os componentes expressos em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. 4.9. V% = Percentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0: este parâmetro reflete quantos por cento dos pontos de troca de cátions potencial do complexo coloidal do solo estão ocupados por bases, ou seja, quantos por cento das cargas negativas, passíveis de troca a pH 7,0, estão ocupados por Ca, Mg, K e, às vezes, Na, em comparação com aqueles ocupados por H e Al. É um parâmetro utilizado para separar solos considerados férteis (V% >50) de solos de menor fertilidade (V%<50). É indispensável para o cálculo da calagem pelo método da elevação da saturação por bases, em uso em vários estados. 100 x S 100 x (Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+)) V% = = , T Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + H+ + Al3+ com os componentes expressos em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. Subtraindo-se a percentagem de saturação por bases (V%) de 100%, obtém-se a percentagem de saturação por ácidos, H + Al, (m%) da CTC a pH 7,0. Uma representação esquemática conjunta dos conceitos de acidez do solo e da CTC é mostrada na figura 9. A acidez ativa é aqui mostrada no valor do pH atual do solo (pH 4,9). A CTC a pH 7,0 é representada pelo reservatório que abrange a soma de bases (Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+)), a acidez trocável (Al3+) e a acidez não trocável (H+). Outro aspecto interessante nesta ilustração é que as bases (Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+)) ocupam cerca de 50% da CTC efetiva e cerca de 20% da CTC a pH 7,0. Conseqüentemente, o conceito de saturação por bases depende do conceito de CTC envolvido. Com a finalidade de simplificar a solução dos exercícios, os símbolos dos íons estão sendo apresentados sem a indicação das respectivas valências. 1) Calcular os parâmetros: soma de bases (S); CTC efetiva (t); percentagem de saturação por Al da CTC efetiva (m %); CTC a pH 7,0 (T); percentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0 (V%). Discutir estes e outros resultados à luz de princípios agronômicos. a) Soma de bases = SB = Ca + Mg + K Como o resultado do K foi dado em mg/dm3, é necessário transformar 20 mg/dm3 em cmolc/dm3, para calcular a soma de bases e outros parâmetros. 20 mg K 1 dm3 de solo X g K 1 dm3 de solo (A) (A) Tabela 6A: mg/dm3 g/dm3 = mg/dm3 x 0,001 1 dm3 de solo x 20 mg de K ou X = = 0,02 g de K/dm3 de solo 1 dm3 de solo Por definição, tem-se que: cmolc = peso atômico em g ÷ valência ÷ 100 Conseqüentemente: 1 cmolc K = 39,102 ÷ 1 ÷ 100 = 0,39102 g K 1 cmolc K 0,39102 g K X cmolc K 0,02 g K (B) (B) Tabela 7A: g K cmolc K = g x 2,5582 0,02 g K x 1 cmolc K ou X = = 0,05 cmolc K 0,39102 g K Conseqüentemente: 20 mg/dm3 K = 0,05 cmolc K/dm3 Portanto: Soma de bases = SB = 0,4 + 0,1 + 0,05 = 0,55 cmolc/dm3 b) CTC efetiva = t = SB + Al = Ca + Mg + K + Al = 0,4 + 0,1 + 0,05 + 1,5 = 2,05 cmolc /dm3 c) Percentagem de saturação por Al da CTC efetiva = m% Al Al = 100 x = 100 x SB + Al Ca + Mg + K + Al 1,5 = 100 x = 73,2% ou m% = 73,2% 2,05 d) CTC a pH 7,0 = T = S + (H + Al) = Ca + Mg + K + H + Al = 0,4 + 0,1 + 0,05 + 3,7 + 1,5 = 5,75 cmolc /dm3 e) Percentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0 = V% S S 100 x 0,55 = 100 x = 100 x = = 9,6% ou V% = 9,6% T S + (H + Al) 5,75 Estes dados, juntamente com os outros resultados da análise deste solo, permitem fazer uma série de inferências práticas, das quais citam-se as seguintes: - É uma área que apresenta teores extremamente baixos de vários nutrientes (Ca, Mg, K, P, B e Zn), acidez excessiva e toxidez de Al. - O valor da CTC efetiva de 2,05 cmolc /dm3 (extremamente baixo) reflete que este solo, sob condições naturais ácidas, apresenta baixa capacidade de reter cátions, mesmo tendo 20 g/kg de matéria orgânica e 600 g/kg de argila. Reflete ainda que as argilas deste solo são de baixa atividade, formadas provavelmente por caulinita e, ou, sesquióxidos de ferro e alumínio. - Desta CTC efetiva, 73,2% dos postos de troca são ocupados pelo Al, o que certamente oferece sérias limitações ao crescimento das principais culturas. - A baixa atividade das argilas deste solo pode ser confirmada pela observação do valor da CTC a pH 7,0, que atingiu apenas 5,75 cmolc /dm3, apesar de, em temos relativos à CTC efetiva, isto representar um aumento de 180%. - O potencial de perdas por lixiviação é marcante sob condições naturais (baixa CTC efetiva), apesar do solo apresentar 600 g/kg de argila. Este potencial de perdas pode ser sensivelmente reduzido por calagem adequada deste solo e a conseqüente geração de cargas dependentes de pH. - O manejo adequado dos restos culturais, a adubação verde, a utilização de plantas de cobertura e a rotação de culturas devem merecer especial atenção nesta área, para aumentar a CTC e a retenção de umidade. 2) Considerando-se que um balanço teórico ideal para percentagem de saturação de cátions da CTC a pH 7,0 deveria ser: cálcio (60 -70%), magnésio (10 -20%), potássio (2-5%), hidrogênio (10 -15%) e outros (2- 4%) que incluem ferro, manganês, cobre, zinco e sódio, como se comporta este solo, sob condições naturais, em relação aos três primeiros parâmetros? Comente os resultados. CTC a pH 7,0 = 5,75 cmolc /dm3 100 x cmolc Ca/dm3 % Saturação por Ca = CTC a pH 7,0 100 x 0,4 cmolc Ca/dm3 = = 6,9% CTC a pH 7,0 100 x cmolc Mg/dm3 % Saturação por Mg = CTC a pH 7,0 100 x 0,1 cmolc Mg/dm3 = = 1,7% 5,75 cmolc/dm3 100 x cmolc K/dm3 % Saturação por K = CTC a pH 7,0 100 x 0,05 cmolc K/100 cm3 = = 0,9% 5,75 cmolc /dm3 Resposta: 6,9% de Ca, 1,7% de Mg e 0,9% de K da CTC a pH 7,0 Depreende-se desses cálculos um grande desbalanço em termos destes parâmetros. Dividindo-se o teor de cálcio (0,4 cmolc/dm3) pelo de magnésio (0,1 cmolc/dm3), observa-se que a relação Ca : Mg é de 4:1. Se o técnico deseja que esta relação seja mantida, é necessário que o calcário a ser utilizado também esteja próximo desta relação. A percentagem de saturação de potássio, também estando baixa, sugere a necessidade da aplicação de adubação potássica corretiva, a lanço, em área total neste solo. 3) Qual seria a dose de cloreto de potássio que este deveria receber, como adubação corretiva, a lanço, para ter 3% da CTC a pH 7,0 saturada com potássio? CTC a pH 7,0 = 5,75 cmolc /dm3 5) Admitindo-se que, próximo a esta área somente exista a disponibilidade de calcário calcítico (55% CaO) e, a cerca de 300 km, encontra-se à venda dolomita calcinada (27% CaO e 19% MgO), qual seria a combinação ideal destes produtos para que esta área, após a calagem, mantivesse a relação original de Ca : Mg de 4:1, em cmolc/dm3, admitindo-se que esta é a melhor opção sob aspectos técnicos e econômicos? Para responder a esta pergunta, é necessário, inicialmente, calcular por unidade de peso destes dois produtos, quantos cmolc de cálcio e magnésio estariam sendo aplicados por hectare, considerando-se o volume de 2.000 m3 (camada 0 a 20 cm e área 10.000 m2). Com a finalidade de obter valores de referência para o cálculo, deve-se estimar: a) Para cada 1% de CaO no produto, a quantos cmolc de Ca corresponderia a aplicação de 1 tonelada? b) Para cada 1% de MgO no produto, a quantos cmolc de Mg corresponderia a aplicação de 1 tonelada? a) 1% CaO 1 kg de CaO/100 kg de calcário 10 kg de CaO/1.000 kg de calcário. Transformando CaO Ca, obtém-se (A): (A) Tabela 7A: kg CaO kg Ca = kg CaO x 0,7147 ou pelos respectivos pesos atômicos 40,08 + 15,999 40,08 56,079 kg CaO 40,08 kg Ca 10,00 kg CaO X kg Ca 40,08 kg Ca x 10,00 kg CaO X = = 7,14706 kg Ca ou 7.147,0603 g Ca 56,079 kg CaO 1 cmolc Ca = peso atômico (g) ÷ valência ÷ 100 = 40,08 ÷ 2 ÷ 100 1 cmolc Ca 0,2004 g Ca X cmolc Ca 7.147,0603 g Ca (A) (A) Tabela 7A: g Ca cmolc Ca = g Ca x 4,9900 7,147,0603 g Ca x 1 cmolc Ca ou X = ; X = 35.663,973 cmolc Ca 0,02004 g Ca Portanto: para cada 1% de CaO em um calcário, a aplicação de 1 t/ha corresponderia a 35.663,973 cmolc Ca/ha. b) 1% MgO 1 kg de MgO/100 kg de calcário 10 kg de MgO/1.000 kg de calcário Transformando MgO Mg, obtém-se: 24,312 + 15,999 24,312 40,311 kg MgO 24,312 kg Mg 10,00 kg MgO X kg Mg (B) (B) Tabela 7A: kg MgO kg Mg = kg MgO x 0,60311 24,312 kg Mg x 10,00 kg MgO ou X = = X = 6,031108 kg Mg 40,311 kg Mg ou X = 6.031,108 g Mg 1 cmolc Mg = peso atômico (g) ÷ valência ÷ 100 24,312 ÷ 2 ÷ 100 1 cmolc Mg 0,012156 g Mg X cmolc Mg 6.031.108 g Mg (C) (C) Tabela 7A: g Mg cmolc Mg = g Mg x 8,2304 6.031,108 g Mg x 1 cmolc Mg ou X = ; X = 49.142,48 cmolc Mg/ha 0,12156 g Mg Portanto: para cada 1% de MgO em um calcário, a aplicação de 1 t/ha corresponde a 49.614,248 cmolc. Mg/ha. Como este calcário calcítico apresenta 55% de CaO, a aplicação de 1.000 kg do mesmo corresponde a fornecer 35.663,973 cmolc Ca x 55 = 1.961.518,515 cmolc Ca/ha. Considerando-se que um hectare, na camada de 0 a 20 com, corresponde a 2.000.000 dm3, obtém-se por dm3 o seguinte: 1.961.518,515 cmolc Ca 2.000.000 dm3 (1 ha) X cmolc Ca 1 dm3 100 cm3 x 1.961.518,515 cmolc Ca X = ; X = 0,98 cmolc Ca/dm3 2.000.000 dm3 Isto, em outras palavras, significa que a aplicação de 1 tonelada deste calcário implicaria em fornecer 0,98 cmolc Ca/dm3. O mesmo raciocínio deve ser feito em relação à dolomita calcinada., qual seja, como este produto apresenta 27% de CaO e 19% de MgO, a aplicação de 1.000 kg por hectare corresponderia a fornecer: 35.663,9 cmolc Ca/ha x 27,0% = 962.927,2 cmolc Ca/ha 49.614,2 cmolc Mg/ha x 19,0% = 942.670.7 cmolc Mg/ha Transformando-se em cmolc /dm3, como explicado anteriormente: 962.970,7 cmolc Ca 2.000.000 dm3 X cmolc Ca 1 dm3 X = 0,48 cmolc Ca/dm3 942.670,7 cmolc Mg 2.000.000 dm3 X cmolc Mg 1 dm3 X = 0,47 cmolc Mg/dm3 Isto, em outras palavras, significa que a aplicação de 1 tonelada desta dolomita implicaria em fornecer 0,48 cmolc Ca/dm3 e 0,47 cmolc Mg/dm3. Para manter a relação Ca: Mg de 4:1 (em cmolc), partindo destes produtos, teriam que se aplicados 0,47 cmolc Mg/dm3 e 4 vezes este nível de cmolc Ca/dm3, ou seja, 1,88 cmolc Ca/dm3. Como ao aplicar 1 tonelada de dolomita calcinada fornece-se 0,47 cmolc Mg/dm3 mais 0,48 cmolc Ca/dm3, ficam faltando 1,40 cmolc Ca/dm3 que deverão ser supridos pelo calcário calcítico, segundo os cálculos seguintes: 1.000 kg de calcário calcítico (55% CaO) 0,98 cmolc Ca/dm3 X kg de calcário calcítico (55% CaO) 1,40 cmolc Ca/dm3 X = 1.429 kg de calcário calcítico Conseqüentemente, qualquer mistura de 1,43 partes deste calcário calcítico com 1 parte desta dolomita calcinada atende à especificação do problema. característica física (grau de moagem) do produto, os quais determinam o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT), e o preço posto na propriedade, basta fazer o seguinte cálculo: Preço na propriedade x 100 Preço por tonelada efetiva = PRNT Calcário X = Preço no moinho (R$ 8,00/t) + preço do transporte (R$ 2,00/t) = R$ 10,00/t na propriedade R$ 10,00/t x 100 Preço por tonelada efetiva = = R$ 15,62/t 64 Calcário Y = Preço no moinho (R$ 12,00/t) + preço do transporte (R$ 12,00/t) = R$ 24,00/t na propriedade R$ 24,00 x 100 Preço por tonelada efetiva = = R$ 37,50/t 64 Calcário Z = Preço no moinho (R$ 56,00/t) + preço do transporte (R$ 36,00/t) = R$ 92,00/t na propriedade R$ 92,00/t x 100 Preço por tonelada efetiva = = R$ 65,71/t 140 O próximo passo seria a escolha dos corretivos em função do preço por tonelada efetiva, o que não deixa dúvida quanto ao calcário X como fonte de cálcio e o calcário Y como fonte de cálcio e magnésio, por apresentarem preços por tonelada efetiva de R$ 12,50 e R$ 30,00, em comparação com o calcário Z que apresentou R$ 65,71 por tonelada efetiva. A partir desta decisão estima-se, pelo uso das constantes da página 29, quantos cmolc de cálcio e magnésio seriam fornecidos pela aplicação de 1 tonelada do calcário Y por hectare. 10% de MgO x 0,02480 = 0,248 cmolc Mg/dm3 36% de CaO x 0,01783 = 0,642 cmolc Ca/dm3 Para se manter a relação Ca: Mg de 4:1, tomando-se como base 1 tonelada por hectare de calcário Y, teríamos 0,248 cmolc Mg/dm3 e 4 vezes este nível em cmolc Ca/dm3, ou seja, 0,992 cmolc Ca/dm3. Como ao aplicar 1 tonelada do calcário Y adicionam-se 0,248 cmolc Mg/dm3 mais 0,642 cmolc Ca/dm3, ficam faltando 0,35 cmolc Ca/dm3 que deverão ser supridos pelo calcário X, segundo os cálculos seguintes: 1 t do calcário X (55% de CaO) x 0,01783 = 0,980 cmolc Ca/dm3 1 t calcário X (55% CaO) 0,98 cmolc Ca/dm3 X t calcário X (55% CaO) 0,35 cmolc Ca/dm3 0,35 cmolc Ca/dm3 x 1 t calcário X (55% CaO) X = 0,98 cmolc Ca/dm3 X = 0,357 t de calcário calcítico Conseqüentemente, qualquer mistura de 1 parte do calcário Y com 0,357 partes do calcário X atende à especificação do problema. 8) Admitindo-se que esta amostra seja de uma área de cerrado recém- desbravado e que se destine ao plantio de soja, analisar os seguintes aspectos: a) seria recomendável uma adubação fosfatada corretiva nesta área para a produção máxima econômica? b) Qual seria a dose de fertilizante fosfatado solúvel, neste caso, com base no teor de argila? a) A tomada de decisão, para o uso ou não da adubação fosfatada corretiva depende de uma série de fatores, dentre os quais destacam-se a cultura a ser feita, a disponibilidade de recursos do agricultor, o regime de posse da terra, o período em anos para “construir” a fertilidade do solo, o planejamento futuro do uso da terra e o teor de fósforo disponível no solo. Admitindo-se que a cultura da soja comporte esta prática, que o agricultor disponha de recursos para adoção da mesma e que ele pretenda continuar utilizando a área para produção de grãos, três fatores são fundamentais para consideração neste caso: o período em anos para “construir” a fertilidade do solo, o teor de fósforo disponível no solo e o teor de argila. Sob aspectos de disponibilidade de fósforo no solo, esta prática tem sido recomendada para solos argilosos com teores muito baixos ou baixos em P pelo extrator Mehlich-1 ou Resina (Ver tabelas 1A E 2A). Observando-se os resultados da análise mostrados na página 20, esta área se enquadraria dentro deste critério, para a tomada de decisão. Em termos de período em anos para a “construção” da fertilidade destes solos, a meta de se atingir a produção máxima econômica em 3 a 4 anos justificaria o uso da adubação fosfatada corretiva, dada a extrema deficiência de fósforo neste solo. Portanto, partindo dos aspectos citados, seria justificável o uso da adubação fosfatada corretiva nesta área como um investimento para obtenção de produções adequadas no período proposto. b) Para se estabelecer a dose de adubação fosfatada corretiva, têm sido obtidos excelentes resultados com a utilização, para culturas anuais, de 3 a 10 kg de P2O5 solúvel para cada 1% (10 g/kg) de argila; em geral, para se atingirem os tetos de produção, em 3 a 4 anos, utilizam-se 4 kg de P2O5 solúvel por hectare/1% de argila. Com estes elementos, pode-se calcular a dose de adubação fosfatada corretiva, como se mostra a seguir: 4 kg de P2O5 solúvel 1% de argila X kg de P2O5 solúvel 60% de argila 60% de argila x 4 kg de P2O5 solúvel X kg de P2O5 solúvel = 1% de argila X = 240 kg de P2O5/ha Portanto, a recomendação da adubação fosfatada corretiva seria de 240 kg de P2O5 solúvel, sendo a tomada de decisão, sobre o fertilizante a ser usado, ditada por aspectos técnicos e econômicos. Para maior eficiência desta prática deve-se ressaltar a necessidade de uma calagem prévia e adequada, em geral feita com um mínimo de 90 dias de antecedência. 2) A aplicação de 4 toneladas de calcário/ha (CaO = 40%; MgO = 8%) corresponderia a quantos cmolc Ca2+/dm3 e de Mg2+/dm3? 100 kg de calcário 40 kg de CaO 4.000 kg de calcário X kg de CaO 4.000 kg de calcário x 40 kg de CaO X kg de CaO = = 1.600 kg de CaO 100 kg de calcário 100 kg de calcário 8 kg de MgO 4.000 kg de calcário X kg de MgO 4.000 kg de calcário x 8 kg de MgO X kg de MgO = = 320 kg de MgO 100 kg de calcário Pela tabela 7A, transforma-se CaO e MgO em Ca e Mg, respectivamente, pelo uso dos fatores 0,71470 e 0,60311. 1.600 kg de CaO/ha x 0,71470 = 1.143,5 kg Ca/ha 320 kg de MgO/ha x 0,60311 = 193,0 kg Mg/ha Pela tabela 7A, transforma-se CaO e MgO em Ca e Mg, respectivamente, pelo uso dos fatores 0,71470 e 0,60311. 1.143,5 kg Ca/ha x 0,71470 = 1.143,5 kg Ca/ha 320 kg Mg/ha x 0,63311 = 193,0 kg Mg/ha Pela tabela 6A, para transformar kg Ca/ha e kg Mg/ha em mg Ca/dm3 e mg Mg/dm3, multiplicar por 0,5. 1.143,5 kg Ca/ha x 0,5 = 571,7 mg Ca/dm3 ou 0,5717 g Ca/dm3 193,0 kg Mg/ha x 0,5 = 96,5 mg Mg/dm3 ou 0,09655 g Mg/dm3 ou, utilizando-se as constantes mencionadas na página 29: 4 t x 40% de CaO x 0,01783 cmolc Ca/dm3 = 2,85 cmolc Ca/dm3 4 t x 8% de MgO x 0,02480 cmolc Mg/dm3 = 0,79 cmolc Mg/dm3 Resposta: 2,85 cmolc Ca/dm3 e 0,79 cmolc Mg/dm3. 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA LOPES, A.S.; SILVA, M. de C. & GUILHERME, L.R.G. Acidez do solo e calagem. ANDA, São Paulo. 1991. 22p. Boletim Técnico No 1. RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G. & ALVAREZ V., V.H. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª aproximação. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. Viçosa, MG, 1999. 359p. FASSBENDER, H.W. Química de suelos – com énfasis en suelos de América Latina. San José, Costa Rica, Editorial IICA, Série: Libros y Materiales Educativos No 24, 1980. 398p. KINJO, T. Conceitos de acidez dos solos. In: B. van Raij., (Coord.). Simpósio sobre Acidez e Calagem no Brasil, Sociedade Brasileira da Ciência do Solo, Campinas, SP, 1982, p. 23-31. INSTITUTO DA POTASSA E DO FOSFATO. Manual internacional de fertilidade do solo. Tradução e adaptação de Alfredo Scheid Lopes. 2a edição revisada e ampliada. Piracicaba, POTAFOS, 1998. 177p. RAIJ, B. van. Avaliação da fertilidade do solo. 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