Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Descoberta de Bacilo de Koch e Tratamento da Tuberculose, Notas de estudo de Biomedicina

A história da tuberculose, uma doença contagiosa grave, desde a antiguidade até a descoberta do bacilo responsável pela doença em 1882 por robert koch. Além disso, discute os sintomas da tuberculose, fatores que contribuíram para sua disseminação e a importância da descoberta de fármacos antituberculosos, como penicilina, isoniazida, rifampicina e etambutol. O documento também aborda a importância recente de fluorquinolonas no tratamento da tuberculose.

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 24/09/2009

gisianny-kellen-moraes-silva-8
gisianny-kellen-moraes-silva-8 🇧🇷

3 documentos

1 / 5

Documentos relacionados


Pré-visualização parcial do texto

Baixe Descoberta de Bacilo de Koch e Tratamento da Tuberculose e outras Notas de estudo em PDF para Biomedicina, somente na Docsity! Quim. Nova, Vol. 28, No. 4, 678-682, 2005 D iv ul ga çã o *e-mail: marcos_souza@far.fiocruz.br FÁRMACOS NO COMBATE À TUBERCULOSE: PASSADO, PRESENTE E FUTURO Marcus Vinícius Nora de Souza* e Thatyana Rocha Alves Vasconcelos Fundação Oswaldo Cruz, Far-Manguinhos, Rua Sizenando Nabuco, 100, 21041-250 Rio de Janeiro - RJ Recebido em 23/6/04; aceito em 15/10/04; publicado na web em 17/2/05 DRUGS AGAINST TUBERCULOSE: PAST, PRESENT AND FUTURE. Approximately every minute, somewhere in the world four people die from tuberculosis (TB), an infection of Mycobacterium tuberculosis with about 3 million deaths per year. In spite of these problems, unfortunaly, it is about 40 years that a novel drug was last introduced on the market. Due to the rapid spread of multi-drug resistant TB strains, resistant against all major anti-tuberculosis drugs, and the recent resurgence of the incidence of tuberculosis in association with the human immunodeficiency virus (HIV) infection and AIDS, we need urgently the development of new drugs to fight tuberculosis. This is covered in the present article. Keywords: tuberculosis, drugs, antibacterial. INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) é uma doença contagiosa grave, com rela- tos de médicos na Grécia e na Roma antiga e, atualmente, acredita- se que esta doença já era conhecida também no antigo Egito, já que pesquisadores encontraram lesões de tuberculose em múmias1. No entanto, somente em 1882 a bactéria responsável pela doença, a Mycobacterium tuberculosis, foi isolada pelo cientista alemão Robert Koch; em sua homenagem, o bacilo da tuberculose ficou conhecido como bacilo de Koch (BK)1. No decorrer do século XIX e até meados do século XX, era uma doença comum entre artistas e intelectuais, sendo relacionada a um estilo de vida boêmio considerada, uma “doença romântica”1. A TB é transmitida basicamente pelo ar e pode atingir todos os órgãos do corpo, porém como o BK se reproduz e se desenvolve rapidamente em áreas do corpo com muito oxigênio, o pulmão é o principal órgão atingido pela doença2. O espirro ou tosse de uma pessoa infectada joga no ar cerca de dois milhões de bacilos que permanecem em suspensão durante horas. Os sintomas da tubercu- lose, geralmente, são tosse crônica, febre, suor noturno, dor no tórax, anorexia (perda de apetite) e adinamia (falta de disposição)3,4. Os exames usados na tentativa do diagnóstico de certeza são a baciloscopia do escarro, a radiologia do tórax, o teste tuberculínico (PPD), que evidencia o contato prévio com o bacilo e a cultura do escarro ou outros líquidos em meio apropriado1. A tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento, voltando a ocupar papel de destaque entre as principais doenças infectocon- tagiosas. Muitos foram os fatores que contribuíram para isso, po- dendo-se destacar a desigualdade social, os aglomerados popula- cionais, os movimentos migratórios, o envelhecimento da popula- ção, o aparecimento cada vez mais comum de cepas de bacilos resistentes aos fármacos conhecidos e o surgimento, na década de 80, da “Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA)” ou “Acquired Immuno Deficiency Syndrome (AIDS)”. DADOS ESTATÍSTICOS Atualmente a tuberculose mata no mundo aproximadamente 3,0 milhões de pessoas por ano, incluindo mais adultos que a AIDS, a malária e as doenças tropicais combinadas. Estima-se que cerca de 1,7 bilhões de indivíduos em todo o mundo estejam infectados pelo M. tuberculosis, o que corresponde a 30% da população mun- dial5, sendo que em países pobres, a estimativa é que 70% da popu- lação esteja infectada pelo bacilo de Koch, com cerca de 2,8 mi- lhões de mortes por tuberculose e 7,5 milhões de novos casos. Já nos países ricos esse número é menor que 10%, com uma estatísti- ca anual de mais de 400.000 novos casos e cerca de 40.000 mor- tes5. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma imen- sa tragédia poderá ocorrer nas próximas duas décadas, com quase um bilhão de pessoas infectadas e mais de 35 milhões de mortes3-5. O Brasil ocupa o 13º lugar no ranking dos 22 países que con- centram 80% dos casos de TB do mundo. De acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, no Brasil existem atualmente cer- ca de 50 milhões de pessoas infectadas com o bacilo de Koch, mas que não desenvolveram a doença, com contaminação de mais de 1 milhão de pessoas a cada ano pelo contato com os doentes6. Anual- mente surgem no Brasil, aproximadamente, 111 mil novos casos e ocorrem 6 mil mortes, sendo o Rio de Janeiro o estado com o maior número de casos5. As estatísticas nacionais e internacionais não deixam dúvida e servem de alerta para o problema. Devido ao fato de serem os países pobres e em desenvolvimento as maiores vítimas, pouco se tem investido no combate a esta doença6. HISTÓRICO DOS FÁRMACOS NO COMBATE À TUBERCULOSE A descoberta dos fármacos no combate à tuberculose pode ser associada ao primeiro antibiótico a que o homem teve acesso, a penicilina (Figura 1), descoberta serendipicamente em 1928 por Alexander Fleming numa cultura do fungo Penicillium, um tipo de mofo de cor verde, sendo considerado um dos maiores aconteci- mentos científicos do século XX7. No entanto, foram necessários 13 anos para aparecer no mercado a primeira forma injetável para uso terapêutico, em 1941. Apesar da penicilina ser um fármaco extremamente eficaz contra diversas doenças, e a primeira defesa real contra infecções causadas por bactérias, mostrou-se curiosa- mente ineficaz contra a tuberculose. Foram necessários quinze anos após a importante descoberta de Fleming para que Selman Waksman descobrisse, em 1944, a 679Fármacos no Combate à Tuberculose: Passado, Presente e FuturoVol. 28, No. 4 estreptomicina (SM) (Figura 1), produzida também por um microorganismo, a bactéria Streptomyces griseus, que foi o pri- meiro antibiótico capaz de atuar de maneira eficaz no combate à tuberculose8. Após a descoberta da SM, novos fármacos foram utilizados com sucesso, destacando-se a isoniazida (INH), em 1952; a rifampicina (RPM), em 1965; o etambutol (EMB), sintetizado em 1960, empregado somente em 1968 e a pirazinamida (PZA), sinte- tizada em 1936, porém só utilizada em 19709 (Figura 2). Os fármacos comumente chamados de primeira escolha são a primeira opção no tratamento, podendo ser empregados com su- cesso na grande maioria dos pacientes e incluem a INH, RPM, PZA e EMB. É importante ressaltar que o isômero utilizado em clínica é o (S,S)-etambutol, uma vez que o (R,R)-etambutol causa cegueira. Os fármacos conhecidos como de segunda escolha são normalmente utilizados em caso de falência aos fármacos de pri- meira escolha, administrando-se a SM e a etionamida, ou devido à resistência do bacilo, empregando-se diferentes tipos de canami- cinas, isoladas de Streptomices kanamyceticus, cicloserina, ácido p-aminosalicílico (PAS), amicacina, etionamida, tioacetazona, clorofazimina e terizidona (Figura 3)9. PROBLEMAS RELACIONADOS AOS FÁRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE Por não estarem mais protegidos por patentes, os fármacos de primeira escolha, INH, RMP, PZA e EMB (Figura 2) apresentam baixo custo, cerca de US$20 para um período de seis meses de tratamento. Todavia, um grande problema na utilização destes fármacos é a duração do tratamento, de seis a doze meses, o núme- ro de doses e efeitos colaterais como náuseas, vômitos, icterícia, perda de equilíbrio, asma, alterações visuais, diminuição da audi- ção, neuropatia periférica e até cegueira. Outro grande problema na utilização de tais fármacos são os pacientes portadores de bacilos multiresistentes, cada vez mais freqüentes, conseqüência de pou- cos e antigos medicamentos disponíveis no mercado e dos fracas- sos na cura da doença, seja por abandono ou erros na administra- ção dos medicamentos. Devido a estes e outros problemas como infecções oportunistas causadas por micobactérias ou vírus, é ne- cessário buscar novos fármacos mais eficazes, capazes de serem administrados por períodos de tempo mais longos, por ex., uma vez por semana e com menores efeitos colaterais. FLUORQUINOLONAS, UMA NOVA E POTENTE CLASSE DE COMPOSTOS NO COMBATE À TUBERCULOSE Fluorquinolonas são atualmente uma importante classe de antimicrobianos sintéticos que têm sido objeto de intensos estu- dos10,11. Essa classe de compostos tem atualmente destacada im- portância no combate a diferentes tipos de bactérias, sendo os úni- cos agentes antimicrobianos sintéticos a competirem com as β- lactamas em uso clínico10,11. Devido ao seu amplo espectro de ati- vidade antimicrobiana, as fluorquinolonas têm sido utilizadas com sucesso no combate à tuberculose, estando sob investigação como fármacos de primeira escolha12. A história das fluorquinolonas está diretamente relacionada ao ácido nalidíxico, uma quinolona com interessante atividade antibac- teriana, que foi sintetizada e patenteada em 1962 por Lescher e colaboradores (Figura 4)13. A descoberta do ácido nalidíxico apre- sentou importantes indicações de que esta classe de compostos Figura 3. Fármacos conhecidos como de segunda escolha no tratamento da TB Figura 2. Fármacos comumente utilizados no tratamento da TB Figura 1. Antibióticos pioneiros em terapêutica no combate à tuberculose: penicilina G, ineficaz, e estreptomicina, primeiro fármaco eficaz contra Mycobacterium tuberculosis
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved