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Guias e Dicas
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A influencia do programa de tv gente inocente nas crianã?as, Notas de estudo de Comunicação

A INFLUÃ?NCIA DA TV NA EDUCAÃ?Ã?O INFANTIL.

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 01/10/2009

gilda-carla-possamai-pinheiro-10
gilda-carla-possamai-pinheiro-10 🇧🇷

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Baixe A influencia do programa de tv gente inocente nas crianã?as e outras Notas de estudo em PDF para Comunicação, somente na Docsity! UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO A INFLUENCIA DO PROGRAMA DE TV "GENTE INOCENTE" NAS CRIANÇAS GILDA CARLA POSSAMAI PINHEIRO Graduanda LEANDRO MARSHALL Prof.Orientador PASSO FUNDO. NOVEMBRO DE 2000 AGRADECIMENTOS 1 No término deste trabalho monográfico, primeiramente quero agradecer a Deus, por sempre me dar forças para lutar e vencer, e por ter me dado a vida. Quero agradecer a todos os meus familiares e em especial minha mãe, que com toda a sua força e bravura me ajudou a chegar ao final do curso. Obrigado por sempre estar presente nos momentos difíceis da minha vida, e é claro, nos felizes também. Ao meu pai que está lá "em cima", me cuidando e me ajudando a vencer. Ao meu namorado. Jean. que sempre soube me compreender e valorizar meu trabalho e minha pessoa. Um agradecimento muito especial ao meu orientador. Professor Leandro Marshall, e ao Colégio IE - Instituto Educacional, pois sem essa colaboração, não seria possível realizar a pesquisa. Muito obrigado pela atenção. Enfim, agradeço a todas as pessoas aqui não mencionadas que me ajudaram a superar os momentos difíceis da vida, e foram meus verdadeiros amigos, nas horas tristes e felizes da vida. Obrigado a todos! SUMARIO RESUMO.................................................................................................................06 INTRODUÇÃO........................................................................................................07 1. A HISTÓRIA DA TELEVISÃO..........................................................................10 2. A CRIANÇA E A TV...........................................................................................30 3. A PROGRAMAÇÃO INFANTIL........................................................................43 3. L ESPETÁCULOS INFANTIS........................................................................... 46 3.2 TELEJORNAL PARA AS CRIANÇAS............................................................^? 3.3 DESENHOS ANIMADOS.................................................................................48 O ato de ver televisão consome em média 3 a 4 horas diárias das crianças do mundo inteiro. A TV é a ladra do tempo que a criança levava com seus amigos, com a família e para estudar. Ela roubou este tempo que, agora, é todo dela. E não há como ignorá-la: ela dita padrões de comportamento, lança gírias e modas, estabelece padrões morais e estéticos, influencia o gosto musical, dissemina valores e crenças, alimenta mitos e molda a opinião pública. A programação difundida na TV é farta em temas de violência, onde não falta a exaltação à delinquência, ao êxito fácil, ao sexo e, inclusive, à pornografia. Os programas de televisão não definem mais um horário específico para o seu público. No domingo a tarde, horário em que as crianças se encontram junto de seus pais, assistindo televisão, a programação televisiva, na maioria das TVs canal aberto, são programas de auditório. O que você encontra em todos os programas é a falta de pudor, pornografia, mulheres seminuas dançando, assuntos que não dizem respeito à classe infantil e que influenciam demais o psicológico das crianças e, sucessivamente, o seu comportamento. O comportamento infantil está mudando, conforme a evolução tecnológica e social, como todas as pessoas também vão se modificando. Porém, numa velocidade enorme: os assuntos entre as crianças não são mais infantis, a agressividade e isolamento estão cada vez maiores, a autoridade e rebeldia crescem a cada dia, e a pureza e a inocência, que são as maiores qualidades e riquezas de uma criança, vão se perdendo cada vez mais. Não existem mais programas genuinamente infantis na TV brasileira. Todos os programas que se dizem "infantis", tratam do cotidiano adulto adaptado para as crianças. Como se fosse lindo uma criança ter um namoradinho, imitar as brigas e intrigas familiares, usar as roupas que a mãe veste, maquiar-se, entre outros assuntos que dizem respeito ao público jovem e adulto. Não existem mais cantores e músicas infantis. O que as crianças ouvem e idolatram nos dias de hoje são os cantores e músicas para adolescentes, jovens e adultos. O padrão musical infantil também se perdeu no tempo. As crianças, a cada instante, aprendem uma coisa nova com a televisão. Seria ótimo se fossem assuntos que ajudassem no desenvolvimento psíquico e educacional das crianças. Mas o que a televisão faz é bem o contrário. Talvez ela seja um dos motivos de nossas crianças estarem tão rebeldes, mentirosas, egoístas e querendo parecer adultos. Para entender estas influências da programação da televisão nas crianças e dimensionar as suas implicações na educação e no imaginário infantis, procurou-se desenvolver uma pesquisa com as crianças da 1° série do colégio 1E, Instituto Educacional de Passo Fundo, Rio Grande do Sul - Brasil, sobre a influência do programa Gente Inocente. A hipótese levantada é de que a carga e o conteúdo da programação infantil está adultizando as crianças, estabelecendo padrões precoces de realidade e de tabulação. Como a pesquisa vai trabalhar com a TV, o trabalho fala da televisão brasileira, desde seu surgimento até os dias de hoje. O 1° capítulo faz um panorama geral da televisão no Brasil e no mundo, contando a história dos primeiros programas televisivos, as dificuldades de sua implantação, e a força deste veículo. No segundo capítulo é feita uma relação da TV com a criança, mostrando a força da TV sobre o público infantil. O terceiro faz uma relação dos programas infantis exibidos na televisão aberta, e a sua história. No quarto capítulo é feita uma análise de como a família trabalha com a televisão, e as causas e consequências da relação da família frente a televisão. No quinto capítulo é tratado a influência psicológica da TV nas crianças, suas causas psicológicas na formação da personalidade infantil. O sexto capítulo trata sobre a televisão na escola, como os professores devem tratar este novo indivíduo familiar para ajudar na educação de nossas crianças. O sétimo capítulo fala sobre a Rede Globo, que é a emissora onde é veiculado o programa "Gente Inocente!?", e faz uma breve passagem pelo histórico da rede. No oitavo capítulo é feito um relato de como funciona o programa "Gente Inocente'?", que, e quem são as crianças que participam do programa. O nono capítulo trata da pesquisa "A influência do programa Gente Inocente nas crianças", feita no colégio IE- Instituto Educacional. Excelsior, fundada em 1959 e cassada em 1970. foi considerada como a primeira emissora a ser administrada dentro dos padrões empresariais de hoje. (MATTOS, 1990, p. 5 DE 12) No começo da década de 60, a televisão entra na época do crescimento económico, e começa a se tomar mais popularesca para atingir uma grande parte da sociedade, que antes não tinham acesso a esse meio de comunicação. Haviam 15 estações de TV concentradas nas capitais e já estava bem delineado o perfil de consumo. produzida pela TV Globo e "Beto Rochefeller" de Bráulio Pedroso, produzida pela TV Tupi de São Paulo, marcaram o início da representação dramática apoiada no cotidiano nacional. O dilúvio de lágrimas cedeu espaço aos dramas interioranos como "Verão Vermelho", "O Bem Amado" e urbanos como "Selva de Pedra" e "Bandeira-2". Ou ainda, os desmistificadores da figura do galã como "Nino, o italianinho". E a televisão se reencontrou com a literatura nacional, na adaptação de autores como Jorge Amado, Martins Pena, Machado de Assis, José de Alencar e outros. Em setembro de 1969, em um momento de amadurecimento do regime militar e da censura que já intimidava os telejomais desde outubro de 1965. estreou na Rede Globo de Televisão o Jornal Nacional. No final da década de 60, graças à inauguração da Estação de Rastreamento de Itaboraí, o país pôde assistir, via televisão, a descida do homem na lua. A história da TV na década de 70 corresponde ao período de consolidação da Indústria Cultural no Brasil, tendo a televisão como meio de comunicação mais influente. No início da década foi a construção da Rede Nacional de Televisão, da Embratel, que forneceu o suporte necessário para que os programas chegassem a uma grande parte do território nacional e as redes passassem a ter características nacionais. A luta pelo mercado publicitário, iniciada com maiores condições comerciais de competitividade pelas emissoras paulistas (Record e, principalmente, Excelsior), funcionou como uma espécie de pioneirismo mercadológico para a afirmação da TV Globo, verdadeiro começo do sistema televisivo brasileiro ou do que também poderíamos chamar de indústria da comunicação televisiva. (SODRR. 1984.p. 98). No final de 1971, às vésperas do lançamento da TV em cores, que não pôde ser implantada em 1963, por causa da estagnação económica do período 62/67, venderam-se perto de um milhão de aparelhos preto e branco. Em 1972, a Festa da Uva em Caxias do Sul foi o palco da primeira transmissão a cores na televisão brasileira. Cerca de 80% dos lares urbanos tinham um aparelho de TV. No começo da década, a grande concorrente da Globo era a TV Tupi. Esta, dentro do Esquema de Emissoras Associadas, dava bastante liberdade de sua programação para as suas afiliadas, causando assim, por essa disputa de poder, um grande atrito entre os proprietários de emissoras locais e regionais. Durante o surgimento da TV, as telenovelas foram as responsáveis pela audiência e venda da televisão. As telenovelas eram o programa diário indispensável da população, até que em 1975 teve a programação castrada pela censura. As televisões sofreram inúmeras pressões, multas e punições frente a alguns programas que possuíam uma linha de agressão a sensibilidade e de grosseria. A partir de então a televisão começou a produzir programas de alta sofisticação técnica, gerados em cores e que atendiam plenamente o tipo de televisão que o governo queria: uma televisão bonita e colorida, nos moldes do "Fantástico", o "Show da Vida". No começo da década de 70, o governo começou a expressar suas preocupações em relação a influência dos conteúdos dos programas veiculados na TV e a influência que eles exerciam na população. As preocupações e recomendações do governo tiveram um poder muito forte. Como a televisão tinha uma responsabilidade com a cultura e o desenvolvimento nacional, ela começou a nacionalizar seus programas. E contou com o apoio do governo, que queria substituir a violência dos enlatados americanos por produtos mais amenos. Nessa década, as grandes redes de televisão, principalmente a Rede Globo, começaram a exportar os programas que produziam. O primeiro programa da Rede Globo que obteve uma expressiva receptividade no exterior foi a novela "O bem Amado". A novela foi vendida já dublada em espanhol à vários países latino-americanos, e para Portugal, no original. Começam a surgir no Brasil, teorias críticas em relação a televisão, com o argumento da massifícaçào da sociedade, o controle da opinião pública, a industrialização das culturas populares, que foram se tomando cada vez mais padronizadas. A partir daí as pessoas começam a ver o poder da televisão como meio de modificação desordenada da sociedade. Como o inimigo da população. O lado negativo da televisão começa a ser visto e estudado: a televisão que engana e manipula. Na aparência, entretanto, a televisão tem uma finalidade em si mesma. É este o seu truque: eliminar com uma aparência a questão de sua verdadeira finalidade, insinuando como "natural" a necessidade geral de uma informação centralizada e abstraía. Na realidade as pessoas são informadas para que não busquem a informação. Da mesma forma as pessoas são condenadas a apenas ouvir, para que não falem. (SODRE, 1984, p. 49). Dessa forma, a televisão controla e manipula a sociedade, impondo a sua programação, criando uma sociedade viciada e bitolada a apenas uma visão crítica: a visão que a tela passa, que está sujeita e ligada aos "donos do poder", que controlam a nossa sociedade. Depois de solidificada a expansão no mercado interno, a conquista do mercado internacional intensificou-se. Em agosto de 1980, a direção da Rede Globo decidiu organizar uma Divisão Internacional que culminou com a compra da TV Monte Cario. O censo Nacional de 1980 constatou que 55% de um total de 26,4 milhões de residências já estavam equipadas com aparelho de televisão. O crescimento do número de residências com aparelhos de TV entre 1960 e 1980 foi de 1.272%. Em 1989, segundo dados da ABTNEE, existiam cerca de 20 milhões de televisores no país, sendo que 68,3% a brasileiros natos. Agora qualquer pessoa, brasileiros natos ou naturalizados a mais de 10 anos, poderá assumir a responsabilidade por sua administração e orientação intelectual. A outorga e renovação de concessões, permissões e autorizações para utilização de canais de rádio e televisão trata-se do artigo 223. Onde as concessões e renovações que forem feitas pelo Poder Executivo serão apreciadas pelo Congresso Nacional e o cancelamento da concessão ou permissão dependerá da decisão judicial. Antes da promulgação da Constituição houve um verdadeiro festival de concessões de canais de rádio e de televisão no Brasil. No ano de 1985 a 1988 foram outorgadas exatamente 90 concessões de canais de televisão, assim distribuídas: 22 em 1985; 14 em 1986; 12 em 1987; 47 em 1988. No final da década de 80 e início da década de 90 a televisão vem alcançando uma maior maturidade técnica e empresarial e tem lançado mão da sua própria produção anterior, reprisando seus sucessos para preencher os horários. Segundo dados do IBGE de 1990, em São Paulo e no Rio de Janeiro, o número de televisores ultrapassa a 90% dos domicílios. A realidade da televisão como um Aparelho doméstico, a toma um meio poderoso na medida em que, ao atingir simultaneamente milhões de domicílios espalhados por todo o país, contribui para um acerta unidade nacional.(ALMEIDA E ARAÚJO, 1995, p. 51). As primeiras medidas adotadas pelo Ministério das Comunicações, foram liberalizantes, eliminando o que restava da censura. Em agosto de 1990, o ministro Ozires Silva, da Infra-Extrutura, revogou portaria do extinto Ministério das Comunicações, que atribuía ao Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentei) poder para manter "redobrada vigilância quanto ao conteúdo da programação de radiofüsão, especialmente no que se refere à ofensa à moral familiar e pública, incitamento a desobediência das leis ou decisões judiciais e colaboração na prática de rebeldia, desordem ou manifestações proibidas". No mês de agosto de 1990, o Governo Collor também modificou o Decreto ?. 52.795, de 1963, permitindo que as emissoras de rádio e televisão possam transmitir programas em idiomas estrangeiros. Hoje a TV se apega à sua fórmula (cultural ista) jomalístico- telenovelesca (Em 72, o orçamento da Globo era de 42% para o telejomalismo e 30% para as novelas; em 74, a emissora destinava 53% as novelas). O mito educacional se faz presente em todos os instantes desta fórmula, mas de uma maneira bastante peculiar nas telenovelas. (SODRÉ, 1984, p. 49). Nos dias de hoje, o aparelho de televisão se tomou indispensável nos lares. Muitas casas não possuem uma geladeira, para conservar os alimentos, mas não pode faltar a televisão. A televisão é o oposto da psicanálise: enquanto nesta o indivíduo procura ajuda para se conhecer e trabalhar seus problemas, na TV ele busca esquecer, ignorar, eliminar qualquer sofrimento que o atonnenta> Se é característico do ser humano recalcar no inconsciente suas recordações amargas, seus traumas, suas decepções e frustrações, é a TV a mais eficiente colaboradora para isso. Ela reforça nosso ego; nós nos apropriamos dela e a utilizamos para reforça-lo. Já que a realidade lhe deixou debilitado e frágil. (MARCONDES FILHO, 1988, p.57). A televisão pode ter seus pontos negativos, mas também tem o seu lado bom. Muitas pessoas que moram ou estão sozinhas, fazem da TV sua companheira. Essa polémica levanta bastante contradições: muitos acham que a TV é um bom companheiro, mas muitos acreditam que ela afasta as pessoas da sociedade, que ajuda elas a correrem de seus problemas, de enfrentar a vida e as pessoas. Segundo dados do TBGE de 1990. em são Paulo e no Rio de Janeiro, a posse de aparelhos de televisão ultrapassa 90% dos domicílios. A realidade da televisão como um aparelho doméstico a toma um meio poderoso na medida em que, ao atingir simultaneamente milhões de domicílios espalhados por todo pais. contribui para um acerta unidade nacional. (ALMEIDA E ARAÚJO, 1995, p.51) A televisão vai sucessivamente passando por transformações, ela não pára no tempo. Hoje temos uma outra opção de canais de televisão: é a TV segmentada, por assinatura. Essa nova forma de comunicação televisiva já possui cerca de 6 emissoras de TV segmentada, com cerca de 300 canais. Por ser uma mídia paga, o usuário pode escolher os canais que quiser assistir, e pagar apenas por estes. O cabo surgiu nos Estados Unidos, e pelo seu potencial de negócio, e qualidade na programação se expandiu pelo mundo inteiro. Nos Estados Unidos, o cabo, que existe há 40 anos, começou como uma simples técnica para melhor recepção do sinal em cidades onde a topografia não favorecia a recepção da televisão convencional. Mas a cerca de 20 anos percebeu-se o seu potencial de negócio. O HBO foi o primeiro canal a utilizar maciçamente esta técnica de distribuição por cabo, para ganhar um dólar a mais. Hoje este dólar a mais significa 19 milhões de assinantes, um número bastante alto para um único canal de televisão que é pago e caro. (ALMEIDA E ARAÚJO, 1995, p.67). O cabo foi se tomando um grande negócio, a ponto de provocar uma erosão da audiência na TVs americanas. As três grandes redes- ABC, CBS E NBC - que tinham um audiência permanente de cerca de 90%, hoje não chegam juntas, a 60% do total. Dessa faixa perdida uma pequena porção foi para o Home vídeo e uma grande porção para a televisão a cabo. A televisão a cabo é simplesmente um meio de distribuir sinais de televisão. Ocorre que o cabo usado ainda hoje, o coaxial simples, consegue acomodar até 60 canais. de uma criança. É através do relacionamento em família, do estudo e o convívio com os amigos que o indivíduo se toma uma pessoa de sucesso e sociável. É bastante comum o fato de que a criança costuma alternar movimentos de atenção ao programa com momentos de devaneio, durante os quais continua de olhos pregados no televisor como se experimentasse um estado de torpor, de adormecimento, que fatalmente será interrompido pela presença de outra criança, no momento em que essa fizer qualquer comentário, ligado ou não ao programa. (http://www.facom.ulbra.br/sentidolingenuid.html, pesquisado em 10/10/2000 ) Nesses momentos de alternância entre concentração e dispersão, de devaneio da criança diante da telinha, não aparentam a sua passividade, mas a forma como a criança se afirma como sujeito no processo comunicativo. A criança tem uma recepção especialmente seletiva. Quando ela tem as condições, seja por amadurecimento intelectual, ou por outras opções de laser, ela reage com a programação escolhida. Quando não tem tais condições, ela encontra outros refúgios, reagindo à programação que não corresponde às suas necessidades. As emissoras brasileiras de canal aberto afirmam que só transmitem programas para adultos após as 21 horas, avisando nos programas que não é recomendado para crianças. Mas esse dever não está sendo realmente cumprido pelas redes de televisão. Na parte da tarde são passados filmes com cenas de sexo e insinuações sexuais, telenovelas que são passadas à noite, antes das 21 horas, entre outros programas que as crianças não são indicadas a assistir. Isso sem falar nos programas infantis de televisão, que perderam totalmente a sua inocência, a pureza de seus desenhos. Hoje é difícil assistir a um desenho que não tenha brigas, rivalidades, namoro, etc... Hoje em dia as crianças vêem tudo o que passa na televisão, desde programas de auditório como " Domingão do Faustão". "Domingo Legal", até os telejomais como "Jornal Hoje", "Jornal Nacional". Assistem também as mensagens publicitárias, que conquistam em primeiro lugar as crianças, além de assistirem os programas infantis, e os novos lançamentos em termos de fílmes. Isso significa que as crianças estão expostas a todo o conteúdo televisivo. E assim, o que será que representa tanta agressividade, tanta violência, sexo, drogas, entre outras desgraças? Será que a televisão não tem nenhuma culpa? Há quem diga que as crianças estão equipadas para se defender com os impactos diretos da nossa realidade, e que isso provoca perturbação e angústia; e há quem, por outro lado, declare que elas terão de equipar-se, e que a representação televisiva dos aspectos mas traumáticos da realidade é bem menos direta do que parece, mas altamente mediada pelas estruturas da representação e, portanto, assimilável e digeri vel, sendo portanto, de grande alcance educacional. Mas a interpretação dos fatos depende de outras instâncias educacionais: a família, a escola, e os amigos. A TV não interage sozinha, mas caso a família não trabalhe bem com o meio televisão, colocando e determinando o lugar da TV na família; caso a escola não trabalhe com a influência da TV nas crianças, e faça ela virar uma aliada na educação; e os pais não verifiquem o ciclo de amizades da criança, pois os amigos servem de exemplo, e podem ser más companhias; a televisão pode se tomar um "Lobo Mau" na vida das crianças. Quando as crianças vêem televisão durante horas, perdem o benefício de outras atividades que poderiam a longo prazo ser muito mais importantes para o seu desenvolvimento. Porém, existe um aspecto que é mais grave: o próprio conteúdo dos programas e da publicidade, que influem profundamente nas atitudes, crenças e ações das crianças. As crianças mais novas vêem desenhos animados porque eles são "codificados" de uma forma nítida, isto é, cada ação é sublinhada por efeitos sonoros particulares, que visam ajudar sua compreensão e acatar a sua atenção. E, como a atenção das crianças tem dificuldades em fixar-se, os códigos sonoros vêm ajudá-las a estar atentas. Se a atenção das crianças, na maior parte do tempo, tem dificuldades de fixar-se, é porque o conteúdo dos programas não lhes é totalmente compreensível. As crianças captam apenas uma parte do que vêem. Elas não conseguem compreender as sequências longas, as motivações, e intenções de determinados personagens escapam-lhes em parte. Mas sobretudo não conseguem fazer deduções nem compreender o que está implícito. Quando as crianças assistem cenas de violência por exemplo, é provável que concluam a sua maneira que "é o mais forte que tem razão", e impulsionem a criança a brigar também. Em contrapartida elas tem dificuldades de compreender as mensagens mais sutis e perceber que certas ações são mais justificadas que outras. Mas as crianças compreendem sem nenhuma dificuldade, que se obtém o que se quer quando se tem o poder. Esta mensagem é bastante marcada nos desenhos animados de ação e aventura, que em sua maioria têm sempre um vencedor, o que possui o poder, e o derrotado, que sempre perde. Verificou-se que numa determinada época os programas destinados as crianças tinham mais cenas de violência que os programas nos horários dos adultos. Um estudo recente revelou que havia em média cerca de vinte e cinco atos de violência por hora nos programas infantis e apenas cinco nos programas de grande audiência. O funcionamento moral da maior parte dos programas infantis destina na sua história uma ação moral e uma imoral, o bem e o mal. Onde sempre acontecem lutas e disputas, e depois de muita briga e sacrifícios o bem vence. O bem nunca pode fazer mal, e o mal nunca pode fazer bem. E o que é pior, os personagens bons das histórias e desenhos que se machucam, por maior que seja o desastre, nunca morrem. Mesmo que caia de cima de um edifício de dez andares, o personagem levanta e vai para a luta novamente. reconhece a contradição sensorial entre a pura visibilidade que capta sua atenção e a necessidade de uma expressão cinética. Uma observação disso é quando passa o programa do Super Homem, do Zorro, entre outros programas de guerreiros. No final do programa a criança apresenta necessidade de levantar-se e correr pela casa repetindo o duelo com o bandido, enquanto que no final de qualquer capítulo de uma epopeia de samurais ela tende a buscar rapidamente um brinquedo qualquer a fim de restabelecer um contato com a vida real. A irrupção da televisão pressupõe a consolidação definitiva deste novo marco. A criança consumidora não é uma invenção da televisão, estritamente, mas o voraz aparato consolida basicamente este novo status da criança,. A assunção do universo eletrônico, universo regido pela constante referência a tela, até a sua conversão em único universo cotidiano. pode nos fazer olvidar - a nós que já temos idade suficiente para ter vivido o outro universo - como implacável e, surpreendentemente, conseguiu este esquecimento da parte dos que tem mais idade e mais, portanto, que recordar - que um dia houve crianças que nunca viam televisão. Naturalmente não se trata de iniciar nenhum canto nostálgico; não houve nenhum paraíso perdido, nunca existiu tal paraíso. Trata- se isto sim. de encarar em seus justos termos - e tais termos só podem ser históricos - a transformação que, conduzida pelo televisor, sofreu o status social da infância. (ERAUSQLJIN, MATILLA E VÁZQUEZ, 1983, p.86). Hoje a criança goza de privilégios que jamais anteriormente tivera. Porém a criança que nunca via televisão gozava de uma autonomia, que hoje o aparelho de televisão tira das crianças. O televisor é mais um instrumento do processo de alienação da infância que o capitalismo desenvolve. A criança que nunca via televisão-, não tinha nenhum dos direitos formais que são concedidos hoje. com os Direitos da Criança e do Adolescente. No passado era muito mais fácil a criança escapar da tutela do pai ou professor para sair brincar com os amigos. Antigamente as crianças tinham mais tempo para correr na rua e brincar. Hoje, esse tempo foi dominado por um meio de comunicação muito poderoso, e de grande influência infantil: a televisão. Junto com a desaparição das velhas canções infantis, desapareceram as brincadeiras que as acompanhavam. Mas o mal não está no desaparecimento destas brincadeiras, mas sim, por o que elas são substituídas, que ao contrário, não são modelos de açào, são modelos de robotização: sentar em frente a televisão e aprendei" o que a telinha passa, para depois colocar em prática, se tomar um modelo, um robozinho. Centenas de pesquisas feitas a partir da década de 60, chegam a uma conclusão: as crianças que vêem muita televisão são mais agressivas, do que as que vêem pouca. Os espetáculos violentos passados na televisão não afeiam só o comportamento da criança,, mas também suas crenças e valores. As crianças que vêem mais televisão temem mais a violência do mundo real. Em contrapartida, as que não assistem, ficam mais insensíveis a essa violência, chocam-se menos e reagem com monas intensidade. A televisão fornece uma imagem deformada da realidade. Os programas destinados às crianças apresentam os homens e as mulheres em papéis estereotipados, fazendo as crianças que passam horas em frente a televisão reproduzirem esses esquemas de estereótipos. Basta vermos como os jovens, os velhos, os médicos, os doentes mentais e a polícia são representados. ...a lógica dos meios é reforçada pelo suposto caracter eminentemente passivo da criança, que, por ser criança, não teria ainda o instrumental que lhe permitiria ser critica, o que a tomaria necessariamente favorável ás mensagens televisivas, uma vez que somente a partir de um apostura crítica é possível absorvê-la (a TV) com isenção e perceber suas sutilezas, seus efeitos, suas possibilidades. Considerar a criança como criança aqui. não é toma- la como uma especificidade, mas como uma miniatura do mundo adulto. (http://www.facom.ulbra.br/sentidolingenuid.html, pesquisado em 10/10/2000) Quanto mais a criança cresce, mais é capaz de compreender histórias complexas deste mundo que a rodeia. Porque ela conhece melhor o mundo e porque se familiarizou com os códigos e o funcionamento da televisão, de modo que se torna, por sua vez, uma especialista do pequeno ecrã (televisão). Passa a apreciar os filmes, novelas, desenhos animados, programas infantis, entre outros programas de televisão. Esses programas substituíram por gargalhadas os sons de fundo, embora o efeito produzido seja o mesmo. As vagas gargalhadas chamam a atenção das crianças para o fato, de que acabou de passar na telinha algo importante. Através deste meio as crianças tomam conhecimento dos costumes e valores próprios da sua cultura, e até mesmo dos comportamentos sexuais. As crianças continuam a observar o mundo através da televisão, mas nunca estiveram tão desacompanhadas nessa aprendizagem e visão de mundo, sendo que cada vez mais os adultos as ajudam menos. A televisão não as informa sobre o mundo, sobre o que está acontecendo. Ela passa uma imagem deformada. E esse é o objetivo da televisão: passar às crianças uma imagem lúdica do mundo real. Quando a TV tenta passar a imagem do mundo real, o resultado é sempre muito medíocre. A televisão vive o presente, não respeita o passado e revela pouco interesse pelo futuro. Ao encorajar as crianças a viverem isoladas do passado e do futuro, a televisão tem uma influência desastrosa. Uma das funções principais da educação, tanto em casa como na escola, é mostrar como o passado e o futuro estão ligados, como o presente decorre os acontecimentos passados e como o futuro se relaciona com ambos. A televisão é governada pelo tempo. A televisão não revela verdadeira curiosidade, que falta muitas vezes as crianças que estão habituadas a vê-la por muito tempo. Sistema omnisciente por excelência, não deixa espaço ao mistério. Para penetrar nos verdadeiros mistérios é preciso tempo. A informação pode consagrar alguns instantes a um autêntico mistério, mas as crianças não se interessam pela informação, preferem ver os outros programas, alguns dos quais falam de fatos misteriosos. Na televisão a riqueza é a chave da felicidade. A televisão venera e coloca no altar as pessoas que possuem grandes mansões, limunines e status social. Nunca são mostradas pessoas trabalhando, suando para obter o pão de cada dia, ou mostrando a forma pela qual da Indústria). Castelo Rá-Tim-Bum foi criado por Flávio de Sousa e dirigido por Cão Hambúrguer. O objetívo central do Rá-Tim-Bum, é o de suprir ou complementar a formação pré-escolar. É entre os três ou seis anos de idade que a criança adquire as noções de lateralidade, proporcionalidade, começa a desenvolver o raciocínio lógico- matemático, tem o primeiro contato com as palavras escritas, adquire a percepção rítmica, a percepção espaço temporal. desenvolve a coordenação motora, etc. (ME1RELLES, organização: NOVAES, 1991, p.264). As programações infantis são veiculadas bem nos horários em que as crianças estão frequentando a escola, ou ocupadas com deveres escolares ou domésticos. Quando se encontram livres para ir assistir a TV, a programação destinada para sua idade já acabou. Na hora em que a criança liga a televisão ela encontra filmes, seriados ou novelas para o público jovem ou adulto. Mas que, por sinal, são apreciados por todos na família, que neste horário se encontram juntos em frente à televisão. A programação infantil precisa ser analisada com atenção, para não cair em simplificações grosseiras. A criança assiste a muitos tipos de programas, não só os denominados infantis. Acompanha com atenção programas de humor, novelas, filmes, programas com desenhos animados infantis (MORAN, 1991,p.62). Existe assim, uma forte concorrência entre as telenovelas e os programas infantis no mesmo horário. E quem ganha é o programa que dá mais íbope. mais audiência, que por sinal são as telenovelas. E o que resta às crianças, que não deixam de fazer seus deveres para assistir aos programas infantis, é assistir aos programas nas férias ou feriados. Pois nos finais de semana, são rarissimos os programas infantis ou desenhos que são transmitidos pelas emissoras brasileiras de televisão de canal aberto. Já as emissoras de televisão de canal fechado, por assinatura , possuem vários outros formatos de programas infantis, pois tem um enorme número de canais de televisão. Porém, o seu número de usuários é muito pequeno, cerca de 2.500.000 assinantes, porque se paga pela assinatura e pêlos canais que se quer assistir, além dos canais incluídos na assinatura, os canais Pay per view. 3.1 ESPETÁCULOS INFANTIS As emissoras também faziam programas cómicos para as crianças, como as peripécias da "Família Trapo" da TV Record de São Paulo, e "Os Legionários", da TV Excelsior de São Paulo, que em 1966 passou a ser apresentado na Rede Globo como "Os Trapalhões". Que tiveram muito sucesso na televisão brasileira como programa comediante, e por sinal continua sendo seguido, com um perfil parecido, e comandado por um dos artistas que restaram da turma de "Os Trapalhões", Renato Aragão, o "Didi", no programa "Turma do Didi", também na Rede Globo. Em 1951 foi criado um teleteatro apresentado semanalmente: "O Sítio do Pica Pau Amarelo", que foi adaptado da obra de Monteiro Lobato por dois fanáticos, Júlio Gouveia e Tatíana Belinky. O programa obteve sucesso e permaneceu no ar por 13 anos. Para competir com as produções estrangeiras, os realizadores do programa se esforçaram para criara programas mais adequados a realidade das crianças brasileiras. A TV Globo surgiu em 1965, e obteve a exclusividade dos direitos autorais para o "Sítio do Pica-pau Amarelo", que começou a ser transmitida a partir de 1977, diariamente como uma telenovela infantil. Em 1980, surgiram também na Rede Globo, os espetáculos musicais infantis como "A Arca de Noé", que ganhou prémios internacionais. Em 1981 nos Estados Unidos, ganhou os prémios Emmy e Silver Award. E na Espanha em 1982 ganhou o prémio Ondas. Dois anos após o lançamento do primeiro espetáculo musical, foi levado ao ar "A Arca de Noé n°2", dando continuidade ao sucesso que obteve o espetáculo. E no centenário de Monteiro Lobato, foi ao ar o musical "Pirilimpimpim". Em 1983, o realizador dos musicais. Augusto César Vanucci, entusiasmado com o sucesso de seus musicais, criou "Plunct, Plact, Zuuum". E neste mesmo ano a Rede Globo criou também, o programa diário "Balão Mágico", que reúne anedotas. canções e desenhos animados. 3.2 TELEJORNAL PARA CRIANÇAS O primeiro telejornal para crianças, "O Globinho", foi criado pela Rede Globo. Nos primeiros anos não tinha apresentador, era narrado por Sérgio Chapelm. Mas a partir de 1977 até 1983 foi apresentado pela jornalista Paula Saldanha. Agora, o programa "Bambuluá, a cidade dos sonhos", passado na Rede Globo, entra no ar as 8:05 da manhã e vai até as 11:00. E apresentado por crianças e pela apresentadora Angélica. O programa infantil Bambaluá trouxe de volta a série do primeiro telejornal infantil, "O Globinho", que é feito inteiramente por crianças, se tomando assim mais direcionado para a classe infantil, com seu foco definido. 3.3 DESENHOS ANIMADOS A produção brasileira de desenhos animados é muito pequena, e não encontrou ainda compensação comercial para se expandir. Quase todos os ídolos infantis são estrangeiros como: Super-Homem, Pokémon, Digimon ... A dificuldade em obter recursos é um problema corriqueiro na produção de emissões para as crianças e explica a exibição habitual provocantes, mostrando a bunda e os seios, mexendo com a sexualidade infantil. E blocos de brincadeiras e competições para a venda de publicidade. A televisão brasileira não se preocupa mais com os conteúdos que são passados nas programações infantis, nem a influência que eles possam causar nas crianças, mas sim com a verba publicitária e audiência que o programa vai conseguir. 3.4. l Clube do Guri O Clube do Guri foi o primeiro programa infantil da televisão brasileira. Estreou em 1955 na TV Tupi oriundo do rádio, avô do "Gente inocente". Inicialmente chamava-se Gurilândia, depois adotou o título original "Clube do Guri". Ficou no ar durante 21 anos. Era uma espécie de show de calouros para crianças, que misturava mães coruja e crianças- prodígio, e revelou talentos como El i s Regina. A estrofe de abertura do programa era: "Unidos pelo mesmo ideal/Daremos ao Brasil um canto triunfal/ De fé, amor e esperança/ Elevando a alma da criança". 3.4.2 Teatrinho Trol Teatrinho Trol iniciou em 1956 e durou até 1966. Foi uma verdadeira coqueluche feita de bruxas e princesas, castelos e florestas encantadas, gelo seco e neve de sabão, óperas e boas histórias do teatro e da literatura mundial. No início era feito ao vivo, com quatro ou cinco cenários diferentes, trocados na maior correria nos intervalos. Depois era realizado em videoteipe, o que facilitou a produção do programa. Moacyr Deriquem era ator e produtor do programa. Norma Bium era atriz, que costumava fazer o papel de princesa ao lado de Roberto Cleto, o príncipe de plantão. 3.4.3 Capitão Aza Iniciou em 1966 e foi até 1979. O apresentador do programa vestia um impecável uniforme da linha aeronáutica, usava capacete de piloto com duas azinhas desenhadas, óculos de lentes negras, acopladas, e sobre o peito robusto diversas medalhas. Wilson Vianna bradava o refrão de abertura de seu programa ".. Alo, alo Sumaré! Alo, alo Embratel! Alô.alô mtelsat! Alo, alo criançada do meu Brasil! Aqui fala o Capitão Aza, comandante e chefe das forças armadas infantis desse Brasil! ". Programa diário, de segunda a sexta, apresentava desenhos animados e séries hoje consideradas clássicos como "A Feiticeira", "Jeanne é um Génio", "Speed Reacer" e "Corrida Maluca". Capitão AZA, com Z, era para homenagear um herói da FAB que lutou na Segunda Guerra Mundial, e era conhecido entre os aviadores como AZA. 3.4.4 Capitão Furacão O programa infantil comandado por Pierrô Mário estreou no ano de 1965 e durou até 1969, foi o primeiro programa infantil a registrar altos índices de audiência em meados dos anos 60 . De Jaqueta azul, quepe e longa barba branca, Furacão girava o leme de um lado para o outro enquanto lia cartas e mandava mensagens, falava sobre os segredos do mar, organizava gincanas e apresentava desenhos animados. Ao seu lado, a assistente Elisângela, estreando na TV aos 13 anos. O programa saiu de cena para ceder lugar para Vila Sésamo. 3.4.5 Vila Sésamo "Todo dia é dia, toda hora é hora, de saber que esse mundo é seu. Se você for amigo e companheiro, com alegria e imaginação, vivendo e sorrindo, criando e rindo, você será feliz e todos serão também". Era essa a música que dava inicio ao programa que marcou profundamente as crianças e adolescentes entre os anos 1972 e 1976. Depois de um ano na TV CULTURA, passou a ser apresentado na TV GLOBO. Nos Estados Unidos, o Sesame Street funcionava como jardim de infância para ensinar às crianças - principalmente as latinas - noções de higiene, meio ambiente e vida natural. No Brasil, depois do capitulo 40, foi totalmente nacionalizado, adotando uma linguagem própria. Todos se divertiam com um bicho muito alto, mistura de galinha e pata, Garibaldo, interpretado pelo ator Laerte Mon"one. O elenco era fantástico e contava com Aracy Balabaniam, a Gabriela, que era casada com o personagem interpretado por Armando Bogus. Ela representava a figura da mãe e ele a figura do pai. Havia a professorinha, Sônia Braga, em seu primeiro papel na TV, e seu namorado Flávio Galvão, ainda um estreante. 3.4.6 Sítio do Pica-Pau Amarelo Estreou na Tupi de São Paulo em 1951 e ficou lá até 1963. Em 1976, foi para a Rede Globo e durou 10 anos. O Sítio do Pica-Pau Amarelo foi um dos mais bem produzidos programas infantis para a televisão. O capricho vinha da elaboração das histórias selecionadas pêlos roteiristas e uma equipe de psicólogos e pedagogos. Passava pela rigorosa escolha do elenco, cenário e locações especiais montados para criar uma imagem bem brasileira, que Monteiro Lobato sempre valorizou nos seus 23 livros de literatura infantil. O elenco mais conhecido foi: Zilka Sababeny (nunca foi substituída no papel de dona Benta);a Emília foi Dirce Migliaccio, e contou com mais duas atrizes no papel; tia Anastácia, a eterna Jaci Campos; Júlio César foi Pedrinho. substituído mais tarde por outro ator mirim; Rosana Garcia foi Narizinho, também substituída mais tarde. Destacavam-se ainda André Valli como Visconde de Sabugosa, Nelson Camargo como Zé Bento e Ari Coslov como Jaboti. Outros personagens importantes do Sítio: Cuca - a maligna. Saci, Tio Baniabé (Samuel Santos), entre outros. 3.4.7 Globinho Foi o primeiro telejomal para crianças e jovens da televisão brasileira. Iniciou em 1972 e foi até 1983. Nos dois primeiros anos não tinha apresentador, era narrado por Sérgio Chapelin. De 1977 a 1983, foi apresentado pela jornalista Paula Saldanha. O Globinho tinha uma linha não apenas de informação mas também de questionamento onde na maioria das reportagens os jovens podiam dar sua opinião sobre temas da atualidade e da realidade brasileira. Grandes nomes da cultura brasileira foram entrevistados por Paula Saldanha e também pêlos próprios jovens, dando uma linguagem dinâmica ao programa. No final de cada Globinho eram apresentados desenhos animados e filmes de animação de Há aqueles que nos contam que seu bebé fica mais contente com o que olha; outros destacam que seu filhínho, que já caminha, pára em frente ao aparelho, e exige que o mesmo seja ligado para ver os desenhos animados. Outros comentam que a criança olha um pouco depois se retira. Também existem pais que se sentem muito orgulhosos porque o seu fílhinho e dois anos é capaz de cantar estribilhos de propaganda e imitar os gestos dos atores, ou ainda, porque imita com perfeição este ou aquele cantor da moda. (SOtFER. 1991. p.l2). 4.1 BABY-S1TTER GRATUITA Assim como o progresso nos trouxe maiores comodidades em todos os níveis, também deixou as ruas mais perigosas para as crianças, tomou os amigos mais distantes e os avós mais ocupados, e com menos tempo disponível para brincar ou cuidar de seus netos. Assim, a criança que antigamente brincava de "esconde-esconde", de "subir em árvores" e de "pular amarelinha" com seus vizinhos de rua, hoje é uma criança que, geralmente, mora em um prédio de apartamentos e permanece um grande período de tempo assistindo fascinada aos "programas infantis". A mãe, que antigamente ficava gritando pela vizinhança à procura de seus filhos, hoje pode fazer sossegadamente suas tarefas domésticas ou sair para o trabalho, pois sabe que a criança estará em casa, bem segura, sendo cuidada pela babá eletrônica. a televisão. A ação da televisão sobre a criança se faz concomitantemente com a influência da família. Desde pequeninas, seguem atentamente as imagens que se sucedem diante dos olhos e logo passam a reconhecei" o que se apresenta no vídeo. Crescem assim em companhia desta caixa mágica cheia de sons e figuras em movimento e bem cedo aprendem a utilizá-la, apertando e girando os botões. (BASTOS. 1988.p.76). Essa segurança e despreocupação com o paradeiro da criança reforça a atitude dos pais em deixar seu filho totalmente livre para assistir TV. tanto em relação à escolha dos programas, como ao período de tempo destinado para esta atívidade. Mas não se preocupam com a influência que a babá eletrônica terá sobre seus filhos. Os psicopedagogos chamam a atenção sobre a tendência crescente de usar a televisão como babá de crianças, como baby-sitter gratuita. Os problemas acarretados por este tipo de utilização não compensam as vantagens que o mesmo pode proporcionar. (FERRES, 1996, P. 103/104). A criança pode realmente ficar segura dos marginais, do trânsito, entre outros perigos, mas ela acaba sendo bitolada a apenas uma visão de mundo, o da televisão. Dessa forma, como fica o desenvolvimento psicológico das crianças. sendo que a televisão, em sua grande parte é ilusória. Que tipo de personalidades serão formadas com a falta de outras atividades saudáveis, especialmente o convívio com outras crianças, o qual proporciona o tão necessário jogo da socialização. O fato das crianças assistirem televisão sozinhas provoca resultados contrários ao que se busca obter na educação familiar. A televisão provoca uma fascinação, as coloca dentro de suas programações. Ativa nelas uma atitude quase hipnótica, as tomado teledependentes. Acabam assim não sendo críticas perante as decisões, pois aprenderam apenas o que a televisão ensinou. A criança aprende graças a um jogo de estímulos do meio. A televisão não interage com a criança, ela apenas emite imagens e som em movimento, tornando a criança passiva frente as suas dúvidas e questões, porque ela não responde aos seus anseios. Dedicar um número excessivo de horas à televisão é algo negativo e pobre, pois deixa as crianças sem opção de escolha, acabam se tomando passivas no meio. 4.2 COMPANHEIRA FAMILIAR É bastante comum nos finais de semana, a família inteira se reunir para assistir televisão, e se tomar dependente do aparelho. Sem falar na hora das refeições e durante a noite, no transcorrer da semana, que de novo é ela a companheira familiar. Não importa aonde; juntos na mesma peça, um em cada quarto, ela sempre está presente, segurando todos fechados dentro de casa. A televisão é consumida principalmente no âmbito familiar. Daí a importância de que a família prepare um contexto que garante uma experiência enriquecedora como telespectadores. Mesmo sabendo-se que as preferências de programas das crianças dependem também de variáveis como idade, sexo ou nível cultural, foi possível comprovar a influência da família nas escolhas de programação pelas crianças. (FERRES, 1996. P.101). A importância da atitude familiar perante a televisão, segundo Joan Ferres. acontece no fato dela marcar, acostumar e influenciar as crianças desde sua primeira infância, o que acaba tomando-as dependentes da televisão. As atitudes adotadas frente a televisão durante a infância, podem influenciar mais tarde na vida adulta. 4.3 TELEEDUCAÇÂO FAMILIAR Os pais são exemplo de pessoa para os filhos. As crianças querem ser iguais aos seus pais quando cresceram e se moldam à sua forma. Assim, tudo o que os pais usam, fazem ou dão mais importância, as crianças fazem igual. Quando os pais dão muita importância a imprensa jornalística, lendo sempre o jornal, as crianças aprendem logo a ler e consideram a leitura como um meio interessante de adquirir conhecimentos e se divertir. Se os pais não mostram grande interesse para a leitura e são telespectadores assíduos, os filhos demostram os mesmos interesses, e passam a se tomar cada vez mais teledependentes. O tempo destinado as programações televisivas depende, consequentemente das atitudes tomadas pêlos pais. É eles que irão decidir o tempo que as crianças poderão ficar em frente a televisão, em que horários e quais os canais que poderão assistir. Esse controle é exercido pêlos pais, mas frequente em crianças mais novas. A medida que crescem, vão se libertando desta fiscalização e passam a determinar por conta própria os programas que desejam assistir. Apesar das novidades que surgem a cada dia no mundo dos brinquedos eletrônicos, dos jogos via computador e dos atrativos infantis de televisão, o lado lúdico das crianças anda pouco estimulado. As brincadeiras que dependiam da participação dos pais, a quem cabia improvisar uma pipa, inventar bonecas de pano ou construir carrinhos de madeira. quase não existe mais. A troca lúdica ocorre com gente - a presença humana é insubstituível. A máquina como intermediária e parceira rouba esse momento. ( REVISTA MOMENTOS. SET/OÜT 1997. p. 08). momentos de descanso e lazer. Essa presença cotidiana da televisão em casa. tornou-se uma rotina indispensável na vida familiar. E consequentemente na vida das crianças, que se acostumaram desde pequeninas com esse meio de comunicação, que acabou fazendo parte da família. Isso sempre provocou muita inquietude para os pais e professores. A grande dúvida era de saber que tipo de influência ela exerceria no desenvolvimento intelectual e na formação moral da criança. Se considerarmos a escola basicamente como um fator de socialização, não resta dúvida de que a televisão se converteu em sua adversária mais importante a margem do padrão familiar. Nunca - até sua aparição - um meio de comunicação tinha conquistado uma tão ampla audiência e. outrossim. determinante, no mundo da infância. As discutidas teorias de MacLuhan em tomo da dicotomia escola ( "aula fechada") -meios de comunicação ("aula sem paredes") avalizam esta presumida concorrência. (ELJRASQLJJN, MAT1LLA E VÁSQUEZ. 1983.p.l21) Numerosos estudos estatísticos provam que a criança que comparece a escola pela primeira vez, traz consigo, uma bagagem prévia de muitas horas de televisão. Esses estudos são ainda muito escassos. Muitas crianças assistem televisão antes de serem expostas a qualquer tipo de educação formal. Quase 70° o das creches mantém a televisão ligada várias horas por dia. Na época em que inicia o primeiro ano primário, a maioria das crianças americanas já teria passado o equivalente a três anos escolares em frente a televisão, e segundo o livro Rádio e TV no Brasil, os dados valem também para o Brasil. A criança chega a adolescência depois de ter assistido a 15 mil horas de televisão e mais de 350 mil comerciais, contra menos de 11 mil horas de escola. A televisão é agradável, não requer esforço e seu ritmo é alucinante. É a sua primeira escola. Quando chega aos bancos escolares, já está acostumada a essa linguagem fragmentada, ágil e sedutora. E a escola não consegue chegar perto dessa forma de contar. A criança julga-a a partir do aprendizado da televisão. (MORAN, 1991, p.61) Esta invasão da televisão no mundo infantil, cuja amplitude e influências ninguém nega, supõe-se também uma mudança no âmbito escolar. Segundo os profetas da cultura da imagem pretendem que a velha escola corresponda as necessidades da galáxia de Gutemberg. Daí a supervalorização da comunicação escrita, que ainda determina as características de seus planos de estudo e das metodologias empregadas. O mundo de hoje, dominado pelas mensagens verbo-icônicas. necessita de uma nova escola. A escola de hoje estabelece uma relação com o aluno igual àquela de trinta anos atrás. Na era do computador, CD-ROM e Internet , ela ainda fala em lousa e giz. Fora da sala de aula existem outras atrações que chamam muito mais a atenção do aluno que a sala de aula. A sala de aula está cada vez mais monótona e os outros estímulos estão se modificando para ganhar espaço. Cada vez mais o aluno passa a ter um parâmetro: a televisão é rápida, dinâmica, tem sempre novidades, e a escola é monótona e repetitiva. Nesse contexto, se uma escola não ensina a assistir televisão. para que mundo está educando? A escola tem a obrigação de ajudar as novas gerações de alunos e a interpretar os símbolos da sua cultura. (FERRES, 1996, p.95) Deverá a escola fechar suas portas para ser substituída pelo ensino eletrônico? Existem os defensores da aula sem paredes, que costumam acusar seus detratores de permanecerem apegados aos preconceitos da cultura do livro, e não se modernizarem à sociedade atual, a personalidade dos alunos dessa década. O espetacular desenvolvimento dos meios de comunicação veio quebrar violentamente as margens habituais de inter-relação entre os homens. Os meios mecânicos, que eram encarados como instrumentos capazes de estender quase ilimitadamente o contato entre os homens, hoje interferem quotidianamente entre as pessoas, afastando-as umas das outras, e alienando a personalidade individual. ...a situação de equilíbrio na comunicação pessoal existe até um século atrás, na qual uma pessoa produzia cinquenta mensagens ao mesmo tempo em que era receptora de outras cinquenta, foi brutalmente rompida após a revolução tecnológica aplicada à comunicação até o ponto de que hoje emitimos tão somente uma mensagem para cada quinhentas mil recebidas. A desproporção é brutal: o uso dos meios tecnológicos não veio aumentar a comunicação entre os homens; converteu-os, sobretudo, em receptores passivos de mensagens às quais jamais poderemos responder. (EURASQUIN, MATILLA E vásquez, 1983, p. 122) Os defensores da televisão como meio negativo costumam argumentar que os bons programas proporcionam à criança um amplo campo de experiências, ao qual, ela, na maioria dos casos não poderia chegar, experiência que entraria em contraste com as suas próprias experiências vividas. No entanto a criança que dedica a terça parte de seu tempo vendo televisão, presumivelmente os outros dois terços são destinados à escola e para dormir, quais experiências próprias de vida essa criança têm0 Frente a essa situação, há quem adiante que possivelmente as recordações e vivências infantis da "geração televisão", estarão constituídas não de experiências pessoais, mas sim, de experiências extraídas da televisão. O controle sobre a televisão, equivale, de certa forma, ao controle sobre a realidade, enquanto que um acontecimento que não aparece na tela do televisor, é muito menos real do que algo sem a menor importância que aquele que recebe a consagração da tela. Durante muito tempo a televisão foi acusada de se a grande vilã da educação, de ser prejudicial à formação da criança, culpada por impedir seu desenvolvimento criativo, tirá-la do convívio em grupo, alterar padrões de comportamento, entre outros males. Por este ponto de vista, pedagogos e apocalípticos condenavam como mais um prazer proibido. Não se pode negar que o ato de assistir televisão é um ato mais solitário que socializante. Retira a criança do espaço social infantil onde reina a autonomia e a diversidade, fatores determinantes do seu desenvolvimento. Hoje essa visão tem se modificado, quando os próprios pedagogos começam a diferenciar as mediações entre a televisão e a criança. Não se referindo apenas aos programas educativos ou às programações dedicadas a este fim, mas a todo o universo televisivo, que as crianças tem acesso. A televisão pode ser uma grande aliada na educação, uma parceira na formação de uma criança atualizada e situada no inundo em que vive. A televisão é um importante meio na construção do repertório infantil, e não pode ser ignorada pêlos educadores, pois querendo ou não. ela está sempre presente na vida das crianças: quase todos possuem um aparelho de televisão em casa, que já se tomou um componente familiar. Teóricos contemporâneos entendem que: A função da escola não é transmitir informações, conhecimentos apontar caminhos para que o aluno articule e sobreviva? Essa é a função da escola., e o aluno vêem em busca dela, mas existe uma rejeição a esse modelo, que foi criado pela própria escola. Sem motivação não há aprendizagem e a escola não costuma destacar-se por sua capacidade motivadora. Talvez a diferença fundamental entre a televisão e a escola resida no fato de que a televisão possui uma enorme capacidade e sedução, mas com isso de despersonalizarão, enquanto a escola possui uma vontade manifesta de personalização, mas quase nenhuma capacidade de fascínio. (FERRES, 1996, p.96) A escola tem que criar o modelo de sedução, tomar-se ativa e apontar o caminho, abrir um espaço para que o aluno se situe. Este novo modelo de escola, aponta para uin professor mediador, em uma escola que será espaço para discussão e reflexão- um espaço para se socializar e compartilhar o conhecimento. 6. PSICOLOGIA E A TELEVISÃO A televisão, como o cinema, o teatro e o circo, requer, em primeiro lugar a atenção visual, e em segundo a atenção auditiva, de modo tão grande que acabam encobrindo os outros estímulos percebido pêlos outros sentidos, incluindo o orgânico. Isto é possível devido a ação de um mecanismo psíquico denominado identificação projetiva, que nos permite imaginar que entramos na outra pessoa, e sentimos tudo o que ele está sentindo, ao mesmo tempo nos induzindo a acreditar que somos aquela pessoa que está dentro da tela, ou em cima do palco. O conjunto de sensações originadas em tais circunstâncias pela identificação projetiva culmina no fenómeno da catarse, palavra grega que significa dar valor as emoções reprimidas. A identificação projetiva e a catarse conferem ao espetáculo o mesmo valor afetivo e proporcionam um benefício parecido com os dos sonhos, constituem um veículo para descarregar as tensões inconscientes, com o qual se obtém um alívio psíquico. Os espetáculos têm então um efeito parecido com o dos sonhos, causam a tendência a imobilidade e favorecem a regressão. Porém, existe uma diferença na regressão: durante o repouso notumo, a regressão chega até o nível fetal, e produz uma diminuição das outras funções vitais do corpo, o que toma possível o adequado descanso fisiológico, que se agrega ao mental. Já nos espetáculos não se adquire a diminuição das funções vitais, e a regressão acaba sendo menor, pois se está acordado. Os sonhos têm como objetivo essencial atrair totalmente a atenção daquele que dorme e evitar que desperte, garantindo assim o seu descanso, o que não ocorre com os espetáculos, que não protegem nenhuma função vital. Nos outros aspectos, ambos os aspectos, dormir e assistir a um espetáculo. são completamente diferentes: no sonho desenvolvem-se nossas próprias fantasias e vivências, no espetáculo as fantasias são elaboradas pêlos seus ateres, e servem para sobrepor as nossas fantasias inconscientes. As crianças têm a sua disposição uma forma de fazer catarse, muito mais efetiva que a dos adultos: é a correspondente ao brinquedo onde estão inválidos os cantos, os contos e dramatizações. Isto enfatiza que na primeira infância, que é o período de maior desenvolvimento psicomotor, os espetáculos não são necessários. (SOIFER, 1991, p. 14) A televisão, por estar dentro de casa, possibilita o acesso à ela a qualquer momento, e é o que é feito diariamente por várias horas: sentar em frente a tela. assistir televisão. A quantidade de horas destinadas a televisão são bem maiores do que as destinadas a outro espetáculo. Para assistirmos a um espetáculo, precisamos nos deslocar, encontramos com outras pessoas. Isso quer dizer que temos a possibilidade de nos resgatarmos da regressão e voltar a nossa realidade cotidiana. A televisão, por estar tão ao nosso alcance, leva-nos a reclusão junto dela. Depois de assistirmos seus programas, frequentemente depois de horas em frente à televisão, nos encontramos no estado regressivo, experimentamos o sentindo prostração, atordoamento, inércia e incapacidade. A televisão também é indutora do sono. Existem pessoas que recorrem a ela para dormir. Outras dormem sem se dar conta de desligar o receptor, apesar de seus desejos de continuar vendo o programa escolhido. Essas formas inconscientes de assistir televisão, também são prejudiciais, pois necessitamos de silêncio para descansar. O impacto da TV sobre a mente realiza-se baseado na identificação projetiva intensa e na regressão, com características similares as do sonho, mas com benefícios menores e com alguns prejuízos, tais como a imobilidade forçada, que não é própria do repouso, a incorporação de imagens terrificantes, a distorção visual e, em determinados casos, a poluição auditiva. (S01FER, 1991, P. 17) A televisão tenta substituir a imaginação e o pensamento introspectivo. A cultura da imagem age contra o pensamento. Além dos modelos de personalidades, roupas da moda. costumes, gírias, entre outros, fazem de vítimas as crianças, e adolescentes, incentivando a fazer plástica para ficar com a beleza ideal, ou conforme a da Xuxa, etc... A televisão, computador, video-games, etc, podem favorecer o desenvolvimento de várias habilidades e processos psicológicos. Mas não devem trabalhar com esses meios sozinhos, devem ser usados na presença dos pais, adultos, ou pessoas mais experientes e competentes, que incentivem e garantem a utilização destes instrumentos dentro da qualidade possível para a criança. O excesso de tempo dedicado a uma só atividade pode trazer prejuízos, na medida em que estimule excessivamente determinadas áreas. Os programas de televisão poderiam se tomar benéficos, na medida em que fossem aproveitados como oportunidade de diálogo entre os pais e os filhos. A restrição da de ação que necessita o caso. Já a reflexão apoia-se na memória, e a memória por sua vez, origina-se dos atos motores. A alucinação diferencia-se da reflexão, já que carece da possibilidade de ser satisfeita. Somente quando a criança alcança o controle dos esfíncteres, começa a afastar-se da tendência alucinatória e, com ela, do narcisismo e seus constituintes (mania, onipotência, pensamento mágico, etc...). A evacuação e a micção são atos que a criança realiza por ela mesma, sem que ninguém possa ajudá-la. O respectivo controle, que lhe é tão difícil assumir, constitui uma complexa operação psico-muscular pela qual se vê obrigada a optar finalmente por abandonar o amor egocêntrico, em favor do amor por seus pais. Assim o controle esfincíeriano constitui o ponto onde culmina a elaboração ila noção de limite:-, na mente infantil. V. nina noção que começa a oruam/ai-se inuilo cedo e que se afirma- que cada vê/ que a criança tenta peuar algo que represente um perigo para ela para que seus pais afastem de seu alcance. A colocação de limites ensina a diferença entre a fantasia c a realidade, ao mesmo tempo que estabelece a distinção eiilie o sii|eito e o outro, e se transforma em um obstáculo que \ai redii/mdo a oiiij)o!enc!a infantil ( om a aquisição do controle esfmcteriano. a maturação psicomotora e o predomínio da 'elaçao objetaf - firmada pelo amor e respeito pêlos domai1' -a criança começa a etapa destinada a elaboração final do complexo de Édipo- e. poi fim. a socialiação.Tal é o caso do choro do bebé: como resposta a seu pranto. obtém a amamentação, o amor e a palavra, e durante o ato de mamar aprende a comer, a respirar e a amar e a receber. (SOIFER, 1991, p.23) A comunicação constitui um duplo processo: alguém nos fala. nós escutamos; enquanto escutamos estamos aprendendo algo; da mesma maneira quando falamos a alguém, estamos transmitindo a eles nossos conhecimentos. A criança aprende primeiro a comunicar-se através do brinquedo e depois pela palavra. Tanto a comunicação verbal, como a lúdica ajudam-na a ampliar e aprofundar seus vínculos familiares e sociais. Só depois de conhecermos os elementos que formam o psiquismo (identificação projetiva, sonhos, fantasias...), temos condições de abordar o tema dos efeitos e das influências da televisão nas crianças. 6.2 EROTISMO NA TELEVISÃO Há duas formas de erotismo na televisão: pessoas dançando e desfilando seminuas ou emposses provocantes, e a sexualização dos objetos de algumas partes do corpo, ou a representação simbólica da sexualidade. O erotismo na televisão é só dos corpos femininos. O homem geralmente não leva destaque no corpo por estar nu. Isso se deve a dois motivos: a imposição do homem aos valores e interesses masculinos na mulher, e a compactuação feminina às imposições do homem. Segundo Sigmund Freud, o problema sexual humano origina-se na infância. nos momentos em que atravessam as fases chamadas complexo de Edipo e de castração. Ambos os sexos vivem-nas, embora de formas diferentes. A mãe amamenta ambos os filhos, meninos e meninas, os quais apresentam reaçôes distintas: a menina identifica-se com ela, por ser do mesmo sexo. e o menino sente-se como um ser produtor e transmissor de carinho e afeto. No menino a relação carinhosa desespera um amor libidinoso, sensual. O menino que antes via o pai como figura de identificação, passará a querer a mãe para si e encarar o pai como um rival, um obstáculo a obtenção de seu prazer exclusivo. Esse prazer tem natureza sexual, e a criança logo verá no pênis, ainda que no plano inconsciente. uma forma de realizar seus desejos com a mãe. Isso não o incomoda até constatar que há seres sem pênis, as mulheres. Esse complexo da infância, de constatar que não são todos que possuem pênis (complexo de castração), marca o menino de forma definitiva. Por ter desejado a mãe, acredita que será também punido pelo pai, sendo castrado. Nesse momento abandona o desejo da mãe, recalca-o, nega-o e destrói. Em seu lugar, desenvolve um comportamento punitivo e repressor ( superego enrijecido). Já no caso da menina, ela identifica-se com a mãe. E logo descobre no contato com os meninos, que não possui pênis. Em seu lugar há uma ausência. Acredita então, que os meninos tem mais prazer por possuírem um pênis. Isso lhe dá uma sensação de inferioridade e defeito físico (complexo de castração). Ao constatar que a mãe também não possui o membro, rompe a identificação com ela e a repele. A partir daí volta-se para o pai, buscando se fazer objeto de amor dele (complexo de Édipo), e em substituição do pênis ausente a menina buscará ter com ele um filho. Impossibilitada pêlos motivos conhecidos, quando crescer buscará ter filhos, erotizando seu corpo, para suprir a falta do pênis. Diferente do homem, que concentrou seu prazer no pênis, a mulher estremece todo seu corpo sentindo prazer. Isso explica que o fato da sexualidade do homem não tem nada a ver com a da mulher e. se a cultura e a comunicação para massas força os dois a um tipo único ( o masculino) de prazer, sérias deturpações derivam disto. Atemorizado pela ameaça da perda do pênis, o homem adulto vai passar sua vida acossado pêlos fantasmas de um pênis mutilado ou incapaz. Deverá prover a si e aos outros sua capacidade permanente de ereçào e esta será sua única salvação. Não se exigindo o pênis trará de volta ao homem o horror da perda da masculinidade, sustentada pela ditadura da ereção. Por isso o homem se excita sempre e está sempre a postos quando uma mulher lhe chama. No fundo ele satisfaz a si mesmo. (MARCONDES FILHO, 1988, p.101) Para as mulheres isso não passa de uma imaturidade. Toda a cultura se ergue sob o teiTor da castração e exige dos homens uma demonstração eterna de ereção. O erotismo feminino maneira implícita e natural, que na vida existe maldade, dor, sofrimento, morte... Uma certa dose de violência na televisão pode surtir o mesmo efeito. A dosagem de violência é um problema de quantidade. Existe uma grande diferença de que a violência apareça nos programas e que eles sejam violentos. Que a criança aprenda que na vida existe violência e não que a vida é violência. E o sentido dado a violência também é um problema qualitativo. Deve-se considerar qual é o sentido dado à violência, o significado que será atribuindo a ela espectador e a avaliação que ele fará. A frustração costuma ser causa de comportamentos agressivos. Os pais e educadores poucas vezes levam isso em consideração quando assinalam os efeitos da televisão. O confronto do dinheiro, da luxúria, do universo de brinquedos e promessas de felicidades são constantemente exibidos nos filmes, seriados. publicidade e noticiários, e acabam se tomando fonte de frustração. 7. A TV GLOBO A TV Globo iniciou seu funcionamento no Rio de Janeiro, quinze anos após a implantação da televisão no pais, no dia 26 de abril de 1965. Mas ela foi pensada desde 1962. e fez previsão de inauguração para o mês de dezembro de 1964, mas teve que ser adiada, em razão do golpe militar. Em 1962 a TV Globo assinou um contrato com o grupo americano Time-Life Incorporated, que vigorou até 1969. Mas a Globo acabou de pagar suas dividas com a organização norte-americana somente em 1975, completando assim o processo de nacionalização, sob a pressão e a exigência do governo militar. Segundo Caparelli, a transação com a Time-Life foi assim feita: O contrato de assistência prévia que a Time daria assistência a Globo no campo da técnica administrativa, fornecendo informações e prestando assistência relacionada com a moderna administração da empresa, novas técnicas e processos modernos relacionados com a programação. noticiário e atividades de interesse público, atividades e controles financeiros, orçamentários e contábeis, assistência na determinação do número e das responsabilidades adequadas do pessoal a ser empregado pela emissora de TV e orientação e assistência com relação aos aspectos comercial, técnico e administrativo da construção e operação de uma televisão comercial. Além o grupo Time-Life treinaria, nos Estados Unidos, o número de pessoas que a TV Globo desejasse ou enviaria pessoal norte- americano para treinamento no rio de Janeiro. O grupo Time-Life orientaria e assistiria a TV Globo com referência a obtenção de material de programas de televisão em Nova Iorque, bem como negociações com protagonistas e atores; além disso, em casos especiais, a Time assistiria a TV Globo com referência a venda de anúncios, visitando em Nova Iorque, os representantes de anunciantes em potencial (CAPARLLLI, 1982. p.26). A concessão do canal foi feita pelo governo federal em 30/12/1957 e a estruturação da emissora, desde a importação do equipamento, construção do edifício e treinamento de pessoal, entre outras dificuldades encontradas, durou oito anos. Seguindo a determinação de seu fundador, o jornalista Roberto Marinho, a Globo consolidou, ao longo de mais de 30 anos de funcionamento, sua vocação de rede nacional, com qualidade artística, jornalística e técnica de nível internacional, e identidade visual inigualável em todo o mundo. A Rede Globo, desde a sua criação, é uma empresa permanentemente voltada para fora, ou seja, tem a preocupação de acompanhar o ambiente externo e as mudanças que nele ocorrem. É portanto uma empresa em constante evolução. E essa evolução se faz em todos os setores. No produto final, através de melhor qualidade de textos, de recursos de fotografia e vídeo, de recursos artísticos e da adoção do que há de mais atual em termos tecnológicos. Na esfera comercial, através da prestação de serviços cada vez melhores aos anunciantes e ao mercado publicitário em geral. Na gestão interna, adotando-se as formas de gerir adequadas para dar velocidades as operações e as atividades comerciais. Na área de serviço público, ampliando-se o campo de atuação do projeto "Ação Global"; mantendo-se as campanhas permanentes do "Globo Serviço", a realização do "Criança Esperança" e o apoio as atividades da Fundação Roberto Marinho, com a exibição dos programas "Telecursos 1° e 2° graus", "Globo Ecologia" e "Globo Ciência". O resultado disto é a excelente qualidade das nossas telenovelas. minisséries, telejornalismo, e serviços que a Globo presta, afirma Roberto Irineu Marinho, vice-presidente da Rede Globo (HERZ, 1996, p. 65) O golpe de 1964 resolveu investir na integração nacional. Os militares chegavam ao poder pela força das armas, passando por cima da constituição. Os militares precisavam de legitimação popular, e por isso. a comunicação se tomou importante. Nesse script geopolítico, a globo se saiu muito bem. Tinha afinidades com os golpistas militares. Ambos nutriam uma preferência pelo capital internacional. Concomitantemente. os diários e as Emissoras Associados perdiam fôlego. Estruturavam-se arcaicamente, em consórcio, e cometiam o pecado de se arregimentarem no capital nacional. (RAMOS. 1986.p.50) Até hoje a Globo mantém a sua coerência política, embora tenha uma posição partidária bem clara: o governo. Ela tem o poder de eleger e derrubar um político. Não se pode abordar o desenvolvimento dos meios de comunicação no Brasil a partir da década de 60, sem falar na Rede Globo. É a partir do surgimento da Rede Globo, que os meios de comunicação de massa no Brasil entram numa fase de renovação tecnológica. A Globo abriu uma fase acelerada de modernização do sistema de comunicação de massa, inaugurou práticas empresariais compatíveis com essa modernização, e inspirou políticas oficiais que amparam as pretensões privado-comerciais dessas empresas. (HERZ, 1996, p. 17). No primeiro ano de operação, a TV Globo obteve uma fraca penetração junto aos telespectadores. Mas o fracasso inicial foi compensador, merece certo registro dos historiadores da emissora: Foram dias difíceis, os primeiros dias. como difíceis foram os primeiros meses. Os índices de audiência ficaram muito abaixo das previsões mais realistas. Imagem boa. filmes interessantes, operação quase perfeita, mas nada de alcançar sucesso popular. (MELLO, 1988, p. 14). Futebol na Inglaterra, em 1966, foi a primeira transmissão ao vivo. A transmissão via satélite, do lançamento da nave espacial Apollo IX, em 1968, foi pioneira. A operação em rede no Brasil foi iniciada em 1969 com o Jornal Nacional; o advento da cor em 1972; a estreia de uma programação nacional em 1975: e a utilização do satélite Intelsat para transmissões em tempo real dentro do país seguramente têm lugar de destaque na história nacional das telecomunicações. Das 21 horas diárias no ar (24 horas por dia nos finais de semana), a maior parte da programação é criada e realizada nos estúdios da Rede Globo. Este acervo, dublado em diversas línguas, leva a cultura brasileira a cerca de 130 países, em todos os continentes. Um dos principais fatores de sucesso da Rede Globo foi e continua sendo a capacidade de construir uma programação que atenda às necessidades dos telespectadores, consequentemente, do mercado publicitário. O nosso principal ativo não é termos um ou dois programas bons. É contarmos com uma estrutura de programação criativa e inteligentemente integrada. Para isso, a maior parte de nossas produções é planejada e concebida internamente, seguindo um invisível, mas fundamental, "fio condutor" (ALMEIDA E ARAÚJO. 1995, p.67). A prioridade dada à programação produzida domesticamente é decisiva como estímulo a uma indústria que ampliou o mercado de trabalho no Brasil. A Rede Globo, com cerca de 8 mil funcionários, mobiliza mais de 4 mil profissionais envolvidos diretamente na criação de seus programas: autores, diretores, atores. jornalistas, cenógrafos, fígurinistas, produtores, músicos, além de técnicos nas mais variadas especialidades. No período de um ano, a Globo grava e exibe diversas novelas, minisséries e especiais. Essa produção toma-se mais eloquente quando são computados shows. humorismo, musicais, eventos e jornalismo. São cerca de 4.420 horas anuais, algo em tomo de 2.210 longas-metragens, o que a coloca na posição de maior produtora de programas próprios de televisão do mundo. A base deste império que espalha sua influência por todo o planeta, continua sendo a Rede Globo, com seus 70 a 80% de audiência. Boa parte da força política e económica da Globo, vem do contato que tem, diariamente, com mais de 50 milhões de brasileiros, através do Jornal Nacional, cuja produção é fiscalizada diariamente por Roberto Marinho. (HERZ, 1996,p.24) Seguindo a linha social, a Rede Globo criou a Açào Global, em parceria com o SESI, que catalisa o esforço voluntário da sociedade para oferecer às comunidades carentes a oportunidade de obter documentos (carteira de identidade, titulo de eleitor, entre outros), de receber cuidados médicos, assistência jurídica e informações sobre saúde de uma maneira geral. A Ação Global existe há cinco anos e é realizada em todo o território nacional, sempre em parceria com as agências regionais do SESI. Tanto o UNICEF quanto a Population Comunications Internacional, consideram importantíssima a educação do público, principalmente pelo impacto, e pelas extraordinárias audiências. A vantagem é que as informações são passadas dentro do contexto da história que é contada. São assim melhor aceitas e absorvidas." (ALMEIDA E ARAÚJO, 1995. p.67) Durante esse período, foram feitos mais de 15 milhões de atendimentos. O Globo Serviço, é um selo permanente que assina peças de campanha, sobretudo nas áreas de educação e saúde, como a de amamentação ao seio, de segurança no trânsito, de vacinação e a contra a violência familiar. Mantendo a tradição de pioneirismo, a Rede Globo criou a primeira campanha pública contra a Aids. Há 11 anos a Rede Globo introduziu nas suas novelas o merchandising social, incluindo nas tramas informações de utilidade pública. Entre os temas mais constantes, estão a igualdade de direitos entre os sexos, a relação entre crescimento populacional e desenvolvimento e planejamento familiar. O LJnicef, por exemplo, reconheceu oficialmente a importância desse trabalho na redução da mortalidade infantil no Brasil. (http: //www. globo. com. br, pesquisado em 26/10/00) A Rede Globo também abre espaço, gratuitamente, para campanhas meritórias de terceiros, que ajudam hospitais, bancos de sangue, creches e sociedades que se dedicam às populações carentes. As multinacionais e as importações marcaram a migração das radionovelas para os estúdios televisivos. É interessante verificar que o modelo inicial da novela brasileira foi trazido pela Colgate-Palmolive, já que a multinacional experimentara o género com sucesso em outros paises da América Latina. (CAPARELL1,1982, p. 136). Outras produções na mesma linha acabariam por convencer a Rede Globo de que a fórmula da telenovela precisava ser revista. As aventuras distantes, vividas por heróis lendários, deveriam ser substituídas por temas e personagens mais próximos da realidade brasileira. Tão expressivo quanto ter um público diário e cativo, é o fato de ser a novela uma obra aberta e permanentemente em progresso, isto é, os autores a escrevem ao mesmo tempo em que é exibida. O jornalismo, 24 horas ligado nos acontecimentos do Brasil e do mundo, ocupa mais de três horas diárias de programação da Rede Globo. Mobilizando cerca de 500 profissionais, no Brasil e no exterior, a programação jornalística começa às 7h com os noticiários locais, conhecidos genericamente como Bom Dia Praça (Bom Dia Rio. Bom Dia São Paulo etc). Em seguida, às 7h30, entra no ar o primeiro telejomal de rede, o Bom Dia Brasil, com cerca de 55 minutos de duração. Essas edições matinais apresentam os fatos ocorridos durante a madrugada, resumos das principais notícias da véspera e uma agenda dos acontecimentos previstos para o dia. Além destes, a Central Globo de Jornalismo é responsável por programas semanais como o Esporte Espetacular. o Placar Eletrônico. o Globo Comunidade, o Globo Rural, este um dos programas mais premiados da Rede Globo, que informa o homem do campo e divulga novas técnicas rurais; o Globo Repórter, que aprofunda e debate os assuntos da atualidade; e o Fantástico, que se tornou uma tradição das noites de Domingo, tendo o formato de uma revista de informação e cultura. É de responsabilidade da Central Globo de Jornalismo também a realização de grandes coberturas, como o Campeonato Mundial de Fórmula l, os campeonatos internacionais de futebol, entre outros esportes, os Jogos Olímpicos e o concedido à minissérie "Morte e Vida Severina". baseada na obra de João Cabral de Melo Neto. 8. PROGRAMA "GENTE INOCENTE" O programa Gente Inocente estreou na Rede Globo de Televisão no dia 09 de janeiro de 2000. É apresentado pelo ator Márcio Garcia e vai ao ar nos domingos, às 14 horas. O programa é de auditório, onde os talentos mirins cantam e dançam. A estrutura do programa basicamente é composta de três blocos. No primeiro bloco. Márcio Garcia chama uma apresentação ou desfile, e depois chama o artista entrevistado da semana. Em seguida as crianças fazem uma apresentação teatral ou dança conforme algo que foi destaque na mídia e na vida do artista, ou algum trabalho importante que ele realizou. Entra o VT Arquivo Secreto, para descobrir quem é o artista da foto, e sai para comercial. Durante o intervalo comercial, as crianças ficam sabendo a resposta do Arquivo Secreto. O segundo bloco entra com o show de talentos mirins, onde as crianças podem se apresentar, cantando e dançando, um grupo de cinco jurados escolhe os finalistas. que retomam a cantar no final do mês. Depois das apresentações, entra no ar o VT Fique Sabendo, que pergunta sobre diversos assuntos e curiosidades. Antes de começar o terceiro bloco, vêm a resposta do Fique Sabendo. O terceiro bloco entra com a entrevista bate-papo com o humorista e apresentador Chico Anísio, que foi liberado da emissora por não respeitar o sistema da Rede Globo. Em seguida entra novamente o Márcio Garcia, realizando o sonho de um artista mirim: cantar , apresentar ou dançar com algum artista. Logo após, o apresentador chama o repórter Henrique, que sai às ruas fazer uma reportagem sobre algum assunto que se dirija as crianças. Volta para o estúdio e o Márcio encerra o programa. 8.1 ARTISTAS MIRINS Oito crianças fazem parte do elenco do programa, além do apresentador Márcio Garcia e das crianças candidatas. São atores mirins que, além de fazerem as perguntas aos entrevistados, apresentam as danças, teatros e coreografias da programação. São elas: Peter Brandão, Andressa Nunes, Natália Souto, Victor Chéu, Matheus Tayrone, Henrique Ramiro, Amanda Ribeiro e Pedro Lucas. 8.1.1 Peter Brandão Peter Brandão tem cinco anos e mora no Rio de Janeiro. Gosta muito de ouvir música e toca cinco instrumentos: piano, gaita, pandeiro, flauta e cavaquinho. Brincar é o melhor programa dos seus finais de semana. A brincadeira que ele mais gosta é o carrinho. E a que mais detesta é brincar de brigar. Ele é um menino tranquilo e o seu brinquedo favorito é uma girafa. Quando não está brincando, gasta energia praticando capoeira, futebol de salão e natação, seu esporte preferido. Na escola, gosta de fazer continhas e escutar as histórias que a professora conta. Entre seus muitos ídolos estão Angélica, Alexandre Pires, o pessoal do grupo "É o Tchan", entre outros. Sua música preferida é "Liberdade Pra Dentro da Cabeça", da banda Natiruts. 8.1.2 Andressa Nunes A Andressa Nunes tem oito anos de idade. Adora entrevistar os convidados. Faz aulas de bale clássico e dança espanhola. Quando crescer, quer ser atriz, cantora e bailarina. Na escola, sua matéria preferida é Ciências. É muito curiosa e adora fazer experiências. Mas dever de casa- ela odeia! Ela tem um sonho: conhecer a Amazónia. porque dizem que é muito grande, tão grande que ocupa um pedaçào do mapa. A comida que mais gosta é macarrão com molho de tomate, e detesta Couve-flor. Seu divertimento preferido é brincar de boneca, ouvir pagode e ir a parques aquáticos. 8.1.3 Natália Souto Natália Souto, a Nat para os amigos, é carioca, tem onze anos e é a têmpora da família. Ela dança, representa e estuda canto. Dançar é sua maior paixão. Ela pratica natação, mas o vôlei é o seu esporte preferido. Na escola, ela gosta de Matemática e História, mas não gosta de Português. Batata gratinada é seu prato preferido, e a comida que mais detesta é o espinafre. Aliás, Natália também odeia acordar cedo. Ela gosta de viajar e adoraria conhecer a Disney. O pior passeio para a Natália é ir ao banco. Adora brincar de pique-esconde e jogos. Sua atriz preferida é a Luana Piovani e as músicas de que mais gosta são todas da dupla Sandy e Júnior. 8.1.4 VictorChéu Victor Chéu é mineiro, tem oito anos, é filho único e mora em São Paulo. Rapaz de muitos talentos, Victor dança, canta e tem a maior facilidade pra decorar textos e representar. Ele curte tanto a televisão que o pior castigo pra ele é ficar sem TV. Mas quando tudo está numa boa, gosta de passear no shopping e viajar. Victor curte estudar Ciências e Português, mas odeia História. A natação é o esporte que pratica. Ele gosta também de equitação. Quando o assunto é comida, é uma lasanha que o Victor adora. Jiló nem pensar, ele detesta. Um lugar que ele gostaria de ir é a Disneylândia. Enquanto não brinca lá na Disney, ele curte, por aqui, os seus carrinhos de controle remoto e um bom pique pega. O maior ídolo do Victor é o cantor Ricky Martin. E ele imita o Ricky muito bem. Outros cantores de que gosta são o Leonardo e o Daniel. Tem um tipo de música que Victor não gosta, o rock. 8.1.5 Matheus Tayrone Matheus Tayrone tem quatro anos. Ele nasceu na Bahia, mas mora em São Paulo. Apesar de ainda não estar na escola, já sabe decorar textos bem grandes. Por enquanto, gosta classes económicas A e B. A maioria do tempo que estão fora da escola passam em frente à TV, que ocupa o lugar dos pais e amigos. Onze crianças possuem 7 anos, cinco possuem 6 e uma possui 9. Destas. sete são meninas e 10 são meninos, totalizando 17 crianças que cursam a primeira série do colégio I E, sendo que cinco não participaram da pesquisa, porque não tiveram autorização dos pais. Este trabalho não se propôs fazer uma representação de caso para o Brasil. Rio Grande do Sul, ou Passo Fundo. Foi feito apenas um estudo de caso. mas que pode vir a ser uma realidade brasileira. Foi aplicada uma pesquisa qualitativa com um questionário semi-estruturado. com 11 perguntas abertas no dia 5 de outubro, que no decorrer da entrevista se multiplicaram para 48. A primeira pergunta feita foi se eles gostavam de assistir ao programa "Gente Inocente". E por que eles gostavam ou não. Onze crianças responderam que sim. Gostam de assistir o "banho no chuveiro", aonde os pais das crianças que vão cantar correm o risco de levar um banho de vapor de chuveiro, caso os filhos não se classifiquem. Gostam do Mateus - criança mais nova que participa do programa e tem 4 anos - porque ele faz bastante perguntas, e gostam também do bloco de entrevistas com os artistas, por causa das perguntas. Um menino disse que não gosta, porque o programa "não tem o Digimon". personagem de um desenho animado que faz mutações para as diferentes batalhas. Ele está físsurado no desenho animado. Não parava de falar no tal personagem, tudo o que fazia ou gostava tinha relação com Digimon. De tão fanático pelo desenho, ele acredita que o personagem é real e desejaria conhecer o mundo em que ele vive. o "Digimundo". Alguns pesquisadores analisaram a mudança radical dos heróis das histórias em quadrinhos. No passado havia o Tarzan, nascido das histórias do jângal, relacionado com o colonialismo branco do começo do século na África e na Ásia e vinculado a natureza. No presente existem os super-heróis que rompem todo o contato com o mundo real, pois se apresentam como seres fantásticos, dotados de poderes extra-ten-enos e inatingíveis pêlos mortais. Esse desvio da realidade. possível para um mundo puramente fictício, extrai dos quadrinhos uma ligação realista com a vivência atual. (MARCONDES FILHO, 1988, P.29) Quando foi feita a segunda pergunta, sobre qual foi o programa que elas mais gostaram, todas as meninas responderam que foi o programa em que o ator Reinaldo Gianechine. o personagem "Edu"da novela das oito na Rede Globo, "Laços de Família", foi o entrevistado, no domingo anterior à pesquisa. A maioria dos meninos não se lembravam, e um deles escolheu o programa em que a Angélica participou. A terceira pergunta foi sobre que pergunta eles fariam para o artista que gostariam que fosse entrevistado. Algumas das resposta das crianças foram: - Quantos ataques são feitos pêlos Digimons? Desde quantos anos a Sandy, cantora juvenil da dupla Sandy e Júnior, canta? - Quantos anos a Sandy têm? - Como eu posso ir para o Digimundo ? - Como o Agamon, mutação do Digimon. faz para soltar fogo pela boca? Através das respostas das crianças nota-se a inocência frente às perguntas feitas aos artistas que eles gostariam que fossem entrevistados. E choca-se com as perguntas feitas pelas crianças do Gente Inocente, que são bem mais elaboradas. não condizendo com o conhecimento infantil. Podemos afirmar que as perguntas são induzidas, ou seja, feitas pela produção do programa, onde os artistas mirins decoram para perguntar para os artistas. Reafírmou-se ainda mais que o script das perguntas são elaboradas pela produção, quando foi feita a quarta pergunta: "Que pergunta vocês fariam para o "Edu" no programa?" As meninas fizeram perguntas bem infantis, e exclamações: "Por que você é tão bonitinho?!", "Eu queria saber o número da casa dele, o universo dele! Aonde é a casa dele? Ele mora nos Estados Unidos ou em São Paulo9" Já os meninos não queriam fazer nenhuma pergunta. Com a resposta das crianças podemos voltar a perceber a diferença das perguntas feitas no programa. Percebe-se também como as meninas, ainda muito crianças, sentem o desejo sexual por um homem famoso. Talvez ainda um desejo inocente, de ser sua namorada, de pegar na sua mão e dar beijinhos em seu rosto, mas nota-se a estimulação precoce da erotização. Há duas formas de erotismo na televisão.. Uma é a exibição de pessoas dançando e destilando semi-nuas ou em poses provocantes; outra é a sexualizaçào dos objetos e de algumas panes do corpo, ou seja, a representação simbólica da sexualidade. São como já vimos, os lábios, as mãos, as pernas e certos objetos. (MARCONDES FILHO, 1988, p.97). Quando foi feita a Quinta pergunta: "qual é o artista que você mais gosta?". as crianças responderam: a dupla Sandy e Júnior, Digimon, Reinaldo Gianechine e Angélica (apresentadora de programas infantis). A sexta pergunta foi sobre o que eles mais gostavam em seus artistas. As crianças gostam das músicas da dupla Sandy e Júnior e de seu programa. Gostam também do programa da Angélica, da novela em que o ator Reinai do Gianechine representa o "Edu". As crianças nessa idade ainda não possuem uma visão crítica das coisas. não sabem distinguir o que é bom ou ruim. A resposta da sétima pergunta, sobre o que eles achavam que seus ídolos faziam de ruim ou de feio, por unanimidade todos achavam seus ídolos perfeitos. Na oitava pergunta sobre o que eles faziam parecido com seus ídolos, mostra-nos como as crianças querem ser iguais e se identificarem à eles, como se os seus ídolos fossem o modelo de pessoa perfeita. Entra no ar o "Fique sabendo", com a pergunta : Você tem ideia de quantas palavras um papagaio consegue aprender? No intervalo, vem a resposta: um papagaio consegue aprender no máximo vinte palavras. O terceiro bloco entra com entrevistas feitas pelo Chico Anísio (humorista). Neste programa o Chico Anisio entrevistou três irmãos. Em seguida entra novamente o Márcio Garcia (ator e apresentador do programa), realizando o sonho de uma criança, o Cláudio, que gostaria muito de cantar junto com os Engenheiros do Havai. E o seu sonho foi realizado: os dois cantaram e tocaram juntos, a música "Era um garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling's Stones". dos "Incríveis". Logo o Márcio chama o repórter Henrique, que saiu às ruas para conhecer o projeto "Menor pelo Esporte Maior", que tira as crianças da rua, e leva para praticar esportes. O projeto é desenvolvido pelo governo de São Paulo, na cidade de São Paulo. Volta para o estúdio e Márcio encerra o programa Gente Inocente com o som dos Engenheiros do Havaí. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho procurou desenvolver uma pesquisa com as crianças da l°série do colégio Instituto Educacional de Passo Fundo - Rio Grande do Sul -Brasil, para comprovar a influência do programa de televisão "Gente Inocente" na personalidade infantil das crianças. O programa Gente Inocente foi escolhido porque se trata de um programa de auditório infantil, em que são tratados temas que estão em destaque na mídia. São feitas entrevistas com artistas, para as crianças saciarem "suas" curiosidades, que na verdade não são bem 'suas\ mas sim da produção do programa. Nenhuma criança faria perguntas tão bem formuladas, de ideias geniais, como as que as crianças fazem no programa. São assuntos que não são comentados no grupo de crianças de 4 a 10 anos, que é a idade das crianças do programa. Verificamos através da pesquisa que o programa Gente Inocente reúne personalidades de destaque na mídia e apresenta para o público infantil temas relevantes não só para as crianças, mas para o público em geral, mostrando assim assuntos que não dizem respeito às crianças, criando novas formas e interesses infantis. O programa mostra para as crianças como é lindo elas imitarem um ator. fazer o que eles fazem, se vestir como eles se vestem, falar como eles falam, e agir da mesma forma, proporcionando a adultização infantil. O programa Gente Inocente fortalece a ideia na cabeça das crianças de que o que aparece e acontece ali no programa é o certo e o verdadeiro. As crianças de 6 a 9 anos. que estão passando por processos de mudança neste período da vida. acabam sendo influenciadas pela TV em seu o desenvolvimento psicológico e os relacionamentos familiares. Induzem a criança a pensamentos e ideias que não são naturais desta fase, com enorme influência no processo de identidade, cuja personalidade está em plena formação. .A programação infantil no geral está se assemelhando à programação adulta, seguindo os mesmos padrões e formas. Sempre existe uma pitada de sexualidade, violência, agressividade e autoridade nos programas, que serve de exemplo para as crianças. O programa Gente Inocente demonstrou não se importar com a formação do comportamento infantil. Importa-se, como tantos outros programas, com a venda de publicidade dos artistas, os objetos de suas grifes, a venda de comerciais e a audiência do programa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BASTOS. Laura. A criança diante da TV - um desafio para os pais. Petrópolis: Vozes- 1988 CAPARELL1, Sérgio. Televisão e capitalismo no Brasil. Porto Alegre: L&PM, 1982. CAMPOS, Milton Nunes, (org.) MELLO, José Marques. Revista Brasileira de Ciências da Comunicação - recepção e consumo. 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