Baixe Resumo do Minicurso: Contaminantes Emergentes em Águas Naturais e de Abastecimento Público e outras Resumos em PDF para Química, somente na Docsity! Cristiane Colodel 1ºND - Licenciatura em Química RESUMO DE MINICURSO Minicurso: “Contaminantes em águas naturais e de abastecimento público” Ministrante: Marco Tadeu Grassi – Departamento de Química – Grupo de Química Ambiental – UFPR Segundo Grassi, existem vários grupos de pesquisa trabalhando na área de contaminantes emergentes, pois este tema é uma das maiores preocupações científicas da atualidade. Os contaminantes emergentes diferem dos contaminantes clássicos pelo fato de estes últimos têm comportamento e efeitos conhecidos, enquanto que os contaminantes emergentes dependem da perspectiva de análise, do momento histórico e de instrumentação adequada para serem detectados. Em geral, possuem efeito biológico. De acordo com Grassi, o surgimento de novos efeitos indica a existências de novos contaminantes. Quando um novo contaminante é detectado, a partir do surgimento de um novo efeito, surge também a necessidade de novos estudos, sobre suas fontes, sua ocorrência, seu transporte e destino e seus efeitos, o que leva ao desenvolvimento científico, principalmente instrumental e analítico. Grassi aponta que duas classes muito preocupantes de contaminantes emergentes são os interferentes endócrinos (IE) e os produtos farmacêuticos e de higiene pessoal (PFHP). Os IE são substâncias capazes de interferir no funcionamento natural do sistema endócrino de espécies animais, incluindo os humanos, interferindo na reprodução e no desenvolvimento do próprio organismo ou mesmo em gerações futuras. Um exemplo dado pelo ministrante foi o di(2-etilexil)ftalato, comumente conhecido como DEHP. Em janeiro de 1988, foram diagnosticados casos de câncer causados por esta substância; em outubro de 2003, chegou ao conhecimento da comunidade científica que o DEHP pode afetar negativamente o desenvolvimento de indivíduos machos, principalmente do aparelho reprodutivo. Os PFHP são produtos farmacêuticos e de higiene pessoal, consumidos com finalidade cosmética ou de saúde. São drogas terapêuticas, prescritas ou não (segundo Grassi, a maior parte é vendida e consumida sem prescrição médica). Alguns produtos farmacêuticos (PF) são completamente metabolizados e tornam-se inativos; porém, a maioria é excretada em quantidades variadas, como é o caso dos contraceptivos, por exemplo. Historicamente, os contaminantes emergentes tiveram seu início a partir da expansão da industrialização, ocorrida após a Primeira Guerra. Mas foi após a Segunda Guerra que houve o desenvolvimento efetivo destes contaminantes, devido à revolução industrial dos anos 50, que foi uma época de otimismo e a tecnologia era vista como a solução de todos os problemas. Surge o desenvolvimento e produção de agrotóxicos e substâncias químicas de efeito letal, como o DDT e o DES (dietilbestrol). Como as informações sobre saúde eram confusas, havia até mesmo um incentivo ao uso destas substâncias, tanto que o uso de DES era estimulado às gestantes, pois a substância era utilizada para evitar abortos. Porém, muitas mulheres nascidas de mães que consumiram o DES durante a gravidez nasceram com deformação genital e desenvolveram câncer. Em 1962, houve a primeira publicação chamando atenção para os danos que as novas substâncias poderiam causar: o livro “Silent Spring”, de Rachel Carson, discutia o efeito de pesticidas em populações de aves. Em 1996, em uma continuação do livro de Rachel, Theo Colborn (et al) publica “Our Stolen Future”, questionando os riscos que os pesticidas poderiam oferecer para seres humanos. Atualmente, a vasta lista de contaminantes emergentes é composta por: hormônios (principalmente os sintéticos), inseticidas, subprodutos de detergentes, retardantes de chama, fragrâncias, antioxidantes, nanomateriais, bifelinas policloradas (grupo que possui mais de 200 produtos), pesticidas, fármacos prescritos e não-prescritos, antibióticos, repelentes de insetos, desinfetantes, solventes e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (mais de 16 compostos). Sua origem e destino mais comum são as águas naturais, o que exige maior eficiência nos processos de tratamento da água e de esgoto. As fontes mais comuns dos IE’s são a produção industrial e a estabilização de materiais (como os ftalatos, utilizados para estabilização de plásticos), a lixiviação de