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Avaliação física - composição corporal, Notas de estudo de Educação Física

Leonardo de Arruda Delgado

Tipologia: Notas de estudo

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Baixe Avaliação física - composição corporal e outras Notas de estudo em PDF para Educação Física, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA LEONARDO DE ARRUDA DELGADO AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL São Luis 2004 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 6 2 APLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ............. 9 3 CONCEITOS RELACIONADOS COM A COMPOSIÇÃO CORPORAL .... 10 3.1 Massa gorda total (MGT) ................................................................... 10 3.2 Gordura essencial .............................................................................. 10 3.3 Gordura não-essencial....................................................................... 10 3.4 Gordura corporal relativa (%GC)........................................................ 11 3.5 Massa do tecido adiposo ................................................................... 11 3.6 Massa livre de gordura (MLG) ........................................................... 12 3.7 Massa corporal magra (MCM) ........................................................... 12 3.8 Densidade corporal total (Dc) ............................................................ 12 3.9 Sobrepeso.......................................................................................... 12 3.10 Obesidade.......................................................................................... 13 3.11 Modelo de dois compartimentos ........................................................ 13 3.12 Modelo de multicomponentes ............................................................ 13 3.13 Equação de predição ......................................................................... 14 4 MODELOS DE ANALISE DE COMPOSIÇÃO CORPORAL...................... 15 5 MÉTODOS DE MEDIDAS DA COMPOSIÇÃO CORPORAL .................... 18 5.1 Método direto ..................................................................................... 18 5.2 Métodos indiretos............................................................................... 19 5.3 Métodos duplamente indiretos ........................................................... 20 6 TÉCNICAS DE MEDIDA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL....................... 21 6.1 Técnicas diretas de medidas para analise da composição corporal .. 21 6.2 Técnicas indiretas de medidas para analise da composição corporal 21 6.2.1 Pesagem hidrostática ................................................................. 22 6.2.2 Plestismografia de deslocamento de ar ...................................... 26 6.2.3 Absorção radiológica de dupla energia (DEXA).......................... 29 6.3 Técnicas duplamente indiretas .......................................................... 32 7 ANTROPOMÉTRIA................................................................................... 33 7.1 Técnicas que utilizam dobras cutâneas ............................................. 34 7.1.1 Pressupostos da técnica de dobras cutâneas............................. 35 7.1.2 Princípios da técnica de dobras cutâneas .................................. 37 7.1.3 Fontes de erro de medida........................................................... 38 7.1.3.1 Habilidade do avaliador ....................................................... 38 7.1.3.2 Tipo de adipômetros ............................................................ 40 7.1.3.3 Fatores individuais............................................................... 42 7.1.3.4 Equações de predição de dobras cutâneas......................... 42 7.1.4 Equações de regressão .............................................................. 46 7.1.4.1 Equações de PARIZKOVA (1961) ....................................... 50 7.1.4.2 Equação de FAULKNER (1968) .......................................... 52 7.1.4.3 Equações de DURNIN & RAHMAN (1967).......................... 55 7.1.4.4 Equações de DURNIN & WOMERSLEY (1974) .................. 55 7.1.4.5 Equações de JACKSON & POLLOCK (1975-1978-1980) ... 57 7.1.4.6 Equações de LOHMAN (1981-1986) ................................... 66 7.1.4.7 Equações de KATCH & McARDLE (1983) .......................... 67 7.1.4.8 Equações de MUKHERJEE & ROCHE (1984) .................... 68 7.1.4.9 Equações de THORLAND (1984)........................................ 69 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 5 LISTA DE FIGURAS Figura 2 Pesagem hidrostática......................................................................... 23 Figura 3 Pletismografia. ................................................................................... 27 Figura 4 DEXA. ................................................................................................ 30 Figura 5 Modelos de adipômetros mais utilizados............................................ 41 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 6 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL 1 INTRODUÇÃO A composição corporal é a proporção entre os diferentes componentes corporais e a massa corporal total, sendo normalmente expressa pelas porcentagens de gordura e de massa magra (HEYWARD, 1998a; KISS, BÖHME & REGAZZINI, 1999; NIEMAN, 1999, apud COSTA, 2001, p.21). A obtenção dos valores de tais porcentagens constitui informação de grande importância para os profissionais de Educação Física, visto que as quantidades dos diferentes componentes corporais, principalmente gordura e massa muscular, apresentam estreita relação com a aptidão física, tanto relacionada à saúde quanto ao desempenho esportivo. De acordo com DE ROSE et alii (1984) apud COSTA (1999 s/p) a composição corporal constitui um aspecto dinâmico dos componentes estruturais do corpo humano, sofrendo alterações durante toda a vida dos indivíduos em decorrência de inúmeros fatores como: crescimento e desenvolvimento, status nutricional e nível de atividade física. A avaliação da composição corporal torna-se extremamente necessária, haja visto que para o desenvolvimento de uma avaliação mais criteriosa sobre os efeitos da atividade física no organismo humano existe a AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 7 necessidade de fracionamento corporal em seus diferentes componentes (GUEDES, 1989, apud GOMES & FILHO, 1995, p.34) Através da avaliação da composição corporal pode-se, além de determinar os componentes do corpo humano de forma quantitativa, utilizar-se os dados dessa análise para detectar o grau de desenvolvimento e crescimento de crianças e jovens, o status dos componentes corporais de adultos e idosos, bem como, prescrever exercícios. Existe um consenso entre autores, no sentido de colocar a composição corporal como um dos componentes da aptidão física, devido às relações existentes entre a quantidade e distribuição da gordura com alterações do nível de aptidão física, e o estado de saúde das pessoas. Reduzir a quantidade de gordura e/ou aumentar a quantidade de massa muscular estão entre os anseios de grande parte dos praticantes de exercícios físicos, esta preocupação deve ser considerada não somente do ponto de vista da estética, mas também de qualidade de vida dos indivíduos, já que a obesidade, está associada a um grande número de doenças crônico- degenerativas. Considerando a relação existente entre a obesidade e doenças crônico-degenerativas, fica evidentes a importância da realização de estudos com o objetivo de verificar os níveis de adiposidade da população, bem como a realização de avaliações de aspectos da composição corporal a fim de oferecer AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 10 3 CONCEITOS RELACIONADOS COM A COMPOSIÇÃO CORPORAL 3.1 Massa gorda total (MGT) A MGT inclui todos os lipídios que podem ser extraídos do tecido adiposo e outros tecidos. É formada pelas gorduras essencial mais a não- essencial. 3.2 Gordura essencial É a gordura acumulada na medula dos ossos e no coração, nos pulmões, fígado, baço, rins, intestino, músculos e tecidos ricos em lipídeos espalhados por todo o sistema nervoso central. São compostos de fosfolipídeos, necessários para formação da membrana celular e funcionamento fisiológico normal (~10% MGT). Na mulher, a gordura essencial também inclui a gordura específica ou característica do sexo. 3.3 Gordura não-essencial Consiste na gordura acumulada no tecido adiposo. São formadas por triglicerídeos encontrados principalmente no tecido adiposo (~90% da MGT). Essa reserva nutricional inclui os tecidos que protegem dos traumatismos os vários órgãos internos, assim como o volume ainda maior de gordura subcutânea localizada por debaixo da superfície cutânea. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 11 As quotas proporcionais de gordura de armazenamento em homens e mulheres são semelhantes (12% nos homens, 15% nas mulheres), porém a quantidade total de gordura essencial nas mulheres, que inclui a gordura específica do sexo, é quatro vezes maior que nos homens. É mais que provável que a gordura essencial adicional seja biologicamente importante para a procriação e outras funções relacionadas aos hormônios. De acordo com o modelo teórico de distribuição da gordura corporal para mulheres de BEHNKE, observa-se que, como parte dos 5 a 9% de gordura de armazenamento de reserva específica do sexo, as mamas contribui com aproximadamente 4,4% da massa total de gordura corporal, ou no máximo 12,5% da quantidade de gordura específica do sexo, e o restante deve localizar-se nas regiões pélvicas, das nádegas e coxas, que contribuem quantitativamente para as reservas adiposas das mulheres. 3.4 Gordura corporal relativa (%GC) É a massa gorda total (MGT) expressa como porcentagem da massa corporal total. 3.5 Massa do tecido adiposo É a massa corporal composta de + ou – 83% de gordura mais as suas estruturas de suporte (~2% de proteínas e ~15% de água). AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 12 3.6 Massa livre de gordura (MLG) A MLG consiste em todos os tecidos e substâncias residuais livres de lipídeos, incluindo água, músculos, ossos, tecidos conjuntivos e órgãos internos. 3.7 Massa corporal magra (MCM) É a massa livre do gordura (MLG) mais os lipídeos essenciais que são: 2 a 3% em homens e 5 a 8% em mulheres (LOHMAN, 1992). 3.8 Densidade corporal total (Dc) Total da massa corporal expressa em relação ao total do volume corporal. 3.9 Sobrepeso É o peso corporal que excede o peso normal ou padrão de uma determinada pessoa, baseando-se na sua altura e constituição física. Os padrões começaram a serem estabelecidos em 1959 com a proposição de tabelas de peso e estatura, que ainda hoje são amplamente utilizadas. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 15 4 MODELOS DE ANALISE DE COMPOSIÇÃO CORPORAL Modelos teóricos são usados para obter medidas referenciais de composição corporal para desenvolvimento de métodos e equações antropométricas, de dobras cutâneas, análise de impedância bioelétrica e interactância de infravermelho. WANG, PIERSON & HEYMSFIELD (1992), apud COSTA (2001,p.21-22) propuseram um modelo que divide o fracionamento da massa corporal em cinco diferentes níveis: - Nível I (atômico) – compreende cerca de 50 elementos, sendo que mais de 98 % da massa corporal total é determinada pela combinação de oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio e fósforo, com os 44 elementos restantes representando menos de 2 % da massa corporal total. - Nível II (molecular) – divide os compostos químicos corporais, que compreendem mais de 100.000 moléculas diferentes, em cinco grupos: lipídios, água, proteínas, carboidratos e minerais. - Nível III (celular) – divide o corpo em três componentes: massa celular total, fluídos extracelulares (incluindo plasma intra e extracelular) e sólidos extracelulares. - Nível IV (tecidos, órgãos e sistemas) – são quatro as categorias de tecidos apresentadas nesse nível: tecido conectivo, tecido epitelial, tecido muscular e tecido nervoso. É importante ressaltar que os tecidos adiposo e ósseo são formas de tecido conectivo. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 16 - Nível V (corpo todo) – neste nível o corpo é analisado segundo suas características morfológicas, com medidas relacionadas ao tamanho, forma e proporções do corpo humano. Os cinco níveis de organização do corpo fornecem uma estrutura conceitual dentro da quais as diversas pesquisas em composição corporal podem ser realizadas. É evidente que deve haver inter-relações dos diferentes níveis que, se constantes, podem fornecer associações quantitativas facilitando estimativas de compartimentos previamente desconhecidos. A compreensão das inter-relações dos diferentes níveis de complexidade evita a interpretação errônea de dados determinados em níveis diferentes (HAWES, 1996). Observando a complexidade exigida em cada nível é possível perceber que a avaliação do corpo como um todo é aquela que está mais próxima da realidade dos profissionais que atuam na área clínica ou em testes de campo, pois as características físicas a que se refere podem ser analisadas a partir de medidas de estatura, massa corporal, perímetros, diâmetros e espessura de dobras cutâneas, por exemplo, que não exigem equipamentos sofisticados ou procedimentos laboratoriais. Neste sentido podemos dizer que, os cientistas utilizam modelos teóricos de composição corporal, que subdividem a massa corporal total, em dois ou mais componente, usando-se modelos químicos, anatômicos ou fluido- metabólicos. Geralmente, os modelos químicos e corpo total têm sido amplamente utilizados na pesquisa de composição corporal. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 17 Modelo de 4C Anatômico Modelo de Fluídos Metabólicos Modelo de 4C Químico Modelo de 2C Minerais Músculos esqueléticos Tecidos moles e músculo lisos Tecido Adiposo ECS ICS ICF ECF Gordura Minerais Proteínas Água Gordura MLG Gordura Figura 1: Modelos de predição de dobras cutâneas de dois componentes (2C) e multicomponentes. ECF=fluido extracelular; ICF=fluido intracelular; ICS= sólidos intracelulares; ECS= sólidos extracelulares. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 20 Devido à necessidade de técnicos altamente treinados e equipamentos laboratoriais caros, a determinação da composição corporal por pesagem hidrostática é raramente utilizada em situações de campo. A alternativa mais comum é o uso de algumas formas de métodos antropométricos. Estes incluem proporções peso-estatura, circunferências corporais e medidas de dobras cutâneas (BAUMGARTNER & JACKSON, 1995). 5.3 Métodos duplamente indiretos São aqueles validados a partir de um método indireto, mais comumente a densimetria. Temos como mais utilizados a técnica antropométrica e a impedância bioelétrica. Medidas antropométricas são aplicáveis para grandes amostras e podem proporcionar estimativas nacionais e dados para a análise de mudanças seculares, este método pode incluir medidas de peso, estatura, perímetros corporais, diâmetros ósseos e espessura de dobras cutâneas, sendo esta última a mais utilizada quando o objetivo é predizer a quantidade de gordura corporal. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 21 6 TÉCNICAS DE MEDIDA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Para analise da composição corporal podem-se empregar técnicas com procedimentos de determinação direta, indireta e duplamente indireta. Nos últimos anos, os recursos indiretos de maior destaque envolvem a técnica da densiometria, espectrometria e da absortometria radiológica de dupla energia. Contudo, não se pode ignorar a existência de outros métodos igualmente importantes, como a ultrasonografia, a tomografia axial computadorizada, a ressonância magnética ativa. 6.1 Técnicas diretas de medidas para analise da composição corporal As técnicas diretas de analise da composição corporal são aquelas em que o avaliador obtém informações “in loco” dos diferentes tecidos do corpo, mediante dissecação macroscópica ou extração lipídica. Apesar da relevância e precisão, esse procedimento implica incisões no corpo, o que limita sua utilização a laboratórios e cadáveres humanos. 6.2 Técnicas indiretas de medidas para analise da composição corporal As principais técnicas indiretas utilizadas na analise da composição corporal são a pesagem hidrostática, Plestismografia de Deslocamento de Ar e a Absorção Radiológica de Dupla Energia (DEXA). AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 22 6.2.1 Pesagem hidrostática A pesagem hidrostática, também conhecida como densiometria, é um dos meios mais comuns para estimar a composição corporal em locais de pesquisa e é freqüentemente utilizada como método de critério para avaliar o percentual de gordura corporal. Um método de critério fornece o padrão com os quais outras metodologias são comparadas, baseia-se no princípio de Arquimedes, onde: “Todo corpo mergulhado num fluído (liquido ou gás) sofre, por parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo”. Assim, quando um corpo é pesado dentro da água é possível obter seu volume e através da relação entre massa e volume, calcula-se sua densidade. Ao realizar esse procedimento, uma pessoa entra em um taque de água norma, submerge abaixo da superfície da água e então expira completamente, enquanto técnicos registram seu peso. Como esse procedimento envolve adaptação ao meio líquido, são realizadas de 8 a 12 pesagens submersas, sendo que é utilizada na fórmula a média das três maiores médias. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 25 Na determinação da densidade corporal, caso se empregue uma estimativa do VR, recomenda-se a utilização das seguintes equações: Homens: VR = 0,0115(idade em anos) + 0,019(estatura) - 2,24(BOREN et alii, 1966) Mulheres: VR = 0,021(idade) + 0,023(estatura) - 2,978 Deve-se também levar em conta a densidade da água na equação para determinar a densidade corporal. A densidade da água varia com a temperatura e requer um fator de conversão padronizado. Para o maior conforto do indivíduo, recomenda-se realizar a pesagem hidrostática a temperatura entre 32 e 35°C. Tabela 2 Relação entre temperatura da água e densidade Temperatura °C Densidade (g/ml) 27 0,9965 28 0,9963 29 0,9960 30 0,9957 31 0,9954 32 0,9951 33 0,9947 34 0,9944 35 0,9941 36 0,9937 37 0,9934 38 0,9930 Apesar de a densidade da água representar um elemento importante a ser determinada, sua variação muito discreta dentro desta faixa de temperatura usada para a pesagem hidrostática torna este efeito desprezível, como erro no cálculo da densidade corporal. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 26 O grau de precisão considerado aceitável, na determinação do VR, depende do equipamento e da técnica utilizada e do objetivo do teste (screening ou pesquisa). Uma vez calculada a densidade corporal, podemos converter este valor em porcentagem de gordura, que, em última análise, é o resultado que mais nos interessa quando realizamos avaliações da composição corporal. Esta conversão pode utilizar o modelo de dois componentes, equação SIRI(1961) ou BROZEK (1963), para estimativa da composição corporal de jovens e adultos de raça branca, para outras populações devem-se utilizar o modelo de multicomponentes com equações específicas, para sexo, idade, quantidade de gordura e etc. Embora esta técnica apresente valores de densidade corporal muito precisos, somente indivíduos com razoável adaptação ao meio aquático podem ser submetido aos seus procedimentos, o que limita enormemente sua utilização em analises rotineiras da composição corporal. 6.2.2 Plestismografia de deslocamento de ar Este é um método relativamente recente para avaliação da composição corporal, com a vantagem de ser simples, seguro e requerer uma cooperação mínima do sujeito avaliado. Porém, exigindo equipamento complexo, sofisticado e de alto custo. A principal vantagem desse método em comparação à pesagem hidroestática é que essa técnica é mais rápida e produz menos ansiedade para muitos indivíduos. A principal desvantagem é o custo dos equipamentos técnicos necessários para realizar as medições. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 27 A avaliação através da pletismografia consiste de uma câmara cujo modelo mais utilizado na atualidade é o BOD POD©-Body Composition System (LIFE MEASUREMENT INSTRUMENTES, 1997). Figura 3 Pletismografia. Fonte: CD-ROM avaliação da composição corporal. Prof° Roberto Fernandes da Costa Este modelo é constituído em fibra de vidro, contendo janela de acrílico, com assento em seu interior para o avaliado se acomodar, e porta com dispositivos eletromagnéticos para o seu fechamento. No interior da câmara o volume aproximado é de 450 litros, constituindo um ambiente confortável para o sujeito testado. Através de um software específico, instalado em um microcomputador conectado à câmara, são determinadas variações de volumes de ar e de pressão em seu interior, com a câmara desocupada e com o avaliado, além de variáveis pulmonares necessárias às estimativas do volume corporal (GUEDES & GUEDES, 1998). Os procedimentos da plestimografia têm como base a aplicação da lei de deslocamento de ar de Boyle (GARROW et alii, 1979). Normalmente, AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 30 cabeça até o pé, para se obter o rastreamento. Não é preciso nenhum preparo ou requisitos especiais para a execução do exame. Figura 4 DEXA. Fonte: CD-rom avaliação da composição corporal. Prof° Roberto Fernandes da Costa A nomenclatura aplicada à técnica inclui; conteúdo mineral ósseo (BMCT), densidade mineral óssea total (BMDT), massa magra sem tecido ósseo (LEAN), massa gorda (FAT), partes moles (LEAN+FAT) e partes moles sem gordura (LEAN+BMC)(LOHMAN, 1996). A Padronização da nomenclatura em português ainda é deficitária. O calculo de massa mineral óssea (g), do conteúdo mineral ósseo (g/cm) e da densidade óssea (g/cm²) pode ser obtido através do DEXA. Nestes cálculos, as medidas expressas em relação a cm e cm² são ajustadas para a larguras e áreas, respectivamente, das partes do esqueleto que são rastreadas. A estimativa do conteúdo de gordura em massa magra sem tecido ósseo é derivada a partir de uma constante de atenuação de gordura pura (Rf) AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 31 e de massa magra sem osso (RI). A Rf é 1,21 para gorduras puras, usando raios-X de energia de 40 Kv e 70 Kv. HEYMSFIELD et alli (1994), mediram seis elementos químicos em 11 homens por ativação de nêutrons. Eles relataram um valor de 1,18 para Rf, similar ao Rf teórico calculado a partir dos elementos medidos era 1,399+/- 0,002. Dado a Constancia próxima destes dois valores de indivíduo para indivíduo, segue que a razão da atenuação da menor energia relativa para a maior energia em partes moles (Rst), para raios-X de baixa e alta energia, é uma função de proporção de gordura (Rf) e massa magra (RI) em cada pixel. A partir de Rst, a fração de partes moles como massa magra é dada pela equação: Rst=(Rst-Rf)/(RI-Rf) A forma, portanto, para calcular massa gorda e massa magra é a resolução das duas equações, usando valores conhecidos de Rf e RI. Algumas suposições devem ser adotadas para a obtenção da composição corporal, sendo uma delas o efeito da variação da água do corpo total e a outra, a espessura do indivíduo examinado. A medida de massa gorda por Dexa presume que o compartimento magro contém uma fração de água (73,2%). Erros sistemáticos podem ser esperados em relação à composição corporal em determinadas condições clínicas, já que a água do corpo varia a partir deste valor (HERD et alli, 1993). Em relação á espessuras do corpo, estudos têm mostrado que quando esta AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 32 excede 20 a 25 cm, tanto massa gorda quanto massa magra apresentam valores superestimados, observando-se erro e imprecisão aumentados quando comparados a indivíduos com espessura corporal menor que 20 cm (LOHMAN, 1996). Atualmente, a informação sobre composição corporal é de grande interesse para estudos de consumo de energia, estoque de energia, massa protéica, posição mineral do esqueleto, definir hidratação relativa, e em estudos de crescimento e desenvolvimento (FOEMICA et alli, 1993). Quando comparada a outros métodos para avaliar composição corporal (medida de dobras cutâneas, impedância bio-elétrica, espectrometria e pesagem hidrostática), o DEXA é considerado um procedimento um procedimento não evasivo, não traumático, altamente preciso e reprodutivo (GUTIN, 1996), que permite a medida compartimental e proporcionam uma avaliação longitudinal de um indivíduo com maior segurança, rapidez e baixo custo. Já vem sendo empregada em pesquisas médicas, experimentais e clinicas, inclusive no Brasil. A sua utilização efetiva na prática clinica virá dos estudos comparativos de diferentes métodos. 6.3 Técnicas duplamente indiretas As técnicas duplamente indiretas utilizadas na avaliação da composição corporal utiliza-se de equações de predição baseadas nas medidas antropométricas, impedância bioelétrica e a interactância de infravermelho. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 35 Essa metodologia é passível de ser utilizada em pesquisas epidemiológicas de grande escala e na avaliação nutricional. Além disso, medidas de DOC podem ser usadas para estabelecer perfis antropométricos. As mensurações das dobras cutâneas poderão proporcionar informação bastante constante e significativa acerca da gordura corporal e de sua distribuição. A medida da espessura de dobras cutâneas pode ser utilizada basicamente de duas maneiras. A primeira consiste em somar os escores como uma indicação do grau relativo de adiposidade entre os indivíduos. A segunda maneira é em combinação com equações matemáticas destinadas a predizer a densidade corporal ou o percentual de gordura corporal. 7.1.1 Pressupostos da técnica de dobras cutâneas De acordo com HEYWARD & STOLARCZYK (2000,p.14), os pressupostos da técnica de dobra cutânea são: - A DOC é uma boa medida da gordura subcutânea: a DOC é uma medida da espessura de duas camadas de pele e a gordura subcutânea adjacente. Pesquisas demonstraram que a gordura subcutânea, avaliada pelo método de DOC em doze locais, é similar ao valor obtido nas imagens de ressonância magnética (MRI). Entretanto, em alguns locais específicos, medidas de DOC AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 36 acusaram quantidades de gordura significativamente menores comparadas às medidas obtidas diretamente da MRI. - A distribuição da gordura subcutânea e interna é similar para todos os indivíduos do mesmo sexo: a validade deste pressuposto é questionável. Sujeitos mais velhos de um mesmo sexo e densidade corporal tem proporcionalmente menos gordura subcutânea que seus pares mais jovens. Além disso, o nível de gordura corporal afeta a quantidade relativa de gordura localizada internamente e sob a pele. Indivíduos magros têm uma proporção mais alta de gordura interna e a proporção de gordura localizada internamente diminui à medida que a gordura corporal total aumenta. - Devido à existência de uma relação entre gordura subcutânea e gordura corporal total, a soma de várias dobras cutâneas pode ser utilizada para estimar a gordura corporal total: pesquisas estabelecem que as espessuras das dobras cutâneas em diversos locais medem um fator comum de gordura corporal. Estabelece-se que aproximadamente um terço da gordura da gordura corporal total está localizada sob a pele nos homens e nas mulheres. Entretanto, existe uma variação biológica considerável nos depósitos de gordura subcutâneo, intramuscular e dentro dos órgãos internos, assim como nos lipídeos essenciais na medula óssea e no sistema nervoso central. A variação biológica na distribuição da gordura é afetada por idade, sexo e grau de obesidade. Portanto, esses fatores AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 37 precisam ser considerados ao se desenvolver equações de predição para estimar a gordura corporal relativa. 7.1.2 Princípios da técnica de dobras cutâneas - Há uma relação entre a somatória das DOC e a densidade corporal (Dc): essa relação é linear em amostras homogêneas (equações de DOC para grupos populacionais específicos) e não- linear em uma grande variação de Dc (equações generalizadas de DOC) tanto para homens como para mulheres. Uma reta de regressão linear, representando a relação entre o somatório de DOC e Dc, irá dispor bem os dados apenas dentro de uma estreita faixa de valores de gordura corporal. Assim, usar uma equação específica a um grupo populacional para estimar a Dc de clientes não-representativos dos grupos utilizados originalmente para desenvolver a equação pode levar a uma estimativa inexata da Dc desses clientes. - A idade é uma variável de predição independente da Dc tanto para homens como para mulheres: usar a idade e a expressão quadrada da soma das dobras cutâneas resulta em uma maior variação na Dc de uma população heterogênea em relação ao uso da somatória de Doc sozinha. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 40 - Tomar medidas de DOC, quando a pele do cliente estiver seca e sem loções; - Não medir DOC imediatamente após o exercício, porque a mudança dos fluidos corporais para a pele tende a aumentar o tamanho da DOC; - Praticar as medidas de DOC de 50 a 100 clientes; - Procurar treinamento adicional em workshops realizados em conferências estaduais, regionais e nacionais. Como se pode calcular são necessárias muita prática e paciência para se formar um avaliador de DOC habilidoso. Em certos casos, mesmo avaliadores altamente habilidosos não estão aptos a medir a espessura da DOC em indivíduos extremamente obesos ou altamente musculosos. Nesses casos, métodos alternativos, como o BIA, podem ser utilizados para avaliar a gordura corporal. 7.1.3.2 Tipo de adipômetros Tanto os adipômetros de metal de alta qualidade como os plásticos podem ser utilizados para medir a espessura das DOC. O custo dos adipômetros varia, dependendo dos materiais utilizados em sua confecção (mental e plástico) e a precisão e exatidão de sua escala de medida. Os modelos mais conhecidos são os da “SANNY”, “CESCORF”, "LANGE" e "HARPENDER". Esses aparelhos possuem características AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 41 especiais, sendo a mais importante a que faz com que esses apresentem uma pressão constante de preensão, independente da abertura do aparelho. Essa pressão é de aproximadamente 10 g/mm². Sua precisão de medida é de 0,1 mm no caso do Harpender, Cescorf e o Sanny e 0,5 mm no Lange. Figura 5 Modelos de adipômetros mais utilizados COSTA, STEFANONI & BÖHME (2001) que realizaram um estudo comparativo de diferentes compassos de dobras cutâneas utilizando as equações de PETROSKI (1995) – PE95 , JACKSON, POLLOCK & WARD (1980) – JPW80 , DURNIN & WOMERSLEY (1974) – DW74 e concluíram que, não houve diferença estatisticamente significativa entre os compassos para nenhuma das dobras avaliadas, bem como para nenhuma das equações utilizadas. Com isso concluíram que os quatro compassos podem ser utilizados, independentes do protocolo utilizado para avaliação. Dado que o tipo de adipômetro pode ser uma fonte potencial de erro de medida, nós recomendamos que: - Se use o mesmo adipômetro ao monitora mudanças na espessura das DOC. - Checagem periódica da exatidão do adipômetro. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 42 7.1.3.3 Fatores individuais A variabilidade em medidas de DOC entre indivíduos pode ser atribuída não apenas à diferença na quantidade de gordura subcutânea no local, mas à diferença na espessura da pele, compressibilidade do tecido adiposo, manuseio e nível de hidratação. A variabilidade interindividual na espessura da pele (0,5 a 2mm) é pequena e não contribui substancialmente para o erro total da medida de espessura da DOC. Entretanto, variação na compressibilidade da DOC pode ser um importante fator limitante do método de DOC. 7.1.3.4 Equações de predição de dobras cutâneas Para evitar erros acentuados é muito importante, quando da escolha de uma equação, verificar com base em que população ela foi elaborada: homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, indivíduos ativos, atletas, etc. Com relação a atletas, cabe ressaltar que existem equações para diversas modalidades esportivas. É necessário levar-se em consideração que estas equações normalmente vêm de outros países, o que também pode causar equívocos com relação aos resultados (COSTA, 1996). Tendo em vista a necessidade de minimizar os erros de predição das equações existentes, são encontrados numerosos estudos para testar a AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 45 de composição corporal, é necessário que ela seja testada em outras amostras da população. - Qual foi o valor da correlação (ry,y’,) entre a medida referência (y) e a prevista (y’) (coeficiente de validade)? Qual foi o valor do EPE quando a equação foi aplicada na amostra de validação cruzada? Em geral, uma equação com boa precisão deve ter um coeficiente de validade moderadamente alto (ry,y’,>80) e um EPE aceitável. - O valor predito médio foi similar ao valor de referência médio para a amostra de validação cruzada? A equação de predição deve gerar médias de predição comparáveis ás medidas de referência. Isso é testado usando-se o teste-t pareado. As duas médias não devem diferir significativamente. Uma grande diferença entre as médias de predição e de referência indica que há diferença sistemática (subestimada ou superestimada) entre as amostras de validação e de validação cruzada, devido a erro técnico ou variabilidade biológica (LOHMAN, 1981) - Qual foi o erro total (E) da equação? “E” representa o desvio médio dos valores individuais da reta de identificação. Quando uma equação prevê com boa precisão os valores de identidade com um pequeno grau de desvio ao longo da reta. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 46 7.1.4 Equações de regressão São apresentadas na literatura dezenas de equações de predição de densidade ou de gordura corporal a partir da medida da espessura de dobras cutâneas. Para desenvolver equações de predição de composição corporal, pesquisadores comumente usa uma técnica estatística chamada regressão múltipla. Esta técnica permite aos pesquisadores identificar uma equação que usa a melhor combinação de variáveis de medida para predizer as medidas de referência da composição corporal, como Dc ou MLG. Boas equações de predição apresentam uma alta correlação (denominada de coeficiente de correlação múltipla ou Rmc) entre a medida de referência (que está sendo predita) e a combinação das variáveis medidas usadas para predizê-la (variáveis de predição). O valor da medida de referência é estimado com uma pequena margem de erro (erro padrão da estimativa ou EPE), significando que o valor predito para o indivíduo está perto do valor para a medida de referência daquele indivíduo. A linha ajustada através dos pontos dos dados é a linha de melhor ajuste (linha de regressão). Quando o erro padrão de estimativa é pequeno, os pontos dos dados não se desviam muito da linha de melhor ajuste. Na verdade, se uma equação prediz cada valor de referência perfeitamente, todos os pontos dos dados vão cair ao longo de curva de melhor ajuste. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 47 Para utilizar uma equação de predição, os valores individuais para cada variável preditora devem ser multiplicados pela sua respectiva constante. Todos os produtos são somados para levar a um valor de predição para aquele indivíduo. As constantes (pesos de regressão) para as variáveis de predição são obtidas através da análise de regressões múltiplas. Uma boa equação tem pesos de regressão estável, significando que seus valores não mudam muito de grupo para grupo. Para obter pesos de regressão estáveis o pesquisador deve usar um número grande de sujeitos (a amostra de validação cruzada) e comparando esses pesos de regressão com aqueles obtidos da amostra original (amostra de validação). Para estabelecer a aplicabilidade da equação de predição a outras amostras independentes da população, devem ser executados procedimentos de validação cruzada adicionais. Estas equações são desenvolvidas usando-se tanto modelos de regressão linear (através de propostas com base em estudos de grupos homogêneos e populacionais específicos) quanto quadráticos (generalizadas, quando desenvolvidas a partir de estudos populacionais com grupos heterogêneos). As primeiras equações de regressão para a composição corporal que empregavam as técnicas antropométricas foram publicadas em 1951 por BROZEK & KEYS, que usuram as dobras corporais e equações específicas, para avaliar a densidade corporal de homens jovens e de meia idade. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 50 7.1.4.1 Equações de PARIZKOVA (1961) PARIZKOVA utilizou a tomada das dobras cutâneas triciptal no braço esquerdo e a subescapular no braço direito, dividindo a determinação do percentual de gordura em função do sexo e da faixa etária, preconizando os intervalos de 9 a 12 anos e 13 a 16 anos.1 E desenvolve equações de uma e de duas dobras, para predizer a densidade corporal deste grupo. Os três grandes problemas com a técnica de PARIZKOVA são: - A medida a dobra cutânea de tríceps no braço esquerdo, que corresponde uma medida não padronizada; - Não levar em conta o nível de maturidade sexual; e a - Utilização de um modelo de dois componentes, com a densidade da MLG igual a 1,10 g/cm³. No entanto, o terceiro problema pode ser amenizado, utilizando-se equações, baseadas em modelos de multicomponentes de conversão de densidade corporal para %GC, encontradas em HEYWARD & STOLARCZYK (2000,14), já que segundo POLLOCK (1993, 324), as equações possuem um fator de correlação aceitável entre (0,81 a 0,92) de densidade corporal. 1 CARNAVAL 1997,57 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 51 MENINAS DE 9 A 12 ANOS DC= 1,088 - 0,014 (log10 TR)-0,036 (log10 SE) Dc=1,079-0,043Log10(SE) %GC= [(5,35/Dc)-4,95]x1002 Este estudo foi realizado em 56 meninas na faixa etária de 9 a 12 anos, o erro padrão estimado (EPE) da equação foi calculado em 0,012 g/ml e a correlação múltipla(R) foi de 0,81. MENINAS DE 13 A 16 ANOS DC=1,114 - 0,031 (log10 TR) - 0,041 (log10 SE) DC=1,102-0,058 Log10(SE) %GC= [(5,10/Dc)-4,66]x1003 Amostragem de 62 meninas na faixa etária de 13 a 16 anos, o erro padrão estimado (EPE) da equação foi calculado em 0,010 g/ml e a correlação múltipla(R) foi de 0,82. MENINOS 9 A 12 ANOS DC= 1,1088 - 0,027 (log10 TR)-0,0388 (log10 SE) DC=1,1094-0,054 Log10(SE) %GC=[(5,30/Dc)-4,89]x1004 Esta equação envolveu 57 meninos de 9 a 12 anos, o erro padrão estimado (EPE) é de 0,011 g/ml e a correlação múltipla e de 0,92. MENINOS DE 13 A 16 ANOS DC=1,130 - 0,055 (log10 TR) - 0,026 (log10 SE) DC=1,131-0,083 Log10(SE) %GC=[(5,07/Dc)-4,64]x100 2 HEYWARD & STOLARCZYK, 2000,p.14 3 Id ibid. 4 Id Ibid. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 52 Não encontramos os valores de erro padrão estimado (EPE) e correlação múltipla para essa equação, em POLLOCK (1993,p.324-325). 7.1.4.2 Equação de FAULKNER (1968) As investigações sistemáticas sobre composição corporal, no Brasil, iniciaram-se, praticamente, na década de 70, sendo que a maior parte das publicações utilizava unicamente a equação de FAULKNER (1968), também conhecida de YUHASZ (1962), para caracterizar o percentual de gordura corporal (%GC). De acordo com CARNAVAL (1997, p.49) YAHASZ, no desenvolvimento de sua técnica, preconizava a utilização de 6 dobras (peito, tríceps, supra-iliaca, subescapular, abdominal – lado esquerdo- e coxa) e calculava o percentual de gordura usando a seguinte equação: %GC = 0,095 x Σ(das 6 Dobras)+3,64 Segundo CARNAVAL (op.cit) e FERNANDES (2003, p.64-65), FAULKNER, desenvolvendo pesquisa em nadadores americanos e observou que as medidas de peito e coxa constituíam-se em fatores de erro, passando a usar apenas 4 dobras (tríceps, subescapular, supra-íliaca e abdominal- lado direito) e calcula o percentual de gordura usando a seguinte fórmula: AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 55 7.1.4.3 Equações de DURNIN & RAHMAN (1967) Este estudo deve como amostra 86 crianças, sendo 48 do sexo masculino e 38 do sexo feminino com faixas etárias variando entre 12 e 15 anos a equação masculina deve densidade corporal média de 1,068 g/cm³ com desvio padrão de 0,013 g/cm³ e a feminina de 1,045 g/cm³ e desvio padrão de 0,011 g/cm³. O erro padrão estimado (EPE) foi de 0,008 g/ml e a correlação múltipla e de 0,76, para os meninos e 0,008 g/ml de EPE e 0,78 de correlação múltipla para as meninas. Tabela 4 Equações DURNIN & RAHMAN Sexo %GC Masculino %GC=1,1533 - 0,0643 log10 (BI+ TR+ SE+SI) Feminino %GC=1,1369 - 0,0598 log10 (BI+ TR+ SE+SI) 7.1.4.4 Equações de DURNIN & WOMERSLEY (1974) DURNIN & WOMERSLEY, foram os primeiros a considerar a abordagem generalizada. Estes autores publicaram equações representadas por uma única curva comum, mas que poderia ser ajustada para levar em conta a idade. Com base em estudo de 209 homens de 17 a 72 anos de idade e 272 mulheres de 16 a 68 anos de idade, propõe 10 equações por faixa etária e 2 generalizadas, para cada gênero. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 56 Tabela 5 Equações de DURNIN & WOMERSLEY Sexo Faixa Etária Equação 17-19 anos Dc=1,1620-0,0630 Log10(TR+BC+SE+SI) 20-29 anos Dc=1,1631-0,0632 Log10(TR+BC+SE+SI) 30-39 anos Dc=1,1422-0,544 Log10(TR+BC+SE+SI) 40-49 anos Dc=1,1620-0,0700 Log10(TR+BC+SE+SI) 50 a 72 anos Dc=1,1715-0,0779 Log10(TR+BC+SE+SI) Homens 17 a 72 anos Dc= 1,1765-0,0744 Log10(TR+BC+SE+SI) 16 a 19 anos Dc=1,1549-0,0678 Log10(TR+BC+SE+SI) 20 a 29 anos Dc=1,1599-0,0717 Log10(TR+BC+SE+SI) 30 a 39 anos Dc=1,1423-0,0612 Log10(TR+BC+SE+SI) 40 a 49 anos Dc=1,1333-0,0645 Log10(TR+BC+SE+SI) 50 a 68 anos Dc=1,1339-0,0645 Log10(TR+BC+SE+SI) Mulheres 16 a 68 anos D=1,1567-0,0717 Log10(TR+BC+SE+SI) BARRERA, SALAZAR, GAJARDO, GATTÁS & COWARD (1997) utilizaram a diluição isotópica de deutério como método referencial para testar a validade de três técnicas de determinação da composição corporal: absortometria radiológica de dupla energia, bio-impedanciometria, e espessura de dobras cutâneas, através da equação proposta por DURNIN & WOMERSLEY (1974). A amostra foi constituída de 31 homens saudáveis, na qual todos os métodos apresentaram resultados similares aos valores referenciais, conferindo validade aos mesmos para a avaliação da gordura corporal neste grupo. KURIYAN, PETRACCHI, FERRO-LUZZI, SHETTY & KURPAD (1998), utilizaram a pesagem hidrostática para testar a validade da impedância bioelétrica e da antropometria através da equação de DURNIN & WOMERSLEY (1974) em uma amostra composta por 99 homens e 89 mulheres do sul da Índia. Para ambos os sexos foram encontrados resultados AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 57 válidos tanto para a bio-impedância quanto para a equação de espessura de dobras cutâneas. Para converter Dc em %GC usa-se as seguintes fórmulas: Tabela 6 Equações de conversão de Dc para %GC Idade Sexo %GC Masculino (4,99/Dc)-4,55 17-19 Feminino (5,05/Dc)-4,62 Masculino (4,95/Dc)-4,50 20-80 Feminino (5,01/Dc)-4,57 7.1.4.5 Equações de JACKSON & POLLOCK (1975-1978-1980) POLLOCK (1975) realizou um estudo em 83 mulheres jovens com idade variando entre 18 a 29 anos e criou uma equação de 4 dobras para estimar a densidade corporal. Está equação têm uma correlação múltipla R = 0,84 e erro padrão estimado EPE de 0,008g/cm³ Dc = 1,096095-0,0006952(X1)+0,0000011(X1)-0,0000714(X2) Onde: Dc= Densidade Corporal X1=∑4DOC (tríceps + supra-ilíaca + abdome +coxa) X2 = Idade em anos SINNING & WILSON (1984) relataram que essa equação estimou com validade a gordura corporal média de mulheres atletas partindo de dez diferentes esportes universitários (EPE=3,2%GC). Sendo então recomendada para mulheres atletas jovens e adolescentes. E a equação de para converter Dc em %GC é: AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 60 indica erros de predição variando entre 2,6% GC e 3,5% GC (McLean & Skinner, 1992). O Percentual de gorduras das duas equações 3 e 7 dobras podem ser obtidos pela equação: %GC = [(4,95/Dc)-4,5]x100 Em 1980, JACKSON et al proporão equações para a estimativa da densidade corporal de mulheres, com base em estudos de 249 individuas de 18 a 55 anos de idade, utilizando-se de soma de 7 e 3 dobras cutâneas. Equação de 7 dobras para mulheres de 18 a 55 anos. A correlação múltipla (R) da equação é de 0,85 e o erro padrão estimado de densidade (EPE.Dc) é de 0,008. Dc = 1,097-0,00046971(X1)+0,00000056(X1)²-0,00012828(X2) Onde: Dc= Densidade Corporal X1=∑7DOC (peitoral + axilar medial + tríceps + subescapular + supra-ilíaca + abdome +coxa) X2 = Idade em anos A conversão de Dc para %GC pode ser feita pela equação: %GC=[(5,01/Dc)-4,57]x100 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 61 As equações de DOC generalizadas de JACKSON, POLLOCK & WARD (1980) mostraram boa validade de predição (EPE=2,9% GC 3,5% GC) e pequenas diferenças (0,3% GC a 1,3% GC), quando são utilizadas para estimar a gordura corporal de mulheres brancas (EATON, ISRAEL, O’BRIEN, HORTOBAGYI & McCAMMON, 1993). Do mesmo modo como ocorrem com os homens, essas equações geralmente funcionam melhor quando aplicadas a mulheres não-obesas. HEYWARD, COOK et al., (1992) observou em seus estudos que a equação de JACKSON de 3DOC subestimou significativamente a média da gordura corporal de mulheres obesas em 3,7% GC. Da mesma forma, PAIJMAS et al. (1992) relataram que a gordura corporal média de mulheres e homens brancos obesos era subestimada em 5,5% GC. Equação de 3 dobras para mulheres de 18 a 55 anos. A correlação múltipla (R) da equação é de 0,84 e o erro padrão estimado de densidade (EPE) é de 0,009. Dc= 1,0994921-0,0009929(X1)+0,0000023(X1)²-0,0001392(X4) Onde: X1= Σ(TR+SI+CX) X2 = Idade Anos A equação de conversão de densidade corporal em %GC é a mesma da equação de 7 DOC para mulheres. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 62 É importante salientar que as equações generalizadas de DOC de JACKSON & POLLOCK (1978-1980) são baseadas em um modelo quadrático que usa a somatória de três ou sete dobras e a idade para predizer a Dc. Estas equações foram desenvolvidas para homens (18 a 61 anos) e mulheres (18 a 55 anos), e, portanto, podem não ser aplicável em indivíduos que excedam tais limites de idade. HEYWARD & STOLARCZYK (op. cit, p.151) dizem que até o momento não há equações antropométricas, de dobras cutâneas (DOC), impedância bioelétrica (BIA) ou de interactância de infravermelho (NIR) desenvolvidas especificamente para mulheres anoréxicas, sugerindo então, que para este público, deve-se usar a equação de 3DOC de JACKSON (1980) para predizer a Dc e usar a seguinte fórmula para converter Dc em %GC: %GC = [(5,26/Dc)-4,83]x100 CLASEY, KANALEY, WIDEMAN, HEYMSFIELD, TEATES, GUTGESSEL, THORNER, HARTMAN & WELTMAN (1999), apud COSTA (2001, p.30) examinaram a validade de diferentes métodos de determinação da composição corporal, sendo que um deles foi o método antropométrico, por meio das equações de JACKSON & POLLOCK (1978) para homens, e JACKSON, POLLOCK & WARD (1980) para mulheres, utilizando como método de referência o modelo de 4 componentes proposto por HEYMSFIELD, LICHTMAN, BAUMGARTNER, WANG, KAMEN, ALIPRANTIS & PIERSON Jr. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 65 Tabela 9 Estimativa do percentual de gordura de POLLOCK, para mulheres a partir da idade e do somatório das dobras cutâneas do tórax, suprailíaca e coxa Idade Σ(TC+SI+CX) <22 23-27 28-32 33-37 38-42 43-47 48-52 53-57 >58 23-25 9,4 9,7 10,0 10,3 10,6 10,9 11,2 11,5 11,8 26-28 10,5 10,8 11,1 11,4 11,8 12,1 12,4 12,7 13,0 29-31 11,7 12,0 12,3 12,6 12,9 13,2 13,5 13,8 14,1 32-34 12,8 13,1 13,4 13,7 14,0 14,3 14,6 14,9 15,2 35-37 13,9 14,2 14,5 14,8 15,1 15,4 15,7 16,1 16,4 38-40 15,0 15,3 15,6 15,9 16,2 16,5 16,8 17,2 17,5 41-43 16,1 16,4 16,7 17,0 17,3 17,6 17,9 18,2 18,6 44-46 17,1 17,4 17,7 18,1 18,4 18,7 19,0 19,3 19,6 47-49 18,2 18,5 18,8 19,1 19,4 19,7 20,1 20,4 20,7 50-52 19,2 19,5 19,8 20,2 20,5 20,8 21,1 21,4 21,7 53-55 20,2 20,6 20,9 21,2 21,5 21,8 22,1 22,5 22,8 56-58 21,2 21,6 21,9 22,2 22,5 22,8 23,2 23,5 23,8 59-61 22,2 22,6 22,9 23,2 23,5 23,8 24,2 24,5 24,8 62-64 23,2 23,5 23,9 24,2 24,5 24,8 25,1 25,5 25,8 65-67 24,2 24,5 24,8 25,1 25,5 25,8 26,1 26,4 26,8 68-70 25,1 25,4 25,8 26,1 26,4 26,7 27,1 27,4 27,7 71-73 26,1 26,4 26,7 27,0 27,4 27,7 28,0 28,3 28,7 74-76 27,0 27,3 27,6 28,0 28,3 28,6 28,9 29,3 29,6 77-79 27,9 28,2 28,5 28,9 29,2 29,5 29,8 30,2 30,5 80-82 28,8 29,1 29,4 29,7 30,1 30,4 30,7 31,1 31,4 83-85 29,6 30,0 30,3 30,6 30,9 31,3 31,6 31,9 32,3 86-88 30,5 30,8 31,1 31,5 31,8 32,1 32,5 32,8 33,1 89-91 31,3 31,6 32,0 32,3 32,6 33,0 33,3 33,6 34,0 92-94 32,1 32,5 32,8 33,1 33,5 33,8 34,1 34,5 34,8 95-97 32,9 33,3 33,6 33,9 34,3 34,6 34,9 35,3 35,6 98-100 33,7 34,1 34,4 34,7 35,1 35,4 35,7 36,1 36,4 101-103 34,5 34,8 35,2 35,5 35,8 36,2 36,5 36,8 37,2 104-106 35,2 35,6 35,9 36,2 36,6 36,9 37,3 37,6 37,9 107-109 36,0 36,3 36,6 37,0 37,3 37,7 38,0 38,3 38,7 110-112 36,7 37,0 37,4 37,7 38,0 38,4 38,7 39,1 39,4 113-115 37,4 37,7 38,1 38,4 38,7 39,1 39,4 39,8 40,1 116-118 38,0 38,4 38,7 39,1 39,4 39,8 40,1 40,4 40,8 119-121 38,7 39,0 39,4 39,7 40,1 40,4 40,8 41,1 41,5 122-124 39,3 39,7 40,0 40,4 40,7 41,1 41,4 41,8 42,1 125-127 40,0 40,3 40,7 41,0 41,3 41,7 42,0 42,4 42,7 128-130 40,6 40,9 41,3 41,6 41,9 42,3 42,6 43,0 43,3 131-133 41,2 41,5 41,8 42,2 42,5 42,9 43,2 43,6 43,9 134-136 41,7 42,1 42,4 42,8 43,1 43,4 43,8 44,1 44,5 137-139 42,3 42,6 43,0 43,3 43,6 44,0 44,3 44,7 45,0 140-142 42,8 43,1 43,5 43,8 44,2 44,5 44,9 45,2 45,6 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 66 7.1.4.6 Equações de LOHMAN (1981-1986) LOHMAN desenvolveu com base em estudos com homens universitários e colegiais uma equação de dobras cutâneas para determinar a densidade corporal que depois foi modificada por THORLAND et ali (1991) para determinar o peso mínimo para lutadores universitários. Dc = 1,0973-0,000815 Σ(TR+SE+AB)+0,00000084 Σ(TR+SE+AB)² Para converter Dc em %GC, use as seguintes equações: Tabela 10 Equações de convenção de Dc para percentual de gordura de acordo com a idade Idade Equação 13 a 16 anos %GC=[(5,07/Dc)-4,64]x100 17 a 19 anos %GC=[(4,99/Dc)-4,55]x100 20 anos ou mais %GC=[(4,95/Dc)-4,55]x100 LOHMAN (1986), analisando trabalhos de autores como FORBES (1970), HASCHKE et al (1981), FOMON et al (1982) MURHERJEE & ROCHE (1984), apresentou equações para estimar a gordura corporal em crianças e jovens de 7 a 16 anos, apoiando-se nos pressupostos de BOILEAU et al (1985) sobre a imaturidade química de crianças. A equação de LOHMAN (1986) para crianças e jovens de 6 a 16 anos de idade: %GC = 1,35(TR + SB) – 0,012(TR+SB)² - C Onde: TR e SB, são as dobras triciptal e subescapular C = Constante de ajuste por sexo, de acordo com a tabela abaixo AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 67 Tabela 11 Constate de ajuste por idade de acordo com o sexo Sexo/idade 7 10 13 16 Masculino 3,4 4,4 5,4 6,4 Feminino 1,4 2,4 3,4 4,0 PIRES NETO & PETROSKI (1996), apud FERNANDES (op.cit, p.63), percebendo que entre 7 e 10 anos, entre 10 e 13 anos e entre 13 e 16 anos, existiam diferenças estruturais entre o corpo da criança e o do adolescente, propuseram valores intermediários às idades e raça, para serem utilizados na equação de LOHMAN (1986). Tabela 12 Tabela de constantes por idade, sexo e raça Sexo Raça 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Branca 3,1 3,4 3,7 4,1 4,4 4,7 5,0 5,4 5,7 6,1 6,4 6,7 Masculino Negra 3,7 4,0 4,3 4,7 5,0 5,3 5,6 6,0 6,3 6,7 7,0 7,3 Branca 1,2 1,4 1,7 2,0 2,4 2,7 3,0 3,4 3,6 3,8 4,0 4,4 Feminino Negra 1,4 1,7 2,0 2,3 2,6 3,0 3,3 3,6 3,9 4,1 4,4 4,7 7.1.4.7 Equações de KATCH & McARDLE (1983) Para estimativa de Densidade Corporal em universitários de ambos os sexos, sendo que foram estudados 53 homens e 69 mulheres, são propostas 7 equações, 3 para homens e 4 para mulheres, utilizando-se valores só de dobras cutâneas, de dobras cutâneas e perímetros, dobras cutâneas e diâmetros ósseo e só de perímetros. Homens Dc=1,10986 - 0,00083(TR) - 0,00087(SE) - 0,00098(C-AB) +0,0021(ANT.B) Dc=1,09665-0,00103(TR) - 0,00056(C-AB) – 0,00054(AB) Dc=1,112691-0,00357(C-B)-0,00127(C-AB)+0,00524(ANT.B) AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 70 elevado para todas as equações, indicando a necessidade de se derivar equações específicas para jovens com estas características. HOUSH, JOHNSON, HOUSH, ECKERSON & STOUT (1996) examinaram a validade de 11 equações de dobras cutâneas para a predição de densidade corporal e porcentagem de gordura, utilizando a pesagem hidrostática, em um grupo de 73 ginastas jovens do sexo feminino. Os resultados do estudo indicaram que das 11 equações testadas apenas a equação de THORLAND, JOHNSON, THARP HOUSH & CISAR (1984), de soma de três dobras cutâneas, atendeu a todos os critérios de validação, sendo que das demais equações, 6 foram consideradas aceitáveis e as outras 4 inadequadas para o grupo estudado. 7.1.4.10 Equações de BOILEAU (1985) É um estudo realizando em indivíduos de 8 a 28 anos, que forneceu as seguintes equações. Acreditamos que com base nesse estudo SLAUGHTER et al (1988) tenha desenvolvido suas equações, que levaram em conta níveis de maturidade sexual e raça. Tabela 15 Equações de BOILEAU Masculino %G=1,35 (TR+SE) -0,012 (TR+SE)² - 4,4 Feminino %G=1,35 (TR+SE) - 0,012 (TR+SE)² - 2,4 Onde: TR= dobra triciptal SE= dobra subescapular AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 71 7.1.4.11 Equações de GUEDES (1985) Um grande avanço no estudo da composição corporal, no Brasil, ocorreu a partir da década de 80, com o estudo de GUEDES (1985), onde o mesmo divulgou as primeiras equações específicas para a estimativa da densidade corporal a partir de espessura de dobras cutâneas, de um grupo de estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (RS), sendo 110 homens e 96 mulheres entre 18 e 30 anos de idade. Assim, a quantidade de gordura corporal pode ser estimada a partir de universitários, utilizando as equações de conversão de densidade corporal e percentual de gordura, citadas na tabela 1.6 de HEYWARD & STOLARCZYK (2000, p.14). HOMENS Dc= 1,1714-0,0671Log10(TR+SI+AB) %GC = (4,95/Dc)-4,5 MULHERES Dc=1,1665-0,0706Log10(CX+SI+SE) %GC = (5,01/Dc)-4,57 Acredita-se que os próximos na área deverão validar as equações de GUEDES (1985) para outros grupos populacionais. Até o presente momento não encontramos relatos ou artigos científicos que abordassem sobre a validade e fidedignidade da equação de GUEDES, no entanto, acreditamos que as equações propostas por GUEDES sejam validas para a população brasileira AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 72 e podem ser utilizadas para pessoas de ambos os sexos, cuja idade estejam entre 18 e 30 anos. Considerando-se que nem sempre temos uma calculadora científica para cálculos logarítmicos, GUEDES formulou duas tabelas para conversão imediata dos valores da somatória das três dobras cutâneas em valores percentuais (%) de gordura corporal. 7.1.4.12 Equações de SLAUGHTER (1988) Baseados em estudos de 310 indivíduos de 7 a 18 anos, estas estão entre as mais indicadas para a predição de gordura corporal em crianças e adolescentes, de 7 a 18 anos, principalmente pela preocupação de levar em consideração o nível maturacional e o aspecto racial. Estas equações usam a somatória (∑) de duas dobras cutâneas (DOC do tríceps + subescapular ou tríceps + panturrilha) para predizer a %GC. O erro de predição para essas equações variou entre 3,6 e 3,9 %GC. Essas equações podem ser usadas para avaliar as composições corporais de meninos e meninas, negros e brancos, de oito a dezessete anos de idade. Equações separadas foram desenvolvidas para crianças cuja ∑ DOC seja menor ou maior que 35mm. As equações para a determinação dos percentuais de gordura são as seguintes: AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 75 De acordo com PETROSKI (1996, 92) a vantagem das equações generalizadas sobre as específicas é que elas minimizam os erros de predição que ocorrem nos extremos da distribuição da densidade. Com isso, uma equação pode ser aplicada a muitas populações sem perder a acuracidade. As equações para o sexo masculino apresentam as seguintes correlações múltiplas: R = 0,881, 0,875, 0,873 e 0,885 e erros padrões de estimativa EPE= 0,0074, 0,0075, 0,0075 e 0,0072 g/ml, respectivamente com a ordem apresentada. Enquanto que as equações generalizadas para o sexo feminino, as correlações múltiplas (R) e erros padrões de estimativa (EPE) foram: R = 0,863, 0,854, 0,864 e 0,862; e EPE = 0,0064, 0,0066, 0,0064 e 0,0065 g/ml, respectivamente com a ordem apresentada. As equações masculinas foram validadas em uma amostra de 87 homens com idade entre 18 e 56 anos. Já as femininas foram validadas em uma amostra de 68 mulheres com idade entre 18 e 51 anos. Os resultados encontrados na validação confirmam que essas equações podem ser utilizadas para predizer a densidade corporal em amostra heterogênea de idade, aptidão física e composição corporal. COSTA (1999, sp.) apresenta mais uma equação de 4 DOC de PETROSKI, para mulheres: Dc = 1,1954713-0,07513507Log10(X3)-0,00041072 (X2) Onde: X3 = Axilar Medial + Supaíliaca+ Coxa + Panturrilha Medial X2 = Idade em anos. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 76 Para conversão de Dc em %GC podemos utilizar as equações propostas por HEYWARD & STOLARCZYK (2000, 14) para bancos de 20 a 80 anos. Tabela 18 Fórmulas para conversão de Dc em %GC Sexo %GC Masculino %GC = ((4,95/Dc)-4,5)x100 Feminino %GC = ((5,01/Dc)-4,57)x100 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 77 Tabela 19 Estimativa do Percentual de Gordura para Homens de acordo com PETROSKI, a partir do Somatório das Dobras Subescapular, Triceps, Suprailíaca, Panturrilha Medial* Idade Σ (SE+TR+SI+PM) <22 23-27 28-32 33-37 38-42 43-47 48-52 53-57 >58 32-34 10,7 11,6 12,5 13,4 14,3 15,2 16,1 17,1 18,0 35-37 11,6 12,5 13,4 14,3 15,2 16,1 17,0 17,9 18,9 38-40 12,4 13,3 14,2 15,1 16,0 17,0 17,9 18,8 19,7 41-43 13,2 14,2 15,1 16,0 16,9 17,8 18,7 19,7 20,6 44-46 14,1 15,0 15,9 16,8 17,7 18,6 19,6 20,5 21,4 47-49 14,9 15,8 16,7 17,6 18,5 19,5 20,4 21,3 22,3 50-52 15,7 16,6 17,5 18,4 19,3 20,3 21,2 22,1 23,1 53-55 16,4 17,4 18,3 19,2 20,1 21,1 22,0 22,9 23,9 56-58 17,2 18,1 19,0 20,0 20,9 21,8 22,8 23,7 24,7 59-61 17,9 18,9 19,8 20,7 21,7 22,6 23,5 24,5 25,4 62-64 18,7 19,6 20,5 21,5 22,4 23,4 24,3 25,2 26,2 65-67 19,4 20,3 21,3 22,2 23,1 24,1 25,0 26,0 26,9 68-70 20,1 21,0 22,0 22,9 23,9 24,8 25,8 26,7 27,7 71-73 20,8 21,7 22,7 23,6 24,6 25,5 26,5 27,4 28,4 74-76 21,5 22,4 23,3 24,3 25,2 26,2 27,1 28,1 29,1 77-79 22,1 23,1 24,0 25,0 25,9 26,9 27,8 28,8 29,8 80-82 22,8 23,7 24,6 25,6 26,6 27,5 28,5 29,4 30,4 83-85 23,4 24,3 25,3 26,2 27,2 28,2 29,1 30,1 31,1 86-88 24,0 24,9 25,9 26,9 27,8 28,8 29,7 30,7 31,7 89-91 24,6 25,5 26,5 27,5 28,4 29,4 30,4 31,3 32,3 92-94 25,2 26,1 27,1 28,0 29,0 30,0 31,0 31,9 32,9 95-97 25,7 26,7 27,6 28,6 29,6 30,6 31,5 32,5 33,5 98-100 26,3 27,2 28,2 29,2 30,1 31,1 32,1 33,1 34,1 101-103 26,8 27,8 28,7 29,7 30,7 31,7 32,6 33,6 34,6 104-106 27,3 28,3 29,3 30,2 31,2 32,2 33,2 34,1 35,1 107-109 27,8 28,8 29,8 30,7 31,7 32,7 33,7 34,7 35,7 110-112 28,3 29,3 30,2 31,2 32,2 33,2 34,2 35,2 36,2 113-115 28,8 29,7 30,7 31,7 32,7 33,7 34,6 35,6 36,6 116-118 29,2 30,2 31,2 32,1 33,1 34,1 35,1 36,1 37,1 119-121 29,6 30,6 31,6 32,6 33,6 34,6 35,5 36,5 37,5 122-124 30,1 31,0 32,0 33,0 34,0 35,0 36,0 37,0 38,0 125-127 30,5 31,4 32,4 33,4 34,4 35,4 36,4 37,4 38,4 128-130 30,8 31,8 32,8 33,8 34,8 35,8 36,8 37,8 38,8 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 80 7.2.2 Equações de predição de circunferências Apesar de alguns modelos antropométricos de predição incluir combinações de dobras cutâneas, circunferência e diâmetros ósseos para estimar a composição corporal, apenas aquelas equações utilizando circunferências como fatores de predição serão abordados nessa sessão, devido as seguintes razões: - A validade de predição de equações de predição de circunferência não é muito melhorada com a adição de medidas de dobras cutâneas, em alguns casos como na equação de McARDLE, são invalidas. - Equações antropométricas usando apenas circunferências como fator de predição estimam a gordura corporal de indivíduos obesos com mais exatidão que equações de predição de dobras cutâneas (SEIP & WELTAMN, 1991) - Comparando com as dobras cutâneas, as circunferências podem ser medidas com menor possibilidade de erro. - Alguns avaliadores podem não ter acesso a adipômetros. Dentre as equações que podem ser utilizadas para determinação do percentual de gordura que utilizam as medidas de circunferência vamos citar as equações de KATCH & McARDLE (1983), WELTMAN et al (1987-1988) e DOTSON & DAVIS (1991). AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 81 7.2.2.1 Equações de KATCH & McARDLE (1983) KATCH & McARDLE, através de estudo realizado em dois grupos compostos por indivíduos de ambos os sexos um com idade variando de dezessete a vinte e seis anos e outro de vinte e sete a cinqüenta anos estes autores apresentaram uma proposta que pode ser utilizada na predição do percentual de gordura. A gordura corporal é calculada a partir das equações abaixo de acordo com as características dos avaliados: MULHERES de 17 a 26 anos Destreinadas %GC=[(0,509+26,73.C-AB)/50,8]+[(0,1594+41,61.C-CX)/50,8]-[(60,35.Ant B-0,1524)/35,554] - 19,6 Treinadas %GC=[(0,509+26,73.C-AB)/50,8]+[(0,1594+41,61.C-CX)/50,8]-[(60,35.Ant B-0,1524)/35,554] - 22,6 MULHERES de 27 a 50 anos Destreinadas %GC=[(0,127+23,75.C-AB)/50,805]+[(24,73.C-CX-0,0508)/50,8]-[21,69.C-P/38,1]-18,4 Treinadas %GC=[(0,127+23,75.C-AB)/50,805]+[(24,73.C-CX-0,0508)/50,8]-[21,69.C-P/38,1]-18,4 HOMENS de 17 a 26 anos Destreinado %GC=[(0,2032+55,51.C-B)/38,1]+[(27,55.C-AB+0,5334)/53,34]-[( 0,1778+81,44.Ant B)/38,1]- 10,2 Treinado %GC=[(0,2032+55,51.C-Br)/38,1]+[(27,55.C-AB+0,5334)/53,34]-[( 0,1778+81,44.Ant B)/38,1]- 14,2 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 82 HOMENS de 27 a 50 anos Destreinado %GC=[(22,005.C-Q)/53,34]+[(0,381+17,46.C-AB)/49,53]-[(33,77.Ant B.-0,17490)/28,57]-15 Treinado %GC=[(22,005.Q)/53,34]+[(0,381+17,46.AB)/49,53]-[(33,77.Ant B.-0,17490)/28,57]-19 7.2.2.2 Equações WELTMAN et al (1987-1988) Esses autores desenvolveram em 1987 uma equação para homens obesos de (30 a 45% de gordura corporal), com idade entre vinte e quatro a sessenta e oito anos, utilizando circunferências abdominais e peso corporal como preditores. Posteriormente (1988) em estudo similar envolvendo mulheres de vinte a sessenta anos, desenvolveram outra equação antropométrica para estimar a gordura corporal em obesas. Ainda em 1988 foram desenvolvidas equações antropométricas generalizadas para estimar a Dc, a partir de medidas de circunferências em mulheres (15 a 79 anos) e homens (21 a 78 anos). A avaliação cruzada dessas equações indicou que a validade de predição da equação para mulheres era boa (erro padrão de estimativa ou EPE = 0,0082 g/cm³), mas o EPE para a equação dos homens (0,0107g/cm³) era insatisfatória. Dessa forma, não recomendamos essa equação para estimar a DC de homens idosos. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 85 8 FRACIONAMENTO DA MASSA CORPORAL TOTAL Após estabelecer o percentual de gordura, pode facilmente obter os valores absolutos dos componentes da composição corporal, utilizando-se as equações de decomposição da composição corporal de dois ou mais compartimentos. A primeira tentativa de fracionamento da massa corporal (peso) foi desenvolvida por MATIEGKA (1921) que desenvolveu uma série de equações para estimar o peso da pele mais o tecido adiposo subcutâneo, dos músculos esqueléticos, dos ossos e do tecido residual (órgãos e vísceras), mas que não teve grande repercussão entre os estudiosos da composição corporal, pois ao somar os valores obtidos por seu método para cada um dos componentes encontravam-se, muitas vezes, valores bastante discrepantes em relação ao peso corporal total do indivíduo. O próprio MATIEGKA em um de seus estudos reconheceu a necessidade de novos estudos com cadáveres, para validar os coeficientes que verificou. Com o propósito de oferecer maior clareza e objetividade á analise e a interpretação dos diferentes componentes e suas implicações, tornou-se habitual considerar a composição corporal sob um sistema de dois componentes. O modelo clássico de dois componentes divide a massa corporal total em compartimentos de gordura (MG) e massa livre de gordura (MLG). A AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 86 aplicação deste modelo de dois componentes requer os seguintes pressupostos (BROZEK et al., 1963; SIRI, 1961) apud HEYWARD & STOLARCZYK (2000, 9): 1. A densidade da gordura é de 0,901 g/cm³; 2. A densidade da MLG é de 1,10 g/cm³ 3. As densidades de gordura e dos componentes da MLG (água, proteínas, minerais) são as mesmas para todos os indivíduos; 4. O indivíduo avaliado difere do corpo referencial apenas na quantidade de gordura. A MLG do corpo referencial é estabelecida como 73,8% de água, 19,4% de proteínas e 6,8% de minerais. Esse modelo de dois componentes tem servido como fundamento sobre o qual o método de hidrodensiometria (pesagem subaquática) é baseado. Usando-se as proporções estabelecidas e suas respectivas densidades, equações podem ser derivadas para converter a densidade corporal total do indivíduo (Dc) na pesagem hidrostática em proporções relativas de gordura corporal (%GC). Duas equações comumente utilizadas são a equação de SIRI (1961) & a equação de BROZEK (1963): %GC=[(4,95/Dc)-4,5]x100 (SIRI, 1961) %GC=[(4,57/Dc)-4,142]X100 (BROZEK, 1963) AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 87 Essas duas equações levam a estimativas de %GC similares para densidade corporais variando entre 1,0300 a 1,0900 g/cm³. Por exemplo, se a densidade corporal medida é de 1,0500 g/cm³, as estimativas de %GC, obtidas substituindo-se esse valor nas equações de SIRI & BROZEK et al., são, respectivamente, de 21,4 e 21,0%. Geralmente, as equações do modelo de dois componentes fornecem estimativas mais precisas de %GC à medida que os pressupostos básicos do modelo são alcançados. Entretanto, não há garantia de que a composição de MLG de um indivíduo dentro de um subgrupo populacional irá apresentar exatamente os valores estabelecidos para o corpo referencial. Na realidade, pesquisadores têm relatado que essas equações produzem erros sistemáticos de predição, quando são aplicados a subgrupos populacionais cujas densidades de MLG variam do valor estabelecido (1,10 g/cm³) e usado para derivar essas equações. Avanços tecnológicos recentes para medir os compartimentos da MLG, água (diluição isotópica), minerais (absortometria de raio X de dupla energia) e proteínas (análise de ativação de nêutrons), permitiram aos pesquisadores quantificar a composição de MLG in vivo, usando modelos multicomponentes que levaram em conta variações individuais nos compartimentos de água e minerais da MLG. Esses estudos demonstraram surpreendente concordância entre a densidade assumida de MLG (1,10 g/cm³) e a estimativa do modelo AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 90 8.2 Fracionamento da composição corporal em quatro componentes DRINKWATER & ROSS (1980) propuseram uma técnica de fracionamento da Massa Corporal Total (MCT) em quatro compartimentos, Massa Gorda (MG), Massa Óssea (MO), Massa Muscular (MM) e Massa Residual (MR), representada pela expressão: MCT = MG + MO + MM + MR Onde: MCT = Massa Corporal Total MG = Massa Gorda* MO = Massa Óssea MR = Massa Residual MM = Massa Muscular 8.2.1 Massa óssea (MO) Com o grande desenvolvimento da cineantropometria em nosso país na década de 70, devido o intercambio Brasil x USA, o laboratório de fisiologia do exercício da Universidade federal do Rio de Janeiro, através de um grupo de pesquisadores liderados por ROCHA, criaram uma equação a partir da fórmula de Von Döblen, relativamente simples para determinação da Massa Óssea (MO): MO = 3,02 (H².U.F.400)0,712 Onde: H = Estatura (m) U = Diâmetro Biepicondiliano do Úmero (m) F = Diâmetro Biepicondiliano do Fêmur (m) * Idem ao de dois compartimentos MG = %GC x MCT x 100 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 91 8.2.2 Massa residual (MR) A massa residual é calculada é calculada pela relação proposta por WÜRCLE (CARNAVAL 1997, p.64 & FARINATTI, 2000, p.298) PR Homens = MCT. 24,1% PR Mulheres = MCT 20,9% 8.2.3 Massa muscular (MM) A massa muscular em função do funcionamento corporal proposto por MATIEGKA. MM = MCT – (MG+MO+MR) Onde: MM = Massa Muscular MCT = Massa Corporal Total MG = Massa Gorda MO = Massa Óssea MR = Massa Residual 8.3 Massa ideal (MI) A massa ideal, ou peso ideal como é conhecida é definida como o peso que possibilita ao indivíduo obter o máximo rendimento em qualquer atividade e mostrar os desvios da normalidade. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 92 Em outras palavras, seria aquele que está associado ao menor risco de comprometimento da saúde, especialmente por doenças crônico- degenerativas, como por exemplo: Diabetes, Hipertensão, Hiperlipemias, dentre outras. Diversos métodos podem ser utilizados para o cálculo de massa ideal. 8.3.1 Relações entre peso e estatura As relações entre peso e estatura são instrumentos prático, simples que pode ser utilizado para estimar a, massa corporal desejável. Sua utilização baseia-se em índices como: Estatura/Peso, Estatura e Circunferência do Punho e Estatura² x IMC Médio. 8.3.1.1 Estatura/Peso Essa é a mais popular forma de determinar a massa corporal desejável, é conhecida como equação de BROCA. MI = H -100 Onde: MCD = massa ideal em (kg) H = estatura em (cm) A classificação para indivíduos adultos de acordo com o sexo é a seguinte: AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 95 Levando em conta essa relação McARDLE (1992, p.404) diz que a massa ideal pode ser determinada com base em um nível desejado de gordura corporal utilizando a seguinte equação: MI = MLG x 100/100-%GCIdeal Onde: MLG = Massa Livre em Gordura %GCIdeal = Percentual de Gordura Corporal Ideal ou Desejável McARDLE(op.cit), considerando como valores de percentagem (%GC) ideal teórica de gordura 15% para homens e 25% para mulheres, calcula a massa ideal (MI) teórico e também os excessos ou déficit de peso corporal. Da seguinte forma: MI p/ Homens=MLG/0,85 MI p/ Mulheres=MLG/0,75 A Massa Corporal em Excesso (ME) ou Déficit (MD) é igual a: ME = MCT - MI No entanto, acredito que o mais importante, na analise da composição corporal é determinar o percentual de gordura corporal ideal, é ter o conhecimento das faixas onde poderemos classificar o indivíduo, dentro dos limites de risco superior e inferior e desta forma, encontrar o valor que mais se adeqüei a ele. Com esse objetivo, apresentaremos uma série de tabelas que fornecem valores médios de referência do percentual de gordura corporal para populações específicas. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 96 Na tabela 21 encontramos os valores de percentuais de gordura desejável (ideais) para pessoas sedentárias levando em conta a faixa etária, de acordo com ACSM, apud Physical Test versão 3.1 for Windows, 1998. Tabela 21 Gordura desejável para adultos sedentários. Fonte: ACSM Faixa Etária (em anos) Masculino Feminino 20- 29 14% 19% 30-39 16% 21% 40-49 17% 22% 50-59 18% 23% >60 21% 26% A tabela 22 apresenta os percentuais de gordura para determinadas modalidades desportivas de acordo com COSSENZA apud CARNAVAL (op.cit, p. 62): Tabela 22 Valores Médios de Percentuais de Gordura para Algumas Modalidades Desportivas Modalidades Homens Mulheres Corrida velocidade 10% 17% Corrida meio-fundo 9% - Corrida fundo 9% 12% Saltos - 20% Atletismo Lançamentos 17% 26% Basquete 9% 22% Ciclismo 8% 15% Remo 11 a 14% 9% Tênis 12 a 16% 15 a 20% Saltadores 7% 17% Arremessadores 16 a 20% 24 a 28% Velocidade 6 a 10% 8 a 12% Natação Fundo 8 a 12% 10 a 14% AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA Projeto de elaboração de sistema de informações Leonardo de Arruda Delgado 97 REFERÊNCIAS ARAÚJO, Cláudio Gil Soares de. Manual de teste de esforço. 2 ed. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1984. BARBANTI, Valdir J. Aptidão física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990. 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