Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Exercício físico para crianças e adolescentes, Exercícios de Engenharia Civil

Artigo sobre exercícios físicos para crianças e adolescentes

Tipologia: Exercícios

2010

Compartilhado em 16/02/2010

allan-c-1
allan-c-1 🇧🇷

4.7

(18)

65 documentos

1 / 5

Documentos relacionados


Pré-visualização parcial do texto

Baixe Exercício físico para crianças e adolescentes e outras Exercícios em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity! 520 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 6 – Nov/Dez, 2004 * Apoio FAPESP: processo nº 04/07007-1. 1. Mestranda em Pediatria pelo Programa de Pós-Graduação em Pediatria da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp, Bolsista CNPq. 2. Professora Assistente Doutora do Departamento de Pediatria da Facul- dade de Medicina de Botucatu – Unesp. Disciplina de Medicina do Ado- lescente. 3. Professor Assistente do Departamento de Doenças Tropicais e Diag- nóstico por Imagem da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp. 4. Professora Adjunta Doutora do Departamento de Fundamentos da Edu- cação Física – Universidade Estadual de Londrina. Disciplina de Cresci- mento e Desenvolvimento Motor. Recebido em 10/8/04. 2a versão recebida em 10/11/04. Aceito em 17/11/04. Endereço para correspondência: Profa Tamara Beres Lederer Goldberg, Departamento de Pediatria, Disciplina de Medicina do Adolescente – Unesp – 18607-918 – Botucatu, SP, Brasil. Tels.: (14) 3811-6274/3811-6083, e- mail: tamara@fmb.unesp.br O exercício físico potencializa ou compromete o crescimento longitudinal de crianças e adolescentes? Mito ou verdade?* Carla Cristiane da Silva1, Tamara Beres Lederer Goldberg2, Altamir dos Santos Teixeira3 e Inara Marques4 ARTIGO DE REVISÃO Palavras-chave: Crescimento físico. Exercício físico. Crianças. Adolescentes. Palabras-clave: Crecimento físico. Ejercicio físico. Niños. Adolescentes. RESUMO A sociedade atual tem valorizado de forma significativa a apa- rência alta e esbelta. Essa constituição física tem sido reforçada desde a infância e atinge a população adolescente, que deseja enquadrar-se nos estereótipos, particularmente aqueles veicula- dos pela mídia. Nesse sentido, profissionais de saúde são questio- nados rotineiramente sobre os efeitos positivos que o exercício físico exerce sobre o crescimento longitudinal de crianças e ado- lescentes. Procurou-se revisar a literatura especializada a respeito dos principais efeitos que o exercício físico exerceria sobre a se- creção e atuação do hormônio de crescimento (GH) nos diversos tecidos corporais, durante a infância e adolescência. Através des- sa revisão, foi possível verificar que o exercício físico induz a esti- mulação do eixo GH/IGF-1. Embora muito se especule quanto ao crescimento ósseo ser potencializado pela prática de exercícios físicos, não foram encontrados na literatura científica específica estudos bem desenvolvidos que forneçam sustentação a essa afir- mação. No tocante aos efeitos adversos advindos do treinamento físico durante a infância e adolescência, aparentemente, esses foram independentes do tipo de esporte praticado, porém resul- tantes da intensidade do treinamento. A alta intensidade do treina- mento parece ocasionar uma modulação metabólica importante, com a elevação de marcadores inflamatórios e a supressão do eixo GH/IGF-1. Entretanto, é importante ressaltar que a própria seleção esportiva, em algumas modalidades, recruta crianças e/ou adoles- centes com perfis de menor estatura, como estratégia para obten- ção de melhores resultados, em função da facilidade mecânica dos movimentos. Através dessa revisão, fica evidente a necessidade de realização de estudos longitudinais, nos quais os sujeitos sejam acompanhados antes, durante e após sua inserção nas atividades esportivas, com determinação do volume e da intensidade dos trei- namentos, para que conclusões definitivas relativas aos efeitos sobre a estatura final possam ser emanadas. RESUMEN El ejercicio potencializa o compromete el crecimiento longitu- dinal de los niños y los adolescentes ¿Mito o verdad? La sociedad actual tiene valorado significativamente la aparien- cia alta y esbelta. Esta constitución física ha sido reforzada desde la infancia e involucra a la población adolescente que desea en- cuandrar en estos estereotipos, particularmente en aquellos vín- culados a la Media. En este sentido, los profesionales de la salud son continuamente consultados sobre los efectos positivos que el ejercicio físico ejerce sobre el crecimiento longitudinal de los ni- ños y de los adolescentes. Se procura así revisar la literatura res- pectos a los dos principales efectos que el ejercicio físico ejercería sobre la secreción y la actuación de la hormona de crecimiento (GH) en los diversos tejidos corporales durante la infancia y la ado- lescencia. A traves de esta revision fue posible verificar que el ejercicio fisico induce una estimulación del eje GH/IGF-1. Ahora bien, lo mucho se especula en cuanto al crecimiento óseo pueda ser potencializado por la práctica de ejercicios físicos no ha sido encontrado en la literatura cientifica especifica estudios bien desa- rrollados que fortalezcan esta presunción y la afirmen. No obstan- te a los efectos adversos resultantes del entrenamiento físico du- rante la infancia y la adolescencia aparentemente este fue independiente del tipo de deporte practicado, y pueden resultar de la intensidad del entrenamiento. Una alta intensidad de entrena- miento parece ocasionar una modulación metabólica importante, como es la elevación de los marcadores inflamatorios y la supre- sión del eje GH/IGF-1. Entretanto, es importante resaltar que la propia seleción deportiva, en algunas modalidades, recluta niños y/o adolescentes con perfiles de menor estatura, como estrategia para la obtención de mejores resultados, en función de la facilidad mecánica de los movimientos. A través de esta revisión, queda evidente la necesidad de la realización de estudios longitudinales, donde los sujetos sean acompañados antes, durante y después de su inserción en las actividades deportivas, con determinación del volumen y de la intensidad de los entrenamientos, para que las conclusiones definitivas relativas a los efectos sobre la estatura final, puedan ser definidas. INTRODUÇÃO A aparência corporal tem recebido grande destaque e valoriza- ção na sociedade atual. A busca de uma imagem corporal muitas vezes idealizada pelos pais, mídia, grupos sociais e pelos próprios adolescentes, por vezes, desencadeia comportamentos que po- dem comprometer a saúde. Entre os vários estereótipos existen- tes, a busca pela aparência alta e esbelta é normalmente reforçada desde a infância. Com relação à estatura final adulta, é comum a preocupação dos pais quando observam que seus filhos são menores do que Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 6 – Nov/Dez, 2004 521 seus primos ou colegas da escola, de mesma idade e sexo. Nesse contexto, os profissionais de saúde são questionados sobre os efeitos positivos que o exercício físico exerce sobre o crescimento longitudinal de crianças e adolescentes. A frase “Faça um esporte para crescer mais” é comumente proferida, embora, não esteja claro se essa afirmativa contém uma verdade científica. Entre os esportes, destaca-se a natação, que, de acordo com o senso comum, é o esporte mais adequado para potencializar o cres- cimento longitudinal, provavelmente por ser uma atividade de car- ga ativa com reduzido impacto(1), seguida por atividades de alonga- mento igualmente “famosas” pela mesma atuação. Para Georgopoulos et al.(2), enquanto o exercício físico modera- do estimula o crescimento, o treinamento físico extenuante repre- senta um estresse capaz de atenuar o crescimento físico, sendo esse efeito resultante mais da intensidade e duração do treino do que propriamente do tipo de exercício praticado. Se por um lado existem dúvidas sobre a veracidade dos efeitos desses exercícios sobre a estatura final do indivíduo, por outro lado, está claro que o exercício físico pode induzir aumentos significativos do hormônio de crescimento (GH) na circulação(3-5), evento também detectado em crianças e adolescentes(6). O GH tem efeitos biológicos diversos no decorrer da vida, con- duzindo ao estímulo do crescimento somático durante a infância e adolescência e contribuindo de forma significativa no fornecimen- to energético, atuando no metabolismo glicídico, protéico e lipídi- co(5,7), além de agir sobre uma composição corporal saudável na vida adulta. A partir desses indicativos, uma leitura aprofundada e organiza- da foi conduzida, especialmente sobre os potenciais efeitos sobre o crescimento longitudinal de crianças e adolescentes vinculados a programas de exercícios físicos sistematizados. Procurou-se, dian- te disso, revisar a literatura especializada a respeito dos principais efeitos do exercício físico sobre a secreção e atuação do GH nos tecidos corporais durante essa época da vida. Para tanto, a pers- pectiva será responder à seguinte questão: Atividades esportivas estimulam o crescimento longitudinal dos ossos ou podem ocasio- nar prejuízo no crescimento linear de crianças e adolescentes? AÇÕES HORMONAIS NO CRESCIMENTO DURANTE A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA O crescimento físico é caracterizado pelo somatório de fenôme- nos celulares, biológicos, bioquímicos e morfológicos, cuja intera- ção é efetuada através de um plano predeterminado geneticamen- te e influenciado pelo meio ambiente(8,9). Entre os aspectos ambientais, recebe destaque a nutrição que, conjugada a fatores hormonais e genéticos, promove a prolifera- ção da cartilagem de crescimento e o alongamento linear dos os- sos(9). O expressivo crescimento longitudinal durante a puberdade en- globa três distintos fenômenos, que se revelam seqüencialmente. São eles: o estirão do crescimento com duração aproximada de dois a três anos, caracterizado por velocidade de crescimento re- duzida durante a fase pré-puberal, crescimento com velocidade acelerada, conhecido como pico máximo de velocidade de cresci- mento (PHV), e uma fase de cessação do crescimento, os quais contribuem com mais de 20% na estatura final adulta; a rápida aquisição de conteúdo mineral ósseo, reconhecida como pico de massa óssea, em que o processo de formação sobrepuja o de reabsorção óssea e que se apresenta como um incremento linear durante a infância e exponencial na segunda década de vida, com maior intensidade entre 13 e 17 anos, sendo assinalados como anos críticos para o evento aqueles compreendidos entre 14 e 15 anos de idade; e o processo de maturação esquelética, que se encerra com o fechamento epifisário(1,8,10-12). O GH, conhecido também como somatotrofina, é o peptídeo produzido em maior quantidade pela hipófise anterior, exercendo papel de destaque no crescimento ósseo e dos tecidos moles(13,14). Esse hormônio é secretado de forma pulsátil, controlado por um mecanismo complexo envolvendo proteínas hipotalâmicas e o hor- mônio liberador de GH (GHRH), que age estimulando sua secre- ção, e a somatostatina, de ação inibitória. Os picos de maior secre- ção são observados durante o sono profundo e, embora seja produzido durante toda a vida, os maiores pulsos ocorrem durante a puberdade(5,12,14,15). Na promoção do crescimento, o GH atua tanto de forma direta como indireta. Diretamente, através da ligação do GH aos seus receptores na placa de crescimento e, indiretamente, agindo so- bre o crescimento no processo de diferenciação celular e na sínte- se do colágeno tipo I. Esses efeitos biológicos do GH são em gran- de parte mediados pelos fatores de promoção do crescimento similares à insulina, conhecidos como IGFs (insulin-like growth fac- tors), sendo o principal o IGF-1(5,7,13,14,16). O IGF-1 é um polipeptídeo presente na circulação sanguínea, produzido principalmente no fígado, mediado por receptores hepá- ticos de GH e em outros tecidos, como o ósseo(5,11). No esqueleto o IGF-1 assume funções importantes, como a diferenciação, ma- turação e recrutamento de osteoblastos(16). Na circulação, o IGF-1 associa-se a proteínas de ligação, sendo conhecidas como IGFBPs (binding protein). Reconhecidamente, a IGFBP-3 é a principal pro- teína de ligação e tem sua produção estimulada pelo GH(4,5,13,14). O sistema de regulação do eixo GH/IGF-1 não inclui apenas ações endócrinas, mas também parácrinas e autócrinas do IGF-1(16). O IGF-1 atua de forma singular em ambos os sexos, sendo o princi- pal mediador da aceleração linear do crescimento, envolvido na determinação da espessura óssea, comprimento, densidade e ar- quitetura do esqueleto, aumentando as proporções corporais du- rante a infância e adolescência(8,16). Está claro que o potencial de crescimento linear é geneticamen- te determinado, mas, conforme já citado, existem vários fatores hormonais de ação local ou sistêmica intervenientes. Nesse âmbi- to, a puberdade em especial é profundamente marcada pela ativa- ção do eixo GH/IGF-1 e suas interações com esteróides gonadais, principalmente, promovem o PHV(8,11). Nesse período de intenso crescimento, a amplitude na secre- ção de GH é fortemente influenciada pela idade e pelo desenvolvi- mento puberal; no período pré-puberal sua secreção está diminuí- da, não havendo diferenças entre os sexos, apresentando as maiores concentrações no final da puberdade, aproximadamente dos 15 aos 19 anos, e declinando após os 20 anos de idade(14,15). Phillip e Lazar(11) relataram o dimorfismo sexual na secreção de GH, denotando que as adolescentes demonstram um significativo aumento nos níveis circulantes de GH no início do desenvolvimen- to mamário (M2 pelos critérios de Tanner), enquanto os rapazes indicam os maiores níveis entre o terceiro e o quarto estágios (G3 e G4) para genitais. É importante ressaltar a ação dos hormônios sexuais no aspec- to do crescimento puberal, apresentando, num primeiro momen- to, um relevante aumento na secreção de GH e, posteriormente, um incremento na produção de IGF-1, cujos efeitos diretos inci- dem sobre a cartilagem óssea(15). Phillip e Lazar(11) relataram um aumento progressivo nos níveis séricos de testosterona e estró- genos durante a puberdade em ambos os sexos. Esses são os principais reguladores do PHV e da maturação da placa de cresci- mento até que a fusão epifisária seja concluída(11). Tradicionalmente, o incremento de GH era atribuído ao efeito da testosterona no sexo masculino e dos estrógenos e andrógenos supra-renais no sexo feminino. Estudos desenvolvidos na última década revelam que os estrógenos devem ser os principais hor- mônios estimulantes da secreção de GH, tanto no sexo masculino como no feminino, sendo sua ação mediada por receptores localiza- dos na hipófise. Segundo Veldhuis et al.(17), o efeito dos andrógenos sobre o eixo GH/IGF-1 só se concretizaria quando esses fossem aromatizados em estrógenos, afirmando que aqueles andrógenos
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved