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Apostila Aulas 5 e 7 de Hidrologia Aplicada, Notas de estudo de Engenharia Civil

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Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 03/03/2008

marina-goncalves-10
marina-goncalves-10 🇧🇷

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Baixe Apostila Aulas 5 e 7 de Hidrologia Aplicada e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity! HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação 3 PRECIPITAÇÃO HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação 3. - PRECIPITAÇÃO 3.1 Introdução No capítulo 1, discutiu-se o ciclo hidrológico de uma forma geral. A seguir será detalhado especificamente a fase da PRECIPITAÇÃO. O fenômeno da precipitação é o elemento alimentador da fase terrestre do ciclo hidrológico e constitui portanto fator importante para os processos de escoamento superficial direto, infiltração, evaporação, transpiração, recarga de aquíferos, vazão básica dos rios e outros. Quando se faz um estudo de planejamento de longo prazo do uso de uma ou mais bacias hidrográficas, a precipitação é um dado básico, pois não sofre influências diretas de alterações antrópicas provocadas no meio. As alterações do uso do solo, por exemplo, sobre as vazões escoadas, poderão ser avaliadas por modelos matemáticos que transformam as chuvas em vazões, e que consideram as variações de infiltração em função da área impermeável da bacia. Nos projetos de drenagem, de construção de reservatórios de regularização (barragens) e outros, os dados de precipitação serão muitas vezes necessários para o dimensionamento das obras e conduzirão a resultados mais seguros quanto melhor for sua definição. No Brasil, as precipitações totais anuais em pontos localizados variam de 300 mm no Nordeste árido até 8000 mm, na região Amazônica. No Estado de São Paulo, esta variação vai de 1000 mm a 4500 mm. Mas o que significam esses "milímetros de chuva"? E quanto chove na cidade em que você mora? 3.2 Aspectos Meteorológicos A atmosfera da Terra contém vapor d'água que se origina, em sua maior parte, da evaporação dos oceanos, lagos, rios, solos úmidos e da transpiração das plantas. A figura 1 a seguir representa o Ciclo Hidrológico. 3.2.1 Umidade Atmosférica A quantidade de vapor d'água movendo-se na atmosfera tem uma importante relação com o tamanho da tempestade, sua intensidade e duração. A quantidade de vapor d'água em uma massa de ar é definida como umidade específica. Normalmente há um limite superior para a quantidade de vapor d'água que um volume de ar poderá 31 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação A ascensão orográfica ocorre quando o ar fluindo na EFEITO OROGRÁFICO aa . . . . direção de uma barreira orográfica (isto é, uma A o g montanha) é forçado a subir para passar sobre ela. A V A inclinação da massa de ar quente pela passagem por TE uma barreira orográfica é usualmente maior que a inclinação da superfície frontal. Consegiientemente, o ar Figura 5 - Chuva Orográfica é resfriado muito mais rapidamente por ascensão orográfica do que por ascensão frontal. A ascensão orográfica pode ser vista na figura 5 (Ponce, 1989) 3.2.4 Condensação do Vapor de Água na Forma Líquida ou Sólida Condensação é o processo pelo qual o vapor de água é convertido em gotas líquidas ou, a baixas temperaturas, em cristais de gelo. Os resultados deste processo são fregiientemente, mas não sempre, visíveis sob a forma de nuvens, as quais são transportadas pelo ar como gotas de água no estado líquido, como cristais de gelo, ou ainda, como uma mistura de ambos. A saturação não necessariamente resulta em condensação. O núcleo de condensação é necessário para a conversão do vapor d'água em gotas. Entre os mais eficazes núcleos de condensação estão os produtos de combustão e as partículas de sais do mar. Há usualmente núcleos de condensação suficientes no ar para produzir condensação quando o vapor d'água atinge o ponto de saturação. 3.2.5 Crescimento das Gotas de Chuva e Cristais de Gelo Quando o ar é resfriado abaixo de sua temperatura de saturação inicial e a condensação continua a ocorrer, gotas líquidas ou cristais de gelo tendem a se acumular resultando nuvens. A taxa à qual este excesso de umidade na forma líquida ou sólida é precipitado das nuvens depende de (1) velocidade da corrente de ascensão produzindo resfriamento, (2) taxa de crescimento das gotículas das nuvens formando gotas de chuva pesadas o suficiente para passar através da corrente de ascensão e, (3) um suprimento suficiente de vapor d'água na área para repor a umidade precipitada. Várias teorias têm sido desenvolvidas para explicar o crescimento dos elementos das nuvens até um tamanho em que possam ser precipitados. Os dois principais processos na formação da precipitação são (1) processo dos cristais de gelo, e (2) processo de coalescência. Estes dois processos podem operar em conjunto ou separadamente. O processo dos cristais de gelo envolve a presença de cristais em uma nuvem de água com temperatura abaixo do ponto de congelamento. Pelo fato de que na saturação a pressão de vapor sobre a água é maior do que sobre o gelo, há um gradiente de pressão de vapor das gotas de água 3.4 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação para os cristais de gelo. Isto leva os cristais de gelo a crescerem à custa das gotas de água e, sob condições favoráveis atingir o tamanho necessário para se precipitar. O processo dos cristais de gelo é eficaz somente em nuvens com temperatura abaixo do ponto de congelamento, e ele é mais eficaz à cerca de -15ºC. (Ponce, 1989) No processo de coalescência, o aumento de volume das gotas de água para formação de chuva, pode ser explicado pela fusão de diversas gotas em apenas uma, devido ao efeito de choques repetidos, que pode ser atribuído sucessivamente: à atração eletrostática de gotículas de nuvens carregadas eletricamente; aos efeitos de indução, provocados pelo deslocamento das gotas no campo magnético terrestre; à atração hidrodinâmica entre duas gotas próximas e em movimento relativo com relação ao ar que as envolve; à microturbulência que propicia colisões análogas às que se desenvolvem na teoria cinética dos gases; ao aprisionamento de pequenas gotas por parte de gotas de maiores dimensões precipitando-se no interior da nuvem.(Uehara, 1980) 3.3. Formas de Precipitação À medida que as gotas de chuva ou cristais de gelo que compõem as nuvens vão aumentando de tamanho, as forças de sustentação são vencidas e elas começam a cair rapidamente, eventualmente atingindo o solo em forma de precipitaçao, salvo quando retidos por correntes ascendentes ou evaporados durante a queda. A precipitação adquire diferentes formas, dependendo da temperatura na qual ocorre a condensação e das condições encontradas durante a queda das partículas na direção do solo. Deste modo, pode-se identificar, entre outras, as formas de precipitação a seguir: Chuva: A palavra chuva é usada, de maneira geral, para incluir todas as formas de precipitação, porém, a rigor, chuva significa especificamente umidade que cai na direção da Terra, em estado líquido. Neve: A neve é formada pela cristalização (sublimação) do vapor d'água à temperatura abaixo de OC. Os cristais ou flocos de neve possuem variadas formas. A forma fundamental é a hexagonal. Os grandes flocos de neve são formados pela combinação de cristais menores à temperatura não muito abaixo de 0ºC. A temperaturas muito baixas existe pouca umidade 3.5 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação no ar e, portanto, há condições mínimas para precipitação, porém, como se diz, nunca é frio demais para nevar. A camada de neve tem grande valor para a agricultura nas regiões de inverno rigoroso. Ela evita o congelamento do solo e protege as raízes das plantas. Granizo: O granizo consiste em pelotas arredondadas e duras de gelo, ou de gelo e neve compacta. Quando uma dessas pelotas de gelo é cortada ao meio, ela parece apresentar uma formação de camadas concêntricas de densidades e transparências diferentes. Granizos grandes são comuns, e às vezes podem ocorrer pedras maiores que bolas de tênis. São, às vezes, encontrados grandes discos de gelo achatados, compostos de diversas pedras, formadas independentemente e que se congelam juntas durante a queda. O efeito destrutivo do granizo, especialmente sobre as culturas jovens é bastante grande. (Blair, 1964) Existem formações, que embora sejam conhecidas como formas de precipitação, são na verdade resultantes da condensação do vapor d'água presente na atmosfera sobre as superfícies sólidas, como: . Orvalho: Os objetos ar. Por este motivo, as superfícies sólidas resfriam-se mais rapidamente que o ar. Ao entrar lidos (solo, vegetação, etc) são melhores emissores de calor do que o em contato com estas superfícies frias, o ar perde seu calor, resfriando-se. Se este resfriamento do ar conduzí-lo a uma temperatura abaixo do seu ponto de orvalho, ocorrerá condensação da umidade do ar sobre as superfícies sólidas (frias). . Geada: Ao contrário do que se pensa a geada não é orvalho congelado. O processo de formação da geada é similar ao do orvalho, sendo que para que haja formação de geada o ponto de orvalho do ar deve estar abaixo de 0ºC. Abaixo desta temperatura o vapor d'água passa diretamente do estado gasoso para o estado sólido, formando cristais de gelo. 3.4. Tipos de Chuva Conforme visto no item 3.2.3 a principal forma de resfriamento de grandes mas de ar é o resfriamento adiabático. Assim a ascensão vertical de massas de ar é um requisito muito importante para que ocorra a formação das precipitações. Desta forma, a partir das condições em que ocorre a ficadas em: (1) precipitações ciclônicas; ascensão das massas de ar, as precipitações podem ser class (2) precipitações orográficas; e (3) precipitações convectivas. As precipitações ciclônicas o associadas à ascensão frontal descrita anteriormente. Este tipo de precipitação é de longa duração, apresentando, em geral, baixa intensidade e distribuindo-se por extensas áreas. Devido às suas características, este tipo de precipitação é importante nos projetos envolvendo grandes bacias hidrográficas. As precipitações orográficas resultam da ascensão orográfica das mas regiões onde existem barreiras topográficas (tipicamente na Serra do Mar). Este tipo de precipitação s de ar, ocorrendo portanto em 3.6 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação pluviógrafo também apresenta-se sob a forma de um diagrama de massas. (Wisler, 1964) Os pluviógrafos (figura 7), cujos registros permitem o estudo da relação intensidade-duração- fregiência tão importante para os projetos de galerias pluviais e de enchentes em pequenas bacias hidrográficas, possuem uma superfície receptora de 200 cm?.O modelo mais usado no Brasil é o de sifão. Existe um sifão conectado ao recipiente que verte toda a água armazenada quando o volume retido equivale à dez centímetros de chuva. 3.5.3 Organização de Redes A quantidade ideal de postos pluviométricos a ser instalada em uma determinada área depende essencialmente da finalidade dos estudos a que se destinam os dados colhidos e da homogeneidade da distribuição das precipitações. Nesse particular, deve-se distinguir as redes básicas, destinadas a recolher permanentemente os elementos necessários ao conhecimento do regime pluviométrico de um País (ou Estado) e as redes regionais destinadas a fornecer informações para estudos específicos de bacias hidrográficas. As redes básicas são constituídas em geral de pluviômetros e um número restrito de pluviógrafos localizados em locais de maior interesse (concentrações urbanas por exemplo). Entre nós tem sido admitido que uma média de um posto por 500 ou 400 km? seja suficiente ( um a cada 200 km? na França, um a cada 50 km? na Inglaterra, um a cada 310 km? nos Estados Unidos, um a cada 600 mê no Rio Grande do Sul). Estas redes básicas são mantidas permanentemente por órgãos oficiais que publicam sistematicamente os resultados das observações. No Estado de São Paulo, o DAEE/CTH opera uma rede básica com cerca de 1000 pluviômetros e 130 pluviógrafos, com uma densidade de aproximadamente um posto a cada 250 km? neste Estado. As redes regionais variam conforme sua finalidade, a extensão de área coberta, as características da bacia hidrográfica, etc. Para o estudo da correlação precipitação-deflúvio, sobretudo no que diz respeito às ondas de enchente, problemas de erosão e cálculo de galerias pluviais, é necessário um bom conhecimento das intensidades pluviométricas. Torna-se então, recomendável o mínimo de um aparelho registrador para cada quatro postos, sendo útil, neste caso, fazer-se um rodízio dos pluviógrafos a fim de serem obtidas informações mais detalhadas de cada um dos postos. Por outro lado, é sempre aconselhável que cada estação de medição represente uma área de igual precipitação total, o que leva à instalação de um maior número de aparelhos nas regiões de maior precipitação. É interessante, ainda, procurar ligar a pluviometria com as diferentes características físicas da bacia (altitude, vegetação, etc), instalando os postos de forma a permitir a determinação de correlações com as mesmas. Cabe também assinalar a vantagem, em certos casos (execução de obras, por exemplo) de se dispor do conhecimento detalhado do regime local de chuvas, sendo útil, portanto, 3.9 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação a instalação de aparelhos em determinados pontos bem característicos. Finalmente deve-se ressaltar que a distribuição dos postos, sobretudo entre nós, depende da possibilidade de obtenção de observadores capazes, e em última análise, das disponibilidades financeiras. (Garcez, 1974) 3.5.4 Pluviogramas Os gráficos produzidos pelos pluviógrafos de peso e de flutuador são chamados de pluviogramas. Os pluviogramas são gráficos nos quais a abscissa corresponde às horas do dia e a ordenada corresponde à altura de precipitação acumulada até aquele instante. Deste modo a inclinação do gráfico em relação ao eixo das abscissas fornece a intensidade de precipitação. A figura 8 mostra um trecho de um registro de pluviógrafo. Pluviograma Figura 8 - Pluviograma 3.5.5 Tetogramas Os ietogramas são gráficos de barras cuja abscissa representa a escala de tempo e a ordenada a altura de precipitação. A leitura de um ietograma é feita da seguinte forma: a altura de precipitação correspondente à cada barra é a precipitação total que ocorreu durante aquele intervalo de tempo. HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação letograma Figura 9 - Ietograma A figura 9 mostra o ietograma construído a partir do pluviograma da figura 8. 3.6. Consistência e Extensão de Séries de Dados Pluviométricos Conforme anteriormente descrito, os dados de precipitação de uma região podem ser obtidos através de dois tipos de aparelhos registradores: o pluviógrafo e o pluviômetro. O pluviógrafo, que produz um gráfico de precipitação acumulada em função do tempo, só poderá gerar dados errados se houver algum distúrbio mecânico com o aparelho, descalibrando-o. No entanto, no caso dos pluviômetros, as leituras de dado: ão realizadas por operadores voluntários, que naturalmente podem cometer erros. Assim torna-se necessário realizar uma análise de consistência destes dados. Nesta análise de consistência procura-se primeiro detectar os erros grosseiros, através de uma triagem inicial onde se procura conferir os seguintes dados: . Número de dias de chuva; . Mês em que foi feita a coleta de dados; . Prefixo do posto. Após esta análise, os dados recebidos do campo em planilhas são armazenados em disquetes ou fitas magnéticas, para que se possa trabalhar melhor com eles. A seguir é feita uma análise da qualidade dos HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação 3.7. Variação Geográfica e Temporal das Precipitações A precipitação varia geográfica, temporal e sazonalmente. O conhecimento da distribuição e das variações da precipitação tanto no tempo como geograficamente é importante para o planejamento de recursos hídricos e para estudos hidrológicos. 3.7.1 Variação Geográfica Em geral, a precipitação é máxima no Equador e decresce com a latitude. Entretanto, a irregularidade e orientação das isoietas de mapas de precipitação média anual mostram que existem outros fatores que afetam mais efetivamente a distribuição geográfica da precipitação do que a distância ao Equador. vários estudos têm sido realizados para determinar estas causas e os efeitos sobre a distribuição da precipitação, porém as conclusões são bastante desencontradas. O mapa das isoietas médias a nível mundial encontra-se na referência 1.( Baumgarter,1957) 3.7.2 Variação Temporal Embora os registros de precipitação possam sugerir uma tendência de aumentar ou diminuir, existe na realidade uma tendência de voltar à média. Períodos úmidos, mesmo que irregularmente, são sempre contrabalanceados por períodos secos. A eventual regularidade destas flutuações (ciclos) tem sido repetidamente investigada, mas, com exceção das variações diurnas e sazonais, nenhum ciclo regular significativo foi encontrado. (Villela, 1975) Em virtude das variações estacionais, define-se o Ano Hidrológico, que é dividido em duas "estações", o semestre úmido e o semestre seco. A tabela a seguir ilustra, com dados da bacia do rio Guarapiranga a definição dos semestres úmido e seco. Para tanto, foram analisados dados de precipitação do período de 1929 à HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação 1985, ou seja, 57 anos de observação. Il mês || Pmed || Pmed/Piot anual || Polmm Doc LL — | lo 2429 | 156 | lo ll2s0 | 137 | loelisnloans | lo 1650 | 62 lol we | sw | lo lles | su | lol ge | 36 | lo llse | 346 | lol gm se 1 | 138066 | eu Ini ooz Il | 2599 | 1318 | L——>—+—+JL—— LI Predana = 1561.99 mm — Predmensa =130.17 mm Pode-se ver no quadro anterior, os valores de precipitação média de cada um dos meses do ano, assim como a precipitação média anual e a precipitação média mensal. Define-se, portanto, como semestre úmido os meses de outubro a março, uma vez que a precipitação média mensal de cada um destes meses foi superior à precipitação média mensal ( considerando-se os doze meses do ano) de 130.17 mm. No semestre seco, de abril a setembro, encontram-se os meses cuja precipitação média foi inferior à média mensal citada de 130.17 mm. Pode-se visualizar graficamente estes dados na figura 11. Diagrama de Barras E E E) E) E [od E E Ê Figura 11 - Precipitações Mensais - Bacia do Guarapiranga (1929-1985) 3.8. Precipitação Média sobre uma Bacia HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação A altura média de precipitação em uma área específica é necessária em muitos tipos de problemas hidrológicos, notadamente na determinação do balanço hídrico de uma bacia hidrográfica, cujo estudo pode ser feito com base em um temporal isolado, ou com totais de uma estação do ano, ou ainda com base em totais anuais. Existem três métodos para esta determinação: o método da Média Aritmética, o método de Thiessen e o método das Isoietas. (Villela, 1975) 3.8.1 Método da Média Aritmética O método da média aritmética é o método mais simples de determinação da precipitação média. Ele envolve a média das alturas de precipitação registradas em vários pluviômetros. Este método é satisfatório se os postos são uniformemente distribuídos sobre a bacia e a altura medida nos diversos postos não variar muito em relação à média. 3.8.2 Método de Thiessen Se alguns postos são considerados mais representativos para a área em questão, então, pesos relativos devem ser atribuídos aos postos na computação da precipitação média. O método de Thiessen assume que em qualquer ponto da bacia a precipitação é igual à medida no posto mais próximo. Desta maneira o registro da altura em um dado posto é aplicado em outros pontos, desde que estes estejam até a meia distância a outro posto (em qualquer direção). Os pesos relativos para cada posto são determinados pelas respectivas áreas, calculadas pela aplicação do método dos polígonos de Thiessen, onde as fronteiras dos polígonos são formadas pelas mediatrizes das linhas que unem dois postos adjacentes. Se há j postos, a área dentro da bacia designada para cada um é A; e P; é a precipitação registrada no j posto, a precipitação média para a bacia é: G) onde a área da bacia é dada por: A=SA; (4) HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação na qual P é a intensidade média de chuva em milímetros por hora, t é a duração em minutos, e A, Ben são constantes. 3.9.2 Variação da Intensidade com a Frequência Nos trabalhos hidrológicos em geral, interessa não só o conhecimento das máximas precipitações observadas nas séries históricas, mas principalmente, prever com base nos dados observados, e valendo-se dos princípios das probabilidades, quais as máximas precipitações que possam vir a ocorrer em uma certa localidade, com uma determinada fregiiência. Em geral, as distribuições de valores extremos de grandezas hidrológicas, tais como as chuvas e os deflúvios, por exemplo, ajustamse satisfatoriamente à distribuição tipo I de Fisher-Tippett, conhecida também como distribuição de Gumbel, a qual é dada por: P=l-et (9) onde P é a probabilidade de um valor extremo da série ser maior ou igual a um certo valor x, e y é a variável reduzida. O período de retorno definido como recíproco da probabilidade é neste caso: T="—5 (1 3.9.3 Relação Intensidade-Duração-Freqiiência Procura-se analisar as relações intensidade-duração-fregiiência das chuvas observadas determinando-se para os diferentes intervalos de duração da chuva, qual o tipo de equação e qual o número de parâmetros dessa equação que melhor caracterizam aquelas relações. É usual empregar-se equações do tipo: HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação = & CretoS 8 onde i é a intensidade máxima média (mm/min) para a duração t; to Ce n são parâmetros a determinar. Certos autores procuram relacionar C com o período de retorno T, por meio de uma equação do tipo: C=kT” (9) e a equação 8 pode então ser escrita como: KT” =" (10) (t+ to) 3.9.4 Variação das Precipitações Intensas com a Área As observações de chuvas intensas em áreas de diferentes magnitudes, mostram que elas nunca são uniformemente distribuídas e a relação entre a chuva média na área e a chuva num ponto tende a diminuir à medida que a área cresce, conforme mostra o âbaco do U.S.Weather Bureau, na figura a seguir. 3.20 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação E > [24 horos 8 horos |3 horas «o — — i SO mincios i so | 5 E] 200 ERR TR [3 700 voo 209 Todo tigo ÁREA (km?) Figura 14 - Ábaco do U.S.B. 3.9.5 Equações Intensidade-Duração-Freqúência para Cidades Brasileiras As seguintes equações ( retiradas de Villela,1975 ) qn ue relacionam intensidade- duração-fregiência das precipitações foram determinadas para cidades do Brasil, com i em mm/h, T em anos e t em minutos. São Paulo: Wilken, P.s. Período de análise: 1935-1960 São Paulo: Occhipinti, A.G. «santos, P.M. Período de análise: 1928-1964 Para t <= 60 min São Paulo: Occhipinti, A.G. & Santos, P.M Período de análise: 1928-1964 Para t > 60 min Curitiba: Souza, P.V.P. Período de análise: 1921-1951 R.de Janeiro: Alcântara, U.M & Lima, A.R Período de análise: 1922-1945; 1949- 1955; 1958-1959 Belo Horizonte: Freitas, A.J. & Souza, A.A.C. Período de análise: 1938-1969 3.10. Construção de Tormentas de Projeto 3.21 2 3462.7717 (+ 22/25 (16) 27. 96 0.112 7 quam 60 (17) (t+ 15 42.237º$ 1239705 99.154 7027 = aaa" 60 (20) — 1447.877'"º = ado CU HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação letograma Triangular Ki ê 5 E y v 7 ) o E) 3 Tempo (minutos) Figura 15 - Exemplo de Ietograma Triangular 3.10.2 Método dos Blocos Alternados O método dos blocos alternados é um caminho simples de desenvolvimento da forma de um ietograma a partir de uma curva intensidade-duração-fregiiência. A forma do ietograma produzido por este método especifica a altura de precipitação que ocorre em n intervalos de tempo sucessivos de mesma duração. Inicialmente seleciona-se o período de retorno de projeto, lendo-se na curva intensidade-duração-fregiiência a intensidade da precipitação para cada período de duração. Multiplicando-se a intensidade pela duração tem-se a altura precipitada acumulada. A diferença entre alturas sucessivas dá a precipitação no período. Estas alturas de precipitação encontradas são então colocadas de forma 3.24 HIDROLOGIA BÁSICA Capítulo 3 - Precipitação decrescente no gráfico partindo-se do intervalo de tempo central e colocando-se as alturas seguintes alternadamente do lado esquerdo e direito deste intervalo. A seguir apresenta-se um exemplo de aplicação do método utilizando-se uma curva intensidade-duração-fregiiência obtida para a cidade de São Paulo, para período de retorno de 100 anos e duração de 2 horas. r T T T IlDuração || Intens. || Altura |lincremento |lintervalo!] Precip. || 1) acumuada atua o | qem ME mm) E mm TI qm) TE qmiry 1 (mm) | F E E | 10 1] 219097] 36.516 || 36516 |] 040 || 1.358 || 120 1] 165800 |] 55.267 || 18:751 || 10-20 || 1.973 || | 30 1] 1332021] 66.601 |] 11.334 |] 20-30 || 3.079 || | 40 1 111228] 74.152 || 7551 || 30-40 || 5.366 || |50 || 954221] 79.518 || 5366 || 40:50 |] 11.334 |] l60 || 835131] 83.513 || 3995 || 50-60 || 36.516 || l70 || 74222] 86.592 || 3079 || 60-70 | 18.571 || Iso || 667731] 89.030 || 2438 || 70-80 || 7.551 || Iso || 606691] 91.003 || 1.973 || 80-90 || 3.995 || I100 || 55577] 92629 || 1.626 || 90100 || 2.438 || Ito || 51266] 93.987 || 1.358 || 100-110 |] 1.626 || iz I 47568 1| 95.137 11115 | 1140-120 Items I A figura 17 apresenta o ietograma resultante da aplicação do método dos blocos alternados. (Chow,M. & M.,1988) letograma - Blocos Alternados DES + feN (ra gio 65] Figura 16 - Tetograma para duração 2 horas, T=100 anos - São Paulo
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