Este artigo/glossário anatômico, apesar de destinado a educadores físicos, encontra-se útil para as...

RESUMO DE ANATOMIA - Fernando Felix
(Parte 1 de 10)
Anatomia Humana
Resumo de Anatomia
PRIMEIRA EDIÇÃO (2010)
FFFFernandoernandoernandoernando | Álison M. D. Álison M. D. Álison M. D. Álison M. D. FFFFelixelixelixelix |
Aluno de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM/PB) - Turma 2009.1. Monitor de Anatomia Humana do curso de Medicina da FCM/PB do período 2010.2 ao 2011.1.
João Pessoa - PB
Resumo de Anatomia Humana 2
FELIX, Fernando Álison M. D.
Oração ao Cadáver Desconhecido
"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembrate que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente."
Karl Rokitansky (1876) Ao cadáver, respeito e agradecimento.
Resumo de Anatomia Humana 4
FELIX, Fernando Álison M. D.

1. INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA | 9 |
Enfoques da Anatomia | 9 |
Normal e Variação Anatômica | 10 |
Nomenclatura Anatômica | 1 |
Posição Anatômica | 12 |
Divisão do Corpo Humano | 12 |
Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano | 12 |
Termos Anatômicos | 13 |
Organização Geral do Corpo Humano | 16 |
Princípios de Construção do Corpo Humano | 16 |
2. SISTEMAS REPRODUTORES | 17 |
Introdução à Pelve e ao Períneo | 17 |
Cíngulo do Membro Inferior (Quadril) | 17 |
Cavidade Pélvica (Pelve menor ou verdadeira) | 20 |
Principais Estruturas Neurovasculares | 21 |
Sistema Genital Masculino | 2 |
Sistema Genital Feminino | 29 |
3. SISTEMA ENDÓCRINO | 34 |
Definição de Glândulas Endócrinas | 34 |
Atividade Hormonal | 34 |
Mecanismos de Ação Hormonal | 35 |
Controle da Secreção Hormonal | 35 |
Hipotálamo e Glândula Hipófise (Pituitária) | 36 |
Glândula Pineal (Epífise) | 38 |
Glândula Tireóide | 38 |
Glândulas Paratireóides | 39 |
Glândula Timo | 40 |
Glândulas Suprarrenais | 40 |
Pâncreas | 42 |
Ovários e Testículos | 42 |
4. SISTEMA NERVOSO | 43 |
Medula Espinal | 4 |
Forma e Estrutura da Medula Espinal | 4 |
Conexões com os Nervos Espinais | 46 |
Topografia da Medula | 46 |
Envoltório da Medula | 47 |
Tronco Encefálico | 49 |
Generalidades | 49 |
Bulbo (Medula Oblonga) | 49 |
Ponte | 50 |
IV Ventrículo | 51 |
Mesencéfalo | 53 |
Resumo de Anatomia Humana
Generalidades | 5 |
Alguns Aspectos Anatômicos | 5 |
Lobos Cerebelares | 5 |
Verme e Lóbulos Cerebelares | 56 |
Fissuras Cerebelares | 56 |
Divisão Ontogenética e Filogenética do Cerebelo | 57 |
Diencéfalo | 59 |
Generalidades | 59 |
I Ventrículo | 59 |
Tálamo | 60 |
Hipotálamo | 61 |
Epitálamo | 62 |
Subtálamo | 63 |
Telencéfalo | 64 |
Generalidades | 64 |
Sulcos e Giros. Divisão em Lobos | 64 |
Morfologia das Faces dos Hemisférios Cerebrais | 65 |
Morfologia dos Ventrículos Laterais | 75 |
Organização Interna dos Hemisférios Cerebrais | 76 |
Considerações sobre áreas importantes | 79 |
Vascularização do SNC | 81 |
Importância | 81 |
Vascularização do Encéfalo | 81 |
Vascularização da Medula Espinal | 85 |
Nervos Cranianos | 86 |
Generalidades | 86 |
Estudo Sumário dos Nervos Cranianos | 87 |
Meninges e Líquor | 91 |
Meninges | 91 |
Líquor (Líquido Cerebrospinal – LCE) | 96 |
5. SISTEMA LOCOMOTOR | 98 |
Sistema Articular | 9 |
Articulações Fibrosas (Sinartroses) | 9 |
Articulações Cartilagíneas (Anfiartroses) | 9 |
Articulações Sinoviais (Diartroses) | 100 |
Sistemas Esquelético e Muscular | 103 |
Sistema Esquelético | 103 |
Sistema Muscular | 104 |
Membros Superiores | 106 |
Ossos dos Membros Superiores | 106 |
Articulações dos Membros Superiores | 109 |
Músculos dos Membros Superiores | 112 |
Vascularização dos Membros Superiores | 119 |
Inervação dos Membros Superiores | 123 |
Membros Inferiores | 128 |

FELIX, Fernando Álison M. D.
Articulações dos Membros Inferiores | 131 |
Músculos dos Membros Inferiores | 136 |
Vascularização dos Membros Inferiores | 144 |
Inervação dos Membros Inferiores | 146 |
Cabeça | 152 |
Ossos da Cabeça | 152 |
Articulações da Cabeça | 159 |
Músculos da Cabeça | 159 |
Vascularização da Face | 160 |
Observações | 161 |
Pescoço | 164 |
Ossos do Pescoço | 164 |
Fáscias do Pescoço | 165 |
Músculos do Pescoço | 166 |
Trígonos do Pescoço | 169 |
Vasos Sanguíneos no Pescoço | 173 |
Nervos no Pescoço | 173 |
Caixa Torácica | 175 |
Ossos do Tórax | 175 |
Músculos do Tórax | 176 |
Nervos da Parede Torácica | 178 |
Artérias da Parede Torácica | 180 |
Veias da Parede Torácica | 181 |
Parede Abdominal | 182 |
Regiões da Parede Abdominal | 182 |
Parede Ântero-Lateral do Abdome | 183 |
Região Inguinal | 185 |
Pregas Umbilicais e Fossas Vesicais | 187 |
Nervos da Parede Abdominal | 187 |
Vascularização da Parede Abdominal | 188 |
Correlação Clínica: Hérnias Inguinais | 188 |
Dorso | 189 |
Ossos do Dorso – A Coluna Vertebral | 189 |
Articulações da Coluna Vertebral | 193 |
Correlações Clínicas | 196 |
Músculos do Dorso | 197 |
Vascularização do Dorso | 199 |
6. SISTEMA RESPIRATÓRIO | 200 |
Nariz | 200 |
Faringe | 203 |
Laringe | 204 |
Traquéia | 208 |
Brônquios Principais | 209 |
Pleura e Cavidade Pleural | 209 |
Pulmões | 210 |

Resumo de Anatomia Humana
Mediastino | 215 |
Coração e Pericárdio | 215 |
8. SISTEMA DIGESTÓRIO | 225 |
Funções | 225 |
Boca e Cavidade Oral | 226 |
Faringe | 231 |
Esôfago | 233 |
Estômago | 235 |
Intestino Delgado | 237 |
Intestino Grosso | 240 |
Órgãos Anexos à Digestão | 244 |
Baço | 251 |
Vascularização Geral das Vísceras Abdominais | 252 |
Peritônio e Cavidade Peritoneal | 255 |
9. SISTEMA URINÁRIO | 259 |
Rins | 260 |
Ureteres | 263 |
Bexiga | 263 |
Uretra | 264 |
FELIX, Fernando Álison M. D.
Introdução à Anatomia Humana palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = em partes; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente,
Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência. Logo, anatomia é a ciência que estuda a estrutura do corpo, visando a compreensão e estudo das partes que compõem o corpo humano. A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham.
A função nunca pode ser separada completamente da estrutura, por isso você aprenderá sobre o corpo humano estudando a anatomia e a fisiologia em conjunto. Você verá como cada estrutura do corpo está designada para desempenhar uma função específica, e como a estrutura de uma parte, muitas vezes, determina sua função.
Assim, a Anatomia é a ciência que estuda a forma, a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. E a Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento da matéria viva, investiga as funções orgânicas, processos ou atividades vitais. Embora o interesse primordial da anatomia seja a estrutura, a estrutura e a função devem ser consideradas simultaneamente. Para fixar, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.
A Anatomia macroscópica humana estuda o corpo humano e conforme o enfoque recebe varias denominações:
ANATOMIA SISTEMÁTICA OU DESCRITIVA: estuda de modo analítico (separação de um todo em seus elementos ou partes componentes) e separadamente as várias estruturas dos sistemas que constituem o corpo, o esquelético, o muscular, o circulatório, etc.
ANATOMIA TOPOGRÁFICA OU REGIONAL: estuda de uma maneira sintética (método, processo ou operação que consiste em reunir elementos diferentes e fundi-los num todo), as relações entre as estruturas de regiões delimitadas do corpo;
ANATOMIA DE SUPERFÍCIE OU DO VIVO: estuda a projeção de órgãos e estruturas profundas na superfície do corpo, é de grande importância para a compreensão da semiologia clínica (estudo e interpretação do conjunto de sinais e sintomas observados no exame de um paciente);
ANATOMIA FUNCIONAL: estuda segmentos funcionais do corpo, estabelecendo relações recíprocas e funcionais das várias estruturas dos diferentes sistemas;
Resumo de Anatomia Humana
ANATOMIA APLICADA: salienta a importância dos conhecimentos anatômicos para as atividades médicas, clínica ou cirúrgica e mesmo para as artísticas;
ANATOMIA RADIOLÓGICA: estuda o corpo usando as propriedades dos raios X e constitui, com a Anatomia de Superfície, a base morfológica das técnicas de exploração clínica;
ANATOMIA COMPARADA: estuda a Anatomia de diferentes espécies animais com particular enfoque ao desenvolvimento ontogenético (desenvolvimento de um indivíduo desde a concepção até a idade adulta) e filogenético (história evolutiva de uma espécie ou qualquer outro grupo taxonômico) dos diferentes órgãos.
Métodos de Estudo
1. Inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou internos (endoscopia); 2. Palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os tendões musculares e as saliências ósseas, dentre outras coisas; 3. Percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos produzir sons audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas (gases, líquidos ou sólidos); 4. Ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração, pulmão, intestino); 5. Mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais megalias; 6. Dissecação: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor visualização; 7. Estudo por imagem: inclui o raio-X, ecografia, ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada.
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo da função. Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, é uma monstruosidade.
Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem ser descritas:
Idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta;
Sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital, enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal;
Raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira vértebra lombar;
Tipo morfológico constitucional (Biótipo): é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais tipos são:
FELIX, Fernando Álison M. D.
a- longilíneo (ectomorfo): indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas o estômago geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente; b- brevilíneo (endomorfo): indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos.
Aqui as vísceras costumam estar dispostas mais horizontalmente; c- normolíneo (mesomorfo): características intermediárias.
A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, como por exemplo, a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos.
Figura 1: Biótipos
É a linguagem própria da anatomia, ou seja, conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes. Com o acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 0 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 0). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatomica). Revisões subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos Internacionais de Anatomia. A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os termos indicam: a forma
Resumo de Anatomia Humana
(músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo uso.
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada.
Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade superior do corpo estando unida ao tronco por uma porção estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte livre.
Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes a sua superfície (planos de delimitação), pois delimitam o corpo humano por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Logo, através dos planos anatômicos podemos dividir o corpo humano em 3 dimensões e assim podemos localizar e posicionar todas estruturas.
Têm-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: o ventral ou anterior => plano vertical tangente ao ventre o dorsal ou posterior => plano vertical tangente ao dorso o lateral direito => plano vertical tangente ao lado direito do corpo
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