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Guias e Dicas
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Influência do Ideal de Corpo Magro em Universitárias, Notas de estudo de Educação Física

Um estudo sobre a influência do ideal de corpo magro nas práticas alimentares, atividade física e rotina diária de universitárias. A pesquisa identificou que o desejo de atingir esse padrão corporal influencia significativamente as escolhas alimentares e a rotina diária das jovens, levando à omissão de refeições, restrição de alimentos e uso de medicamentos para emagrecimento. Além disso, o documento discute a importância de compreender o impacto desse modelo de corpo na saúde e qualidade de vida de mulheres jovens.

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 07/01/2011

fernando-de-sa-6
fernando-de-sa-6 🇧🇷

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Baixe Influência do Ideal de Corpo Magro em Universitárias e outras Notas de estudo em PDF para Educação Física, somente na Docsity! 69 Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. ISSN 1981-9919 versão eletrônica Per iód ico do Inst i tuto Bras i le i ro de Pesquisa e Ens ino em F is io log ia do Exerc íc io w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r ALIMENTO E CORPO SIGNO: UM ESTUDO A RESPEITO DAS CONCEPÇÕES DE CORPO, ALIMENTAÇÃO E ESTILO DE VIDA DE UNIVERSITÁRIAS Iessa Matilde Salgado Comério1; Vanessa Alves Ferreira1; Tania Regina Riul1 RESUMO O culto ao corpo envolve um conjunto de práticas cotidianas que estão na base de nossa vida social. Dentro desta perspectiva, este estudo investigou as concepções de corpo, as práticas alimentares e o estilo de vida de jovens universitárias. Optou-se por uma pesquisa de base interpretativa, na qual se utilizou entrevista semi-estruturada e análise de conteúdo. O objetivo foi identificar a influência de um determinado padrão corporal e estético nas práticas alimentares, na atividade física e no cotidiano de vida do grupo. Foram entrevistadas quinze universitárias de uma instituição pública de ensino de Minas Gerais. A análise das entrevistas permitiu verificar que o padrão estético do corpo magro permeia o ideário das jovens e influência a alimentação e o estilo de vida do grupo. Neste aspecto, as estudantes realizavam uma série de práticas e comportamentos para a obtenção do corpo magro que incluíam a omissão de refeições, a restrição de certos alimentos, regimes de emagrecimento e uso de medicamentos. Frente aos resultados encontrados neste trabalho ressalta-se a importância de compreender o impacto do padrão corporal contemporâneo na saúde e na qualidade de vida de mulheres jovens. Palavras-chave: práticas alimentares, corpo, imagem corporal, simbologia alimentar. 1 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Nutrição. ABSTRACT Food and body: a study of body conceptions, food and academicals youths' lifestyle The cult to the body involves a group of daily practices that you/they are in the base of our social life. Inside of this perspective, this study investigated the body conceptions, the alimentary practices and the academicals youths' lifestyle. She opted for a research of interpretative base, in the which was used semi-structured interview and content analysis. The objective was to identify the influence of a certain corporal and aesthetic pattern in the alimentary practices, in the physical activity and in the daily of life of the group. Fifteen were interviewed academicals of a public institution of teaching of Minas Gerais. The analysis of the interviews allowed to verify that the aesthetic pattern of the thin body permeates the youths' ideation and influence the feeding and the lifestyle of the group. In this aspect, the students accomplished a series of practices for the obtaining of the thin body including: the omission of meals, the restriction of foods, weigh loss regimes and use of medicines. Front to the results the importance is emphasized of understanding the impact of the contemporary corporal pattern in the health and in the quality of young women's life. Key words: alimentary practices, body, corporal image, alimentary simbologia. Endereço para correspondência: Vanessa Alves Ferreira Rua da Glória, 187, Centro, 39100-000, Diamantina, Minas Gerais, Brasil. E-mail: vanessa.nutr@ig.com.br Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.13, p.69-76, Jan/Fev. 2009. ISSN 1981-9919. 70 Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. ISSN 1981-9919 versão eletrônica Per iód ico do Inst i tuto Bras i le i ro de Pesquisa e Ens ino em F is io log ia do Exerc íc io w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r INTRODUÇÃO A construção social do corpo pode variar de acordo com o contexto histórico, socioeconômico e cultural. Sob este prisma, o corpo pode ser considerado uma representação da sociedade e se reveste, portanto de interpretações e significados. Ao corpo se aplicam discursos e práticas que estão na base de nossa vida social (Mauss, 1974; Bourdieu, 2005; Rodrigues, 2006). Neste sentido, o culto ao corpo envolve um conjunto de práticas cotidianas – massagens, dieta, exercícios físicos, tratamentos estéticos, consumo de produtos de beleza e de rejuvenescimento. Todos esses rituais de embelezamento e modelagem do corpo se “associam a propagação a uma imitação, baseada no prestígio conferido aqueles que ostentam um corpo dentro de determinado padrão estético” (Goldenberg, 2004:36). Essa construção cultural do corpo por meio da “imitação prestigiosa” faz com que os indivíduos imitem atitudes, comportamentos e práticas consideradas bem sucedidas (Mauss, 1974). De acordo com a literatura as mulheres são as mais afetadas pelo modelo de corpo imposto pela sociedade contemporânea (Bourdieu, 2005; Wolf, 1992; Goldenberg, 2007). Dessa forma, a busca pelo cuidado com o corpo tornou-se uma questão fundamental para as mulheres ocidentais, conduzindo-as a uma série de atitudes e práticas para a obtenção do corpo magro, perfeito, belo, esguio e jovem. O corpo desejado e imitado pelas mulheres modernas segue o padrão estético das modelos, atrizes e celebridades difundido no circuito da moda e da mídia. Para se enquadrarem nesse padrão estético culturalmente definido as mulheres submetem-se a cirurgias plásticas, implantes mamários, alisamento de cabelos, uso de cílios e unhas postiças, exercícios físicos extenuantes e várias formas de regime alimentar (Goldenberg, 2007; Montagner, Leal, Catrib e Amorim, 2008; Andrade e Bosi, 2003). Assim, o corpo das mulheres modernas é um corpo permanentemente controlado, regulado, modelado e mutilado resultando em um investimento pessoal e financeiro importante. O corpo é, portanto, vítima de mecanismos de controle sociocultural que o modela, manipula e o adapta às exigências da sociedade (Foucault, 1987). Dentro desta perspectiva, este estudo investigou as concepções de corpo, as práticas alimentares e o estilo de vida de jovens universitárias através da realização de entrevistas. Portanto o objetivo desse trabalho foi identificar a influência de um determinado padrão corporal e estético nas práticas alimentares, na atividade física e no cotidiano de vida do grupo. MATERIAIS E MÉTODOS Este estudo buscou uma aproximação com o vocabulário sobre a alimentação, o corpo o estilo de vida e o cotidiano de universitárias de uma instituição pública de Minas Gerais dentro da abordagem qualitativa através da realização de entrevistas semi- estruturadas (Minayo,1998; Trivinõs, 1987). Todas as jovens matriculadas nos dez cursos oferecidos pela universidade foram convidadas a participar da pesquisa. O convite foi feito pelas pesquisadoras em todas as turmas da instituição. Contudo, ao final da etapa de seleção da amostra apenas 15 jovens compareceram as entrevistas agendadas com a equipe. O instrumento para a coleta de dados foi formulado a partir do referencial teórico levantado na etapa prévia de revisão bibliográfica. O roteiro de entrevistas compreendeu três grandes eixos investigativos: práticas alimentares, estilo de vida e percepções de alimentação e do corpo. O primeiro constou de informações acerca das práticas alimentares do grupo incluindo rotina de alimentação: aquisição dos gêneros, preparo, consumo e preferências alimentares. No segundo eixo foram obtidos dados sobre o estilo de vida compreendendo tipo de atividade ocupacional, momentos de descanso e lazer, meios de locomoção, afazeres domésticos, horas assistindo televisão, realização de atividade física de laser e consumo de álcool e tabaco. E o terceiro eixo investigativo levantou informações sobre as concepções acerca da alimentação, do estilo de vida e crenças relacionadas ao corpo. As entrevistas foram realizadas em sala própria cedida pela universidade. Nesta etapa foram explicados os objetivos da pesquisa, os procedimentos metodológicos e a Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.13, p.69-76, Jan/Fev. 2009. ISSN 1981-9919. 73 Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. ISSN 1981-9919 versão eletrônica Per iód ico do Inst i tuto Bras i le i ro de Pesquisa e Ens ino em F is io log ia do Exerc íc io w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r entrevistadas realizava exercícios alegando a falta de tempo: “fazia academia, mas no momento atual não esta dando tempo”, “eu sempre fiz, mas agora estou sem tempo”. De acordo com as jovens a atividade física esta associada a momentos de “lazer”, “diversão”, “prazer” e “relaxamento”. Contudo, em alguns discursos verificamos a relação entre atividade física e emagrecimento. Em certos discursos a AF relacionava-se a idéia de “compensação”. Ou seja, um recurso para reparar os “excessos” alimentares: “às vezes você come alguma coisa a mais e você tem que se esforçar mais nos exercícios pra compensar”. Bosi e colaboradores (2006), verificaram em seu estudo com universitárias no Rio de Janeiro um alto índice de sedentarismo no grupo. Neste trabalho, praticamente metade da amostra foi considerada inativa (45,6%). A literatura tem demonstrado que a inatividade física, resultado do estilo de vida moderno de trabalho e de lazer, é, mas acentuada no grupo feminino quando comparada ao masculino (Salles-Costa, Heilborn, Werneck, Faerstein e Lopes, 2003). Ainda com relação ao estilo de vida constatou-se no grupo o consumo regular de tabaco e álcool. Dessa forma, quatro universitárias consideraram-se fumantes e a totalidade informou consumir álcool com freqüência. No entanto, vale destacar que com relação ao consumo de álcool as jovens referiram fazer uso “socialmente”, o que significava para o grupo o consumo de bebidas alcoólicas em ocasiões especiais tais como festas, eventos e celebrações. Percepções acerca da alimentação e do estilo de vida No que compreende as percepções acerca da alimentação observamos que o alimento, para este grupo, relacionava-se a uma necessidade orgânica, fisiológica, vital: “é essencial pra vida, pra saúde”; “é o que dá energia”; “pra gente poder fazer as atividades e conseguir também manter o equilíbrio, o bom funcionamento do corpo”. Refeição, por sua vez, refere-se a um momento específico do dia onde se consome uma alimentação completa, com destaque para o almoço: “eu já penso em almoço”. Opostamente, o lanche é considerado uma “não-refeição”, ou seja, refere-se a um complemento: “não é tão completo quanto às refeições”. Por essa razão foi considerado “mais leve”, caracterizado como uma comida mais rápida: “uma coisa só para saciar sua fome por pouco tempo”; “aquela coisa rápida, onde você está só querendo enganar o estômago”. Dieta para as estudantes assume uma idéia de controle. Neste sentido, a alimentação deve ser regrada, evitando os excessos e as calorias especialmente com a finalidade de emagrecer: “dieta é controlar a sua alimentação”; “diminuir calorias para emagrecer”; “acho que você sempre tem que ter uma dieta tem que controlar sua alimentação”. A esse respeito, segundo Fischler (1995), o problema do comensal contemporâneo é justamente administrar e regular a sua alimentação. A adesão a regimes de emagrecimento mostrou-se freqüente no grupo: “desde que eu me entendo por gente eu vivo de dieta”; “já fiz várias (dietas), tenho várias experiências”; “já fiz de tudo”. Cinco das estudantes relataram ter feito uso de medicamentos para emagrecer, mas apenas três das jovens receberam orientação médica. Dentre os diversos relatos a respeito das práticas alimentares visando a redução de peso destacamos: “ficar três dias sem comer para ir a uma festa”; “dieta dos pontos”; “dieta das proteínas”; “diet shake”; dieta japonesa”; “dieta do abacaxi”; “dieta da lua”; “eu tento comer menos doces”; “vou abolindo certos tipos de alimentos”. Questionamentos sobre os alimentos diet e light revelaram o pouco conhecimento das jovens a respeito desses produtos: “tem uma diferença entre diet e light, mas que eu não sei qual é”; “eu não sei direito”. Interessante destacar que apesar do grupo apresentar um melhor nível de instrução, uma condição social mais favorável e ser em sua maioria estudantes da área da saúde existia pouca clareza sobre a função e o papel desses produtos, fato que merece ser melhor investigado. Notamos que a maioria do grupo não considerou ter uma vida saudável. Neste sentido, a alimentação inadequada e a inatividade física foram as questões apontadas para justificar um estilo de vida considerado desfavorável: “eu não pratico nenhum exercício, eu tenho consciência, eu devia me alimentar melhor (...) eu só como miojo, só... eu devia comer mais frutas, sei lá... umas Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.13, p.69-76, Jan/Fev. 2009. ISSN 1981-9919. 74 Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. ISSN 1981-9919 versão eletrônica Per iód ico do Inst i tuto Bras i le i ro de Pesquisa e Ens ino em F is io log ia do Exerc íc io w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r coisas mais saudáveis”. Contraditoriamente, as estudantes relataram ter qualidade de vida. A qualidade de vida para o grupo envolvia outros aspectos para além da questão alimentar e de atividade física. Sendo assim, qualidade de vida para as estudantes estava associada a idéia de “saúde”, “felicidade’’, “condições materiais mais favoráveis”. Dessa forma, de acordo com algumas jovens: “apesar de tudo, minha vida é legal, eu só canso por causa da faculdade, mas eu tenho conforto em casa, eu não me alimento melhor por ‘farrapagem’ minha mesmo, porque eu teria totais condições para um saúde boa”; “porque eu tenho tudo que me faz feliz. Acho que isso é que é importante”. O corpo ideal versus o corpo real A análise das entrevistas permitiu verificar a valorização do padrão estético do corpo magro e belo entre as estudantes. Este é o corpo desejado e valorizado por estar associado, no imaginário do grupo, a idéia de felicidade, beleza e sucesso. O corpo magro é concebido pelas jovens como uma “vitória”; “uma satisfação pessoal”; “uma realização de meta”. O corpo magro se relaciona ainda ao prestígio e ao sucesso por ser “igual ao povo da televisão: todo mundo magro, bonito e queimado de sol”. Para Mauss (1974), o corpo é adquirido pelos membros da sociedade por meio da imitação prestigiosa. Os indivíduos imitam comportamentos e corpos que obtiveram êxito e que são bem sucedidos naquela sociedade em um determinado contexto histórico e sociocultural. Nesta mesma direção, para Goldenberg (2007) a associação entre corpo e prestígio se tornou um elemento fundamental na cultura brasileira contemporânea. No Brasil, “as mulheres imitáveis, as mulheres de prestígio, são atualmente, as modelos, atrizes, cantoras e apresentadoras de televisão, todas elas tendo o corpo como o seu principal capital, ou uma de suas mais importantes riquezas”. Para as universitárias o corpo é um objeto de insatisfação e preocupação permanente. Por essa razão, o corpo deve ser controlado e vigiado: “eu fico pensando nisso vinte e quatro horas por dia”; “é uma luta constante”. Segundo Baudrillard (1995), nas sociedades modernas o corpo é um objeto ameaçador que deve ser vigiado e reduzido permanentemente. Todas as estudantes desejavam perder peso, em média, de um a nove quilogramas: “gostaria de perder mais uns cinco quilogramas”; “(perder) dois quilogramas”; “com uns quilogramas a menos ficaria melhor esteticamente”. Bosi e colaboradores (2008), observaram em seu estudo com universitárias no Rio de Janeiro uma insatisfação com o peso corporal e o desejo de perder em média 2,2 kg. Observamos também a rejeição a partes específicas do corpo, particularmente o abdômen: “o que me incomoda é a barriguinha grande”; “queria perder esse pneuzinho aqui do lado”. A barriga parece denotar o excesso de medidas, a gordura corporal e, portanto deve ser reduzida e/ou eliminada. Para Bourdieu (2005), “os homens tendem a se mostrar insatisfeitos com as partes de seu corpo que consideram pequenas demais, ao passo que as mulheres dirigem suas criticas, sobretudo a partes de seu corpo que lhes parecem demasiado grande”. Foi possível constatar uma valorização extrema do corpo por parte das jovens. O corpo parece ser o principal atributo do grupo. É o corpo que diz quem elas são: “meu peso normal significa muito pra mim”; “é auto- estima”; “você fica mais feliz”; “você consegue se relacionar melhor com as pessoas”; “é tudo pra mim”. Nas sociedades contemporâneas o corpo expressa a essência, os sentimentos, pensamentos, o “ser” mais profundo de cada um. O corpo é o principal valor e capital dos indivíduos. Dessa forma, o corpo é a própria linguagem da identidade social (Bourdieu, 2005). CONCLUSÃO O padrão estético do corpo magro permeia o ideário das jovens e influência a alimentação e o estilo de vida do grupo. Neste aspecto, ambivalências e contradições foram observadas no discurso das jovens a respeito de seu corpo, suas práticas alimentares e seu estilo de vida. O cotidiano de vida das estudantes implica na falta de tempo para a realização das atividades físicas de lazer, para a elaboração e o preparo de refeições mais saudáveis sob o ponto de vista nutricional limitando a incorporação de um estilo de vida promotor da saúde. É interessante observar que o desejo de ter ou permanecer com o corpo magro não encontra correspondência Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.13, p.69-76, Jan/Fev. 2009. ISSN 1981-9919. 75 Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. ISSN 1981-9919 versão eletrônica Per iód ico do Inst i tuto Bras i le i ro de Pesquisa e Ens ino em F is io log ia do Exerc íc io w w w . i b p e f e x . c o m . b r - w w w . r b o n e . c o m . b r com o perfil de alimentação e de atividade física do grupo. Em suas rotinas diárias as jovens selecionam alimentos industrializados e de maior praticidade; realizam refeições “rápidas”, por vezes calóricas e, são ainda inativas. Nesta direção, a alimentação saudável e a adesão a atividade física de lazer passam a ser práticas desejadas e idealizadas pelas jovens por relacionar-se ao discurso médico e midiático da boa forma. Frente as limitações reais as estudantes passam a realizar uma série de práticas para a obtenção do corpo magro incluindo: a restrição de alimentos, a omissão de refeições, a preocupação permanente com as calorias e os excessos alimentares; a adesão a regimes e dietas variadas; o uso de medicamentos, entre outras. Neste ponto emerge o conflito permanente que gera angústia, sentimentos de insatisfação e de inadequação no grupo. Neste sentido, as jovens se vêem obrigadas a experimentar constantemente a distância entre o corpo real, a que estão presas, e o corpo ideal, o qual procuram infatigavelmente alcançar. Por fim, ressalta-se a importância de compreender o impacto do modelo de corpo contemporâneo na saúde e na qualidade de vida de mulheres jovens. REFERENCIAS 1- Mauss, M. As técnicas corporais. Sociologia e antropologia. São Paulo. EPU. EDUSP. 1974. 2- Bourdieu, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2005. 3- Rodrigues, J.C. Tabu do corpo. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2006. 4- Goldenberg, M. O corpo cativo: sedução e escravidão feminina. In: Goldenberg M. De perto ninguém é normal: estudos sobre o corpo, sexualidade, gênero e desvio na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Record. 2004. 50p. 5 – Wolf, N. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rocco. 1992. 6 – Goldenberg, M. O corpo como capital: estudos sobre gênero, sexualidade e moda na cultura brasileira. São Paulo. Estação das Letras e Cores Editora. 2007. 7 – Montagner, M.A.; Leal, V.C.L.V.; Catrib, A.M.F.; Amorim, R.F. O corpo, a cirurgia estética e a saúde coletiva: um estudo de caso. Revista Ciência & Saúde Coletiva [versão on line]. 2008. 8 – Andrade, A.; Bosi, M.L.M. Mídia e subjetividade: impacto no comportamento alimentar feminino. Rev Nutr. Vol. 16. Num 1. 2003. p. 117-125. 9 – Foucault, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis. Vozes. 1987. 10 – Minayo, M.C.S. Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. 9ª ed. Petrópolis: Vozes. 1998. 11 – Trivinõs, A.N.S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo. Atlas. 1987. 12 – Bardin, L. Análise de conteúdos. Edições 70. Lisboa. 1977. 13 – Souto, S.; Ferro-Bucher, J.S.N. Práticas indiscriminadas de dietas de emagrecimento e o desenvolvimento de transtornos alimentares. Rev. Nutr. Campinas. Vol. 19. Num 6. 2006. p. 693-704. 14 – Bosi, M.L.M.; Luiz, R.R.; Uchimura, K.Y.; Oliveira, F.P. Comportamento alimentar e imagem corporal entre estudantes de educação física. J Bras Psiquiatr. Vol. 57. Num. 1. 2008. p. 28-33. 15 – Garcia, R.W.D. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre as mudanças na alimentação urbana. Rev. Nutr., Campinas, Vol. 16. Num. 4. 2003. p. 483-492. 16 – Canesqui, A.M. Mudanças e permanências da prática alimentar cotidiana de famílias de trabalhadores. In: Canesqui AM. Antropologia e nutrição: um dialogo possível. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2005. p. 167- 210. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.13, p.69-76, Jan/Fev. 2009. ISSN 1981-9919.
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