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Tratamento de Infecções Intestinais: Giardia, Ascaris, Dosagem e Efeitos Adversos, Notas de estudo de Farmácia

Informações sobre o tratamento de infecções intestinais causadas por parasitas giardia e ascaris, incluindo a dosagem, efeitos adversos e comparação de diferentes fármacos utilizados no tratamento. Os fármacos discutidos incluem albendazol, mebendazol, nitazoxanida, ivermectina, tiabendazol, secnidazol, metronidazol e etofamida.

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 26/02/2011

Ronaldinho890
Ronaldinho890 🇧🇷

4.3

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Baixe Tratamento de Infecções Intestinais: Giardia, Ascaris, Dosagem e Efeitos Adversos e outras Notas de estudo em PDF para Farmácia, somente na Docsity! 1 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade Elaboração Final: 17 de novembro de 2009 Participantes: Manfroi A, Stein AT, Castro Filho ED Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 2 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA: Pesquisou-se no PubMed/MEDLINE, utilizando–se as seguintes palavras-chaves (MESH): (“Intestinal Diseases, Parasitic/diagnosis “[MeSH] OR “Intestinal Diseases, Parasitic/drug therapy”[MeSH] OR “Intestinal Diseases, Parasitic/ prevention and control”[MeSH]) Limits: Preschool Child: 2-5 years, Child: 6-12 years, English, Spanish, Portuguese, Randomized Controlled Trial, Humans. Critérios de inclusão: crianças de 2 a 12 anos de idade, com doença parasitária intestinal, pesquisa em humanos. Critérios de exclusão: artigos contendo somente população adulta, artigos com população adulta e infantil, mas sem estratificação por idade na análise dos dados, artigos com pacientes hospitalizados e artigos com pacientes HIV positivos e/ou AIDS. Busca sistemática na SciELO, além da consulta a material impresso. GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA: A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. OBJETIVO: Produzir diretrizes para a abordagem das parasitoses mais prevalentes na infância no cenário de Atenção Primária à Saúde. CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum conflito de interesse declarado. 5Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Em relação às faixas etárias, as crianças menores de cinco anos são as que apresentam maior prevalência de enteroparasitoses causadas por Giardia sp, Ascaris sp e Trichuris sp14(B). Há uma proporção mínima de crianças infectadas no primeiro ano de vida13,14(B). Percebe-se aumento crescente da frequência de infestação até os três anos de idade12,14(B), aparecendo grande diferença no pico de infecção por Ascaris sp entre o primeiro e o segundo anos de vida, e com aumento progressivo de infecção por tricuros a partir desta idade12,13(B). Nos casos de giardíase, há maior prevalência nas idades menores (2 a 6 anos), do que na faixa etária de 10 a 15 anos15(B). Não foram encontrados relatos, na bibliografia consultada, sobre a distribuição de ancilostomíase por faixa etária, havendo uma suposição de este parasita não ter sido encontrado em estudo de prevalência, em decorrência da idade jovem da população estudada (zero a cinco anos)13(B). A distribuição da infecção não varia com as idades entre um a sete anos para Strongyloides sp. O mesmo estudo não apresentou casos positivos para este parasita em crianças menores de um ano19(B). Estudo de base populacional para determinar a prevalência de enterobíase em crianças de sete a quatorze anos, na Turquia, não encontrou diferenças nas prevalências entre as idades estudadas23(B). Não foram encontradas diferenças significativas nas prevalências entre os sexos para as parasitoses avaliadas14,15,27-29(B)17(C). No ciclo de vida de Ascaris sp, Trichuris sp e Ancylostomas sp, o parasita adulto habita o trato gastrointestinal, local em que há a produção de ovos, eliminados por meio das fezes para o meio ambiente, onde requerem período de maturação para se tornarem infectantes. Sua transmissão pode ocorrer por meio de alimentos vegetais mal lavados (hortaliças), terra contaminada e água não tratada (ausência de rede de distribuição e de coleta), dentre outros fatores em que ocorra exposição ao meio ambiente contaminado2(D). No caso da giardíase, a eliminação do parasita infectante ocorre desde o momento de eliminação das fezes, o que permite sua transmissão por meio do contato entre humanos (fecal-oral), mesmo em ambientes saneados, também podendo ocorrer por meio de água contaminada14(B). Enterobíase caracteriza-se pela transmissão por meio do contato interpessoal. As fêmeas adultas depositam ovos na região perianal, causando como sintomatologia o prurido. Os ovos podem ser transmitidos diretamente para os contatos da pessoa infectada, indiretamente por meio de poeiras, alimentos ou roupas contaminados, e, também, pode haver a retroinfestação, com a migração das larvas para as regiões superiores do intestino30(D). Estrongiloidíase é transmitida pela penetração da larva filarióide por meio da pele, chegando aos pulmões e, destes, ao trato gastrointestinal, onde se desenvolve o indivíduo adulto. As formas adultas liberam larvas não infectantes que, no meio externo, podem tornar- se infectantes ou indivíduos adultos de vida livre, com capacidade de acasalamento, mantendo o ciclo de infestação. Animais domésticos (gatos e cachorros), além do homem, podem ser reservatórios deste parasita30(D). A forma de transmissão da amebíase é por meio da ingestão de água e/ou alimentos contaminados por dejetos contendo cistos do protozoário30(D). As manifestações clínicas podem ou não estar presentes, variando de ausência de sintomas a estado subagudo ou crônico. Os sintomas, muitas vezes, são vagos e inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico clínico, salvo exceções de prurido anal em casos de enterobíase (oxiuríase), quando há eliminações de vermes na ascaridíase, ou quando evoluem para suas complicações, com manifestações clínicas mais Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 6 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância específicas. Podem manifestar-se por diarreia (aquosa, mucóide, aguda, persistente, intermitente), dor abdominal (desconforto vago a cólicas), dispepsia, anorexia, aste- nia, emagrecimento e distensão abdo- minal2(D)20,28,31(B). Em estudo que avaliou a relação entre sintomatologia e parasitose intestinal, em crianças menores de cinco anos, nos casos positivos para os enteroparasitas foram encontrados 83% de sintomas intestinais (diarreia, vômito, epigastralgia, perda de apetite, flatulências), 66% de sintomas cutâneos (prurido) e 51% de sintomas respiratórios (tosse, dor de garganta, secreção nasal). Quando analisada a associação de sintomas com parasitas específicos, foram encontrados os seguintes resultados: epigastralgia associada com ascaridíase (OR = 2,58, p= 0,01); sintomas intestinais (dor, diarreia, flatulência) foram associados à giardíase (OR= 2,58, p=0,02). Não foi encontrada associação entre sintomas e parasitismo por Entamoeba histolytica20(B). Deve-se atentar para crianças que apresentam déficit no desenvolvimento e nos casos de anemia, muitas vezes relacionados às helmintíases, principalmente2(D). Entretanto, estudo de base populacional para avaliar a prevalência de anemia em crianças menores de cinco anos, realizado no município de São Paulo, sugere que a anemia esteja relacionada basicamente às características desfavoráveis da alimentação infantil, sendo menos relevante o papel que poderia ser atribuído às parasitoses intestinais32(B). Eosinofilia pode ser encontrada nos casos de parasitoses por Ascaris sp, Stongyloides sp e Trichuros sp30(D). Para ascaridíase, tricuríase e ancilostomíase, a partir da contagem de ovos no exame parasitológico de fezes, com os métodos de identificação comumente utilizados, a intensidade da infecção pode ser classificada em leve, moderada e grave33(D). Entretanto, a presença de qualquer contagem significa a possibilidade de eliminação de parasitas, necessitando de tratamento, principalmente, se considerados os fatores de risco relacionados ao aumento da prevalência10(A). Taxa de cura é definida como negativação das fezes para ovos dos parasitas citados, em comparação a qualquer contagem positiva pré-tratamento. A negativação pode não significar cura completa, uma vez que a diminuição da intensidade da infecção após o tratamento pode ser causa de ausência de ovos nas fezes. Por este motivo, recomenda-se mais do que uma coleta (em média três) e em intervalos seriados semanais para determinar a cura18,34-36(B). O diagnóstico de giardíase é feito por meio do exame coproparasitológico, com a identificação de cistos e/ou de trofozoítos nas fezes e, estes últimos, ainda, em aspirado ou biopsia duodeno-jejunal. Para valor diagnóstico considera-se a presença do protozoário em qualquer quantidade. O exame de uma única amostra pode não ser suficiente para descartar o diagnóstico. Amostra positiva é diagnóstica; porém, casos negativos não significam ausência do parasita. Desta forma, são recomendadas três coletas seriadas semanais. Técnicas de concentração aumentam a sensibilidade dos testes13,14,31(B). Também se recomenda o parasitológico de fezes, após o tratamento, para determinar a cura, que significa ausência de cistos e/ou trofozoítos nas amostras. Porém, não há consenso quanto ao intervalo de dias ou semanas para a realização dos copro- parasitológico após o tratamento, que podem variar de três dias, uma semana, 10, 14 e 21 dias, até um mês21,22,28,31,37-43(B). Estrongiloidíase é diagnosticada por meio de coproparasitológico, com coleta de três amostras fecais em intervalos de quatro a seis dias, e analisadas através de mais de um método laboratorial para tanto, medidas que aumentam a sensibilidade diagnóstica. 7Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Considera-se caso positivo a presença do parasita em qualquer quantidade19(B). Enterobíase não é comumente diagnosticada por meio do parasitológico de fezes, a não ser em casos de parasitismo muito intenso. Costuma ser diagnosticada pela coleta direta do parasita e de seus ovos, feita por meio de swab ou de fita gomada na região anal, com posterior análise microscópica. O diagnóstico é feito pela presença de larvas e/ou de ovos, independen- temente da quantidade dos mesmos. Em muitos casos, o diagnóstico se dá por meio da visualização de ovos e/ou larvas diretamente na região perianal23(B). Visto a ocorrência das parasitoses em pré- escolares e escolares ser mais frequente nos casos de crianças que frequentam creches e nas habitantes de regiões com saneamento básico precário, fazem-se necessárias medidas de controle de parasitoses intestinais, principalmente no meio em questão. A abordagem a ser feita pelo Médico de Família e Comunidade e sua equipe, nestes casos, deve envolver, além de medidas educativas quanto à higiene, também o uso periódico de antiparasitários, com vistas ao controle tanto de transmissão como de reinfecções. Para tanto, não se faz necessário exame coproparasitológico rotineiramente, mas o tratamento indepen- dentemente do status de infestação de cada indivíduo. Esta medida, além de segura, também é mais econômica2(D). Ressalta-se, ainda, a necessidade de uma futura busca sistemática, com objetivo de maior embasamento sobre os temas hipovitaminose, anemia, desnutrição e suas relações com as parasitoses, bem como utilização de vacina, dentre outras questões relativas ao tema, achados ocasionais na pesquisa que embasou esta diretriz, mas que não foram considerados no enfoque da mesma. TRATAMENTO Para a abordagem terapêutica, foram consideradas as evidências referentes às parasi- toses mais comumente encontradas: giardíase, ascaridíase, ancilostomíase, tricuríase, ente- robíase, estrongiloidíase e amebíase. GIARDÍASE Dados sobre tratamentos encontram-se na Tabela 1. Para o tratamento de giardíase, indica-se o uso de tinidazol 50 mg/kg, em tomada única. Sua indicação é decorrente tanto de sua maior eficácia >90%6,12,29,41,44(B) (> 98% de cura 7 dias após o tratamento, 86% após 14 dias e 72% após 21 dias), como pela comodidade de tomada única (o que é fator positivo para a aderência ao tratamento)37(B). O tratamento para giardíase de crianças sintomáticas e assintomáticas frequentadoras de creche reduz significativamente a prevalência da doença após 6 meses de tratamento. É importante, também, o tratamento das pessoas responsáveis pelos cuidados destas crianças48(B). Outra opção para o tratamento da giardíase é o metronidazol 7,5 mg/kg, de 8 em 8 horas, por 5 dias, que apresenta taxa de cura de 98%, 21 dias após o tratamento, ou suspensão de 25 mg/ml (< 10 kg – 7,5 ml; 10 – 19,9 kg – 15 ml; 20 – 29,9 kg – 22,5–ml; ≥ 30 kg – 30 ml), de 8 em 8 horas, por 10 dias, com taxa de cura de 96%, 3 dias após o término do tratamento. ASCARIDÍASE Dados sobre tratamentos encontram-se na Tabela 2. O tratamento com albendazol 400 mg, única tomada, para ascaridíase demonstra ser Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 10 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos adversos Referência Terapêutico cura (%) Observações 400 mg/dia >98 - 37(B) – 5 dias Após 7 Albendazol dias Sem efeito Após14 e 21 dias 10 mg/kg/dia - 90,4 - - 28(B) 1x - 5 dias 14 dias após 400 mg/dia 62 - 10 dias Muito pouco frequentes: 39(B) - 5 dias após náusea (2%), dor abdominal (8%), vômito (3%). Foram Giardia transitórios, bem tolerados, lamblia não causando a interrupção do tratamento 800 mg - 1x 50 - 7 e Cefaleia (11,5%), 29(B) 14 dias tontura (7,7%), após náusea (3,8%). Foram transitórios, bem tolerados, não causando a interrupção do tratamento 400 mg - 1x 50 - 7 e Dor abdominal (16,2%), 41(B) - 3 dias 14 dias cefaleia (11,8%), após náusea (4,4%), tontura (2,9%), gosto metálico (1,5%). Foram transitórios, bem tolerados, não causando a interrupção do tratamento 400 mg -1 x – 5 94 – 21 Ausência de 31(B) dias dias após efeitos adversos 11Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos adversos Referência Terapêutico cura (%) Observações Secnidazol 30 mg/kg/dia 79,4 – 7 Gosto amargo, dor 38(B) – 1 x dias após abdominal transitória (8,2%). Foram transitórios, bem tolerados, não causando a interrupção do tratamento Mebendazol 200 mg - 3 x 78,1 - 7 Dor abdominal 38(B) - 3 dias dias após transitória (27,3%). Foi transitória, bem tolerada, não causando a interrupção do tratamento Giardia 200 mg 3 x - 5 86 - 14 Ausência de 21(B) lamblia dias após efeitos adversos Cloroquina 10 mg/kg - 2x 86 - 10 Gosto amargo em 39(B) - 5 dias dias após 100% dos casos, náusea (24%), dor abdominal (34%), vômito (12%). Foram transitórios, bem tolerados, não causando a interrupção do tratamento Albendazol 400 mg + 74,2 - 7 e Atribuídos mais ao 29(B) + 20 mg/kg - 1 x 14 dias Praziquantel. Dor Praziquantel após abdominal (16%), 2 casos necessitando tratamento, cefaleia (13%), tontura, náusea (6,5%), gosto metálico (3,2%). Não causaram interrupção do tratamento Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 12 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância eficaz no ganho ponderal (mais de 40% das crianças com ganho maior que 10%) e na redução de ovos das fezes em 76% após 9 meses de tratamento, quando comparado a placebo (p<0,01)11(A). O uso de albendazol 100mg, a cada 12 horas, por um dia, apresenta taxas de cura 21 dias após o tratamento de 97,5%, com redução na contagem de ovos de 99% em relação ao placebo (p<0,001)18(B). Mebendazol 500 mg, única tomada, apresenta taxas de cura maiores que 95%, bem como de redução de ovos após 21 dias de tratamento10(A)34,36(B). Esquemas de mebendazol 100 mg, a cada 12 horas, por 3 e 6 dias demonstraram taxas de cura e de redução de ovos superiores a 95%47(B). Mebendazol 600 mg em dose única, em intervalos de quatro meses, é mais eficaz (taxa de cura de 97,5%) do que albendazol 400 mg, dose única, a cada seis meses (taxa de cura de 83,5%) (x2 =45,1, p<0,0001) quando avaliados aos 12 meses após o tratamento35(B). Mebendazol 500 mg e albendazol 400 mg, em única tomada, em intervalos de quatro meses, são igualmente eficazes no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura de 99% após 21 dias de tratamento e de 97% após 4 meses (p>0,05). A prevalência após 6 meses de tratamento (67%) é similar à do período pré- tratamento (72%), provavelmente por re- infecção em ambientes de alta prevalência, indicando a necessidade de se optar pelo tratamento com um dos fármacos citados em intervalos de quatro meses36(B). A combinação mebendazol-levamizol (500 mg/40 ou 80 mg) é superior ao uso de cada um dos dois fármacos isoladamente, com taxa aos 21 dias após o - Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos adversos Referência Terapêutico cura (%) Observações Nitazoxanida 2 - 3 anos 5 ml 71 - 10 Dor abdominal 40(B) 4 - 11 anos 10 ml dias após (18,2%), diarreia - 2 x - 3 dias (1,8%). Foram transitórios, bem tolerados, não causando a interrupção do tratamento Giardia lamblia Suspensão 20 81 Efeitos adversos 47(B) mg/ml mínimos e bem 2 - 11 Após 10 tolerados em 3% anos: 5 ml dias dos pacientes, ≥ 12 anos: 25 ml não causando ou comprimidos interrupção 500 mg- do tratamento 2 x - 3 dias Após as refeições Furazolidona 3,33 mg/ml - 92 - 3 dias Ausência de 42(B) 4 x - 10 dias após efeitos adversos 15Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos Referência Terapêutico cura (%) adversos Observações 500 mg - dose única > 95 após 21 dias - 10(A)34(B) 100 mg - 12/12h - > 95 após - 46(B) Mebendazol 3 ou 6 dias 21 dias 600 mg - dose 91,2 após 1 mês - 35(B) única a cada 6 meses 79, 6 após 12 meses 600 mg -dose única 89,7 após 1 mês - 35(B) a cada 4 meses 97,5 após 12 meses 500 mg - dose única 99 após 21 dias - 36(B) repetir após 1 semana 97 após 4 meses Recomenda-se 24 após 6 meses tratamento a cada 4 meses 40 mg (15 -21 kg) 95 após - 10(A) Levamizol 80 mg (21 -60 kg) 21 dias dose única 100 mg - dose única 92 após 21 dias - 46(B) Mebendazol/ 500 mg / 40 ou 97,7 após 21 dias - 10(A) Levamizol 80 mg - dose única 150 mg- 1 cp 96,3 após - 34(B) Pamoato de (15 - 20 kg) 21 dias pirantel - 300 mg - 2 cp oxantel (21 - 30 kg) 450 mg - 3 cp (31 – 40 kg) dose única 10 mg/kg – dose única 95,8 após 21 dias - 46(B) Suspensão 20 mg/ml 100 após Efeitos adversos 47(B) Nitazoxanida 2 – 11 anos:5 ml 2x - 10 dias mínimos e bem 3 dias tolerados em 3% ≥ 12 anos: 25 dos pacientes, ml ou comprimidos não causando 500 mg 2x – 3 dias interrupção do Após as refeições tratamento Ivermectina 200 µg/kg - 1x/ dia - 2 100 - 1 - 48(C) dias (200 µg = 0,2 mg) mês após Ascaris lumbri- coides Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 16 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos Referência Terapêutico cura (%) adversos Observações 400 mg dose única 97,4 após - 36(B) repetir após 21 dias Recomenda-se 1 semana 92,6 após tratamento 4 meses a cada 4 Albendazol (aumento meses da prevalên- cia -54,5 após 6 meses) 400 mg - dose 79 após - 35(B) única a cada 1 mês 6 meses 92,4 após 12 Ancylostomas meses 600 mg - dose 43,8 após - 35(B) única a cada 1 mês 6 meses 50 após 12 meses Mebendazol 600 mg - dose 46,6 após - 35(B) única a cada 1 mês 4 meses 55 após 12 meses 83 após - 36(B) 21 dias Recomenda-se 500 mg - dose 87,6 após tratamento única repetir 4 meses a cada 4 após 1 (aumento da meses 1 semana prevalência - 17,9 após 6 meses) 100 mg 2 x/dia 30(D) - 3 dias - - duodenalis Tabela 3 Ancilostomíase: relação dos tratamentos 17Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos Referência Terapêutico cura (%) adversos Observações Nitazoxanida Suspensão 100 após Efeitos adversos 47(B) 20mg/ml 10 dias mínimos e 2–11 bem tolerados anos: 5 ml 2 x – 3 em 3% dos dias pacientes, não ≥ 12 anos: causando 25 ml ou interrupção comprimidos 500 do tratamento mg 2 x – 3 dias Após as refeições Ivermectina 200µg/kg – 85 – 1 mês após - 49(C) 1x/dia - 2dias (200µg = 0,2mg) 400mg – dose única 69,1 após 1 mês - 35(B) Albendazol a cada 6 meses 67,8 após12 meses 57,8 após 21 dias - 36(B) 400 mg – dose 61,5 após 4 meses Trichuris única (aumento da trichiura repetir após prevalência 1 semana - 30,5 após 6 meses) 100 mg – 41 – 21 Não diferiram do 18(B) 12/12h – 1 dia dias após grupo placebo – cefaleia, dor abdominal, boca seca, febre, prurido, vômitos, diarreia (χ2 = 0,415 – não significativo) 400 mg – 43 - 50(B) 1x/dia por 3 dias 600 mg – 57,1 após dose única 1 mês - 35(B) a cada 6 60,6 após meses 12 meses Mebendazol 600 mg – 57,1 após dose única a cada 1 mês - 35(B) 4 meses 68,3 após 12 meses 500 mg – dose 77,2 após 21 dias - 36(B) única repetir após 50,8 após 4 meses 1 semana 5,7 após 6 meses Tricuríase: relação dos tratamentos Tabela 4 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 20 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Amebíase: relação dos tratamentos Parasita Fármaco Esquema Taxa de Efeitos Referência Terapêutico cura (%) adversos Observações Nitazoxanida Suspensão 20 100 após Efeitos 47(B) mg/ml 2 – 11 10 dias adversos anos: 5 ml 2x - mínimos e bem 3 dias tolerados em ≥ 12 anos 3% dos pacientes, : 25 ml ou não causando comprimidos interrupção do Entamoeba 500mg 2x tratamento histolytica - 3 dias Quinfamida 4,3 mg/kg 91,7 – 6 dias - 24(B) 2 x/dia- 1 dia após Etofamida 200 mg 3 x/dia 80,8 - 6 - - 3 dias dias após Secnidazol 30 mg/kg/dia– - - 30(D) dose única (máximo 2 g/dia) Metronidazol 35 mg/kg/dia– - - 30(D) 3 x/dia - 5 dias Diferenças entre tratamentos sem significância estatística (p= 0,18) Recomendação Para o controle das parasitoses intestinais em crianças frequentadoras de creches, e/ou que residem em áreas com saneamento básico precário, indicam-se medidas de educação para a saúde, visando à melhoria das condições de higiene individual e comunitária e ao uso periódico de antiparasitários para as entero- parasitoses mais prevalentes. O tratamento ideal, principalmente quando não se dispõe de dados de prevalências locais, seria um fármaco de amplo espectro, devido à comodidade de uso de uma única droga. Porém, não há medicamento único que seja eficaz para todas as enteroparasitoses mais prevalentes na infância. Uma alternativa pode ser o uso de albendazol, em intervalos de quatro meses, visando ao controle de ascaridíase, enterobíase, ancilostomíase, estrongiloidíase e giardíase. Nota-se que não é a primeira escolha para giardíase, principalmente se avaliarmos sua baixa eficácia 21 dias após o tratamento; porém é a opção mais abrangente com uma única droga visando ao controle das parasitoses mais prevalentes em geral. Se houver informação Tabela 7 21Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina sobre alta prevalência de giardíase, pode-se associar o uso dos fármacos de escolha para seu tratamento, tinidazol ou metronidazol. As medidas de controle mencionadas são importantes no tratamento individual das parasitoses, bem como na diminuição de sua prevalência na comunidade, ao longo do tempo. A relação completa dos fármacos e seus esquemas terapêuticos para o tratamento das parasitoses encontram-se nas tabelas referentes a cada parasita. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 22 Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância REFERÊNCIAS 1. Montresor A, Engels D, Savioli L. Soil- transmitted helminthic infections: updating the global picture. Disease Control Priorities Project. Working Paper Nº 12. Geneva:World Health Organization;2003. 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