Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Os antiinflamatórios não esteroidais (Aines), Notas de estudo de Bioquímica

REVISTA REUMATOLOGIA CLINICA

Tipologia: Notas de estudo

2011
Em oferta
30 Pontos
Discount

Oferta por tempo limitado


Compartilhado em 24/03/2011

davis-munhoz-9
davis-munhoz-9 🇧🇷

4.3

(7)

23 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Os antiinflamatórios não esteroidais (Aines) e outras Notas de estudo em PDF para Bioquímica, somente na Docsity! TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA O reumatologista revisita: Os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) ASPECTOS HISTÓRICOS O uso de substâncias químicas para melhorar a dor e a inflamação é uma das necessidades mais antigas da humanidade. Desde o isolamento da salicilina e a demons- tração dos seus efeitos antipiréticos em 1829 por Leraux, um longo caminho de pesquisa vem sendo trilhado. O salicilato de sódio foi usado para tratar a febre reu- mática como agente antipirético e no tratamento da gota em 1875. O enorme sucesso do fármaco levou à produ- ção do ácido acetilsalicílico. Depois de demonstrado seus efeitos antiinflamatórios, este medicamento foi introduzi- do na Medicina em 1899 por Dresser, com o nome de aspirina, imortalizando o seu nome para sempre na his- tória da medicina(1,3,6). Devida a sua toxicidade (principalmente intolerância gastrointestinal), procurou-se sintetizar outras substân- cias com menores efeitos adversos e, assim, desenvol- veu-se o primeiro antiiflamatório não salicilato, a fenil- butazona, no início de 1950. No entanto, observou-se associado a este fármaco o aparecimento de casos de agranulocitose, o que levou, progressivamente ao seu abandono, sendo raramente utilizado. Em 1963 surge a indometacina, outro derivado não salicilado, com inten- sas ações analgésica e antiinflamatória, desenvolvido para substituir a fenilbutazona(1,4). E, a partir deste perío- do, novos fármacos acídicos ou não, passaram a ser sin- tetizados, procurando-se encontrar cada vez mais eficá- cia e menos efeitos indesejáveis, principalmene gastro- intestinal e, entre eles, estão: naproxeno, cetoprofeno, ibuprofeno, piroxicam, tenoxicam, meloxicam, diclofenac, aceclofenac, sulindac, nimesulida, fentiazac, e muitos outros. Estes, nos dias atuais, têm sido denominados de AINEs tradicionais. Em 1971, Sir John Vane e cols. estudando a atividade antiinflamatória da aspirina conseguiram demonstrar que esta ação estaria ligada a capacidade desta substância inibir a produção de prostaglandinas (PGs), através de uma provável competição com o sítio ativo da enzima ci- cloxigenase (COX). Na mesma época, Sérgio Ferreira, pesquisador brasileiro, que trabalhava conjuntamente com Vane, levantou a hipótese de que haveria isoformas desta enzima. Foi somente, em 1990, que se conseguiu demons- trar que a COX é efetivamente constituída por duas isoformas principais, com características químicas e fisio- lógicas bem definidas, a COX-1 (constitucional ou fisioló- gica) e a COX-2 (induzida ou inflamatória)(1). Os anos seguintes testemunharam o desenvolvimento de inúmeros antiinflamatórios não esteroidais (AINEs), inibidores seletivos de COX-2, numa tentativa de aumen- tar a aceitação dessas medicações pelos pacientes, re- duzir a toxicidade (principalmente gastrintestinal), e au- mentar o efeito antiinflamatório. A Tabela 1 mostra a clas- sificação dos AINEs, baseada nas estruturas químicas de fármacos convencionais ainda de uso corrente, ao lado daqueles considerados com maior seletividade anti- COX-2 (meloxicam, nimesulida, celecoxibe, rofecoxibe, etoricoxibe, valdecoxibe, lumiracoxibe)(3,6). Os AINEs têm sido a classe de medicações mais pres- crita na área da Reumatologia, porém algumas preocu- pações a respeito da segurança desses fármacos (ago- ra na área cardiovascular) tornam esta prática desafia- dora. Desde 2004, com a retirada do rofecoxibe e valde- coxibe do mercado, as prescrições dos AINEs tiveram uma queda de 15% nas prescrições(2). Elaine Cristina Almeida Monteiro Médica especializanda (E2) do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Médica estagiária do Serviço de Reumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo “Francisco Morato de Oliveira” (HSPE-SP “FMO”). Juliana Maria de Freitas Trindade Médica residente (R2) do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da UFPE. Médica Estagiária do Serviço de Reumatologia do HSPE-SP “FMO” . Ângela Luzia Branco Pinto Duarte Professora Titular e Chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da UFPE. Wiliam Habib Chahade Diretor Técnico do Serviço de Reumatologia do HSPE – SP “FMO”. TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 2008 53 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA FARMACOLOGIA Os AINEs compõem um grupo heterogêneo de com- postos, que consiste de um ou mais anéis aromáticos li- gados a um grupamento ácido funcional. São ácidos or- gânicos fracos que atuam principalmente nos tecidos in- flamados e se ligam, significativamente, à albumina plasmática. Pacientes com hipoalbuminemia têm maiores concentrações da forma livre da droga, que corresponde à sua forma ativa. Sua absorção é rápida e completa, de- pois de administração oral (exceto as preparações entéri- cas e de liberação lenta). Não atravessam imediatamente a barreira hematoencefálica e são metabolizados princi- palmente pelo fígado. A indometacina, o meclofenamato e o sulindac apresentam recirculação hepática(1,3,6). Essencialmente, todos AINEs são convertidos em metabólitos inativos pelo fígado e são, predominantemen- te, excretados pela urina; embora o sulindac também possa ser metabolizado no rim. Alguns AINEs e seus metabólitos têm excreção biliar(4). Os salicilatos têm a meia-vida ampliada com o au- mento da concentração plasmática da droga. Isso se deve ao fato da aspirina apresentar cinética de ordem zero, devido à capacidade limitada do fígado de biotransformá- la quando usada em altas doses(8,9). Os AINEs mais lipossolúveis como, cetoprofeno, naproxeno e ibuprofeno, penetram no sistema nervoso central mais facilmente e estão associados com leves alterações no humor e na função cognitiva. MECANISMO DE AÇÃO Sabemos que as PGs são produtos originados do ácido aracdônico, o qual é obtido da dieta ou do ácido linoléico, encontrando-se presentes em todos os teci- dos animais exercendo várias funções. Quimicamente são parte de um grupo chamado eicosanóides, deriva- dos do ácido aracdônico e liberado de fosfolipídeos de membrana de células lesadas, por ação catalítica da fosfolipase A2. As cicloxigenases (COX-1 e COX-2) e a hidroperoxidase catalisam as etapas seqüenciais de sín- tese dos prostanóides (prostaglandinas clássicas e trom- boxanos) e as lipoxigenases transformam o ácido ara- cdônico em leucotrienos e outros compostos(1,6). O principal mecanismo de ação dos AINEs ocorre através da inibição específica da COX e conseqüente redução da conversão do ácido aracdônico ou araquidô- nico (AA) em prostaglandinas. Reações mediadas pelas COXs, a partir do AA produzem PGG2, que sob ação da peroxidase forma PGH2, sendo então convertidas às prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos (TXs)(1,6). As prostaglandinas têm ação vasodilatadora. A PGD2 é liberada de mastócitos ativados por estímulos alérgi- cos ou outros. A PGE2 inibe a ação de linfócitos e outras células que participam das respostas alérgicas ou infla- matórias. Além de promoverem vasodilatação, sensibili- zam os nociceptores (hiperalgesia) e estimulam os cen- tros hipotalâmicos de termorregulação(1,6) (Figuras 1 e 2). A prostaglandina I2 (prostaciclina) predomina no endo- télio vascular e atua causando vasodilatação e inibição da adesividade plaquetária. O TX, predominante nas plaquetas, causa efeitos contrários como vasoconstrição e agregação plaquetária(1,4). Os leucotrienos aumentam a permeabilidade vascu- lar e atraem os leucócitos para o sítio da lesão. A hista- mina e a bradicinina aumentam a permeabilidade capi- lar e ativam os receptores nocigênicos(1,4). Existem pelo menos duas isoformas de COX que apre- sentam diferenças na sua regulação e expressão. A ativi- dade de ambas as isoformas são inibidas por todos os AINEs em graus variáveis. A COX-1 e COX-2 possuem Tabela 1 - Classificação química dos principais agentes antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) Ácido salicílico e derivados Ácido acetilsalicílico, salicilato de sódio, diflunisal Ácidos indol e indol acéticos Indometacina, sulindaco, etodolac Ácidos hetero aril-acéticos Tolmetina, diclofenaco, aceclofenaco, cetorolaco Ácidos arilpropiônicos Ibuprofeno, naproxeno, flurbiprofeno, cetoprofeno, loxoprofeno, oxaprozina Ácidos antranílicos (fenamatos) Ácido mefanâmico, ácido meclofenâmico Ácidos enólicos Piroxicam, tenoxicam, meloxicam Alcanones (não acídicos) Nabumetona Furanona diaril-substituído Refecoxib Pirazol diaril-substituído Celecoxib Sulfonanilida Nimesulida Fonte: Goodman & Gilman’s. The Pharmacological Basis of Therapeutics, 10ª ed. 2001. TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 200854 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA nais. Também nos rins as complicações eram tão sérias que os antigos a denominavam de nefropatia analgési- ca, caracterizada por necrose papilar, hipertensão arte- rial e, finalmente, insuficiência renal (10,11,19). Essas complicações, freqüentemente observadas na primeira metade deste século, puseram em marcha uma busca incessante de novos medicamentos que fossem eficazes e tivessem maior margem de segurança com respeito aos inconvenientes mencionados(10,11). O primeiro antiinflamatório lançado para comerci- alização a partir desse conceito foi o meloxicam, de- senvolvido a partir de uma molécula que apresenta atuação inibindo preferencialmente a COX-2, manten- do um bloqueio parcial da COX-1. Outros AINEs já em uso, como o etodolaco e a nimesulida, também se mostraram inibidores preferenciais ou seletivos para COX-2. Atualmente dispomos de alguns inibidores seletivos da COX-2: celecoxibe, lumiracoxibe, etori- coxibe (Tabela 2). Este grupo de medicamentos carece de um grupo carboxílico presente na maioria dos AINEs e, por isso, são capazes de orientar-se na enzima COX-2 de manei- ra seletiva, que difere daquela dos outros antiinflamató- rios. Apresentam baixa hidrossolubilidade, o que dificul- ta a sua administração parenteral(13). PERFIL CLÍNICO DOS AINEs E SEUS EFEITOS COLATE- RAIS (Tabela 3) Gastrointestinal Todos AINEs convencionais têm a tendência de cau- sar efeitos adversos gastrointestinais que podem variar de dispepsia a sangramentos de estômago e duodeno, ativar doenças inflamatórias intestinais quiescentes e cau- sar dano tecidual (como úlceras) no trato gastrointestinal baixo, geralmente, após um longo período de uso(6). Muitos AINEs são derivados do ácido carboxílico e se encontram na forma não ionizada no lúmen gástrico e, dessa maneira, podem ser absorvidos pela mucosa gástrica. Com a mudança de pH ácido para neutro, no interior da mucosa, a droga ionizada é armazenada tem- porariamente no interior das células epiteliais, o que cau- sa dano às mesmas. Entretanto, esse dano “tópico” não parece ser de fundamental importância para a patogê- nese da sintomatologia ulcerosa. Essa última se deve principalmente a uma conseqüência da inibição sistêmica da atividade COX-1 da mucosa gastrointestinal (GI). Mesmo a administração intramuscular ou intravenosa de aspirina ou outros AINEs pode causar úlceras gástricas ou duodenais(25,26,27). Por inibirem a COX-1, os AINEs impedem a síntese de prostaglandinas gástricas, especialmente PGI2 e PGE2, que servem como agentes citoprotetores da mucosa gástrica. Estes eicosanóides agem inibindo a secreção ácida pelo estômago, aumentando o fluxo sangüíneo na mucosa gástrica e promovendo a secre- ção de mucocitoprotetor. A inibição da sua síntese, por- tanto, acarreta ao estômago uma maior suscetibilidade às lesões; cujo aspecto característico, com infiltrado in- flamatório, levou ao uso da denominação de gastropatia por AINE. Além disso, diminui a adesividade plaquetária, aumentando os riscos de sangramento. A indometacina, o sulindac e o meclofenamato sódico apresentam acen- tuada recirculação enteropática, o que aumenta os efei- tos tóxicos destes fármacos(6). Tabela 2 - Classificação atual dos AINEs Inibidores seletivos da COX-1 Aspirina (em baixas doses) Inibidores não seletivos da COX Aspirina (em altas doses), piroxicam, indometacina, diclofenaco, ibuprofeno, nabumetona Inibidores seletivos da COX-2 Meloxicam, etodolaco, nimesulida, salicilato Inibidores altamente seletivos da COX-2 Celecoxibe, paracoxibe, etoricoxibe, lumiracoxibe Tabela 3 - Efeitos colaterais gastrointestinais dos AINEs Efeitos leves Dispepsia Erosões gastrointestinais (estômago > bulbo duodenal) Efeitos moderados Anemia ferropriva Úlceras gastrointestinais (estômago e intestino) Efeitos graves Sangramento gastrointestinal severo (estômago > bulbo duodenal > esôfago > intestino grosso e delgado) Perfuração aguda (bulbo duodenal > cólon) Obstrução gástrica TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 2008 57 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA A associação com o óxido nítrico O óxido nítrico (ON) pode ter um papel intermediário na citoproteção da mucosa gástrica. Com papel similar a COX 1, a sintase constitutiva do óxido nítrico (sON) é importante na manutenção da integridade da mucosa gástrica. Duas enzimas contribuem para a atividade basal e constitutiva da sON: a sON neuronal (sONn, tipo 1) e SON endotelial (sONe, tipo 3).Os mecanismos citoprote- tores do óxido nítrico são paralelos aos efeitos das PGs e incluem mediação da liberação do muco gástrico, manu- tenção da função da barreira epitelial e aumento do fluxo sangüíneo da mucosa. Existe ainda a sintase indutiva do óxido nítrico (sONi, tipo 2) que está associada com pro- cessos inflamatórios, similar a COX-2. Entretanto, a rela- ção entre as várias enzimas COX e sON não foram com- pletamente elucidadas. Muitos estudos mostram que ambas as enzimas estão envolvidas na manutenção da integridade da mucosa gástrica, assim como na restitui- ção epitelial. AINEs associados ao ON têm sido desenvol- vidos e estão sendo avaliados em estudos clínicos(29,30). A maioria dos AINEs inibem a COX-1 e a COX-2 de forma não seletiva e assim diminuem a produção de PGs gástricas em pequenas concentrações (<1µM). Os inibidores seletivos da COX-2, assim como os inibidores da COX-3 (paracetamol) preservam a proteção mediada por PGs gástricas. Entretanto, os inibidores seletivos da COX-2 em altas doses podem perder sua especificidade e também bloquear a COX-1 no estômago e duodeno causando danos(28). O FDA (Food and Drug Administration), agência nor- te-americana que controla o uso de medicamentos na- quele país, estima que úlceras gastrointestinais, sangra- mentos e perfurações ocorrem em aproximadamente 1% a 2% dos pacientes usando AINEs por três meses e, aproximadamente, 2% a 5% naqueles usando por um ano. A maioria dessas complicações ocorrem em paci- entes que não tinham história pregressa de eventos gas- trointestinais(4). Há um grande número de fatores que aumenta o risco de sangramento intestinal ou morte por causas gastrointestinais (GI). Os principais fatores de risco que estão relacionados com o desenvolvimento de úlceras gastroduodenais, causadas pelo uso de AINEs, são a idade avançada, sexo feminino, história de úlcera, uso concomitante de corticosteróide, altas doses de AINEs (incluindo o uso de mais de um) uso concomitante de anticoagulantes e a presença de doença sistêmica gra- ve. Os possíveis fatores associados são a infecção con- comitante com Helicobacter pylori, tabagismo e ingestão de álcool(14). Aspirina em doses menores que 100 mg/dia pode inibir a geração de PGs e causar dano gástrico. Após parada do uso de doses baixas de aspirina (<100 mg/ dia), o estômago necessita de cinco a oito dias para re- cuperar a atividade da COX-1 e a síntese das PGs pro- tetoras. Estudos epidemiológicos placebos-controlado mostram que existe um risco elevado de eventos graves com o aumento da dose da aspirina(14). Há controvérsias na literatura quanto à associação do H. pylori e os AINEs na patogênese da úlcera gástri- ca. Em metanálises recentes e revisão sistemática da literatura (um total de 21 estudos) se observaram que: o risco de úlcera péptica sem complicações em usuários de AINEs foi significativamente maior entre os pacientes com H. pylori positivo, comparados com os pacientes sem a bactéria; a doença ulcerosa péptica foi mais comum em pacientes com H. pylori positivo comparados com àqueles sem H. pylori, independente do uso de AINEs. A erradicação desta bactéria deve ser reservada aos paci- entes com história de doença péptica(14,15). Os sintomas pépticos, bem como a prevenção de úl- ceras gástricas são manejados com medidas gerais e a utilização de medicamentos. Cuidados simples como a administração com as refeições podem minimizar os sin- tomas. Os bloqueadores H2 se mostraram eficazes na prevenção da úlcera duodenal. Pode-se, ainda, conside- rar o uso profilático de antiulcerosos, sobretudo em paci- entes de alto risco, como idosos, pacientes com história recente de ulceração péptica, os que recebem outras dro- gas ulcerogênicas e os que desenvolveram anemia quan- do previamente tratados com AINEs(16). Um estudo re- cente mostrou que o omeprazol foi superior à ranitidina em cicatrizar, prevenir úlceras e erosões gastroduode- nais, bem como controlar sintomas dispépticos nos pa- cientes que faziam uso diário de AINEs(17). Torna-se ne- cessário suspender, ou não iniciar, o uso destes antiin- flamatórios quando os benefícios podem ser suplanta- dos por efeitos gastrointestinais indesejáveis, cuja morbidade comprometa a qualidade de vida(18). Estudos randomizados controlados têm comprova- do a diminuição na incidência de úlceras e de suas com- plicações com uso de inibidores da COX-2(20-23).Em ido- sos a prevenção secundária de sangramento por úlce- ras induzidas por AINEs com uso de inibidores seleti- vos da COX-2 teve resultados equiparáveis ao uso de AINEs tradicionais com inibidores de bomba de prótons, embora o número de casos desse estudo tenha sido pequeno(24). O Colégio Americano de Gastroenterologia recomen- da a profilaxia medicamentosa nos pacientes com os se- TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 200858 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA guintes fatores de risco: idade > 60 anos, história prévia de evento gastrointestinal (úlcera, hemorragia), uso de altas doses de AINEs, uso de glicocorticóides e uso as- sociado de anticoagulantes(32). Cardiovascular Os inibidores seletivos da COX-2 (coxibes) vieram ao mercado com o objetivo de promover ação antiinflamató- ria e alívio de sintomas, assim como os AINEs tradicio- nais, porém com diminuição do risco de eventos gastroin- testinais. No entanto, alguns estudos clínicos evidencia- ram uma ocorrência elevada de eventos cardiovasculares e tromboembólicos em usuários crônicos da medicação(36). Desde o lançamento dos coxibes (celecoxibe, rofe- coxibe, valdecoxibe, parecoxibe, etoricoxibe e lumiraco- xibe) se tem questionado se tais eventos estariam rela- cionados a eventos de classe e/ou relação dose-efeito, como também se a aspirina poderia interferir nesses eventos. Outra questão levantada foi se os AINEs tradicio- nais poderiam apresentar riscos semelhantes aos co- xibes(36). No aparelho cardiovascular se observam altas con- centrações de COX-1 em plaquetas e células endoteliais vasculares. Essa enzima é responsável pela produção de tromboxane A2 (TX A2), resultando em potencial efeito pró-trombótico, promovendo o aumento na agregação e adesão plaquetária, estando ainda associada à vasocons- trição e ao remodelamento vascular(33). A COX-2 resulta na formação de prostaciclinas, pro- movendo efeito antitrombótico, vasodilatação e redução da agregação e adesão de plaquetas. Mais recentemen- te se identificou a COX-2 em amostras obtidas de placas ateromatosas coronarianas e carotídeas, reforçando a participação dessa enzima no processo inflamatório ate- rosclerótico. Dessa maneira, esses sistemas enzimáticos mantêm um equilíbrio entre os processos hemorrágicos e a trombose(36). Os inibidores da COX-2, reduzindo a produção de prostaciclina vascular, poderiam afetar o equilíbrio entre TX A2 e prostaciclinas, levando a um aumento de even- tos trombóticos e cardiovasculares. Essas alterações da fisiologia da cascata do ácido aracdônico teoricamente explicam um aumento na ocorrência de eventos cardio- vasculares associados ao uso de coxibes(36). Grandes estudos clínicos prospectivos e observacio- nais apontam diferenças entre os coxibes e o risco car- diovascular. Tais diferenças não estão apenas associa- das a eventos trombóticos, mas também à retenção de sódio e água, elevação da pressão arterial e ao desen- volvimento de insuficiência cardíaca, devido a alterações na formação de PGs alterando as trocas de sódio e água no nível tubular renal(36). No ano 2000, o estudo VIGOR (Vioxx Gastrointesti- nal Outcomes Research), desenvolvido pela Merck Sharp & Doheme, ao comparar rofecoxibe com naproxeno em pacientes com artrite reumatóide (AR), observou um número maior de eventos adversos graves cardíacos e trombóticos com rofecoxibe. A incidência de infarto agu- do miocárdio foi menor no grupo do naproxeno, 0,1% versus 0,4% do grupo rofecoxibe. O risco relativo cardio- vascular foi de 1,1% no grupo do rofecoxibe versus 0,5% no grupo naproxeno. Os eventos cardiovasculares inclu- íram: infarto do miocárdio fatal/não fatal, angina instável, morte súbita de origem cardíaca, evento cerebrovascu- lares e eventos vasculares periféricos(37). Por sua vez, o estudo CLASS (Celecoxib Longterm Arthritis Safety Study), coordenado pela Pfizer e publi- cado no mesmo ano, comparou celecoxibe com ibupro- feno e também com diclofenaco em pacientes com AR e osteoartrite (OA), observando-se também um aumento no número de eventos cardiovasculares, com risco rela- tivo em 1,3% dos pacientes em uso do celecoxibe versus 1,2% com os demais AINEs(38). Em 2004, dois estudos com o mesmo desenho, o Grandes estudos clínicos prospec- tivos e observacionais apontam diferenças entre os coxibes e o risco cardiovascular. Tais diferen- ças não estão apenas associadas a eventos trombóticos, mas tam- bém à retenção de sódio e água, elevação da pressão arterial e ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, devido a alterações na formação de PGs alterando as tro- cas de sódio e água no nível tu- bular renal. TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 2008 59 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA soluta. Na avaliação patológica são encontrados granu- lomas mal definidos com infiltração eosinofílica. Glico- corticóides são necessários ao longo da interrupção da droga e para reversão do processo(54). Hematológico A neutropenia é uma complicação infreqüente com o uso de AINEs, ocorrendo em menos de 1% dos pacien- tes. Os AINEs devem ser evitados em pacientes com defeitos plaquetários prévios (secundários a uremia ou doença de von Willebrand) e naqueles com trombocito- penia (contagem < 50.000/µL). AINEs não acetilados ou inibidores seletivos da COX-2 são uma alternativa segu- ra para esses pacientes. AINEs devem ser suspensos no período pré-operatório por um tempo equivalente a quatro a cinco vezes o tempo de meia-vida(55). Sistema nervoso central Os efeitos dos AINEs no sistema nervoso central (SNC) incluem meningite asséptica, psicose e disfunção cognitiva. Esses dois últimos são mais comuns em paci- entes idosos, particularmente com o uso da indometacina. Meningite asséptica parece ser mais prevalente em pa- ciente com lúpus eritematoso sistêmico em tratamento com AINEs (em geral, ibuprofeno e naproxeno). Manifestações oculares por uso de AINEs não tem relevância clínica. Podem ocorrer deposição de cristais da droga na córnea e, raramente, desenvolvimento de edema de córnea. Esse último é reversível, embora pos- sa afetar a visão(56). Pele Várias reações de pele podem ocorrer com o uso de AINEs. Reação severa como a síndrome de Steven- Johnson é incomum. Rash mobiliforme e urticária tam- bém são encontradas com o uso desta classe de drogas(57). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Júnior JOL, Serrano SC, Teodoro AL, Dana BA. Os antiinflamatórios não hormonais. Prática hospitalar 2007; 51: 173-8. 2. Ardoin SP, Sundy JS. Update on anti-inflammatory drugs. Curr Opin Rheumatol 2006;18:221-6. 3. Solomon DH. NSAIDs: Mechanism of action. UpToDate, June 2007. 4. Klippel JH, Weyand CM, Wortamann RL. Primer in the rheumatic dis- eases. Ed Arthritis Foudation, Georgia.2001 p. 583-91. 5. Chandrasekharan NV, Dai H, Roos KL, Evanson NK, Tomsik J, Elton TS, Simmons DR. COX-3, a cyclooxygenase 1 variant inhibited by acetaminophen and other analgesic antipyretic drugs: cloning, struc- ture and expression. Proc Natl Acad Sci U S A. 2002 Oct 15;99(21):13926-31. Epub 2002. 6. Brenol JCT, Xavier RM, Marasca J. Antiinflamatórios não hormonais convencionais. Rev Bras Med 2000; 57. 7. Hardman JG, Limberd LE, Molinoff PB, Ruddon RW, Gilman AG, Goodman and Gilman‘s. The pharmacological basis of therapeutics. 9ed. New York: Mc Graw-Hill, 1996:617-58. 8. Clements PJ, Paulus HE. Nonsteroidal antirheumatic drugs. In: Kelley, et al (eds). Textbook of Rheuamtology, 5ed, Philadelphia, WB Saunders, 1997;707-40. 9. Schelger SI. General characteristics of nonsteroidal anti-inflammatory drugs. In: Paulus HE, Flerst DE, Drongode‘s (eds). Drugs for rheu- matic disease. New York, Churchill. Levingstone, 1987, 203. 10. Maher, JF. Analgesic Nephropaty. Am. J. Med 1984; 76: 345-348. 11. Clive DM & Stoff JF.Renal Syndromes Associated with Nonsteroid Anti-inflammatory Agents. N. Engl. J. Med 1984; 310: 563-572. 12. Hardaman JG, Limbird LE. Goodman & Gilman’s As Bases Farmaco- lógicas da Terapêutica. 10ª ed. cap. 26. S. Paulo: McGraw-Hill, 2002. 13. Griec, C.R e Stitzel, R.E. Farmacologia Moderna com aplicações clínicas. 6 a ed. cap.36. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 14. Wolfe MN; Lichtenstein DR; Singh G. Gastrointestinal Toxicity of Non- steroidal Anti-inflammatory Drugs. N Eng J Med 1999;340:1888-99. 15. Papatheodoridis GV; Sougioultzis S; Archimandritis AJ. Effects of Helicobacter pylori and Nonsteroidal Anti-Inflammatory Drugs on Peptic Ulcer Disease: A Systematic Review. Clin Gastroenterol Hepatol. 2006 Feb;4(2):130-42. 16. Howkey, CJ. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and peptic ulcers. Br Med J 1990;300:278-84. 17. Yeormans ND; Tulassay Z; Juhász L; et al. A comparision of omeprazole with ranitidine for ulcers associated with nonsteroidal anti-inflamma- tory drugs. N Engl J Med 1998; 338:719-26. 18. Fuchs FD; Wannmacher L. Farmacologia clínica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 1998:187-93. 19. Hawkey CJ: COX-2 inhibitors. Lancet 1999, 353:307-314. 20. Bombardier C, Laine L, Reicin A, Shapiro D, Burgos-Vargas R, Davis B, Day R, Ferraz MB, Hawkey CJ, Hochberg MC, Kvein TK, Schnitzer TJ: Comparison of upper gastrointestinal toxicity of rofecoxib and naproxen in patients with rheumatoid arthritis. VIGOR Study Group. N Engl J Med 2000, 343:1520-1528. 21. Silverstein FE, Faich G, Goldstein JL, Simons LS, Pincus T, Whelton A, Makuch R, Eisen G, Agrawal NM, Stenson WF, et al.: Gastrointes- tinal toxicity with celecoxib vs nonsteroidal anti-inflammatory drugs for osteoarthritis and rheumatoid arthritis: the CLASS study: a ran- domized controlled trial. Celecoxib Long-term Arthritis Safety Study. JAMA 2000, 284:1247-1255. 22. Hunt RH, Harper S, Watson DJ, Yu C, Quan H, Lee M, Evans JK, Oxenius B: The gastrointestinal safety of the COX-2 selectiveninhibitor etoricoxib assessed by both endoscopy and analysis of upper gas- trointestinal events. Am J Gastroenterol 2003, 98:1725-1733. 23. Farkouh ME, Kirshner H, Harrington RA, Ruland S, Verheugt FW, Schnitzer TJ, Burmester GR, Mysler E, Hochberg MC, Doherty M, et al.: Comparison of lumiracoxib with naproxen and ibuprofen in the Therapeutic Arthritis Research and Gastrointestinal Event Trial (TAR- GET), cardiovascular outcomes: randomized controlled trial. Lancet 2004, 364:675-84. 24. Chan FK, Hung LC, Suen BY, Wu JC, Lee KC, Leung VK, Hui AJ,To KF, Leung WK, Wong VW, et al.: Celecoxib versus diclofenac and omeprazole in reducing the risk of recurrent ulcer bleeding in patients with arthritis. N Engl J Med 2002, 347:2104-2110. 25. Feldman, MD. NSAIDs (including aspirin): Pathogenesis of gas- troduodenal toxicity. UpToDate June 2007. 26. Estes LL; Fuhs DW; Heaton AH; Butwinick CS. Gastric ulcer perfora- tion associated with the use of injectable ketorolac. Ann Pharmacother 1993 Jan;27(1):42-3. 27. Wolfe PA; Polhamus CD; Kubik C; Robinson AB; Clement DJ.Giant duodenal ulcers associated with the postoperative use of ketorolac: report of three cases.Am J Gastroenterol 1994 Jul; 89(7):1110-1. 28. Blot WJ; McLaughlin JK .Over the counter non-steroidal anti-inflam- matory drugs and risk of gastrointestinal bleeding. J Epidemiol Biostat 2000; 5(2):137-42. 29. Wallace JL; Miller MJ. Nitric oxide in mucosal defense: a little goes a long way. Gastroenterology 2000 Aug; 119(2):512-20. 30. Fiorucci S; Santucci L; Gresele P; Faccino RM; Del Soldato P; Morelli A Gastrointestinal safety of NO-aspirin (NCX-4016) in healthy human volunteers: a proof of concept endoscopic study. Gastroenterology 2003 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 200862 TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA Mar; 124(3):600-7. 31. Cryer B; Feldman M. Effects of very low dose daily, long-term aspirin therapy on gastric, duodenal, and rectal prostaglandin levels and on mucosal injury in healthy humans. Gastroenterology 1999 Jul; 117(1):17-25. 32. Lanza FL. A guideline for the treatment and prevention of NSAID- induced ulcers. Members of the Ad Hoc Committee on Practice Pa- rameters of the American College of Gastroenterology. Am J Gastroenterol 1998 Nov; 93(11):2037-46. 33. FitzGerald GA. COX-2 and beyond; approaches to prostaglandin inhibi- tion in human disease. Nat Rev Drug Discov 2003, London; (2): 879-90. 34. Schnitzer TJ et al. Comparison of lumiracoxib with naproxen and ibuprofen in the Therapeutic Arthritis Research and Gastrointestinal Event Trial (TARGET), reduction in ulcer complications:randomized controlled trial. Lanat 2004. London; (364): 665-74. 35. Farkouh ME. et al. Comparison of lumiracoxib with naproxen and ibuprofen in the Therapeutic Arthritis Research and Gastrointestinal Event Trial (TARGET), cardiovascular outcomes randomized controlled trial. Lancet 2004. London;(364): 674-84. 36. Saraiva JFK. COX-2 Risco Cardiovascular: efeito molécula ou classe dependente? Phaoenix Comunicação Integrada, 2007.São Paulo: 1-5. 37. Bombardier C, et AL. Comparision of upper gastrointestinal toxicity of rofecoxibe and naproxen in patients with rheumatoid arthritis: VIGOR Study Group. N Engl J Med 2000, Boston; (343): 1520-8. 38. Silverstain FE, et al. Gastrointestinal toxicity with celecoxib vs. non- steroidal anti-inflammatory drugs of osteoarthritis and rheumatoid ar- thritis: the CLASS study: randomized controlled trial. Celecoxib Long- term Arthritis Safety Study. JAMA 2000, Chicago; (284): 1247-55. 39. Bresalier RS; Sandler RS; Quan H; Bolognese JA; Oxenius B; Horgan K; Lines C; Riddell R; Morton D; Lanas A; Konstam MA; Baron JA. Cardiovascular events associated with rofecoxib in a colorectal ad- enoma chemoprevention trial. N Engl J Med 2005; 352(11): 1092-102. 40. Ott E, et al. Efficacy and safety of the cyclooxigenase 2 inhibitors parecoxib and valdecoxib in patients undergoing coronary artery by- pass surgery. J Thorac Cardiovasc Surg 2003; (125):1481-92. 41. Valdecoxib. WHO Pharmaceuticals Newsletter 2004. Geneva;(6):4. 42. Mandani M et.al. Cyclooxigenase-2 inhibitors versus non selective non- steroidal anti-inflammatory drugs and congestive heart failure out- comes in elderly patients: a population-based cohort study. Lancet 2004. London; (363):1751-6. 43. Gottlieb S. Warnings issued over COX-2 inhibitors in US and UK. BMJ, 2005. London; (330): 9. 44. US Department of Health and Human Services. NIH halts use of COX- 2 inhibitor in large cancer prevention trial. NIH News 2004. 45. FDA statement ou naproxen. Disponível em: http//www.fda.gov/bbs/ topics/news/2004/NEW01148.htmal 46. Cannon CP, Curtis SP, FitzGerald GA, et al. Cardiovascular outcomes with etoricoxib and diclofenac in patients with osteoarthritis and rheu- matoid arthritis in the Multinational Etoricoxib and Diclofenac Arthritis Long-term (MEDAL) programme: a randomised comparison. Lancet 2006; 368:1771. 47. Rose BD. NSAIDs: Acute renal failure and nephrotic syndrome. UpToDate. June 2007. 48. Huerta C; Castellsague J; Varas-Lorenzo C; Garcia Rodriguez LA. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and risk of ARF in the general population. Am J Kidney Dis 2005;(3):531-9. 49. Braden GL; O’Shea MH; Mulhern JG; Germain MJ. Acute renal failure and hyperkalaemia associated with cyclooxygenase-2 inhibitors. Nephrol Dial Transplant 2004;(5):1149-53. 50. Alper AB Jr; Meleg-Smith S; Krane NK. Nephrotic syndrome and in- terstitial nephritis associated with celecoxib. Am J Kidney Dis 2002;(5):1086-90. 51. Neilson EG. Pathogenesis and therapy of interstitial nephritis. Kidney Int 1989; (5):1257-70. 52. Rostom A; Goldkind L; Laine L. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and hepatic toxicity: a systematic review of randomized controlled tri- als in arthritis patients. Clin Gastroenterol Hepatol 2005; (5):489-98. 53. Scully LJ; Clarke D; Barr RJ. Diclofenac induced hepatitis. 3 cases with features of autoimmune chronic active hepatitis. Dig Dis Sci 1993; 38(4):744-51. 54. Goodwin SD; Glenny RW. Nonsteroidal anti-inflammatory drug-asso- ciated pulmonary infiltrates with eosinophilia. Review of the literature and Food and Drug Administration Adverse Drug Reaction reports. Arch Intern Med 1992; 152(7):1521-4. 55. Patrono C. Aspirin as an antiplatelet drug. N Engl J Med 1994; 330(18):1287-94. 56. Characteristics of meningitis caused by Ibuprofen: report of 2 cases with recurrent episodes and review of the literature. Medicine (Balti- more) 2006; 85(4):214-20. 57. Solomon DH. NSAIDs: Overview of adverse effects. UpToDate June 2007. TEMAS DE REUMATOLOGIA CLÍNICA - VOL. 9 - Nº 2 - MAIO DE 2008 63
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved