Baixe Culturas Semiperenes e Anuais no Semi-Árido Brasileiro: Produtividade e Resistência Salini e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agronômica, somente na Docsity! 137 7Capít ul oCulturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I Procurou-se abordar nesta metodologia as principais culturas semiperenes e anuais exploradas nos perímetros irrigados do semi-árido brasileiro, dando-se prefe- rência àquelas que possuiam informações edafológicas e econômicas em qualidade e quantidade suficientes, que pudessem embasar o SiBCTI com a segurança aceitável. Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) Dentre as culturas exploradas nos perímetros irrigados do semi-árido, a cana-de- açúcar é considerada de média lucratividade. Atualmente, nos melhores ambientes, considerando água e solo sem limitações e sob irrigação localizada e bom manejo: fertirrigação, controle sanitário, toletes de boa qualidade, variedades produtivas, entre outros, a produtividade tem encostado nas 135 t ha-1 ano-1. No tocante a resistência à salinidade no solo, entre as espécies cultivadas costumeiramente nos perímetros, pode ser considerada como uma das mais resisten- tes. Ayers & Westcot (1999) encontraram valores de E de 10,0 dS m-1 como responsá- veis por uma queda de 50% na produção. A cultura da cana-de-açúcar explorada nos lotes irrigados tem apresentado ex- celentes respostas mesmo quando conduzidas em solos extremamente argilosos, mesmo naqueles com argila com predominância de mineralogia do tipo 2:1. É o caso da empresa agrícola Agrovale, com produção de mais de 15 anos em Vertissolos irriga- dos por superfície. Quanto à profundidade do solo, entre as perenes/semiperenes, seu ciclo é em média de cinco anos, é uma das menos exigentes. Enio Fraga da Silva Fernando Cezar Saraiva Amaral 138 Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I Nas Figuras 1, 2 e 3 a seguir são mostradas a utilização de tubo janelado para a irrigação por sulco em cana-de-açúcar. Esses tubos são flexíveis e retirados quando da colheita. Antes, na irrigação por sulco sem a utilização do tubo janelado, um homem manejava 14 ha e com o tubo janelado, 87 ha. Os tubos têm baixo custo pois boa parte do material é reciclado. Figuras 1, 2 e 3 - Detalhes da utilização de tubo janelado (Fazenda Agrovale – Juazeiro/BA). 141Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 142 Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I CL AS SE 1 CL AS SE 2 CL AS SE 3 CL AS SE 4 CL AS SE 5 CL AS SE 6 PR OF UN DI DA DE SE MI PE RM È VE L > 1 30 > 1 10 > 9 0 > 7 0 > 5 0 <= 50 (cm ) Z IM PE RM È VE L > 1 40 > 1 20 > 1 10 > 9 0 > 7 0 <= 70 AR EN , A RE N/ M D, AR EN , A RE N/ M D, AR EN , A RE N/ M D, AR EN , A RE N/ M D, M D, M D/ AR G, M D, M D/ AR G, AR EN /A RG , M D, AR EN /A RG , M D, AR EN /A RG , M D, AR EN /A RG , M D, TE XT UR A V M D/ MA RG , A RG M D/ MA RG , A RG M D/ AR G, M D/ MA RG , M D/ AR G, M D/ MA RG , M D/ AR G, M D/ MA RG , M D/ AR G, M D/ MA RG , OU A RG /M AR G OU A RG /M AR G AR G, A RG /M AR G OU AR G, A RG /M AR G OU SI LT , A RG , A RG /M AR G SI LT , A RG , A RG /M AR G MA RG MA RG OU M AR G OU M AR G CA PA CI DA DE D E ̀ GU A 0- 20 cm >= 24 >= 16 >= 6 >= 3 >= 1 < 1 DI SP ON̋ VE L 0- 60 cm >= 50 >= 36 >= 13 >= 6 >= 3 < 3 (m m ) C 0- 12 0 c m >= 98 >= 70 >= 20 >= 6 >= 3 < 3 Ca + Mg 0- 20 cm > 2 > 0 ,4 >= 0, 2 >= 0, 1 >= 0 0 (cm ol c /kg ) Y 20 -6 0 c m > 1 ,5 > 0 ,3 > 0 ,1 >= 0, 1 >= 0 0 60 -1 20 cm > 1 > 0 ,2 > 0 ,1 >= 0, 1 >= 0 0 VA LO R T 0- 20 cm > 2 ,2 > 0 ,5 >= 0, 3 >= 0, 2 >= 0 0 (cm ol c /kg ) T 20 -6 0 c m > 1 ,7 > 0 ,4 >= 0, 2 >= 0, 1 >= 0 0 60 -1 20 cm > 1 ,5 > 0 ,3 >= 0, 2 >= 0, 1 >= 0 0 AL UM̋ NI O TR OC AV EL 0- 20 cm < 2 ,5 < 4 < 6 < 8 < 1 0 >= 10 (cm ol c /kg ) M 20 -6 0 c m < 2 ,5 < 3 < 5 < 6 < 9 >= 9 60 -1 20 cm < 2 < 3 < 4 < 6 < 9 >= 9 0- 20 cm > 5 e < 7 < 7 < 7 ,5 < 8 < 8 ,5 >= 8, 5 pH E M ̀ GU A H 20 -6 0 c m > 5 e < 7 < 7 < 7 ,5 < 8 < 8 ,5 >= 8, 5 60 -1 20 cm > 4 ,8 e < 6, 5 < 6 ,5 < 7 ,7 < 8 ,2 < 8 ,7 >= 8, 7 SA TU RȦ ˆO C OM S DI O 0- 20 cm <= 5 < 8 < 1 1 < 1 7 < 2 2 >= 22 TR OC AV EL 20 -60 cm <= 7 < 9 < 1 3 < 1 9 < 2 4 >= 24 % S 60 -1 20 cm <= 8 < 1 5 < 1 8 < 2 5 < 2 9 >= 29 12 0- 24 0 c m <= 9 < 2 0 < 2 3 < 2 9 < 3 6 >= 36 PA Ŕ ME TR OS R EL AC IO NA DO S AO S OL O - IR RI GȦ ˆO LO CA LIZ AD A (C AN A DE Ȧ CA R) 143Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 146 Cebola (Allium cepa) A cultura da ceboleira é considerada como possuindo baixa lucratividade, entre as culturas atualmente exploradas nos perímetros irrigados do semi-árido, estando relegada à exploração por pequenos produtores com irrigação por superfície, no caso, sulco (Figuras 4 e 5). Normalmente é cultivada para a obtenção de duas colheitas por ano. Hoje, nos melho- res ambientes, considerando água e solo sem limitações e sob irrigação por superfície e bom manejo: controle sanitário, sementes ou bulbilhos de boa qualidade, variedades produ- tivas, entre outras; apesar do sistema de irrigação ter baixa eficiência, a produtividade em áreas sem salinização tem encostado nas 52 t ha-1 ano-1. Figuras 4 e 5 - Cebola irrigada por superfície (sulco e quadros). (Perímetro Cruz das Almas – Casa Nova/BA). No tocante a resistência à salinidade no solo, entre as espécies cultivadas costumeiramente nos perímetros, pode ser considerada com uma das mais resistentes, conseguindo ainda produzir onde outras opções de cultivo não são mais exeqüíveis. En- quanto Ayers & Westcot (1999) e Maas (1984) a classificam como sensível, Ayers (1977) especifica valores de E próximos a 4,3 dS m-1 como responsáveis por uma queda de 50% na produtividade. Observações de campo feitos em alguns perímetros do semi-árido brasileiro constataram, no entanto, que a cebola é bastante resistente à salinidade, produzindo razo- avelmente bem em talhões com E da ordem de 3,0 dS m-1. Nas Figuras a seguir, pode-se perceber um comparativo entre a maior resistência relativa da cebola à salinidade. Em um talhão sem apresentar processo de salinização e com condutividade hidráulica (K) em torno de 8 cm h-1, a cebola em ponto de colheita, apresentando folha seca, possuia produtividade média em torno de 40 t ha-1. Nas áreas em que foi constatada princípio do processo de salinização, a produtividade caiu para 20 t ha-1 e o K se aproximou de 0,7 cm h-1 (Figuras 6 e 7). Na mesma área, observa-se a cultura da uva apresentando queda acentuada de produção (Figura 8) bem como a banana, nesse ponto com o talhão completamente abandonado (Figura 9), devido ao impacto do processo de salinização do solo. (Perímetro Cruz das Almas – Casa Nova/BA). Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 147Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I A cultura da cebola conduzida nos lotes irrigados tem apresentado excelentes respos- tas mesmo quando explorada em solos extremamente argilosos, mesmo naqueles apresen- tando argila com predominância de mineralogia do tipo 2:1. Em relação à profundidade do solo, é pouco exigente. Por esta condição do sistema radicular e pela própria fisiologia da planta, comparati- vamente, tem mediana resistência ao encharcamento do solo por longos períodos. Em termos de balanço hídrico, pela produção de biomassa e pelo metabolismo, quan- do conduzida para a obtenção de elevada produtividade é uma planta que, comparativa- mente, exige elevada quantidade de água, girando em torno de 75 m3 ha-1 dia-1. Figuras 6, 7, 8 e 9 - Comparativo visual das resistência à salinidade do solo das culturas cebola, uva e banana. (Perímetro Cruz das Almas – Casa Nova/BA). 148 Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 151Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 152 Melão (Cucumis melo L.) Dentre as culturas exploradas nos perímetros irrigados do semi-árido é uma das mais lucrativas. Permite de duas a três colheitas (cultivos) por ano. Atualmente, nos melhores ambientes, considerando água e solo sem limitações e sob irrigação localizada e bom manejo: fertirrigação, controle sanitário, sementes de boa qualidade, variedades produti- vas, entre outros, a produtividade do melão se aproxima das 45 t ha-1 ano-1. No tocante a resistência à salinidade no solo, entre as espécies cultivadas costumeiramente nos perímetros, a cultura do meloeiro pode ser considerada com de média resistência. Essas observações não concordam com Ayers (1977) que atribui valo- res elevados de E, da ordem 9,1 dS m-1 como responsáveis pela redução de 50% na produção, concordando com Maas (1984) que a enquadra como moderadamente sensí- vel, algo em torno de E = 8,2 dS m-1 como responsável por 50% na queda da produtividade. Porto Filho et al. (2002) encontraram redução de aproximadamente 10% para cada incremento correspondente a 1 dS m-1 na condutividade elétrica da água de irrigação (e). A cultura do meloeiro explorada nos lotes irrigados tem apresentado excelentes res- postas mesmo quando conduzidas em solos extremamente argilosos, mesmo naqueles predominância de argilas com mineralogia do tipo 2:1, aliás, foi constatado que as produti- vidades bem como a qualidade dos frutos nesses solos é superior aos frutos produzidos em solos arenosos. Já no quesito profundidade do solo, é uma das menos exigentes, apresen- tando boas produtividades mesmo em solos de 40-60 cm de profundidade. Por essa condição do sistema radicular e pela própria fisiologia da planta, comparati- vamente, tem mediana resistência ao encharcamento do solo por longos períodos. Em termos de balanço hídrico, quando exigida para a obtenção de elevada produtivi- dade, é uma planta que demanda, comparativamente, maior quantidade de água, girando em torno de 75 m3 ha-1 dia-1. Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 153Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 156 Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I 157Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I CL AS SE 1 CL AS SE 2 CL AS SE 3 CL AS SE 4 CL AS SE 5 CL AS SE 6 PR OF UN DI DA DE SE MI PE RM È VE L > 10 0 > 80 > 70 > 60 > 50 <= 5 0 (cm ) Z IM PE RM È VE L > 11 0 > 90 > 80 > 70 > 60 <= 6 0 AR EN , A RE N/ M D, AR EN , A RE N/ M D, AR EN , A RE N/ M D, TE XT UR A V M D, M D/ AR G, M D, M D/ AR G, M D, M D/ AR G, AR EN /A RG , M D, AR EN /A RG , M D, AR EN /A RG , M D, M D/ MA RG , A RG M D/ MA RG , A RG M D/ MA RG , S ILT , M D/ AR G, M D/ MA RG , M D/ AR G, M D/ MA RG , M D/ AR G, M D/ MA RG , OU A RG /M AR G OU A RG /M AR G AR G, A RG /M AR G A RG , A RG /M AR G SI LT , A RG , A RG /M AR G SI LT , A RG , A RG /M AR G OU M AR G OU M AR G OU M AR G OU M AR G CA PA CI DA DE D E ̀ GU A 0- 20 cm > 36 >= 2 1 >= 1 4 >= 9 >= 5 < 5 DI SP ON̋ VE L 0- 60 cm > 72 >= 6 5 >= 3 1 >= 2 3 >= 1 3 < 13 (m m ) C 0- 12 0 c m > 12 0 >= 8 0 >= 3 3 >= 2 3 >= 1 3 < 13 Ca + M g 0- 20 cm > 3 > 0,4 >= 0 ,2 >= 0 ,1 >= 0 0 (cm ol c /kg ) Y 20 -6 0 c m > 2,5 > 0,3 > 0,1 >= 0 ,1 >= 0 0 60 -1 20 cm > 2 > 0,2 >= 0 ,1 >= 0 0 0 VA LO R T 0- 20 cm > 4 > 0,6 > 0,4 >= 0 ,3 >= 0 ,2 < 0,2 (cm ol c /kg ) T 20 -6 0 c m > 3 > 0,5 >= 0 ,3 >= 0 ,2 >= 0 ,1 < 0,1 60 -1 20 cm > 3 > 0,4 >= 0 ,3 >= 0 ,1 >= 0 0 AL UM̋ NI O TR OC AV EL 0- 20 cm < 2,3 < 3,4 < 5,1 < 6,8 < 7,8 >= 7 ,8 (cm ol c /kg ) M 20 -6 0 c m < 2,1 < 2,4 < 4,2 < 6,1 < 6,7 >= 6 ,7 60 -1 20 cm < 2 < 2,3 < 4,1 < 6 < 6,6 >= 6 ,6 0- 20 cm > 5 e < 7 < 7 < 7,5 < 8 < 8,5 >= 8 ,5 pH E M ̀ GU A H 20 -6 0 c m > 5 e < 7 < 7 < 7, 5 < 8 < 8,5 >= 8 ,5 60 -1 20 cm > 4,8 e < 6,5 < 6,5 < 7,7 < 8,2 < 8,7 >= 8 ,7 SA TU RȦ ˆO C OM S DI O 0- 20 cm <= 4 <= 5 < 7 < 10 < 15 >= 1 5 TR OC AV EL 20 -6 0 c m <= 5 < 6 < 9 < 13 < 18 >= 1 8 % S 60 -1 20 cm <= 6 < 8 < 14 < 17 < 23 >= 2 3 12 0- 24 0 c m <= 7 < 13 < 20 < 23 < 29 >= 2 9 CO ND UT IV ID AD E 0- 20 cm < 1 < 2 < 3 < 4 < 5 >= 5 EL TR IC A 20 -6 0 c m < 1,1 < 2,5 < 3,5 < 4,5 < 5,5 >= 5 ,5 (d S/ m) E 60 -1 20 cm < 1,3 < 2,8 < 4 < 5 < 6 >= 6 12 0- 24 0 c m < 1,4 < 3,3 < 4,5 < 5,5 < 7 >= 7 PA Ŕ M ET RO S RE LA CI ON AD OS A O SO LO - IR RI GȦ ˆO D E SU PE RF̋ CI E (M EL̂ O) 158 Culturas Semiperenes e Anuais Componentes da Base de Dados - I