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Empreendedorismo na Educação: Perspectivas e Desafios para o Professor do Século XXI, Notas de estudo de Cultura

Trabalho Final apresentado ao Curso de Pós- Graduação em Gestão e Ensino de Ciências, Tecnologia e Inovação da Faculdade de Tecnologia IBTA como parte dos requisitos para atendimento da resolução nº 1 do Conselho Nacional de Educação, de 08 de junho de 2007.

Tipologia: Notas de estudo

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Baixe Empreendedorismo na Educação: Perspectivas e Desafios para o Professor do Século XXI e outras Notas de estudo em PDF para Cultura, somente na Docsity! FACULDADE DE TECNOLOGIA IBTA PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E ENSINO TRABALHO FINAL DE CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Lato Sensu em Gestão e Ensino de Ciências, Tecnologia e Inovação EMPREENDEDORISMO NA EDUCAÇÃO: Perspectivas e Desafios para o Professor no Século XXI CARLOS AUGUSTO FERREIRA LIMA CARMEN LÚCIA VIEIRA JOSÉ LOPES DE CARVALHO Orientadora: Profª Dra. Maria Thereza Toledo Imperatriz/MA, 20 de dezembro de 2010. CARLOS AUGUSTO FERREIRA LIMA CARMEN LÚCIA VIEIRA JOSÉ LOPES DE CARVALHO EMPREENDEDORISMO NA EDUCAÇÃO: Perspectivas e Desafios para o Professor no Século XXI Trabalho Final apresentado ao Curso de Pós- Graduação em Gestão e Ensino de Ciências, Tecnologia e Inovação da Faculdade de Tecnologia IBTA como parte dos requisitos para atendimento da resolução nº 1 do Conselho Nacional de Educação, de 08 de junho de 2007. Orientadora: Profª Dra. Maria Thereza Toledo Aprovado em _______/_______/_______ Parecer da Profª ____________________ Imperatriz (MA) Dezembro/2010 AGRADECIMENTOS A Deus, criador da vida e fonte de toda sabedoria, pela inspiração e graças recebidas. À Universidade Virtual do Maranhão – UNIVIMA pela realização desta meta em prol da formação profissional dos trabalhadores na educação. A nossa orientadora, Profª Dra. Maria Thereza Toledo, por todo o apoio, orientação e compreensão, fundamentais para a realização deste trabalho. Aos familiares de: Carlos Augusto Ferreira Lima; Carmen Lucia Vieira e José Lopes de Carvalho, pelo apoio na realização de seus projetos. Ao grupo de professores do Curso de Pós-Graduação em Gestão e Ensino de Ciências, Tecnologia e Inovação da Faculdade de Tecnologia IBTA. Aos técnicos que trabalharam nas transmissões das vídeos conferências. Aos colegas da Especialização, por termos alcançados juntos esse ideal. O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que foi a revolução industrial para o século XX. Thimmons (1994) RESUMO O ensino empreendedor no Brasil vem se tornando cada vez mais frequente nas instituições de ensino superior e no ensino básico da rede pública e particular motivado pelas mudanças ocorridas no setor produtivo no final do século XX, trazendo aumento significativo no desemprego. Essas mudanças foram ocasionadas pelo desenvolvimento tecnológico, economia globalizada, mudanças sociais e culturais. E mediante a nova ordem econômico- produtiva verifica-se que as sociedades atuais precisam investir em novos projetos educacionais implantando projetos que garanta o ensino empreendedor destinado à formação de docentes capacitando-os para o desenvolvimento de uma cultura que garanta à inclusão do ensino empreendedor no sistema educativo brasileiro em todos os níveis. Este trabalho de pesquisa monográfica apresenta uma descrição da história do ensino empreendedor, da formação do professor e das organizações que somam esforços para fortalecer os setores produtivos brasileiros através da qualificação profissional e da instrução dos investidores em novos empreendimentos. Palavras-chave: Educação Empreendedora; Empreendedorismo; Ensino Empreendedor;   1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento científico e tecnológico vem provocando mudanças significativas nos processos produtivos nos últimos dois séculos e a educação acompanha e contribui com esse processo. Durante a segunda metade do século XX a educação empreendedora vem sendo apontada fator prioritário para garantir o desenvolvimento econômico de uma sociedade. Para os sistemas de ensino garantir às novas gerações o conhecimento das diretrizes empreendedoras faz-se necessário investir em políticas educacionais capaz de garantir a formação dos profissionais da educação em empreendedorismo e a inclusão da disciplina na grade curricular do ensino básico e superior, garantindo a formação de uma cultura empreendedora para as novas gerações. O presente trabalho descreve o processo histórico do empreendedorismo e os investimentos feitos pelo homem para obter lucros de seus investimentos e a disseminação do conhecimento através da manipulação das informações no decorrer dos tempos. Esses conhecimentos permitiram o aperfeiçoamento das atividades produtivas gerando uma nova ordem produtiva e então surge a atividade empreendedora em pequenas organizações com meio eficiente para gerar emprego e renda. Diante deste contexto o trabalho procurou verificar a contribuição da educação empreendedora pra o desenvolvimento das nações e as condições em que o ensino brasileiro vem desenvolvendo projeto de formação empreendedora pra os profissionais do ensino básico e superior. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica que reuniu livros, artigos e apostilhas. O desenvolvimento do trabalho foi dividido em dois capítulos. No primeiro foi relatado o processo de desenvolvimento humano demonstrando as manifestações culturais que levaram a humanidade a um modelo econômico-social marcado por desigualdade social e de luta pela sobrevivência. Foi descrito também o histórico do empreendedorismo no mundo e no Brasil, bem como diversos conceitos de empreendedor e de empreendedorismo. O segundo capítulo foi destinado para os relatos sobre a educação empreendedora com enfoque na formação de professores e a metodologia a ser utilizada no ensino empreendedor.   2 CAPITULO 1 2.1 O HOMEM E A NECESSIDADE DE EMPREENDER Os processos de produção desenvolvidos pelo homem são caracterizados por diversas manifestações culturais, tendo início com a construção de ferramentas utilizadas para explorar o ambiente e favorecer uma melhor qualidade de vida para o ser humano. Essas manifestações variam de acordo com o momento histórico, as condições ambientais e o modelo econômico-social no qual o homem está inserido e que o faz integrar-se num processo contínuo de criação e disseminação de conhecimento que os possibilita criar recursos tecnológicos a serem utilizados na produção de bens e serviços necessários à sobrevivência da espécie humana. E para Fialho et al (2006, p.9): Através da observação e da aprendizagem, o homem foi capaz de criar, desenvolver e disseminar seus conhecimentos ao aprender a caçar, proteger-se do frio e dos outros animais, construir abrigos, ferramentas e instrumentos de metais como cobre, bronze e ferro, que gradativamente foram sendo substituindo as pedras e ossos. Esse conhecimento acumulado e transmitido às novas gerações possibilita ao homem da Idade Antiga desenvolver o comércio e o enriquecimento de pequenos grupos em detrimento da maioria dos indivíduos, trazendo as desigualdades sociais. Durante a Idade Média foi criado as primeiras Universidades e ocorreu o surgimento da imprensa, ambas possibilitaram um melhor acesso ao conhecimento e o empreendedor da época era o indivíduo que gerenciava projetos de produção, utilizando recursos disponíveis (DORNELAS, 2001). Já a entrada para a Idade Moderna foi marcada pela passagem do Feudalismo para o Capitalismo e o surgimento do Renascimento Cultural, Mercantilismo, Colonização Européia, Estado Absolutista, Revolução Inglesa, Revolução Americana, Reforma Protestante (Lutero), Contra-Reforma (Igreja Católica), e a Revolução Industrial, que fez a substituição das ferramentas manuais pela mecanização dos sistemas de produção (FIALHO et al, 2006). Nesta nova ordem econômica o empreendedor correspondia aos profissionais que realizavam   acordos contratuais, enxergavam oportunidades de negócios e assumiam riscos e a partir do século XVIII, mediante o processo de industrialização houve uma diferenciação entre capitalista e empreendedor. A Idade Contemporânea foi marcada pela Revolução Francesa, Independência das Colônias Latino-Americanas, surgimento do Socialismo, Primeira e Segunda Guerra Mundial, criação da ONU (Organização das Nações Unidas), Guerra Fria, Criação dos Blocos Econômicos, Crise do Petróleo, Grandes Inovações Tecnológicas que provocaram a criação e disseminação do conhecimento a serviço do poder econômico. Trouxe também o surgimento das teorias organizacionais que alavancou o crescimento produtivo e os empreendedores foram confundidos com os gerentes e administradores, essas mudanças nos setores produtivos desencadearam a necessidade de empreendedores determinados e preparados para vencer as barreiras da competitividade. E de acordo Fialho et al (2006, p.11): Ao final do século XX, com a descoberta da tecnologia digital, [...] entramos na sociedade do conhecimento, onde as exigências econômicas e mercadológicas demandam por educação cada vez mais avançada e treinamentos muito mais sofisticados para manter a competitividade das organizações e garantir a empregabilidade de seus colaboradores. Cada vez mais o nível de educação, de conhecimento e das habilidades dos indivíduos é visto como fator chave na determinação de sua qualidade de vida e na definição de seu espaço no mercado. De acordo com essa nova ordem econômico-produtiva é necessário investir numa educação comprometida com uma cultura empreendedora, estimulando uma aprendizagem que lhe permita administrar seu próprio negócio, pois o mercado produtivo de bens e serviços exige profissionais capazes de elaborar soluções rápidas e criativas. Assim, Fialho et al (2006, p.26) considera “o estudo do empreendedorismo como uma alternativa que todas as nações poderiam perseguir, pois pode estar aí a base para o seu desenvolvimento econômico e social”. Por isso, considera-se que as realizações humanas são construídas através de ações empreendedoras de pessoas com responsabilidade de criar e inovar buscando sucesso. E para Tajra e Santos (2009, p.80): O empreendedorismo não é apenas uma questão de opção, mas também de necessidade. Com o crescimento da população, os avanços tecnológicos, a agilidade   criação de novos hábitos de consumo. A destruição criativa é responsável pelo crescimento econômico de um país. Para McClelland (1961) “O empreendedor é alguém que exercita controle sobre os meios de produção e produtos, e produz mais do que consome a fim de vendê-la (ou trocá-la) pelo pagamento ou renda”. Já para Lynn (1969) “O empreendedor é também alguém criativo no sentido de que tenha de criar um novo produto ou serviço na imaginação e, então, deve ter energia e autodisciplina de transformar a nova idéia em realidade”. De acordo Brereton (1970) que descreve o Empreendedorismo como “[...] habilidade de criar uma atividade empresarial crescente onde não existia nenhuma anteriormente”. Assim como o conceito de Meridith e Nelson (1982 apud MOTA, SANTOS e SILVA, 2004, p.27), “Empreendedores são pessoas que têm habilidade de ver e avaliar oportunidades de negócios, prover recursos necessários para pô-las em vantagens, e iniciar ação apropriada para assegurar o sucesso”. Os conceitos elaborados nestas décadas demonstram um indivíduo com habilidade de executar trabalho, organizar e gerir negócio assumindo risco. Logo, é importante ressaltar que na década de 1990 e na primeira década do século XXI novos conceitos foram para atender a nova visão empreendedora dos pesquisadores mediante ao novo mercado produtivo. Segundo Filion (1999 apud PEREIRA, ARAÚJO e WOLF, 2007, p.6): [...] empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões, além de ser uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, mantendo um nível de consciência do ambiente em que vive e utilizando-o para detectar oportunidades de negócios. Fialho (2006, p.26), conceitua o empreendedorismo como: [...] um processo que ocorre em diferentes ambientes e situações empresariais, provocando mudanças através da inovação realizada por indivíduos que geram ou aproveitam oportunidades, que criam e realizam atividades de valor tanto para si próprio quanto para a sociedade.   O mesmo autor afirma que “Empreender significa inovar, buscar novas oportunidades de negócios, tendo sempre como alvo a inovação e a criação de valor”. Para Tajra (2009, p.56-57), “ser empreendedor [...] é ser uma pessoa com atitude voltada para resultados, inovação e realizações”. Ainda diz que “O empreendedorismo é um movimento empresarial voltado para o desenvolvimento de funcionários da organização com postura empreendedora como forma de alavancagem de novos negócios para que a própria empresa gere seu crescimento de forma continuada”. E na visão de Menezes (2003), professor de Empreendedorismo da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, “[...] é um aprendizado pessoal, que impulsionado pela motivação, criatividade e iniciativa, busca a descoberta vocacional, a percepção de oportunidades e a construção de um projeto de vida ideal”. Surgiram outros conceitos como Bolsan (2003), afirmando que o empreendedorismo é “[...] um movimento educacional que visa desenvolver pessoas dotadas de atitudes empreendedoras e mentes planejadoras”. Portanto, a inovação é uma das principais ferramentas a ser utilizada pelos empreendedores do século XXI, pois o mundo capitalista depende de iniciativas que agregue mão de obra e gere riqueza. 2.1.2 Empreendedorismo no Brasil A sociedade brasileira desenvolveu uma cultura da empregabilidade e investiu durante séculos em profissões que garantia estabilidade no emprego, sendo que a educação também era direcionada para formar mão de obra destinada aos setores produtivos. Na sociedade brasileira atual. De acordo Belucci (2005, p.6), “os concursos públicos da união, estados e municípios estão cada vez mais concorridos”. Demonstrando que a formação educacional e cultural não prepara o indivíduo para gerir um negócio próprio. Mas, a globalização da economia mundial obrigou a indústria brasileira a utilizar novas tecnologias para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de seus produtos condições indispensáveis para torná-las competitivas. Porém, essa automatização da indústria brasileira trouxe uma redução na utilização de mão de obra, o que aumentou    significativamente o desemprego e obrigou o operário a buscar outros meios de sobrevivência, ou seja, através do investimento em um empreendimento próprio. Mas segundo Degen (2010, p.211), os empreendedores podem ser motivados por necessidades, sendo aqueles que investem em um negócio sem se preocuparem com as inovações e planejamento, pois estão atrelados a manter as condições de sobrevivência do indivíduo e sua família. Esse tipo de empreendimento traz pouca contribuição para o desenvolvimento da economia de um país; já os empreendedores por oportunidade contribuem para o desenvolvimento econômico e altos salários, pois agregam valores ao negócio que tende a crescer gerando lucros e novos postos de trabalho. O empreendedorismo no Brasil a partir da década de 1990 vem crescendo mediante as dificuldades sócio-econômicas que diminuíram a oferta de emprego e impulsionou a necessidade de investir no próprio negócio. Segundo pesquisa do Global Entrepeneurship Monitor – GEM, realizada em trinta e quatro países, o Brasil ocupa a sétima posição entre os países que mais empreendem número considerado alto. O Serviço Brasileiro de Apóio às Micros e Pequenas Empresas – SEBRAE, constatou através de pesquisa realizada em 2004 que no Brasil são constituídas em termos de quatrocentos e setenta mil novas empresas anualmente, mas 60% delas chegam à falência num período de três anos. E para o (GEM, 2005 apud PEREIRA, ARAÚJO e WOLF, 2007, p.7) 60% das limitações à prática empreendedora estão na: • Educação e treinamento insuficientes - falta estrutura no ensino pra preparar o individuo para atuar nessa nova ordem produtiva; • Falta de apoio financeiro – o alto custo do dinheiro, muita burocracia e exigências que dificultam o pequeno empreendedor a ter acesso ao investimento; • Políticas governamentais inadequadas – severos encargos tributários e trabalhistas e muita burocracia. Diante desta realidade a sociedade brasileira precisa elaborar ações para serem desenvolvidas pelas instituições responsáveis pelo desenvolvimento da nação elaborando e implantando políticas educacionais para atender as necessidades atuais, concedendo acesso ao pequeno empresário ao dinheiro para investimento a custos mais baixo, desburocratização das leis trabalhistas e uma reforma tributária que permita o ao pequeno produtor fazer investimento com garantia de sustentabilidade mercadológica. E de acordo com o SEBRAE   3 CAPITULO 2 3.1 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Educação encontra-se nas raízes da sociedade, das instituições e da vida humana como recurso expressivo na construção do desenvolvimento econômico, social, político e científico. É por intermédio do processo educativo que garantimos a qualificação do agir humano a partir da cultura vigente no tempo e no espaço, sendo que a educação pode ser realizada através da família, do trabalho, da criatividade e do relacionamento informal das pessoas, mas “a educação escolar é a forma dominante na sociedade atual [...] as demais formas de educação, ainda que subsistam na sociedade moderna, passam para um plano secundário, se subordinam à escola e são aferidas a partir da escola” (SAVIANI, 1994, p.157). As grandes mudanças nos setores produtivos decorrentes da Revolução Industrial que ocorreu na segunda metade do século XVIII, e da Revolução Tecnológica iniciada no século XX, vieram requerer profundas mudanças nas habilidades e competências dos trabalhadores exigindo dos organismos responsáveis pela educação uma nova estruturação das políticas educacionais e novos currículos para atender as necessidades atuais. Nos anos 80 (séc. XX), cresce o processo de automação no setor industrial e a mão-de-obra é substituída pela máquina causando desemprego e levando os trabalhadores a procurar uma nova opção de carreira e neste novo cenário cresce o mercado empreendedor. A sociedade atual disponibiliza confiança na educação como meio de preparar o homem para o novo mercado produtivo e “historicamente e educação muda de conteúdo e forma ao longo de sua produção, e [...], o que produz as mudanças é a forma como os homens organizam a produção de sua vida material em cada momento histórico” (LOMBARDI, 2003). E nesta busca para atender a uma demanda produtiva de um mundo globalizado é que os sistemas educativos vêm investindo em novos projetos educacionais desde a revolução industrial. E de acordo com Lucci (2003, p. 4).   Para acompanhar este novo processo de desenvolvimento do mundo onde os serviços e a criatividade dão o tom, o capital físico, que era a variável-chave do crescimento econômico, perde lugar hoje para o capital humano, representado pelo conjunto de capacitações que as pessoas adquirem através da educação, de programas de treinamento e da própria experiência para desenvolver seu trabalho com competência, bem como pelo desenvolvimento de várias competências do ponto de vista profissional. A educação começa a investir no ensino empreendedor nas Faculdades de Administração americanas visando suprir necessidades práticas e logo se espalhou por diversos países. O primeiro curso de empreendedorismo foi oferecido em Harvard em 1947, e contemplava 188 alunos, tendo como criador Myles Mace. Em 1953, na Universidade de Nova York, Peter Drucker iniciou um curso de empreendedorismo pautado na gestão de Pequenas Empresas e na inovação de investimentos na área, os estudos demonstram que em 1974 os Estados Unidos da América já têm 104 cursos de empreendedorismo em suas Universidade e no ano 2000, já eram 1400 cursos (LAVIERI, 2010, p. 6-7). O Brasil, embora seja visto nas pesquisas como um país empreendedor segundo o relatório da GEM (2002), enfrenta sérios problemas ocasionados por um sistema educacional fragmentado que não tem sido capaz de realizar uma formação sistêmica com perspectiva de competitividade mundial nem de desenvolver capacidade de empreender para responder criativamente aos desafios presentes nesta nova ordem produtiva. Não é possível pensar em novas transformações pelas quais está passando a produção de bens e serviços no mundo, sem ter presente o fantasma da carência de inovação na educação brasileira de acordo com Pereira, Araújo e Wolf (2007, p. 3): Identifica-se, portanto, a necessidade de criação de um novo perfil profissional, destinado a ocupar um novo espaço capaz de canalizar este desejo empreendedor dos brasileiros, cabendo às instituições educadoras e, mais especificamente, aos educadores, contribuir para o desenvolvimento de uma educação empreendedora, incentivando os alunos a explorarem o espaço potencial para o empreendedor no País. Mas o ensino empreendedor no país só tem início em 1981, por iniciativa do Professor Ronald Degen, sendo o principal foco a criação de negócios. Na ocasião foi inserida a disciplina de empreendedorismo na grade curricular do Curso de Administração da Escola   de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas – FGV, posteriormente a disciplina passou a integrar a grade curricular dos cursos de Graduação, Mestrado, Doutorado e MBA. Hoje a FGV trabalha o ensino e a Pesquisa de atividade empreendedora através da GVcenn (Centro de Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios) da FGV. E foi neste período (década de 80, do séc. XX), que as autoridades brasileiras começam a se preocupar e concentrar recursos em estratégias para promover o crescimento do empreendedorismo. O trabalho tem início nas Instituições Públicas de Ensino Superior de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Estado do Paraná, as Instituições Públicas de Ensino Superior começaram a incluir cadeiras de empreendedorismo nos cursos visando desenvolver habilidades empreendedoras nos acadêmicos e criar ferramentas para melhorar a gestão de pequenas e médias empresas. Essas foram se ampliando por todo o país (LAVIERI, 2010, p. 8-9). Nos anos 90, o SEBRAE-MG em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG desenvolveram estudos sobre empreendedorismo, atividades nas áreas de ensino e formação de empreendedores. Outros projetos importantes foram sendo implantados como o Instituto Gênesis para Inovação e ação Empreendedora da PUC-RJ inaugurado em 1997, com o objetivo de desenvolver atividades nas áreas de formação de empreendedores, de incubadora de empresas de base tecnológicas e também de pesquisa e assessoria técnica na área de empreendedorismo. O Programa Reúne – Brasil lançado em 1998 pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, Instituto Euvaldo Lodi – IEL e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE Nacional, esse programa procurou expandir a filosofia da rede universitária de ensino de empreendedorismo para todo o país. Para Lavieri (2010, p. 15) as Instituições de Ensino Superior - IES, Órgãos de fomento associações, Prefeituras e Governos também vêm promovendo diversos eventos em prol do desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil: como a feira do Jovem Empreendedor de São José dos Campos, as Feiras de Franquias promovidas pela Associação Brasileira de Franchise e as Feiras do Empreendedor, realizadas pelo SEBRAE em todo o país. Outros parceiros do ensino empreendedor como cooperativas e associações de produtores vem trabalhando em processo produtivo denominado de empreendedorismo social, levando jovens universitários do mundo todo a desenvolver projetos de recuperação de   3.1.1 Formação do Professor Empreendedor A sociedade brasileira ao longo de sua história investiu muito pouco na educação destinada ao exercício profissional, pois o trabalho durante muito tempo foi associado ao esforço manual e físico. E como a formação intelectual era considerada desnecessária para a formação de mão-de-obra não se fazia investimento neste tipo de formação destinado ao trabalhador e mesmo com a revolução industrial a formação profissional era limitada ao treinamento de habilidades para garantir a produção industrial. Mas, a partir do século XX os avanços tecnológicos provocaram uma nova revolução nos setores produtivos trazendo a necessidade de um novo perfil de profissionais inclusive os da educação. Para Sousa e Silva (1997, p. 970), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), trata dos profissionais da educação da seguinte forma: Artigo 61 - A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I – a associação entre teoria e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II – aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades; Artigo 63 – Os institutos superiores de educação manterão: I – cursos formadores de profissionais para a educação básica, [...]; III. Programas de educação continuada para profissionais de educação de diversos níveis. A legislação projeta a formação dos profissionais da educação em diferentes áreas do conhecimento, mas nos cursos de graduação destinados às diversas áreas do conhecimento os currículos não contemplam disciplinas de empreendedorismo essa é uma carência que precisa ser superada em nosso sistema educacional. Porém, verifica-se que por não ser considerado uma área do conhecimento científico é que a maioria dos professores de empreendedorismo não recebeu formação na área, realidade que precisa ser mudada urgentemente para que possamos atender aos potenciais empreendedores brasileiros. E por ser a cultura empreendedora considerada umas das mais fortes influências para alavancar o processo de desenvolvimento das nações, estas investem nas   discussões acadêmicas visando priorizar o empreendedorismo na educação, pois os estudiosos consideram que a educação empreendedora contribui fortemente com a formação do capital social e humano garantindo a participação da população no processo de gerar renda. Portanto a educação empreendedora deve fazer parte das políticas educacionais e ser inserida nas grades curriculares do ensino básico ao superior. E para Mamede (2006, p. 6): Países desenvolvidos ou em desenvolvimento não podem subsistir sem uma considerável população de empreendedores, dispostos a correr riscos, implantar novos negócios, adotar novas tecnologias e competir, gerando empregos e crescimento em suas comunidades. Neste contexto, é interessante notar que o mais forte instrumento para o desenvolvimento da cultura empreendedora na sociedade ainda é a educação e quanto mais cedo se começar a inculcar nos jovens os valores e o pensamento empreendedor, tanto mais efetivos serão os resultados. Diante da necessidade de formar educadores para atuarem no desenvolvimento da educação empreendedora no país o SEBRAE vem desenvolvendo projetos juntamente com algumas Secretarias de Educação dos estados para oferecer curso de especialização com o objetivo de capacitar os profissionais das redes estaduais de ensino da educação básica. E as universidades também vêm contribuindo através de parcerias com o SEBRAE e as demais instituições de ensino. 3.1.2 O perfil do Professor Empreendedor A pessoa empreendedora deve possuir um perfil técnico e gerencial bem definido. O campo técnico abrange a capacidade de trabalhar com as informações, comunicação e em equipe, já na gerência administra as finanças, logística, produção, marketing, tomada de decisão e negociação. E precisa ainda de características pessoais como perseverança, disciplina, habilidades de correr riscos e saber inovar mediante a diversidade do meio e as atitudes próprias de cada um. Mas, a produção do conhecimento na educação empreendedora requer um ambiente com instrutores bem qualificados e capacitados para    desenvolver projetos interdisciplinares criando um ambiente favorável à interação dos valores empreendedores do mercado e das potencialidades dos educando. Para a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2000) o empreendedorismo requer procedimentos pedagógicos formadores de competências e habilidades empreendedoras, para tanto o novo educador deve se aproximar do ensino tecnológico e à realidade produtiva atual. E o sistema educacional deve direcionar esforços na construção dessas competências e habilidades, num processo continuado de aprendizagem no qual o “aprender a aprender” e o “aprender a fazer” (grifo do autor) estejam sempre presentes. A inserção da disciplina de empreendedorismo no ensino médio é “determinante para desenvolver o potencial empreendedor do jovem”, tornando-os integrantes do mundo dos criadores e empreendedores. Segundo UFSC (2000, p.115-116) o educador do século XXI tem que está apto para:  Conhecer o mundo dos criadores e dos empreendedores  Requisitar trabalhos sobre criadores de empresas [...] referentes à área da matéria dada.  Eliminar a pressão em relação ao conformismo.  Envolver os alunos em atividades de pesquisa e projetos de conhecimento.  Estimular a formação de grupos de trabalho.  Proporcionar um ambiente de ensino como uma dupla construção de aprendizagem.  Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos/Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino.  Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem de acordo com uma abordagem formativa.  Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades.  Desenvolver cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo.  Reforçar a autonomia dos estudantes.  Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.  Estudar casos de empreendedorismo durante o ano letivo.  Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos.  Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.  Estimular projetos embrionários com planejamento e metas. Portanto o educador deste novo século deve manter um processo constante de aprendizagem para ter condições de contribuir de forma significativa com a formação das novas gerações em uma sociedade em constante processo de mudanças. Observa-se também que educação atual não requer necessariamente novos cursos para a formação de docentes e   De acordo com os pesquisadores da área o ensino empreendedor encontra-se vinculado a tecnologias de desenvolvimento sustentável, por isso não pode ficar sob a responsabilidade de um só indivíduo, e sim da comunidade. Portanto fica claro, a necessidade de projetos educacionais contemplando a formação empreendedora através de uma metodologia de ensino valorizando as potencialidades de conhecimento dos educadores, a cultura dos educados e da comunidade bem como os recursos naturais.   4 CONCLUSAO A Educação Empreendedora chega ao século XXI como o grande desafio das nações capitalistas para vencer os obstáculos de geração de emprego e renda num mundo globalizado e dominado pela inovação tecnológica nos meios produtivos gerando desemprego. Para tanto, as políticas educacionais para este século precisam priorizar investimentos para a inclusão da educação empreendedora dos servidores da educação e também dos educando do nível básico e superior e a partir de então começar a desenvolver uma cultura empreendedora no país. E embora a sociedade brasileira tenha desenvolvido uma cultura produtiva com base na empregabilidade agora tem que somar esforços para garantir às gerações desse novo século uma formação educacional que lhes garanta as condições necessárias para gerir o seu próprio negócio. No relatório da GEM (2002) verifica-se que o Brasil é um país empreendedor, mas enfrenta sérios problemas relacionados à falência de grande parte desses investimentos e os pesquisadores apontam a fragmentação do sistema educacional brasileiro como cerne dos problemas que levam as empresas à falência. E para a educação tornar-se comprometida com a formação empreendedora o empreendedorismo terá que ser inserido na grade curricular dos Cursos de Licenciatura e na educação continuado de docentes, garantindo aos professores condições para desenvolverem o ensino empreendedor em todos os níveis do ensino público e privado. E embora o ensino empreendedor no Brasil só tenha iniciado em 1981, hoje várias Instituições de Ensino Superior estão incluindo a disciplina de empreendedorismo na grade curricular de seus cursos e promovendo curso, seminários, feiras e outros eventos que ofereçam informações atualizadas sobre a prática empreendedora no Brasil e no Mundo. E instituições como o SEBRAE, CNI, IEL, SOFTEX, GENESIS, ONGs e Cooperativas desenvolvem projetos junto a parceiros do setor público ou privado com o objetivo de ampliar as atividades ou programas de formação empreendedora. A preocupação dessas organizações vem motivando as secretarias de educação de vários estados brasileiros e escolas do ensino fundamental e médio a se integrarem em projetos de educação empreendedora no ensino básico.   REFERENCIAS BASTOS, Adriana Teixeira; SÁTIRO, Maria Christine Diniz; GALVÃO, Débora Nobre; ALBUQUERQUE, Francisca Geane de; CÂMARA, Samuel Façanha. Empreendedorismo e Educação: o caso do Projeto Empreendedorismo na Escola. Disponível em: <http://www.oei.es/etp/empreendedorismo_educacao_projeto_empreendedorismo_escola.pdf >. Acesso em 14 de jul. de 2010. BELUCCI, Márcia Cristina. O Empreendedorismo no Brasil e as Micro e Pequenas Empresas. Campinas, São Paulo: 2005. BRINHOSA, Mário César. A Função Social e Pública da Educação na Sociedade Contemporânea. In LOMBARDI, José Claudinei. (org.). Globalização Pós-modernidade e Educação. 2. ed. rev. ampl. – Campinas, SP: Autores Associados: HISTEDBR; Caçador, SC: UnC, 2003. – (Coleção Educação Contemporânea). CIELO, Ivanete Daga. Perfil Empreendedor: uma investigação das características empreendedoras nas empresas de pequena dimensão. In PREVIDELLI, José J., SELA, Vilma Meurer. Empreendedorismo e Educação Empreendedora. Maringá: UNICORPORE, 2006. Páginas 199-221. DAVID, Denise Elizabeth Hey; ROVEDA, Marcus Vinicius; REDIVO, Rosânio Bortolato; GAUTHIER, Fernando Álvaro Ostuni; COLOSSI, Nelson; FRANZONI, Ana Maria Bencciveni. Aspectos Pedagógicos no Ensino do Empreendedorismo. Disponível em: <http://www.daeln.ct.utfpr.edu.br/~denisedavid/artigos_textos/aspectospedagogicos.pdf>. Acesso em 14 de jul. de 2010. DEGEN, Ronald Jean in LOPES, Rose Mary A. Educação Empreendedora: conceitos, modelos e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier; São Paulo SEBRAE, 2010. Páginas 207 - 230. DOLABELA, Fernando. A universidade brasileira é inovadora?. Blog Starta - Empreendedorismo e Inovação, 2009. Disponível em: <http://blogstarta.wordpress.com/?s=a+universidade+inovadora>. Acesso em 15 de jul. de 2010. DOLABELA, Fernando. Ensino de empreendedorismo na Educação Básica como Instrumento do desenvolvimento local sustentável: A METODOLOGIA PEDAGOGICA EMPREENDEDORA. Disponível em: <http://www.oei.es/etp/ensino_empreendedorismo_educacao_basica_dolabela.pdf>. Acesso em 14 de jul. de 2010. DOLABELA, Fernando. Uma revolução no ensino universitário de empreendedorismo no Brasil. A metodologia da Oficina do Empreendedor. Universidades Federal de Minas Gerais-FUMSOFT. Paper aceito no 44th ICSB World Conference, Náapoles, junho de 1999. Disponível em: < http://www.scribd.com/doc/7020504/Metodologia-Oficina-or >. Acesso em 15 de jul. de 10.
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