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Guias e Dicas
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Estresse dos profesores, Notas de estudo de Enfermagem

mostra as principais causas de estresse nos professores

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 04/09/2011

graziela-mantuani-11
graziela-mantuani-11 🇧🇷

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Baixe Estresse dos profesores e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! 1 INTRODUÇÃO Quando um indivíduo sofre um processo de desgaste, seu corpo emite sinais de maneira natural e inteligente, sinalizando perigo, é uma forma que o corpo encontra para demonstrar um estado emocional alterado, quando está sob pressão por alguma situação. O estresse se dá por uma alteração que o indivíduo sofre sempre em que se encontra frente a situações adversas pelas quais não está acostumado, há um descontrole gerado pelo desconhecido e a partir do momento em que aparece imediatamente o corpo procura uma maneira para se defender. O estresse, em princípio, não é uma doença. É apenas a preparação do organismo para lidar com as situações que se apresentam, sendo então uma resposta do mesmo a um determinado estímulo, a qual varia de pessoa para pessoa. É preciso analisar a psicodinâmica do trabalho e discutir como os aspectos de uma atividade profissional podem favorecer o estado de saúde ou de doença. É também muito importante que haja a percepção dos elementos que acontecem freqüentemente e que geram, por exemplo, expectativas frustradas, cansaço, disputas, competições e desarmonia, como é o caso do professor. O estresse dos professores também pode ser referido como Síndrome do Burnout, que atinge principalmente os profissionais que trabalham com pessoas diariamente. Considerando as demandas e pressões do meio é necessário trabalhar a prevenção adequando a realidade dos professores, visando à melhoria das relações pessoais e profissionais. 1.1 Objetivo 1 Identificar os riscos presentes no cotidiano dos profissionais da educação, investigando as fontes de estresse, de maneira a construir um retrato das suas condições de trabalho e analisar como isso afeta sua vida e seu desempenho dentro da sala de aula. 1.2 Justificativa Percebe-se que a função do professor acarreta um alto nível de desgaste físico e mental, o que pode prejudicar a qualidade de vida desses. Nossa pesquisa visa proporcionar a reflexão de possíveis alterações de comportamentos criando condições de mudanças, ou aprender a conviver com as mesmas. 1.3 Metodologia O presente trabalho foi desenvolvido mediante revisão da literatura e pesquisa de campo com questionário previamente estruturado com análise dos resultados encontrados. 2 DESENVOLVIMENTO 2 estado de vigilância. Está presente nos animais com a finalidade de preservação da espécie, como por exemplo, para fugir de um predador. Hoje não precisamos nos defender de predadores, mas há muitas outras coisas que disparam o gatilho do estresse, que podem ser externas ou internas, agudas ou crônicas. A externa inclui condições físicas adversas (como dor, frio ou calor excessivos) e situações psicologicamente estressantes (más condições de trabalho, problemas de relacionamentos, insegurança, etc.). Entre as internas estão também às condições físicas (doenças em geral) e psicológicas. O estresse é um traço comum da vida moderna e, para uma em cada vinte pessoas é um problema grave. Ele traz medo, prejudica nosso estado básico de bem estar e nos faz sentir diminuídos porque tendemos a nos culpar por sofrer de estresse. Também pode ser positivo quando caracterizado pelo entusiasmo, pela excitação, quando as pessoas encaram os desafios, as pressões do dia-a-dia como uma forma de crescimento pessoal e profissional. O estresse está baseado, entre outros, na ativação do sistema hormonal hipófise hipotálamo glândula supra-renal, desencadeando uma secreção importante de cortisol (formado a partir do ACTH). O sistema simpático (que permite ao corpo estar acordado e próximo ao estresse), com o conhecido hormônio adrenalina, é igualmente fortemente ligado no desenvolvimento do estresse. Ele produz em nosso organismo um desequilíbrio, porque diversas funções se aceleram, provocando uma demanda maior de vitaminas e minerais. Quando esta demanda não é atendida, o organismo apresenta sinais de carência que, no início, se caracterizam por sintomas como: cansaço, irritabilidade falta de concentração, etc. Se, depois desta fase inicial, ainda existir carência de vitaminas e minerais, forma-se um círculo vicioso, com agravamento gradual dos sintomas. 2.1.1 Estressores Internos As ameaças internas provêem dos conflitos pessoais de cada um, os quais, em última instância, refletem sempre nossa sensibilidade afetiva diante da vida, das perspectivas futuras, da situação atual e mesmo das desavenças passadas. Como 5 se suspeita, no ser humano os estímulos internos são aqueles que desempenham maior papel no desenvolvimento e manutenção do estresse. Essas ameaças normalmente são interiores, abstratas, continuamente presentes e freqüentemente invencíveis. Podemos dizer, por exemplo, que a possibilidade de ficar doente seja uma séria ameaça, um estímulo estressor importante. Entretanto, se essa idéia vier sempre e obsessivamente à nossa consciência, podemos experimentar uma grande ansiedade. Referem-se aqui a expectativas irrealistas, cognições distorcidas, perfeccionismo, sonhos inalcançáveis, desejos e fantasias que passam a ser vistos como realidades que cada ser humano muitas vezes tem para si próprio e para os outros ao seu redor. Alguns estados emocionais também podem assumir a função de geradores de estados tensionais, como, por exemplo, um transtorno de ansiedade, o qual pode ser uma fonte poderosa de estresse porque o ser humano ansioso possui a tendência a ver o mundo de modo ameaçador, como se houvesse sempre um risco das coisas não darem certo. Assim, aquilo que para as outras pessoas representaria somente um desafio, para quem tem ansiedade parece uma batalha muito grande. Porque percebem os desafios como gigantescos, logicamente se estressam mais (LIPP, 2001). 2.1.2 Estressores Externos Os estímulos estressores externos são as ameaças da vivência de cada um, seja física, tanto sobre a segurança pessoal quanto em relação à saúde, seja ela moral, econômica, etc. Enfim, são ameaças exteriores à pessoa. Caracterizam-se como eventos ou condições externas ao organismo, que o afetam, independente de sua vontade, como por exemplo : Ruídos, temperaturas extremas, mudanças políticas no país ou qualquer situação que ocorra fora do corpo e da mente (LIPP, 2001). 2.2 Fisiopatologias do Estresse 6 O organismo, ao receber um estímulo, desencadeia uma resposta, como o preparo para fuga ou reação de enfrentamento da situação geradora do mesmo e, de acordo com a vulnerabilidade individual e abrangendo a esfera físico-psico-social, leva a alterações orgânicas e mentais, de uma maneira ampla e diversificada. Esta reação decorre da ativação de uma série de eventos, iniciando na estrutura do Sistema Nervoso Central (SNC), interagindo com Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e Sistema Límbico , desencadeando uma cadeia de reações e com ativação do eixo hipotálamo-hipófise, liberando o hormônio adreno-corticotrópico (ACTH) na corrente sanguínea, estimulando as glândulas supra-adrenais, que vão produzir, principalmente, a adrenalina e os corticosteróides, levando o homem a seu estado de alerta, pronto para lutar ou fugir, uma manifestação instintiva, desde os primórdios da humanidade. Com isso, um estímulo, que pode ser tanto do ambiente externo e ou interno, atua no psiquismo da pessoa, ativando emoções, como medo, raiva, ambição, culpa e outros, desencadeando uma reação do sistema nervoso e glandular, com conseqüências, principalmente, ao nível físico. Os estímulos são recebidos pelo cérebro, através dos sentidos, sendo as demandas cerebrais processadas, ao nível do córtex, e há a ativação dos aferentes, de origem extero e proprioceptivos, que atravessam o mesencéfalo e o Sistema Límbico e são recebidos pelo tálamo, o qual através de neurônios monoaminérgicos e de neurotransmissores, como a adrenalina, dopamina e serotonina, envia as informações recebidas para o hipotálamo, o qual sintetiza os hormônios responsáveis pela liberação e inibição de outros hormônios. Um desses hormônios, o CRF (corticotroping releasing factor), é liberado pelo hipotálamo que, por via sanguínea, é enviado ao lóbulo anterior da hipófise, liberando o ACTH que estimula a produção de mineralocorticóides e glicocorticóides pelo córtex da supra-renal. O hormônio mineralocorticóide sintetizado, pela zona glomerular do córtex da supra-renal, a aldosterona, altera o metabolismo dos órgãos, com inibição da atividade digestiva, renal e sexual e aumento da função cardíaca; os hormônios glicocorticóides sintetizados pela zona fasciculada, como o cortisol e o hidrocortisol, participam da regulação do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas em todos os tecidos do corpo, elevando a concentração da glicemia. Os estímulos do lobo posterior da hipófise, resultam na liberação de dois hormônios: ADH (hormônio antidiurético) e Ocitocina; sendo que o primeiro é 7 respostas do corpo levando a mudanças de comportamento, insônia e descontentamento; - exaustão: começa o aparecimento das doenças crônicas e de difíceis reversão, como distúrbios emocionais, fadiga, gastrites, hipertensão e outros, havendo uma sobrecarga fisiológica, podendo levar até a morte. 2.3 Qualidade de Vida no Trabalho A Qualidade de Vida no trabalho é uma conseqüência da compreensão comprometida e abrangente das condições de vida no trabalho, incluindo aspectos como bem-estar social, saúde, segurança e capacitação sendo uma poderosa arma de competitividade do mercado, melhorando o desempenho e a produtividade além do aumento da confiabilidade do cliente. Mezzomo (2001, p.73) define Qualidade como sendo “um conjunto de propriedades de um serviço (produto) que o torna adequado à missão de uma organização (empresa) concebida como resposta às necessidades e legítimas expectativas de seus clientes”. A Qualidade é complexa, sendo a busca permanente da auto-superação e do contínuo aperfeiçoamento englobando além dos serviços, produtos e pessoas, um Planejamento pré-estabelecido não se limitando apenas aos avanços tecnológicos, mas a recursos humanos capacitados, treinados, liderados, motivados e conscientes de suas responsabilidades, exigindo comprometimento dos mesmos nas alterações da cultura organizacional e, com isso, participação efetiva do trabalhador favorecido pelo Empowerment que fortalece a equipe com atribuições de autonomia e total responsabilidade para desempenhar seu trabalho visando a excelência da organização. A busca incessante da Qualidade pelas organizações contemporâneas como estratégia de sobrevivência no mercado provoca muitas vezes um esquecimento do principal: seus colaboradores, sua vida e felicidade. Qualidade de Vida no trabalho evidencia os colaboradores como detentores de merecida importância pela Instituição que envolvidos em diversos níveis, são abordados como parceiros e, não mais como recursos humanos, mas integrando indivíduos à organização de forma harmoniosa, mantendo sua integridade física e mental, valorizando-o literalmente como pessoa, considerando fatores psicológicos, políticos, econômicos e sociais do trabalhador. No mundo do trabalho ocorreram 10 inúmeras mudanças não só no processo produtivo devido inovações tecnológicas, mas no impacto causado na saúde do trabalhador tanto na esfera física como psíquica.É o conjunto de ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Existem muitas interpretações de qualidade de vida no trabalho, desde o foco clínico da ausência de doenças no âmbito pessoal ate as exigências de recursos, objetos e procedimentos de natureza gerencial e estratégica no nível das organizações. Novos paradigmas de modos de vida dentro e fora das empresas estão sendo estruturados por diversos segmentos da sociedade e do conhecimento científico, entre os quais se destacam: ▲ Saúde: visa preservar a integridade física, psicológica e social do ser humano em vez de apenas atuar sobre o controle de doenças e propiciar maior expectativa de vida e reintegração profissional da pessoa que adoece. ▲ Ecologia: ciência em que o homem é parte integrante e responsável pela preservação do ecossistema e dos insumos da natureza, bem como o autor do desenvolvimento sustentável. ▲ Ergonomia: estuda as condições de trabalho ligadas a pessoa. Fundamenta-se na medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia industrial, visando ao conforto ao desempenho nas diversas posições de trabalho. ▲ Psicologia: demonstra a influencia das atitudes internas e as perspectivas de vida da pessoa e a importância do significado intrínseco das necessidades individuais para seu envolvimento com o trabalho em conjunto com a filosofia. ▲ Sociologia: atua sobre a dimensão simbólica do que é compartilhado e construído socialmente, demonstrando as implicações de quem influencia e é influenciado nos diversos contextos culturais e antropológicos da empresa. ▲ Economia: enfatiza a consciência de que os bens são finitos e de que a distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver de forma equitativa a responsabilidade e os direitos da sociedade. 11 ▲ Administração: procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para atingir resultados em ambiente cada vez mais complexo, mutável e competitivo. ▲ Engenharia: elabora formas de produção voltadas para flexibilização da manufatura, armazenamento de materiais, uso da tecnologia, organização do trabalho e controle dos processos. ▲ Oportunidade de progresso e segurança no emprego: manifestam- se no desenvolvimento pessoal, no desenvolvimento da carreira, na possibilidade de aplicação de novas habilidades, na sensação de segurança no emprego e na remuneração. ▲ Integração social na organização: um ambiente favorável nas relações pessoais é atingido com ausência de preconceitos, democracia social, ascensão na carreira, companheirismo, união e comunicação aberta. ▲ Leis e normas sociais: o grau de integração social na organização está relacionado com o direito à privacidade e à liberdade de expressão de idéias, com tratamento equitativo e normas claras. ▲ Trabalho e vida privada: as condições de crescimento na carreira não devem interferir no descanso nem na vida familiar do empregado. ▲ Significado social da atividade do empregado: a atuação social da organização tem significado importante para os empregados tanto em sua percepção da empresa quanto em sua auto-estima. 2.4 Estresse e Trabalho 2.4.1 conceitos de trabalho Um dos meios de sobrevivência de um indivíduo, sem dúvida, é o trabalho. É nele que o indivíduo passa a maior parte do tempo. A escolha profissional, o que ele faz, vai implicar na sua realização e sua produção. O trabalho deve ser uma fonte de prazer para o indivíduo. Daí, a importância de ter suas funções bem definidas e bem traçadas e os seus objetivos pessoais e profissionais claramente definidos, 12 sobrecarga como um agente estressante, quando a pessoa não atividades para desempenhar e enfrenta o tédio e a monotonia. Os sintomas do estresse ocupacional dos indivíduos se dividem em físicos e mentais. Os sintomas físicos seriam as dores de cabeça, palpitações, azia, reações alérgicas, dores lombares, insônia, indigestão, aumento do apetite, suor, gagueira. Já os sintomas mentais podem ser as dificuldades de concentração, agressividade, irritabilidade, passividade, ansiedade, dificuldade na tomada de decisões, sensação de fracasso, medo, depressão, comportamento não-cooperativo. Para Robbins e Coulter (1998), os sintomas relacionados ao estresse ocupacional podem ser divididos em três categorias: fisiológicas, psicológicas e comportamentais. Para eles, os sintomas fisiológicos estão relacionados com mudanças no metabolismo, aumento nos batimentos cardíacos e freqüência respiratória, elevação da pressão sanguínea. Já os sintomas psicológicos que podem ser encontrados é a insatisfação no trabalho, tensão, ansiedade, irritabilidade, tédio e protelação. Em relação aos sintomas comportamentais observam-se mudanças na produtividade, absenteísmo, aumento do fumo ver, aumento do tabagismo e do consumo de álcool e fala rápida 2.5 O Burnout O termo Burnout surgiu como uma metáfora para exprimir o sentimento de profissionais que trabalhavam diretamente com pacientes dependentes de substâncias químicas. Nos primeiros anos da década de 70, um estudo com profissionais ligados ao tratamento de usuários de drogas mostrou que, após alguns meses de trabalho, estes profissionais compartilhavam alguns sintomas que já haviam sido observados e até estudados, mas de forma isolada. (FREUDENBERGER, 1974) Podia-se observar o sofrimento. Alguns reclamavam que já não viam seus “pacientes” como pessoas que necessitassem de cuidados especiais, visto que eles não se esforçavam para parar de usar drogas. Outros reclamavam que estavam tão exaustos que às vezes desejavam nem acordar para não ter que ir para o trabalho. Outros ainda afirmavam que já não conseguiam mais atingir os objetivos que haviam 15 imaginado. Sentiam-se incapazes de modificar o “status quo”; sentiam-se derrotados. A estes sintomas, agora pesquisados e analisados em conjunto, atribuiu- se o nome de Burnout. O estudo da literatura internacional indica que não existe uma definição única sobre Burnout, mas é consenso até os estudos hoje desenvolvidos que seria uma resposta ao stress laboral crônico, não devendo, contudo ser confundido com stress. O primeiro envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho; é assim, uma experiência subjetiva, envolvendo atitudes e sentimentos que vêm acarretar problemas de ordem prática e emocional ao trabalhador e à organização. O conceito de stress, por outro lado, não envolve tais atitudes e condutas, é um esgotamento pessoal com interferência na vida do indivíduo e não necessariamente na sua relação com o trabalho. A teoria sugere que Burnout ocorre quando certos recursos pessoais são perdidos, ou são inadequados para atender as demandas, ou não proporcionam retornos esperados (previstos). Faltam estratégias de enfrentamento. Malasch e Jackson, representando uma abordagem sóciopsicológica da síndrome, apontam como o estresse laboral leva ao tratamento mecânico do cliente. Burnout aparece como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, já que cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene e grandes responsabilidades profissionais a cada gesto no trabalho. Podemos resumir a situação da seguinte maneira: o trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, desgasta-se, não agüenta mais, desiste, entra em Burnout. Para estes pesquisadores, o mal afeta com maior freqüência profissionais da área da educação e saúde. A síndrome de Burnout é definida por Maslach e Jackson (1981) como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou com problemas. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam o profissional a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não agüenta mais, entra em Burnout. A síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes: 16 1) Exaustão Emocional – situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas. 2) Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às pessoas destinatárias do trabalho (usuários / clientes) – endurecimento afetivo, ‘coisificação’ da relação. 3) Falta de envolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma “evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização. Cherniss, a partir de uma perspectiva organizacional, argumenta que os sintomas que compõem a síndrome do Burnout são respostas possíveis para um trabalho estressante, frustrante ou monótono. Cherniss alerta para a diferença entre Burnout e alienação. A alienação diminui a liberdade do sujeito para levar a cabo sua tarefa; no caso de Burnout, a situação se inverte um pouco, o sujeito tem liberdade para agir mas sobre uma tarefa impossível de realizar. O que as pesquisas têm demonstrado é que o Burnout ocorre em trabalhadores altamente motivados, que reagem ao stress laboral trabalhando ainda mais até que entram em colapso. Algumas definições atribuem o Burnout à discrepância entre o que o trabalhador dá (o que ele investe no trabalho) e aquilo que ele recebe (reconhecimento de superiores e colegas, bons resultados nos desempenhos dos alunos, etc.). Na definição de Farber (1991), "Burnout é uma síndrome do trabalho, que se origina da discrepância da percepção individual entre esforço e conseqüência, percepção esta, influenciada por fatores individuais, organizacionais e sociais". Os sintomas do burnout, tanto os físicos como os comportamentais não se limitam a atingir apenas a quem está sofrendo da doença. Eles se estendem aos que convivem com a pessoa, que acabam sendo afetados também já que em estágio mais avançado, a pessoa apresenta dificuldades em se adaptar à organização do ambiente de trabalho e em realizar tarefas. Assim como existe a idéia do fracasso, a pessoa sente que não está realizada na vida pessoal e também profissional. 17 profissional, pois a docência vai mais além do que somente dar aulas, constituiu fundamentalmente a sua atuação profissional na prática social. A formação dos educadores não se baseia apenas na racionalidade técnica como apenas executores de decisões alheias, mas, cidadãos com competência e habilidade na capacidade de decidir, produzindo novos conhecimentos para a teoria e prática de ensinar. O professor do século XXI deve ser um profissional da educação que elabora com criatividade conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. Nessa era da tecnologia, os professores devem ser encarados e considerados como parceiros/ autores na transformação da qualidade social da escola, compreendendo os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua atividade docente. Cabe então aos professores do século XXI a tarefa de apontar caminhos institucionais (coletivamente) para enfrentamento das novas demandas do mundo contemporâneo, com competência do conhecimento, com profissionalismo ético e consciência política. Só assim, estaremos aptos a oferecer oportunidades educacionais aos nossos alunos para construir e reconstruir saberes à luz do pensamento reflexivo e crítico entre as transformações sociais e a formação humana, usando para isso a compreensão e a proposição do real, sem deixar se seduzir pelos caminhos deslumbrantes dos anúncios publicitários, pelas opiniões tendenciosas da mídia. 2.6.1 Condições de trabalho A Organização Internacional do Trabalho definiu as condições de trabalho para os professores ao reconhecer o lugar central que estes ocupam na sociedade, uma vez que são os responsáveis pelo preparo do cidadão para a vida (OIT, 1984). Tais condições buscam basicamente atingir a meta de um ensino eficaz. As transformações sociais, as reformas educacionais e os modelos pedagógicos derivados das condições de trabalho dos professores provocaram mudanças na profissão docente, estimulando a formulação de políticas por parte do Estado. De acordo com Souza (2003), até os anos de 1960, a maior parte dos trabalhadores do ensino gozavam de uma relativa segurança material, de emprego estável e de certo prestígio social. Já a partir dos anos de 1970, a expansão das 20 demandas da população por proteção social provocou o crescimento do funcionalismo e dos serviços públicos gratuitos, entre eles a educação. Na atualidade, o papel do professor extrapolou a mediação do processo de conhecimento do aluno, o que era comumente esperado. Ampliou-se a missão do profissional para além da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a escola e a comunidade. O professor, além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento escolares, o que significa uma dedicação mais ampla, a qual se estende às famílias e à comunidade. Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais complexas. Os professores são compelidos a buscar, então, por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho (Teixeira, 2001; Barreto e Leher, 2003; Oliveira, 2003). Na última década, o trabalho docente tornou-se, por demanda do sindicalismo, tema de vários estudos e de investigações, incentivando a formação de grupos e de redes de pesquisadores organizados para esse fim. Souza (2003, p. 106) resume sete projetos de pesquisa com resultados consistentes e abrangentes que dão visibilidade, nos anos de 1990, às precárias condições do trabalho docente e mostram sua associação com sintomas mórbidos e a elevada prevalência de afastamentos por motivos de doença na categoria. Enquanto nos países desenvolvidos uma escola (pública) inclui em sua equipe enfermeiros (paramédicos), profissionais do serviço social, psicólogos e funcionários técnicos, além da equipe de especialistas em educação - incluindo orientadores e administradores, nossas escolas vêm demandando que os professores (sozinhos) cumpram todas essas funções em sua jornada de trabalho. Enquanto nos países desenvolvidos, além do aluno, também os professores permanecem na escola em jornada integral, no Brasil os professores correm de uma escola à outra, procurando complementar um salário aviltante. Mas, de acordo com as orientações do Banco Mundial é decisivo que a reforma ocorra "nos moldes do primeiro mundo”. A maior parte dos estudos em que se fundamentam as propostas do BM e das referências bibliográficas que se mencionam em suas publicações (pelo menos para a educação básica) referem-se ao Terceiro Mundo; porém 21 a maioria desses estudos e publicações provêm de autores do Primeiro Mundo e dos bancos e agências internacionais. São escassas as referências a estudos provenientes dos países em desenvolvimento, ali publicados e/ou elaborados por especialistas que trabalham nestes países... Existe, portanto, um abismo entre o discurso internacional sobre a educação dita universal, adotado pelo BM, e o discurso educativo produzido nas esferas regionais e nacionais. (TORRES, 2000, p. 144). Por outro lado, parece inequívoco que o final do século XX re-significou o papel de professores e escolas para a construção de projetos educativos. Diversamente à racionalidade técnica, que reduziu os professores a meros executores de planos elaborados por especialistas, presenciamos um arsenal teórico que viabiliza interpretar e re-significar a vida e trabalho dos professores, implicando uma concepção mais conseqüente e humanizadora, que os reconhece como intelectualmente hábeis e competentes para analisarem a realidade e (re) criar alternativas de ação político-pedagógica (NÓVOA,1991 e 1992; ZEICHNER,1993; GIROUX,1997, entre outros). As condições de trabalho a que estão sendo submetidos os professores e a instabilidade do corpo docente e técnico das escolas são impeditivos de construção de qualquer projeto pedagógico conseqüente. Não podemos mais continuar culpabilizando escolas e professores por regras de gestão que se estabelecem verticalmente sem qualquer preocupação com a essência do trabalho educativo. As políticas públicas deveriam criar mecanismos para assegurar um corpo estável de educadores, materializando sua responsabilidade com o sucesso escolar, e isso implica melhoria salarial e condições dignas de trabalho. Não podemos continuar implantando reformas educacionais que impõem projetos e atividades à revelia das concepções e condições de trabalho dos professores. 2.7 O estresse em professores Os problemas relacionados à educação são complexos e numerosos, o professor está sob constante pressão, o que o leva muitas vezes, a apresentar uma série de comprometimentos biopsicossociais que resultam em baixo nível de motivação, de auto-estima e em sensação de insegurança(LIPP, 2003). 22 quase sempre não há circulação de ar e ainda o barulho de ar condicionado ou ventilador são fatores apontados como irritantes, entre outros. Para Abreu (1980, p.124) “outras dificuldades apontadas referem-se ao imobilismo da própria escola quanto instituição social”. A escola não está conseguindo ou nem mesmo tentando acompanhar as inovações. A informatização é uma das coisas mais comuns atualmente, o avanço da tecnologia, a chegada da Internet, e muitas outras formas de estudo foram criados e veio facilitar e colaborar no trabalho e no aprendizado, mas não está ao alcance de uma boa parte das instituições, seja por razões financeiras ou por falta de profissionais capacitados. Porém, como afirma Rebelo apud Ribeiro (2005, p. 16) “É preciso mudar a visão da disciplina. Indisciplina, muitas vezes, não é desobediência, mas denúncia”. Cabe também ao educador procurar saber do motivo da revolta, do descontrole e da forma do comportamento do aluno, diagnosticando através do mesmo o porquê de tal desvio, procurando assim uma forma de ajudar a resolver o problema, melhorando também sua qualidade de vida. Entretanto, na maioria dos casos os professores não estão preparados para agir nessas situações. Como Abreu (1980) destaca, o gosto pelo ensino e o domínio sobre o conteúdo são pontos de partida fortíssimos para um bom desempenho no trabalho. Dessa maneira o profissional estando seguro do que quer e o do que pode oferecer, colocando suas idéias e métodos de ensino, pode favorecer a si mesmo e as outras pessoas que precisam do seu trabalho, que terá assim qualidade e dessa forma evitando o desgaste apresentado por esta profissão. 2.8 Considerações finais O que se torna muito importante ressaltar a respeito do estresse é que ele não mata, mas é através desse estado que o profissional vai adquirir outras doenças e sintomas mais graves que poderão prejudicar muito, como a depressão, o esquecimento a perda de vontade de viver, etc, estes sintomas não prejudicam somente a pessoa afetada, mas também as pessoas que convivem diariamente com ela, podendo afetar em sua vida familiar e pessoal. O importante é saber controlar o estresse e não deixar que ele se torne uma arma perigosa para a saúde e para a 25 vida, tanto pessoal como profissional, recomenda-se uma série de práticas no dia-a- dia que ajudam a lidar com os dias nervosos, entre elas destacam: dormir bem e um tempo suficiente, alimentar-se bem, praticar exercícios, ter hobbies, sair pra jantar com amigos, se divertir, etc. O estresse é um mal que afeta a maioria das pessoas, e os diversos tipos de profissionais, e combatê-lo faz parte das atribuições do técnico em segurança do trabalho, pois é a partir dos professores que lecionam hoje, que nascera a sociedade de amanha, por isso é importante criar situações confortáveis para os mesmos, para que eles se sintam reconhecidos e não tenham sua saúde afetada. 26 3 PESQUISA DE CAMPO E GRÁFICOS Para a elaboração desse projeto, Primeiramente foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre o estresse, as condições de trabalho oferecidas aos professores, a síndrome de burnout e todas as dificuldades encontradas diariamente pelos professores dentro e fora das salas de aula, visando os fatores estressores e as conseqüências do estresse. Em seguida foram elaborados questionários, que seguem no anexo 1, com vinte e seis questões, visando analisar o nível de estresse e os sintomas relacionados ao estresse que afetam os professores nas escolas, “E.E. Graciema Baganha Ribeiro (Gália, ensino médio)” e “ETEC Monsenhor Antônio Magliano (Garça, ensino técnico)”, e que foi aplicado em dezoito professores de ambas as escolas durante o período de 07 de março de 2011 a 27 de maio de 2011, a partir desse ponto foi tabulado o resultado de todas as questões. 27 Porcentagem dos professores que tem mania de comer em excesso na Etec MAM Figura 11: Tem mania de comer em excesso (Etec MAM) Porcentagem dos professores que tem mania de comer em excesso na E.E. Graciema Baganha Ribeiro Figura 12: Tem mania de comer em excesso (E.E. Graciema Baganha Ribeiro) Porcentagem dos professores que tem palpitações cardíacas na Etec MAM Figura 13: Tem palpitações cardíacas (Etec MAM) Porcentagem dos professores que tem palpitações cardíacas na E.E. Graciema Baganha Ribeiro Figura 14: Tem palpitações cardíacas (E.E. Graciema Baganha Ribeiro) Porcentagem de professores que tem dificuldades sexuais na Etec MAM Figura 15: Tem dificuldades sexuais (Etec MAM) 30 Porcentagem de professores que tem dificuldades sexuais na E.E. Graciema Baganha Ribeiro Figura 16: Tem dificuldades sexuais (E.E. Graciema Baganha Ribeiro) Porcentagem dos professores que tem náuseas e vômitos na Etec MAM Figura 17: Tem náuseas e vômitos (Etec MAM) Porcentagem dos professores que tem náuseas e vômitos na E.E. Graciema Baganha Ribeiro Figura 18: Tem Náuseas vômitos (E.E. Graciema Baganha Ribeiro) Porcentagem de professores que tem sono irregular na Etec MAM Figura 19: Tem sono irregular Porcentagem de professores que tem sono irregular na E.E. Graciema Baganha Ribeiro Figura 20: Tem sono irregular (E.E. Graciema Baganha Ribeiro) 31 Porcentagem dos professores que sentem dores nos músculos do pescoço e ombros na Etec MAM Figura 21: Dores nos músculos do pescoço e ombros (Etec MAM) Porcentagem dos professores que sentem dores nos músculos do pescoço e ombros na E.E. Graciema Baganha Ribeiro Figura 22: Dores nos músculos do pescoço e ombros (E.E. Graciema Baganha Ribeiro) 3.1 Considerações finais Concluímos então com a nossa pesquisa, que os professores da etec MAM, que lecionam apenas no ensino técnico, apresentaram um nível de estresse mais elevado, e uma predominância maior dos sintomas que levam a doenças por causa do estresse, do que os professores que lecionam em Gália no ensino médio, talvez pelo fato de terem dois empregos, terem suas famílias e chegar a noite terem que largar tudo e enfrentar o desgaste das salas de aula. Esse estudo é muito importante, pois nos ajuda a compreender o que os professores sentem na realidade, e pode abrir caminhos para um possível tratamento, e demonstra o peso da profissão do professor para nossa sociedade e também nos faz entender que o docente é um ser humano, e merece cuidados como qualquer outro, pois em suas mãos está a sociedade de amanha. 32 SOUZA, F.P. O estresse forte e o desgaste geral. 2003, Disponível em : <HTTP:// www.icb.ufmg.br/Ipf/revista/revista3/volume3_estresse_desgaste.htm> (Consultado em 04 jun 2011) TOMASSO, M.A. O estresse que nós mesmos produzimos. 2009, Disponível em: <http://www.jornaldosite.com.br/materias/artigos&cronicas/anteriores/ marco%20antonio%20tomaso/artigotomaso109.htm> (Acessado em 29 mai 2011) WHITE; Adrian. Estresse, métodos práticos para recuperar a saúde.2003 Editora Callis (Consultado em 29 mai 2011) 5 APÊNDICE 1 Questionário Estresse dos professores Antes mesmo da realização desse instrumento de avaliação, faça a você mesmo as seguintes perguntas: ▲ Sou uma pessoa estressada? ▲ O estresse é um fator prejudicial em minha vida? 35 As respostas sobre estas perguntas definem a sua compreensão sobre o estresse em sua vida diária, independentemente do resultado encontrado na avaliação a seguir, essa compreensão é muito importante para a administração de sua vida. Lembre- se que ultrapassar nossos limites fisiológicos pode trazer conseqüências desastrosas. Idade ( ) 20 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) mais de 51 Sexo ( ) Feminino ( ) masculino 1. Sinto-me sobrecarregado (a) com minhas tarefas na escola. a. ( ) sempre. b. ( ) com freqüência. c. ( ) algumas vezes. d. ( ) nunca. 2. Não desligo enquanto não termino a correção de provas. a. ( ) sempre. 36 b. ( ) com freqüência. c. ( ) algumas vezes. d. ( ) nunca. 3. Não gosto de trabalhar com outros professores, pois eles nunca fazem como eu quero. a. ( ) sempre. b. ( ) com freqüência. c. ( ) algumas vezes. d. ( ) nunca 4. Mesmo fora da escola sinto-me incomodado (a) se não estou fazendo nada ligado à escola. a. ( ) sempre. b. ( ) com freqüência. c. ( ) algumas vezes. d. ( ) nunca. 5) Fico irritado (a) com atraso de alunos ou colegas de trabalho. a. ( ) sempre. b. ( ) com freqüência. c. ( ) algumas vezes. d. ( ) nunca. 6) Faça tudo que a coordenação e a direção me pedem, pois não sei dizer não. a. ( ) sempre. b. ( ) com freqüência. 37
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