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Provas - e-Gabaritos - UFPE - 2012 - literatura, Provas de Literatura

PROVAS-2012

Tipologia: Provas

2012
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Compartilhado em 21/05/2012

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maria-amanda-3 🇧🇷

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Baixe Provas - e-Gabaritos - UFPE - 2012 - literatura e outras Provas em PDF para Literatura, somente na Docsity! LITERATURA 01. Os movimentos ou tendências literárias que surgiam na Europa letrada alcançaram o Brasil através dos colonizadores portugueses e tiveram nomes que se destacaram no continente americano. A esse propósito, analise as afirmações a seguir. 0-0) No século XVII, o Barroco procurava, através da ênfase na religiosidade, solucionar os dilemas humanos. Esse movimento foi introduzido no Brasil pelos jesuítas, sendo seu representante capital Padre Antônio Vieira, cuja obra – Sermões – constitui um mundo rico e contraditório. 1-1) No século XVIII, floresceu o Arcadismo em Minas Gerais, Vila Rica. Com o estabelecimento de relações sociais mais concentradas, formou-se um público leitor, elemento importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional. Entre o grupo de literatos, destaca-se Tomás Antônio Gonzaga, autor da obra lírica Marília de Dirceu. 2-2) O Naturalismo surgiu no século XIX, tendo sido, no Brasil, contemporâneo da Abolição e da República. O Mulato, de Aluísio de Azevedo, foi o primeiro romance naturalista brasileiro e o primeiro a abordar, de forma crítica, o racismo, o reacionarismo clerical e a estreiteza do universo provinciano no país. 3-3) A oscilação entre imobilismo econômico e modernização, na sociedade brasileira, foi absorvida pela produção literária, o que marcou os vinte primeiros anos do século XX. Tendo em Olavo Bilac seu principal autor, o Parnasianismo procurou corresponder ao Realismo/Naturalismo na prosa e adotou, como lema, a objetividade e impessoalidade no tratamento dos temas sociais. 4-4) O chamado Romance de 30 aprofundou-se de forma pessimista nas contradições da sociedade brasileira; no entanto, alguns de seus autores foram politicamente contraditórios. Graciliano Ramos, por exemplo, tenta descrever a realidade a partir da visão dos camponeses, como em Vidas Secas, mas justifica e aceita o sistema da propriedade rural, como em São Bernardo. Resposta: VVVFF Justificativa: 0-0) Verdadeira (Vieira foi o principal representante do barroco jesuítico, expressando em seus sermões um mundo rico e contraditório). 1-1) Verdadeira (Tomás Antônio Gonzaga foi um dos representantes do Arcadismo mineiro, momento histórico em que se consolidou um público leitor mais atuante). 2-2) Verdadeira (O tema do romance de Azevedo, pela sua abordagem naturalista, foi inédito nas letras brasileiras). 3-3) Falsa (O Parnasianismo se dirigia, ideologicamente, por uma vertente radicalmente oposta ao Naturalismo, preocupando-se apenas com a forma poética perfeita). 4-4) Falsa (Graciliano Ramos não aceita o sistema da propriedade rural, antes o critica, na figura do protagonista de São Bernardo). 02. Considere as afirmações abaixo a respeito da produção literária brasileira que prosperou na primeira metade do século XIX. 0-0) No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se após a Independência. Na Europa, com o ressuscitar do passado, o nativismo explorou figuras e cenas medievais; em nosso país, com o indianismo romanceando as origens nacionais, o mundo indígena foi enfocado com heróis baseados em personagens e ações reais. 1-1) José de Alencar, na prosa, criou uma galeria de heróis indígenas que se submetiam voluntariamente ao colonizador. Por exemplo, em O Guarani, Peri é escravo de Ceci e converte-se ao cristianismo, sendo batizado. Em Iracema, a personagem título se submete ao branco Martim, entrega que implica sacrifício e abandono de sua tribo de origem. 2-2) Em Ubirajara, narrativa que enfoca uma fase anterior à colonização, Alencar despertou para a falsidade da idílica submissão dos colonizados aos colonizadores, escrevendo: “Foi depois da colonização que os portugueses, assaltando os índios como a feras e caçando- os a dente de cão, ensinaram-lhe a traição que eles não conheciam”. 3-3) Gonçalves Dias, que representa o Indianismo na poesia, já nos Primeiros Cantos, tem a consciência do destino atroz que aguardava os tupis com a conquista portuguesa. Na fala do xamã, as predições são assustadoras: “Manitós já fugiram da Taba/ ó desgraça! ó ruína! ó Tupã!” 4-4) Gonçalves Dias lamentou a sorte do Novo Mundo, com sua gente vencida e suas terras profanadas. Além do mais, o escritor maranhense, diferentemente de Alencar, dá voz ao nativo: “Chame-lhe progresso, quem do extermínio secular se ufana/ Eu, modesto cantor do povo extinto, /Chorarei os vastíssimos sepulcros”. Resposta: FVVVV 0-0) Falsa (O mundo indígena dos Românticos não correspondia à realidade vivida em figuras nem em fatos). 1-1) Verdadeira (Tanto em O Guarani quanto em Iracema, os heróis indígenas se submetiam voluntariamente ao colonizador português). 2-2) Verdadeira (O trecho citado de Ubirajara faz ver como falsa a idílica submissão dos índios aos colonizadores). 3-3) Verdadeira (Gonçalves Dias tem uma visão crítica quanto ao destino dos índios com a invasão portuguesa, como fazem ver os versos citados). 4-4) Verdadeira (Através da voz do índio no trecho citado, Gonçalves Dias expressa um lamento quanto à sorte do Novo Mundo depois da invasão dos colonizadores). 03. O Brasil, colonizado por portugueses e habitado por índios, teve que importar mão de obra africana para a agricultura. Com isso, aumentou a miscigenação, ficando os africanos como escravos e sua cor sob o signo do preconceito. A escravidão tornou-se uma mácula em nossa sociedade e a realidade foi transposta para a literatura de formas variadas. 0-0) A descrição da natureza brasileira até o século XIX era um hino de louvor a sua beleza. Passou a ser, com a campanha da abolição, um pano de fundo de cenas que a mancham. Ao Romper d’alva, América e a abertura de A Cachoeira de Paulo Afonso, de Castro Alves, registram a contradição da natureza pujante e paradisíaca, com o horror da escravidão ali instaurado. 1-1) Em Vozes d’África, também de Castro Alves, o poeta dá voz à população africana, usando a primeira pessoa do discurso. O tom passional exacerbado da Segunda Geração Romântica enfatiza a rejeição que, na época, se tinha à gente de origem africana, para, assim, combater a violenta discriminação. 2-2) Cruz e Souza, diferentemente de Castro Alves, era afrodescendente e não se engajou na campanha em favor do sofrimento dos que estavam em sua mesma condição. O maior de nossos poetas simbolistas foi filho de escravos e nos seus poemas privilegiou apenas a originalidade e a melodia dos versos. A tragédia do intelectual e do homem afro-brasileiro foi silenciada pelo poeta. 3-3) Considerado o maior escritor brasileiro, Machado de Assis não escreveu poesia, apenas prosa, como contos e romances. Sendo de origem humilde e mulato, nunca tratou dessa realidade na sua obra. No conto Pai contra Mãe, o tema da escravidão, com sua lista de crueldades, é abordado de forma impessoal e distanciada, embora narre um episódio brutal e doloroso. 4-4) Lima Barreto era filho de escravos. Em sua obra, faz críticas severas às mazelas sociais de um Brasil recém-republicano, denunciando o preconceito contra os que se encontravam à margem da sociedade; mas, curiosamente, não menciona a discriminação contra os afro- brasileiros. Resposta: VVFFF 0-0) Verdadeira (Nas obras citadas de Castro Alves, há um choque entre a natureza paradisíaca e o horror da escravidão). 1-1) Verdadeira (Poeta da terceira geração romântica, Castro Alves herda o tom exacerbado dos poetas da geração anterior, mas exprimindo suas emoções quanto à questão social em foco: o horror da escravidão). 2-2) Falsa (Poemas como Emparedado, Canção Negra, Crianças Negras, Rir, Escravocratas contrariam a afirmação de que Cruz e Souza negligenciava a situação dos afrodescendentes). 3-3) Falsa (Além de Machado de Assis ter escrito poemas e peças teatrais, no conto em apreço o autor faz uma crítica ao sistema escravocrata). 4-4) Falsa (Em romances como Recordações do Escrivão Isaías Caminha e Clara dos Anjos, por exemplo, Lima Barreto denunciou abertamente o racismo em sua época). 04. Lima Barreto foi uma das figuras mais contraditórias e controvertidas da literatura brasileira do início do século XX. Sobre sua obra, podemos dizer o que segue. 0-0) Seu conto, o Homem que sabia Javanês, é um relato mordaz sobre um trapaceiro que se passa por tradutor de um idioma exótico. 1-1) O autor foi um dos pioneiros no uso do estilo jornalístico na literatura. Com linguagem objetiva e informal, descreve com clareza e simplicidade o cotidiano das classes desfavorecidas, às quais pertencia. 2-2) Nos seus escritos, denuncia os problemas políticos e os preconceitos sociais de seu tempo, que ele, como mulato pobre, vivenciou. 3-3) Em seu livro mais famoso, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto foca a vida de uma personagem cujo nacionalismo beira a xenofobia. Por trás disso, faz uma grande crítica à política da República Velha. 4-4) O romancista transforma o Marechal Floriano Peixoto num grande herói nacional em Triste Fim de Policarpo Quaresma, atribuindo-lhe um caráter magnânimo e superior. (Rembrandt. Pavões mortos). O peru, imperial, dava-lhe as costas para receber sua admiração. Estalara a cauda, e se entufou, fazendo roda: o raspar das asas no chão – brusco, rijo, se proclamara. Belo, belo! Tinha qualquer coisa de calor, poder e flor, um transbordamento. Sua ríspida grandeza tonitruante. Sua colorida empáfia. Satisfazia os olhos, era de se tanger trombeta. [...] Pensava no peru, quando voltavam. Só pudera tê-lo um instante, ligeiro, grande, demoroso. Saiu, sôfrego de o rever. Não viu: imediatamente. Só umas penas, restos, no chão. – ‘Ué, se matou. Amanhã não é o dia de anos do doutor?’ Tudo perdia a eternidade e a certeza; num lufo, num átimo, da gente as mais belas coisas se roubavam. Como podiam? Por que tão de repente? Só no grão nulo de um minuto, o Menino recebia em si um miligrama de morte. (Guimarães Rosa, “As margens da alegria”, in: Primeiras Estórias). Ah! não, minha Marília, aproveite o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças, e ao semblante a graça! (Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu) Oh não aguardes que a madura idade Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. (Gregório de Matos, Obra poética completa) 0-0) Carpe Diem – frase em latim de um poema de Horácio, popularmente traduzida para Colha o dia ou Aproveite o momento – é uma mensagem que pode ser subentendida na imagem e nos textos acima. 1-1) A percepção sobre a fugacidade do tempo na literatura é exclusiva do Arcadismo, como mostra o poema de Tomás Antônio Gonzaga. 2-2) Sacrificados, os pavões na natureza-morta de Rembrandt, assim como o peru imperial na estória de Rosa, alertam a criança-protagonista para a efemeridade da beleza. 3-3) No livro Primeiras Estórias, o primeiro conto, “As margens da alegria”, e o último, “Os cimos”, se complementam, apresentando as mesmas personagens no mesmo ambiente. 4-4) Nos poemas acima, a aflição dos poetas recai sobre a consciência da inevitabilidade da futura decrepitude e morte da mulher amada, assim como no conto de Rosa, o Menino se angustia porque sabe que sua mãe vai morrer. Resposta: VFVVF Justificativa: 0-0) Verdadeira (Carpe Diem, ou “aproveite o momento”, é uma mensagem presente no gênero pictórico natureza-morta e nos textos referidos de Tomás A. Gonzaga, Gregório de Matos e Guimarães Rosa). 1-1) Falsa (A percepção sobre a fugacidade do tempo atravessa todos os períodos da literatura). 2-2) Verdadeira (Mortos, os pavões e o peru são destituídos da simbologia da beleza que incita à vaidade, no quadro e no conto). 3-3) Verdadeira (O primeiro e o último contos de Primeiras Estórias se completam, fornecendo a “moldura” do livro). 4-4) Falsa (No conto de Rosa, o Menino não tem consciência da inevitabilidade da morte da mãe). 08. Antes de escrever A hora da estrela, Clarice Lispector trabalhou na imprensa carioca, mantendo “Colunas Femininas” em jornais de grande circulação. Observe a imagem, leia os textos e responda às questões. TEXTO 1 (Propaganda de bebida gaseificada nos Estados Unidos, na década de 1950.) TEXTO 2 Sou datilógrafa, virgem e gosto de Coca-Cola. (Clarice Lispector, A hora da estrela). TEXTO 3 Também esqueci de dizer que o registro que em breve vai ter que começar (...) é escrito sob o patrocínio do refrigerante mais popular do mundo e que nem por isso me paga nada, refrigerante esse espalhado por todos os países. Apesar de ter gosto do cheiro de esmalte de unhas, de sabão Aristolino e plástico mastigado. Tudo isso não impede que todos o amem com servilidade e subserviência. Também porque – e vou dizer agora uma coisa difícil que só eu entendo – porque essa bebida que tem coca é hoje. Ela é um meio da pessoa atualizar-se e pisar na hora presente. (Clarice Lispector, A hora da estrela). TEXTO 4 O gosto de uma rainha, ou mesmo de uma “estrela”, não é mais atualmente suficiente para o estabelecimento de um estilo, ou venda de um produto. As companhias de publicidade sabem que é preciso sondar os corações femininos. São pesquisas deste gênero que permitem constatar o estado permanente de inquietação da consciência feminina e medir até que ponto, no capítulo das compras, a mulher – essa grande compradora – se deixa influenciar na aquisição de um artigo. (Clarice Lispector, Correio Feminino). 0-0) O texto jornalístico de Clarice citado indica a sua preocupação em esclarecer as leitoras de sua época sobre o papel da mulher moderna no mundo consumista. 1-1) Coerente com o glamour das propagandas, o refrigerante em questão é retratado na obra de Clarice como uma bebida saudável e deliciosa, muito apreciada por Macabéa. 2-2) No Texto 3, Clarice sugere, ironicamente, que a sua narrativa foi “financiada” pela Coca-Cola, para parecer uma obra em sintonia com o seu tempo. 3-3) Para Clarice, a identidade da mulher moderna está cada vez mais associada ao seu poder de compra e ao seu acesso aos bens de consumo industrializados. 4-4) O título do romance “A hora da estrela” refere- se à virada na história da pobre Macabéa, que se torna, ao final, uma famosa estrela de cinema. Resposta: VFVVF Justificativa: 0-0) Verdadeira (Embora não seja a regra, algumas colunas de Clarice mostram uma preocupação de conscientizar as leitoras). 1-1) Falsa (O refrigerante é descrito como muito desagradável). 2-2) Verdadeira (Clarice afirma que a menção ao refrigerante é capaz de atualizar o texto). 3-3) Verdadeira (A própria Macabéa, para se valorizar, considera sua preferência pela Coca- Cola tão importante quanto a profissão de que se orgulha e a virgindade que preserva). 4-4) Falsa (O título é irônico, porque Macabéa morre ao final, atropelada por um automóvel de luxo). 09. Os textos a seguir são de escritoras de diferentes épocas e estilos, sendo o primeiro deles um artigo de jornal. Observe as semelhanças e diferenças entre os três, analisando as afirmações que vêm logo após. TEXTO 1 Não adianta desenhar o meu rosto; ele se mostra diferente a cada dia. O espelho não reproduz o que sinto, mas o que parece que sinto. Driblo a figuração do que é projetado: ora de um jeito; ora de outro. Dessemelhante ao que sou. O tempo interfere na exterioridade. Mas não só; o essencial é interior e nem sempre muda na mesma equivalência epidérmica. A depender do dia, sou uma; a depender da noite, sou outra. Impossível identificar a cronologia da identidade. Não receio as rugas. Receio o que elas podem significar na aparência. Há traços ocultos em um rosto visto a olho nu! Por trás do que se capta, habitam os segredos de cada um. E, de repente, o perfil se perde, as linhas se confundem no emaranhado de “eus”. O rosto se multiplica em diversas feições. (Fátima Quintas. Qual o rosto de hoje? – Jornal do Commercio/Recife) TEXTO 2 Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. (...) Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? (Cecília Meireles. “Retrato”, in: Poesia Completa) TEXTO 3 Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. (...) No fundo, Ana sempre tivera a necessidade de sentir a raiz firme das coisas. (...) Sua precaução reduzia-se a tomar cuidado na hora perigosa da tarde, quando a casa estava vazia sem precisar mais dela, o sol alto, cada membro da família distribuído nas suas funções. Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto – ela o abafava com a mesma habilidade que as lides da casa lhe haviam transmitido. Saía para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianças vindas do colégio exigiam-na. (Clarice Lispector, “Amor”, in: Laços de Família.) 0-0) Não são percebidas tendências literárias fortemente marcadas em nenhum deles, apenas estilos e escolhas diferentes. Os textos 1 e 2 estão na primeira pessoa, sendo bastante subjetivos; enquanto o 3 tem narrador onisciente, com voz na terceira pessoa. 1-1) Pertencendo a gêneros diferentes, respectivamente, (1) jornalístico, (2) poema (3) conto, os textos têm abordagens particulares do universo feminino. O texto da jornalista aborda o mesmo tema do texto da poetisa: a mutação da própria imagem no espelho. 2-2) Os versos de Cecília Meireles expressam um tom melancólico, ampliado pela dor da passagem do tempo, que elimina as ilusões, a memória, e modifica a própria imagem do sujeito refletido no espelho. O texto de Fátima Quintas tem um tom descontraído e despreocupado, centrado no hoje. 3-3) O texto 3 flagra um confronto entre a realidade íntima da personagem e a realidade circundante. De acordo com o trecho, Ana tinha uma vida emocional cotidianamente abafada pelos afazeres de esposa, mãe e dona de casa que era. 4-4) Clarice Lispector e Cecília Meireles foram contemporâneas, mas seguiram caminhos diversos na literatura. Enquanto grande parte da poesia de Cecília Meireles foi marcada por um neossimbolismo, a prosa intimista de Clarice Lispector foi vanguardista, transgredindo, muitas vezes, o sentido convencional do gênero narrativo. Resposta: VVFVV Justificativa: 0-0) Verdadeira. (Nenhum dos textos traz marcas explícitas de uma tendência estética ou de um movimento literário específico, cada qual apresentando estilos e escolhas diferentes). 1-1) Verdadeira (Os textos são de gêneros diferentes e os dois primeiros abordam o mesmo tema). 2-2) Falsa (A crônica de Fátima Quintas não tem o tom alegre e despreocupado, nem está precisamente centrado no hoje). 3-3) Verdadeira (O conto Amor, do qual o texto 3 faz parte, foca a vida de uma dona de casa, esposa e mãe, que tem sua vida interior abafada pelos afazeres domésticos). 4-4) Verdadeira. (De fato, no quesito estritamente formal, a prosa de Clarice Lispector é muito mais experimental que a poesia de Cecília Meireles). 10. A loucura é um tema frequente na literatura, como atestam as obras abaixo mencionadas. Leia os textos e responda às questões. TEXTO 1 Ele me parece desses médicos brasileiros imbuídos de um ar de certeza de sua arte, desdenhando inteiramente toda a outra atividade intelectual que não a sua e pouco capaz de examinar o fato por si. Acho-o muito livresco e pouco interessado em levantar o véu do mistério que há na especialidade que professa. Lê os livros da Europa, dos Estados Unidos, mas não lê a natureza. (Lima Barreto, Diário do Hospício) TEXTO 2 Mas o ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica, trancou os ouvidos à saudade da mulher, e brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí, mas esta opinião fundada em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato. Seja como for, efetuou-se o enterro com muita pompa e rara solenidade. (Machado de Assis, O alienista) Resposta:FVVVV Justificativa: 0-0) Falsa (Na Semana de Arte Moderna não houve nenhum representante do teatro, tendo essa arte específica encontrado sua modernidade com o Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues, em 1943, antes, portanto, da primeira peça de Suassuna, escrita em 1947). 1-1) Verdadeira (Faz parte do projeto estético de Suassuna unir o local e o global e pesquisar a cultura popular como matéria-prima para sua produção literária). 2-2) Verdadeira (As peças citadas possuem uma linguagem popular regional para explorar temas nordestinos). 3-3) Verdadeira (O Auto da Compadecida é uma farsa, gênero teatral que apela para o cômico; no caso da peça em questão, o riso se dá pela irreverência das personagens centrais e pelo tratamento descontraído da religiosidade popular). 4-4) Verdadeira (A Pedra do Reino constrói um universo mítico, trazendo a Idade Média para o Brasil do século XX através de uma galeria de personagens que compõem a cultura nordestina ou fazem parte de seu imaginário). 13. Fernando Pessoa é considerado o maior poeta do primeiro modernismo português, pela genial versatilidade de sua criação. Leia o poema abaixo e analise as questões seguintes. Gato que brincas na rua Como se fosse na cama, Invejo a sorte que é tua Porque nem sorte se chama. Bom servo das leis fatais Que regem pedras e gentes, Que tens instintos gerais E sentes só o que sentes. És feliz porque és assim, Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu. (Fernando Pessoa, Obra Poética.) 0-0. Fernando Pessoa, o ortônimo, escreveu uma poesia diversificada. Além de seu cancioneiro, dialogou, por exemplo, com a literatura quinhentista, como no caso da obra Mensagem; compôs poemas dramáticos, poemas ingleses e quadras ao gosto popular. 1-1. No poema lido, o olhar do eu-lírico se move para as coisas ínfimas, para o pormenor, o que desperta a reflexão filosófica e faz encontrar nessas coisas significados maiores. 2-2. Tal como em Tabacaria, do heterônimo Álvaro de Campos, em que o poeta se fixa na rapariga que come chocolate, o poema destacado reflete um momento existencial do eu-lírico, em que a atenção se foca na falta de preocupação do gato, que espanta o poeta e lhe inspira inveja. 3-3. O sujeito do discurso sente inveja do gato porque o animal, seguindo a lei de seu destino, sente prazer em brincar sem ter disso consciência, o que nos permite remeter à filosofia do heterônimo Alberto Caeiro, para quem “a luz do sol vale mais que os pensamentos”. 4-4. Os dois últimos versos do poema encerram um lamento do eu-lírico e permite concluir que o gato, ao contrário do poeta, não se vê e está centrado em si; não se conhece, mas sabe o que é, ou seja, um gato. Resposta: VVVVF Justificativa: 0-0) Verdadeira (FP, ortônimo, escreveu uma poesia diversificada, como atestam os exemplos destacados). 1-1) Verdadeira (O pormenor desperta a reflexão filosófica, fazendo ver nele significados maiores). 2-2) Verdadeira (A falta de preocupação do animal inspira inveja no eu-lírico, tal como acontece em Tabacaria). 3-3) Verdadeira (No gato, o prazer de brincar não passa pela sua consciência, o que provoca inveja no eu-lírico e reflete a filosofia de Caeiro). 4-4) Falsa (O gato não tem consciência de que é um gato, o que chama a atenção do poeta). 14. Leia os textos e responda às questões a seguir. TEXTO 1 Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia Tinha não sei qual guerra, Quando a invasão ardia na Cidade E as mulheres gritavam, Dois jogadores de xadrez jogavam O seu jogo contínuo. À sombra de ampla árvore fitavam O tabuleiro antigo, E, ao lado de cada um, esperando os seus Momentos mais folgados, Quando havia movido a pedra, e agora Esperava o adversário. Um púcaro com vinho refrescava Sobriamente a sua sede. Ardiam casas, saqueadas eram As arcas e as paredes, Violadas, as mulheres eram postas Contra os muros caídos, Traspassadas de lanças, as crianças Eram sangue nas ruas... Mas onde estavam, perto da cidade, E longe do seu ruído, Os jogadores de xadrez jogavam O jogo de xadrez. (Ricardo Reis). TEXTO 2 ...aos poucos as coisas perdem o seu contorno como se estivessem cansadas de existir, será também o efeito de uns olhos que se cansaram de as ver. Ricardo Reis nunca se sentiu tão só. Dorme quase todo o dia, sobre a cama desmanchada, no sofá do escritório, chegou mesmo a adormecer na privada, aconteceu-lhe uma vez apenas, porque então acordara em sobressalto ao sonhar que podia morrer ali, descomposto de roupas, um morto que não se respeita não mereceu ter vivido. (José Saramago. O ano da morte de Ricardo Reis) 0-0) Escritor contemporâneo, partidário do comunismo até a morte, José Saramago escreveu romances históricos, como Memorial do Convento, mas também enveredou pela fantasia, como em Ensaio sobre a cegueira. 1-1) Dos heterônimos pessoanos, o clássico Ricardo Reis era defensor da monarquia e escreveu poemas de índole pagã, pregando uma absoluta indiferença ao mundo circundante. 2-2) Fernando Pessoa, que determinava o ano de nascimento e de morte de seus heterônimos, apenas não determinou o fim de Ricardo Reis. 3-3) Saramago dedicou um importante romance a Ricardo Reis, cuja ideologia era compartilhada pelo romancista português. 4-4) Saramago apropriou-se da criação pessoana e aproveitou para decretar o seu fim, ridicularizando-o em O ano da morte de Ricardo Reis. Resposta: VVFFV Justificativa: 0-0) Verdadeira (Saramago era comunista e escreveu os romances mencionados). 2-2) Verdadeira (Reis era monárquico e pregou a indiferença e o estoicismo). 2-2) Falsa (Pessoa assinalou a data de nascimento de todos os heterônimos, mas decretou a morte apenas de Caeiro). 3-3) Falsa (Saramago abominava a ideologia de Reis). 4-4) Verdadeira (Como se vê no trecho do romance citado, Saramago depreciou abertamente o heterônimo pessoano a quem dedicou sua narrativa). 15. Analise as afirmações que são feitas a seguir, quanto à imagem e ao poema dispostos abaixo. (Poeminha em língua de brincar, de Manoel de Barros, poeta mato-grossense, com ilustrações de Martha Barros.) Não tenho bens de acontecimentos. O que não sei fazer desconto nas palavras. Entesouro frases. Por exemplo: - Imagens são palavras que nos faltaram. - Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem. - Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser. Ai frases de pensar! Pensar é uma pedreira. Estou sendo. Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo). Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos. Outras de palavras. Poetas e tontos se compõem com palavras. (Manoel de Barros) 0-0) O poema de Manoel de Barros se assemelha à poesia do pessoano Alberto Caeiro, homem simples da Aldeia, para quem “Pensar é estar doente dos olhos”. 1-1) Assim como Caeiro, a simplicidade de Barros é enganosa, pois só é conseguida a partir de um profundo conhecimento da língua portuguesa, que permite a sua depuração numa poesia de cunho filosófico, como se pode ler no texto em foco. 2-2) A partir da leitura do poema destacado, verifica- se que a infância e a natureza são referências fundamentais para os poetas Manoel de Barros e Alberto Caeiro. 3-3) As ilustrações de Martha Barros para o livro do poeta buscam inspiração nos desenhos imprecisos e inacabados das crianças. 4-4) Por suas características, o poema de Manoel de Barros é precisamente destinado ao público infantil. Resposta: VVVVF Justificativa: 0-0) Verdadeira (Ambos os poetas dizem abominar o pensamento, não obstante sejam grandes pensadores). 1-1) Verdadeira (A simplicidade de ambos é fruto de um profundo conhecimento do idioma e da filosofia). 2-2) Verdadeira (Infância e natureza são centrais nas poéticas de Barros e Caeiro). 3-3) Verdadeira (As ilustrações perseguem os mesmos princípios da poesia). 4-4) Falsa (A obra de Barros respeita o adulto que há na criança e a criança que há no adulto, destinando-se a um público sem faixa etária determinada). 16. O sentimento amoroso é um tema inesgotável e tem influenciado muitas das produções artísticas, incluindo a poesia e a canção. Leia os dois textos abaixo e responda aos itens a seguir. TEXTO 1 Soneto da Separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Vinícius de Moraes TEXTO 2 Soneto. Por que me descobriste no abandono Com que tortura me arrancaste um beijo Por que me incendiaste de desejo Quando eu estava bem, morta de sono Com que mentira abriste meu segredo De que romance antigo me roubaste Com que raio de luz me iluminaste Quando eu estava bem, morta de medo Por que não me deixaste adormecida E me indicaste o mar, com que navio E me deixaste só, com que saída Por que desceste ao meu porão sombrio Com que direito me ensinaste a vida Quando eu estava bem, morta de frio Chico Buarque de Holanda. 0-0) Tanto Vinícius de Morais quanto Chico Buarque de Holanda foram letristas e literatos, e ambos estão localizados na segunda fase do Modernismo brasileiro. 1-1) O soneto de Vinícius de Morais expressa, de forma suave e equilibrada, uma série de sentimentos dolorosos que estão associados à separação de dois amantes. A voz masculina é flagrante nas marcas linguísticas. 2-2) A canção de Chico Buarque de Holanda faz uso da forma do soneto e revela uma voz feminina que expressa seu espanto por ter tido seu amor despertado por uma outra pessoa. 3-3) No texto 2, o último verso dos dois quartetos e da última estrofe fazem ver que o sujeito poético se escondia, fugindo da vida e de sua expressão máxima, o amor. 4-4) Como os dois textos permitem concluir, o amor e a vida são uma aventura errante, que não oferece as garantias de um porto seguro.
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