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GESTÃO DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS DO VALE DO ITAJAÍ: UMA TENTATIVA DE MAPEAMENTO DO PERFIL DAS EQUIPES, Notas de estudo de Relações Públicas

O artigo aborda um assunto pouco enfatizado nas pesquisas acadêmicas envolvendo a temática rádios comunitárias - o perfil das equipes que atuam nas emissoras. A literatura da área aborda principalmente o conteúdo da programação das emissoras, mas a questão que motivou o estudo foi quem está por trás dos microfones? Isto porque acredita-se que o conteúdo e a qualidade da programação é também reflexo da equipe e da forma de gestão das rádios comunitárias. Neste contexto, o trabalho buscou realizar

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 19/03/2012

inara-oliveira-souza-6
inara-oliveira-souza-6 🇧🇷

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Baixe GESTÃO DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS DO VALE DO ITAJAÍ: UMA TENTATIVA DE MAPEAMENTO DO PERFIL DAS EQUIPES e outras Notas de estudo em PDF para Relações Públicas, somente na Docsity! 1 GESTÃO DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS DO VALE DO ITAJAÍ: UMA TENTATIVA DE MAPEAMENTO DO PERFIL DAS EQUIPES Inara Oliveira Souza1 Cristiane Maria Riffel2 Resumo O artigo aborda um assunto pouco enfatizado nas pesquisas acadêmicas envolvendo a temática rádios comunitárias - o perfil das equipes que atuam nas emissoras. A literatura da área aborda principalmente o conteúdo da programação das emissoras, mas a questão que motivou o estudo foi quem está por trás dos microfones? Isto porque acredita-se que o conteúdo e a qualidade da programação é também reflexo da equipe e da forma de gestão das rádios comunitárias. Neste contexto, o trabalho buscou realizar um mapeamento do perfil das equipes das rádios comunitárias do Vale do Itajaí. Por meio de pesquisa bibliográfica, documental e de campo, buscou-se conceitos teóricos e legais acerca do perfil e a formação das equipes das rádios comunitárias. Um questionário foi aplicado com os dirigentes das 31 rádios comunitárias em atividade no Vale do Itajaí, por meio do qual buscou-se conhecer o perfil de quem produz e administra as emissoras da região. Palavras Chave: Rádio Comunitária; Gestão; Profissionalização; Equipe. Introdução A rádio comunitária é um tipo de emissora de baixa potência (com no máximo 25 watts) destinada à prestação de serviço, educação e que oportunize aos cidadãos o exercício do seu direito de expressão. A atividade foi regulamentada no país em 1998 e possui um relevante papel para a formação do cidadão, atua com o caráter educativo e de desenvolvimento sociocultural da comunidade em que está inserida. A programação deve dar preferência aos assuntos que beneficiem o desenvolvimento da comunidade. O interesse pelo tema surgiu após uma experiência pessoal onde se pode perceber que na prática, a programação das rádios comunitárias não é exatamente o que se espera de uma emissora desse tipo. E, foi exatamente essa vivência, que despertou o interesse da acadêmica em estudar e pesquisar sobre a radiodifusão comunitária. Observou-se também que existem vários estudos e análises publicadas sobre a inadequação da programação das RadCom3, mas pouco se aborda sobre quem está por trás do microfone. O conteúdo gerado na programação são reflexos da gestão e equipe dessas 1 Estudante de comunicação social – habilitação Relações Públicas. inara@univali.br 2 Professora Orientadora. Relações Públicas e mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Santa Maria. Professora do Curso de Relações Públicas da Univali. crisriffel@univali.br 3 Abreviação de Rádio Comunitária 2 rádios, por esse motivo mapear o perfil e conhecer a gestão das rádios comunitárias é fundamental. Neste contexto, a pesquisa buscou mapear o perfil das equipes que atuam nas rádios comunitárias do Vale do Itajaí, bem como analisar a legislação que regulamenta a radiodifusão comunitária no que diz respeito a formação da equipe, e estudar os conceitos teóricos que regem a produção radiofônica comunitária. Para o desenvolvimento do estudo utilizou-se como métodos: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Primeiramente foi realizada a pesquisa bibliográfica que embasou e fundamentou teoricamente esse estudo. O estudo também envolveu pesquisa documental para analisar a legislação que regulamenta a atividade de radiodifusão comunitária e também para identificar as rádios comunitárias em operação no Vale do Itajaí. Na segunda fase do estudo foi realizada uma pesquisa de campo envolvendo 31 rádios comunitárias em funcionamento localizadas no Vale do Itajaí. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A história das rádios comunitárias tem início no Brasil com o surgimento do fenômeno das rádios livres4 (também chamadas pejorativamente de piratas), em meados dos anos 70. Neste período o regime militar governava o país e os meios de comunicação de massa eram dominados por poucas pessoas, e os grupos populares buscam a liberdade de expressão, o direito a informação e “poder comunicar” através da mídia. (PERUZZO, 1998). No início essas rádios alternativas eram iniciativas de jovens que estavam interessados em tocar músicas de seus gostos particulares por estarem cansados da falta de variedade musical das rádios comerciais da época (DETONI, 2004). Para Santos (2006, p.1) “Faltava [...] um tipo de rádio dedicado às reais necessidades culturais, educacionais, dedicado à prestação de serviços e disposto a democratizar os meios de comunicação do país.”. 4 Rádio Livre é um tipo de mídia alternativa sem legislação é montada por uma pessoa ou grupo com interesses Próprios; a Rádio Pirata tem origem nos anos 70 na Grã – Bretanha quando algumas pessoas criaram rádios livres que transmitiam em barcos na costa da Inglaterra, do mar para a terra, o termo rádio pirata é utilizado erroneamente para designar as emissoras comunitárias. Cartilha Rede Viva Rio. Disponível em < http://www.revira.org.br/pdf/cartilha_liana_1.pdf> Acesso em: 01 de agosto de 2011. 5 processos registrados no Ministério das Comunicações de entidades autorizadas a explorar o serviço de radiodifusão comunitária. No estado de Santa Catarina são 202 processos registrados, porém 117 entidades possuem a licença definitiva para operar, as demais estão com licença provisória, renovando a licença ou estão com alguma pendência junto a Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações, segundo o site do Ministério das Comunicações. O crescimento do movimento de radiodifusão comunitária traz consigo uma série de discussões teóricas sobre sua gestão e funcionamento. Entre os aspectos mais abordado em pesquisas acadêmicas está a qualidade e adequação da programação da rádios. Autores como Torres, em sua obra publicada em 2009: Um perfil da rádios comunitárias no Brasil, e Santos, em seu artigo publicado em 2006: As rádios comunitárias do Vale do Itajaí enquanto geradoras de capital social, abordam sobre a discordância que existe no que, teoricamente, espera-se do conteúdo das rádios comunitárias e o que é feito na prática. Para Torres (2009, p.5) “A rádio comunitária deve ser mais aberta ao diálogo e ao debate, ser menos musical. Apresentar propostas diferentes de se fazer rádio. Ser criativa, procurar essa criatividade.”. O autor afirma nessa obra que acredita na existência de emissoras de caráter realmente comunitário, mas que essas são minoria. Ainda sobre conteúdo, Santos (2006, p. 11) comenta a respeito da inadequação da programação das rádios: “Recheados de programas sensacionalistas ou apenas com participação de ouvinte para pedidos musicais, as rádios comunitárias continuam sendo descaracterizadas de sua função inicial, ou seja, de servir a uma comunidade.”. Os estudos sobre o tema mostram que emissoras enfrentam diversas dificuldades relacionadas à legalização, operação, produção de conteúdo e gestão. “Mesmo entre as emissoras autorizadas a funcionar os desafios são grandes e exigem o apoio de uma rede de solidariedade para superar as dificuldades no dia-a-dia.” (BAHIA, 2006, p. 6). E, em meio a tantos questionamentos, surgem outras: Mas quem está por trás dos microfones dessas emissoras? Pouco se fala em relação ao processo e produção dos programas, sobre a equipe responsável pelas produções e ao perfil dos gestores das rádios comunitárias. O que se percebe é que um dos grandes desafios do funcionamento das rádios comunitárias está na gestão das emissoras e na formação de suas equipes. A leitura da lei,por exemplo, não esclarece sobre a possibilidade de contratação de profissionais remunerados. 6 Quando se fala em rádio comunitária a ideia é que a comunidade seja responsável pela gestão e produção dos programas. Segundo Peruzzo (2006, p.146), nas emissoras de radiodifusão comunitárias “Quem produz (cria, fala, redige, edita, transmite etc) as mensagens não é necessariamente um especialista, o profissional de comunicação, mas o cidadão comum.”. Na prática, muitas emissoras possuem em suas equipes grande número de voluntários sem muito preparo nem conhecimento técnico na atividade de radiodifusão. Além disso, os voluntários geralmente possuem pouco tempo para dedicação as atividades na rádio. Como afirma Bahia (2006, p.6), “[ ...] tais emissoras sobrevivem do voluntariado da própria comunidade, pessoas que cedem horas diárias no revezamento do microfone e na mesa de som após terminarem suas rotinas de trabalho assalariado.” O fato de essas emissoras serem constituídas por voluntários, como afirma Bahia (2006), pode ser um aspecto negativo na gestão das rádios comunitárias, pois gera rotatividade entre os integrantes da equipe, causando descontinuidade nas produções dos programas. A discussão sobre a profissionalização das equipes das RadCom é polêmica. A profissionalização que, por um lado, poderia melhorar a qualidade da programação dessas rádios, fazendo com que esta fique mais adequada a função e objetivo das emissoras comunitárias; por outro, pode prejudicar a essência da produção comunitária. Para Cogo (1998, p. 144) “[...], o profissionalismo traz em si o risco do desvirtuamento do trabalho à medida que os comunicadores populares precisam equilibrar interesses pessoais com o interesse do projeto coletivo.”. De acordo com a Lei 9.612/98, a rádio comunitária deve colaborar para o aprimoramento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas, deve permitir também que os cidadãos tenham um espaço para se expressar num exercício de direito de expressão. (BRASIL, 1998). Porém a Lei não regulamenta a formação das equipes, fazendo com que essa questão fique pouca esclarecida e sem um consenso teórico. Barbosa (apud Cogo,1998) acredita que “[...] profissionalizar o comunicador popular é investir no aperfeiçoamento da luta popular.” Ou seja, o comunicador popular deve conhecer a comunidade para qual ele está falando e o papel da comunicação comunitária para poder colaborar e intervir por ela. 7 Por outro lado a falta de profissionalização pode comprometer qualidade dos programas. Há muita dificuldade por parte das equipes em tonar a programação atrativa e que desperte a atenção da audiência. Para melhorar a qualidade e preparar os comunicadores das rádios comunitárias para as atividades nas emissoras há uma movimentação nacional para a capacitação das equipes de emissoras comunitárias. A Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – regional Santa Catarina, por exemplo, está percorrendo o estado oferecendo cursos de capacitação para as rádios comunitárias catarinenses. Segundo o presidente da entidade, João Carlos Santin8, os cursos visam discutir questões organizacionais, sociais, jurídicas, jornalísticas, de conteúdo e programação, dentre outros assuntos no âmbito da radiodifusão comunitária. Além do perfil das equipes, a captação de recursos é outro desafio encontrado na gestão das RadCom. A escassez de recursos acaba refletindo na escassez de equipamentos e na dificuldade de remunerar suas equipes. A Lei prevê como forma de patrocínio dos programas, o apoio cultural, que deve ser restrito as empresas localizadas na comunidade onde está instalada a rádio. O que torna esse tipo de captação de recurso fragilizado é o fato de as emissoras comunitárias terem uma cobertura bastante restrita fazendo com que poucos empresários se interessarem pelos espaços de anúncio das emissoras comunitárias. Contudo, ainda há muitas questões a serem debatidas, principalmente em relação a remuneração, o perfil e profissionalização das equipes das emissoras. Mesmo com todos os desafios na gestão e a inadequação no conteúdo das Rádios Comunitárias, esse tipo de emissora tem um papel importante para a formação da sociedade e precisa ser mais discutido nos cursos de comunicação e nas pesquisas científicas da área para que se possa alcançar o ideal no que diz respeito a rádios comunitárias: comunidade atuante na gestão e produção, conteúdo de programação relevante e coerente com as necessidades da comunidade e emissoras comunitárias melhor administradas. PESQUISA DE CAMPO Partindo da realidade da atividade de radiodifusão comunitária, buscou-se mapear o perfil das equipes que atuam nas rádios comunitárias do Vale do Itajaí. Para o 8 Entrevista concedida via e-mail no dia 22/08/2011 10 Isso demonstra uma fragilidade nos recursos humanos nestas rádios, como mostra o gráfico abaixo: Em relação à profissão dos entrevistados constatou-se uma grande variedade de profissões como: Engenheiro Agrônomo (extensionista rural da Epagri); Empresário; Publicitário; Ciências da religião; Professor de ensino médio; Aposentado; Gestor; Mecânico; Agricultor; Vendedor autônomo; Administrador da rádio comunitária; Locutor; Gerente de Operações da rádio; Radialista. Um entrevistado não respondeu a pergunta Nesta questão é interessante observar que quatro dos 15 entrevistados exercem atividades profissionais exclusivamente relacionadas às rádios comunitárias e, provavelmente, possuem remuneração. Perfil das equipes das rádios participantes da pesquisa Para saber como as equipes das rádios comunitárias são formadas foi perguntado o número de pessoas envolvidas na diretoria das emissoras, o número de voluntários e de profissionais remunerados. Observa-se no resultado obtido que 45,30% dos membros das equipes que participaram do estudo atuam na diretoria, 34,19% dos membros dessas rádios são voluntários e 20,51% são profissionais remunerados. A maior parte dos integrantes das equipes que atuam fora da diretoria é voluntária. O dado obtido confirma a afirmativa de autores como Bahia (2006), segundo a autora as rádios 11 comunitárias sobrevivem do voluntariado da comunidade, que cede horas diárias em prol das emissoras. A forma de seleção das pessoas que atuam nas rádios comunitárias também foi questionada na pesquisa. A maioria, 6 dos 15 pesquisados, afirmaram realizar entrevistas como critério de seleção. Apenas dois respondentes citaram a atuação na comunidade e interesse pela comunidade como forma de seleção. O resultado mostra que a atuação popular não é um critério essencial para seleção dos integrantes das rádios participantes. Quando questionado se haviam profissionais formados em comunicação social atuando nas equipes das rádios comunitárias pesquisadas, 33%, ou seja, 5 dos 15 entrevistados responderam possuir comunicadores formados em suas equipes. Os cinco afirmam possuir jornalistas em suas equipes. Quando questionados se, os membros das rádios comunitárias deveriam possuir formação em comunicação social, observa-se no gráfico a seguir que 73% responderam sim e 27% não, como mostra o gráfico a seguir: Alguns entrevistados apesar de considerarem que a equipe deveria ter formação em comunicação, também comentam sobre a dificuldade, sobretudo financeira de se cursar uma faculdade. Além disso, afirmam que para eles a experiência, o talento e a desenvoltura na área 12 tem o mesmo peso da graduação. Outros dois entrevistados comentaram que os cursos de graduação em comunicação social são pouco focados em rádio. A forma como a comunidade participa da programação também foi questionada na pesquisa. Esta questão era fechada e permitia múltipla escolha. Como se observa no quadro, a forma de participação da comunidade na programação das rádios mais citada foi o telefonema, mencionadas por todos os entrevistados. Em segundo lugar ficou a participação por e-mail/carta citado por 12 respondentes. A opção “pessoalmente na sede da emissora” foi citada por 11 pessoas e a participação na produção e apresentação dos programas foi citada apenas por cinco entrevistados. O último dado confirma o fato de a comunidade participar pouco das atividades das rádios comunitárias, sobretudo da gestão e produção. A forma de captação de recursos também foi um ponto abordado na pesquisa. O apoio cultural foi o meio mais citado por todos. Eventos também são utilizados citados aqui por seis entrevistados. Pedágios foram citados por dois entrevistados e a participação em editais foi citado apenas por um participante da pesquisa. Com este último dado pode-se concluir que os dirigentes das rádios comunitárias não vêem as emissoras como ONGs que são e que podem ter recursos captados por meio de projetos inscritos em editais do governo ou de empresas privadas, por exemplo. Por fim, foi perguntado aos participantes quais os desafios na gestão das rádios comunitárias. Esta questão era aberta para que os entrevistados pudessem se expressar livremente. As respostas foram variadas, como mostra o quadro a seguir: Respostas Nº de citações Telefone 14 E-mail/Carta 12 Pessoalmente na sede da rádio 11 Produção e apresentação 5 Resposta anulada 1
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