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História do Piauí, Notas de estudo de História

Apostila sobre a história do estado do Piauí desde a pré-história até a república.

Tipologia: Notas de estudo

2012
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Compartilhado em 01/08/2012

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Baixe História do Piauí e outras Notas de estudo em PDF para História, somente na Docsity! HISTÓRIA DO PIAUÍ Carlos Félix Ferreira Castro Teresina 2006 Apresentação O homem é o único animal histórico que faz e conta a história e que vive historicamente, tendo consciência do tempo e espaço que ele ocupa. Enquanto a organização social das outras espécies obedece a uma determinação natural, que se repete geração após geração, uma espécie humana ao longo da história, organiza- se em diferentes modelos da sociedade, geralmente de acordo com os interesses dos grupos dominantes. Sendo a história uma obra coletiva, o processo de ensino-aprendizagem de história só alcançará sucesso na medida em que resultar da ação conjunta de todos os envolvidos e interessados de modo especial professores e alunos. Para um bom desenvolvimento de ensino de história deve-se acreditar que mais importante do que conhecer os fatos históricos é aprender a pensar historicamente. Para isso é necessário um ensino para a reflexão crítica, para a auto-conscientização do ser que conquista direitos de cidadania, para estimular nele o crescimento da autonomia do pensamento. Como conseqüência disto, ter-se-á um aluno capaz de pensar sem ser dirigido por alguém, habilitado a emitir opiniões próprias, tendo consciência de suas necessidades e de sua realidade. Esta apostila tem como principal objetivo trazer para o aluno a História do Piauí contextualizada com a brasileira e a mundial, buscando contribuir para um entendimento mais consciente dos acontecimentos que foram marcantes para o processo de formação da realidade atual piauiense. Índice Capitulo 1 – A Pré-História Piauiense 1.1 – Introdução 1.2 – São Raimundo Nonato 1.3 – Texto Complementar Capítulo 2 – O Piauí Colonial 2.1 – Processo de Povoamento 2.2 – Evolução Política 2.3 – Sociedade e Economia 2.4 – O Piauí na Luta pela Independência. Capítulo 3 – Piauí Império 3.1 – O Piauí no Primeiro Reinado 3.2 – O Piauí no Período Regencial. 3.3 – O Piauí no Segundo Reinado. Capítulo 4 – Piauí República 4.1 – A República Velha no Piauí. 4.2 – A Era Vargas no Piauí 4.3 – O Período Democrático no Piauí. 4.4 – A Ditadura Militar no Piauí. 4.5 – A Nova República no Piauí. F Pré-História Piauiense “A partir da datação de supostos instrumentos e fogueiras identificados nesse sítio, escavado por N. Guidon e F. Parenti, afirma-se que os seres humanos estão na América há mais de 40 mil anos. Mas muitas das conclusões apresentadas pêlos pesquisadores são questionadas por alguns especialistas”. (PILETTI, Nelson e PILETTI, N. História & Vida. 5o série. São Paulo: Ática, 2201, p.33). A partir deste texto, podemos afirmar corretamente que: a) A história carece de teorias a respeito da ocupação da América. b) O sítio, ao qual o texto faz referência, diz respeito a um lugar de criar e plantar. c) A presença do Homem na América, há 40 mil anos, tornou-se incontestável com as pesquisas de Pedra Furada. d) Estudos sobre o início da presença do homem na América dizem respeito à arqueologia e não interessa à história. e) Existem diferentes teorias sobre a ocupação da América. 3º) Mesmo antes da invenção da escrita, o homem já era produtor de arte. As pinturas rupestres, encontradas no Parque nacional da Serra da Capivara (Piauí), executadas há mais de cinco mil anos, expressam: I. Símbolos, com os quais os homens representavam o mundo onde viviam. II. Formas de comunicação com outros homens. III. Aspectos da luta cotidiana pela sobrevivência. IV. Descrença na existência de seres sobrenaturais. Com base nas assertivas, podemos concluir que: a) Apenas I é verdadeira. d) Apenas IV é verdadeira. b) Apenas II e III são verdadeiras. e) Apenas I, II e III são verdadeiras. b) b) c) Apenas III e IV são verdadeiras. 4º) “Estendo o meu olhar pela vastidão do que ainda é um pedaço do paraíso, a Serra da Capivara, que poderes nada ocultos insistem em ignorar, em destruir”. (“Carta aberta de Niede Guidon aos Cientistas e Homens do futuro”. C&T Jovem, 20-09-2004). O lamento da pesquisadora apresentado acima está associado ao fechamento do Museu do Homem Americano, e às más condições de preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Sobre a importância do Museu e do Parque, analise as afirmações abaixo. I. As datações obtidas com o teste do Carbono 14, na área estudada permitiram inovar as teorias sobre o povoamento da América, recuando milhares de anos e contestando a primazia da América do Norte. II. As pesquisas revelaram a existência de uma fauna abundante de mastodontes, cavalos, preguiças e tatus gigantes que conviveram com o homem. III. O Museu foi fechado e o parque desprezado pelas autoridades, pois as descobertas sobre o homem pré- histórico, feitas, ali são insignificantes, se comparadas com as das cavernas da França e da Austrália. IV. Além de animais da megafauna, o museu reúne coleções de pedras lascadas e polidas pré-históricas, cerâmicas, múmias e esqueletos humanos de milhares de anos atrás. Assinale a alternativa correta. A) Apenas I e II são verdadeiras. B) Apenas III é verdadeira. C) Apenas I e IV são verdadeiras. D) Apenas I, II e IV são verdadeiras. E) Apenas II e IV são verdadeiras. 5º) Há aproximadamente 12.000 anos, o homem passou de uma etapa, em que era exclusivamente caçador- coletor, para outra, em que cultivou plantas silvestres e criou animais. Sobre esse processo, analise as afirmações abaixo e assinale-as com V (verdadeiro) ou F (falso). 1 ( ) Esse processo de cultivo de plantas e criação de animais é conhecido como Revolução Neolítica. 2 ( ) Em virtude da domesticação das plantas e dos animais, surgiram as sociedades agrícolas. 3 ( ) Em virtude da domesticação das plantas e dos animais, o homem tornou-se sedentário. 4 ( ) Os povos do continente americano não conheceram a etapa de domesticação de plantas e de animais. 6º) Sobre a chegada do homem pré-histórico na América, pode-se afirmar que: a) A América foi o último continente a ser habitado pelo homem pré-histórico, tendo este, chegado aqui, por volta de 12000 anos atrás, segundo as recentes pesquisas realizadas em território piauiense. b) Pesquisas realizadas na toca do Boqueirão da Pedra Furada, sudeste do Piauí, revelam a presença do Homo Erectus neste continente há pelo menos 50.000 anos. c) Pesquisas realizadas em São Raimundo Nonato põe em dúvida a teoria tradicional sobre a chegada do Homo Sapiens na América, ao constatar vestígio da presença humana com uma datação equivalente a 50.000 anos atrás. d) Uma das dificuldades de afirmação da teoria da antropóloga Niede Guidon sobre a data da chegada do Homo Sapiens à América, é que a mesma não encontra sustentação em recentes descobertas realizadas em outras partes da América. e) As pesquisas arqueológicas do Piauí não conseguiram localizar nenhum vestígio humano anterior ao período datado pela teoria tradicional sobre a chegada do homem na América. Continua a ser aceita a teoria que situa esse evento por volta de 35.000 anos atrás. 7º) (Prof. Desdeute) Sobre as pesquisas arqueológicas de São Raimundo Nonato, assinale a alternativa errada: a) A arqueóloga Niede Guidon é quem chefia as pesquisas na região. b) Entre as descobertas mais importantes feitas até agora estão a de um esqueleto humano (9.670 anos) e de carvão vegetal na Toca do Boqueirão da Pedra Furada (50.000 anos). c) Mesmo com a realização da Conferência sobre o povoamento da América, realizada em 1993 em São Raimundo Nonato, alguns arqueólogos americanos continuam questionando a origem “humana” da datação de 50.000 anos no Piauí. d) As pesquisas feitas no Piauí comprovam a chegada do Homo Erectus na América a aproximadamente 50.000 anos. e) As pinturas rupestres encontradas em São Raimundo Nonato apresentam cenas de caça, rituais religiosos, lazer, etc., e pertencem à chamada Tradição Nordeste. 8º) Analise as proposições abaixo: I. Em convênio realizado entre o governo brasileiro e o francês, foi criado, em São Raimundo Nonato o maior museu do homem pré-histórico das Américas, denominado de Museu do Homem Americano. II. O maior sítio arqueológico da América encontra-se no município de São Raimundo Nonato, com o nome de Boqueirão da Pedra Furada. III. As pesquisas realizadas pela arqueóloga Niede Guidon, em São Raimundo Nonato, revolucionaram a teoria sobre a chegada do homem em nosso continente. IV. As pesquisas realizadas em São Raimundo Nonato demonstraram uma certa fragilidade nas datações que se utilizam do método do carbono 14, o mais antigo e ultrapassado. Estão corretas as proposições: a) I, II e IV. d) II e III. b) I e II. e) II, III e IV. c) I, II e III. F O Piauí Colonial 1 – Processo de Povoamento 1.1 – A Presença do Índio no Piauí → Devido às características climáticas e geográficas da região, o território piauiense funcionava como um corredor de migração de várias tribos indígenas nômades, que se deslocavam da Bacia do São Francisco e do litoral nordestino para a Bacia do Amazonas e vice-versa. No entanto, existiam tribos que, apesar de nômades, se fixavam por muito tempo em determinados lugares. Estudos indicam que o Piauí foi palco de encontro, de abrigo e de moradia dos três grupos mais importantes de índios que habitaram o Brasil: Tupis, Tapuias e Caraíbas. → Os índios que povoaram grandes áreas brasileiras povoaram com grande intensidade o território do Piauí. Nos primeiros tempos da colonização, ocupavam as terras de forma primitiva, em regime “comunal de propriedade”, delas tirando o seu sustento cotidiano. Quando da chegada dos primeiros colonizadores, numerosas tribos e nações sediavam desde o baixo e médio delta do Parnaíba às cabeceiras do rio Poti e, nos limites com Pernambuco e Ceará, ocupando praticamente todo o território piauiense. → Na região do Delta dominavam os Tremembés, ágeis nadadores. Na chapada das Mangabeiras e no Alto Parnaíba situavam-se os aroaques, carapotangas, aroaguanguiras, aranheses, aitatus e corerás. Os abetiras, os beirtás, coarás e nongazes viviam no Médio Parnaíba. Nas cabeceiras do Rio Gurguéia viviam os acoroás, os rodeleiros e os beiçudos. Na extensão do mesmo rio, eram encontrados os bocoreimas, os corsias, os lanceiros, jaicós e coroatizes. Na Serra da Ibiapaba, habitavam os alongazes, os anassus e os tabajaras. Nas cabeceiras do rio Piauí viviam os acumês e os araiés. → A maioria destas tribos que habitavam as terras piauienses apresentavam características guerreiras, não aceitando pacificamente o domínio dos europeus. Os que não migraram para outras regiões, fugindo da exploração promovida pelos colonos portugueses, promoveram um conflito desigual contra os europeus e, devido às diferenças de poder bélico, ocorreram grandes massacres da população indígena. No final do século XVIII, não havia mais luta contra os índios na Capitania. As tribos indomesticáveis foram aniquiladas ou expulsas do Piauí. As mais fracas foram aldeadas e finalmente pacificadas. → Como conseqüências destes acontecimentos, resta atualmente uma memória difusa e quase apagada sobre as características, realizações e fim das sociedades indígenas piauienses. Determinados costumes e hábitos indígenas ainda permanecem, mas não são assimilados como tais: a população desconhece de onde vêm. Tudo foi destruído e não existem no nosso território atualmente tribos indígenas organizadas. 1.2 – Precursores da Colonização → Existe uma séria polêmica na historiografia piauiense em relação ao início da colonização desta região. Durante muito tempo, acreditou-se que, diferente de outros territórios nordestinos, a colonização teria sido feita do interior para o litoral, devido à penetração da pecuária, desenvolvida longe da costa onde se cultivava a cana-de-açúcar. Por proibição régia, no começo do século XVIII (1701), “a criação de gado só era permitida à distância de 10 léguas a partir da costa marítima. A esta altura, as fazendas criatórias já se achavam adentradas pelo sertão nordestino, até o interior do Piauí e Maranhão. Eram chapadas distantes do mar, onde se localizaram os primeiros currais, aproveitando as várzeas dos rios e onde as populações indígenas tinham seu habitat”, de acordo com Jacob Gorender. E segundo as mais recentes pesquisas realizadas por Pe. Cláudio Melo nos arquivos portugueses, o povoamento do norte do Piauí antecedeu ao do sul. Ele acentua que “nossa civilização começou pelo litoral, ainda no século XVI”, que “Domingos Jorge Velho realmente se antecipou a Mafrense” e que “a implantação dos primeiros currais teve sua marcha pela Ibiapaba e não pelos vales do Piauí e Gurguéia”. Com esta revisão historiográfica, Pe. Cláudio coloca mais “lenha na fogueira” da polêmica sobre a época da penetração, início da colonização e prioridade do povoamento pelo colonizador. Segundo ele, no final do século XVI, o náufrago Nicolau de Resende esteve no litoral, mais especificamente no Delta do rio Parnaíba, mantendo contato com os nativos Tremembés durante 16 anos, o que contradiz a historiografia tradicional de que as primeiras penetrações do colonizador teriam se dado pelos idos dos anos de 1660/70. → Os primeiros colonizadores do Piauí tornaram-se grandes proprietários de fazendas de gado em terras doadas em sesmarias. Há certa polêmica com relação ao pioneiro colonizador, uns atribuindo a Domingos Jorge Velho e outros a Domingos Afonso Mafrense, (ou Sertão). Não se intenciona polemizar a respeito dessa questão; mas o certo é: tanto um quanto outro apoderaram-se de grandes extensões de terras e eram predadores de índios, destacando-se como aventureiros e conquistadores. 2.1 – Criação da Capitania do Piauí → As terras do Piauí, a partir de 1635 até o ano de 1714, eram de jurisdição ora de Pernambuco, ora da Bahia, pois somente em 1715 passou por ato régio à jurisdição do Maranhão, assim permanecendo até 1811 quando se tornou governo independente. → Devido às realizações do governo do rei D. José I, promovidas principalmente pelo Marquês de Pombal, em meados do século XVIII, foi promovida uma política de reestruturação do Estado Português no Brasil. Com o intuito de tornar a administração colonial mais eficiente, foram criados alguns órgãos fiscais e instaladas novas Capitanias, o que era, na prática, uma forma concreta de controlar o poder real na região meio norte do Brasil, até então dominada pelo autoritarismo dos donos de terras. Expressando esse sentimento, D. José I instaurou, em 1758, a Capitania de São José do Piauí, que tinha sido criada oficialmente 40 anos atrás, (1718). Com a instauração, ocorreu a nomeação do coronel de cavalaria João Pereira Caldas como primeiro governador da Capitania, que toma posse em 20 de setembro de 1759. 2.2 – Governo João Pereira Caldas → Foi dado a Pereira Caldas, através de Carta Régia, as missões de proteger o gentio dos constantes ataques dos jesuítas e colonizadores e de criar o maior número de vilas. Ao assumir o comando político de nossa terra, encontrou o Piauí com apenas um município, cuja sede era a Vila da Mocha, pequena povoação quase desarticulada das demais, tanto por causa das longas distâncias, como pela ausência de estradas. A justiça era mal administrada, quer porque centralizada apenas na vila, quer porque as atribuições dos juízes ordinários eram bastante limitadas, sendo pouco mais que as dos delegados de hoje. → Quanto à criação de vilas, Pereira Caldas se viu diante de uma árdua tarefa. Teve que empreender diversas viagens pelo interior da Capitania de São José do Piauí, em lombo de cavalo. Apressando- se em cumprir com as determinações reais, começou elevando a Vila da Mocha à categoria de cidade para ser a capital. Deu, então, à vila, o nome de Oeiras, em homenagem ao Marquês de Pombal, no dia 13 de novembro de 1761. No ano de 1762, saiu de Oeiras e criou as seguintes vilas: Valença, Marvão, Campo Maior, Parnaíba, Jerumenha, Parnaguá, Piracuruca, Jaicós, São Gonçalo e Poty. → Destacam-se, ainda, as suas realizações para a promoção da montagem da máquina administrativa, como a criação da Secretaria de Governo, a Provedoria Real da Fazenda, o almoxarifado e outros organismos administrativos; a criação das Forças Regulares, a criação de um correio para as correspondências oficiais e a construção dos primeiros prédios públicos. 2.3 – Principais Governantes Coloniais → Gonçalo Lourenço Botelho de Castro: na sua administração fraca e obscura, destaca-se apenas a incorporação à Coroa Real dos bens seqüestrados dos jesuítas e a criação da Missão de São Gonçalo do Amarante (Regeneração). Ainda em sua gestão, o Piauí foi anexado ao Maranhão, perdendo a sua independência como Capitania. A partir de então, o Piauí passou por um período de 22 anos (1775-1797) de juntas trinas governativas, todas com sede em Oeiras e marcadas pela “anarquia administrativa” de seus membros. → Baltazar de Sousa Botelho de Vasconcelos: as principais realizações de sua administração foram: construção de escolas em Oeiras, Parnaíba e Campo Maior; criação da alfândega de Parnaíba e organização de uma tropa de linha e outra de artilharia. → Elias José Ribeiro de Carvalho: foi o último governador do Piauí Colonial, onde suas principais realizações foram: criação dos correios com o Maranhão; instalação de uma Vara de Juiz de Fora em Oeiras e enfrentou um plano revolucionário para derrubar o seu governo. 3 – Sociedade e Economia 3.1 – Formação da Sociedade → Ricos de latifúndios, dinheiro e poder, esses homens tornam a fazenda uma espécie de “organização” privada, compondo com a família os dois grandes pilares em que se sustenta a sociedade em formação. Oportuno, pois, que se conheçam mais de perto esses fatores básicos da formação da sociedade piauiense. → A partir da década de 70 do século XVII, as fazendas se multiplicam. Viu-se, antes, a escala ascendente da estatística desses estabelecimentos. À altura do tempo em que se situa o presente estudo, há 548 fazendas (no primeiro censo de 1697 havia 129), em toda Capitania. Por aí se vê a importância que, progressivamente, foi conquistando a fazenda como agência de desenvolvimento econômico, social e político do Piauí, vindo mesmo a ser o núcleo fundamental da sociedade em germinação. Todos quantos nela mourejam, e todos mourejam, dedicam-se à criação. O gado, começo e fim da empresa, absorve-lhe, integralmente, a força-de-trabalho. Quem é válido, moço ou velho, “faz o campo”, prosseguindo na linhagem dos vaqueiros, que vem de longe. E, quando passa a “época do couro”, continua o boi como objeto de todas as ocupações. → Em virtude dessa convergência de ações, a fazenda vem a converter-se em unidade econômica sem concorrentes, dentro do sistema geral de economia de subsistência, pois as fazendas quase nunca chegam a ligar-se por relações comerciais recíprocas. → Tomando o conceito de classes sociais em todo o rigor científico (complexo de relações coletivas, no âmbito de uma situação objetiva, e que, diferenciadoras de uma atividade no contexto geral das ocupações da sociedade, são exercidas por determinado grupo dotado de consciência própria), torna-se difícil, muito difícil, a individualização de classes sociais no Piauí, pelo menos até a primeira década da centúria passada. Reduzidos à sua real expressão, os grupos humanos dos séculos XVII e XVIII compõem-se apenas dos senhores de terras, os latifundiários, coincidentemente os mesmos senhores dos imensos rebanhos, e os escravos por lei considerados coisas. → E como a existência de classes pressupõe que os grupos estejam uns em relação aos outros, não se poderia conceber a classe única. Com esse raciocínio de ortodoxia sociológica, também os proprietários de terras, coincidentemente os proprietários dos escravos, seus instrumentos de trabalho, não formam uma classe. Portanto, não há classes sociais no período em referência. → Tudo parece resumir-se na camada dirigente, que são os fazendeiros, e nos escravos, que, socialmente, pouco alteram o status ainda por longos anos, mesmo após 1888, em situação similar à que descreve Ferreira de Castro em A Selva. Como opina Manuel Diegues Júnior, “essas classes médias, na variedade da sua configuração, nem se tornam uma força apreciável; e isso como conseqüência do próprio ambiente onde surgiram, abafadas que foram pelo poderio ou domínio da grande propriedade. O latifúndio esmagou o papel que poderiam ter as classes médias, e isso justamente é que faz com que se negue a sua existência em confronto com o papel hoje exercido por elas nos meios urbanos”. 3.2 – Características e funções das Principais classes Sociais → Como a formação da sociedade piauiense ocorreu paralelamente ao desenvolvimento da pecuária, apresentava como características principais a baixa densidade demográfica, a fraca mobilidade social, onde nas grandes fazendas uma massa de trabalhadores formados por escravos, vaqueiros e posseiros vive dentro de uma relação aristocrática, autoritária e militarizada, em que os militares eram, em sua maioria, donos das posses de terra no Piauí. O acesso à terra dava a essa sociedade o status necessário a formação de uma elite piauiense. → A estratificação do corpo social do Piauí, nesse período, era bastante simples, resumindo-se a dois grupos: o primeiro, formado por pessoas livres (grandes fazendeiros – sesmeiros, vaqueiros, posseiros e os sitiantes) e o segundo, por escravos. Os sitiantes eram homens que não possuindo a posse da terra, arrendavam lotes e tornavam-se proprietários de gado e escravos. Dessa camada social é que surge de uma divisão no seu interior, o agregado, que se liga a uma família, passando a ser dado como membro dela. → Incorporado em uma camada intermediária está o vaqueiro. Símbolo máximo da economia e da sociedade pecuarista, esse elemento administrava o patrimônio do sesmeiro, dentro de uma relação de parceria. Podemos dizer que o vaqueiro era um tipo de sócio do fazendeiro, pois a forma de pagamento, na maioria das vezes, era realizada no contrato de “quarta” (de cada quatro bezerros nascidos, um seria do vaqueiro). Isso permitia que, em um tempo de cinco anos, ele viesse a se transformar em criador. Por isso mesmo, a condição de vaqueiro era ambicionada pela maioria das pessoas livres. 3.3 – Importância da Escravidão Negra → O regime escravista no Piauí não foi implantado levando em consideração somente o aspecto puramente econômico. É óbvio que a estrutura da produção pecuária e de subsistência poderia existir sem que necessitasse recorrer a essa forma de trabalho compulsório, podendo comportar a utilização de pessoas livres para os trabalhos demandados por essa economia. A escravidão do Piauí ocorreu dentro do fato histórico do Brasil Colônia. A colonização portuguesa, no Brasil, estava calcada dentro do sistema mercantilista e que tinha como objetivo central a acumulação de riquezas. No Piauí, o desbravamento, realizado no século XVII, se fez com pessoas vindas de outras regiões, como vimos aqui. Essas pessoas traziam consigo não somente o gado, como também os primeiros escravos para o Piauí. Com isso, a cultura escravista foi tomando forma na sociedade colonial piauiense. → O tráfico negreiro para o Piauí se fez através de três rotas: de leste para oeste, da Bahia e de Pernambuco saíam os negros para o comércio de Caxias, no Maranhão; de oeste para o leste, vindos de São Luís e cruzando o Piauí, o comércio negreiro se integrava ao mercado internacional; e, por último, o comércio ilegal de escravos se fazia no litoral, no grande Delta do Parnaíba, sem sabermos a sua origem. → Do século XVII ao XVIII, a população escrava era dominante. O percentual de escravos em proporção ao de homens livres era de 3:1, ou seja, de 3 pessoas livres havia um escravo, segundo a historiadora Miridan Britto. 3.4 – A Economia → As primeiras incursões, com objetivos econômicos, ao território do que hoje é o Estado do Piauí, já no início do século XVII, foram as expedições para caça e aprisionamento dos índios, no desejo – malogrado – de transformá-los em mão-de-obra escrava para o trabalho nos engenhos do litoral. → Esses episódios não deixam de ser classificados como uma atividade de caça e coleta. Em seguida, a caça ao índio teve motivos políticos. Sob o eufemismo da necessidade de pacificação dos índios rebelados, cometeu-se a extrema crueldade do seu extermínio. → A pacificação dos índios era considerada ato de bravura, podendo ser retribuída com favores do governo. No caso, através do atendimento ao pedido de concessão de sesmarias de terra, no que se pode considerar como a primeira combinação entre o poder político e o poder econômico no processo de estratificação social do Piauí. → Isto significa que, nas condições da época, somente uma atividade econômica poderia permitir a ocupação das terras: a pecuária. → Segundo Sérgio Buarque de Holanda, “o português veio buscar no Brasil a riqueza que custasse ousadia, não a riqueza que custasse trabalho”. Os primeiros desbravadores do Piauí tiveram, realmente, a ousadia de penetrar em território desconhecido, guerreando com os índios, mas souberam encontrar, na pecuária, a fórmula para aumentar seu patrimônio com o mínimo de riscos financeiros, confiando a terceiros a administração de suas fazendas. → A criação de gado nos sertões piauienses, desde meados de 1674, quando Mafrense estabeleceu as primeiras fazendas na região dos rios Piauí e Canindé, teve êxito apenas como instrumento de ocupação do território. Como atividade produtiva, foi um fator determinante para a formação de um sistema econômico frágil e incapaz de fazer germinar outras atividades produtivas. → Em conseqüência, moldou uma sociedade com iniciativas próprias bastante limitadas, desde cedo acostumada a ser dependente. Primeiro, os moradores das fazendas dependiam dos senhores da terra, e estes dependiam da natureza; depois, a população acomodou-se aos desígnios dos governantes, os quais, muitas vezes, só podiam esperar, em vão, os auxílios do poder central para realizarem as obras mais significativas. → A pecuária extensiva, tal como se implantou no Piauí, resultou em uma economia primitiva, tradicional e passiva dentro do sistema econômico em formação no Brasil, do qual cada vez mais se distanciava. Em resumo, as características principais da pecuária extensiva podem ser assim descritas: ü Investimentos → A exigência de pouco capital fixo ou nenhum capital fixo e nenhum capital de giro podia ser uma vantagem inicial, mas a longo prazo inibia o desenvolvimento das atividades produtivas e favorecia o absenteísmo do proprietário das terras. → Para formar uma fazenda de gado, eram suficientes umas poucas cabeças de gado e alguns escravos (não necessariamente) como o investimento inicial. A construção de casa e currais rústicos era feita →Ao amanhecer de 13 de março de 1823, as tropas seguiram para barrar a marcha portuguesa. Às margens do riacho Jenipapo, se desenrolaria a mais sangrenta batalha para a Independência do Brasil. 4.1 – A Batalha do Jenipapo → Não se sustenta a visão de que as manifestações a favor da libertação do domínio português estavam praticamente ausentes no Piauí em fins do século XVIII e início do XIX, justificada pela pouca interferência da Coroa Portuguesa nos interesses piauienses e pelo isolamento geográfico que dificultava, ou até mesmo impedia o “contágio das idéias” e manifestações pró-independência, que começavam a surgir em vários pontos do país. → Contra essa visão existe outra de que o Piauí, desde o final do século XVIII constituía-se em importante canal de comunicação com diferentes regiões do estado. →O rio Parnaíba, que separa e une ao mesmo tempo o Piauí e Maranhão, ligava o Piauí ao Nordeste pelo litoral. Além desta importante via de comunicação, existem outras que ligavam o Piauí e o Maranhão com ramificações diferentes a Leste, Sudeste e Sul do Brasil, atingindo Pernambuco através do Ceará e Paraíba, bem como a Bahia e Goiás, unindo, dessa maneira, grande parte do Brasil ao Piauí localizado no centro do Nordeste. Os rios Canindé e Gurguéia completavam o sistema de comunicação, atravessando os chapadões. →No entanto, é importante ressaltar outros pontos: as Províncias do norte brasileiro mantinham estreitas ligações com a metrópole portuguesa, estando, realmente, muito mais ligadas administrativa e comercialmente a Portugal do que ao Rio de Janeiro, quer pelas facilidades de navegação, quer pelo interesse que Portugal tinha em transformar o norte do Brasil em uma colônia separada do resto do país, a exemplo do que era o Estado do Maranhão. Com o processo de independência nas colônias da América Latina, Portugal planejava assegurar esta parte do Brasil. →Com as idéias de independência em expansão por todo o território nacional, no ano de 1821, a Coroa portuguesa ordenou à Colônia prestar juramento à Constituição lusa, exercendo pressão política através de Cartas Régias e decretos que tinham um caráter de recolonização do país. O governador das Armas das províncias recebia instruções diretamente de Lisboa. Nesse ano, chegou ao Piauí o major José da Cunha Fidié, elegendo-se a Junta Governativa que jurou fidelidade à Constituição portuguesa. →O governo português, pretendendo ficar com o Norte após a Independência, tomou algumas medidas concretas: enviou armas e munições para o Piauí, desembarcadas em São Luís em outubro de 1820, bem como despachou, às pressas, João José da Cunha Fidié como governador das Armas – um major, militar experiente, feroz defensor dos interesses de Portugal e veterano de guerra contra as tropas de Napoleão Bonaparte. →A efervescência política intranqüilizava as autoridades lusas, e o ambiente na capital, Oeiras, era de tensão. As principais vilas como Campo Maior, Parnaíba e a própria capital, se agitavam com o aparecimento de “pasquins sediciosos concitando o povo a rebelar-se contra os portugueses”, “boletins subversivos” e panfletos de conteúdo liberal lançavam idéias alarmando a Junta de Governo que exigiu do Juiz da Parnaíba, João Cândido de Jesus e Silva, a abertura de uma devassa para descobrir os autores. “Alegando que perseguir os culpados naquela hora seria fatalmente despertar simpatias pelo Brasil, em prejuízo dos interesses portugueses”, este juiz se nega a fazer a devassa, despertando desconfiança nas autoridades de Oeiras, de um possível envolvimento seu com os autores anônimos dos panfletos. Desconfianças justificadas: o juiz tornou-se um dos líderes da Independência em Parnaíba. → No Piauí, a primeira vila a aderir ao ato de D. Pedro em 7 de setembro, foi Parnaíba, num ato que surpreende alguns historiadores piauienses (19 de outubro de 1822 – Dia do Piauí). →Imediatamente, as forças militares portuguesas sediadas na capital mobilizaram-se em direção a Parnaíba para sufocar e reprimir o movimento. O Comandante das Armas Portuguesas cercou a vila, e suas principais lideranças foram forçadas a se retirarem para o Ceará a fim de escaparem da repressão e buscarem apoio. →Um dos mais sangrentos e conhecidos combates no Piauí tornou-se um marco das lutas pela Independência: a Batalha do Jenipapo serve para exemplificar o processo das lutas em que se constituiu a Independência no Piauí. →A característica marcante deste episódio está na composição das forças em luta. Enquanto as tropas portuguesas eram bem armadas, municiadas, disciplinadas e organizadas sob o comando de Major Fidié – Comandante e Governador Geral das Armas – os sertanejos formavam um exército organizado por voluntários e convocados, “armados de facões, chuços, ferrões, machados, foices, algumas espingardas (usadas para as caçadas) e até paus tostados foram utilizados como lanças. Estes dois exércitos se confrontaram num combate no qual houve muita morte”. Para combater o elemento português que significava a opressão, a população foi “convocada” a pegar em armas e “cada um, o vaqueiro e o roceiro foi mais pronto em alistar-se para o tributo de sangue. Ninguém se recusou a acudir ao apelo e, dentro de três dias, as fileiras engrossaram-se e uma numerosa multidão ficou à espera para o combate”. →Na ausência do Major Fidié, em Oeiras (a capital), em 24 de janeiro de 1823 formalizou-se a “independência”. Chamado com urgência para “acalmar os ânimos”, o Comandante das armas deslocou-se com parte da tropa, deixando guarnecida a vila de Parnaíba. No percurso, no município de Campo Maior, deu-se o encontro de suas forças com os sertanejos piauienses e cearenses; um combate violento com duração de mais ou menos cinco horas, debaixo do forte sol do mês de março de 1823 (dia 13). As tropas portuguesas foram vitoriosas, colocando em retirada as forças independentes. →Considerando a organização das forças em combate, os brasileiros (piauienses, maranhenses e cearenses) eram numericamente superiores aos portugueses, o que não garantiu a vitória; no campo de combate, os brasileiros estão entre o maior número de mortos e feridos. Os portugueses tinham a superioridade militar. Mas a luta continuou com os que conseguiram escapar. O Major Fidié, fustigado por grupos que resistiram e que adotaram táticas guerrilheiras contra o Exército português foi expulso do Piauí depois de um ataque de surpresa, tomando-lhe praticamente todo o seu armamento e munição. →Na continuidade das lutas que se estenderam durante aproximadamente seis meses, as táticas de guerrilhas foram usadas pelas forças brasileiras que conseguiram derrotar as forças militares portuguesas, em combates sucessivos. As vilas piauienses, pouco a pouco, uma a uma, vão aderindo à Independência no Piauí e Maranhão. →A vila de Caxias foi à última a aderir no Maranhão, depois de duro combate e cerco. Era defendida pelo Comandante das Armas do Piauí, que foi preso e enviado para Oeiras. De lá para o Rio de Janeiro e depois para Portugal. ► Discutindo o Texto 1º) Explique os objetivos do governo português ao mandar o comandante das armas João José da Cunha Fidié para o território piauiense. 2º) Por que o processo de independência no Piauí foi diferenciado do restante do Brasil? 3º) Cite e explique os significados das três datas importantes do processo de independência piauiense. 4º) Determine a importância histórica da Batalha do Jenipapo. 5º) Explique os fatores que promoveram a vitória portuguesa na Batalha do Jenipapo. Questões de Vestibulares 1º) (UFPI – 86) “O surgimento da pecuária na formação econômica do Piauí não se deu de forma espontânea, como se as condições inerentes ao desenvolvimento desta atividade ali estivessem por força da própria natureza, como se deu na descoberta do ouro em Minas Gerais. O aparecimento desta atividade deu-se, principalmente, em função de todo um processo de expansão econômica e divisão do trabalho – engenho/fazenda – que já se vinha operando na principal exploração econômica colonial, o açúcar, sob um capitalismo comercial bastante desenvolvido” (Bacellar, Olavo I. de B.. carta CEPRRO no 1, jan/jul/1981). Assinale a alternativa correta, tendo por base o texto acima. a) A pecuária piauiense estava ligada diretamente ao capitalismo comercial europeu. b) A economia piauiense, na fase colonial, resultou dos recursos naturais disponíveis. c) O surgimento da pecuária no Piauí deu-se de forma espontânea. d) A pecuária no Piauí veio substituir o cultivo da cana-de-açúcar. e) A base econômica da sociedade piauiense resultou do desenvolvimento da economia nordestina no período colonial. 2º) (UFPI – 87) O processo de povoamento no Piauí, realizado no período colonial, se associa: a) À implantação da agroindústria açucareira no Meio-Norte. b) Às pressões estrangeiras em seu litoral, especialmente holandesas e francesas, desencadeadoras da construção de fortes e formação de núcleos urbanos. c) À implantação do mercado internacional ao qual nossa economia estava atrelada. d) À expansão da pecuária como desdobramento da interiorização do gado a partir do Vale do São Francisco. e) À crise do sistema colonial representada pela implantação de uma economia auto-suficiente de substituição de importações. 3º) (UFPI-90) No Piauí, o povoamento se processou em duas direções convergentes para o Médio Parnaíba (entre o Gurguéia e o Poti). Uma onda povoadora, cujas vanguardas foram os paulistas de Domingos Jorge Velho, instalou-se na confluência do Parnaíba com o Poti. A outra era: a) Composta de baianos e pernambucanos, vindos dos sertões de Cabroró para noroeste, estabelecendo-se na região da povoação de Mocha. b) Formada de cearenses oriundos do Cariri que se fixaram em Jerumenha (Santo Antônio do Gurguéia), quase na confluência do Gurguéia com o Parnaíba. c) Organizada por paraibanos provenientes da Chapada do Araripe, que se fixaram na freguesia de Surubim (Santo Antônio de Campo Maior), no Longá. d) Liderada por maranhenses que se deslocaram do povoado de Nossa Senhora da Graça ou Arari, no bairro Mearim para a região do Poti e Piracuruca. e) Formada por Tapuias do Cariri que fixaram em Marvão (Nossa Senhora do Rancho dos Pratos) no vale do rio Poti. 4º) (UFPI – 92) Em 1718 foi criada a Capitania do Piauí, integrada ao estado do Maranhão e Grão-Pará, mas somente em 1759 foi nomeado o seu primeiro governador, João Pereira Caldas. Durante esse espaço de tempo, o Piauí: a) Ficou sob a autoridade de um comandante militar incumbido de reprimir as tribos indígenas da região. b) Esteve sob a administração da Companhia de Jesus, proprietária da maioria das fazendas de gado locais. c) Permaneceu sob as ordens diretas do governador do Maranhão. d) Continuou ocupado por criadores de gado que não obedeciam a nenhuma autoridade administrativa. e) Dependia diretamente do Conselho Ultramarino de Lisboa. 5º) (UFPI – 85) O governador João Pereira Caldas instalou no ano de 1762 as primeiras vilas no território piauiense. As mencionadas vilas foram: a) Parnaguá, Jaicós, Valença, Marvão, Campo Maior, Parnaíba. b) Parnaguá, Jerumenha, Valença, Marvão, Piracuruca, Parnaíba. c) Parnaíba, Marvão, Campo Maior, Valença, Jerumenha, Corrente. d) Buriti dos Lopes, Campo Maior, Marvão, Valença, Jerumenha, Parnaíba. e) Parnaíba, Campo Maior, Marvão, Valença, Jerumenha, Parnaguá. 6º) (UESPI – 2000) Considerando a situação do Brasil colonial, no contexto da economia internacional durante a Era Moderna, é possível afirmar: a) Devido à política econômica do governo, a economia de subsistência da colônia ocupava um papel central. Por essa razão, o Piauí tornou-se um dos principais pólos dinamizadores da mesma, estabelecendo inclusive estreitas relações com o mercado externo. b) A economia piauiense, fortemente marcada pela presença da pecuária, possuía uma maior relação com o circuito interno. Por essa razão, tomando-se as relações da economia colonial com o mercado externo como parâmetro, podemos situar a economia piauiense em uma posição marginal. 12º) (UESPI – 2001) “Em Portugal, o rei D. José II (1714-1777) nomeou como secretário de Estado, Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Olivas e Marquês de Pombal, que realizou reformas com o fim de modernizar o reino e suas colônias (...). Politicamente, a tônica foi a excessiva centralização administrativa (...). Do ponto de vista econômico, Pombal pretendia a restauração da combalida economia portuguesa (...). Os princípios mercantilistas foram a base da política pombalina (...). A relação entre metrópole e colônia foi estreitada, pois esta era o elemento de sobrevivência da metrópole (...). Esse aumento de rigidez foi a principal característica da administração pombalina (...).” (KOSHIBA, Luis e PEREIRA, Denyse. “História do Brasil”. São Paulo. Ed. Atual. 1993. p. 107.) As afirmativas abaixo se referem aos efeitos da política pombalina em território piauiense. Leia-as atentamente e, em seguida, assinale a alternativa correta. I. A instalação do governo da Capitania de São José do Piauí, em 1759, pode ser apontada como um elemento da intenção do Estado português de aumentar o controle sobre a região, promovendo sua efetiva inserção na zona de domínio metropolitano. II. A fundação da primeira freguesia – a freguesia de Nossa Senhora da Vitória, atual Oeiras – ocorreu durante o período pombalino e, juntamente com a criação de outras freguesias, como as de Santo Antônio de Surubim e de Nossa Senhora Mãe da Divina Graça, representou a intenção de regionalizar a administração local a fim de assegurar um maior controle político-administrativo sobre a área. III. Um dos aspectos que estimulou a instalação do governo da Capitania do Piauí, ocupado inicialmente por João Pereira Caldas, foi a intenção do marquês de Pombal de combater e eliminar a presença e a autoridade dos jesuítas, instalados em território piauiense desde o século XVIII. a) Todas as afirmativas estão corretas. b) Todas as afirmativas estão erradas. c) Somente I e II estão corretas. d) Somente a afirmativa II está correta. e) Somente as afirmativas I e III estão corretas. 13º) (PSIU – 2005) Em relação à formação do Piauí no período colonial: 1 ( ) As correntes iniciais de ocupação do território no século XVII partiam do Maranhão, do Ceará e principalmente da Bahia, além de São Paulo, de onde partiam os bandeirantes. 2 ( ) O território do Piauí foi capitania independente desde o século XVII, com governante próprio que fazia as doações de sesmarias a portugueses e brasileiros ricos. 3 ( ) Os atrativos iniciais para a conquista do território foram o aprisionamento de índios e os grandes espaços de terra para a expansão da cultura canavieira. 4 ( ) Bandeirantes e colonos eliminaram os índios hostis, como os Tremembé, e instalaram os primeiros povoados e currais de gado. 14º) Assinale a alternativa que melhor define as características do processo de devassamento do território piauiense, durante o período colonial: a) Teve como uma característica básica e inicial, o violento confronto entre os desbravadores portugueses e as diversas nações indígenas que habitavam o território. Em razão destes confrontos e de suas características genocidas, é possível afirmar que o desbravamento se fez acompanhar da promoção de um esvaziamento demográfico do território. b) A exploração da economia litorânea, através da extração do sal e da produção do algodão, marcou o início do processo de ocupação colonial no Piauí. Esse modelo inicial de exploração econômica, por sua vez, teria sido motivado principalmente pela demanda por matéria-prima para a indústria têxtil inglesa do século XVIII. c) Desenvolveu-se inicialmente a partir do Maranhão, com deslocamento de fazendeiros criadores de gado que fugiam da presença francesa em seu território de origem. d) A expansão das missões jesuíticas, do litoral para o interior do Piauí, transformou esta região no principal centro irradiador da ocupação do meio-norte da colônia. e) O incentivo à ocupação militar do litoral piauiense, pelos governos-gerais da colônia, pode ser definido como o fator inicial de incentivo ao desbravamento do território. Tal medida visava garantir a proteção do norte da colônia contra possíveis ocupações estrangeiras. 15º) (UFPI) Leia as afirmações abaixo sobre as fazendas de criar gado no Piauí Colonial: I. A pecuária extensiva foi a forma de criatório adotada nas fazendas até a instalação das primeiras fábricas para o aproveitamento da carne e do leite. II. As capelas construídas pelos fazendeiros em suas terras possibilitaram o surgimento das primeiras vilas do Piauí. III. O envio de gado para as zonas de mineração implicou o declínio do fornecimento de gado para as capitanias vizinhas do Piauí. A partir da análise das afirmativas, é correto afirmar que: a) Somente I é verdadeira. d) I e III são verdadeiras. b) Somente II é verdadeira. e) II e III são verdadeiros. c) I e II são verdadeiras. 16º) “Surgiu a pecuária no Nordeste brasileiro como reflexo da empresa agrícola litorânea, implantada pelos portugueses no início do processo de colonização do Brasil (...). A evolução histórica do Piauí permite a constatação desse fato: a pacificação da área e a combinação dos meios de produção fundamentais como pasto, água e animal, representavam os condicionamentos internos que asseguravam a sólida posição à pecuária, frente às crises externas, como reduzidos custos monetários.” ( BRANDÃO, Tanya Maria Pires. O escravo na formação Social do Piauí. Teresina, Editora Universidade Federal do Piauí, 1999, pp.62-63) A partir da citação acima se depreende que: I. Nunca aconteceu nenhum tipo de articulação, direta ou indireta, entre a economia açucareira e a pecuária. II. A relativa autonomia da pecuária em relação ao comércio de exportação comprometia o seu desenvolvimento no sertão nordestino. III. No Piauí, a implantação da pecuária resultou da presença de condições puramente naturais. IV. A “sólida posição da pecuária, face às crises externas” demonstra que suas condições de estabilidade resultaram da combinação de fatores internos. a) Todas as afirmativas estão corretas. b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. d) Somente a afirmativa III está correta. e) Somente a afirmativa IV está correta. 17º) Muito antes da invasão do Brasil pelos portugueses, o Piauí foi, segundo indícios, habitado por povos civilizados, principalmente na Pedra do Sal, que se supõe ter sido sua estação marítima, e Sete Cidades, o centro de suas reuniões. Entre os povos da antiguidade Oriental, o mais indicado pelos estudiosos para ter fundado, nas terras do Piauí, suas estações e fortalezas marítimas teriam sido os: a) Egípcios. d) Cretenses. b) Caldeus. e) Babilônios. c) Fenícios. 18º) No livro As Trilhas da Morte, o autor, Paulo Machado, descreve “o mais cruento extermínio das nações indígenas da América do sul”. Sobre as nações indígenas do Piauí podemos afirmar: a) As lutas pela posse e uso das terras e águas superficiais, fatos caracterizadores nos processos de extermínio e espoliação iniciaram-se em um período histórico anterior às primeiras concessões de sesmarias. b) Podemos redistribuir as nações indígenas do Piauí em: Acroá, Tremembé, Gueguês, Pimenteiras, etc. c) Podemos afirmar que a colonização do homem branco, foi a descolonização das comunidades indígenas. d) No Piauí, nunca se viu conflito de raças, Brancos e Índios sempre conviveram amistosamente. e) Os índios piauienses foram importantes para o desbravamento de nossa terra, pois construíram muitas fazendas de gado e doaram várias sesmarias. 19º) (UFPI – PSIU) Podemos considerar que a crise da economia pecuária no Piauí, na segunda metade do século XIX, decorreu da: A) mudança de hábitos e costumes dos consumidores, com relação aos produtos derivados do gado. B) fragmentação, em pequenas propriedades, das terras de criar, dificultando a pecuária extensiva. C) falta de inovações no sistema de criação, contribuindo para as perdas qualitativas do rebanho. D) falta de resistência do gado do Piauí, frente às grandes secas do século XIX, extinguindo-se os rebanhos. E) migração dos fazendeiros para as cidades e da perda de interesse pelo criatório. 20º) Analise as proposições abaixo: I. A ocupação do solo piauiense foi realizado quando os contornos geográficos das demais províncias já se encontravam definidos. II. O processo de ocupação das terras piauienses deu-se através de enorme luta contra os nativos, uma disputa palmo a palmo pela posse da terra. III. A história do Piauí é marcada pelo longo conflito entre sesmeiros e posseiros, em torno da terra. Está(ão) correta(s): a) I e II. d) II e III. b) III. e) I. c) I, II e III. 21º) Relacione as realizações aos respectivos governadores do Piauí, durante o período colonial: I. João Pereira Caldas ( ) início de estudos sobre a navegabilidade do Parnaíba. II. Gonçalo Lourenço ( ) crescimento e exportação da cultura algodoeira e criação da Alfândega de Parnaíba. III. João de Amorim Coelho. ( ) início da indústria de charque no Piauí. IV. Baltazar de Sousa Coelho. ( ) implantação de serviços e Correios e Fundação de Missões. V. Carlos César Burlamarqui. ( ) incentivo à produção agrícola, nos setores de algodão e fumo. 22º) (UFPI) A história do Piauí poderia ser dividida em duas histórias perfeitamente distintas, a dos: a) ingleses e a dos portugueses b) quilombolas e a dos mineradores c) sesmeiros e a dos posseiros d) donatários e a dos cafeicultores e) escravos e a dos engenhos 23º) (UFPI) A gênese do território que compõe hoje o Estado do Piauí está relacionada diretamente aos acontecimentos que ali fizeram história no século XVII. São eles: a) o sertanismo de contrato e a pecuária; b) a exploração das drogas do sertão e o bandeirismo de apresamento; c) o sertanismo de contrato e a confederação dos Tamoios; → No Piauí, a Balaiada contou com o apoio de pessoas abastadas como Lívio Lopes Castelo Branco, João da Mata Castelo Branco e José Pereira da Silva Mascarenhas, insatisfeitos com a política do Barão da Parnaíba e a “Lei dos Prefeitos”, e da população pobre em geral, que aliados aos rebeldes maranhenses passa a lutar nas duas províncias. → A Balaiada, apesar de não ter estabelecido fronteiras entre as duas províncias, assume, porém, características específicas no Piauí, diferentes daquelas do movimento no Maranhão. Nesta província, a grande maioria dos rebeldes é oriunda das camadas mais baixas da sociedade, representados, principalmente, por negros aquilombados que não desenvolveram táticas organizadas de combate, sendo o movimento caracterizado por confrontos isolados, sem nenhuma liderança geral. → No Piauí, além de vaqueiros e agregados, lutam, também, fazendeiros abastados, dando um caráter social mesclado ao movimento. Com a participação de parte da elite piauiense, os rebeldes são organizados através de uma forte hierarquia e disciplina, onde os fazendeiros formaram verdadeiros exércitos particulares, que apresentavam uma boa organização militar. No movimento piauiense, os negros não constituíam um número muito expressivo. → Manuel de Sousa Martins solicitou ajuda aos Ministros do Império e governo central, mas não foi atendido. Entretanto, a sua enérgica e objetiva atuação na repressão do movimento foram de uma eficácia arrasadora, não somente no Piauí, mas também no Maranhão. A ajuda que solicitara só foi atendida em 1840 com a chegada no Maranhão de Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, que tomou posse como presidente da Província e Comandante das armas. Este enviou ao Barão de Parnaíba, armas, munições, medicamentos e até dinheiro. A repressão esmagou o movimento, derrotando os balaios no Piauí, em princípios de 1841. ► Discutindo o Texto 1º) Explique os acontecimentos que levaram Manoel de Sousa Martins ao governo do Piauí. 2º) Quais foram os principais reflexos da Confederação do Equador no Piauí? 3º) Cite os principais motivos da Balaiada no Piauí. 4º) Por que o Ato Adicional de 1834 favoreceu o governador Manoel de Sousa Martins? 5º) Faça uma comparação entre a balaiada maranhense com a balaiada no Piauí. 6º) Determine as principais conseqüências da balaiada no Piauí. 3 – Piauí no Segundo Reinado 3.1 – O Governo do Conselheiro Saraiva → O jovem advogado José Antônio Saraiva, que foi um dos maiores governantes de nossa terra e uma das figuras mais importantes do Segundo Império, governou a província do Piauí de 07-09-1850 a 12-03- 1853, ocasião em que passou o governo para o seu vice, Simplício de Sousa Mendes. A principal marca de sua administração foi, sem dúvida, a fundação de Teresina e a transferência da capital de Oeiras para a nova comuna. Dentre outras realizações, destacam-se a reorganização da justiça, a criação das vilas de Pedro II e São João do Piauí, bem como a instalação de um batalhão de fuzileiros. → José Antônio Saraiva foi uma “figura das mais proeminentes do Segundo Império. Foi assim considerado pela lealdade política, por sua cultura, sua habilidade e seus exuberantes dotes administrativos, havendo ocupado, por isso mesmo, os mais importantes cargos da vida pública brasileira. Pautou a sua vida nos princípios de justiça, equilíbrio e rígida probidade”. (Wilson Carvalho Gonçalves). 3.2 – A Transferência da Capital → A idéia de arrancar de Oeiras a sede do Governo Piauiense vinha de muitos anos; já foram ventiladas em 1722 pelo governador maranhense Dom Fernando Antônio de Noronha. Não passou de um parecer que logo foi esquecido, com o seu afastamento do cargo. Seis anos depois, a idéia voltou à tona, com Dom João Amorim Pereira e, a partir de então, se repetiu até as proximidades da independência. → Os apelos à Metrópole se multiplicaram, fazendo sentir à Corte as vantagens que Parnaíba oferecia. Alguns governadores apresentaram as opções da foz do Mulato (Amarante) ou Barra do Poti, ambas às margens do Parnaíba. → Transformada em capital desde que o Piauí tornou-se capitania, a cidade de Oeiras, atingia Vila da Mocha, não apresentou um grande desenvolvimento durante o século XVIII e primeira metade do século XIX. Com uma economia baseada na pecuária extensiva, desenvolveu-se em Oeiras uma oligarquia arcaica e sem nenhum sentido progressista, o que ficava comprovado pela ausência de um comércio desenvolvido e de atividades industriais. → Também a localização geográfica de Oeiras e a deficiência das estradas terrestres dificultavam o contato entre a capital e o restante da Província. Completando esse quadro, Oeiras ficava distante do rio Parnaíba, principal via de contato entre o norte e o sul da Província. → Apesar de favorável à transferência, o então governador José Ildefonso de Souza Ramos, que substituiu o Visconde da Parnaíba, tinha algumas restrições às propostas anteriores sobre o assunto. → De todas as sugestões, a que mais vantagens oferecia era a mudança da sede para Parnaíba. Isto porque, segundo os defensores desta tese: ü1 – Situada às margens direita do Rio Parnaíba, distante apenas duas léguas do mar, facilitaria maior a direta comunicação com a Corte sem os tradicionais intermediários – Bahia e Maranhão. ü2 – A sua localização às margens do Rio Parnaíba, sem dúvidas, despertaria a utilização da navegação – intrinsecamente ligada ao futuro desenvolvimento social, político e econômico da região. ü3 – A cidade de Parnaíba já estava pronta para receber o governo, o que dispensaria investimentos da edificação de uma sede nova. ü4 – Teria, ainda, a vantagem de como as demais províncias – a maioria destas – ser uma capital litorânea. → Entretanto, para o governador José Ildefonso, havia um inconveniente. Parnaíba fica localizada no extremo norte do Piauí e a comunicação com o restante da Província seria dificultada pela distância e conseqüentemente, o problema pela falta de assistência às populações continuaria a existir. → Para ele, um lugar intermediário, como São Gonçalo (atual Regeneração) com qualidades do tipo: solo fértil, salubridade, beleza, e a indispensável proximidade do rio Parnaíba, seria ideal. → Quando Antônio Saraiva (o Conselheiro Saraiva) assume o governo do Piauí, mostrou-se logo favorável à transferência da capital pela necessidade de desenvolvimento da agricultura e do comércio nesta província. → Sua escolha da nova sede do governo recai sobre a Vila do Poty, na fazenda Chapada do Corisco, justificada por vários motivos: ü1 – Bem situada geograficamente, facilitará a comunicação com o restante da província e de acordo com estudos feitos à região, o local é bastante saudável. ü2 – À margem do rio Parnaíba, facilitaria o escoamento da produção e sem dúvida, destronaria Caxias, líder do comércio na região. ü3 – Mais perto de Parnaíba pela navegabilidade do rio, será mais fácil contactar politicamente e comercialmente com a Coroa e outra província. ü4 – Sendo esse o mais agrícola dos Municípios, uma política de desenvolvimento agrário bem executado tirará o Piauí do atraso econômico em que se encontra. ü5 – “Porque é naquela localidade a única que promete florescer à margem do Parnaíba e habituar-se em menos tempo para possuir a capital da Província”. → É claro que alguns representantes das elites recorreram ao governo central alegando os prejuízos que sofreriam os “interesses de Oeiras”. → Vencidas todas as oposições, Saraiva iniciou a edificação da nova capital. Para isso, contou com o apoio financeiro dos proprietários plantadores de algodão, e de apoio político de deputados da província que eram representantes desses produtores. Com os recursos financeiros doados por estes proprietários e mais recursos do Governo Central destinado à Província, é erguida a nova capital. Em dezembro de 1850, o mestre de obras, Isidoro da Silva, lançou a pedra fundamental da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Em 16 de agosto de 1852, o Conselheiro Saraiva oficializou a mudança da sede do Governo para a nova capital, Teresina, nome dado em homenagem à imperatriz Teresa Cristina. → Com a transferência da capital, o norte do Piauí se desenvolveu mais, o comércio progrediu e surgiram novas atividades. Por outro lado, o sul passou a ter uma ligação maior com a Bahia e Pernambuco, adquirindo muito da cultura desses Estados e mantendo pouca comunicação com o norte. 3.3 – A Navegação do Parnaíba → O entendimento de que o rio Parnaíba deveria ser o eixo da economia piauiense nascera ainda no século XVIII, quando o declínio da pecuária já era evidente. Em 1798, o governador da capitania, João de Amorim Pereira, em ofício dirigido ao ministro de Ultramar, propôs a mudança da capital de Oeiras para a vila de Parnaíba ou para a Barra do Poti. De um lado, Oeiras e suas dificuldades de transporte e abastecimento: “os gêneros que se consomem nesta cidade vêm daqui 10, 15, 20 ou mais léguas em cavalos”; do outro lado, o lugar “onde o rio Poti faz barra no Parnaíba, que pela sua fertilidade e vantajosa situação deveria forma-se uma vila”. → A nova capital mudaria os rumos da economia piauiense. Considerando a importância do aproveitamento do rio Parnaíba, a estratégia de Saraiva foi a de primeiro trazer a capital para as margens do rio, que, para ele, parecia “destinado a mudar a face da Província”. → Apesar de todas as dificuldades, a navegação a vapor no rio Parnaíba serviu para estimular a produção agrícola e o comércio nas regiões ribeirinhas. Sua função indutora do progresso era, entretanto, reduzida pela inadequação das embarcações às condições naturais do rio e pela persistente rigidez do sistema agrário, que preferia o consórcio pecuária – extrativismo, em vez de explorar a agricultura. → Em todo o caso, é a partir de 1860 que Parnaíba consolida-se como principal entreposto comercial do Piauí e como importante centro do comércio internacional, graças ao espírito empreendedor de suas lideranças empresariais, estimulado certamente por ter a oportunidade do contato com o resto do mundo. 3.4 – A Decadência da Pecuária → Na segunda metade do século XVIII, a pecuária piauiense começou a apresentar fortes sinais de enfraquecimento, enquanto em outras regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, esta mesma atividade vivia um período de forte desenvolvimento e aumento nos lucros. Numa primeira análise, pode-se citar que os fatores climáticos e naturais da região sul favoreceram a formação de um rebanho mais forte e valorizado no mercado, enquanto no clima árido do sertão nordestino dificultava a formação de um rebanho mais valorizado. Porém, os fatores climáticos e naturais não foram preponderantes para a decadência da atividade pecuarista no Piauí. → Num sistema extensivo, o gado piauiense era criado solto, com um manejo inadequado, onde a falta de pastos e de água nos períodos secos e, principalmente, sem melhoramentos genéticos, formou-se uma nova raça, de gado pé-duro, resistente, porém, com pouco valor no mercado. A falta de investimentos na melhoria dos rebanhos e no desenvolvimento de uma indústria de charque competitiva, fez com que o gado piauiense perdesse mercado para os da região sul, diminuindo cada vez mais a circulação de capital na região. → Grande parte da produção piauiense era destinada para as regiões nordestinas, principalmente, para as áreas produtoras de açúcar. Devido à forte decadência da produção açucareira brasileira, o mercado para o gado piauiense sofre uma redução intensa. Este problema foi temporariamente solucionado, quando a nossa produção passou a ser direcionada para as regiões mineradoras do sudeste. Porém, devido à concorrência da atividade pecuarista da região Sul, o gado do Piauí perde terreno, agravando ainda mais o quadro de estagnação econômica que a atividade sofria. 3.5 – Desenvolvimento da Agricultura → A pecuária extensiva tem como base o desenvolvimento de uma agricultura de subsistência. Em outras palavras, o crescimento da pecuária só acontece quando está integrada à agricultura, não apenas para a produção de alimentos suplementares para os rebanhos, nos tempos de seca, mas também como atividade complementar da renda rural. → Com a decadência da atividade pecuarista, a agricultura passa a aumentar a sua importância dentro da economia piauiense, principalmente devido à lavoura de algodão. O crescimento da produção de algodão ocorreu sob o estímulo de dois fatores externos: primeiro, o desenvolvimento tecnológico da Revolução Industrial, na Inglaterra, a partir do final do século XVIII, especificamente a invenção do tear mecânico (1787), que provocou o aumento da demanda da fibra pelas indústrias européias; segundo, a Guerra e) Os tropeiros dominavam as atividades comerciais, tanto na capital, quanto no interior. 8º) (UESPI – 2000) Levando-se em conta a estrutura político-econômica e social do Período Regencial, a principal causa da Balaiada no Piauí foi: a) A falta de apoio dos regentes aos grandes proprietários de terras. b) As arbitrariedades do presidente das Províncias, a miséria, a fome e as perseguições. c) O conflito entre os latifundiários e criadores de gado, que lutavam pela posse da terra para ampliar seus domínios no Piauí. d) A decadência inevitável dos criadores de gado, devido à visível preferência pela agricultura. e) O conflito entre sesmeiros e posseiros. 9º) (UESPI – 2000) Marque V ou F para as afirmativas, em seguida escolha a seqüência correta: ( ) O processo de conquista e ocupação do território piauiense está associado à crise do sistema colonial, a qual obrigou Portugal a promover no Brasil uma economia auto-suficiente, baseada na pecuária. ( ) O processo de Independência no Piauí ocorreu de forma pacífica, sem que fosse observada nenhuma reação das forças portuguesas às quais, comandadas pelo Major João José da Cunha Fidié, prontamente aclamaram D.Pedro como imperador do Brasil em 19 de outubro de 1822. ( ) Após a consolidação do processo de independência no Piauí, assumiu a presidência da província José Antônio Saraiva, cuja primeira providência administrativa foi promover a transferência da capital de Oeiras para Teresina. ( ) As conturbações políticas e sociais que marcaram os primeiros anos do regime republicano no Brasil, durante os governos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto não exerceram influência sobre a política piauiense. O principal fato que contribuiu para essa estabilidade no Piauí, foi a política centralizadora e austera de Manuel de Sousa Martins (Visconde da Parnaíba) a) V-V-V-V d) V-F-F-V b) F-F-F-F e) V-F-F-F c) F-F-V-F 10º) (UESPI) O período Regencial foi marcado pela explosão de inúmeras revoltas sociais de Norte a Sul do Brasil. Dentre estas, uma difundiu-se pelo território piauiense. Estamos falando da: a) Revolta dos alfaiates. d) Sabinada b) Balaiada. e) Farroupilha c) Cabanagem. 11º) (UESPI – 2001) Sobre a situação político-administrativa do Piauí, durante o período Regencial é possível afirmar que: a) A abdicação de D.Pedro I representou um duro golpe no poder político de Manuel de Sousa Martins, que dominava a política local desde a independência. b) A permanência de Manuel de Sousa Martins no poder durante o período regencial representou o resultado de uma bem sucedida articulação das elites parnaibanas para a continuidade de seu controle sobre o aparelho administrativo e repressivo da província do Piauí. c) Instrumentos jurídicos como a Lei dos Prefeitos, instituída em 1835, asseguraram o fortalecimento do mandonismo local – principalmente nas regiões de Oeiras, Campo Maior e Parnaíba – ao permitir às Câmaras de Vereadores total autonomia no processo de escolha dos representantes da administração municipal. d) Foi a nova realidade, gerada pela instauração do governo regencial no Brasil, que permitiu a ascensão de José Antônio Saraiva à presidência da Província do Piauí, em 1835. Melhor coadunado com as elites do centro-sul do país, na época controladora do Estado Imperial, Saraiva pôs fim a um domínio político de doze anos do Visconde de Parnaíba na região. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 12º) (UESPI – 2001) O historiador Alcebíades Costa Filho, ao tratar das relações cotidianas no Piauí provincial, destaca: “(...), no cotidiano, respeitando a propriedade, as relações conflituosas e arbitrárias tendiam ao abrandamento. Essa forma de suavização das relações, não significa a diminuição da exploração, nem a aproximação entre estes grupos sociais (...).” Marque a alternativa correta de acordo com texto: a) Que o Piauí provincial, por estar fora do circuito agro-exportador colonial, tinha estabelecido relações sociais igualitárias entre os diferentes grupos étnicos. b) Predominava no Piauí deste período a pequena propriedade, o que permitia o estabelecimento de relações amistosas entre os diferentes grupos sociais. c) Em função da especificidade com que foi instalada a grande propriedade e o trabalho escravo na província do Piauí, as relações que se estabeleciam na cotidianidade dos sujeitos sociais que a integravam era menos desigualitárias que as estabelecidas no Nordeste canavieiro. d) A pecuária extensiva eliminou, em nível mental, o peso da escravidão que legalmente marcava o escravo vaqueiro. e) As particularidades que caracterizavam a colonização piauiense tinham favorecido o estabelecimento de relações sociais menos contraditórias entre os diferentes grupos sociais que dela participavam. 13º) (PSIU – 2004) Na primeira metade do século XIX, as condições de vida de grande parte da população brasileira eram difíceis. O governo procurava exercer forte controle sobre o povo, e houve revoltas em algumas Províncias do Império. Dentre aquelas revoltas, podemos destacar a Balaiada. Sobre ela podemos afirmar que: A) teve como epicentro a cidade de Oeiras, então a capital do Piauí. B) ocorreu em espaços exclusivos da Província do Maranhão. C) pôs em confronto as famílias de fazendeiros do Piauí e “homens pobres e livres” e escravos do Maranhão. D) apresentou como principais palcos de confronto as Províncias do Piauí e do Maranhão. E) propunha a união dos pobres – livres e/ou escravos – do Piauí e do Maranhão, por uma sociedade justa e igualitária. 14º) (PSIU – 2005) Sobre a importância do rio Parnaíba na história do Piauí no século XIX, analise as afirmações abaixo: I. A transferência da capital de Oeiras para Vila Nova do Poti, em 1852, quando passou a chamar-se Teresina, teve como principal justificativa a proximidade da nova capital com o rio Parnaíba. II. Fator importante para a economia da então província do Piauí foi a implantação de uma ferrovia e de uma companhia de navegação a vapor no Parnaíba. III. A navegação do Parnaíba no século XIX foi um estímulo ao comércio e à produção agrícola, particularmente de algodão e de fumo. IV. A importância do Parnaíba, a partir da transferência da capital, acabou com o predomínio da pecuária na economia piauiense. Assinale a alternativa correta. A) Somente I é verdadeira. B) Somente I e II são verdadeiras. C) Somente II e III são verdadeiras. D) Somente I, II e III são verdadeiras. E) Somente II, III e IV são verdadeiras. 15º) (UESPI – 2004) “Depois que Saraiva a deixou, Teresina já era uma bela cidade de ruas alinhadas, crescendo a olhos vistos, cada ano surgindo uma nova atração; comércio centralizado e em expansão, com seu serviço público sempre em atividade” (Pe. Cláudio Melo. Duas Capitais Piauí. Formação. Desenvolvimento. Perspectiva.) A avaliação feita no texto citado acima enaltece o crescimento constante de Teresina, que: A) apesar das disputas com Oeiras, conseguiu modernizar-se em muitos aspectos. B) na verdade, apenas teve um lugar administrativo de destaque. C) se tornou um pólo industrial, apesar do fracasso inicial da Fábrica de Fiação e Tecidos. D) apesar da modernização, não se tornou a cidade mais importante do Piauí, no século XIX. E) não conseguiu explorar a navegação, tão importante para sua economia. 16º) O 19 de outubro, data comemorativa e feriado estadual no Piauí, faz uma referência ao processo de independência no referido Estado pela seguinte razão: a) Foi a dezenove de outubro de 1822 que as lideranças políticas de Oeiras, capital da Província, declararam sua adesão oficial ao processo de independência do Brasil ao aclamarem D. Pedro I como imperador do Brasil. b) Em dezenove de outubro de 1823 ocorreu a Batalha do Jenipapo, nas imediações da atual cidade de Campo Maior. Na ocasião, os independentes derrotaram as forças portuguesas e declararam a independência da região. c) Em dezenove de outubro de 1822, ocorreram as primeiras manifestações oficiais de adesão ao processo de independência do Brasil, na vila de São João da Parnaíba. d) Foi a dezenove de outubro de 1822 que as tropas portuguesas, comandadas pelo Major João José da Cunha Fidié, foram definitivamente derrotadas após um cerco à cidade de Parnaíba. e) Em dezenove de outubro de 1823, o Piauí foi oficialmente reconhecido pelo governo imperial do Brasil como uma unidade da Federação. 17º) “Proclamando Parnaíba a independência, a 19 de outubro de 1822, algumas pessoas existentes na vila armaram-se com seus escravos contra o movimento e avisaram aos chefes de Oeiras e Maranhão. Contra ela marchou Fidié com numerosa tropa. Não podendo combater Fidié, pela insuficiência de soldados, os líderes do movimento refugiaram-se em Granja (CE), donde poderiam arregimentar forças militares necessárias.” (MARQUES, Renato Neves. Municípios que se destacaram nas lutas pela independência do Brasil) Sobre as características do movimento de independência em Parnaíba: I. Marcou o término das lutas de independência no Piauí onde, após a vitória na Batalha do Jenipapo, as forças portuguesas foram derrotadas por uma coalizão formada por parnaibanos, cearenses e pernambucanos. II. Ocorreu em um contexto marcado por divisão política na vila. De um lado o Partido Brasileiro, liderado por Simplício Dias da Silva, e de outro lado o Partido Português que era representado por militares e burocratas da província. III. Representou apenas um desdobramento da rebelião em Oeiras, em setembro de 1822, a qual consistiu no assalto à casa da Pólvora em uma ação liderada por Manuel de Sousa Martins (futuro Visconde da Parnaíba). a) Todas as afirmativas estão erradas. b) Somente I e II estão corretas. c) Somente I está correta. d) Somente II está correta. e) Somente III está correta. 18º) (UFPI) Compunham a população livre do Piauí até o século XIX: I. Índios que habitavam o Piauí. II. Mestiços nascidos no Piauí. III. Sitiantes e posseiros. IV. Agregados e vaqueiros. A partir da leitura dos itens apresentados, é correto afirmar que: a) Somente I é verdadeiro. b) Somente II é verdadeiro. c) III e IV são verdadeiros. d) I e IV são verdadeiros. e) II e III são verdadeiros. → A notícia da proclamação chega a Teresina no entardecer do dia 16 de novembro de 1889, por meio de telégrafo, e foi lida pelo Capitão Francisco Pedro Sampaio. Um cortejo cívico por toda a cidade coroou o acontecimento de Teresina. Em seguida foi organizada uma Junta Governativa composta pelos capitães Reginaldo Nemésio de Sá, Nelson Pereira do Nascimento e do Alferes João de Deus Moreira de Carvalho, que sem nenhuma resistência depôs o então presidente da Província Lourenço Valente de Figueiredo, e administrou o Piauí até 26 de dezembro, quando foi empossado o primeiro governante republicano designado pelo poder central, Gregório Taumaturgo de Oliveira. → A forma tomada pelo regime Republicano no Piauí, que vai seguir o modelo nacional criado a partir de Campos Sales, fará com que republicanos históricos, como Clodoaldo Freitas, passem a criticar o novo regime e a defender uma “republicanização” da República. As críticas de Clodoaldo Freitas voltavam-se, principalmente, contra a negação da cidadania, da liberdade e da igualdade feita pelos novos governantes. Um dos principais problemas, na sua visão, era a eliminação política do povo na República, feita pela proibição do voto à maioria analfabeta, através das fraudes eleitorais e com os artifícios locais utilizados pelos chefes políticos contra os seus opositores. O próprio Clodoaldo Freitas foi vítima de perseguições políticas. → Diante desse quadro, os republicanos históricos clamavam a necessidade de se reconstruir a república, ou seja, “republicanizar” a república existente. Um caminho apontado para se conseguir isso seria desenvolvendo o amor do povo pelas instituições e fortalecendo nele a consciência dos seus direitos e deveres, o que poderia ser facilitado com a implantação do voto livre. Durante a Primeira República, porém, esse ideal de “republicanização” não vingou. 1.2 – As Estruturas do Poder na 1º República → Do ponto de vista das características políticas básicas verifica-se o predomínio das oligarquias sustentadas no Coronelismo. Tal fenômeno, porém não é próprio apenas do Piauí. Caracteriza a realidade nacional durante a República Velha. → Estavam nas mãos dos coronéis: as terras, que podiam ser cultivadas, os empregos privados e públicos, a obtenção dos favores governamentais, os socorros nas situações de calamidades (como as secas aqui no Nordeste) a proteção contra os inimigos. → Por sua vez, a população adulta, masculina e alfabetizada, tinha no voto um bem de troca, graças ao qual poderiam obter a proteção e os favores dos coronéis. → O coronelismo pode ser definido, portanto, como um sistema de troca eleitoral. Proteção e favores (sobretudo econômico), de um lado, e o voto, seguro e controlado, de outro. → Esse caráter pacífico das relações coronelísticas não era, contudo exclusivo. A força das armas era empregada com muita freqüência, pois os coronéis dispunham de espécie de força policial particular, representada pelos jagunços. Este “soldados” armados e amparados pela autoridade do coronel, se encarregavam de convencer os eleitores contrários ou “indecisos’ que pretendessem dispor de liberdade política. Eram as eleições do voto de cabresto, nas quais o eleitor votava sob as vistas do jagunço, cuja arma era o principal argumento a favor do candidato, fosse ele o próprio coronel ou alguém por ele indicado. → O coronelismo tinha a base familiar e rural em geral, o coronel era, ao mesmo tempo, um chefe patriarcal de uma grande família. Reunia em si a autoridade de pai, chefe político e patrão. → O historiador Francisco Alcides do Nascimento estudando esta questão constatou que “o (fenômeno do) coronelismo aqui no Piauí apresentava no mínimo três vertentes: a primeira delas era aquela onde poder dos coronéis era oriundo especialmente do latifúndio; a segunda, embora fosse composta também de grandes proprietários de terras, a sua preeminência era assegurada por um de seus líderes ter se destacado na esfera federal (Marechal Pires Ferreis); e a terceira, como as anteriores também, composta de grandes proprietários de terra, mas o seu poder vinha da atividade comercial”. Esta última vertente é representada pelo coronel José de Freitas e descendentes. → Dessa forma, o poder político piauiense era constituído por uma coalizão de algumas famílias extensivas ou parentescas, que exerciam um monopólio sobre a terra, os mercados, o trabalho, e outros recursos numa economia de extrema escassez. 1.3 – A Nova Economia de Base Extrativista → Durante longo tempo, a economia do Piauí teve como atividade dominante a pecuária. Compreendendo todo o período colonial até meados do século XIX, a História do Piauí não revela outra atividade senão a pecuária extensiva como principal fonte geradora da riqueza de fazendeiros e comerciantes. → A partir da segunda metade do século XIX é que essa economia sofrera algumas transformações importantes. Essas transformações se devem fundamentalmente à inclusão do Piauí como área produtora de algodão para atendimento de uma demanda internacional (influência da guerra de Secessão dos EUA). Com a recuperação dos EUA, como um dos principais fornecedores de algodão às indústrias européias, aliado ao surgimento de outras áreas produtoras, a produção cai, ficando restrita ao mercado regional e nacional, possibilitando mesmo assim, a geração de uma renda importante para as dimensões da economia piauiense. → Dessa forma, até o final do século XIX e inicio do século XX, temos como característica a combinação de duas atividades básicas: a pecuária extensiva e a produção de algodão. Contudo, no início do século XX vamos encontrar a cultura da maniçoba no Piauí, possibilitando saldos financeiros que ensejaram importantes obras de infra-estruturas na capital do Estado. Com a cultura de maniçoba, a economia piauiense ficou inserida na economia mundial, pois este produto passou a ser exportado para alguns países que estavam na 1o Guerra Mundial. → Na primeira década deste século, no Piauí, a economia será preenchida pela exportação da Borracha. Paralelo à comercialização da borracha merecerá destaque a cera de carnaúba vendida para o exterior. → Também responderá pela nossa economia o extrativismo vegetal (coco babaçu) com mercado comprador na Europa e nos EUA. As flutuações no mercado internacional concorreram para que as exportações de cera de carnaúba e amêndoa de babaçu fossem interrompidas restringindo-se ao mercado interno para atender as indústrias de transformação, sobretudo a do coco babaçu, da mesma forma a cultura da maniçoba entra em decadência. → Uma economia estagnada e de subsistência é o que marcara a economia piauiense até 1940. A agricultura de gêneros alimentícios representará uma nova fase atrelada a fatores como o crescimento populacional e o aumento do consumo. 1.4 – Fatos Marcantes ü A Coluna Prestes no Piauí → Para entendermos melhor o movimento colunista, torna-se necessário fazer um pequeno retorno à chamada República Velha, pois as suas causas estão ligadas aos vícios políticos da oligarquia cafeeira, aos pecuaristas mineiros e às transformações sociais e econômicas ocorridas aqui no Brasil, após a Primeira Guerra Mundial. → Durante a chamada República Velha, o cenário político brasileiro foi dominado pela política oligárquica e clientelista, criada no governo de Campos Sales, e que tinha como base o domínio da população rural pelos grandes proprietários de terra. Neste contexto, a população urbana das cidades maiores era excluída do sistema, pois o contingente populacional maior estava no campo, ligado às atividades agrícolas, o que possibilitava a reprodução desta política. → Porém, em alguns momentos, essa política oligárquica foi questionada por determinados grupos, principalmente os tenentes. A partir das eleições para a sucessão de Epitácio Pessoa, os tenentes se apresentarão como opositores à política vigente e defensores de propostas superficialmente liberais, como o voto secreto, eleições honestas e uma maior participação das camadas urbanas na vida política e social do país, promovendo a partir do início da década de 20, revoltas em vários estados do Brasil. → O primeiro episódio tenentista ocorreu no governo de Artur Bernardes (1922-1926). Mudanças sociais e econômicas haviam acontecido no Brasil, fazendo surgir então uma classe média burguesa, que não suportava mais o tradicional sistema podre oligárquico. O mal-estar entre Artur Bernardes e os militares ocorreu antes das eleições de 1922, quando foi atribuída a ele a autoria das famosas CARTAS FALSAS, nas quais se supunha que o candidato havia chamado os militares de ignorantes; em reação, os tenentes passam a pregar abertamente um golpe contra Artur Bernardes caso ele fosse eleito. → Após as eleições fraudulentas, Artur Bernardes foi empossado presidente. → Em 5 de julho de 1925, veio a primeira reação dos tenentes de Copacabana ao novo governo. Esperava-se que todos os fortes se unissem ao movimento, coisa que não aconteceu, ficando a resistência restrita apenas ao forte de Copacabana, que foi esmagada. Embora fracassado, esse levante contribuiu para contagiar alguns setores da sociedade urbana. → Outro movimento militar de destaque foi a Revolta Paulista de 1924, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, que conseguiu tomar a cidade de São Paulo por 22 dias, rechaçados, os tenentes fugiram para o sul, onde se encontraram com os revoltosos do Rio Grande do Sul liderados por Luís Carlos Prestes. A partir daí, passaram a percorrer o território brasileiro denunciando o sistema político e tentando levantar a população contra este sistema. Surgia, assim, a Coluna Prestes ou Coluna Prestes Miguel Costa. → Prestes, juntamente com 1500 homens, partiu do Rio Grande do Sul em 1925 para fazer a mais longa marcha revolucionária de que se tem notícia. Foram aproximadamente 24 mil quilômetros de caminhada. Chegou a percorrer onze Estados, fazendo propaganda contra o governo de Artur Bernardes, na tentativa de acordar as populações interioranas para a necessidade urgente de criar uma estrutura política justa. Esses eram os ideais dos colunistas, que procuravam evitar um confronto direto com as forças federais e percorriam zonas rurais e pequenos povoados, desviando-se dos grandes centros onde os opressores (forças federais) faziam-se representar em maior número. → Em fevereiro de 1927, a coluna se exilou em terras bolivianas, não conseguindo atingir os seus objetivos. Segundo Cáceres, os motivos do fracasso foram “a fragilidade programática dos tenentes, bem como a falta de relações com as classes sociais do país”, porém, sabemos quanto é difícil conscientizar a população da urgência de reformas, quando ela mesma está enraizada aos costumes de dependência. → A coluna esteve duas vezes em nosso estado, tempo suficiente para destacarmos alguns episódios relevantes como teremos posteriormente. A chegada ao solo piauiense deu-se no governo de Matias Olímpio em novembro de 1925. As autoridades do nosso estado, informadas previamente do deslocamento dos rebeldes montaram um ponto de defesa no sul, sob o comando do tenente Jacob Gayoso e Almendra. Vale ressaltar que o Governo Federal não socorreu com tropas ou munição o nosso estado, tendo o governador que convocar o povo e funcionários para organização da defesa. → A coluna avança e em dezembro de 1925 está em Teresina e Timon. Ela era composta por quatro destacamentos. Um destes se fixou numa vila chamada Natal, nas proximidades de Teresina. Ali iria ocorrer um dos mais importantes episódios para os colunistas e para os piauienses: a prisão de um dos líderes da coluna Prestes: Juarez Távora. → Após a prisão do comandante, a cidade ficou em pânico, dada a possibilidade de haver uma invasão revolucionária em massa, para resgatar o prisioneiro. Percebendo o clima de tensão, o bispo – Dom Severino – interferiu nas negociações entre Prestes e o governo, consignando a transferência de Juarez Távora para o Rio de Janeiro. → A intenção de Prestes era marchar para o Ceará. Sob o encalço das tropas do 25º BC ainda passou em Valença, Picos, Riachão, e 22 de janeiro atingiu Pio IX, cidade que margeia a Fronteira do Piauí com o Ceará. Nesta localidade, o coronel (latifundiário) José Bezerra foi humilhado com uma surra diante da população e levado em pêlo em cima de um animal até Pernambuco quando conseguiu fugir e retornar. → Antes porém, de sair das terras do Piauí, outro fato de suma importância iria ocorrer numa localidade, chamada Cerca da Pedra hoje município de Fronteira. → Seria um confronto entre as forças de Prestes e o cangaço de Lampião ajudados pelas tropas particulares do Pe. Cícero. Na visão da historiografia moderna, Artur Bernardes havia planejado esse embate ao pedir ao coronel Floró Bartolomeu, então autoridade cearense, que arquitetasse um encontro entre Pe. Cícero e Lampião a quem seria dada a patente de capital para surpreender a coluna nessa localidade; isso não ocorreu, pois Prestes preferiu alterar sua rota, desviando-se para a região dos Inhamuns. Esse fato notório comprova a capacidade de articulação da elite na defesa dos seus interesses. → Na primeira passagem da coluna Prestes havia um grande temor. Acreditava-se que os colunistas, chamados pelo povo de REVOLTOSOS viriam acabar co9m um pouco que eles tinham. E claro que os políticos já haviam feito toda propaganda. Então não teríamos adesão da população ao movimento. Ao contrário o povo fugia para serras distantes com os seus pertences. → Na Segunda passagem, já com uma visão diferente dos colunistas, o povo atenciosamente recebeu os colunistas com missas, festas e até comícios como ocorreu em Floriano, afora as perseguições com poucos choques. Não aconteceu nenhum episódio relevante, e em agosto de 1926, Prestes abandonaria o Piauí. ü A Polêmica Igreja Versus Maçonaria ü João Luis Ferreira (1920-1924) → Consegue recuperar a economia do Estado, abre estradas, reorganiza a Usina Elétrica de Teresina. Inaugurou os trechos ferroviários São Luís / Teresina (até Timon); e Piracuruca / Luis Correia. No seu governo toma posse o 3º Bispo do Piauí, Dom Severino Vieira de Melo. Foi instalada a Agência do Banco do Brasil em Teresina e instituído o Hino do Piauí. Durante este período, ocorreu a inauguração do Clube dos Diários que se tornou ponto de convergência da sociedade teresinense. ü Matias Olimpio de Melo (1924-1928) → No seu governo a “Coluna Prestes” esteve no Piauí, cercando Teresina. Com intermediação do Bispo Dom Severino Vieira de Melo, e a prisão de Juarez Távora, Teresina foi liberta. Enfrentou com sucesso o banditismo no sul do Piauí. Outro fato marcante de seu governo foi a forte enchente do rio Parnaíba ocorrida em 1926. ü João de Deus Pires Leal (1928-1930) → Eleito para o período 1928-1932. No decorrer do mandato, foi deposto, com a eclosão da Revolução de 1930. Inaugurou o serviço de ônibus em Teresina. 2 - A Era Vargas no Piauí (1930 – 1945) 2.1 – A “Revolução de 30” no Piauí → O movimento revolucionário que depôs o presidente Washington Luís e conduziu Getúlio Vargas à presidência da república passou para a história com o nome de Revolução de 30. Teve início no Rio Grande do Sul e Minas Gerais e rapidamente se estendeu por todo o país. Foi desencadeado por Getúlio Vargas, Juarez Távora, Pedro Aureliano, Osvaldo Aranha e outros. Foi motivada pela insatisfação das forças armadas, pelos desmandos administrativos, pela corrupção no sistema eleitoral repleto de fraudes, que tomou a eleição de Júlio Prestes e pelo assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente da República, ocorrido em Recife. → No Piauí, o movimento foi liderado pelo desembargador Joaquim Vaz da Costa que, com o auxílio do Tenente-coronel Delfino Vaz Pereira de Araújo e dos oficiais Firmino Farias, José Joaquim Fialho, Anfrísio Gomes da Rocha e Samuel Castelo Branco, na madrugada de 4 de outubro daquele ano, assaltaram e tomaram, concomitantemente, os quartéis do 25º Batalhão de Caçadores e da Polícia Militar.Ocuparam os correios, sitiaram o Palácio de Karnak e depuseram o governador João de Deus Pires Leal, conhecido como Joca Pires e o conduziram preso para a Guarnição Federal. O vice-governador, Humberto de Arêa Leão, que juntamente com Matias Olímpio também havia participado da trama, assumiu a chefia do executivo e depois foi confirmado no cargo como interventor federal, nomeado por Getúlio Vargas, que assumira o executivo a nível federal. → O termo Revolução significa profundas mudanças nas estruturas sociais, políticas e econômicas num país. Baseado nesta definição, em 1930, o Brasil não viveu uma revolução, mas sim, um golpe político, liderado por Getúlio Vargas, inaugurando uma nova etapa da história brasileira, porém, sem profundas alterações no contexto sócio-econômico do país. No Piauí, os fatos ocorridos representaram um reflexo do movimento nacional, ou seja, um movimento sem a participação popular, onde uma parcela da elite dominante se aproveitou da nova realidade para promoverem um verdadeiro “toma cargo”. 2.2 – Principais Acontecimentos ü A Rebelião do Cabo Amador → Por motivos ainda não bem explicados, no alvorecer do dia 2 para 3 de junho do ano de 1931, liderado pelo cabo Amador, um grupo de cabos e soldados do 25º Batalhão de Caçadores de Teresina, prendeu os sargentos e os oficiais dessa Guarnição Federal. Em seguida tomou o quartel da polícia militar, prendendo a oficialidade. → Enquanto isso, outro grupo sitiou o Palácio do Governo. Seguindo à frente de seus comandados, o cabo Amador prendeu o Interventor Federal do Estado, o Tenente do exercido Landri Sales. Tomaram o Banco do Brasil, os Correios e a Delegacia do Tesouro Nacional. O Cabo Amador contou com a decisiva participação do cabo Ariovaldo Cavalcante e do cabo Aluízio, que se sentou na cadeira do interventor e assumiu o cargo de primeiro mandatário do Estado, ou pelo menos, sentiu-se como tal, o certo é que ficou conhecido como Cabo Interventor. → A rebelião durou 48 horas. A polícia militar reagiu à altura, conseguindo retomar o seu quartel. O desembargador Vaz da Costa, que havia comandado a Revolução de 30 no Piauí, libertou os sargentos e oficiais do 25º BC e soltou o interventor, que pessoalmente, de arma em punho, comandou um grupo de militares e após intenso tiroteio, retomou o Palácio do Governo. O Cabo amador, que com um grupo de comandados, controlava o Banco do Brasil, rendeu-se ao desembargador Vaz da Costa. O comandante do 25º BC, João Martins Morais, reunindo os sargentos e soldados, fiéis ao governo, ajudou a sufocar o movimento, fazendo com que a paz e a ordem voltassem a reinar no quartel. ü Os Incêndios → Na primeira metade da década de quarenta, o governo do interventor Federal Dr. Leônidas Melo, foi marcado por uma enorme onda de repressão e violência, promovidas por seu chefe de polícia, coronel do exército Evilásio Gonçalves Vilanova e por terríveis incêndios, que marcou o inconsciente coletivo da população pobre de Teresina. A pobreza que habitava os casebres de palha, situados na periferia, vivia em verdadeira polvorosa. Invariavelmente, quase todos os dias, a fumaceira subia aos céus e as línguas de fogo devoravam os casebres. → Dezenas de famílias assistiam as suas casas, ruas inteiras, se transformarem em cinzas. Levas e mais levas de flagelados, sem ter para onde ir, procuravam abrigos nas sombras das grandes árvores. Enquanto isso, o governador não fazia nada para diminuir o sofrimento das vítimas. Não havia nenhum plano de assistência social e enquanto a calamidade ganhava notoriedade nacional, centenas e centenas de pessoas eram condenadas à miséria absoluta. → Os adversários políticos culpavam o governo e o governo a estes. Havia a suposição de que a autoria dos incêndios era do chefe de polícia, que queria desestabilizar e derrubar o governo para assumir a interventoria. Outros, porém, atribuíam a ação de piromaníacos, que não tinham nada a ver com a polícia. O chefe de polícia e comandante da Polícia Militar do Piauí, tentando mostrar serviço, prendeu o médico Cândido Ferraz, um comerciante e mais dez trabalhadores, acusando-os de incendiários. Depois, investigou cerca de duzentas pessoas, das quais trinta e sete foram presas, humilhadas e torturadas. → Manoel Gomes Feitosa, não resistindo a tanta violência, terminou morrendo, vomitando sangue. O processo envolvendo os acusados foi julgado pelo Tribunal de Segurança Nacional, no Rio de Janeiro. O médico foi absolvido, com a conseqüente desqualificação do crime para os demais acusados. E os acusadores, especialmente as autoridades da área de segurança pública, foram responsabilizados, enquanto que a autoria dos crimes foi imputada à Polícia Militar do Piauí. 2.3 – Principais Interventores ü Humberto de Arêa Leão (1930-1931) → O seu governo foi recheado de conturbações políticas, trocas de cargos, denúncias e nepotismo, ou seja, no Piauí como nos outros estados, todas as novas mudanças tentavam ferir a velha oligarquia, que perdera seus cargos e privilégios, e outros foram nomeados para suas respectivas vagas. Até hoje, isso é ‘normal’ se não fosse o caso do interventor nomear 28 prefeitos, seus quatro irmãos, sendo que um deles Raimundo Arêa Leão foi nomeado prefeito da Capital. Corte de funcionários, perseguições, oposição dos prefeitos depostos foram suficientes para, em janeiro de 1931, Humberto de Arêa Leão ser deposto. ü Joaquim Lemos Cunha (1931-1931) → Também foi um período conturbado, pois ficou em meio a um fogo cruzado propiciado pelas disputas oligárquicas locais; (Vaz da Costa x Matias, Arêa e Napoleão). No seu governo, foi fundada a Faculdade de Direito, que deu origem à Universidade Federal do Piauí. Na verdade, o interventor não teve habilidades suficientes para resolver os problemas políticos e acabou sendo substituído por Landri Sales Gonçalves . ü Landri Sales Gonçalves (1931-1935) → Um interventor “estrangeiro”, Landri Sales não era piauiense, isso viria gerar uma grande oposição às medidas duras do cearense, que declaradamente era avesso à classe política. No seu governo, teve que enfrentar várias rebeliões; armada do 25º BC, a Revolta dos Cabos. Tentou formar um governo em que o primeiro escalão pertencia ao exército e alguns civis. No campo econômico, suprimiu alguns impostos. Criou uma indústria de charque. O sistema rodoviário foi ampliado. Podemos dizer que foi o maior dos interventores. Ao final da sua administração, são expressivas as mudanças em nosso estado. Em 1935, Landri Sales foi substituído por Leônidas de Castro Melo eleito indiretamente pela Assembléia que elaboraria uma nova Constituição para o Estado. ü Leônidas de Castro Melo (1935-1945) → Foi eleito indiretamente pela Assembléia Estadual durante o Estado Novo (1937-45). Na sua gestão, construiu o Hospital Getúlio Vargas, um dos maiores do Nordeste, além da Casa Anísio Brito, do Museu do Piauí e do Arquivo Público. Ainda em seu governo, partiu para a Itália o contingente piauiense da Força Expedicionária Brasileira (FEB). A principal característica de sua administração foi o totalitarismo da Era Vargas (Estado Novo), sendo que, no Piauí, as perseguições políticas e os incêndios em casebres, em Teresina, faziam parte do terrível cotidiano, um processo semelhante ao da destruição dos cortiços no Rio de Janeiro (revolta da Vacina), ou seja, uma tentativa de modernização que marginalizava as camadas mais baixas. 3 – O Período Democrático no Piauí (1945 – 1964) 3.1 – O Fim da Era Vargas → Getúlio Vargas foi deposto da presidência pelo Exército em 29 de outubro de 1945. Nos Estados, todos os interventores foram substituídos. No Piauí, o coronel do Exército Antônio Leôncio Pereira Ferraz ficou no lugar de Leônidas Melo. O novo interventor, empossado a 9 de novembro, demitiu todos os prefeitos municipais, substituindo-os por pessoas ligadas à União Democrática Nacional. O Piauí viveu período de intensa instabilidade política entre 45 e 47. Era a transição do regime ditatorial para a democracia. Houve inusitadas e sucessivas nomeações de interventores que não conseguiram se manter por muito tempo no poder. O primeiro deles foi Leônidas Pereira Ferraz, que assumiu em 45. Renunciou e foi substituído por Benedito Martins Napoleão do Rego, intelectual dos mais brilhantes de sua geração. Também demorou pouco. Foi nomeado o antigo comandante da Polícia Militar, coronel Vitorino Correia. A oposição, chefiada por Eurípedes de Aguiar, fez-lhe um combate sem trégua através do Jornal “O Piauí” que foi empastelado, resultando o atentado na morte do vigia Miguel Pedro. Mais dois interventores foram nomeados no período: Teodoro Sobral e Valdir Gonçalves. 3.2 – Acontecimentos Marcantes ü O Grande Líder Dom Avelar → Alagoano de nascimento, Dom Avelar Brandão Vilela, o segundo arcebispo de Teresina (1956-1971), se transformou numa das figuras mais queridas do Piauí. Além de grande orador sacro, era um homem culto e de rara inteligência. Seu carisma o transformou num dos homens públicos mais populares do Piauí de todos os tempos. Era um verdadeiro amigo do povo e um grande empreendedor no campo pastoral, social e educacional. → Dentre as suas realizações, destacam-se a fundação da Ação Social Arquidiocesana (ASA), a criação da Faculdade Católica de Filosofia, a implantação da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) e a instalação de trinta ginásios, a criação de várias paróquias, a realização do Congresso → Em 1980, no rescaldo da Ditadura Militar, quando os brasileiros ainda não haviam recuperado todos os seus direitos políticos e de cidadania, o Brasil, na qualidade de maior país católico do mundo, foi contemplado com a primeira visita do Papa João Paulo II, que por sinal, foi o único papa a visitar o nosso país. Graças ao prestígio do embaixador do Brasil no Vaticano, o piauiense Espedito Resende, da cidade de Piripiri, o santo padre concordou em fazer uma breve escala no Piauí. → A visita ocorrida em 8 de julho daquele ano, se transformou no maior acontecimento católico do nosso Estado. O governador do Estado, Dr. Lucídio Portela, o arcebispo de Teresina, Dom José Freire Falcão, bispos, padres e dezenas de autoridades civis, militares e eclesiásticas e milhares de pessoas, lotaram o aeroporto de nossa capital. → O sumo sacerdote, ao chegar, beijou o solo piauiense e foi recebido com entusiasmo pelas autoridades e pela grande massa popular. Após o tradicional Pai Nosso, um grupo de estudantes estendeu uma faixa com os dizeres: “Santo Padre, o Povo Passa Fome”. Apesar da rápida ação da polícia, visando tomar a faixa e prender os responsáveis por aquele ato, a mensagem ali estampada foi lida pelo papa, foi fotografada e filmada e correu o mundo nas páginas dos jornais, das revistas e nas TVs do Brasil e do exterior. 4.3 – Principais Governos ü Petrônio Portela Nunes (1963-1966) → Advogado, Deputado Estadual, Prefeito de Teresina (eleito), Senador pelo Piauí (duas vezes), líder da maioria no senado, Presidente do Congresso Nacional da Arena, nascido em Valença do Piauí, eleito pelo voto direto, procurou, no seu governo, levar as ações administrativas aos municípios do estado. Incentivou o desenvolvimento da saúde, com a ampliação do Hospital Getúlio Vargas, além da educação, da indústria e da pecuária. Inaugurou filiais do Banco do Estado em diversos municípios, como Parnaíba, Campo Maior, José de Freitas, São Raimundo Nonato, Barras e outros. Instalou o Instituto de Assistência e Previdência Social do Piauí, o Conselho Estadual de Educação e Cultura, a Faculdade de Odontologia, Faculdade de Medicina. Criou também a CEPISA e a AGESPISA. → No seu governo, ocorreu o golpe militar de 64, em que foram cassados os mandatos dos deputados estaduais Deusdeth Mendes Ribeiro, Temístocles Sampaio Pereira, José Alexandre Caldas Rodrigues, Celso Barros Coelho e dos suplentes Honorato Martins, Antônio Ubiratan de Carvalho e José Francisco Paes Landim. Em razão das viagens do governador, assumia constantemente o governo do estado o seu vice, João Clímaco D’Almeida. Com a implantação do regime militar, em 64, acabou-se a eleição direta para governador e prefeitos das capitais. A escolha passou a ser feita pelos quartéis. A Assembléia Legislativa apenas homologava os nomes escolhidos. ü Helvídio Nunes de Barros (1967-1970) → Advogado, Prefeito eleito de Picos, Deputado Estadual e Secretário das Obras Públicas do Piauí. Primeiro governador escolhido pelo sistema político implantado no país a partir de 31.03.1964. Helvídio Nunes foi escolhido pela Assembléia Legislativa, pois, com o golpe militar de 64, as eleições diretas deixaram de existir e a escolha dos governantes passou a ser indireta. Seu governo foi caracterizado pela construção de diversos conjuntos habitacionais e pela administração do estado com base na política municipalista, construindo-se no estado diversas rodovias. O seu sucessor foi o vice-governador João Clímaco D’Almeida. ü Alberto Tavares Silva (1971-1975) → Terceiro governador indicado pelo sistema político de março de 1964. Eleito indiretamente em 1971, o engenheiro Alberto Silva chegou inesperadamente para assumir o governo. Prefeito de Parnaíba por duas vezes e deputado estadual, estava, contudo, afastado da vida política do Estado. Era um técnico a serviço do Ceará, onde trabalhava. E foi como um estranho no ninho que ele aportou no Palácio de Karnak, por injunções dos coronéis Virgílio Távora e Costa Cavalcante, este último, ministro das Minas e Energia. As elites políticas locais, chefiadas por Petrônio Portella, aceitaram, a contragosto, a sua nomeação. Com criatividade e arrojo, Alberto Silva realizou um governo desenvolvimentista, aliado a um ambicioso plano de marketing. Trabalhou a auto-estima dos piauienses. Tirou o Piauí do anedotário nacional. Ficou conhecido como um tocador de obras e tornou-se um mito político. O Piauí experimentou no seu governo um surto de progresso, embalado pelo chamado milagre brasileiro. Os investimentos em infra-estrutura foram vultosos. As estradas foram melhoradas e asfaltadas. A capital começou a exibir sinais de metrópole e ficou interligada por rodovias a todo o interior e ao restante do país. Vários empreendimentos empresariais se implantaram nos mais diferentes setores. Seu governo contou com o irrestrito apoio do piauiense Reis Velloso, o então todo-poderoso ministro do Planejamento. → Obras principais: Albertão, Maternidades de Teresina, Floriano e Picos (pré- fabricadas), HDIC, Pólo Petroquímico de Teresina, inaugurado pelo Presidente Ernesto Geisel, construção do Prédio da Cepisa, construção do Hotel Piauí, construção do Monumento aos Mortos na Batalha do Jenipapo, no município de Campo Maior, asfaltamento de estradas federais e estaduais, totalizando quase 1.000 quilômetros, Zoobotânico de Teresina, Fontes luminosas (Frei Serafim), ampliação e reforma do Theatro 4 de Setembro, inaugurado com a presença da Orquestra Sinfônica Nacional e do Corpo de Baile do Rio de Janeiro. ü Dirceu Mendes Arcoverde (1975-1979) → O governo de Dirceu Arcoverde foi caracterizado pela ampliação da rede hospitalar, a expansão da energia elétrica para o interior e a construção do Centro Administrativo da Capital, do Centro Comercia, do Ginásio Coberto de Teresina (Verdão), além do incremento da rede escolar e da construção da Praça Da Costa e Silva. Também fez forte ampliação da rede de abastecimento d’água em Teresina, sem falar na construção do Centro de Convenções. Dirceu Arcoverde deixou o governo para candidatar-se ao Senado Federal, para o qual foi eleito, sendo substituído pelo vice-governador Djalma Martins Veloso. ü Lucídio Portela Nunes (1979-1984) → O governador Lucídio Portela ampliou o sistema penitenciário, recuperou o Hospital Getúlio Vargas, deu continuidade às obras do Estádio “Albertão”, promoveu o melhoramento do setor agrícola e pecuarista e construiu a Estação Rodoviária de Teresina e o Centro Artesanal. Mas a grande marca de seu governo foi a construção de casas populares. 5 – A Nova República (1985 a dias de hoje) 5.1 – O fim da Ditadura Militar → No início dos anos 80, a ditadura militar dava sinais de decadência, desencadeando-se no país uma série de greves e manifestações políticas para a redemocratização do país. O Piauí se fez presente nessas manifestações ao realizar uma grande passeata e comício em favor da emenda do deputado federal Dante de Oliveira, pelas Diretas Já. → Antes do movimento “Diretas Já”, o governo de Figueiredo, último ditador militar, estava promovendo um processo de abertura política, com o retorno ao pluripartidarismo e eleições diretas para o poder executivo a nível municipal e estadual. → Apesar da derrota na campanha das Diretas Já, a vitória dos ideais democratas superou os obstáculos, com a eleição, no Colégio Eleitoral, do candidato oposicionista Tancredo Neves, para a presidência da República, contra Paulo Maluf. Tancredo Neves foi substituído, pouco antes da posse, em razão de seu falecimento, pelo vice-presidente José Sarney, iniciando-se assim uma nova fase de nossa história, denominada de Nova República, na verdade um grande acordo de conciliação política feito pelas elites brasileiras, a fim de impedir uma ruptura realmente renovadora. → No Piauí, a transição da ditadura para a redemocratização tem início com a eleição direta do governador Hugo Napoleão, dando fim ao longo período de governantes nomeados pelo poder central (interventores) ou eleitos pelo voto indireto, o que deixava o povo fora das grandes decisões políticas. 5.2 – Principais Governos ü Hugo Napoleão do Rego Nego (1983-1986) → Eleito pelo voto popular, em 1982, Hugo Napoleão teve que enfrentar desentendimentos com Lucídio Portela, em torno da sucessão presidencial, provocando a cisão do PDS (Partido Democrático Social) no Piauí, que originou o PFL (Partido da Frente Liberal), oriundo da Frente Liberal, bloco político que apoiou a candidatura oposicionista de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Durante sua administração, nenhuma obra pública de grande porte foi realizada. Nas eleições presidenciais, apoiou o candidato Tancredo Neves, sendo esta a marca histórica do seu governo. → O seu governo que passou a ser chamado pela oposição de “República dos Bacuraus”, foi um dos mais profícuos. Dentre os atos e fatos da sua administração, destacam-se: construção do Prédio da Assembléia Legislativa do Estado do Piauí, construção do prédio do Hemocentro, instalação de vários “PM- Boxs”, construção de linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica e ampliação da rede de iluminação pública da capital e do interior e implantação do Programa de Bolsa de Estudo. ü Alberto Tavares Silva (1986-1990) → No seu segundo governo, devido a uma nova conjuntura econômica do país, não teve o mesmo êxito do primeiro governo. Inflação galopante, planos econômicos fracassados e uma conseqüente diminuição das verbas federais, fizeram com que o novo governo Alberto Silva enfrentasse dificuldades com atrasos nos salários dos servidores e o surgimento de obras inacabadas. → Desta administração, que ainda foi marcada por denúncias de corrupção, destacam-se: a construção do Park Poticabana, o fechamento do Banco do Estado do Piauí, a construção do Pré-Metrô de Teresina e a construção da Barca do Sal, que foi um fiasco. ü Antonio de Almendra Freitas Neto (1991-1994) → Dentre os fatos a atos de sua administração, destacam-se: demissão de 40 mil servidores públicos, tendo como justificativa a moralização dos serviços, construção das Barragens Bezerro e Piracuruca, inauguração da nova sede do 2º Batalhão da Polícia Militar, em Parnaíba, construção dos centros de Ensino Básico (Escolões) e instalação do Centro Integrado Lineu Araújo. Em 30 de março de 1994, renunciou para se candidatar ao Senado, assumindo o governo o seu vice Guilherme Melo. ü Guilherme Melo (1994-1995) → Das suas realizações, destacam-se as construções dos ginásios Poliesportivos em alguns municípios e a transformação da estrutura do que seria a rodoviária de Teresina, em Pavilhão de Feiras e Eventos, que em sua própria homenagem, foi batizado com o seu nome. ü Francisco de Assis Moraes Souza (1995-2001) → Na disputa eleitoral de 1994, foi eleito Francisco de Assis Moraes Souza, o “Mão Santa”, derrotando seu adversário, Átila Lira, em segundo turno. Com a vitória, pela primeira vez em sua história, o Piauí elegeu como vice-governador um líder sindical, Osmar Araújo, ex-presidente da Fetag – Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Piauí. O governador Mão Santa recuperou e construiu novas estradas para o escoamento da produção, principalmente na região dos cerrados. No âmbito administrativo, buscou qualificar o servidor público com a realização de concursos públicos nas áreas de saúde, educação e segurança. → Candidato novamente a governador, em 98, com a inauguração do instituto da reeleição, Mão Santa conseguiu um novo feito eleitoral: derrotou o nome de maior expressão política do Piauí, o senador Hugo Napoleão, líder do PFL no Congresso Nacional, ex-governador e por três vezes ministro de Estado: da Educação, da Cultura e das Comunicações. Mão Santa coleciona ainda outro feito histórico: junto com ele, os piauienses elegeram pela primeira vez, um comunista como vice-governador, Osmar Júnior, um militante do PC do B que foi líder estudantil, vereador de Teresina, secretário municipal de Transportes e secretário estadual de Cultura. → O seu segundo governo foi marcado por denúncias de escândalos e corrupções em todos os níveis. Em 06 de novembro de 2001, em decorrência de ação ajuizada pelo senador Hugo Napoleão, fundamentada no uso da máquina administrativa e abuso de poder político e econômico na eleição de 1998, o Tribunal Superior eleitoral, por unanimidade de votos, cassou o seu mandato, bem como o do seu vice. → Dentre os atos e fatos de sua administração, evidenciam-se: construção de escolas, pavimentação de estradas e construção de pontes, reconstrução do ginásio coberto “O Verdão”, reforma e ampliação do Hospital Getúlio Vargas, restauração do Clube dos Diários e de outros prédios históricos, ampliação do sistema de esgoto e saneamento da capital, implantação dos projetos “Sopa na Mão” e “Luz Santa”, intervenção de federalização do Banco do Estado do Piauí, federalização da CEPISA; aplicação do PDV, com a demissão de 8.300 funcionários públicos, dentre outros. 5.3 – Acontecimentos Marcantes 5º) (UFPI – 96) “Clodoaldo Freitas é um dos muitos exemplos possíveis do desencanto com a República (...). O primeiro ponto, relativo à república, a que não era dos seus sonhos, era definida por Clodoaldo Freitas de forma impiedosa. O aspecto central da crítica estava ligado a questão da negação da cidadania, que o autor considerava a própria negação da República”. (QUEIROS, Os literatos da República. P. 228-9). A expressão “negação da cidadania” constante no texto tem relação com: a) A eliminação de militar e analfabeto do processo eleitoral. b) O voto secreto e o pluripartidarismo. c) O direito de voto para as mulheres e analfabetos. d) O voto “bico-de-pena” e direito de voto a todo brasileiro maior de 21 anos. e) A existência da Comissão de Reconhecimento de Poderes e voto secreto. 6º) (UFPI – 96) “É possível afirmar que grande parte da população urbana (Teresina 1877-1914), vivendo sem o controle direto do patrão poderia organizar seu cotidiano, e, particularmente seu fazer. (...) Proseavam uns com os outros, comentavam sobre as carestias e contavam anedotas e lendas. (...) Os desempregados misturavam-se aos trabalhadores nas praças e ruas de Teresina. Todos ficavam à espera de uma ocupação. (...) as mulheres doceiras, costureiras e artesãs, que trabalham em suas casas, intercalavam o trabalho para fora com as suas obrigações domésticas. Sabiam, assim, levar a labuta entremeada pela baforada de um cachimbo de barro, pelas conversas com as vizinhanças ou pelo cantalorar”. O texto retrata, exceto: a) A magia da sobrevivência em Teresina. b) Trabalho e lazer dos excluídos sociais em Teresina. c) O cotidiano dos trabalhadores flutuantes do Piauí, no final do século XIX e início do século XX. d) Hábitos, costumes e tradições em Teresina. e) O cotidiano da pobreza teresinense. 7º) (UFPI – 98) Na opinião de um integrante da elite local, “a Revolução de 30 no Piauí foi um toma cargo”. (NASCIMENTO, Francisco Alcides do. A Revolução de 30 no Piauí. (1928-1934). Teresina. Fundação Cultural Mons. Chaves. 1994. p. 121). Tal depoimento expressa o(a): a) Fortalecimento do poder dos coronéis. b) Falta de participação popular no movimento. c) Decorrência da vitoriosa “Revolução dos Cabos”. d) Declínio das velhas oligarquias locais. e) Caráter eminentemente civil do movimento. 8º) (UFPI – 99) Referindo-se ao uso da máquina governamental como recurso de favorecer a reeleição, o governador do Piauí assim se expressou: “(Cristo) divulgou tão bem (as suas obras) que 2000 anos depois ainda nos lembramos delas”. (Mão Santa, em maio de 99, para a Folha de São Paulo). A esse respeito é correto afirmar que: a) A ocorrência tornou-se comum no Piauí em virtude do levado índice de analfabetos. b) Os Estados do Sudeste estão isentos dessa prática devido à maturidade política de seus líderes. c) A Lei da reeleição beneficiou o Nordeste, pois o índice de escolaridade conscientizou o eleitorado. d) A legislação eleitoral concede liberdade aos candidatos à reeleição de discursar na inauguração de obras públicas. e) O desrespeito às normas da Justiça Eleitoral pode ser constatado em diferentes regiões do país. 9º) (UFPI – 96) “Após a instalação do governo da Capitania do Piauí, (século XVIII) as famílias constituídas por pessoas pertencentes à camada mais elevada da sociedade local, apresentam-se como unidades políticas em torno das quais gravitavam o restante da sociedade. Seus membros formavam a aristocracia rural da região, cujo afidalgamento fora determinado pela ascendência portuguesa. (...) A maneira como as famílias de elite foram estruturadas, formando extensos grupos de parentesco, indica, ainda, que no contexto colonial piauiense o prestígio político tinha relação com o tamanho do grupo de parentesco.” (BRANDÃO). A elite Colonial Piauiense, p. 209-1). Interpretando o texto acima, todas as alternativas estão corretas, exceto: a) A oligarquia do Piauí é, predominantemente, familiar. b) O prestígio político do coronel dependia, fundamentalmente, da dimensão do grupo familiar. c) As famílias de elite originam-se da aristocracia rural da região. d) A sociedade do Piauí colonial caracterizava-se pelo ruralismo. e) A estrutura oligárquica no Piauí do século XVIII fundamentava-se na burguesia comercial, existente no norte da Província. 10º) (UFPI – 2000) Observe os seguintes depoimentos, acerca de Teresina, nas primeiras décadas deste século: “De acordo com o cronista “Z”, em 1913: Os casebres de palha em franca parceria com construções elegantes... representam como que feridas gangrenosas que se alastram e deturpam a beleza estética da urbe”. “Entretanto, Augusto Ewerton e Silva, em 1927, punha em destaque: “Silvo de locomotiva, traduzindo promissora realidade, o buzinar dos automóveis e caminhões, indo e vindo, correndo céleres... a água canalizada, a luz elétrica, as sucessivas construções de edifícios públicos e particulares, obedecendo, todos, à arquitetura moderna, aformoseando praças e ruas, tudo são atestados vivos do progresso de nossa cidade”. (QUEIROZ, Teresinha. Os literatos e a República. 2º ed. Teresina/J. Pessoa: Universitária, 1998, p.30 e 31). Partindo dos dois comentários apresentados, é correto afirmar que: a) A situação dos marginalizados se agravava e as melhorias urbanas beneficiavam, sobretudo, os mais ricos da sociedade local. b) A primeira versão constitui uma análise de influência marxista, ao passo que a segunda é uma defesa de ação política do governo. c) A implantação do regime republicano conseguiu superar os dilemas da pobreza através de uma política de bem-estar social. d) A primeira versão diz respeito ao declínio da produção agrária do Piauí, enquanto o segundo representa a consolidação da política de desenvolvimento industrial. e) A modernização do Brasil atingiu seu clímax a partir da terceira década do século XX, quando Teresina se firmou como principal pólo urbano do Nordeste. 11º) (Prof. Desdeute) Analise as proposições abaixo e depois assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s). I. No Piauí, o processo republicano atingiu proporções jamais vistas, uma vez que contou com a participação maciça de todos os setores sociais. II. No Piauí, o processo republicano teve as mesmas características das demais províncias do país, pois somente a classe dominante conduziu o movimento. III. O Piauí foi uma província contrária aos ideais republicanos, até porque estava bastante ligada à monarquia. IV. A abolição dos escravos provocou no Piauí uma enorme insatisfação nos latifúndios, que dependiam dessa mão-de-obra. a) I e IV. b) II. c) III e IV. d) I, II e III. e) II, III e IV. 12º) (UESPI – 2001) “Eu só admiro a mulher na santidade de seu lar, tratando da família. Quanto maior o número de filhos que uma senhora cria com desvelo e solicitude, mais a considero sábia e santa (...)”. (FREITAS, Clodoaldo. Apud. CASTELO BRANCO, Pedro Vilarinho. “Mulheres Plurais”. 1996. p. 114). “É mesmo um pouco desolador passar pela vida e no meio do perfume, da beleza, do tom e da harmonia e não se embeber nela um ímpeto dionisíaco. É o caso da solteirona. Porque a missão da mulher na terra é a maternidade.” (EDMO. “Jornal do Piauí”. Ibidem. P. 117). O início do século XX faz brotar, ao lado das funções e valores tradicionalmente atribuídos à figura feminina, papéis e espaços compatíveis com a posição que aquelas deveriam desempenhar na nova conjuntura. Sobre este momento, os fragmentos da literatura piauiense da época deixam transparecer: a) Ao contrário das grandes discussões que se construíam sobre os novos espaços que deveriam ser ocupados pela mulher dentro da sociedade capitalista despontante, as discussões acima revelam que no Piauí os novos valores relacionados à condição feminina ainda não tinham conseguido penetrar na tessitura social. b) Que o republicano piauiense Clodoaldo Freitas demonstra possuir uma visão da mulher compatível com a realidade política que ajudara a criar. A chegada da República vinha acompanhada de novos padrões de comportamento, novos valores femininos, que a sensibilidade do literato demonstrava terem percebido e defendido desde os seus primeiros sinais de manifestação. c) O comentário do cronista do Jornal do Piauí sobre as solteiras sem filho permite perceber que a Bélle Époque desembarcara em Teresina e começava a modernizar o padrão familiar, incitando as moças solteiras à maternidade. d) É indicativo de que, em Teresina, os valores tradicionais atribuídos à boa imagem feminina se encontravam em situação no mínimo de desconforto, evidenciada na atenção dispensada à questão por intelectuais e pela imprensa do período. e) A e B estão corretas e se complementam. 13º) (prof. Deusdeute) Analisa as afirmativas abaixo sobre a passagem da Coluna Prestes no Piauí: I. Ocorreu no governo de Matias Olímpio. II. Os atos praticados pela Coluna durante o domínio de Floriano mostram o seu caráter anti- oligárquico. III. Durante o cerco da Coluna em Teresina ocorreu a prisão de Juarez Távora pelas tropas legalistas. IV. A Coluna conseguiu, de início, amplo apoio da população de Teresina. São corretas: a) I e II apenas. b) Todas. c) II e III apenas. d) I e IV. e) I, II e III. 14º) (PSIU – 2005) Sobre a Coluna Prestes no Piauí, assinale a alternativa correta. a) O estado do Piauí foi palco do confronto sangrento da coluna Prestes com os cangaceiros de Lampião e as tropas do Padre Cícero, o que resultou na morte de vários membros da coluna. b) O Piauí foi um dos estados visitados por essa coluna do movimento tenentista, que decidiu percorrer o Brasil para levantar a população contra as Oligarquias. c) A população do Piauí, em sua maioria, converteu-se aos ideais dos colunistas, pois acreditava na possibilidade do êxito da revolução por eles proposta. d) A Coluna Miguel Costa-Luís Carlos Prestes percorreu 24 mil quilômetros difundindo os ideais do comunismo pelo país, chegando também ao Piauí. D) o declínio da vila de Oeiras e a transferência da capital para Teresina. E) o estabelecimento de capitais externos financiadores da indústria. 24º) (PSIU) A produção literária de conteúdo anticlerical, no Piauí, foi muito intensa entre 1902 e 1914. Sobre essa questão, analise as afirmações e assinale-as com V (verdadeiro) ou F (falso). 1 ( ) Folhetos denunciavam sacerdotes incapazes de ter uma vida casta. 2 ( ) O anticlericalismo literário propunha a moralização do clero através da denúncia. 3 ( ) Afirmava-se que o ganho da religião implicava o recuo da fé. 4 ( ) O anticlericalismo foi um fenômeno particular do Piauí, sem paralelo no Brasil. 25º) (Prof. Desdeute) Analisa as afirmativas abaixo: I. O crescimento da produção de algodão no Piauí, na segunda metade do século XIX, deve-se ao aumento do consumo por parte dos Estados Unidos. II. Além da pecuária, da borracha de maniçoba e do algodão, o coco babaçu e a soja completavam o quadro da economia piauiense na República Velha. III. A dependência das oscilações do mercado externo fez com que o auge da borracha de maniçoba e do algodão no Piauí fosse efêmero. IV. O crescimento da produção da borracha de maniçoba provocou um aumento populacional no Piauí. Estão corretas: a) I, II e IV. d) II e III. b) I, II, III e IV. e) I e IV. c) III e IV. 26º) Sobre as condições em que ocorreu o processo de proclamação da República no Piauí, é correto afirmar que: a) Predominou na província do Piauí o projeto defendido pelos republicanos radicais, defensores, entre outras propostas, da concessão do voto universal à população masculina. b) Observou-se, no Piauí, uma antecipação da elite intelectual local que, de maneira precoce e ainda no período regencial, funda o primeiro Partido Republicano do Brasil. A experiência, porém, isolada e incapaz de manter-se e difundir-se, resultou num fracasso. c) O caráter assumido pela proclamação da República no Piauí foi marcado pela predominância de contornos acentuadamente conservadores. Destoando do projeto radical defendido pro David Caldas, no Piauí o movimento apresentou uma forte carga de oportunismo ao ser conduzido a partir de uma adesão tardia de monarquistas conservadores e liberais piauienses. d) O Piauí, em decorrência de sua situação de “crise revolucionária” deflagradas por problemas como latifúndio, a opressão social e a miséria, foi uma das províncias na qual ocorreram conflitos entre grupos republicanos e monarquistas. e) Representou o Piauí a primeira província a aderir formalmente à República, após a proclamação no Rio de Janeiro. Tal fato deveu-se à intensa atuação de intelectuais republicanos como Higino Cunha e Clodoaldo Freitas, cuja popularidade e liderança junto às elites provinciais eram inquestionáveis. 27º) (Prof. Deusdete) Analise as afirmativas abaixo: I. O caráter oligárquico da Revolução de 1930, no Piauí, está muito bem representado na interventoria de Landri Sales, que se resumiu às perseguições políticas. II. Nas origens do movimento de 1930, no Piauí, está o mesmo motivo desse movimento a nível nacional: a cisão oligárquica. III. A tranqüilidade política na transição das interventorias e a continuidade nos projetos políticos e econômicos progressistas caracterizaram a Revolução de 1930 no Piauí. Assinale a alternativa correta: a) Apenas a I é correta. d) Apenas a II é correta. b) I e II estão corretas. e) II e III são corretas. c) Todas são corretas. 28º) (UESPI – 2001) O céu de Teresina, na década de 40, teve suas cores alteradas pela presença constante de tom avermelhado que subia das casas em chamas. Sobre os misteriosos incêndios que aconteceram em inúmeras residências em Teresina, na década de 40, pode- se dizer: a) Os contemporâneos destes acontecimentos associavam os mesmos a problemas políticos partidários relacionados ao governo de Leônidas Melo. b) Atingia indistintamente áreas residenciais da classe média e da pobreza de Teresina. c) Não podem ser associados a especulação imobiliária, uma vez que os incêndios ocorreram sempre na periferia, áreas de pouca atração para o estabelecimento de residências de médio e grande porte. d) Podem estar associados a condutas praticadas em outras áreas do país e à facilitação do processo de modernização dos grandes centros. e) A e D estão corretas. 29º) “(...) Assim, no Piauí, um Estado ainda marcado pela sobrevivência secular de um quadro sócio- econômico pouco dinâmico e agrário, escassamente industrializado, a utilização patrimonial do Estado e o consórcio político entre as elites políticas e as oligarquias são elementos primordiais para se entender o seu quadro político e especificamente a manutenção do padrão oligárquico de recrutamento das bancadas dentro do Legislativo Estadual”. (ARRAES, Manoel Ricardo. O poder local: as oligarquias e a composição parlamentar na Assembléia e na Câmara Federal) Com base no comentário do fragmento do texto acima, bem como de seus conhecimentos acerca da relação entre as estruturas econômicas, políticas e sociais do Brasil e, especificamente, do Piauí, considere as afirmações abaixo: I. A forma de organização das estruturas político-administrativo de uma determinada sociedade é, em grande parte, condicionada pela forma de organização de suas estruturas materiais (econômicas e sociais) de maneira a propiciar a continuidade indeterminada de modelos oligárquicos de poder. II. No Brasil, o avanço de um modelo urbanizado de organização da economia e da sociedade tem contribuído de forma decisiva para a preservação das mesmas estruturas e relações de poder dos primeiros tempos da República. III. O Piauí pode ser apontado como uma das regiões brasileiras em que ainda pode ser observada uma forma de domínio político baseada no monopólio do poder por núcleos familiares. IV. Dada a natureza do quadro sócio-econômico, e principalmente de sua influência sobre o quadro político, é possível afirmar-se que no Piauí ocorre um significativo rodízio de lideranças políticas, assim como uma representividade mais ou menos igualitária a todos os segmentos sociais no Legislativo Estadual. V. Quanto à origem regional dos grupos oligárquicos que tomaram assento no Legislativo piauiense, durante o período considerado pelo autor do fragmento do texto acima, é possível apontar-se uma maioria de políticos da região do Sudeste. Estão corretas: a) Todas as afirmativas. b) Somente as afirmativas I, II e III. c) Somente as afirmativas I e III. d) Somente as afirmativas II, III e IV. e) Somente as afirmativas III, IV e V. 30º) (UFPI – 99) Petrônio Portela foi ministro da justiça do General João Batista Figueiredo (1979-1985). Como resultado da atuação do líder piauiense, na política brasileira, pode indicar: a) A consolidação do pluripartidarismo. b) O acordo sindical apoiado pelo PT. c) O crescimento da ARENA como partido majoritário. d) O fortalecimento do PDT, que apoiava o governo. e) A extinção do PTB, apoiado pelos comunistas. BIBLIOGRAFIA NETO, Adrião. Geografia e História do Piauí para estudantes. 3º edição. Edições geração 70. DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-te-vis: a guerrilha sertaneja. Teresina, Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1996. SAMPAIO, Edivaldo. Piauí: Um percurso histórico. Teresina. Fundação Estadual de Cultura e do Desporto do Piauí e Companhia Editora do Piauí. MEDEIROS, Antonio José. Movimentos Sociais e Participação Política. Teresina, Piauí, CEPAC, 1996. RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Estudos Regionais do Piauí. Teresina. Gráfica e Editora do Povo Ltda. BRANDÃO, Wilson. História da Independência do Piauí. COMEPI, Teresina, Pi. LIMA, Iracilde Moura Fé. NUNES, Maria Cecília S. A. e REBELO, Emília M. C. Gonçalves. Piauí: Tempo e Espaço, SP. FTD.
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