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Competências e Habilidades, Notas de estudo de Engenharia Civil

Texto sobre a necessidade de se manter atualizado.

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 10/09/2012

willy-schenneyder-9
willy-schenneyder-9 🇧🇷

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Baixe Competências e Habilidades e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity! 1 COMPETÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO ATUAL: uma discussão necessária nos Cursos de Graduação Elaine Soares de Amorim 1 Eliana da Silva Moreira 2 Resumo: Este artigo propõe-se a desenvolver uma discussão sobre as competências necessárias para o pleno desenvolvimento do processo de ensino / aprendizagem nos Cursos de Graduação. Competências estas exigidas pela nova configuração da sociedade atual, cujo conhecimento está ancorado no acesso instantâneo às informações. Para tanto, serão elucidados e discutidos autores que corroboram com a questão apresentada, ressaltando aspectos comuns e contraditórios referentes às mudanças da educação atual. Palavras-chave: educação - competências - conhecimentos - ensino – aprendizagem Se educarmos pessoas que não partam da crença na existência de uma única teoria certa, mas que tenham sido formadas no confronto de linguagens, de teorias, enfoques e abordagens, sabendo que cada uma dessas ferramentas de pensar está dotada de qualidades, mas também de limitações, teremos diante de nós uma geração de pessoas mais aptas a lidar com o que é mutável no conhecimento e no mundo. Renato Janine Ribeiro Introdução: Houve um tempo em que os conhecimentos apreendidos em sala de aula se fixavam como bagagem para a vida inteira. A aquisição de um diploma era a conquista de uma competência que tornava o aluno preparado para o mercado de trabalho e para a sociedade. 1 Aluna do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Projetos Educacionais, pelo Centro Universitário UNA – BH/MG. Endereço eletrônico para contato : elainefae2003@gmail.com 2 Aluna do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Projetos Educacionais, pelo Centro Universitário UNA – BH/MG. Endereço eletrônico para contato : eliansm@yahoo.com.br 2 Hoje, a humanidade vive num cenário indiscutivelmente diferente e complexo. O rápido desenvolvimento do mundo do conhecimento, bem como a expressividade da dicotomia entre o pensar e o fazer neste universo contemporâneo proporcionaram o surgimento de um novo contexto educacional. A educação firmou-se como um instrumento imprescindível para exploração e interpretação demandadas por esse novo cenário. O acúmulo de saberes e conhecimentos adquiridos ao longo dos anos acadêmicos não é mais suficiente para a interação com este novo paradigma social e educacional. Fazem-se necessários o desenvolvimento de habilidades mobilizadoras e articuladoras dos conhecimentos construídos em sala de aula e a prática da realidade do mercado de trabalho e do cotidiano em geral. Os autores envolvidos nesta discussão apresentam competências que julgam ser essenciais na busca por uma educação condizente com o atual contexto da sociedade do conhecimento. Inicialmente este artigo apresentará alguns aspectos, referentes à educação, que se julgam relevantes para o desenvolvimento deste e que foram pontuados pelos autores pesquisados considerando o que é possível ser feito para alcançar a melhoria do ensino e, conseqüentemente, quais competências devem ser adquiridas ou desenvolvidas para o novo cenário social. Para tanto, referenciaremos o conceito de competência definido por Perrenoud no livro Dez novas competências para ensinar – Convite à viagem. Pretende-se, ainda, a partir do paralelo estabelecido entre as enunciações dos autores, promover uma discussão sobre a necessidade do desenvolvimento de novas competências para o processo educacional, especialmente, no que tange aos professores dos Cursos de Graduação das universidades brasileiras. Novas perspectivas para a Educação Durante as pesquisas e leituras para a elaboração deste artigo, percebeu-se que a Conferência Internacional sobre Educação realizada na cidade de Jomtien, 5 objetivos fundamentais para integrar o contexto das salas de aula, e os sete saberes apresentados por Morin se complementam na medida em que pretendem elucidar um compromisso com a educação integral e de qualidade. Segundo Antunes (200-p. 13), aprender a conhecer é adquirir competências para a compreensão, incluindo o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento. Essa abordagem da aprendizagem vai ao encontro da proposta educacional da sociedade do conhecimento. Há a necessidade de aprender a conhecer e a selecionar os saberes que efetivamente possam ser contextualizados com a realidade que se vive. Morin vem confirmar essa tese quando, sabiamente, apresenta sete problemas centrais na educação que permanecem ignorados ou esquecidos. Os dois primeiros As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão e Os princípios do conhecimento pertinente nos mostram que todo conhecimento está fadado ao erro e à ilusão e que cada vez mais faz-se necessária a promoção de saberes relevantes à realidade de cada sociedade e de cada cultura. O conhecimento é construído através das interpretações e reconstruções cerebrais percebidas da realidade através dos nossos sentidos. Seja pela subjetividade do conhecedor, seja pelas diferenças culturais, sociais e de origem ou até mesmo pelas crenças intelectuais que impedem a contestação de uma doutrina ou tese estabelecida, surgem os erros e ilusões que impedem questionamentos fundamentais para a consolidação da educação na sociedade do conhecimento. Além disso, faz-se necessário o empenho na busca por uma educação baseada em conhecimentos que englobem a totalidade universal, conjugando o global com as particularidades de cada realidade educacional, social e cultural. Para Morin (2005-p. 35), o conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital. É o problema universal de todo cidadão do novo milênio: como ter acesso às informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las? Como perceber e conhecer o Contexto, o Global (a relação todo/partes), o Multidimensional, o Complexo? Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os 6 problemas do mundo é necessária a reforma do pensamento. Por isso, a necessidade de aprender a conhecer para que haja o questionamento de verdades impostas e a busca para concretização do objeto conhecedor para a solução de problemas sociais. Outro aprendizado essencial para a educação atual é aprender a ser, dentro de uma visão holística e integral do ser humano. Aprender a ser retoma a idéia de que todo ser humano deve ser preparado inteiramente – espírito e corpo, inteligência e sensibilidade, sentido estético e responsabilidade pessoal, ética e espiritualidade – para elaborar pensamentos autônomos e críticos e também para formular os próprios juízos de valores, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir em diferentes circunstâncias da vida. ANTUNES (2001-p. 15) Afirmando a importância desse pilar educacional, Morin nos diz em “Ensinar a condição humana” que a identidade humana é constituída por características que permeiam esferas terrenas, físicas, biológicas, culturais e sociais. Não somos, portanto, seres que poderiam ser conhecidos e compreendidos separadamente por um desses aspectos mencionados. Segundo Morin (2005-p. 55), compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade. É preciso conhecer a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno. Para ele, a educação deverá ilustrar esse princípio de unidade / diversidade em todas as esferas. Ainda no aprender a ser, Morin, no capítulo “Ensinar a identidade terrena” registra que na complexidade do mundo moderno, “as incontornáveis informações sobre o mundo sufocam nossas possibilidades de inteligibilidade”. (2005-p. 64). Somos seres planetários, pois pertencemos ao Planeta Terra que passou e passa por mudanças significativas, se revelando hoje, nessa complexidade única, composta pelas diversidades culturais, sociais e de desenvolvimento. O planeta exige um pensamento policêntrico capaz de apontar o universalismo, não abstrato, mas consciente da unidade / diversidade da condição humana; um pensamento policêntrico nutrido das culturas do mundo. Educar para esse pensamento é a finalidade da educação do futuro que deve trabalhar na era planetária, para a identidade e a consciência terrenas”. MORIN (2005-p 64, 65) 7 A consciência de que somos seres terrenos nos remete ao sentimento de pertencimento planetário. A partir desse sentimento, há a necessidade de aprender a “estar aqui” no planeta. Segundo Morin (2005, p. 76), esse aprendizado perpassa quatro níveis de conscientização, descritos da seguinte maneira:  a consciência antropológica, que reconhece a unidade na diversidade;  a consciência ecológica, Isto é, a consciência de habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva (biosfera): reconhecer nossa união consubstancial com a biosfera conduz ao abandono do sonho prometéico do domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre a Terra;  a consciência cívica terrena, isto é, da responsabilidade e da solidariedade para com os filhos da Terra;  a consciência espiritual da condição humana que decorre do exercício complexo do pensamento e que nos permite, ao mesmo tempo criticar-nos mutuamente e compreender-nos mutuamente. A educação deve se empenhar no exame e no estudo da complexidade humana para que o indivíduo formado sob essa ótica desenvolva sua singularidade na diversidade existente. A complexidade do mundo contemporâneo trouxe consigo a certeza de que o futuro é incerto. A velocidade das transformações e os desvios e as bifurcações de acontecimentos que se apresentavam previsíveis fazem surgir, segundo Morin (2005-p. 85), uma nova consciência de que a humanidade é conduzida para uma aventura desconhecida. “Enfrentar as incertezas” é o quinto dos sete saberes necessários à Educação do Futuro apresentado no livro de Morin. Nele o autor descreve que será preciso ensinar princípios de estratégias que permitam enfrentar os imprevistos, o inesperado e a incerteza e modificar seu desenvolvimento, em virtude das informações adquiridas ao longo do tempo. Corroborando e complementando esse saber, Morin apresenta também a 10 dizer que a constante avaliação dos alunos em situações de aprendizagem e de sua própria atuação é um fator determinante para o aprimoramento do ensino. Com a globalização um leque de informações se abre diante do aluno. As novas tecnologias ampliam o conhecimento sobre tudo o que envolve uma disciplina e cabe ao professor, como “agente modificador das situações de aprendizagem”, contribuir para sua progressão, proporcionando dispositivos que o auxilie na diferenciação do que é importante para o desenvolvimento do conhecimento e o que pode ser descartado. O aluno deve ser levado a envolver-se com sua aprendizagem, ou seja, ele deve aprender a aprender para então se tornar um sujeito crítico, reflexivo e criativo. Para dar toda essa orientação a seu aluno, será exigido do professor uma mudança de comportamento didático e de metodologias estabelecidas para a melhor condução do processo de ensino / aprendizagem. As considerações feitas anteriormente abordando as cinco primeiras competências descritas por Perrenoud incluem também três dos sete saberes de Morin: saber fazer, aprender a viver juntos, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências, e saber ser. Estes de alguma forma não podem ser dissociados haja vista que fazem parte da constituição do sujeito social capaz de desenvolver aptidões, ou melhor, competências para lidar com variadas situações sejam elas nos âmbitos educacionais, sociais ou de trabalho. Tal desenvolvimento não se faz apenas no individualismo há a necessidade de reconhecimento do outro, do pluralismo. Por isso, no âmbito do ensino / aprendizagem é importante a elaboração de projetos e trabalhos em equipe para que o aluno aprenda a gerir conflitos e a ser compreensivo. Dessa forma, ele acaba se reconhecendo no outro e firmando sua personalidade enquanto ser “único” dentro de um grupo. O desenvolvimento de variadas competências contribui para que o aluno aja com mais autonomia e tenha mais consciência de suas responsabilidades. 11 Reflexão sobre a docência – teoria e prática Os apontamentos feitos neste artigo, sobre competências e saberes, partem de uma visão reformista e inovadora do sistema educacional e também das complexidades do mundo atual. Pensando esse novo direcionamento para educação podemos lançar mão de duas perguntas: seria possível dizer que os professores dos Cursos de Graduação já atuam de modo a atender às novas propostas, ou melhor, a atender as exigências do contexto social? Eles possuem as competências necessárias para auxiliar seu novo alunado na construção do conhecimento? Tais questionamentos servem para a reflexão docente e, tendo em vista o que foi apresentado, saber ensinar não se resume à clareza da comunicação e saberes teóricos como muitos ainda pensam. As práticas precisam ser inovadas e para isso é necessário que haja, por parte dos docentes, uma ruptura com antigos paradigmas. Não há aqui a pretensão de propor que se deixe a teoria para pensar apenas a prática, ao contrário, as duas devem andar lado a lado, pois uma se “personifica” na outra e ambas se complementam. No entanto, muitos ainda não percebem que a teoria tem seus limites e que estes precisam ser ultrapassados e isso dependerá da maneira como o professor geri suas aulas. O profissional deve saber jogar com as regras, se necessário violá-las e redefini-las, e isso também ocorre com as regras técnicas e as certezas teóricas. Nesse sentido, pede-se que ele tenha uma relação com os saberes teóricos que não seja reverente nem dependente, mas, ao contrário, crítica, pragmática e até mesmo oportunista. PERRENOUD (2001-p. 141) As novas competências podem ser desenvolvidas a partir da observação das atividades realizadas dentro de sala de aula, através da análise das variadas situações que envolvem tais atividades. O que se percebe é que esse senso de observação, de certa forma, está deficiente no professor dos cursos de graduação que na maioria das vezes está preocupado apenas com o conteúdo programático. 12 E, em meio a tanta teoria acaba não havendo espaço para que o professor e/ou aluno se desenvolvam enquanto ser que precisa aprender a viver junto, a compreender o outro e com isso aprender a aprender para se tornar um profissional/cidadão capaz de adaptar-se às exigências do contexto atual. Considerações Finais Considera-se que, na explanação apresentada, há um ciclo virtuoso onde a todo instante se interagem as várias competências e saberes apresentados pelos três autores. Mesmo que os autores utilizam expressões diferentes, todos caminham em uma única direção: mudança educacional para o século XXI, que não pode ser de outra forma senão a partir da inter-relação de saberes, da convivência e compreensão do outro, ou seja, o reconhecimento da parte no todo e do todo na parte. E tudo isso se deve à globalização que propiciou o crescimento e difusão de tecnologias e o contato com várias culturas e línguas através da significação social da gestão do conhecimento. Contudo, a educação está implorando por mudanças que devem ocorrer desde a base até os cursos universitários. Entretanto, não cabe a esta reflexão estabelecer critérios ou fórmulas de como se ensinar para melhor desenvolver a aprendizagem. Cabe, sim, chamar a atenção dos docentes, principalmente os de Cursos de Graduação, para a necessidade de um novo direcionamento das práticas pedagógicas e porque não falar de uma nova abordagem voltada para a observação de si enquanto professor e de seu “fazer”.
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