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Guias e Dicas
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Revista Engenharia, Notas de estudo de Engenharia Ambiental

Revista sobre engenharia

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 09/11/2012

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enildo-fernandes-da-silva-1 🇧🇷

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Baixe Revista Engenharia e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Ambiental, somente na Docsity! 2012 N º 611 R EVISTA EN G EN H A R IA cian magenta amarelo preto ¹A comercialização dos planos respeita a área de abrangência das respectivas operadoras. ²Em comparação a produtos similares no mercado de planos de saúde individuais (tabela de setembro/2012 - Golden Cross - SP). Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. A cobertura de hospitais e laboratórios, bem como de honorários profissionais, se dá conforme a disponibilidade da rede médica e as condições contratuais de cada operadora e categoria de plano. Os preços e a rede estão sujeitos a alterações, por parte das respectivas operadoras, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei nº 9.656/98). Condições contratuais disponíveis para análise. Outubro/2012. Profissional do CREA: não se preocupe. Com a parceria da Mútua com a Qualicorp, os planos de saúde que oferecem os melhores médicos, hospitais e laboratórios do Brasil já estão ao seu alcance.¹ 0800 778 4800 Ligue e conf ira: ou acesse www.qualicorp.com.br40% Planos até mais baratos.2 Qualicorp Adm. de Benefícios:SulAmérica:Bradesco:Amil: Life:Intermédica:Golden Cross: Meu plano de saúde não cobre o médico e o hospital que eu prefiro me tratar. E agora? Anuncio Qualicorp - Engenheiro 42x28 degrade-2.pdf 1 25/09/2012 17:34:49 I ENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 5 A engenharia conectada www.brasilengenharia.com.br ENGENHARIA 606 / 20116 48 Filiada a: www.brasilengenharia.com.br ISSN 0013-7707 REVISTA ENGENHARIA Órgão Oficial do Instituto de Engenharia Fundadores Apparício Saraiva de Oliveira Mello (1929-1998) Ivone Gouveia Pereira de Mello (1933-2007) Rua Alice de Castro, 47 - Vila Mariana CEP 04015 040 - São Paulo - SP - Brasil Tel. (55 11) 5575 8155 Fax. (55 11) 5575 8804 E-mail: brasilengenharia@terra.com.br Assinatura anual: R$ 120,00 Número avulso: R$ 25,00 DIRETOR RESPONSÁVEL MIGUEL LOTITO NETTO DIRETOR EDITORIAL RICARDO PEREIRA DE MELLO DIRETORA EXECUTIVA MARIA ADRIANA PEREIRA DE MELLO EDITADA DESDE 1942 ENTREVISTA DILMA SELI PENA Diretora-presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) “O INVESTIMENTO DA QUARTA ETAPA DO PROJETO TIETÊ DEVE SER DE 3 BILHÕES DE REAIS” Segundo Dilma Pena o planejamento da quarta etapa do Projeto Tietê já está em fase de elaboração dos projetos básicos, com várias intervenções praticamente definidas. Há uma razão para essa rapidez no gatilho: não permitir que haja um período de interrupção dos trabalhos após a conclusão da atual terceira etapa TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. NENHUMA PARTE DESTA PUBLICAÇÃO (TEXTOS, DADOS OU IMAGENS) PODE SER REPRODUZIDA, ARMAZENADA OU TRANSMITIDA, EM NENHUM FORMATO OU POR QUALQUER MEIO, SEM O CONSENTIMENTO PRÉVIO DA ENGENHO EDITORA TÉCNICA OU DA COMISSÃO EDITORIAL DA REVISTA ENGENHARIA ASSINATURAS 30 DE AGOSTO A 15 DE OUTUBRO/2012 - ANO 70 - N.º 611 INSTITUTO DE ENGENHARIA. Presidente: Aluizio de Barros Fagundes. Vice-presidente de Adminis- tração e Finanças: Arlindo Virgílio Machado Moura. Vice-presidente de Atividades Técnicas: Rui Arruda Camargo. Vice-presidente de Relações Externas: Amândio Martins. Vice-presidente de Assuntos In- ternos: Miriana Pereira Marques. Vice-presidente da Sede de Campo: Nelson Aidar. COMISSÃO EDITORIAL: Alfredo Eugênio Birman, Aluizio de Barros Fagundes, Antonio Maria Claret Reis de Andrade, Aristeu Zensaburo Nakamura, Ivan Metran Whately, Jefferson D. Teixeira da Costa, João Ernesto Figueiredo, João Jorge da Costa, Joaquim Manuel Branco Brazão Farinha, José Eduardo Cavalcanti, José Fiker, Kleber Rezende Castilho, Luís Antônio Seraphim, Miguel Lotito Netto, Miguel Prieto, Miracyr Assis Marcato, Nestor Soares Tupinambá, Paulo Eduardo de Queiroz Mattoso Barreto, Péricles Romeu Mallozzi, Permínio Alves Maia de Amorim Neto, Reginal- do Assis de Paiva, Ricardo Kenzo Motomatsu, Ricardo Martins Cocito, Ricardo Pereira de Mello, Roberto Aldo Pesce, Roberto Kochen, Rui Arruda Camargo, Theophilo Darcio Guimarães, Vernon Richard Kohl. ENGENHO EDITORA TÉCNICA. Diretor Editorial: Ricardo Pereira de Mello. Diretora Comercial: Maria Adriana Pereira de Mello. Editor Chefe: Juan Garrido. Redatora: Cláudia Maria Garrido Reina. Fotógrafo: Ricardo Martins. Editoração: Adriana Piedade/ZAF e André Siqueira/Via Papel. Assinaturas: Leonardo Moreira. Criação e arte: André Siqueira/Via Papel. Impressão e acabamento: Companhia Lithographica Ypiranga (CLY). REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Engenho Editora Técnica Ltda. Rua Alice de Castro, 47 - Cep 04015 040 - São Paulo - SP - Brasil - Telefones. (55 11) 5575 8155 - 5575 1069 - 5573 1240 - Fax. (55 11) 5575 8804. Circulação nacional: A REVISTA ENGENHARIA é distribuída aos sócios do Instituto de Engenharia, assinantes e engenheiros brasileiros que desenvolvem atividades nas áreas de engenharia, projeto, construção e infraestrutura. A REVISTA ENGENHARIA, o Instituto de Engenharia e a Engenho Editora Técnica não se responsabilizam por conceitos emitidos por seus colaboradores ou a precisão dos artigos publicados. Só os editores estão autorizados a angariar assinaturas. Periodicidade: Bimestral. Número avulso: R$ 25,00 Assinatura anual: R$ 120,00 E-mails: brasilengenharia@terra.com.br engenho@uol.com.br WWW.BRASILENGENHARIA.COM 40LINHA DE FRENTE EDSON DE OLIVEIRA GIRIBONISecretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo SANEAMENTO BÁSICO É PRÉ-CONDIÇÃO PARA SUSTENTAR O DESENVOLVIMENTO Na visão do engenheiro politécnico Edson de Oliveira Giriboni para o desenvolvimento sustentável de uma nação é indispensável ter uma boa disponibilidade de água para o abastecimento humano e para a implantação tanto de grandes obras de infraestrutura, como de fábricas ou estabelecimentos comerciais, assim como coleta e tratamento de esgotos eficientes para evitar a poluição e a contaminação dos mananciais NE TA EDIÇÃO Nesta Edição 611.indd 6 05/10/2012 14:06:05 I ENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 7WWW.BRASILENGENHARIA.COM ENGENHARIA 6 1 / 2012 7 CAPA O DESAFIO SANITÁRIO Criação: André Siqueira – Via Papel A MISSÃO DO INSTITUTO DE ENGENHARIA Promover a engenharia, em be- nefício do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade. Realiza essa missão por meio da: promoção do desenvolvimento e da valorização da engenharia; promoção da qualidade e cre- dibilidade de seus profissionais; prestação de serviços à sociedade, promovendo fóruns e debates sobre problemas de interesse pú- blico, analisando e manifestando- se sobre políticas, programas e ações governamentais, elaboran- do estudos, pareceres técnicos e propostas para o poder público e para a iniciativa privada; presta- ção de serviços aos associados. Suas ações estão dirigidas para: a comunidade em geral; os ór- gãos públicos e organizações não governamentais; as empresas do setor industrial, comercial e de serviços; as empresas de engenharia, engenheiros e profis- sionais de nível superior em geral; os institutos de pesquisas e escolas de engenharia; e os estu- dantes de engenharia. PALAVRA DO PRESIDENTE 9 CARTAS 12 PALAVRA DO LEITOR 16 CURTAS 18 DIVISÕES TÉCNICAS 26 54 CAPA / ENGENHARIA ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO O DESAFIO SANITÁRIO A julgar pelos dados do Instituto Trata Brasil, divulgados em agosto passado, a universalização do saneamento básico no Brasil ainda está longe de ser atingida, mesmo quando são analisados os avanços dos serviços nas 100 maiores cidades do país. Apesar da maior disponibilidade de recursos pelo governo federal, estados, municípios e iniciativa privada, a maior parte das cidades brasileiras precisará urgentemente acelerar seus esforços se quiser universalizar o acesso da população aos serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos e redução das perdas de água na próxima década. Afinal, os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram o saneamento básico como sendo a maior carência do país na área de infraestrutura de serviços 121 CRÔNICA 123 MEMÓRIAS DA ENGENHARIA 126 ENGENHO & ARTE 128 BIBLIOTECA 130 OPINIÃO 98 100 SE ÇÕ ES ENGENHARIA GERENCIAMENTO / ARTIGO ESCRITÓRIO DE PROJETOS: OBJETIVOS E BENEFÍCIOS Cássio da Silva Lopes ENGENHARIA TRANSPORTE / ARTIGO TREM DE ALTA VELOCIDADE: AFINAL, QUE TREM É ESSE? Laurindo Junqueira 114 ENGENHARIA PRODUÇÃO / ARTIGO EXPERIÊNCIAS COM COLETA DE LIXO DOMICILIAR E APLICAÇÃO DE MODELOS DO PROBLEMA DO CARTEIRO CHINÊS MISTO: ESTUDO DE CASO NO JARDIM EUROPA Alexandre Rigonatti, João Amilcar Viana Rodrigues Pablo Luis Fernandes Batista, Marcos José Negreiros Gomes NESTA EDIÇÃO Nesta Edição 611.indd 7 05/10/2012 14:06:33 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201210 PALAVRA DO LEITORPRESIDENTE Com o advento da Lei 8.987, de 1995, a qual dispõe sobre esta matéria, observou-se uma bipolaridade de rea- ções. Alguns governantes vislumbraram a solução para o problema, imaginando o rápido concurso de empresários no andamento da oportunidade. Entretanto, a corporação dos funcionários das entidades estatais, com apoio de or- ganizações maniqueístas, reagiu contra a simples ideia da privatização. De fato, muitos foram os problemas enfrentados pelos neófitos concessionários, ficando claramente caracteriza- da a insegurança jurídica dos contratos. Não obstante, foi promulgada a Lei das PPPs no penúltimo dia de 2004, enunciando com clareza os aspectos legais antes contro- versos, mas não proibidos, buscando resolver o tão pro- palado marco regulatório, “ad nauseam” repetido como a única solução para reativar o interesse do empresariado. Um pouco mais adiante, no início de 2007, veio a Lei do Saneamento Básico, completando as regras legais da pres- tação desses serviços. Infelizmente, os percalços das pri- meiras concessões postas em prática ainda permanecem, desestimulando a iniciativa privada. O paradigma da desconfiança - Já as reações adversas, contra a iniciativa privada, ainda não foram aplacadas. Que- remos crer que apenas um longo tempo derrubará esse tipo de posicionamento fortemente ideológico, com apelo social – e, portanto, seriamente considerado pelos governantes. Apesar dos marcos regulatórios já citados, o conces- sionário ainda está vulnerável ao Ato do Príncipe, ou seja, um decreto do governante poderá trazer prejuízos notá- veis ao negócio. De fato, este risco existe – dentro de uma atitude que o jurista Marçal Justen Filho apelidou de Demagogia Regulatória. Ou seja, inicialmente o governan- te atrai interessados com ótimas condições contratuais e, depois de consumado o contrato, passa a distribuir benes- ses para a população servida, em detrimento do equilíbrio das finanças do concessionário. Basta a demagogia para que ocorra o dano. Considero perfunctória esta discussão generalista. O âmago do problema deverá, isto sim, ser tratado na legislação específica, bem como claramente exposto no instrumento jurídico perfeito do contrato e edital dele integrante, caso a caso, para amparo jurídico do cumprimento do contrato. Outra confusão reinante está na instituição da entida- de reguladora prevista e devidamente conceituada na lei do saneamento básico, a qual tem por finalidade precípua custodiar o regulamento da prestação dos serviços. Nada além disto. Entretanto, passaram a falar de “Agências Re- guladoras”, como se fossem órgãos máximos de condução das obrigações contratuais. Imaginaram – e assim tem-se observado – que uma agência reguladora para ter indepen- dência bastaria ser constituída como autarquia governa- mental. Proposição mendaz ou simplesmente ingênua para suprir a função. Daí foi um passo confundir agência regula- dora com agência de desenvolvimento. É preciso rever estes conceitos, sob pena de o terceiro partícipe do contrato de concessão – o usuário pagante dos serviços – continuar alijado do processo. A entidade reguladora necessariamente tem que ser fundamentada na sociedade civil. Considero ainda que o maior risco contratual não é a “caneta do governante”, mas sim grande parte dos ope- radores do direito, que atuam sem assessoria técnica de engenharia adequada. O artigo 175 da Constituição fala claramente dos “direitos dos usuários”. Apesar de a Lei 8.987/95 estabelecer parâmetros necessários e suficientes para delimitação destes direitos dos usuários, no meio ju- rídico o Código de Defesa do Consumidor tem sido usado como base doutrinária, desconhecendo que serviços de água e esgotos não são mercadorias de prateleira e nem serviços passiveis de operação metodológica universal. Disto resultam monumentais equívocos em proposituras de toda a sorte de ações administrativas e judiciais, que abrangem desde ações civis públicas propostas por orga- nizações não governamentais ou por incautos promotores de justiça, questionando a legalidade do contrato e inge- rindo, na própria relação do pacto, até as comezinhas dis- cussões de atos rotineiros de supressão do abastecimento a inadimplentes ou de cobrança de serviços de coleta de esgotos sem que haja o tratamento. Tudo isto sem falar na “indústria do dano moral” que prospera. Outro fato marcante é o aspecto ideológico de que o serviço público não pode ser delegado ao empresariado privado. Nada mais recriminável. A maior eficiência da ges- tão privada em comparação com a gestão governamental é f lagrante. Os custos operacionais da iniciativa privada são muito menores, nisto inclusa a inexistência do inchaço do corpo técnico, decorrente de compromissos político-elei- torais. Daí, as tarifas têm condições de ser menores. Como forte argumento, os atuais serviços públicos praticados pela administração governamental e suas companhias revelam- -se péssimos e insuficientes. Aqueles praticados pela inicia- tiva privada, poucos, diga-se de passagem, são adequados, seguros e econômicos. O empresário privado, se descum- prir o contrato, está sujeito a sanções, inclusive perdendo o direito à concessão. O agente governamental está livre de maiores percalços e continua a manter as finanças equili- bradas através da perversa sonegação do serviço. Como diz o jurista Luiz Roberto Barroso, se um governante dispuser de recursos financeiros para implantar e sustentar um ser- viço público, ele pode ser ideológico e manter o serviço no âmbito governamental. Mas se não dispuser desse recuso, o dever cívico tem de se impor à ideologia, ele tem a obri- gação de convocar a iniciativa privada. Conclusões - Evidentemente estas considerações po- dem ser bastante ampliadas. Porém, o que se pretende com elas é apresentar aspectos práticos do problema, tirando as lições que os equívocos das concessões pioneiras em sen- tido proativo, por serem corrigíveis, tornando o negócio atrativo. Conclui-se ainda que a prestação dos serviços públicos de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário possui características muito próprias, não po- dendo ser analisada sob os mesmos critérios e parâmetros que norteiam outros segmentos da engenharia. www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 11 NEM A FÉ MOVE MONTANHAS COM TANTA EFICIÊNCIA. LINHA DE PÁS CARREGADEIRAS NEW HOLLAND. www.newholland.com.br CONHEÇA TODA A LINHA DE PÁS CARREGADEIRAS NEW HOLLAND, DE 128 A 213 HP: 12C, W130, W170B E W190B. 000077_NHCE _NOVA LINHA DE COMUNICAÇÃO_AD21X28.indd 1 16/05/12 18:41 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201212 PALAVRA DO LEITORCARTAS&E-MAILS tados. A primeira versão do programa previa investimentos de 43,5 bilhões de reais, enquanto a segunda edição prevê 50,4 bilhões de reais, valores pratica- mente insignificantes diante da mag- nitude do problema e da urgência em equacioná-lo de forma realmente con- creta e capaz de sustentar o desenvolvi- mento que todos almejam. A questão extrapola a simples cons- tatação de que os valores aportados pelo programa estão muito aquém das necessidades do país, mas diz respeito justamente à forma como esses recursos poderão ser viabilizados e empregados para dinamizar essa verdadeira corrida atrás da defasagem histórica do Brasil em infraestrutura. Muito se fala em concessões, parce- rias público-privadas e outras modali- dades de aportes de recursos, que não apenas os coletados pela máquina tribu- tária, já em patamares asfixiantes para a economia como um todo. Faltam estu- dos oficiais sobre inovações em captação de recursos registradas com sucesso em alguns países e que poderiam ser empre- gadas no país, conforme peculiaridades e características regionais. Para acentuar a necessidade dessa regionalização, não nascida apenas no âmbito dos Estados, mas patrocinada pela Federação, vale lembrar que o Rio de Janeiro hoje é um canteiro de obras, enquanto São Paulo pontifica como o Estado cuja malha rodoviária mescla concessões com estradas administradas pelo DER-SP, consideradas as melhores do país, e atende em boa parte às neces- sidades de movimentação estratégica de suas riquezas e dá suporte ao seu desen- volvimento. Outras unidades da Federa- ção, no entanto, patinam sobre estradas não pavimentadas, sujeitas a enchentes e destruições periódicas, pontes e es- truturas aquém de qualquer viabilidade operacional, em escandaloso regime de apenas tentar compensar os prejuízos, isto quando atingem tal magnitude que comovem a opinião pública. Isso posto, omitindo-se outros as- pectos fundamentais como ferrovias, portos, aeroportos e demais suportes para o setor, é chegada a hora de a so- ciedade civil arregimentar-se para es- tudar e encaminhar ao governo federal propostas das mais diversas naturezas para que o Brasil possa superar essa estagnação o mais rápido possível. É inadmissível que a grande maioria das camadas produtoras do país permaneça em uma espécie de apatia generalizada, consumindo e aceitando apenas dados oficiais sobre valores e investimentos anunciados como grandes realizações, mas distantes das metas de transforma- ção do país em uma grande nação. Esse tipo de reação, independen- te de conotações políticas ou setoriais, caso seja levada avante, tem todas as condições de inverter e dinamizar esse ponto fundamental para a consolidação do desenvolvimento que o Brasil já ce- lebra, mas na realidade se encontra na fase inicial. A sociedade não pode per- mitir que, por falta de audácia e arrojo de seus representantes, o Brasil continue permitindo-se olhar para o futuro e não trazê-lo para a realidade presente, como tem sido feito há tantas décadas.” Engº João Leopoldino Neto Primeiro vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp) São Paulo – SP O FIm DA EScOLA DE ENGENhARIA cOmO A cONhEcEmOS “Em 1999 a professora Denise Con- sonni propôs uma disciplina para o se- gundo ano da engenharia elétrica da Escola Politécnica da USP, na qual os alunos deveriam realizar um trabalho, sob orientação. Esperavam-se traba- lhos simples, como aqueles realizados para as feiras de ciência. Não foi o que aconteceu. A qualidade dos trabalhos superou todas as expectativas. Os re- cursos de técnicas avançadas de simu- lação, telemetria, controle e automa- ção foram aplicados com frequência nos projetos. Um ex-aluno, hoje engenheiro ele- tricista, durante a graduação fez parte de um grupo de estudos cujo objetivo era participar de uma competição de aeronaves guiadas. Sua responsabili- dade no projeto era avaliar a dinâmi- ca de voo, com simulações numéricas sofisticadas, para otimizar o consumo de combustível e a capacidade de car- regamento da aeronave. O chefe da equipe à época era um aluno do curso de engenharia naval e oceânica e os demais membros, oriundos de diver- sas modalidades da Epusp. Não faziam parte do grupo alunos com especia- lidade em engenharia aeronáutica e, ainda assim, a equipe ganhou vários prêmios nas competições nacionais e internacionais de que participou. mAIS FERROvIAS “Eu, paulistano da gema (bairro da Aclimação), sou filho de ferroviários. Tanto o meu avô como o meu pai foram ferroviários da então RFFSA (São Paulo – SPR). Eles trabalharam nas oficinas, no bairro da Lapa, na capital. E eu sou me- troviário desde 1978, com muita honra ... Se não existisse a ferrovia (século 19), não existiria o nosso grande Metrô. O Metrô, como o tróleibus (Linha Ma- chado de Assis/Cardoso de Almeida) na década de 1950, começaram no bairro paulistano da Aclimação. A grande Acli- mação, bairro nobre ... Precisamos nos unir para dar um rumo positivo para o sistema metrofer- roviário. Vai Metrô! ...” Engº Odécio Braga Metrô-SP São Paulo – SP ESpEcIAL cpTm 20 ANOS “A edição especial da REVISTA ENGE- NHARIA (nº 610) é uma justa homenagem à nossa ‘irmã mais velha’, a CPTM, que vem se transformando dia a dia!” Engº Nestor Soares Tupinambá Metrô-SP São Paulo – SP INFRAESTRUTURA é O GARGALO “País de dimensões continentais, o Brasil continua caminhando em assusta- dora marcha lenta no que se refere a um ponto vital para seu desenvolvimento, a infraestrutura. Impossível continuar tentando minimizar as consequências da falta de políticas e de empreendedoris- mo em um setor que apenas patina des- de o século passado, com as exceções de praxe que não solucionam o problema, apenas colaboram para acentuar ainda mais o generalizado descaso oficial em relação ao assunto. Os números do Programa de Acelera- ção do Crescimento (PAC), anunciados e celebrados como uma espécie de alforria para a servidão da economia brasileira a um sistema intermodal de transportes abaixo de qualquer qualificação, ain- da estão longe de dizer a que realmente vieram. Até porque os próprios valores anunciados como aporte de recursos para as duas etapas do PAC pouco significam para as reais necessidades do setor. Em seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados de área o Brasil possui 1,76 milhão de quilômetros de estradas, com apenas 212 000 quilômetros pavimen- www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 15 E você achando que 100% fosse o máximo que alguém pudesse se dedicar. Sabesp 300%: 100% de água tratada, 100% de esgoto coletado e 100% de esgoto tratado. O saneamento transforma a vida das pessoas. Por isso, não medimos esforços para levar, até 2014, o Sabesp 300% para todos os municípios do interior atendidos pela Sabesp. E, até 2018, para todas as outras cidades atendidas por nós. Saiba mais acessando www.sabesp.com.br/RS2011 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201216 PALAVRA DO LEITOR 21- 22 Nov 2012 Expo Center Norte | São Paulo - Brasil Representantes nacionais e internacionais Excelentes possibilidades para os fornecedores Relações com especialistas envolvidos no setor Registre-se online para credencial gratuita www.fastenerfair.br.com brasil@fastenerfair.com Tel: (11) 5087.8967 Organização Novas tecnologias Parafusos, rebites, porcas, arruelas, pregos, grampos, chumbadores e outros Fastener Fair Brasil é uma feira dedicada ao setor de fixação e suas tecnologias que oferece uma excepcional oportunidade para fazer negócios. C M Y CM MY CY CMY K PT-anuncio-210x140 5mm.pdf 1 17/08/2012 10:02:21 s colegas geotécnicos (engenheiros geotécnicos e geólo- gos de engenharia) que me leem por certo têm testemu- nhado pessoalmente casos de empreendimentos (dos mais variados tipos) que em sua implantação estão a cometer erros geotécnicos crassos, os quais, por sua natureza, agridem nossa racionalidade técnica e nossa consciência profissional. Com a esperada retomada do crescimento econômico nacional, multiplicam-se os empreendimentos nos mais variados setores de nos- sa atividade, e na mesma proporção tem-se multiplicado as situações referidas, onde se percebe que os procedimentos técnicos aplicados ficam distantes e apartados do grande conhecimento que a geotecnia brasileira produziu e acumulou ao longo das últimas décadas. Esse paradoxo entre o grau de excelência em quantidade e quali- dade do conhecimento disponível e a mediocridade do conhecimento realmente aplicado em um grande número de empreendimentos, pelos enormes prejuízos econômicos, patrimoniais e institucionais que vêm impondo à sociedade brasileira, à administração pública e aos empre- endedores públicos e privados (em mais um triste espetáculo de ge- neralizada impunidade), está a merecer uma atenção maior e de cará- ter resolutivo por parte dos geotécnicos brasileiros, de suas entidades técnico-científicas e dos órgãos de fiscalização profissional. Obras viárias urbanas, intermunicipais e interestaduais, empreen- dimentos urbanos de caráter comercial, cultural ou lazer, serviços e obras de drenagem e saneamento, serviços e obras de irrigação e adu- ção hídrica, depósitos e centros logísticos de distribuição periurba- nos, instalações industriais, loteamentos e condomínios habitacionais ou empresariais, grandes obras prediais etc., fazem parte do grande elenco de empreendimentos que vêm negligenciando os devidos e imprescindíveis cuidados geotécnicos. Ruptura de taludes, processos erosivos e assoreadores, recalques em fundações, variações críticas do nível freático local e regional, abatimentos de terrenos, comprometimento de instalações de vizi- nhança, deterioração precoce de infraestrutura pública e privada, acidentes durante e após a implantação da obra, incompatibilidade entre solução adotada e problema objeto etc., são algumas das co- muns decorrências da referida negligência. Há também que se levar em consideração os prejuízos envolvidos no contínuo comprometi- mento da imagem da engenharia brasileira. Como solucionar esse paradoxo tecnológico estabelecido pela não utilização prática e plena do conhecimento e da experiência geotécni- ca disponível? Não como a única providência nesse sentido, mas creio firmemente que o estabelecimento da obrigatoriedade de os empre- endimentos de médio e grande portes apresentarem, como condição para obter seu alvará de construção, um Plano de Gestão Geológico- -Geotécnica, elaborado e assinado por empresa ou profissional para tanto formalmente credenciado, possa se constituir em uma virtuosa decisão. Esse plano deverá demonstrar todos os estudos, avaliações e decisões de caráter geológico-geoténico adotados para que a implan- tação e futura operação do empreendimento não apresentem defici- ências dessa ordem. De tal forma que fiquem perfeitamente expressas as responsabilidades profissionais envolvidas em eventuais problemas que possam vir a ocorrer durante e após as operações de implantação física do empreendimento. O plano não envolveria os projetos geotéc- nicos que se façam necessários propriamente ditos, mas sim a previsão de todos os projetos e medidas de caráter geotécnico que deverão ser observados e desenvolvidos desde a concepção até a entrega ope- racional do empreendimento. Constituiria, assim, um expediente de gestão e planejamento, com claro caráter preventivo. Esse, obviamente, é apenas o arcabouço da ideia proposta. Há vá- rios detalhes a serem bem resolvidos, como a definição exata do caráter de médio e grande portes dos empreendimentos; quais seriam as ins- tituições credenciadoras de empresas e profissionais habilitados à ela- boração e implementação do Plano de Gestão Geológico-Geotécnica; quais as condições para esse credenciamento; qual seria o ordenamento mínimo desse plano; os órgãos fiscalizadores; as penalizações etc. Um bom primeiro passo para aprofundamento do tema e formali- zação de uma primeira proposta seria a constituição de um Grupo de Trabalho por parte da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) e a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE). EMPREENDIMENTOS DE MÉDIO E GRANDE PORTES: A OBRIGATORIEDADE DE ELABORAÇÃO E ADOÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA ÁLVARO RODRIGUES DOS SANTOS* * Álvaro Rodrigues dos Santos é geólogo, consultor em geologia de engenharia, geotecnia e meio ambiente; foi diretor do IPT; criador da técnica Cal-Jet de proteção de solos contra a erosão; é o autor dos livros Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática; A Grande Barreira da Serra do Mar; Cubatão; e Diálogos Geológicos E-mail: santosalvaro@uol.com.br 0 5 25 75 95 100 QUALITASurbis segunda-feira, 19 de abril de 2010 17:33:20 www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 17 metros quadrados de área, o Brasil possui 1,76 milhão de quilôme- tros de estradas, sendo que apenas 212 000 quilômetros constam das estatísticas como pavimentadas – mas, na realidade, a maioria em péssimo estado de conservação. Extrapolando-se os setores aéreo e marítimo, também muito aquém de qualquer exigência de desenvolvimento, é possível avaliar que a ação mais urgente seria a ampliação da malha rodoviária em cerca de 4,4 milhões de quilômetros e recuperação de pavimentação e obras de mais de 560 000 quilômetros. Também é razoável entender que essa amplitude territorial exige recursos que extrapolam as verbas oficiais e, portanto, devem ser buscados na iniciativa privada – outra estratégia que o governo vem conduzindo com certos melindres que não se justi- ficam, principalmente diante dos desafios deste terceiro milênio. Há pontos positivos no recente pacote de concessões anunciado pelo governo. Mas, diante da morosidade com que as decisões são imple- mentadas – quando o são –, algum ceticismo é inevitável. Como ponto positivo para a meta de viabilizar – por meio de concessões para explo- ração de rodovias e ferrovias – investimentos da ordem de mais de uma centena de bilhões de reais para as próximas décadas, está a priorização da estatal de projetos estratégicos. Essa, a mais recente aposta para a tão essencial dinamização do PAC. Mais uma esperança de novo, moderno, e mais eficaz estilo de concretizar e ampliar as fronteiras desses planos. Sem infraestrutura moderna e eficiente é ilusório acreditar que o Brasil poderá assegurar concretamente sua posição de país desen- volvido no concerto das demais nações. E esse deve ser o objetivo da nação, inclusive de todos os brasileiros (que dependem dessa alavan- cagem para igualmente crescer). * Silvio Ciampaglia é engenheiro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp) mbora o governo insista em anunciar investimentos em diferentes áreas do Programa de Aceleração do Cresci- mento (PAC), saudado desde sempre como fundamental para conter o baixo desenvolvimento do país, na reali- dade pouco está sendo de fato concretizado e em velocidade muito aquém das exigências da hora. Seja qual for o ângulo desse grande pacote, quando analisado por diferentes profissionais da matéria, o raciocínio final fundamenta-se sempre na falta de dinâmica para acelerar o trajeto planejamento / realização. O governo enreda-se entre concessões previstas já no pla- no inicial do PAC, que nunca saíram do papel, liberação de recursos a mais ou a menos de forma quase aleatória, restrições e questio- namentos de órgãos do próprio governo, uma série interminável de obstáculos que impedem qualquer trajetória desenvolvimentista. É inegável que o crescimento econômico do Brasil está aquém de suas possibilidades e embora sofra efeitos da crise mundial também não é possível atrelar uma coisa à outra. A questão fundamental, e que muitos insistem em manter em segundo plano, é que o país dispõe de uma minguada e arcaica infraestrutura, que entre tantos outros efeitos, mina sua reconhecida produtividade e destrói qualquer em- preendimento que necessite de logística atualizada e ágil. O setor de transportes – terrestre, marítimo e aéreo – vem sendo tratado burocraticamente há décadas. Em seus 8,5 milhões de quilô- FALTA DINâMICA NA CONCRETIzAÇÃO DOS PROGRAMAS DE INvESTIMENTOS OFICIAIS SILVIO CIAMPAGLIA* 21- 22 Nov 2012 Expo Center Norte | São Paulo - Brasil Representantes nacionais e internacionais Excelentes possibilidades para os fornecedores Relações com especialistas envolvidos no setor Registre-se online para credencial gratuita www.fastenerfair.br.com brasil@fastenerfair.com Tel: (11) 5087.8967 Organização Novas tecnologias Parafusos, rebites, porcas, arruelas, pregos, grampos, chumbadores e outros Fastener Fair Brasil é uma feira dedicada ao setor de fixação e suas tecnologias que oferece uma excepcional oportunidade para fazer negócios. C M Y CM MY CY CMY K PT-anuncio-210x140 5mm.pdf 1 17/08/2012 10:02:21 0 5 25 75 95 100 QUALITASurbis segunda-feira, 19 de abril de 2010 17:33:20 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201220 PALAVRA DO LEITORCURTASRTAS WWW.BRASILENGENHARIA.COM.BRENGENHARIA 11 1 METRÔ-SP TRINTA E OITO ANOS DE OPERAÇÃO O Metrô de São Paulo faz história a cada dia que passa. Em 14 de setembro passado completou 38 anos de operação comercial, uma semana após o sistema metroviário na capital ter batido seu recorde diário de transporte, com 4,7 milhões de usuários. São números impressionantes e que não param de crescer. “Estamos no caminho certo. Além da modernização de toda a frota original de trens para melhorar o desempenho e a segurança da operação, a Cia. do Metrô avança com quatro grandes empreendimentos para a ampliação de sua rede de serviço. Até 2014 deveremos superar os 100 quilômetros de extensão de rede metroviária”, garante Peter Walker, diretor-presidente da Companhia. GEOCOMPANY IMPLANTAÇÃO DE TÚNEL C o m p l e t a d o e m s e t e m b r o p a s s a d o , com projeto básico, projeto executivo e Acompanhamento Técnico de Obra (ATO) da GeoCompany, passará pelo Túnel da Base Naval de Itaguaí o submarino nuclear brasileiro. A Diretoria de Obras Civis da Marinha (DOCM) vem realizando análises técnicas de execução do túnel do EBN. As referidas análises envolvem não apenas as questões relacionadas ao dimensionamento das estruturas em concreto armado, mas principalmente os aspectos geotécnicos do empreendimento. Cabe ressaltar a importância da interpretação dos resultados da modelagem numérica 3D realizada no trecho do maciço rochoso onde há o cruzamento entre os túneis do EBN e da empresa MMX. Nesse caso, as análises das tensões e deformações geradas pelas escavações em rocha, previstas na mode lagem e laborada na empresa GeoCompany Tecnologia, Engenharia e Meio Ambiente, foram fundamentais na decisão quanto à distância a ser estabelecida entre ambos os túneis. D IV U LG A Ç Ã O LE O N A R D O M O R E IR A VOLVO MAIS PRESENÇA NA AMÉRICA LATINA O grupo Volvo América Latina está expandindo suas operações e investindo para continuar ganhando mercado. A companhia está aumentando sua rede de concessionários no Brasil e demais países latino-americanos. “Queremos reforçar nossa liderança, proporcionada principalmente pelos atributos de nossos caminhões: baixo consumo de combustível, alta disponibilidade e grande robustez”, diz Roger Alm, presidente do grupo Volvo América Latina. A companhia também está promovendo a integração de suas outras três marcas – os caminhões das marcas UD, Renault e Mack. “Somos uma empresa multimarcas, com uma oferta de produtos bastante ampla e que atende a todas as necessidades dos transportadores”, observa o presidente. Curtas 611.indd 20 05/10/2012 14:31:39 www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 21 CURTAS WWW.BRASILENGENHARIA.COM.BRENGENHARIA 611 / 201220 METRÔ-SP TRINTA E OITO ANOS DE OPERAÇÃO O Metrô de São Paulo faz história a cada dia que passa. Em 14 de setembro passado completou 38 anos de operação comercial, uma semana após o sistema metroviário na capital ter batido seu recorde diário de transporte, com 4,7 milhões de usuários. São números impressionantes e que não param de crescer. “Estamos no caminho certo. Além da modernização de toda a frota original de trens para melhorar o desempenho e a segurança da operação, a Cia. do Metrô avança com quatro grandes empreendimentos para a ampliação de sua rede de serviço. Até 2014 deveremos superar os 100 quilômetros de extensão de rede metroviária”, garante Peter Walker, diretor-presidente da Companhia. GEOCOMPANY IMPLANTAÇÃO DE TÚNEL C o m p l e t a d o e m s e t e m b r o p a s s a d o , com projeto básico, projeto executivo e Acompanhamento Técnico de Obra (ATO) da GeoCompany, passará pelo Túnel da Base Naval de Itaguaí o submarino nuclear brasileiro. A Diretoria de Obras Civis da Marinha (DOCM) vem realizando análises técnicas de execução do túnel do EBN. As referidas análises envolvem não apenas as questões relacionadas ao dimensionamento das estruturas em concreto armado, mas principalmente os aspectos geotécnicos do empreendimento. Cabe ressaltar a importância da interpretação dos resultados da modelagem numérica 3D realizada no trecho do maciço rochoso onde há o cruzamento entre os túneis do EBN e da empresa MMX. Nesse caso, as análises das tensões e deformações geradas pelas escavações em rocha, previstas na mode lagem e laborada na empresa GeoCompany Tecnologia, Engenharia e Meio Ambiente, foram fundamentais na decisão quanto à distância a ser estabelecida entre ambos os túneis. D IV U LG A Ç Ã O LE O N A R D O M O R E IR A VOLVO MAIS PRESENÇA NA AMÉRICA LATINA O grupo Volvo América Latina está expandindo suas operações e investindo para continuar ganhando mercado. A companhia está aumentando sua rede de concessionários no Brasil e demais países latino-americanos. “Queremos reforçar nossa liderança, proporcionada principalmente pelos atributos de nossos caminhões: baixo consumo de combustível, alta disponibilidade e grande robustez”, diz Roger Alm, presidente do grupo Volvo América Latina. A companhia também está promovendo a integração de suas outras três marcas – os caminhões das marcas UD, Renault e Mack. “Somos uma empresa multimarcas, com uma oferta de produtos bastante ampla e que atende a todas as necessidades dos transportadores”, observa o presidente. Curtas 611.indd 20 05/10/2012 14:31:39 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201222 PALAVRA DO LEITORCURTASRTAS WWW BRASILENGENHARIA COM BRENGENHARIA LAFARGE ARGAMASSA PARA O MINEIRÃO A Lafarge está fornecendo argamassa estab i l i zada para as obras do Estádio Governador Magalhães Pinto, conhecido como Mineirão. O estádio, com cronograma em dia e previsão de conclusão em novembro deste ano, sediará a Copa das Confederações no próximo ano e será um dos principais palcos da Copa 2014. O produto fornecido é a Argamassa Estabilizada da linha Ultra Series, que está sendo usada no emboço, assentamento e reboco de paredes do estádio. “O Mineirão é um símbolo cultural e esportivo de Minas Gerais. A Lafarge tem orgulho de fazer parte dessa história de transformação do estádio em uma nova arena multiuso, moderna e sustentável”, afirma Rodrigo Kinsch, gerente de marketing de Concretos e Agregados. O engenheiro Fábio Oltramari, da Construcap, uma das empresas do Consórcio Novo Mineirão, já tinha utilizado a argamassa estabilizada da Lafarge em uma obra de shopping e levou o produto para a obra do Mineirão pelos seus ganhos de otimização: “A argamassa traz mais agilidade ao processo e permite um controle tecnológico mais eficaz”, diz. D IV U LG A Ç Ã O D IV U LG A Ç Ã O ABB 50 MILHÕES DE DÓLARES PARA REDE DE ENERGIA FERROVIÁRIA A ABB, especializada em tecnologia de energia e automação, recebeu um pedido de mais de 50 milhões de dólares da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para fornecer um sistema de energia confiável e aumentar a capacidade de duas linhas de trens de passageiros na região da Grande São Paulo. O projeto vai ajudar a aumentar a frequência dos trens que circulam nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, proporcionando melhor conexão entre os municípios das regiões oeste e sul da Grande São Paulo com o centro da capital paulista. Também ajudará na ampliação sul da linha ferroviária que mais cresce, responsável pelo transporte diário médio de 100 000 passageiros – um aumento de 36%, comparado a 2010. D IV U LG A Ç Ã O ROSSETTI EQUIPAMENTOS RODOVIÁRIOS CAÇAMBAS PARA BELO MONTE A Rossett i Equipamentos Rodoviár ios conquistou o fornecimento de caçambas basculantes para operação na obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Pelo contrato inicial firmado com o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), já foram entregues 273 caçambas meia-cana para caminhões 8x4 e outras 58 unidades para caminhões 6x4. De acordo com o gerente de marketing da empresa, Daniel Rossetti, a combinação entre tradição e confiabilidade embasou a escolha: “Participamos do processo licitatório e fomos escolhidos pela tradição e confiança de nossos produtos. Essa negociação foi considerada uma das maiores já realizadas pela empresa, dada a quantidade de equipamentos fornecidos de uma só vez”. Curtas 611.indd 22 05/10/2012 14:31:54 RAMMER Rice! E [LT ARM UR] Re Se MA] LER Co CAL io] www.getefer.com.br e, dá J peer E CT) =) [eg Do www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201226 WWW BRASILENGENHARIA COM BRENGENHARIA8 Organograma divisão de estruturas coordenador: Natan Jacobsohn Levental vice-coordenador: Lúcio Martins Laginha secretário: Rafael Timerman divisão de engenharia sanitária e recursos hídricos coordenador: João Jorge da Costa vice-coordenador: Flávio Magalhães divisão de geotecnia e mecânica dos solos coordenador: Habib Georges Jarrouge Neto divisão de segurança no trabalho coordenador: Jefferson Deodoro Teixeira da Costa vice-coordenador: Theophilo Darcio Guimarães divisão de geração e transmissão coordenador: Sergio Anauate divisão de construção sustentável e meio ambiente divisão de cadastro urbano e rural coordenador: Régis Fernandes Bueno divisão de distribuição de energia departamento de tecnologia e ciências exatas diretor: Ricardo Kenzo Motomatsu vice-diretor: Jairo de Almeida Machado Jr. secretário: Sérgio Franco Rossoni divisão téc. de gerenciamento de empreendimentos coordenador: Guilherme Petrella vice-coordenador: Alvaro Antonio Bueno de Camargo departamento de engenharia de produção diretor: Joaquim Manuel Branco Brazão Farinha vice-diretor: Sérgio Luis Azevedo Rezende secretário: Gerson Amaral Françoso divisão técnica de qualidade e produtividade coordenador: Guilherme Miragaia divisão técnica de avaliações e perícias coordenador: José Fiker vice-coordenador: Eduardo Rottman secretária: Miriana Pereira Marques departamento de engenharia de energia e telecomunicações diretor: Miracyr Assis Marcato divisão técnica de manutenção industrial coordenador: Victor Manuel de A.S. de Vasconcelos vice-coordenador: Arnaldo Pinto Coelho secretário: Fausto Santoro divisão técnica de metalurgia e materiais coordenador: Ricardo Huch Ribeiro de Castro vice-coordenador: Jorge Kolososki secretário: Fausto Santoro departamento de engenharia de atividades industriais diretor: Antonio Maria Claret Reis de Andrade vice-diretor: Luiz Carlos Martinez secretário: Alberto Alécio Batista diretoria da revista engenharia diretor: Miguel Lotito Netto secretário: Miracyr Assis Marcato editor da revista: Ricardo Pereira de Mello departamento de arquitetura diretor: Ricardo Martins Cocito secretária: Milene Costa Facioli departamento de engenharia de mobilidade e logística diretor: Vernon Richard Kohl vice-diretor: Ivan Metran Whately divisão de logística divisão de transportes metropolitanos coordenador: Ivan Metran Whately vice-coordenador: Francisco A. Noscang Christovam divisão de trânsito coordenador: Maria da Penha Pereira Nobre divisão de telecomunicações divisão de aplicações de energia coordenador: Martin Crnugelj divisão de instalações elétricas departamento de engenharia de agro-negócios diretor: Péricles Romeu Mallozzi divisão de engenharia de materiais divisão de sistemas de transportes inteligentes coordenador: Laurindo Martins Junqueira Filho vice-coordenador: Pedro Luiz Scarpim secretário: José Moacir Ribeiro Júnior divisão de pesquisa coordenador: Ely Antonio Tadeu Dirani vice-coordenador: Antonio Pedro Timoszczuk divisão de biomédica coordenador: Luiz Carlos de Campos vice-coordenador: Ângelo Sebastião Zanini secretária: Maria Cláudia Ferrari de Castro gerência de programação diretor de programação: Fernando Bertoldi Corrêa departamento de engenharia do habitat e infraestrutura diretor: Roberto Kochen vice-diretora: Dione Mari Morita secretário: Habib Georges Jarrouge Neto departamento de engenharia química vice-diretora: Maria Olívia Argüeso Mengod departamento de engenharia de agrimensura e geomática diretor: Miguel Prieto vice-diretor: Aristeu Zensaburo Nakamura secretário: Pedro Guidara Júnior vice-presidente de atividades técnicas: RUI ARRUDA CAMARGO presidente: ALUIZIO DE BARROS FAGUNDES divisão de acústica Coordenador: Schaia Akkerman divisão de planejamento e engenharia econômica coordenador: Alfredo Eugenio Birman vice-coordenador: Carlos Pontes secretário: Péricles Romeu Mallozzi DIVISÕES TÉCNICAS divisão de sistemas de informação geográfica coordenador: Aristeu Zensaburo Nakamura Divisões Técnicas 611.indd 28 01/10/2012 20:03:21 www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 27 DEBATE SOBRE MATRIZ ENERGÉTICA TRADUZ PREOCUPAÇÃO COM INTEGRAÇÃO DAS FONTES ALTERNATIVAS Instituto de Engenharia (IE) deu prosseguimento, no dia 14 de agosto passado, ao ciclo de eventos “Caminhos da Engenha- ria Brasileira”, desta vez abor- dando a matriz energética, com ênfase es- pecial para o setor elétrico. Vários nomes do setor estiveram no auditório do IE para discutir os temas energia renovável de biomas- sa, eólica, solar e hidrelétrica. Na pauta predominou a discussão sobre os altos custos da energia elétrica no Brasil, que geram forte im- pacto negativo na economia, em especial na indústria, o investimento em fontes su- pridoras de baixo rendimento e intermitentes, as dificul- dades de planejamento e a penalização e combate aos maiores potenciais hidrelétri- cos, entre outros enfoques. O diretor-geral da Tacta Enercom Serviços de En- genharia e coordenador da Divisão de Geração e Trans- missão do IE, Sergio Anaua- te, traçou um histórico do sistema de energia brasileiro, que ganhou características peculiares devido à sua ex- tensão continental e pela vasta distribuição geográfica das fontes hidrelétricas, pre- dominantes na matriz ener- gética do país. Assim, segundo Anaua- te, “a geografia hidrelétrica de certa forma configurou o sistema de transmissão brasi- leiro, que foi construído com usinas de grande porte – com reservatório – e linhas de transmissão de lon- ga distância para suprimento e interligação. Ou seja, dispunha-se de uma energia de re- serva sob a forma de água e a possibilidade de intercambiar blocos de energia entre áreas com regimes climáticos diferentes”. Mais tarde, prossegue Anauate, “o adven- to das fontes alternativas de energia trouxe consigo o conceito de energia variável, sujeita aos caprichos da natureza e, até hoje, sem pos- sibilidade de armazenamento. Isso porque as crescentes restrições ambientais impostas aos empreendimentos de energia levaram o siste- ma a dar preferência à utilização do fio d’água para a geração hidrelétrica. Desta forma a energia variável resultante da geração eólica, solar ou de biomassa ganha a companhia da geração hidrelétrica, aumentando sua parti- cipação na matriz brasileira. E para que isso aconteça todas as centrais geradoras precisam ser conectadas ao sistema de modo a permitir o escoamento de energia, o que é feito através de linhas de transmissão ou de distribuição”. Nas centrais eólicas a potência de cada gerador é coletada por uma rede de média tensão (em geral 34,5kV) e levada até uma subestação coletora, que recebe a potência dos diversos geradores ou parques e eleva a tensão para que a energia possa ser entregue ao sistema. A tensão de transmissão para co- nexão ao sistema pode ser de 69kV até 500kV, em função de vários fatores, inclusive a disponibilidade de pontos de conexão próximos e da ten- são dos mesmos. O tipo de linha a ser usa- da para conexão depende também do porte da central geradora. No caso de gran- des centrais um sistema de transmissão específico é pre- visto de forma a distribuir a energia gerada, sistema este que pode se estender por centenas ou até milhares de quilômetros, em níveis de tensão de até 500kVCA ou até mesmo em CC. No caso de centrais de porte médio ou pequeno é necessária a identificação de um ponto de conexão ao sistema, uma subestação, a uma distância viável da gera- ção e que reúna as condições necessárias para receber a energia gerada. Para Sergio Anauate, esta condição de acomodar a linha de transmissão ao siste- ma e nível de tensão existen- te traz alguns inconvenientes que devem ser considerados, já que toda linha de trans- missão possui uma caracte- rística chamada “potência natural”, em que seus reativos se compen- sam. “É comum, nas conexões de renováveis, encontrarmos conexões de baixa tensão com potência nominal alta e vice-versa, o que leva a operação da linha para longe de sua po- tência natural, exigindo o uso de sistemas de compensação reativa – reatores ou banco de capacitores. E quanto mais longa for a linha, WWW.BRASILENGENHARIA.COM.BRENGENHARIA 611 / 201228 Organograma divisão de estruturas coordenador: Natan Jacobsohn Levental vice-coordenador: Lúcio Martins Laginha secretário: Rafael Timerman divisão de engenharia sanitária e recursos hídricos coordenador: João Jorge da Costa vice-coordenador: Flávio Magalhães divisão de geotecnia e mecânica dos solos coordenador: Habib Georges Jarrouge Neto divisão de segurança no trabalho coordenador: Jefferson Deodoro Teixeira da Costa vice-coordenador: Theophilo Darcio Guimarães divisão de geração e transmissão coordenador: Sergio Anauate divisão de construção sustentável e meio ambiente divisão de cadastro urbano e rural coordenador: Régis Fernandes Bueno divisão de distribuição de energia departamento de tecnologia e ciências exatas diretor: Ricardo Kenzo Motomatsu vice-diretor: Jairo de Almeida Machado Jr. secretário: Sérgio Franco Rossoni divisão téc. de gerenciamento de empreendimentos coordenador: Guilherme Petrella vice-coordenador: Alvaro Antonio Bueno de Camargo departamento de engenharia de produção diretor: Joaquim Manuel Branco Brazão Farinha vice-diretor: Sérgio Luis Azevedo Rezende secretário: Gerson Amaral Françoso divisão técnica de qualidade e produtividade coordenador: Guilherme Miragaia divisão técnica de avaliações e perícias coordenador: José Fiker vice-coordenador: Eduardo Rottman secretária: Miriana Pereira Marques departamento de engenharia de energia e telecomunicações diretor: Miracyr Assis Marcato divisão técnica de manutenção industrial coordenador: Victor Manuel de A.S. de Vasconcelos vice-coordenador: Arnaldo Pinto Coelho secretário: Fausto Santoro divisão técnica de metalurgia e materiais coordenador: Ricardo Huch Ribeiro de Castro vice-coordenador: Jorge Kolososki secretário: Fausto Santoro departamento de engenharia de atividades industriais diretor: Antonio Maria Claret Reis de Andrade vice-diretor: Luiz Carlos Martinez secretário: Alberto Alécio Batista diretoria da revista engenharia diretor: Miguel Lotito Netto secretário: Miracyr Assis Marcato editor da revista: Ricardo Pereira de Mello departamento de arquitetura diretor: Ricardo Martins Cocito secretária: Milene Costa Facioli departamento de engenharia de mobilidade e logística diretor: Vernon Richard Kohl vice-diretor: Ivan Metran Whately divisão de logística divisão de transportes metropolitanos coordenador: Ivan Metran Whately vice-coordenador: Francisco A. Noscang Christovam divisão de trânsito coordenador: Maria da Penha Pereira Nobre divisão de telecomunicações divisão de aplicações de energia coordenador: Martin Crnugelj divisão de instalações elétricas departamento de engenharia de agro-negócios diretor: Péricles Romeu Mallozzi divisão de engenharia de materiais divisão de sistemas de transportes inteligentes coordenador: Laurindo Martins Junqueira Filho vice-coordenador: Pedro Luiz Scarpim secretário: José Moacir Ribeiro Júnior divisão de pesquisa coordenador: Ely Antonio Tadeu Dirani vice-coordenador: Antonio Pedro Timoszczuk divisão de biomédica coordenador: Luiz Carlos de Campos vice-coordenador: Ângelo Sebastião Zanini secretária: Maria Cláudia Ferrari de Castro gerência de programação diretor de programação: Fernando Bertoldi Corrêa departamento de engenharia do habitat e infraestrutura diretor: Roberto Kochen vice-diretora: Dione Mari Morita secretário: Habib Georges Jarrouge Neto departamento de engenharia química vice-diretora: Maria Olívia Argüeso Mengod departamento de engenharia de agrimensura e geomática diretor: Miguel Prieto vice-diretor: Aristeu Zensaburo Nakamura secretário: Pedro Guidara Júnior vice-presidente de atividades técnicas: RUI ARRUDA CAMARGO presidente: ALUIZIO DE BARROS FAGUNDES divisão de acústica Coordenador: Schaia Akkerman divisão de planejamento e engenharia econômica coordenador: Alfredo Eugenio Birman vice-coordenador: Carlos Pontes secretário: Péricles Romeu Mallozzi DIVISÕES TÉCNICAS 6 divisão de sistemas de informação geográfica coordenador: Aristeu Zensaburo Nakamura Divisões Técnicas 611.indd 28 01/10/2012 20:03:21 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201230 DIVISÕES TÉCNICAS inspeção veicular ambien- tal, procedimento obriga- tório constante do Código Brasileiro de Trânsito para avaliar a emissão de po- luentes de automóveis e motos nas cida- des, está ainda muito longe de cumprir a função para a qual foi criada, confor- me contesta o engenheiro e consultor em engenharia urbana Luiz Célio Bot- tura, que durante quase cinco décadas vem trabalhando no campo de ações em prol dos estudos urbanos, principal- mente no que se refere a propostas de gestões para diminuir acidentes, melho- rar as emissões de gases poluentes e dar fluidez à circulação de veículos. “Apesar de ser melhor do que não se fazer nada é muito pouco pensar que este sonho, um passo simplório, possa resolver algo no trânsito da cidade. Tra- ta-se de uma visão míope e caolha do que é preciso fazer, por ser parcial, re- presentando apenas uma fração de um todo. Na verdade, a inspeção veicular ambiental deveria ser o complemento de uma providência que redundaria na substituição da frota veicular, que, por sua vez, deveria vir por consequência da Inspeção de Segurança Veicular”, ar- gumenta Bottura. Em sua opinião, “o que se tem de fazer para melhorar as condições am- bientais e as consequências maiores é a substituição da frota, caminhando para baixar sua idade média para, se possí- vel, menos que dez anos”. Ele tem essa preocupação desde 1984, quando, indignado, Bottura via veículos de carga vindos da Baixada San- tista, carregados e sofrendo pela idade em baixa potência, muitos arrebentados pelo desgaste do mau uso por muitos anos “FNMs e assemelhados, fabrica- dos lá por volta de 1960 ou bem antes, lançavam fumaça preta na atmosfera. E mesmo na descida da serra, pela Via Anchieta, ou na subida pela Rodovia dos Imigrantes, provocavam acidentes, com desatualizados sistemas de frenagem.” Bottura saiu então à caça de provi- dências para substituir a frota e dar mais eficiência e rentabilidade às rodovias e aos transportadores, com menos manu- faróis baixos ligados em todos os perío- dos, 24 horas, para criarem visibilidade aos pedestres e entre si. Esta medida seria negociada com entidades para que genérica e gradativamente todos os veículos da cidade passassem a uti- lizar tais procedimentos. A negociação se estenderia às montadoras de veículos para que estes já fossem fabricados com acionamento automático do farol baixo, o que ajudaria na visibilidade. Os semáforos castigam os pedestres, pelo seu tempo dedicado aos veículos, o que desanima os pedestres e anula a educação para tal; para não fomentar o desrespeito se deve equilibrar o tempo. Consideráveis partes das botoeiras nos semáforos não funcionam; teríamos de providenciar sua manutenção. É muito reduzido o número de fo- cos de semáforos para as travessias de pedestres. Mas os técnicos esperam que os pedestres respeitem os semáfo- ros dos veículos. A legislação de trânsito define que os pedestres são obrigados a usar as travessias próprias quando estiverem a 50 ou a menos de 50 metros da tra- vessia. Portanto, tem que haver faixa de pedestre a cada 100 metros, condi- ção existente em poucas vias. Também define a legislação que no trânsito o mais fraco tem prioridade sobre os de- mais. Então, como exigir dos pedestres o respeito à lei? As vias precisam ser providas de travessias de pedestres em conformidade com o Código. Prover a cidade de “lombo-faixas”, junção da faixa de pedestre com as lombadas de forma que o passeio de pedestres domine o viário. Essas se- riam niveladas com o passeio públi- co de modo a fazerem os condutores entender que eles estão invadindo o espaço dos pedestres. Melhorar a qualidade das informa- ções existentes sobre as variáveis do trânsito, apoiado nos veículos autoriza- AS LACUNAS DA INSPEÇÃO VEICULAR AMBIENTAL E DO SISTEMA DE TRáFEGO Luiz Célio Bottura, engenheiro consultor C LA U D IO N O R SI LV A / IE tenção e menor consumo de combustí- vel. “Ocorreu-me que a medida também seria útil às cidades e a todos. O conges- tionamento na cidade de São Paulo, à época, já atingia um raio de 12 quilôme- tros, com poluição assustadora. Quan- to mais me aprofundava no tema, mais concluía que esta medida seria muito útil para todos os tipos de veículos. Por visão míope e caolha, o governo federal, para favorecer a indústria automobilís- tica e seus empregados na crise que se estendeu de 2007 a 2009, deu novas e muitas vantagens aos compradores de veículos”, lamenta. Para ele, o problema do caos no trânsito paulistano é um cír- culo vicioso. “As soluções, assim como tem acontecido todos os anos, década a década, vão sendo postergadas para fu- turo incerto e não sabido”. Quanto ao estabelecimento de me- tas de aprimoramento para prevenção aos acidentes de trânsito, acredita Bot- tura que uma das principais medidas está em promover mudanças no com- portamento da população. E propõe um conjunto de sugestões com vistas a re- duzir o número de ocorrências e de até interferir no fluxo do trânsito. As propostAs de BotturA Adequar o sistema de mídia social existente para possibilitar aos muní- cipes o cadastramento e receber em tempo real, com a periodicidade que desejassem, informações sobre as pos- sibilidades de tráfego, eventos, desvios, opções alternativas para facilitar seus deslocamentos por qualquer modo de circulação. Observamos a viabilidade de adicionarmos informações de outras cidades da Grande São Paulo, muitas delas com congestionamentos integra- dos, e de algumas concessionárias ro- doviárias, para a melhoria do trânsito local. Entendi que este sistema poderia até atrair o interesse de investidores no processo de sua divulgação. Que os veículos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os cre- denciados pela Secretaria Municipal de Transportes (ônibus, táxis, escolares, fretados, caminhões etc.), além de to- dos da prefeitura, circulassem com os www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 31 Depois, com os estudos de tráfego, fo- ram construídas, por volta de 1977, alças direcionais para diluir os fluxos, de uma forma razoável. Na marginal direita do Rio Pinheiros, no entroncamento com a Ponte da Cidade Universitária, algumas faixas direcionais de baixo custo elimi- naram o gargalo. Outros pontos da cida- de tiveram intervenção semelhante. Os corredores de transporte de pas- sageiros (ônibus, metrô, trens) foram construídos segundo uma visão exclu- siva de obras para “o transportar”. Além do mais, em diversos locais, se expandem – em al- guns casos de maneira anárquica – jogando a população para o extre- mo da mancha urbana e cidades vizinhas, sem considerar a distribuição das atividades urbanas (habitar, trabalhar, lazer) e o uso e a ocupação do solo. Nunca foi adequa- damente ponderada a equação de transporte, tendo em conta essas in- terfaces. Isto redundou simplesmente na ativi- dade de deslocar. Desta forma, e considerando que na periferia os cus- tos dos imóveis são me- nores, vemos que por lá se agruparam as pessoas que mais precisam do transporte público. E as linhas que as servem funcionam de modo pendular, com pouca rotatividade. Criou-se, assim, apesar da popula- ção em geral quase não crescer nas últimas dé- cadas, uma necessidade de demasiada circulação por muitas horas do dia. Resumindo: milhões de pessoas traba- lham onde não residem e residem onde não trabalham, o que cria uma necessi- dade de deslocamentos que prejudica os trabalhadores e qualquer eventual pla- nejamento urbano. A racionalização das viagens se consegue desenvolvendo um espaço urbano multifuncional que busque o equilíbrio entre as atividades de habi- tação, trabalho, estudo e lazer: deslo- car só o necessário. camentos que provocam conflitos e estes polos são fonte de acidentes e do início de congestionamentos, alguns dos quais se prolongam para além das horas de pico. A melhoria das condições de segu- rança e fluxo eliminaria estes conflitos. Em alguns pontos esta obstrução é con- sequência de outros gargalos adjacen- tes. No passado, bons exemplos de solu- ções foram implantados. Isso ocorreu no Ibirapuera, perto do prédio que abrigava o antigo Detran, onde há uma saída à direita para os veículos que entram na Avenida Dante Pazzanese. Ali, em 1994, foi projetado um viaduto. Iniciada a cra- vação das estacas se observou que, com poucos recursos, seria possível abrir uma alça direcional dividindo os fluxos hoje lá existentes. Outros exemplos: ainda no Ibirapuera, junto ao cruzamento da Avenida Brasil com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, onde há o Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, chegou- -se a projetar uma passagem de nível. dos (táxis, ônibus fretados, veículos de cargas, escolar e outros, assim como a frota da prefeitura paulistana). Os edifícios, para se protegerem de indenizações quando seus veículos saem de suas garagens, têm placas ex- ternas alertando aos pedestres que to- mem cuidado. Nesse caso, sugiro que na saída das garagens houvesse men- sagens para que os condutores ficas- sem atentos à presença de pedestres. Que nas edificações públicas e pri- vadas, os responsáveis, ainda na fase de pro- jetos, deveriam deixar seus muros de alinha- mentos recuados para ser possível prover os passeios (calçadas) das dimensões mínimas ne- cessárias à circulação dos pedestres e em es- pecial aos de mobilidade reduzida. As entradas de ga- ragens dos edifícios são hoje, na maior parte, nas divisas, e os veícu- los acessam a 90º, o que resulta em conflitos di- retos com pedestres e interfere na movimen- tação do sistema viário. Com os acessos sendo oblíquos, entre ±60º e ±45º, esta movimenta- ção seria mais segura. O projeto dos novos edifícios tem algumas obrigações para sua aprovação bem mais exigentes que os que passam por reforma de uso. Não há por que não serem submetidos, do ponto de vista de trá- fego e transporte, aos mesmos princípios. Revisar a legislação dos polos geradores de tráfego para in- cluir mais exigências, tanto de volume de veículos atraídos, como de tipos de intervenções a serem executadas a custo das atividades a se instalarem, incluindo nas exigências as providências relati- vas à geração de pedestres das diversas capacidades de mobilidade, travessias, transporte público, cargas, baias de car- gas, embarque, desembarque etc. Eliminar gargalos nos entroncamen- tos. Existem na cidade inúmeros entron- www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201232 aleceu no dia 4 de agos- to passado o engenheiro Paulo Alcides Andrade, um precursor da moderna construção de estrutu- ras metálicas no Brasil. Foi membro da Comissão Editorial da REVISTA ENGE- NHARIA, órgão do Instituto de Enge- nharia (IE), membro e coordenador da Divisão de Estruturas do IE e autor do projeto estrutural de sua sede atual, foi também membro do Conselho Delibera- tivo e Consultivo do Instituto. Logo após ter-se formado, em 1948, em engenharia civil e industrial pela Escola de Engenharia Mackenzie, in- gressou na Anderson Clayton, empresa norte-americana que na ocasião estava implantando uma pequena construção metálica, ainda novidade no Brasil. Mas foi na União dos Construtores Metálicos S.A., de origem belga, em 1952, mais tarde comprada por ele através da An- dratel Construções Metálicas S/A, que ele iniciou propriamente sua carreira na área de estruturas metálicas, contratado para fazer a parte de projetos, desenhos, orçamentos e demais etapas de edifica- ções industriais, até chegar a assistente da diretoria. Lá ele passou a ter contato com obras maiores, como a da Willys- -Overland, primeiro empreendimento da Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC; Sanbra, que construiu numerosos silos e armazéns; além de Moinho San- tista, Kim Brasil, Siderúrgica Aliperti, Villares, Goodyear e outras. Em 1954 uma grande transformação acontece em sua vida: a Companhia Side- rúrgica Nacional (CSN), de Volta Redonda (RJ), havia montado sua Fábrica de Es- truturas Metálicas, FEM, cuja produção se limitava ao uso próprio da siderúrgi- ca. No entanto um determinado cliente, Francisco Cintra Gordinho, voltando dos Estados Unidos, impressionado com o sis- tema de garagens de andares múltiplos, decidiu construir um prédio semelhante em São Paulo – e para isso iniciou sua busca por um sistema construtivo. A obra era pioneira, uma garagem de 16 andares, próximo à Praça da Bandeira. Acontecia, no entanto, que a fábrica da CSN, a FEM, não tinha condições de fazer a montagem – faltavam equipamentos e mão de obra, tendo sido necessário es- tabelecer a formação de uma concorrên- cia na área privada, da qual participaram três empresas de São Paulo. A União dos Construtores Metálicos ganhou a concor- rência, e Paulo Alcides Andrade foi desig- nado para fazer a montagem do prédio. Durante quase um ano ele participou in- tegralmente da execução daquela obra, denominada Garagem América, que se apresentou sui generis, com uma série de características inovadoras. Primeiro, por ter sido feita toda em estrutura metálica, e também por ter sido a primeira vez em que se usou estacas de perfis soldados. Além disso o prédio começou do sexto andar para baixo, com adoção do recurso de escavação. Andrade, de posse dos co- nhecimentos ali adquiridos, foi convidado a lecionar no Mackenzie, onde permane- ceu por dez anos. Depois disso seu nome começou a se destacar, e a CSN o convidou para criar um novo setor de serviço. Como chefe do Departamento Técnico Comercial da FEM, ele partiu para um estágio nos Estados Unidos, em 1956, onde visitou diversas empresas da área de estruturas, como a American British – uma grande fabrican- te de estruturas e de pontes tipo Golden Gate, com uma capacidade de produção de 30 000 toneladas por mês. Paulo Alci- des Andrade participou ainda de diversos empreendimentos da FEM, além da Gara- gem América, como o Edifício Palácio do Comércio (SP), Edifício Avenida Central (RJ) e Edifício Santa Cruz (PA). Mais tarde, em 1962, a União dos Construtores Metálicos, foi adquirida pela Andratel Construções Metálicas S/A, da qual ele foi fundador, e onde foram realizadas, sob sua responsabilidade, mais de 2 500 obras (entre 1958 e 1984), abrangendo a construção de edifícios industriais, torres, construções pré-fa- bricadas, silos, armazéns, escolas, giná- sios de esportes, shoppings, construções rurais, indústrias de açúcar e álcool, in- dústrias petroquímicas e siderúrgicas e outras edificações. Paulo Alcides exerceu também ativa participação junto a entidades represen- tativas do setor, onde ocupou os seguintes cargos: fundador e vice-presidente da As- sociação Brasileira de Construção Metáli- ca (Abcem), de 1975 a 1983, e seu diretor em 1995 e 1996; fundador da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), onde foi membro do Conselho Consultivo; ex-conselheiro da Associação Brasileira da Construção In- dustrializada (ABCI). Fundador, diretor e técnico responsável da Paulo Andrade Engenharia de Estruturas Metálicas S/C Ltda., atuando nas áreas de consultoria, projeto e gestão de qualidade. Autor de destacados trabalhos técni- cos de estruturas metálicas, ele proferiu palestras em congressos, seminários e faculdades de engenharia, arquitetura e escolas de ensino técnico, enriquecidos pelas numerosas viagens técnicas à Eu- ropa, América do Sul e América do Norte. A biografia de Paulo Alcides Andrade revela o empresário, estudioso, consultor e autor de artigos sobre estruturas metálicas por todos conhecido. Ficam ainda a seu crédito não só o projeto para a construção da atual sede do IE, como a coordenação da construção, a serviço da construtora Andrade Gutierrez, de uma insólita cidade no coração africano do Congo. ENGENhARIA PERDE PAULO ALCIDES ANDRADE, PIONEIRO DAS ESTRUTURAS METáLICAS NO BRASIL so lu tio n A Localiza tem a solução de que sua empresa precisa. Ligue e comprove: 0800 707 1250 www.localiza.com/empresa Pequena e média empresa, a Localiza vai com vocês. Seja qual for o tamanho da sua empresa, ela pode contar com a maior rede de aluguel de carros da América Latina para crescer com economia e fl exibilidade. LocalizaEmpresa PJ-0005/12AA - AdRev - ENGENHARIA - O EMPREITEIRO - Construção - 21x14cm.indd 1 8/13/12 3:10 PM DIVISÕES TÉCNICAS Fo to : D IV uL GA çã o Engº Paulo Alcides Andrade www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 35 seguiu, em Curitiba, fazer “desse limão uma limonada”. Os corredores de ônibus, a então mais recente invenção da engenharia brasileira da época (em Goiânia, Porto Alegre, Recife, São Paulo e também em Curitiba foram desenvolvidos pionei- ramente os conceitos de corredores de ônibus) veio a se transformar em verda- deira coqueluche global, estando hoje instalada em talvez uma centena de ci- dades no mundo todo. Quanto a esse espírito de se envolver em questões cruciais, mesmo que à custa de ter que “cutucar a onça com a vara curta”, o IE teve um papel ímpar, servin- do como local de amálgama de posições técnicas, ideológicas e políticas as mais variadas, e que contribuíram para o es- tabelecimento de um consenso que veio a se revelar imensamente pródigo para a cidade e, ao cabo, para todo o país. A iniciativa do IEP de entrar “de ca- beça” nesse debate, da mesma forma, é muito alvissareira. A circulação urbana tem funções que atinam ao próprio de- senvolvimento da cidadania, da econo- mia e do mercado profissional local. E esses aspectos não devem ser deixados de lado quando de grandes escolhas, como ora ocorre em Curitiba. A recepção aos engenheiros curiti- banos foi feita pelo vice-presidente do IE, engº Rui Arruda Camargo, e pelo diretor de Tecnologia e Ciências Exa- tas, engº Ricardo Kenzo Motomatsu. O evento foi organizado pelo coordenador de Sistemas de Transportes Inteligentes, Laurindo Junqueira, contando com a co- laboração da Cia. do Metrô e da SPTrans, São Paulo Transporte. Também tiveram participação as três maiores empresas mundiais de fabricantes de monotrilhos – Bombardier, Hitachi e Scomi, coorde- nadas pela Associação Brasileira de Mo- notrilhos (Abramon). Após o evento foi feita uma inspeção às obras da Linha 15-Prata (ex-Extensão da Linha 2-Verde) de monotrilho e uma visita à operação do Corredor de Ônibus Expresso Tiradentes e à Linha 2-Verde do Metrô. No canteiro de obras causou surpresa a facilidade construtiva do monotrilho e o seu relativamente baixo impacto urbano. A impressão inicial de quem nunca teve oportunidade de co- nhecer um monotrilho muda ao primei- ro olhar, desfazendo-se a “ameaça” de grande intrusão visual urbana das suas estruturas de sustentação. Ao contrário do que se poderia imaginar, o efeito de perspectiva produz grande leveza cênica da via única e do trem, dando a ela, ao invés da impressão deturpada de que ve- nha a ser um novo “Minhocão”, a imagem de um meio muito avançado, que corre sobranceiro sobre os congestionamen- tos de automóveis da cidade, muito mais apropriado à cultura contemporânea dos jovens que virão a ser seus usuários do que a de alguns dos desgastados meios de locomoção atuais. Assim, pesquisa re- cente feita na Europa mostra que são os jovens atuais que estão a anunciar que já não mais veem os automóveis e as motos como o meio preferencial de locomoção urbana. Nessa condição, o monotrilho, assim como outros veículos de transpor- te público coletivo eletrificado, está a prometer uma maior capacidade de atrair os usuários dos carros e das motos, de molde a aliviar os engarrafamentos urba- nos, do que o têm sido os ônibus, mesmo em corredores exclusivos. www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201236 Você conhece um espaço para realizar eventos corporativos cercado de área verde e com amplo estacionamento, na melhor região de São Paulo? O Instituto de Engenharia é o único local que oferece tudo isso ao lado do Parque do Ibirapuera! Restaurante – Capacidade para 220 pessoas. Recém reformado, possui amplo espaço coberto com cerca de 300m2. Utilização para co ee-break, coquetéis e jantares. Aberto ao público no horário de almoço. Auditório – Capacidade para 172 pessoas. Possui cadeiras estofadas, ar-condicionado, espaços reservados para cadeirantes e obesos. Equipado com três mesas centrais, púlpito, data-show, sistema wi- , sonorização e microfones, TV LCD para retorno, e interligação com o espaço do mini-auditório para transmissão simultânea e cabine para tradução simultânea. Galpão – Amplo espaço de 344m2, com copa exclusiva, voltado para exposições, festas corporativas, almoços e jantares. Decoração ilustrativa. Espaços de locação A sede do Instituto de Engenharia dispõe de infraestrutura para a realização de eventos de diversos tipos. Sua localização, próxima ao Parque do Ibirapuera, é privilegiada, atendendo perfeitamente a todos os pontos da cidade. Dispõe de estacionamento pago no local, com capacidade para mais de 250 veículos, ambientes com ar-condicionado e equipamentos multimídia para aluguel. Disponibiliza serviços de transmissão on-line (sob consulta). Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 – Vila Mariana 04012-180 – São Paulo – SP www.iengenharia.org.br eventos@iengenharia.org.br Telefone: (11) 3466-9254 Mini-auditório – Capacidade para 56 pessoas, além de mais 3 salas com capacidade para 25, 39 e 40 pessoas, todas equipadas com tela de projeção, quadro branco, mesa central, cadeiras universitárias, data-show,  ip- chart, sistema wi- , sonorização, microfones, persianas black-out e ar-condicionado. w w w .v ia pa pe l.c om .b r anuncio_locacao IE.indd 1 9/3/12 11:09 AM no ranking dos países com o maior número de edificações em processo de certificação LEED (Leadership in Energy and Environ- mental Design). Com dez dos 12 estádios- -sede da Copa do Mundo de 2014 em pro- cesso de certificação, o país se projeta internacionalmente em construção susten- tável. Em sua opinião, “o Brasil tem grandes chances de sediar o evento esportivo mais verde da história do planeta”. Por isso, sugere Cole, esse é o momento do país “arregaçar as mangas” e assim reforçar uma nova cultura de produ- ção das edificações verdes. Cole lembrou ainda que, mesmo com as dificuldades econômicas atuais, observa- -se uma evolução e mudança de cultura no horizonte. A seu ver, as ferramentas como o LEED e LCA (Life Cycle Analysis) possibi- litarão a redução no impacto ambiental dos edifícios e produtos. O LEED é um sistema de certificação e orientação ambiental de edificações. Criado pelo U.S. Green Building Council, é o selo de maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em mais de 130 países, inclu- sive no Brasil. Seu sistema de pontuação (40 a 110 pontos) divide o selo em diferentes ní- veis: Básico, Silver, Gold e Platinum. Quando a ONG chegou, em 2007, a im Cole, uma das maiores au- toridades em construção verde e questões relacionadas à sus- tentabilidade do mundo, esteve no Brasil em setembro passa- do, por ocasião da Conferência Internacional de Sustentabilidade (evento integrado à 3ª Greenbuilding Brasil), em São Paulo. Cole, também diretor de Iniciativas Ambientais e Desenvolvimento de Produto da Forbo Flooring /Améri- ca do Norte, falou durante o painel “Construção do Futuro - Uma Evolução da Cultura e dos Produtos: como prédios e produtos verdes podem ser soluções para um futuro me- lhor”. Ele preside também o comitê executivo e o conse- lho de administração do U.S. Green Building Council (USGB) e a Aliança para o Desenvolvimento Susten- tável em Ambientes Construídos (ASBE). Segundo Cole, a intenção do painel foi de apresentar a viabilidade dos novos pro- jetos verdes, já que “a construção civil é responsável hoje por 47% das emissões do planeta, 80% do uso de recursos naturais e dois terços do consumo de energia. Ou seja, é por esse segmento que devem ser iniciadas as transformações rumo a um mundo mais sustentável”. Cole se referiu diretamente ao Brasil, que atualmente detém o quarto lugar O MOMENTO FAVORECE POSIÇÃO DO BRASIL NA CONSTRUÇÃO VERDE, DIZ PRESIDENTE DE ONG certificação LEED, que atesta a sustentabi- lidade de um empreendimento, começou a ser implementada. E hoje o país apresenta crescimento significativo no setor com 40 empreendimentos já certificados e outros 371 registrados em busca do selo. Este úl- timo número leva o Brasil à quarta posição no ranking mundial de construções susten- táveis, atrás dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e China. Quanto ao GBC Brasil, o órgão tem atu- ado também para que o país seja exemplo de sustentabilidade nos eventos esportivos que irá sediar. Por isso, a convite do Comitê Olímpico Brasileiro, cooperou na elabora- ção dos critérios de sustentabilidade que guiarão as obras dos Jogos Olímpicos. A organização também participa da Câmara Temática de Sustentabilidade da Copa do Mundo 2014, coordenada pelo Ministério dos Esportes, já que a maioria dos estádios das cidades-sede da Copa estão buscando a certificação LEED. O GBC Brasil, uma organização não go- vernamental que visa fomentar a indústria de construção sustentável no país, tem uma parceria atuante junto ao governo e em- presas; capacitação técnica de profissionais e disseminação de práticas de processos de certificação de empreendimentos. Sobre a Forbo Flooring, há mais de 80 anos atuando no mercado, o grupo suíço fundado em 1928 é fabricante líder em pisos para revestimento e adesivos, bem como téc- nicas de acionamento e de transporte leve. Os campos de atividade do grupo compre- endem: Flooring Systems (pisos para revesti- mentos); Bonding Systems (adesivos) e Mo- vement Systems (esteiras transportadoras). Hoje a empresa está presente em 33 países, operando nos cinco continentes. Tim Cole durante o Greenbuilding Brasil 2012 DIVISÕES TÉCNICAS arlito Flávio Pimenta, consi- derado o patrono brasileiro dos Modelos Hidráulicos Re- duzidos e professor de Hi- dráulica da Escola Politécnica da USP. Formado em 1947 pela Poli em engenharia civil, foi aluno do Professor Lucas Nogueira Garcez, que o convidou para ser um de seus assistentes. Em 1950 foi enviado à França para se especializar em estudos avançados de hidráulica na Sorbonne e na Electricité de France e se aprimorar nas modernas técnicas de Mo- delos Hidráulicos em Escala Reduzida. Essa técnica, indispensável para o estudo UM MESTRE DA hIDRáULICA NACIONAL e projeto de grandes obras hidrelétricas, era inteiramente desconhecida no Brasil. Sob seu comando, assim que retornou ao Brasil, foi construído na Escola Politécni- ca o primeiro modelo reduzido brasileiro, o da Usina Limoeiro, no Rio Pardo. Com isso a Poli ganhava, na futura Cidade Universitária da USP, o seu La- boratório de Hidráulica, que passou a ser referência nacional e internacional. Sob a direção de Pimenta esse laboratório se converteu no Centro Tecnológico de Hi- dráulica, tendo contribuído destacada- mente nas áreas de saneamento, hidráu- lica fluvial, hidráulica marítima, energia hidrelétrica, ensaios de máquinas hi- dráulicas e de equipamentos hidromecâ- nicos, além de ser elemento básico para o desenvolvimento de pesquisas aplica- das e para a realização de aulas práticas. O Profº Pimenta foi sócio fundador do Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores Ltda. (CNEC), hoje CNEC WorleyParsons S.A., uma das maio- res empresas de Consultoria e Projetos do Brasil, e desempenhou ainda outros importantes cargos como presidente da Comissão Permanente de Águas e supe- rintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Fo to : D IV uL GA çã o www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 37 Você conhece um espaço para realizar eventos corporativos cercado de área verde e com amplo estacionamento, na melhor região de São Paulo? O Instituto de Engenharia é o único local que oferece tudo isso ao lado do Parque do Ibirapuera! Restaurante – Capacidade para 220 pessoas. Recém reformado, possui amplo espaço coberto com cerca de 300m2. Utilização para co ee-break, coquetéis e jantares. Aberto ao público no horário de almoço. Auditório – Capacidade para 172 pessoas. Possui cadeiras estofadas, ar-condicionado, espaços reservados para cadeirantes e obesos. Equipado com três mesas centrais, púlpito, data-show, sistema wi- , sonorização e microfones, TV LCD para retorno, e interligação com o espaço do mini-auditório para transmissão simultânea e cabine para tradução simultânea. Galpão – Amplo espaço de 344m2, com copa exclusiva, voltado para exposições, festas corporativas, almoços e jantares. Decoração ilustrativa. Espaços de locação A sede do Instituto de Engenharia dispõe de infraestrutura para a realização de eventos de diversos tipos. Sua localização, próxima ao Parque do Ibirapuera, é privilegiada, atendendo perfeitamente a todos os pontos da cidade. Dispõe de estacionamento pago no local, com capacidade para mais de 250 veículos, ambientes com ar-condicionado e equipamentos multimídia para aluguel. Disponibiliza serviços de transmissão on-line (sob consulta). Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 – Vila Mariana 04012-180 – São Paulo – SP www.iengenharia.org.br eventos@iengenharia.org.br Telefone: (11) 3466-9254 Mini-auditório – Capacidade para 56 pessoas, além de mais 3 salas com capacidade para 25, 39 e 40 pessoas, todas equipadas com tela de projeção, quadro branco, mesa central, cadeiras universitárias, data-show,  ip- chart, sistema wi- , sonorização, microfones, persianas black-out e ar-condicionado. w w w .v ia pa pe l.c om .b r anuncio_locacao IE.indd 1 9/3/12 11:09 AM ENGENHARIA I www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201240 LINHA DE FRENTE . r il ri . . r Saneamento básico é pré-condição para sustentar o desenvolvimento Na visão do engenheiro politécnico Edson de Oliveira Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, para o desenvolvimento sustentável de uma nação é indispensável ter uma boa disponibilidade de água para o abastecimento humano e para a implantação tanto de grandes obras de infraes- trutura, como de fábricas ou estabelecimentos comerciais, assim como coleta e tratamento de esgotos eficientes para evitar a poluição e a contaminação dos mananciais. Do ponto de vista profissional, ele entende que sem um alentado plantel de engenheiros capacitados não há como reverter as insuficiências que afetam nossa infraestrutura em geral e a área de saneamento em particular. “Acredito que esta seja a hora e a vez dos grandes projetos”, diz. Ele acha que, ao mesmo tempo em que são FO TO : D IV U LG A ç à O S A bE SP urgentes vultosas obras de engenharia, a fim de garantir o cumprimento de metas ambicio- sas – como a da universalização dos serviços de saneamento no Estado de São Paulo até o fim desta década – é preciso se assegurar de que os projetos a serem desenvolvidos esta- rão devidamente amparados nas mais dignas condições de preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. “É nossa responsabi- lidade assegurar que as próximas gerações terão condições de escolher o mundo em que querem viver”, alerta, acrescentando que é obrigação da geração atual deixar um legado de obras sustentáveis e não o contrário, ou seja, empreendimentos que prejudiquem o meio ambiente no médio e no longo prazo. Para ele, decisões precipitadas e de caráter apenas político não são desejáveis FO TO : S H U TT ER ST O C k FO TO : S H U TT ER ST O C k I ENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 41. r il ri . . r Edson deO liveiraGiriboni Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo FO TO S: L EO N A RD O M O RE IR A / D IV U LG A ç à O S A bE SP ENGENHARIA I www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201242 engenheiro Edson de Oli- veira Giriboni, 59 anos, se- cretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Esta- do de São Paulo e deputa- do estadual pelo Partido Verde (PV), é engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e administrador de empresas pela Asso- ciação de Ensino de Itapetininga (AEI) – além de ter feito especialização na Universidade de Campinas (Unicamp) e na Universidade Federal de Minas Ge- rais (UFMG). Perguntado sobre qual o papel reservado para a engenharia bra- sileira no trabalho de reverter insufici- ências que afetam nossa infraestrutura em geral e a área de saneamento em particular, numa fase em que o Brasil – apesar da crise financeira global – tem chances de crescer do ponto de vista econômico, Giriboni foi enfático: “Não existe ‘papel reservado’ para a enge- nharia, uma vez que sem ela não há infraestrutura. Acredito que esta seja a hora e a vez dos grandes projetos bra- sileiros”. Em sua entrevista exclusiva à RE- VISTA ENGENHARIA, Edson Giriboni iniciou lembrando um aspecto bem co- nhecido de todos: o Brasil é um país continental que sofreu muitos anos com a estagnação econômica. “Agora, que estamos numa boa fase, novos pro- jetos surgem a cada dia, mas sofremos porque não estávamos preparados para absorver tanta novidade na área da infraestrutura em geral. Em busca de agilidade para solucionar os problemas decorrentes dessas insuficiências em nossa infraestrutura, o papel da enge- nharia é fundamental. O planejamento e a execução de grandes obras não são possíveis sem o apurado e cuidadoso trabalho dos engenheiros. Com rela- ção à questão do saneamento, o que tenho a dizer é que não existe país que sustente seu desenvolvimento se não tiver saneamento básico bem estru- turado. Água de qualidade disponível para o abastecimento humano e para a implantação de novos negócios, sejam eles fábricas, estabelecimentos comer- ciais ou grandes obras, bem como uma coleta e tratamento de esgotos eficien- te que possam evitar a poluição e con- taminação dos mananciais, são fatores indispensáveis para o desenvolvimento sustentável de uma nação.” Nascido no município de Itapetinin- ga em 6 de abril de 1953, o secretário é filho de Orlando Giriboni e Benedita de Oliveira Giriboni e tem sete irmãos com nome começados por “E”: Ércio, Edno, Élvio, Érico, Elston, Élede e Everson. O seu avô, Lourenço Giriboni, era fi- lho de imigrantes italianos e cresceu trabalhando em cafezais. Em determi- nado momento de sua trajetória, Lou- renço fundou a empresa alimentícia “Irmãos Giriboni”, que começou com uma máquina de fubá, utilizada para fazer polenta. A empresa cresceu e pas- sou a beneficiar arroz, milho e café. A geração seguinte deu sequência. O pai, Orlando, também transmitiu a iniciati- va aos filhos, que até hoje mantêm o nome da empresa com o mesmo nome. Edson Giriboni é casado com Sandra Brasil Giriboni e o casal tem três filhos: Edson Júnior, Rodrigo e Camila. Depois de ter passado pela Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), onde fez carrei- ra de 1977 a 1999 (chegando a supe- rintendente geral), Giriboni ingressou na vida pública, tendo sido eleito vice- -prefeito de Itapetininga para o perí- odo 1989/1992, quando também ocu- pou a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, desenvolvendo um trabalho de natureza estratégica na ex- pansão das vias urbanas e na melhoria da extensa malha viária rural. Voltou a ser eleito vice-prefeito de Itapetininga para o período 2001/2004, quando ocu- pou a Secretaria Municipal de Indústria e Desenvolvimento. Nas eleições de 2006, foi eleito deputado estadual pelo Partido Verde (PV), com 47 968 votos. A sua primeira grande iniciativa foi a realização de um amplo diagnóstico em 45 municípios da região sudeste do Estado de São Paulo, culminando com o relatório intitulado “Estudo do Perfil Socioeconômico das Regiões Adminis- trativas do Estado de São Paulo”. O tra- balho serve de base para as ações que já estão sendo desenvolvidas. — Aumenta a cada dia a preocu- pação com relação à qualidade am- biental dos empreendimentos de in- fraestrutura em geral. Como o senhor encara a questão? — perguntamos ao secretário. “Atualmente como secretário de Saneamento e Recursos Hídricos devo, mais que nunca, equilibrar duas ques- tões que não são necessariamente an- tagônicas, mas que, sem o devido cui- dado, podem ser vistas dessa forma. Ao mesmo tempo em que são urgentes grandes e vultosas obras de engenharia a fim de garantir o cumprimento de metas, como por exemplo, a universa- lização dos serviços de saneamento no Estado de São Paulo até o fim desta década, temos que nos assegurar de que os projetos a serem desenvolvidos estarão devidamente amparados nas mais dignas condições de preservação do meio ambiente e dos recursos na- turais. Muitas vezes, conseguir uma li- cença ambiental é um processo moroso. Quando estamos aguardando um prazo parece que muito tempo decorre até LINHA DE FRENTE FO TO S: D IV U LG A ç à O S A bE SP I ENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 45Av. Abramo Randon, 660 - B. 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Pode se dizer que os índices de saneamento básico de São Paulo já superam o nível europeu? — pedimos. “Ao término da segunda fase do Projeto Tietê, de 2000 a 2008, na Re- gião Metropolitana de São Paulo hou- ve a ampliação de coleta de esgotos de 80% para 84%. E de tratamento do que é coletado, de 62% para 70%. No início do proje- to o tratamento era de 24% apenas. Com a terceira etapa, que está em andamento, a coleta subirá de 84% a 87% e o tratamento, de 70% a 84%. Esse programa começou em 1992. A primeira fase foi de 1992 até 1998 e a segunda, de 2000 a 2008. Nesses 16 anos, 1,6 bi- lhão de dólares foi o valor investido. Com isso, foi possível passar a tratar o esgoto gerado por 8,5 milhões de ha- bitantes, antes lançado in natura em rios e córregos da metrópole. O volu- me tratado quadruplicou, para 16 000 litros por segundo. Um dos resultados mais expressivos alcançados até agora é o que indica que, com a expansão das redes coletoras e dos sistemas de tratamento por parte da Sabesp nos últimos 20 anos, 365 toneladas de matéria orgânica deixam de ser lan- çadas, diariamente, nos leitos dos rios da Grande São Paulo. Outra das con- sequências mais visíveis das obras do programa foi a redução da mancha de poluição do Rio Tietê – que antes do projeto alcançava a Barragem de Barra Bonita – em 160 quilômetros, ou seja, até as cercanias da cidade de Salto, próxima de Itu.” — Quando o Projeto Tietê será to- talmente concluído? Além da atual terceira etapa em andamento, quais as perspectivas para a quarta etapa? Essa será a última do projeto? — solicita- mos finalmente. “O Projeto Tietê contará ainda com uma quarta etapa, em fase de planeja- mento com investimentos previstos na ordem de 2 bilhões de dólares. A previ- são é que ela esteja concluída até 2018 ou 2020, quando será alcançada a uni- versalização dos serviços de saneamento na área atendida pela Sabesp.” te com outros, como o sistema de ge- renciamento, a cobrança e os comitês de bacias. E uma vez concedida uma outorga está dada a responsabilidade pelo uso do recurso hídrico àquele que melhor o utilizará frente à necessida- de da comunidade, seja em função do abastecimento público, da construção de um empreendimento gerador de desenvolvimento econômico e social ou meramente de sua necessidade de subsistência – por exemplo, diante da impossibilidade de se ter água tratada numa determinada localidade porque a infraestrutura de adução e distribuição não chega a certos lugares. Trata-se de um avanço na gestão dos recursos hí- dricos porque esses usos que mencionei são devidamente estudados e discuti- dos em comissões que conjugam inte- resses de distintas partes. A outorga é um instrumento democrático cujos be- neficiários são os cidadãos.” — O senhor considera que a maior demanda de sua secretaria hoje é completar a infraestrutura de sanea- mento? Ou além da coleta, transpor- te e tratamento de esgotos há uma demanda ainda mais importante? — solicitamos. “Não existe uma demanda mais im- portante que outra. Como já disse, o equilíbrio das decisões é fundamental. A Secretaria de Saneamento e Recur- sos Hídricos funciona pautada no que chamamos de ‘medalhas’, e todas têm prioridade, sem prevalecer uma sobre a outra. São elas: universalização dos serviços de saneamento e a conse- quente despoluição dos rios e córre- gos, controle e prevenção de enchentes e a gestão de recursos hídricos. Diver- sos programas são desenvolvidos pelas empresas e órgãos da nossa secretaria para que esses itens estejam alinhados quanto ao uso de recursos e às deci- sões de investimentos. A Sabesp, por exemplo, é a responsável pelo Projeto Tietê, que tem incluído em seu escopo a construção de estações de tratamen- to de esgotos na Região Metropolitana de São Paulo. Também é de sua alçada a universalização dos serviços de sa- neamento em todos os municípios cuja concessão lhe tenha sido entregue. Além disso, a Sabesp também cuida do programa Córrego Limpo; do proje- to Onda Limpa, no litoral do estado; e do programa Mananciais, entre outros. Duas iniciativas importantes foram “Já em seu primeiro ano de governo, Alckmin criou os programas Água é Vida e Se Liga na Rede” possíveis pela sensibilidade do gover- nador Alckmin que, já em seu primeiro ano de governo, autorizou a implan- tação dos programas Água é Vida e Se Liga na Rede”. Ambos estão sendo viabilizados com recursos do governo estadual e da Sabesp. O Água é Vida prevê levar os serviços de saneamento às regiões mais distantes, como áreas rurais que não tinham acesso a água tratada e serviço de afastamento e tra- tamento de esgotos. Não menos relevante é o programa Se Liga na Rede. Nós, da secreta- ria, Sabesp e governo estadual, vimos que muitos investimentos feitos em infraestru- tura de saneamento, como coletores tron- co, linhas de recalque e interceptores – in- vestimentos pesados, uma vez que são grandes obras –, em algumas situações acabavam sendo subutilizados. Isso porque parte da população não tem dinheiro para fazer a ligação das suas casas ao sistema do esgoto – que, mui- tas vezes, passa bem na frente ou ao lado da casa do cidadão. Então, deci- dimos criar um programa para ajudar as pessoas a fazerem suas ligações à rede de esgoto. Temos certeza de que isso muda a vida do cidadão, portanto, vamos pagar a ligação de esgoto dessas pessoas. Acho importante citar que o Departamento de Águas e Energia Elé- trica [DAEE], autarquia da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, é quem concede outorgas para o uso de água no Estado. Também é responsável pelo principal programa de controle de cheias de São Paulo – o do Rio Tietê – e, além disso, implementa o progra- ma Água Limpa, já mencionado. Além desses programas todos, a nossa secre- taria tem as obras do Parque Várzeas, os planos municipais de saneamento, o Reágua, o programa de Recuperação de Mananciais e o desenvolvimento de políticas públicas aplicadas às áreas de saneamento e de recursos hídricos. Há quem diga que governar é eleger prio- ridades, mas a administração coeren- te é aquela que não deixa nada e nem ‘ninguém pra trás’, como diria o gover- nador Geraldo Alckmin.” — Qual o percentual do esgoto co- letado e tratado na Grande São Paulo LINHA DE FRENTE I ENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 47log so Rua Líbero Badaró, 377, 6º andar, Centro CEP: 01009-906, São Paulo, SP, Brasil www.arcadislogos.com.br ETEP e ARCADIS Logos juntas para o desenvolvimento do Setor de Saneamento Recém-adquirida pela ARCADIS Logos, a ETEP agora é parte da ARCADIS, uma das maiores redes de consultorias de engenharia do mundo, com mais de 120 anos de história e atuação em mais de 70 países nos mercados de Infraestrutura, Água, Edificações e Meio Ambiente. Expertise global aliada ao conhecimento local Soma do corpo técnico, qualidade, tecnologia de ponta e experiência adquirida em mais de 40 anos de atuação no mercado brasileiro. Capacidade para oferecer gama diversificada de soluções e tecnologias para o setor de Saneamento. C M Y CM MY CY CMY K sabesp_final.pdf 1 25/09/12 10:24 ENGENHARIA I www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201250 bilhão de dólares e 8,5 milhões de pessoas pas- saram a dispor de coleta e tratamento de esgotos. É uma população equi- valente à de Londres, que levou quase um século para ver o Rio Tâmisa despoluído. Até o fim da década esse número crescerá para 13 milhões de pessoas. Estamos na terceira e penúltima etapa, iniciada em 2009. São 580 quilômetros de coletores e interceptores, 1 250 quilômetros de redes coletoras, 200 000 ligações domiciliares e aumento de capacidade de tratamento das estações em 7 400 litros por segundo. A coleta subirá de 84% a 87% e o trata- mento, de 70% a 84%. Serão investidos aproximadamente 1,8 bilhão de dólares. A quarta e última etapa completará a uni- versalização da coleta e do tratamento de esgoto. A coleta subirá de 87% para 95% e o tratamento de 84% para 100%. A despoluição do rio, no entanto, não de- pende apenas do Projeto Tietê. REvISTA ENGENHARIA – O que é preci- so para despoluir o rio além do Projeto Tietê? DILMA PENA – Hoje, aproximadamente 35% da poluição do rio é provocada pela chamada poluição difusa, ou seja, o lixo. Portanto, despoluir o Rio Tietê depende, ainda, de duas outras importantes ações. Uma é a implantação do sistema de esgo- tamento sanitário nos municípios da re- gião metropolitana que não são atendidos pela Sabesp: Guarulhos, Santo André, Dia- dema, Mauá e Mogi das Cruzes. A outra é a melhoria dos sistemas de limpeza urbana em toda a região. A população também tem papel decisivo na recuperação do rio, principalmente na redução do lixo, carre- ado pelas águas das chuvas ou pelo vento diretamente ao Tietê e seus afluentes. REvISTA ENGENHARIA – Qual a situação do fi- nanciamento do BNDES [Banco Nacional de De- senvolvimento Econômi- co e Social] para a terceira etapa do Projeto Tietê? DILMA PENA – Enviamos uma carta con- sulta ao BNDES solicitando empréstimo de 1,3 bilhão de reais, necessários para complementar os investimentos da ter- ceira etapa do Projeto Tietê. Encontra-se em análise pelo banco. Temos em exe- cução e em contratação 564 obras, que representam 45% do total previsto nesta terceira e penúltima etapa. Outros 26% estão em licitação. E 29%, em fase de elaboração de projetos. REvISTA ENGENHARIA – Qual a situação do processo para negociação da quarta e última etapa do Projeto Tietê, com início previsto para 2015? A senhora confirma as previsões de que um valor em torno de 2 bilhões de dólares deve ser demandado para essa fase, que irá abranger áreas pe- riféricas na RMSP e demandará um traba- lho em parceria com as prefeituras? DILMA PENA – A quarta etapa encontra- -se em planejamento para que não haja interrupção dos trabalhos, com várias in- tervenções já definidas e em fase de ela- boração do projeto básico. O investimen- to deve ser de 3 bilhões de reais, valor estimado com base em 30% dos proje- tos básicos. Somente quando os projetos executivos ficarem prontos será possível ter o valor exato. REvISTA ENGENHARIA – E no restante do Estado, o que a Sabesp está fazendo para garantir a coleta e o tratamento de esgoto? DILMA PENA – A universalização dos ser- viços chegará primeiro ao interior paulista, onde 146 cidades já contam com o bene- REvISTA ENGENHARIA – A senhora pode dar um panorama geral dos prin- cipais serviços da Sabesp, cujas implica- ções sobre a qualidade de vida e as con- dições de saúde de quem os recebem são diretas e imediatas? DILMA PENA – A Sabesp é uma empresa de economia mista que oferece serviços de água e esgoto, visando garantir qua- lidade de vida às gerações atual e futura e preservar o meio ambiente. Também podemos atuar em outros estados da Federação e países, operar em mercados de drenagem e limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e energia. Por meio do Sabesp Soluções Ambientais, nós de- senvolvemos ações voltadas a grandes clientes, com programas de uso racio- nal da água ou de água de reúso. Temos 27,6 milhões de clientes e atendemos 363 municípios, além de fornecermos água por atacado para outras sete cidades. Nossa meta é, até o fim da década, uni- versalizar os serviços de saneamento em nossa área de atuação, de forma susten- tável e competitiva, com excelência no atendimento ao cliente. Portanto, nossa responsabilidade é muito grande. REvISTA ENGENHARIA – Como está o programa de despoluição do Rio Tietê? DILMA PENA – O Projeto Tietê é o princi- pal programa de investimentos da Sabesp em esgotamento sanitário. É um desa- fio que começou a ser enfrentado com firmeza a partir do governo Mario Co- vas, com um eficiente planejamento das ações para a implantação da infraestru- tura de coleta, transporte e tratamento de esgotos, em quatro etapas, na Região Metropolitana de São Paulo. Já foi possí- vel reduzir a mancha de poluição em 160 quilômetros – chegava até Barra Bonita e agora está em Salto. Nas duas primeiras etapas do programa foram investidos 1,6 “Por meio do Sabesp Soluções Ambientais, desenvolvemos ações voltadas a grandes clientes” ENTRE VISTA FO TO S: D IV U LG A ç à O S A bE SP I ENGENHARIA www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 51 Dilma Pena fício. Para garantir a coleta, transporte e tratamento de esgoto, estão em constru- ção 36 estações de tratamento de esgoto. Já no litoral, os serviços serão universali- zados em 2016. Nesta região, desde 2007 a Sabesp executa o maior projeto de sane- amento do litoral brasileiro: o Programa Onda Limpa. Os investimentos somam 2,1 bilhões de reais na Baixada Santista e no Litoral Norte, regiões que mais crescem no país em função do pré-sal. Para se ter uma ideia do alcance das ações, somente na Baixada Santista as obras executadas beneficiam 3 milhões de pessoas, entre as que vivem e as que visitam a região. REvISTA ENGENHARIA – Qual o papel da adoção de princípios básicos como transparência, gestão da qualidade e tec- nologia para o bom cumprimento da mis- são de levar saneamento a mais de 27,6 milhões de pessoas? DILMA PENA – Neste ano comemora- mos dez anos de listagem das nossas ações na Bolsa de Nova York [NYSE] e no Novo Mercado da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo [BM&FBovespa]. Ambos são os mais al- tos níveis de governança corporativa nas respectivas bolsas. A decisão do gover- nador Geraldo Alckmin de abrir o capital da companhia, em 2002, nos possibili- tou alcançar níveis de transparência e de governança corporativa, o que contri- buiu para atingir significativa melhoria dos padrões de eficiência e resultados econômico-financeiros. O fortalecimen- to da saúde financeira da empresa nos permitiu acessar os mercados de capi- tais em busca de financiamentos para os programas de investimento necessários à universalização, bem como obter re- muneração aos acionistas. Nossa lisura na prestação de contas foi reconhecida pela Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabili- dade – a Anefac –, que apontou a Sabesp como sendo uma das 20 empresas com maior transparência no Brasil. REvISTA ENGENHARIA – Em relação ao compromisso da Sabesp com a uni- versalização, até 2020, dos serviços de saneamento nas áreas regulares onde a empresa tem operação, qual o ritmo anual de investimentos necessário para cumprir essa meta? DILMA PENA – Para cumprir a meta de universalização dos serviços de sanea- mento, a companhia ampliou seus inves- timentos. Entre 2002 a 2007 tínhamos uma média anual de 1 bilhão de reais, mas nos últimos quatro anos temos mantido os investimentos acima do patamar de 2 bi- lhões de reais. No ano passado, por exem- plo, foram 2,44 bilhões de reais. REvISTA ENGENHARIA – Quais foram os resultados da Sabesp na expansão dos serviços de água e esgoto em 2011? DILMA PENA – Em 2011, cumprimos as seis metas de desempe- nho estabelecidas para o nosso primeiro ano de gestão. Isso demonstra que fizemos uma tran- sição tranquila, eficiente e com resultados signi- ficativos para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Realizamos mais de 246 400 novas liga- ções de esgoto, o melhor resultado obtido pela companhia nos últimos 12 anos, beneficiando 880 000 pessoas. Também realizamos a segun- da maior expansão de novas ligações de água dos últimos 12 anos: 208 000. Os clientes reconheceram nosso esforço por meio de pesquisa de satisfação, que atingiu índice de 92%. REvISTA ENGENHARIA – Como tem sido a atuação da Sabesp em novos negócios e soluções inovadoras? DILMA PENA – Nosso foco é a univer- salização dos serviços de saneamen- to, mas nossa diretoria de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente sempre está atenta a novas oportuni- dades. A Sabesp atua em novos mer- cados, com o objetivo de consolidar-se no setor de maneira sustentável. Entre as ações em execução, destaco o Aqua- polo Ambiental, destinado à produção de água de reúso para fins industriais a partir do esgoto tratado. É a maior planta para produção de água de reúso do Hemisfério Sul e será entregue neste ano. Terá capacidade de produção final de 1 metro cúbico por segundo, pro- veniente da Estação de Tratamento de Esgoto ABC, para o Polo Petroquímico de Capuava, na Grande São Paulo. É um volume que dá para abastecer 300 000 pessoas. Somente em obras físicas fo- ram aplicados 364 milhões de reais. Por meio de Sociedades de Propósitos Es- pecíficos [SPE] também prestamos ser- viços de água e esgoto nos municípios de Andradina, Castilho, Mogi Mirim e Mairinque. REvISTA ENGENHARIA – Como vai a exploração de projetos na área de sanea- mento com a geração de energia? Qual a situação da parceria com cinco municípios da região do Alto Tietê para a implantação de uma unidade de tratamento térmico de resíduos sólidos e geração de energia? DILMA PENA – A atuação no tratamento do esgoto industrial é mais um projeto da nossa área de novos negócios. A Sabesp já assinou protocolo de intenções com os municípios de Arujá, Biritiba Mirim, Guarare- ma, Mogi das Cruzes e Salesópolis, na região do Alto Tietê, para constru- ção da primeira usina de reciclagem energética de resíduos sólidos do país. O projeto está sendo mo- delado por meio de par- ceria público-privada. A capacidade de processamento prevista é de 500 toneladas de lixo por dia, com tra- tamento térmico e geração de energia. Em parceria com a Estre Ambiental estamos construindo uma estação de tratamento especializada em efluentes da indústria, na Vila dos Remédios, na capital paulista. Outra parceria, com a Fundação Fraunho- fer, da Alemanha, permitirá que o biogás produzido na Estação de Tratamento de Esgotos de Franca, no norte do Estado de São Paulo, seja transformado em combus- tível automotivo, para abastecer a frota da Sabesp naquela região. REvISTA ENGENHARIA – Como a Sabesp está atuando para garantir água na tornei- ra dos seus clientes? DILMA PENA – Nosso desafio é garantir o abastecimento de água na Região Me- tropolitana de São Paulo. É uma área ca- rente em recursos hídricos, onde se con- centram cerca de 20 milhões de pessoas. Para garantir, como você disse, “água na torneira”, desenvolvemos o Programa Metropolitano de Água, cujo objetivo é aumentar em 20% – correspondentes a 13,2 metros cúbicos por segundo – a capacidade atual de produção nesta dé- cada. Somente em 2011, entregamos 15 obras de produção e adução, com as quais melhoramos o nível de abasteci- mento na região metropolitana. Quero destacar a ampliação do sistema produ- tor da Estação de Tratamento de Água de Taiaçupeba, em Suzano. Foi a primeira PPP realizada pela Sabesp, em conjunto com a CAB Ambiental, com a qual am- pliamos em 50%, de 10 metros cúbicos “Os investimentos do Programa Onda Limpa somam 2,1 bilhões de reais na Baixada e Litoral Norte” ENGENHARIA I www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201252 por segundo para 15 metros cúbicos por segundo, a capacidade de tratamen- to do sistema. A companhia se prepara para iniciar uma nova PPP, a do Sistema Produtor São Lourenço. Estamos na reta final dos trabalhos para o lançamento do edital de licitação. O novo sistema vai ampliar a oferta de água tratada para a região metropolitana em 4 700 litros por segundo. Desde 2006, o investimento no programa é de 1,7 bilhão de reais. Na Bai- xada Santista, estamos finalizando outras duas importantes obras: a implantação do Sistema Produtor Mambú-Branco, em Itanhaém, e a construção da Estação de Tratamento de Água Jurubatuba, no Guarujá. Juntas, somam investimentos de cerca de 500 milhões de reais. REvISTA ENGENHARIA – Em relação ao desperdício, a Sabesp ainda tem um índice de perda de água tratada de 26,5%? DILMA PENA – Estamos bem abaixo da média nacional que é de 36%. Diminuir a perda de água tratada é importante para garantir o abastecimento da população. Desde 2009, a Sabesp executa o Progra- ma Corporativo de Redução de Perdas. Fomos buscar ensinamentos e tecnologia no Japão, que é referência mundial no as- sunto e tem apenas 3% de índice de per- das. Hoje nossos técnicos ministram cur- sos de combate a perdas para empresas de abastecimento de outros países. Para atingirmos níveis próximos aos padrões internacionais, entre 15% e 17%. Até o fim da década, vamos investir 4,3 bilhões de reais na substituição de redes, troca de tubulações, “setorização” – com redu- ção de pressão da água – e substituição de hidrômetros. Nosso objetivo é reduzir 1 metro cúbico por segundo ao ano, su- ficiente para abastecer uma cidade com 300 000 habitantes, além de preservar nossos mananciais. REvISTA ENGENHARIA – Quais as perspectivas de o governo federal vir a desonerar o PIS/Cofins do saneamento, a exem- plo das desonerações de IPI para vários setores da atividade econômica do país? DILMA PENA – Embora tenhamos uma lei de saneamento – a lei 11.445/07 –, falta o governo federal definir uma po- lítica nacional clara de financiamentos para o setor, a fim de que o Brasil possa estabelecer uma meta para oferecer água tratada, coleta e tratamento de esgotos para todos. O governo federal permane- ce insensível a essa antiga reivindicação do setor que consiste em desonerar os serviços de saneamento da Cofins/PIS- -Pasep, barateando os custos desses ser- viços para toda a população. Em 2011, somente a Sabesp transferiu aos cofres federais cerca de 600 milhões de reais a título de pagamento da Cofins/PIS-Pa- sep. Isso nos parece ter pouco sentido num contexto em que a universalização dos serviços no país ainda se encontra muito distante. REvISTA ENGENHARIA – Esta questão refere-se ao momento internacional de crise. Como a Sabesp acompanha a con- juntura global? Há uma preocupação especial em avaliar um possível cenário de crédito mais escasso, o que significa- ria custo mais alto, ruim para o sanea- mento, porque esse é um setor de baixa rentabilidade? DILMA PENA – A tônica da administração continuará a ser de austeridade. Contro- lar o crescimento dos custos não é só um requisito para manter a empresa econômi- ca e financeiramente sustentável, é uma orientação do governador Geraldo Alck- min e uma obrigação que se impõe com o novo marco regulatório que exige que a presta- ção dos serviços se dê em regime de eficiência. Sa- neamento mobiliza uma grande quantidade de ca- pital para a prestação de serviços, principalmente no que se refere a tratamento de esgotos. Continuaremos a perseguir o padrão de financiamento mais adequado às características do setor – que é de longa maturação e baixa rentabilida- de –, buscando financiamentos de longo prazo a juros mais favoráveis. REvISTA ENGENHARIA – O Programa Se Liga na Rede, destinado à população de baixa renda, complementa os outros pro- gramas de esgotamento sanitário? DILMA PENA – Sim. O Se Liga na Rede vai potencializar os resultados positivos em qualidade de vida, melhoria da saú- de e preservação do meio ambiente que pretendemos alcançar com a universali- zação dos serviços de saneamento. De que forma? O governo do Estado e a Sa- besp estão subsidiando, para moradores com renda de até três salários mínimos, as obras de adequação das instalações internas de imóveis, que possibilitam a ligação à rede de esgoto. O custo médio da obra dentro da residência para co- nexão à rede coletora é de 1 820 reais, valor impeditivo para quem tem baixo poder aquisitivo. É um programa de ca- ráter inclusivo, já que é justamente essa população que sofre mais as consequên- cias da falta de saneamento. Outro fator importante é que evitamos que o es- goto seja lançado in natura nos corpos d’água. Vamos executar 192 000 liga- ções, um investimento de 350 milhões de reais. Um país, estado ou município não pode dizer que é desenvolvido se não tiver saneamento básico. ENTRE VISTA “Um destaque é a ampliação do sistema produtor da Estação de Tratamento de Água de Taiaçupeba” ESPECIAL SANEAMENTO bÁSICO A julgar pelos dados do Instituto Trata Brasil, divulgados em agosto passado, a universalização do saneamento básico no Brasil ainda está longe de ser atingida, mesmo quando são analisados os avanços dos serviços nas 100 maiores cidades do país. Apesar da maior disponibilidade de recursos pelo governo federal, estados, municípios e iniciativa privada, a maior parte das cidades brasileiras precisará urgentemente acelerar seus esforços se quiser universalizar o acesso da população aos serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos e redução das perdas de água na próxima década. Afinal, os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram o saneamento básico como sendo a maior carência do país na área de infraestrutura de serviços públicos: não mais que 55,4% dos 57,3 milhões de domicílios estavam ligados à rede geral de esgoto. Outros 11,6% utilizavam fossa séptica. Os demais 32,9% ou não tinham saneamento básico ou usavam soluções alternativas inapropriadas – como o despejo em rios ou fossas rudimentares. Estavam nessa situação 18,9 milhões de domicílios brasileiros. Segundo especialistas, a carência histórica do Brasil em saneamento básico tem duas razões principais: a falta de vontade política de muitos governos municipais e a falta de pressão popular. Quem não conhece o velho ditado de que “vale mais a pena inaugurar ponte e estrada do que obra de saneamento”, pois os canos estão enterrados e não garantem votos para os governantes de plantão na gestão seguinte? Triste lógica que acaba por comprometer a capacidade do país em solucionar gargalos importantes nas suas estruturas sociais e econômicas. A inexistência de redes de esgoto está relacionada à ocorrência de doenças, mortalidade infantil, impacto ambiental e problemas ligados ao trabalho e à educação. A constatação é de que o brasileiro não vive sem água – que é um bem vital e indiscutível –, mas aprendeu a viver sem coleta de esgoto. Às vezes existe a rede, mas o que se verifica é que muitas pessoas não podem se interconectar por falta de condições financeiras para fazer o serviço interno em seus imóveis e outras não querem fazê-lo para não ter que pagar pelo serviço. A situação é de extrema gravidade, na medida em que não é possível falar em civilização sem que haja saneamento básico. Trata-se de direito fundamental do ser humano e condição necessária para que o meio ambiente e os recursos naturais não caminhem para a exaustão. Dentre as maiores cidades do país, a de Santos, no litoral paulista, foi a mais bem avaliada pelo ranking do Instituto Trata Brasil. Pelo estudo, todos os domicílios santistas são atendidos pela rede de água e esgoto. O desperdício também é baixo na cidade que hospeda o maior porto de cargas da América Latina: apenas 13% da água distribuída às residências de Santos acabam se perdendo. Não por acaso, Santos é um dos 363 municípios paulistas que têm contrato com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), empresa de saneamento que representa um dos contrapontos à precária condição sanitária de boa parte do país. Programas como o Onda Limpa, da Sabesp, considerados uma das maiores iniciativas de saneamento ambiental no litoral da América Latina, conduzem à eficácia no fornecimento de água, na coleta de esgoto e na garantia de redução de doenças de veiculação hídrica em toda a Baixada Santista e Litoral Norte. A meta da Sabesp até o fim da década é garantir saneamento 300% (100% de abastecimento, 100% de coleta e 100% de tratamento de esgoto) em todas as cidades em que atua. Atualmente, 146 dos 363 municípios operados já são 300%. Na reportagem das páginas seguintes detalhamos o cenário do saneamento brasileiro em geral e a atuação da Sabesp em particular Por Juan Garrido www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 55 www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201256 ENGENHARIA I CAPA Brasil tem dimensões continentais e uma economia que se situa entre as maiores do mundo, mas cer- ca de 30 milhões de pessoas que moram nas grandes cidades ainda não têm acesso à coleta de esgoto. O mapa do saneamento básico nos 100 municípios mais po- pulosos do território nacional foi divulgado em meados de agosto passado pelo Instituto Trata Brasil e a GO Associados. O estudo se baseou nos dados no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), publicado regularmente pelo Ministério das Cidades. Os números mais recentes refletem a realidade do país em 2010. A pesquisa analisou três itens: nível de cobertura dos serviços de distribuição de água, coleta de esgoto e tratamento de efluentes; investimentos e melhorias realizadas na rede de água e esgoto; e nível de eficiência e perdas na distribuição de água. Numa visão mais abrangente, também a Fundação SOS Mata Atlântica constata, em pesquisa recente, que o saneamento básico ain- da não é priorizado no Brasil. A Fundação SOS Mata Atlântica monitora a situação da qualidade da água dos rios no Brasil desde 1992, quando a organização não governamental (ONG) se enga- jou na campanha pela despoluição do Rio Tietê. O objetivo da ONG é que o cidadão perceba a relação existente entre a água e a floresta. Com dados coletados entre janeiro de 2011 e março deste ano em 49 rios de 11 estados brasileiros, essa última pesquisa mostra que o Brasil nos últimos 20 anos não priorizou o saneamento básico. O levantamento, resultante do projeto itinerante A Mata Atlântica É Aqui, constatou que nenhum dos 49 rios analisados alcançou a soma de pontos necessária para os níveis “bom” ou “ótimo”. Dos mananciais pesquisados, 75,5% obtiveram classificação “regular” e 24,5%, o nível “ruim”. Segundo os coordenadores do programa Rede das Águas da SOS Mata Atlân- tica – responsáveis pela pesquisa –, a falta de saneamento básico é que resulta nesses índices tristes para o cenário nacional. Os melhores resultados, dentro da classificação “regular”, portanto, foram encontrados nos rios Santa Maria da Vitória, em Vitória (ES); Paraíba do Sul, em Resende (RJ); Camboriú, em Balneário Camboriú (SC); Bica da Marina, em Angra dos Reis (RJ); e Arroio Jupira, em Foz do Iguaçu (PR). Em contrapartida, os piores resultados foram apresentados pelos rios Criciúma, em Criciúma (SC), e Itapicuru Mirim, em Jacobina (BA). Os coordenadores do levantamento avaliam que a situação hoje é muito diferente da que ocorria no país antes da Conferência das Na- ções Unidas sobre o Meio Ambiente, a Rio 92. Lembram que àquela época, o grande vilão das águas era o setor industrial, com seus conta- minantes químicos despejados diretamente nos rios. Esse desafio foi vencido, na avaliação da SOS Mata Atlântica. Ou seja, a iniciativa privada foi enquadrada, cumpriu legislação, investiu no tratamento dos efluentes. Quem não cumpriu a tarefa de casa nesses últimos 20 anos foram os municípios, entendem os coordenadores. Segundo eles, existe uma deficiência na coleta e no tratamento de esgoto em quase todas as cidades do país. Nesse sentido, os rios são um espelho dessa falta de investimento em saneamento e coleta de lixo. Mesmo em cidades pequenas, onde a SOS Mata Atlântica imaginava que havia uma boa condição am- biental, encontrou outro contaminante, que é a erosão com desmatamento e os fertilizantes e insumos agrícolas. A Fundação se declara em estado de alerta e classifica a situação como sendo crítica. Na visão de seus dirigentes, o problema cultural brasileiro, ligado à teoria da abundância da água – à exceção de locais específicos – impõe a necessidade de uma ação emergencial. Essa tese faz com que a maior parte dos brasileiros considere surreal economizar água e não tenha a preservação como uma de suas principais bandeiras. Outro problema que a pesquisa apontou é a visão distorcida do que é desenvolvimento, que vem sendo propagada, que é colocar os mais pobres em um padrão de consumo dos norte-americanos. Se isso vier a ocorrer – o que é insustentável – nós iríamos precisar de dez planetas. No caso do ranking do Instituto Trata Brasil, dentre as maiores cidades do país, a de Santos, no litoral paulista, foi a mais bem avaliada. Pelos dados do estudo – que é publicado desde 2007 –, todos os domicílios santistas são atendidos pela rede de água e esgoto. O desperdício tam- bém é baixo na cidade que hospeda o maior por- to de cargas da América Latina: apenas 13% da água distribuída às residências de Santos acabou se perdendo. O município de Santos está dentro da área de atuação da Sabesp – 363 cidades do Estado de São Paulo. Segundo a presidente da Sabesp, Dilma Seli Pena, a companhia mantém o firme compromisso com a universalização, até o fim desta década, dos serviços de saneamento nas áreas regulares onde opera. “Para tanto, a empresa prevê manter a média de investimentos registrada nos últimos anos, ou seja, cerca de 2 bilhões de reais. Ancorada nestes princípios, a Sabesp obteve resultados importantes na expansão dos serviços de água e esgoto em 2011. Em ambos os casos, o número de novas ligações efetivadas foi o maior dos últimos 12 anos. Mas é preciso mais: até o fim da década, planejamos realizar mais 1,6 milhão de novas ligações de água e quase 2,3 milhões de ligações de esgoto para a consecução da meta de uni- versalizar os serviços de saneamento em nossa área de atuação.” Numa visão didática, os técnicos da Sabesp explicam que, depois do uso da água, seja no banho, na limpeza de roupas, de louças ou na descarga do vaso sanitário, o esgoto começa a ser formado. Os resíduos são divididos em três tipos diferentes. Os que vêm das residências formam os esgotos domésticos; os das águas da chuva são chamados de esgotos pluviais; e os formados em fábricas recebem o nome de esgotos industriais. Esta diferenciação é im- portante, porque cada tipo possui substâncias diferentes, e são necessários sistemas específicos para o tratamento dos resíduos. Geralmente, o esgoto não tratado contém muitos transmissores de doenças, micro-organismos, resíduos tóxicos e nutrientes que provocam o crescimento de outros tipos de bactérias, vírus ou fungos. Os sistemas de coleta e tratamento de esgotos são importantes para a saúde pública, porque evitam a contaminação e transmissão de doenças, além de preservar o meio ambiente. Quanto ao modo como funciona a coleta de esgotos, nas casas, comércios ou indústrias, ligações com diâmetro pequeno formam as redes coletoras. Estas redes são conectadas aos coletores-tronco (tubulações instaladas ao lado dos córregos), que recebem os esgotos de diversas redes. Dos coletores-tronco, os esgotos vão para os interceptores, que são tubulações maiores, normalmente próximas aos rios. De lá, o destino será uma estação de tratamento, que tem a missão de devolver a água, em boas condições, ao meio ambiente – ou reutilizá-la para fins não potáveis. O troféu mais reluzente exibido pela Sabesp e maior projeto de despoluição do país (e da América Latina) é o Projeto Tietê, ora em sua terceira e penúltima fase de execução no Estado de São Paulo. O Rio Tietê começa na cidade de Salesópolis, na região de Mogi das Cruzes, e termina no Rio Paraná, divisa com Mato Grosso do Sul. São 1 100 quilômetros de extensão. Em evento de apresentação de uma das 564 obras em andamento dessa terceira etapa, no dia 18 de setembro passado, o governador Geraldo Alckmin cacifou a aposta de que em três anos o Rio Tietê terá passeios de barcos turísticos como os do Rio Sena, de Paris. Alckmin disse que, com a conclusão dessa etapa de despoluição, prevista para 2015, as águas do Tietê estarão sem odor e já terão alguma vida aquática. Por isso, seria possível, segundo ele, que o curso das águas se tornasse um novo ponto turístico da cidade. Ele lembrou que navegação o rio já tem. “Você pode pegar um barco e ir da Barragem da Penha até Santana de Parnaíba, na Região Metropolitana de São Paulo, em razão da eclusa no Cebolão”, disse. Na visão do governador, o problema é tirar o odor, é tratar esgoto. “Hoje o odor é muito forte. Em 2015, já estaremos sem odor e, aí, na sequência, a gente poderá ter um barco turístico. O rio não estará oxigenado, mas já estará sem odor.” Segundo Alckmin, seria possível navegar o Tietê entre as Barragens de Pirapora do Bom Je- sus e da Penha. Nesse ponto, deve ser construída uma nova eclusa. O projeto executivo está na As- sembleia Legislativa. O Projeto Tietê, iniciado em 1992, entrou em sua penúltima fase em 2009. A intenção é que ao fim dessa etapa a coleta de esgoto na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) suba de 84% para 87% e o tratamento, de 70% para 84%. Para o governador, a capital paulista atingiria o índice de 94% de coleta de resíduos. Ele anunciou também – no mesmo evento – a construção de uma tubulação de 2,2 quilômetros para evitar que o esgoto dos coletores chegue até o Rio Pinheiros. Trata-se de um interceptor – um tubo de 1,5 metro de diâmetro –, no qual todos os coletores de esgoto www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 57 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO de ligações de 80 000 residências dos bairros de Vila Andrade, Panamby e Real Parque vão de- sembocar. Desse interceptor, uma ligação de 203 metros de extensão deverá passar por baixo do Rio Pinheiros. Ao chegar à tubulação do outro lado da margem, o esgoto será bombeado para percorrer mais 23 quilômetros, até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Barueri, na RMSP, que terá a capacidade dobrada. O custo da obra é de 17,8 milhões de reais. O valor de todas as 564 obras da terceira fase que já estão em andamento – 45% do total da etapa – é de 1,8 bilhão de dólares. O restante das obras da terceira fase do projeto ainda está em fase de licitação ou elaboração de projeto. Segundo o ranking 2012 do Instituto Trata Brasil, a lista das grandes cidades brasileiras em melhor situação quanto a saneamento básico segue com Maringá (PR), Franca (SP), Uberlândia (MG) e Jundiaí (SP). Isso não quer dizer que os cinco municípios que encabeçam o ranking ostentem os melhores indicadores em todos os quesitos: a metodologia adotada pela Trata Brasil e GO Associados faz uma média ponderada do desempenho de cada cidade em cada categoria e só então classifica a qualidade dos serviços. Entre as capitais, Brasília (DF) é a mais bem ranqueada – está em 11° lugar. Depois vêm Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP) entre as 20 primeiras; e Goiânia (GO), Vitória (ES), Salvador (BA), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS) entre as 50 melhores. As demais capitais do Nordeste e as capitais do Norte aparecem nas últimas colocações – da 82ª em diante. No extremo da tabela se destaca Macapá, capital do Amapá, onde apenas 42% dos domicílios têm acesso à água, pouco mais de 5% é beneficiado com coleta de esgoto e inacreditáveis 75% da água distribuída se perdem em sistemas de distribuição ineficientes – é o maior índice de desperdício entre as cidades analisadas pela pesquisa. No pé do ranking ainda figuram Por- to Velho (RO), Jaboatão dos Guararapes (PE), Ananindeua (PA) e Santarém (PA). Em relação à cidade de São Paulo, espe- cificamente, nem todo mundo sabe que seus índices de saneamento são semelhantes aos pa- íses europeus, graças ao Projeto Tietê. Na atual segunda etapa do projeto, a RMSP alcançou o índice de 84% de esgoto coletado e 70% de tra- tamento. Em comparação com os dados do Sis- tema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) e do órgão europeu The European Water Industry, a capital paulista apresenta índices de coleta e tratamento de esgotos similares aos de países mais adiantados. A coleta de esgoto na capital apresenta o mesmo percentual de países como Itália (80%) e Espanha (80%). Quanto ao tratamento do esgoto coletado, São Paulo está a frente da Espanha, que atende 59% da população. Reino Unido e Alemanha apresentam os melhores índices de coleta e tratamento de esgoto. O Reino Unido possui o maior índice de tratamento de esgoto, 92%, seguido da Alema- nha (87%). Com relação ao abastecimento de água, a cidade de São Paulo apresenta 100% de atendimento há várias décadas. Voltando ao quadro nacional como um todo, segundo os dirigentes do Instituto Trata Brasil, há um atraso de investimentos de muitos anos no Brasil, o que gerou um déficit bastante grande: hoje há uma falta generalizada de ser- viços, não só no que se refere à distribuição de água, mas principalmente à coleta e tratamento de esgotos e perda de água. São índices enormes para o nível econômico que o país atingiu. Os especialistas entendem que o país convive com um sistema de saneamento de pelo menos três décadas atrás e vive com uma escassez hídrica muito grande, porque as maiores fontes de água doce estão na Amazônia, longe da maioria da população. O cenário descrito pela pesquisa do Insti- tuto Trata Brasil sugere que mais da metade da população brasileira não está conectada à rede de esgoto. O que significa que a água do banho, da torneira ou da descarga de suas casas – quando há casa – não segue cano abaixo para alguma estação de tratamento de efluentes. São aproximadamente 100 milhões de pessoas desassistidas, número equivalente a toda a população da Argentina, Colômbia e Chile junta. A situação é ainda pior para uma parte delas. Os responsáveis pelo ranking do Trata Brasil defendem como fundamental o acompanhamento da evolução dos serviços de saneamento básico nas 100 maiores cidades do país, porque os grandes municípios do país concentram 40% da população brasileira, ou seja, 77 milhões de pessoas. Concentram tam- bém a maioria das obras públicas, dos empregos e da produção econômica. Portanto, deveriam puxar o desenvolvimento do Brasil também em saneamento. Apesar dos números desanimadores, a situ- ação tem evoluído ultimamente. A liberação de recursos para as grandes cidades brasileiras atra- vés do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem melhorado a situação. Segundo os responsáveis pelo ranking, hoje já existem 20 grandes municípios que universalizaram a dis- tribuição de água e estão muito próximos da universalização da coleta e do tratamento de esgotos. É importante lembrar que, no Brasil, a construção e ampliação das redes de água e esgoto é uma responsabilidade dos governos municipais, que, na falta de recursos próprios, podem contar com verbas federais destinadas especialmente para o setor. Segundo os espe- cialistas, no entanto, a falta de interesse político persiste apesar da importância do saneamento básico para as demais áreas da administração pública, que se traduzem em qualidade de vida para a população. A inexistência de redes de água e esgoto está relacionada diretamente à ocorrência de doenças, mortalidade infantil, impacto am- biental e problemas ligados ao trabalho e à educação. Essa relação entre saneamento e saúde pode ser traduzida em números: as dez cidades brasileiras pior posicionadas no ranking do Instituto Trata Brasil registraram 546% mais casos de internações por diarreia do que as 20 melhores colocadas. A morte de crianças também foi maior: 49% entre recém-nascidos, 61% entre 1 e 4 anos de idade e 57% entre 5 e 9 anos. Ou seja, a prefeitura que não investe em água e esgoto gasta mais com atendimento de saúde e perde dinheiro em educação e turismo. Em relação à mortalidade infantil, até 1974 a diarreia era considerada uma síndrome “ines- crutável”, visto não ser possível a identificação de organismos patogênicos em mais do que 20% dos casos. Atualmente, esta situação é radicalmente diferente. Estudos realizados em países em desenvolvimento mostram que hoje é possível identificar organismos patogênicos específicos em 30 a 50% de todos os casos de diarreia e em 60% a 80% dos casos mais severos, tratados em centros hospitalares. A redução da mortalidade, em especial a infantil, é consi- derada um dos principais benefícios advindos da melhoria das condições sanitárias de uma população. A divisão da mortalidade de crianças menores de um ano em neonatal (que inclui a morte de menores de 28 dias) e em pós-neonatal ou tardia (de 28 dias até 11 meses e 29 dias) é clássica na análise da mortalidade infantil. De uma forma geral, é aceito que a neonatal está relacionada com fatores biológicos (mortalidade endógena), enquanto que a tardia se vincula a fatores socioeconômicos e de agressividade do meio (mortalidade exógena). Assim, é pouco o que se pode esperar em termos de redução da mortalidade neonatal, a não ser mediante esforços importantes dos serviços de saúde ins- titucionalizados de maior complexidade, como vem ocorrendo nos países mais desenvolvidos. Por outro lado, é possível obter uma substancial redução da mortalidade pós-neonatal através da implementação de medidas de atenção primária à saúde e por melhorias socioeconô- micas. Em estudos de mortalidade de crianças nas Américas, constatou-se que em países ca- racterizados pelo elevado nível de mortalidade infantil, caso específico do Brasil, a redução do índice observado nas últimas décadas se deve preponderantemente ao controle apropriado dos fatores exógenos, destacando-se, dentre eles, a provisão de medidas sanitárias. * * * Outro problema apontado pelo estudo do Trata Brasil é que as 100 maiores cidades bra- sileiras desperdiçam anualmente uma média de 2,5 trilhões de litros de água. O recurso se perde Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo, durante visita as obras do Projeto Tietê FO TO : D IV U LG A ç à O G ES P www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201260 ENGENHARIA I CAPA lizmente, são enormemente aumentados por organizações ambientalistas com conotações fundamentalistas, políticas e religiosas.” Lima Pontes foi engenheiro durante 32 anos na Sabesp, onde participou de quase todas as funções nessa companhia, inclusive como superintendente de planejamento estratégico e presidente do seu Conselho de Administração. Foi também diretor da Companhia de Tecno- logia de Saneamento Ambiental (Cetesb), onde teve a oportunidade preparar junto com o engº Nelson Nefussi e Werner Zulauf a Lei 997/76 de controle da poluição no Estado de São Paulo, que foi pioneira no setor. — Quais as perspectivas futuras sobre o desafio de captação e distribuição de água, não apenas em termos brasileiros e latino- -americanos, como também mundiais? Haverá o risco de disputas armadas por água no futuro? — perguntamos a Lima Pontes. “Estima-se que a população do mundo, segundo a Organização Meteorológica Mun- dial, será de aproximadamente 12 bilhões de habitantes em 2050. Da quantidade de água existente no planeta de 1 400 milhões de quilô- metros cúbicos, 97,5% é água salgada e apenas 2,5% desse total é de água doce – e desta água doce, 70% está armazenada nas calotas polares e geleiras. A água acessível ao uso humano é apenas 0,27% do volume de água doce. Essa disponibilidade, infelizmente, está distribuída de forma irregular no planeta, existindo fartura em algumas regiões, como no Brasil, e escassez no Oriente Médio e alguns países das Américas. Seguramente haverá conflitos em curto prazo pela busca desse precioso líquido.” — Em sua visão, quanto por cento do PIB seriam necessários em aportes para que ocor- resse a universalização do saneamento básico no Brasil? E em quantos anos isso poderia ocorrer? — indagamos de Lima Pontes. “Segundo o estudo Proposta de Agenda para o Setor Água e Esgoto no Brasil, elabo- rado pela Abdib, para que se pudesse obter a universalização dos serviços seria preciso que se investissem recursos da ordem de 20 bilhões de reais por ano, durante 20 anos. Imaginamos que seria necessário investir 0,3% do PIB para que o setor encontrasse a tão sonhada universalização nas próximas décadas. Isso se não acontecerem muitos entraves burocráticos, jurídicos e também a nefasta influência de algumas ONGs ‘eco- -histéricas’, como poderiam ser chamadas.” * * * Em termos de boa cobertura sanitária, o outro lado da moeda – a face vencedora – per- tence ao Estado de São Paulo, que poderia servir como referência para o resto do país. Em São Paulo, 146 municípios atendidos pela Sabesp já conquistaram a universalização. Até 2018, a companhia paulista pretende levar água, coleta e tratamento de esgoto para os 363 municípios de sua área de atuação (o Estado conta com 645 municípios). Para atingir essa universalização a Sabesp vem intensificando seus investimentos e a celebração de parcerias com o setor priva- do. Os números da Sabesp chamam atenção, tanto pela quantidade de redes e conexões de água e esgoto disponíveis quanto pelo volume de tratamento. São cerca de 106 000 litros de água por segundo, para oferecer mais qualidade de vida para mais de 27,6 milhões de pessoas. Isso corresponde a 60% da população urbana do Estado de São Paulo. Para se ter uma noção da extensão das redes de distribuição de água e de coleta de esgotos, as tubulações dariam duas voltas ao redor da Terra (se fossem ligadas linearmente). Para manter tudo funcionando perfeita- mente e expandir cada vez mais seus serviços, a Sabesp tem cerca de 15 000 profissionais qualifi- cados para a operação de sistemas avançados de tecnologia. A ampliação do atendimento afeta diretamente a redução da mortalidade infantil e a melhoria das condições de vida da população, principalmente quanto ao abastecimento de água, ao lazer e ao turismo. Antes de a Sabesp ter assumido os serviços de saneamento básico em São Paulo, o índice de mortalidade infantil era de 87 crianças, de 0 a 1 ano de idade, para cada grupo de 1 000 indivíduos, ou seja, 8,7%. As péssimas condições de saneamento eram apontadas como fator determinante para a triste estatística. Hoje, com a atuação da Sabesp, o índice caiu para 13,3 óbitos para cada grupo de 1 000 nascidos vivos, ou 1,3%. Segundo muitos especialistas, a carência histórica da maior parte do país em saneamento básico tem duas razões principais: a conhecida falta de vontade política dos governos muni- cipais e a falta de pressão popular. Quem não conhece o ditado popular de que “vale mais a pena inaugurar ponte e estrada do que obra de saneamento”, pois os canos estão enterrados e não dão visibilidade – e bom desempenho eleitoral futuro – para o governo de plantão? Essa triste lógica política acaba por comprometer a capacidade do país em solucionar garga- los importantes nas suas estruturas sociais e econômicas. A inexistência de redes de água e esgoto está relacionada à ocorrência de doen- ças, mortalidade infantil, impacto ambiental e problemas ligados ao trabalho e à educação. A constatação é de que o brasileiro não vive sem água – que é um bem vital e indiscutível –, mas aprendeu a viver sem coleta de esgoto. Às vezes existe a rede, mas o que se verifica é que muitas pessoas não querem se conectar para não ter que pagar pelo serviço. Mas a maioria dos que não querem ligar-se à rede de coleta de esgotos existente assim decide por falta de condições financeiras para fazer a instalação dentro de seus imóveis (o valor médio estimado de cada ligação é de 1 820 reais). Tendo em vista essa realidade – que também ocorre no Estado de São Paulo –, o governo paulista decidiu custear essas instalações para quem recebe até três salários mínimos (1 866 reais) nos municípios operados pela Sabesp. Para tanto, o governador Geraldo Alckmin deu início, no dia 14 de agosto passado, às obras do pro- grama Se Liga na Rede. Pela iniciativa, o governo estadual – em parceria com a Sabesp – fará a reforma interna em imóveis de baixa renda para que o esgoto deles seja levado para tratamento. Alckmin acompanhou o início dos trabalhos na região do Grajaú, zona sul da capital. Os imóveis beneficiados terão seus esgotos encaminhados para tratamento em Barueri, a 60 quilômetros de distância. A medida vai contribuir para a quali- dade da vida dos moradores e para a despoluição de rios, córregos e da Represa Billings. Quando não existe a ligação intradomiciliar, o esgoto acaba lançado in natura nos corpos d’água. O custo médio da obra dentro da casa, os citados 1 820 reais em média, é um impeditivo para quem tem renda familiar de até três salários. Segundo o engº Dante Ragazzi Pauli, assis- tente executivo da presidente da Sabesp, Dilma Celi Pena, e empossado em 30 de agosto pas- sado como presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), em todo o território paulista serão ligados à rede 192 000 imóveis: 76 800 na RMSP; 30 000 na Região Metropolitana da Baixada Santista; 5 600 na Região Metropolitana de Campinas; e 79 333 nos demais municípios atendidos pela Sabesp. “Como estamos caminhando para o final do ano e ainda dependemos de uma re- solução conjunta que vai detalhar toda a parte técnica e mostrar exatamente como vai se dar o repasse de recursos, execução e fiscalização de serviços, prevemos que até o fim de dezembro próximo chegaremos ao número de 3 500 liga- ções. Mas depois disso, o programa deslancha. Tenho a certeza também de que esse programa pioneiro – com o poder público cumprindo o seu papel social de ajudar a população carente que mora em áreas de alta vulnerabilidade – será tomado como referência e vai ser replicado em outras partes do país.” No Estado de São Paulo, o programa Se Liga na Rede trará resultados diretos para cerca de 800 000 pessoas e indiretos para todos os 41 milhões de paulistas, com a despoluição de córregos, rios, represas e mares. O programa investirá 349,5 milhões de reais ao longo de oito anos, sendo 80% dos recursos custeados pelo governo estadual e os 20% pela Sabesp. Para ser beneficiada, além da renda até três salários mínimos, a família precisa morar em área de vulnerabilidade alta ou muito alta (segundo critérios definidos pela Fundação Seade) e cuja rua tenha rede coletora que leve o esgoto para tratamento. A Fundação Seade é vinculada à Dante Ragazzi Pauli, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) FO TO : D IV U LG A ç à O S A bE SP www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 61 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO Secretaria Estadual de Planejamento e Desen- volvimento Regional do Estado de São Paulo e constitui um centro de referência nacional na produção e disseminação de análises e estatís- ticas socioeconômicas e demográficas. Para isso ela realiza pesquisas diretas e levantamentos de informações produzidas por outras fontes, compondo um amplo acervo, disponibilizado gratuitamente, que permite a caracterização de diferentes aspectos da realidade socioeconômica do Estado, de suas regiões e municípios e de sua evolução histórica. Dante Ragazzi explica que a Abes é uma organização não governamental, fundada em 1966, que desenvolve e aperfeiçoa as atividades de engenharia sanitária e ambiental e fomenta a consciência social e as ações que atendam às de- mandas de conservação e melhoria do meio am- biente e da qualidade de vida dos brasileiros. “A Abes organiza desde a década de 1960, a cada dois anos, o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, um dos maiores eventos do setor na América Latina. Também realiza dois congressos internacionais, o Silubesa [Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Am- biental] e o Sibesa [Simpósio Ítalo-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental].” O executivo explica ainda que o programa Se Liga na Rede tem a participação direta da co- munidade. Em cada bairro, as casas beneficiadas serão visitadas por uma Agente Se Liga – uma moradora contratada pela Sabesp para apre- sentar a iniciativa. Com a assinatura do “termo de adesão”, a obra é agendada e executada no prazo de oito a 12 dias. Os moradores podem entrar em contato com a Sabesp pelo telefone 0800-0119911 (na Região Metropolitana de São Paulo) ou 0800-0550195 (interior e litoral). A chamada é gratuita. Outra opção é procurar a agência de atendimento mais próxima, cujo endereço aparece na conta de água. Dante Ragazzi faz um apelo aos paulistas para que pensem nas vantagens trazidas pelo saneamento básico: água tratada, coleta e tra- tamento de esgoto. “Quero destacar que o preço que o governo e a Sabesp vão pagar para isentar a primeira ligação de esgoto do cidadão é justo – pelo serviço complexo executado pela compa- nhia, uma vez que inclui o serviço de adequação interna do imóvel que exige quebra de piso para colocação de tubulação. Há dificuldades de todo tipo, como, por exemplo, casas pequenas e geminadas que não têm área aberta para per- mitir a passagem do ramal coletor. Além disso, é preciso ressaltar que vamos separar a água de chuva – o que é muito importante – para direcioná-la, via ramal, para a galeria pluvial. O esgoto é separado e se por acaso dentro da casa ele estiver ligado na água de chuva, a gente faz um arranjo interno para que seja possível coletar adequadamente o esgoto de todos os aparelhos da casa e encaminhá-lo para o tratamento. Além de evitar a contaminação de cursos d’água, o tratamento do esgoto afasta doenças, diminui mortalidade infantil, gera saúde e traz benefícios ao meio ambiente. Aliás, é bastante conhecido um estudo da Organização Mundial da Saúde [OMS] mostrando que para cada 1 real investido em saneamento, economizam-se 4 reais com gastos de saúde.” O executivo comenta também que, com o programa, o governo estadual e a Sabesp am- pliam os investimentos em coleta e tratamento de esgoto. O Projeto Tietê, que está em sua terceira etapa, chegará a 2,65 bilhões de dólares aplicados no aumento do saneamento básico na RMSP. Entre 1992 e 2008, quando foram exe- cutadas a primeira e a segunda fase, passaram a ser enviados para tratamento o esgoto de 8,5 milhões de pessoas – o equivalente à população de Londres. Com a terceira etapa (2009-2015), mais 3 milhões de pessoas terão seus esgotos tratados. Na Baixada Santista e no Litoral Norte, desde 2007 o Programa Onda Limpa investe 2 bilhões de reais em obras de saneamento. Os recursos também beneficiam o turismo em duas das regiões mais visitadas no verão, pois colabora com a melhoria na qualidade das praias. Os pontos de vista da área pública e do setor privado Para saber como o poder público federal, mais especificamente o Ministério das Cidades, está aparelhado para enfrentar o desafio sanitário daqui para frente, a REVISTA ENGENHARIA procurou informações com o ministro Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro. A orientação do ministro, no caso da área de saneamento básico, é de que as questões sejam repassadas para os técnicos da Secretaria Na- cional de Saneamento Ambiental (SNSA), que é comandada por Osvaldo Garcia e cuja missão é assegurar à população os direitos humanos fundamentais de acesso à água potável em qualidade e quantidade suficientes, e a vida em ambiente salubre nas cidades e no campo, segundo os princípios fundamentais da univer- salidade, equidade e integralidade. A orientação do secretário Osvaldo Garcia, por sua vez, é que as perguntas dos jornalistas sejam respondidas por escrito pelo corpo técnico da SNSA. Esta secretaria do Ministério das Cidades tem como objetivo institucional promover um avanço, no menor prazo possível, rumo à universalização do abastecimento de água potável, esgotamento sanitário (coleta, tratamento e destinação final), gestão de resíduos sólidos urbanos (coleta, tra- tamento e disposição final), além do adequado manejo de águas pluviais urbanas, com o con- sequente controle de enchentes. Pelos cânones do ministério, por se constituir numa questão essencialmente de saúde pública, o acesso aos serviços de saneamento básico deve ser tratado como um direito do cidadão, fundamental para a melhoria de sua qualidade de vida. Com esse foco, a SNSA tem por objetivo a promoção do acesso universal a esses serviços, com preços e tarifas justas, mediante atendimento aos requisitos de qualidade e regularidade, com controle social. — Quais as perspectivas para as empresas estaduais e municipais de saneamento básico em relação a obras sanitárias daqui para frente? Da mesma forma, quais as perspectivas das empre- sas privadas prestarem serviços de saneamento nas cidades brasileiras? Os senhores veem com otimismo a criação de PPPs na área de sanea- mento? — perguntamos aos técnicos da SNSA. “O setor de saneamento básico do país está passando, nos últimos anos, por um processo de retomada de investimentos. Tal processo se intensificou, a partir de 2007, com o lançamento pelo governo federal do Programa de Acelera- ção do Crescimento [PAC], com previsão de investimentos de 40 bilhões de reais, relativos à primeira etapa do programa, e mais 45,1 bilhões de reais na segunda etapa. Além da ampliação dos recursos para o setor por meio do PAC, a edição da Lei nº 11.445/2007, que trata das Diretrizes Nacionais para o Saneamen- to Básico, contribuiu para a alavancagem dos investimentos, seja pelas empresas públicas ou pelos prestadores privados. O fato é que há uma grande demanda por serviços de saneamento no país e, com este marco legal estabelecido, vem aumentando, gradativamente, a percepção da sociedade sobre a importância dos serviços. Com essa conjuntura, projeta-se uma tendência de aumento dos investimentos no setor, no médio e longo prazo, de modo a ampliar a oferta dos serviços. Assim, há espaço tanto para os prestadores públicos, como para os prestadores privados atuarem. E existem hoje, no governo federal, linhas de crédito disponíveis tanto para o poder público, como para a iniciativa privada, a exemplo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço [FGTS] e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES]. No momento, o desafio é encurtar o ciclo de execução das obras e promover a melhoria da eficiência na operação dos serviços. Entre o conjunto de alternativas para ampliar e anteci- par investimentos, alguns prestadores públicos estão formatando e implementando arranjos FO TO : D IV U LG A ç à O www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201262 ENGENHARIA I CAPA Paulo Roberto de Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) de parcerias público-privadas, as PPPs. Houve aumento dos contratos de PPPs no componente de resíduos sólidos urbanos, com a adoção do modelo de concessão administrativa para a gestão desses resíduos, desde a coleta, até o tratamento e disposição final. Portanto, pode- -se afirmar que, atualmente, há uma tendência para a ampliação das PPPs no saneamento.” — Os senhores acham que a definição de regras para investimentos pela Lei de Sane- amento de 2007 ajuda a iniciativa privada a atuar com mais força nesse setor, ou as com- panhias privadas ainda encontram entraves para atuar num serviço majoritariamente prestado por empresas estaduais e munici- pais? — insistimos com os técnicos da SNSA. “O novo marco legal favorece os investimentos no setor, tanto pelos prestadores públicos, como pelos privados, como já dito. A definição de responsabilidades entre as partes e a contratu- alidade da relação entre prestadores e titulares dos serviços, permitem maior segurança jurídica para todos. É importante ressaltar que a inicia- tiva privada tem ampliado a participação no setor nos últimos anos e, provavelmente, isso é resultado da Lei nº 11.445/2007. No entanto, há ainda alguns obstáculos para a atuação do setor privado, na qualidade de prestador de serviços, pois os maiores déficits são observados junto às populações mais carentes e nos pequenos mu- nicípios brasileiros, onde o cidadão tem menor capacidade de pagamento. Portanto, existem áreas com baixa viabilidade econômica, onde a iniciativa privada não se sente estimulada em investir. Há ainda um aspecto institucional importante a se considerar, com relação à he- gemonia do modelo das companhias estaduais de saneamento, oriundo do modelo do extinto Plano Nacional de Saneamento, o Planasa, as quais operam atualmente em cerca de três quartos dos municípios brasileiros. Em que pese esse contexto institucional, com o arcabouço legal, o setor privado conta com mais segu- rança jurídica para atuar, podendo aumentar a sua participação na prestação dos serviços de saneamento, especialmente nos componentes de abastecimento de água, de esgotamen- to sanitário e de resíduos sólidos urbanos.” — Ainda dá tempo do fator “escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo 2014 e as Olimpí- adas 2016” vir a exercer influência na liberação de mais recursos para obras de saneamento? — prosseguimos com os técnicos da SNSA. “É importante destacar que o governo federal vem alocando recursos para intervenções de saneamento, que irão beneficiar as cidades- -sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Ressalta-se que dentre as 12 capitais brasileiras que sediarão a Copa do Mundo, 11 possuem operações contratadas com iniciativas de sanea- mento básico, com recursos do PAC, perfazendo um montante de 12,98 milhões de reais. Cabe ressaltar que ainda existe uma expectativa de novos recursos, previstos nas próximas seleções da segundo etapa do programa, o PAC 2, que poderão beneficiar, entre outras, tais cidades. Além disso, há um esforço do governo federal em priorizar as intervenções de saneamento nas regiões metropolitanas, o que confirma o fato de que os grandes eventos previstos para o Brasil têm contribuído para a priorização da realização de intervenções de saneamento, nos grandes centros urbanos. Desta maneira, o grande desafio é a agilização da execução dos empreendimentos, cuja responsabilidade é de estados, dos municípios, do Distrito Federal e, principalmente, dos prestadores de serviços.” — Na visão do Ministério das Cidades, quanto por cento do PIB em aportes seriam necessá- rios para que ocorresse a universalização do saneamento básico no Brasil? Em quantos anos isso poderia ocorrer? — pedimos, finalmente. “Na versão preliminar do Plano Nacional de Saneamento Básico, o Plansab, atualmente em consulta pública, foi prevista uma necessidade de investimentos, no período 2010-2030, de 420 bilhões de reais, para elevar a oferta dos serviços de saneamento em patamares mais pró- ximos à universalização. Ou seja, será necessária uma média – em valores presentes – de cerca de 20 bilhões de reais por ano, o que equivale a 0,5 % do PIB, se comparado com o do ano de 2011. Há que se ressaltar que a universalização do saneamento requer, além de mais recursos, a melhoria na capacidade técnico-operacional e econômico-financeira dos prestadores de ser- viços, de modo a possibilitar um ciclo contínuo de investimentos por um período de mínimo de 20 anos. Hoje, há a necessidade do desen- volvimento da cadeia produtiva do setor de saneamento, desde o planejamento, elaboração de projetos até a implantação de obras e serviços e a operação e manutenção. No que se refere ao governo federal, como dito anteriormente, houve um aumento significativo nos investi- mentos em saneamento, em especial, a partir de 2007, sendo que vários empreendimentos de grande porte estão em execução e alguns já se encontram concluídos, o que deverá refletir de maneira positiva nos indicadores do setor, em especial na oferta dos serviços, e nas projeções de universalização. No período de 2007-2010, o governo federal cumpriu a meta de contratar os 40 bilhões de reais previstos no PAC. As metas de atendimento com serviços de saneamento básico previstas no Plansab podem ser acessadas no documento preliminar no sítio eletrônico do Ministério das Cidades (http://www.cidades. gov.br). De qualquer forma, o Plansab, quando aprovado em sua etapa final, constituirá o eixo central da política federal para o saneamento básico, promovendo a articulação nacional dos entes da federação para a implementação das diretrizes da Lei 11.445/07. Será um instrumento fundamental para a retomada da capacidade orientadora do Estado na condução da política pública de saneamento básico e, consequente- mente, da definição das metas e estratégias de governo para o setor no horizonte dos próximos 20 anos, com vistas à universalização do acesso aos serviços.” Pelo lado da iniciativa privada, Paulo Ro- berto de Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), informa que atualmente as concessões privadas de saneamento atendem direta e indiretamente cerca de 13% da população urbana do país.“Os recursos hoje alocados no PAC para o sanea- mento representam cerca de 10 bilhões de reais por ano, insuficientes para garantir o desenvolvi- mento do setor e a universalização dos serviços no médio prazo. Seriam necessários sete vezes mais recursos para atingir esse objetivo. Com relação ao desempenho do PAC no setor de saneamento, as notícias não são animadoras. Apenas um terço da verba total do PAC 2 para saneamento foi contratado, devido à falta ou deficiência de projetos. Além disso, não existem indicadores que demonstrem a efetividade do montante já contratado. A iniciativa privada, que possui capacidade para alavancar recursos e experiência já comprovadamente bem-sucedida nas concessões em que atua, se coloca hoje como uma real alternativa como parceira – para colaborar a fim de que o saneamento deixe de ser precário no país.” — Quais as perspectivas de expansão nos próximos anos? Quantas PPPs e con- cessões existem hoje na área? — pergunta- mos a Oliveira. “Consideramos que existe um grande potencial para a expansão da participação da iniciativa privada, seja por meio de concessões ou PPPs – ou, ainda, outras modalidades de parceria –, uma vez que o tema saneamento começa a ser entendido pela sociedade civil por um viés realista, em que fica claro que essa presença do capital privado nas operações é fundamental para garantir que os serviços sejam universalizados. Acreditamos que se mantivermos nosso ritmo de investimento atual, poderemos chegar a atender até 40% da população brasileira nos próximos dez anos, desde que contemos com uma clara política federal de incrementar a participação privada no saneamento, nos moldes do programa de concessões em infraestrutura – rodovias, ferrovias, portos e aeroportos – que foi re- centemente divulgado pela presidente Dilma Rousseff. Hoje, contamos com 225 contratos, em 247 municípios, sendo 185 concessões ple- nas, 23 concessões parciais de água e esgoto, quatro PPPs e três locações de ativos, que FO TO : D IV U LG A ç à O A bC O N www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 65 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO já ajudam na redução do índice de perdas nos sistemas de água no Brasil. Nos contratos mais maduros da CAB Ambiental – aqueles que têm entre três e quatro anos de duração –, temos um índice de perda que varia entre 10% e 25%. Nossa meta é alcançar esses índices em todos os nossos contratos no prazo médio de cinco anos por meio de melhorias de eficiência operacional que possibilitem cumprir o nosso plano contratual de investimentos de expansão dos serviços. Se compararmos a média nacional de 40%, registrada pelo SNIS, e a média real, de 60% de perdas encontradas no início dos nossos contratos, é possível ver o quanto será importante a participação do setor privado no saneamento brasileiro.” Por seu lado, o engº Rovério Pagotto Junior, diretor técnico da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), de Campinas, entende que as empresas estaduais e munici- pais de saneamento básico deverão focar no tratamento de esgoto e no controle de perdas de água. “O tratamento de esgoto gera despe- sas excessivas tanto na implantação como na operação e manutenção, já o controle de perdas elimina os desperdícios e amplia a vida do sis- tema implantado, porém ambos os casos não impactam em aumento de receita”, observa. Em relação às empresas privadas do setor, ele acha que também deverão focar nas mesmas metas. “Eu particularmente entendo que a participação privada através de PPPs deverá ocorrer para gerar receitas em novos serviços, tais como gestão em resíduos sólidos de estações de tratamento de água e de esgotos, bem como reúso de efluen- tes de estações de tratamento de esgotos para grandes centros industriais que dependam de muita água para produção. É o caso dos polos petroquímicos, como, por exemplo, o Aquapolo, resultado da parceria Sabesp e Foz do Brasil. Em geral as empresas tanto públicas quanto privadas devem focar em obras que possam minimizar custos no futuro.” Sobre a definição de regras para investimen- tos pela Lei de Saneamento de 2007, Pagotto acha que a iniciativa privada ainda encontra entraves para atuar por falta de regulamentação. Perguntamos ainda quanto por cento do PIB em aportes seriam necessários para que ocorresse porém os municípios não estão estruturados para contratar e acompanhar a elaboração de um planejamento de saneamento. A grande dificuldade dos pequenos municípios é definir o Termo de Referência, o edital do processo licitatório e, posteriormente, julgar e selecionar a proposta mais vantajosa para contratação. A modalidade de licitação do tipo técnica e preço é a forma mais adequada para a contratação de uma empresa de consultoria, que possa elaborar um plano municipal de saneamento que se transforme efetivamente em um instrumento de planejamento. O Plansab indica valores estima- dos para a universalização até 2030, porém so- mente após a elaboração dos planos municipais de saneamento, na sua totalidade, teremos os valores reais necessários para a universalização. O grande desafio do governo federal para o sucesso do Plansab, e para se atingir as metas previstas, é ajudar os municípios, pois estes não dispõem dos recursos financeiros e da assessoria técnica necessária para a produção de planos de saneamento de qualidade e eficientes.” — Qual seria o caminho para superar- mos essa condição de insuficiência rumo à universalização do saneamento básico no Brasil? Como recuperar décadas de peque- nos investimentos no setor de saneamen- to? — indagamos de Pladevall. “Inicialmente, seria preciso desenvolver um planejamento para cumprir de forma competen- te a missão de poder concedente no saneamento básico, atribuída pela Lei do Saneamento de 2007, conforme previsto no Plansab. Isso por meio do estabelecimento de metas do governo federal, juntamente com os governos estaduais e municipais, na preparação e estruturação desses últimos dois níveis de governo. Este pla- nejamento efetivo somente será possível a partir dos planos municipais de saneamento de todos os municípios brasileiros, elaborados com quali- dade técnica adequada, e que também servirão para a primeira revisão do Plansab. A condição do saneamento básico entre os segmentos do setor de infraestrutura no Brasil é o pior frente aos demais, embora todos os segmentos estejam em situação aquém do desejável para o setor como um todo. Atualmente o problema não é a falta de recursos financeiros, pois hoje temos recursos disponíveis. Entretanto, somente a disponibilidade desses recursos não é suficiente para que as metas previstas no Plansab sejam alcançadas, neutralizando assim a grande de- fasagem existente. A condição necessária e indispensável de disponibilidade desses recursos deverá ser acompanhada por diversas ações que possam assegurar a correta aplicação dos mesmos na busca das metas propostas.” — Que ações o senhor propõe? — pergun- tamos a Pladevall. “Em primeiro lugar, a criação e implemen- tação de uma política nacional de saneamento, por meio de um arcabouço legal, com fixação de metas, definição de recursos e fontes respectivas, regras e mecanismos de operação para todos os agentes participantes, públicos ou privados. Para a implantação dos empreendimentos do setor, Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente (APECS) a universalização do saneamento básico no Brasil. “Eu entendo que deveríamos investir pelo menos 0,5% do PIB para que possamos avançar com mais rapidez e diminuir o impacto com doenças que poderiam ser evitadas com a universalização do saneamento no Brasil”, res- ponde, acrescentando que o reflexo seria uma redução de gastos na saúde devido a muitas doenças estarem diretamente ligadas à falta de saneamento básico. Outro engenheiro vinculado ao setor pri- vado e líder de classe entrevistado para esta reportagem foi Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente (APECS). A APECS foi fundada em 1989, congregando atualmente 42 empresas de serviços e consultoria em saneamento e meio ambiente do Estado de São Paulo. Essas empresas reunem parte importante do patrimônio tecnológico nacional do setor, estando presente em empreendimentos de porte, como o Sistema Cantareira e o Projeto de Despoluição do Tietê. Pladevall é graduado em engenharia civil pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), com MBA em direção de empresas de engenharia em 2003 também na Faap. Trabalhou na Sondotécnica de 1982 a 1993. A partir desta data, tornou-se sócio- -diretor da CPS Engenharia, empresa especiali- zada em consultoria e projetos de infraestrutura urbana, posição que ocupa até hoje. — Por que o saneamento básico no Brasil tem se desenvolvido em ritmo lento, inadequado às necessidades da população? — perguntamos a Pladevall. “Há dificuldades institucionais. O poder concedente está despreparado. Falta planeja- mento de longo prazo e força de implementação por parte tanto do governo federal, como de estados e municípios. A solução passa pelo desenvolvimento de ação conjunta dos poderes municipais e estaduais visando sua capacitação para gerirem de maneira competente o sane- amento básico nos municípios. Trata-se de esforço enorme e de longo prazo. Só o recurso financeiro não resolve. Veja-se o exemplo da situação da infraestrutura como um todo no Brasil. O Plansab encontra-se atualmente em fase de audiência pública e, em breve, deve se tornar o instrumento de planejamento nacional para o setor de saneamento. A universalização do setor, prevista no Plansab para 2030 só será atingida se todos os caminhos necessários forem trilhados. Uma das primeiras exigências do Plan- sab é a de que todos os municípios façam sua lição de casa através da elaboração de um plano de saneamento abrangendo quatro segmentos: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial e resíduos sólidos. Este ins- trumento de planejamento, o Plano Municipal de Saneamento, é ferramenta fundamental para que os gestores municipais definam as próximas ações e viabilizem os recursos necessários para a obtenção da universalização local. A engenharia nacional está preparada para atender à demanda relativa à elaboração dos planos municipais, FO TO : D IV U LG A ç à O A PE C S www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201266 ENGENHARIA I CAPA A Andrade Gutierrez se orgulha de ter participado de alguns dos projetos mais importantes da Sabesp nos últimos 30 anos. Como o Projeto Tietê, com redes de coleta e tratamento de esgoto na busca da universalização do saneamento e para a revitalização de rios e lagoas por todo o estado, e como o Onda Limpa, o maior programa de despoluição já visto no litoral paulista. Mas ainda existe muito trabalho a ser feito, e a AG vai seguir como parceira da Sabesp por muitos e muitos anos para levar este trabalho aonde ele ainda precisa chegar, e continuar melhorando a vida das pessoas. ONDE TEM DESENVOLVIMENTO, TEM ESSA MARCA. 30 ANOS DE PARCERIA PELO DESENVOLVIMENTO obedecendo criteriosamente aos conceitos téc- nicos de planejamento, há tempo perdidos neste país. No planejamento deverão ser respeitados todos os segmentos componentes da cadeia de um empreendimento, desde a identificação de sua real necessidade, passando pela estru- turação dos recursos necessários, pelas fases de pré-estudos, estudos, projetos, gerenciamento, construção, pré-operação, operação e manuten- ção. Importante frisar que na elaboração deste planejamento deverá ser intensamente valoriza- do, como se faz em todos os países desenvol- vidos, o setor da consultoria, responsável pelos segmentos mais nobres e sensíveis de qualquer empreendimento e, consequentemente, pela sua eficiência técnico-operacional e econômica. Assim deverão ser disponibilizados prazos mais longos para o aprofundamento dos estudos téc- nicos de engenharia, economia, meio ambiente e todos os demais aspectos que envolvem e que impactam a implantação do empreendimento. Um empreendimento bem planejado e bem projetado reduz significativamente seu prazo de construção, compensando com vantagem o tempo despendido nas fases anteriores, além de praticamente eliminar imprevistos de obra, evitando-se correções e/ou adaptações nem sempre desejadas e com custos mais elevados. Outra condição para assegurar o bom empre- endimento é fugir de prazos políticos, os quais, na maioria das vezes, exigem soluções urgentes, sem os devidos e indispensáveis estudos acura- dos, conduzindo a empreendimentos de custo muito maior e ineficientes, com consequentes prejuízos à administração pública e à sociedade em geral.” — Em que se constituiria essa preparação e estruturação dos agentes estaduais e muni- cipais pelo governo federal e por que ela é tão importante?— questionamos Pladevall. “A qualidade e preparo do agente define a qualidade dos serviços. Não é possível ter-se uma boa qualidade de serviços, qualquer que ele seja, se o órgão contratante responsável pelo serviço não tiver pleno conhecimento do mer- cado e do produto a ser adquirido, mesmo que tenha disponibilidade de recursos financeiros. A aplicação correta de recursos em investimentos, ou em operação e manutenção, é tarefa difícil e requer muita competência. Não basta querer e dispor dos recursos financeiros se não hou- ver competência técnica, e esse ingrediente é uma deficiência crônica nos tempos atuais. A importância do poder público é enorme e tem efeito avassalador em todo o setor produtivo privado fornecedor, pelo seu poder de compra. Se o setor público é despreparado, ele compra mal, isto é, especifica de forma deficiente o que quer, remunera mal, gerencia mal, recebe produto inadequado, e desenvolve um mercado fornecedor de baixa qualidade na razão direta da sua falta de preparo. Não há solução sem passar pela preparação e melhoria da qualidade do poder público.” — Então, como realizar essa empreitada, na busca da qualidade? — continuamos com Pladevall. “Inicialmente, é necessário que haja uma conscientização do poder público, nas três esferas de poder, da necessidade dessa melhoria de qualidade perante suas responsabilidades outorgadas pela Lei do Saneamento. A con- cretização das metas da universalização do saneamento passa por esse esforço de melhoria e qualificação, indispensáveis. Outro pré-requisito é a conscientização do enorme esforço que essa empreitada de longo curso irá demandar, e que por isso mesmo deverá ter a participação dos fornecedores de serviço, projetistas, construtores e fabricantes de equipamentos, contribuindo em um trabalho sinérgico no aprimoramento não só do poder público, como também dos próprios fornecedores. Será preciso mobilizar todo o conhecimento e a experiência dos agen- tes do setor do saneamento para levar a bom termo essa busca de competência e qualidade. Não se trata, portanto, de um programa de um governo, mas de um programa permanente, para iniciar em um governo e ter continuidade em vários outros.” — Em termos práticos, como isso po- deria ser implementado? — solicitamos de Pladevall. “Esse trabalho poderia ser implementado a partir da formulação e implantação de um programa de qualificação e de estruturação dos agentes públicos, com a participação dos fornecedores, todos engajados na busca da melhoria contínua. Para que isso seja viável é preciso que o setor público reconheça que a solução dos atuais problemas passa pelo diálogo franco com o setor fornecedor e pela experiência que ele detém, e vice-versa. Quando uma das partes ou ambas não compartilham dessa visão, o processo se inviabiliza. A título de exemplo, a diretoria da Sabesp, reconhecendo a necessidade de promover melhoria da qualidade de seus em- preendimentos, e reconhecendo que para atingir esse objetivo seria fundamental contar com a participação dos seus fornecedores, iniciou um programa com esse objetivo e convidou a APECS, o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva [Sinaenco], e a Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas [Apeop], para, juntos com ela, buscar o aprimoramento do ciclo de vida dos seus empreendimentos. Esse trabalho se desenvolve há cerca de um ano e meio e já produziu docu- mentos que começam a afetar tanto a própria Sabesp no aprimoramento de seus processos de contratação, como os fornecedores, na melho- ria da qualidade dos processos produtivos. O trabalho é longo, porém já começa a dar seus frutos, e esse é o caminho. A Sabesp já começou a trilhá-lo e é um exemplo a seguir. Os docu- mentos Diretrizes para a Elaboração de Termos de Referência para a Contratação de Estudos e Projetos e de Gerenciamento são excelentes exemplos da seriedade e da assertividade deste trabalho. Estes documentos se tornaram oficiais na Sabesp, já começaram a ser utilizados, e atualmente têm contribuído para a melhoria na contratação destes serviços.” — As PPPs seriam uma forma de abreviar essa caminhada na busca da universalização do saneamento? — finalizamos com Pladevall. “Sem dúvida, as PPPs podem contribuir para abreviar essa caminhada, na medida em que aportam recursos financeiros ao setor. A utilização de novos modelos, como as PPPs, são ferramentas importantes, desde que formatados com base em documentos técnicos corretamen- te elaborados, que possibilitem uma definição do desempenho e da qualidade desejados, e a avaliação confiável dos custos previstos e dos resultados esperados. As PPPs permitem um pla- nejamento de longo prazo, na medida em que os contratos têm duração de 20 ou mais anos e uma execução imune a influências políticas. Já a administração pública fica sujeita às mudanças de governo a cada quatro anos, o que, com fre- quência, altera prioridades, descontinua proces- sos e provoca perdas muitas vezes irreparáveis, inviabilizando a execução do planejamento. Não obstante, as PPPs não prescindem de um poder concedente competente e preparado. É uma ilusão pensar-se que a responsabilidade do poder público possa ser transferida para a iniciativa privada e, assim, contornarem-se os obstáculos ao desenvolvimento provocado pelo despreparo. Uma iniciativa nesse sentido estaria fadada ao insucesso. Além disso, desviaria e retardaria a tomada de consciência e das pro- vidências necessárias para resolver o verdadeiro problema, qual seja, o despreparo do poder público. ‘O bom contratante é indutor dos bons projetos e, consequentemente, de boas obras’ é uma boa frase para se usar.” Igualmente vinculado à iniciativa privada, o engenheiro José Eduardo Cavalcanti, membro do Conselho Consultivo do Instituto de Enge- nharia (IE), defende, por meio de proposição publicada no site do IE, um novo modelo de contratação de projetos de estações de tra- tamento de esgotos sanitários municipais, as ETEs. Segundo ele, no passado – e até o início da década de 1960 – os projetos referentes às obras de saneamento, incluindo as ETEs, eram feitos pelo próprio corpo técnico permanente de engenheiros lotado nas repartições e servi- ços públicos estaduais e municipais de água e esgotos ou por meio de consultores indepen- dentes, quase sempre professores universitários das disciplinas associadas, principalmente à hidráulica de rios e canais. Mas as coisas foram mudando, e a forma mais adequada de apre- sentar a importante proposição de Cavalcanti na presente reportagem é dar a íntegra do seu texto, aspeando os parágrafos, como segue. “Ao final daquela era [início dos anos 1960] começaram a surgir empresas de consultoria especializadas na elaboração de projetos de saneamento, quase todas elas capitaneadas por engenheiros civis egressos do serviço pú- blico, que com suas capacitações técnicas e administrativas adquiridas ao longo dos anos de trabalho, se animaram a empreender no setor privado, induzidos pelo formidável boom surgido nos anos 1970 com o advento das empresas estatais de saneamento, bem como do Banco Nacional de Habitação [BNH], braço www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 67 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO A Andrade Gutierrez se orgulha de ter participado de alguns dos projetos mais importantes da Sabesp nos últimos 30 anos. Como o Projeto Tietê, com redes de coleta e tratamento de esgoto na busca da universalização do saneamento e para a revitalização de rios e lagoas por todo o estado, e como o Onda Limpa, o maior programa de despoluição já visto no litoral paulista. Mas ainda existe muito trabalho a ser feito, e a AG vai seguir como parceira da Sabesp por muitos e muitos anos para levar este trabalho aonde ele ainda precisa chegar, e continuar melhorando a vida das pessoas. ONDE TEM DESENVOLVIMENTO, TEM ESSA MARCA. 30 ANOS DE PARCERIA PELO DESENVOLVIMENTO www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201270 ENGENHARIA I CAPA Um panorama geral da Sabesp e os serviços por ela prestados a Sabesp é uma sociedade anônima de capital aberto e economia mista que atua no setor de saneamento, cujo acio- nista majoritário é o governo do Estado de São Paulo. Suas ações, todas ordinárias, são negociadas no segmento do Novo Mercado da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa), e na forma de American Depositary Receipts (ADR nível III) da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Fundada em 1973, é a maior empresa de saneamento das Américas e a quarta maior do mundo em população atendida, de acordo com a 13ª edição (2011-2012) do anuário Pinsent Masons Water Yearbook. Além de oferecer serviços de água e esgoto no Esta- do de São Paulo, a Sabesp está habilitada a atuar em outros estados e países. Pode, ainda, operar em mercados de drenagem e limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e energia. A Sabesp opera diretamente serviços de saneamento em 363 municípios paulistas (em 2011 o município de Macatuba deixou a base operada pela empresa) e fornece água no atacado para outros sete, dentre os quais cinco também utilizam os seus serviços de tratamento de esgotos. A população total abastecida com a água da Sabesp chega a 27,6 milhões de pessoas (23,9 milhões delas atendidas diretamente pela companhia e 3,7 milhões atendidas no atacado), o que repre- senta perto de 70% da população urbana do Estado de São Paulo. Com coleta de esgotos, a empresa serve 20,5 milhões de pessoas. Adicionalmente, a Sabesp também presta serviços de água e esgoto em outros três municípios do Estado, por meio de sociedades de propósito específico (SPEs) constituídas com empresas privadas. São elas: Águas de Castilho e Águas de Andradina, em parceria com a CAB Ambiental; e Saneaqua Mairinque, em conjunto com a Foz do Brasil. Em Mogi Mirim, aliada à OHL Meio Ambiente e à Etep, a companhia paulista cuida da moderniza- ção, implementação e gestão do sistema de tratamento de esgotos, também por meio de uma SPE. Ao lado disso, realiza serviços de consultoria em uso racional da água, gestão comercial e operacional no Panamá e em Hon- duras (países da América Central) por meio de consórcio firmado com a Latin Consult. Tem, ainda, parcerias com as concessionárias esta- duais de saneamento dos estados de Alagoas (Casal) e Espírito Santo (Cesan). A Sabesp tem como missão a divisa “pres- tar serviços de saneamento, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente”. A visão de futuro da em- presa aponta para o seu “reconhecimento, em 2018, como empresa que universalizou os serviços de saneamento em sua área de atuação, de forma sustentável e competitiva, com excelência no atendimento ao cliente”. Embora o desafio seja grande, a companhia está bem posicionada para alcançar o obje- tivo, com sustentabilidade e rentabilidade. Os seus dirigentes entendem que boa parte do nível de investimentos demandado já se encontra equacionada para cumprir o plano de investimento da empresa. No entanto, o núcleo diretivo trabalha constantemente na captação de recursos, principalmente a custos mais baixos, compatíveis com a atividade de saneamento (que é sabidamente de rentabili- dade baixa) para fazer frente aos investimentos necessários à expansão dos serviços. Para atingir o objetivo da universalização, ao longo de 2011 a companhia reformulou suas diretrizes estratégicas. São elas: cres- cimento com sustentabilidade econômico- -financeira; sustentabilidade socioambiental; universalização e qualidade; proatividade nos relacionamentos; integração e inovação; e capital humano como força competitiva. O novo ciclo de planejamento estratégico tem como horizonte o período que vai de 2011 a 2020. O compromisso da companhia com a universalização, sustentável e responsável, dos serviços de água e esgoto na sua área de atuação até o fim desta década se reflete na estratégia financeira e em ações sociais e ambientais. Em 2011, a Sabesp manteve o ritmo de investimentos em busca de sua meta. A ativi- dade da companhia gera, de forma inerente, benefícios diretos para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a preservação do meio ambiente. Apesar de já bastante antigo, o slogan “água é vida” continua atual. Coletar e tratar esgotos também. Em 2011 foi possível preservar o ritmo de investimentos necessários para a consecução do objetivo maior da em- presa: foram aplicados 2,4 bilhões de reais, aí incluídos os chamados investimentos conven- cionais e os empreendimentos financiados, na forma de PPP, no valor de 121,4 milhões de reais, como a expansão do Sistema Produtor de Água do Alto Tietê, e locação de ativos, como o Sistema de Esgotamento de Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista. A utilização desses modelos de financiamento permite à compa- nhia acelerar e otimizar o processo de licitação de obras e serviços e acessar recursos públicos fora do contingenciamento público, agilizando a execução do seu plano de investimentos. O abastecimento de água se manteve universalizado nas áreas urbanas servidas pela companhia. Cabe destacar que em 2011 foi realizada a segunda maior expansão dos últimos 12 anos: foram 207 900 novas liga- ções, beneficiando mais 570 000 pessoas. O resultado é importante para o objetivo de ga- rantir segurança no abastecimento nas áreas atendidas, auxiliado por ações de recuperação e preservação de mananciais, incentivo à re- dução de consumo e diminuição de perdas de água. O ano de 2011 foi encerrado exibindo um número reluzente: abastecimento de 23,9 milhões de pessoas diretamente com água. Quando se inclui a população dos municí- pios que compram o produto da Sabesp no atacado e aqueles operados em parceria com a iniciativa privada, esse número chega aos citados 27,6 milhões. Quanto ao serviço de coleta de esgotos, foram feitas 246 400 novas ligações em 2011, beneficiando mais 880 000 pessoas. Foi o melhor resultado em 12 anos. O índice de coleta subiu para 82%, e o de tratamento alcançou 76% do volume coletado. A preo- cupação da Sabesp é expandir os serviços, de modo a atuar para eliminar os lançamentos in natura e colaborar para a despoluição de rios, córregos e outros corpos d’água. Em torno de 20,5 milhões de pessoas são atendidas atualmente por redes de coleta, enquanto a companhia trata volume de esgoto gerado por 14,9 milhões de pessoas. Mais adiante, nesta reportagem, apresentamos entrevista com Luiz Paulo de Almeida Neto, diretor de Sistemas Regionais da Sabesp com todos os detalhes da atuação da companhia no interior do Estado. Em 2011, cinco novos municípios passaram a ter os serviços de água, coleta e tratamento de esgotos universalizados: Con- FO TO : D IV U LG A ç à O A solução versátil, econômica e segura para compactação e estaqueamento em obras de TÁ É Estaraç, J, Getefer Rua Pedro Santalúcia, 162 04815-250 - São Paulo - SP compactador / estaqueador hidráulico Fone/Fax: 11 5666.1795 : [Ene o e ce grope tejo ce ie ri ECA As li o e pj www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201272 ENGENHARIA I CAPA chas, Laranjal Paulista, Pratânia, Tarumã e Teodoro Sampaio. Com isso, a companhia já tem hoje 146 atendidos nessas condições. A meta é que até 2014 todo o esgoto coletado nos municípios do interior do Estado de São Paulo em que a companhia atua – ou seja, excetuadas a RMSP e o litoral – esteja sendo integralmente tratado. A Sabesp considera que o índice de atendimento em abastecimento de água já se encontra hoje mantido no nível de universalização. Dentro da sua estratégia de expandir os serviços de água, coleta e tratamento de es- gotos, a empresa obteve em 2011 outros re- sultados bastante significativos, tais como a conclusão de 14 empreendimentos voltados à melhoria do abastecimento de água e o início efetivo de 43% das obras de esgotamento da terceira e penúltima etapa do Projeto Tietê, ambos na RMSP. Além da capital paulista, 58 municípios – tais como Águas de Santa Bár- bara, Campos do Jordão e Franco da Rocha, para citar alguns – tiveram obras de expansão dos serviços iniciadas em 2011. Programas estruturantes – O plano de investimentos da Sabesp está ancorado num portfólio de programas estruturantes, orga- nizados em dois eixos: garantir a segurança no abastecimento de água e colaborar para a despoluição e a recuperação dos rios, córre- gos e demais corpos d’água. Tal abordagem é particularmente importante nas condições geográficas, demográficas e hidrográficas em que a companhia atua. O Estado de São Pau- lo – base da área de operação da companhia – concentra 22% dos habitantes do país. Seu território corresponde a 2,9% da extensão total do Brasil e nele é gerado 33% do PIB nacional. Nos 363 municípios atendidos pela Sabesp residem cerca de 60% da população urbana do Estado, muitos deles vivendo em conurbações formadas por rápida e desordenada ocupação ao longo das últimas décadas. A companhia enfrenta, em especial na Bacia do Alto Tietê, na RMSP, situação de extrema escassez hídrica. A região é incapaz de atender, por si só, às necessidades de água de sua população. Hoje, a demanda equivale, aproximadamente, ao dobro da disponibilidade mínima, que é de 39 metros cúbicos por segun- do. Tais restrições obrigam a Sabesp a buscar seus recursos hídricos em mananciais cada vez mais distantes, como a bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Também im- põem a necessidade de promover a diminuição das perdas de água em suas operações e efetu- ar ações dirigidas à população para incentivar a redução do consumo. Exemplo de iniciativa bem-sucedida na estratégia da companhia de recuperar importantes mananciais por meio de ações estruturantes foi a regeneração das águas do Rio Paraíba do Sul, na região paulista do Vale do Paraíba. Com obras de expansão da coleta e do tratamento de esgotos em muni- cípios populosos como São José dos Campos e Taubaté, que envolveram investimento de 170 milhões de reais até 2010, a qualidade da água do rio melhorou significativamente. Após a conclusão da ETE Taubaté/Tre- membé, uma das mais modernas do país, e o início de operação da elevatória de esgoto Vidoca, em São José, análises da Cetesb re- gistraram aumento expressivo do índice de oxigenação das águas do Paraíba do Sul, em 2011. A concentração passou de 0,5 miligrama por litro, em 2009, para 5,2 miligramas por litro. Com isso, peixes que tinham virado rari- dade, como lambaris, mandis, piabas, bagres, traíras, curimbatás e tilápias, voltaram a povoar as águas da região. Em outra vertente o Programa Metropo- litano de Água da Sabesp tem o objetivo de aumentar em 20% – correspondentes a 13,2 metros cúbicos por segundo – a capacidade atual de produção, no horizonte até 2014. Em 2011, foram concluídas obras de produção e adução, melhorando o nível de abastecimento de água da RMSP. Destaque para a conclusão das intervenções que resultaram na amplia- ção da capacidade de tratamento do Sistema Produtor de Água do Alto Tietê em 50%, de 10 para 15 metros cúbicos por segundo, feitas por meio de PPP em conjunto com a CAB Ambiental. Também foram entregues mais 14 grandes empreendimentos, que, juntos, beneficiam direta e indiretamente 6,6 milhões de pessoas – principalmente das regiões leste e oeste da capital – com mais água tratada. O investimento acumulado no programa desde 2006 é de 1,7 bilhão de reais, com recursos próprios e financiamentos concedidos pela Caixa Econômica Federal e pelo BNDES. Às ações de melhoria do abastecimen- to na RMSP, soma-se o programa Água no Litoral. São obras para ampliar a produção, melhorar a qualidade, aumentar a adução e a capacidade de reservação de água tratada na Região Metropolitana da Baixada Santista, que abriga cerca de 1,7 milhão de pessoas em nove municípios – população que chega a quase 3 milhões de pessoas em épocas de veraneio. Em 2011, foram aplicados 158 mi- lhões de reais em obras como a implantação do Sistema Produtor Mambú-Branco, prevista para ser concluída neste segundo semestre de 2012, em Itanhaém, e a construção da Esta- ção de Tratamento de Água Jurubatuba, no Guarujá. Até o fim de 2011, o valor investido no programa, iniciado em 2008, somava 472,7 milhões de reais. De forma simultânea aos empreendimen- tos para ampliar a produção e o tratamento de água, a Sabesp desenvolve, entre suas ações estruturantes, o Programa Corporativo de Redução de Perdas. Até 2019, a companhia pretende investir 4,3 bilhões de reais em ações como substituição de redes, troca de tubula- ções, setorização (com redução de pressão da água) e substituição de hidrômetros. O atual objetivo da companhia é reduzir o índice de perdas a 13% até 2019, porém essa meta está sendo revista em função dos resultados atingidos no decorrer de 2011. A Sabesp já investiu 1,03 bilhão de reais no programa, dos quais cerca de 326,7 milhões de reais em 2011. Parte dos recursos é própria e o restante vem de financiamentos concedidos pela Japan International Cooperation Agency (a agência Jica do governo japonês), pela Caixa Econô- mica Federal e pelo BNDES. Digno de registro é o fato de que em fevereiro deste ano de 2012, foi assinado contrato de financiamento da segunda etapa do programa com a Jica, no valor aproximado de 710 milhões de reais, aos quais se somarão mais 390 milhões de reais da contrapartida da Sabesp. Em 2011 a empresa conseguiu diminuir o índice de perdas de faturamento de 26% para 25,6%. Vale registrar que a média brasileira se encontra ao redor de 37%. Para efeito compa- rativo, o Japão tem índice de 3%; a Alemanha, 7%; e a Inglaterra, 20%. Mais adiante nesta reportagem vamos apresentar a visão do exe- cutivo da Sabesp indicado para detalhar este tópico, o superintendente de desenvolvimento operacional da companhia, Eric Cerqueira Carozzi. Por enquanto, é importante ressaltar que o indicador é composto pelas perdas reais (vazamentos) e pelas perdas aparentes, constituídas pelos chamados “gatos” e por submedição. Mas apenas a redução das perdas não é suficiente. Dada a baixa disponibilidade hídrica, principalmente na metrópole paulista, o planejamento realizado pela empresa tam- bém indica a necessidade de um novo sistema produtor para suprir as demandas crescentes da RMSP: o do São Lourenço (Alto Juquiá), distante cerca de 80 quilômetros da Grande São Paulo. Terá capacidade de produção de 4,7 metros cúbicos por segundo e beneficiará uma população de quase 1,5 milhão de habi- tantes, em especial os municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santa- na de Parnaíba e Vargem Grande. Já foram concluídos estudo de concepção e projeto básico do novo sistema produtor. Em paralelo, está sendo modelada a implantação do novo sistema em regime de PPP para apreciação e aprovação pelo Conselho Gestor de PPP do governo estadual. A recuperação e a despoluição dos corpos d’água, por seu lado, representam desafio tão ou mais severo do que assegurar o abasteci- mento. Em especial, na metrópole paulista, onde vivem em torno de 20 milhões de pes- soas. Quando corta a Grande São Paulo, o Rio Tietê se encontra muito próximo, a cerca de 60 quilômetros, de sua nascente, localizada no município de Salesópolis. Neste trecho, seus afluentes também são pouco caudalosos. A baixa vazão dificulta ainda mais a dispersão da carga orgânica, cujo volume recebe a indesejada contribuição da imensa poluição difusa gerada cotidianamente tanto pelas instalações fabris quanto pela população que vive em toda a RMSP. Neste sentido, a Sabesp entende que a recuperação do principal rio do Estado de São Paulo e seus afluentes é uma das tarefas fundamentais com as quais a companhia pode contribuir. Por isso, o esforço da empresa em prol da expansão dos serviços www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 75 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO Um participante selecionado no Programa de Comprador Internacional 5 a 8 de fevereiro de 2013 • SEMINÁRIOS: 4 a 8 de fevereiro Las Vegas Convention Center • Las Vegas, Nevada www.worldofconcrete.com APRESENTAÇÕES EM AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS • COMPETIÇÕES E DEMONSTRAÇÕES • EDUCAÇÃO E CERTIFICAÇÃO Source Code: ENG NÓS CONHECEMOS VOCÊ. Você é forte. Inteligente. DETERMINADO. você sabe o que está fazendo, mas nunca para de buscar maneiras de fazer melhor. você é do tipo que não aceita tolices, não aceita desculpas. e está em casa no Mundo do Concreto. MLTV_Portuguese_8.7x11.02_WOC13_AD_GENERAL_NEW.indd 1 9/20/2012 11:30:08 AM www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201276 ENGENHARIA I CAPA incluindo práticas voltadas para a sustentabi- lidade e projetos em parceria com a sociedade [mais adiante, nesta reportagem, entrevista com Marcelo Morgado, assessor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Sabesp]. Pesquisa de satis- fação feita com os clientes em 2011 indica o reconhecimento desse esforço: 79% consideram a Sabesp uma empresa “so- cioambientalmente responsável”. Quan- do se investigou com os entrevista- dos se a companhia “se preocupa com a preservação do meio ambiente, dos rios, dos mananciais de água e da vegeta- ção”, a concordân- cia foi de 78%. Em termos de compromisso social, a Sabesp se declara orgulhosa dos laços que estabelece com a população do Estado de São Paulo. A con- vicção de seus dirigentes é de que, ao prestar melhores serviços, garantir a oferta de água com qualidade e regularidade e tratar bem os recursos hídricos, a companhia está con- tribuindo para a geração de valor em nossa sociedade. O reconhecimento desse esforço está demonstrado no alto índice de respostas positivas obtidas na pesquisa de satisfação com os clientes, quando foi avaliado se a compa- nhia se preocupa com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e com o bem-estar social. Questionados, 80% responderam afirmativa- mente à pergunta: “Na sua opinião, a Sabesp é uma empresa socialmente responsável?”. O comprometimento da empresa com a satisfa- ção dos clientes atendidos ficou ainda mais evidenciado no novo Planejamento Estratégico que a companhia estabeleceu para vigorar entre 2011 e 2020. A Sabesp revisou sua visão de futuro, destacando a sua preocupação e seu foco em “excelência no atendimento ao cliente”. O Mapa Estratégico foi revisto, abran- gendo 14 objetivos considerados estratégicos para o período. A missão da companhia, no entanto, não foi alterada. Ainda como fruto do planejamento, a companhia incluiu en- tre suas diretrizes estratégicas a valorização do capital humano como força competitiva. Dentro desse espírito, está se empenhando em tornar a empresa um ambiente melhor para se trabalhar. Em 2011, os gestores da companhia se debruçaram sobre dois assuntos que ela considera cruciais para aumentar a satisfação de seus funcionários: a adoção de um novo plano de cargos e salários e o equacionamento do seu plano de previdência complementar, o Sabesprev. As ações empreendidas permitem antever a apresentação de resultados à corpo- ração no decorrer de 2012. Ao mesmo tempo, a Sabesp se preocupa em manter e expandir a base de municípios operados, por meio de contratos de programa integralmente adequados às exigências do novo marco regulatório do setor. Tal estratégia é particularmente importante neste momento, que coincide com o encerramento do primeiro ciclo de vigência de dezenas de contratos cujo marco inicial remonta à época da constituição da companhia, na primeira metade dos anos 1970. Não por outro motivo, a companhia tem empreendido um esforço adicio- nal em favor da re- novação de contra- tos com os poderes concedentes. Em 2011, foram assina- dos 25 contratos de programa. Com eles, a companhia tem hoje 225 renovados que atendem à Lei do Saneamento e outros 39 cobertos por arcabouço legal anterior a ela – e que vencerão entre 2012 e 2033. Juntos, esses municípios respondem por 74% das receitas auferidas pela companhia. Na contratualização, os municípios de- finem suas próprias metas de atendimento e qualidade dos serviços prestados. Os contratos de programa preveem intenso controle social, além da fiscalização e da regulação, inclusive tarifária, dos serviços pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Afora isso, para enfrentar a concorrência no segmento de grandes clientes, em que diversos consumidores industriais e comerciais preferem utilizar poços artesianos ou carros-pipa para se abastecer de água, a Sabesp adotou uma política tarifária flexível para competir no mercado, com a formalização de contratos de demanda firme. Soluções ambientais e água de reúso – A Sabesp também busca atuar em novos mer- cados, consolidando-se no setor de maneira sustentável. Neste sentido, tem agido em duas grandes frentes. A primeira são parcerias em novos negócios, que incluem iniciativas para a atuação em outros Estados e países. A segunda é a plataforma Sabesp Soluções Ambientais, voltada para a expansão de operações com grandes clientes [mais adiante, nesta repor- tagem, entrevista com Sérgio Luiz Gonçalvez Pereira, superintendente de Novos Negócios da Sabesp]. Em 2011, os principais destaques da companhia foram a expansão do Programa de Uso Racional da Água (Pura) e as iniciativas em favor da produção de água de reúso. Em relação ao uso racional da água, a Sabesp adotou política de incentivo ao uso racional que implica ações tecnológicas e mu- danças culturais para a conscientização dos consumidores. Seu principal instrumento, o Pura, é voltado à redução do consumo de água de grandes clientes, em especial no setor público. Pelas regras firmadas em contrato, os participantes podem contar com tarifa 25% menor, desde que cumpridas certas condicio- nantes – entre elas, reduzir o consumo em pelo menos 10% em comparação com a média dos últimos 12 meses e estar adimplente perante a companhia. Atualmente, o Pura se encontra im- plantado em cerca de 2 200 imóveis do governo estadual e da prefeitura da capital paulista. Neles, a Sabesp é responsável pela contratação de obras e serviços de engenharia necessários para a redução do consumo de água. Com essas medidas, a Sabesp conseguiu conservar volume mensal de água num nível suficiente para abastecer em torno de 23 000 pessoas sem a necessidade de utilizar novos mananciais. O programa também colabora para a postergação de investimentos em sis- temas de água e esgoto. Ainda com vistas à redução de perdas de água, ressaltem-se, também, soluções inovadoras implementadas fora do âmbito do Pura, como os contratos com cláusula de desempenho adotados pela companhia na Chácara Flora e na Vila do En- contro, na zona sul da capital. Isso permitiu que fossem desenvolvidas ações mais criativas, com incentivos para superar metas. O resultado foi uma economia de 3,3 milhões de metros cúbicos/ano. Outro capítulo importante é o da água de reúso. A companhia também tem investido forte na expansão da produção de água gerada a partir do tratamento de esgotos para usos industriais, refrigeração de equipamentos e outros fins não potáveis. A Sabesp tem hoje capacidade para produzir 319 000 metros cúbicos/mês de água de reúso nas ETEs ABC, Barueri, Parque Novo Mundo e São Miguel. No entanto, atualmente a companhia forne- ce apenas 160 000 metros cúbicos/mês, em função, principalmente, de dificuldades na logística de distribuição, da prospecção ainda incipiente de novos clientes e da necessidade de aperfeiçoamento do processo de produção, uma vez que a água de reúso proveniente das estações de tratamento é apropriada apenas para determinadas aplicações e consumo. A companhia tem agido, porém, para melhorar as condições e ampliar seu mercado potencial. O maior projeto nesta área ainda não entrou em operação comercial, mas já foi concluído e está em fase de testes. A Sabesp ergueu, com a empresa privada Foz do Brasil, a maior planta para produção de água de reúso do Hemisfério Sul: o Aquapolo Am- biental. A vazão final prevista é de 1 metro cúbico/segundo, proveniente da ETE ABC para o Polo Petroquímico de Capuava, na Grande São Paulo. O volume correspondente de água tratada que é liberado para forneci- mento à população é suficiente para abastecer 300 000 pessoas. Antes mesmo de ter entrado em funcionamento comercial, o Aquapolo já foi reconhecido internacionalmente. Em 2011, o projeto foi o segundo colocado no Global Water Awards, prêmio concedido pela Global Water Intelligence para destacar iniciativas inovadoras em abastecimento e saneamento em todo o mundo. Outras iniciativas voltadas para a oferta de Em 2011 o abastecimento de água se manteve universalizado nas áreas urbanas servidas pela Sabesp www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 77 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO A v e n i d a P e d r o s o d e M o r a e s , 4 3 3 - 1 0 º A n d a r - P i n h e i r o s C E P 0 5 4 1 9 - 9 0 2 - S ã o P a u l o - S P - B r a s i l F o n e : + 5 5 1 1 3 0 3 9 - 1 1 6 6 - E - m a i l j n s @ j n s e c g . c o m . b r - w w w . j n s e c g . c o m . b r A Implantação e certificação do Sistema da Qualidade evidenciam a preocupação e o comprometimento com a melhoria contínua dos serviços oferecidos, que fizeram da JNS uma referência no mercado em que atua. SISTEMA DE GESTÃO CERTIFICADO NBR ISO 9001:2008 Fundação Vanzolini JNS ENGENHARIA CONSULTORIA E GERENCIAMENTO LTDA Projeto de Ampliação da Capacidade da ETE Barueri para 14,25m³/s Revisão, Atualização e Aperfeiçoamento da Legislação de Proteção aos Mananciais. Gerenciamento e Fiscalização de Obras / SABESP - Interior é parceira da Sabesp no Programa de Desenvolvimento de Saneamento do Estado de São Paulo. Amplo Know-How nos segmentos de Saneamento, Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Desenvolvimento Urbano e Gerenciamento de Projetos e Empreendimentos. Uma empresa reconhecida pela experiência, seriedade e qualidade de seus serviços. soluções ambientais são os contratos de fide- lização firmados com grandes consumidores, que garantem receita anual de aproximada- mente 233 milhões de reais à companhia; e o tratamento de esgotos não domésticos prove- nientes de processos produtivos de clientes da Sabesp, pelo qual foram coletados e tratados mais de 26 milhões de metros cúbicos em 2011, gerando faturamento de 181,8 milhões de reais. Projetos já implementados, relacio- nados à medição individualizada de consumo de água em condomínios residenciais e à telemedição (que possibilita o monitoramento de consumo em tempo real via internet), vêm sendo avaliados e replanejados de forma a viabilizar sua evolução. A Sabesp também atua em novos mer- cados em parceria com sócios privados e por meio de sociedades de propósito específico (SPRs) na prestação de serviços de água e/ ou esgotos em quatro municípios do Estado: Andradina, Castilho, Mairinque e Mogi Mirim. E também na implantação e operação de uma estação de tratamento de efluentes industriais e condicionamento de lodo localizada ao lado da ETE Barueri, cujas obras têm a parceria da Estre Ambiental. Outras SPEs foram constitu- ídas para prestação de serviços de consultoria em uso racional da água e gestão comercial e operacional. Por outro lado, uma empresa como a Sabesp precisa investir continuamente em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Neste sentido, uma superintendência específica foi criada na companhia, em 2010, e já vem obtendo resultados positivos, como a inédita experiência, em termos nacionais, de utilização de gás gerado pelo tratamento do esgoto como combustível para carros, atualmente em implantação. A companhia fechou parceria com o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, para capturar o metano dos biodi- gestores de lodo da ETE de Franca e ajudar a reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. A ideia é que o sistema abasteça, neste ano de 2012, 49 carros da empresa naquela região. Serão três anos de testes, incluindo a logística de distribuição do combustível e a análise dos resultados. Quando toda a produção de biometano da ETE de Franca for usada como combustível, em substituição à gasolina, 1 600 toneladas de gases do efeito estufa deixarão de ser lançadas no ar a cada ano. A Sabesp está investindo 900 000 reais no sistema, e o parceiro alemão, mais 5,1 milhões de reais. Quanto à proteção de direitos de proprie- dade intelectual na companhia, em 2011 foi obtida a carta-patente “Disposição construtiva em simulador hidráulico predial para fins didá- ticos”, além de terem sido feitos três depósitos de patentes ainda sob sigilo e o registro do software “SGH – Sistema de Gestão de Hi- drometria”. A diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp, por sua vez, lançou, em 2011, o programa Excelência e Inovação, voltado a identificar, reconhecer, promover e disseminar práticas e projetos inovadores que agreguem valor ao negócio da empresa. Alguns focos são a redução dos custos de energia, do número de acidentes de trabalho e de reclamações de clientes. Pelo lado financeiro, empenhada em agregar valor ao negócio e alcançar a uni- versalização do saneamento nas regiões em que atua, a companhia manteve em marcha suas ações para a adequada gestão de suas finanças em 2011. O modelo de Gestão por Valor Agregado, implantado em 2009, foi in- corporado ao sistema corporativo da empresa, permitindo aos gestores obter visão detalhada de sua área de operação e contribuindo para a otimização de sua base de ativos e para a melhoria continuada dos resultados. Em 2011, a receita operacional bruta da prestação de serviços de fornecimento de água e coleta de esgoto apresentou acréscimo de 8,5%, pas- sando de 7,7 bilhões de reais para 8,3 bilhões de reais. Se for considerada também a receita de construção, a receita total passou de 9,8 bilhões, em 2010, para 10,5 bilhões de reais em 2011, com acréscimo de 7,6%. Os fatores determinantes para o crescimento da receita bruta de água e esgoto foram o crescimento do volume faturado de 2,6% em água e de 3,6% em esgoto, além dos reajustes tarifários de 4,05%, aplicados em setembro de 2010, e de 6,83%, aplicados em setembro de 2011. www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201280 ENGENHARIA I CAPA chegar mais próximo da capital: vamos acabar tendo essa melhora que já se nota mais para dentro do estado, no interior. Em Tietê, a 140 quilômetros da cidade de São Paulo já dá para pescar.” — Muito se fala no exemplo do Rio Tâmisa, que corta a capital inglesa, onde se conseguiu pescar depois da des- poluição do rio inglês, se fala do primei- ro salmão... Um dia vai dar para pescar no Tietê aqui na Grande São Paulo? Sa- bemos que o Projeto Tietê completou 20 anos. Quantas décadas foram necessá- rias para despoluir o Tâmisa? — indaga- mos de Carrela. “No caso do Tâmisa, foram pratica- mente sete décadas. Veja que hoje nosso Tietê tem uma média de vazão de 35 metros cúbicos por segundo, que é o que passa de água nele. No Tâmisa isso vai de 50 a 60 metros cúbicos por segundo, em média. Quer dizer, é muito mais água. E outra: estamos falando lá de uma popu- lação de 7 milhões de pessoas. Aqui na Grande São Paulo é o triplo. Essa condição é complicada. E um ponto que é impor- tante que as pessoas saibam é que quando se fala do Projeto Tietê, dá a impressão de que o projeto vai resolver todo o problema do Rio Tietê... Realmente ele foi criado para tirar o esgoto do rio: o esgoto ainda é a maior carga poluidora do rio. Só que não é só essa carga que polui o rio. Existe outra carga, que muita gente fala, mas não tem muita noção do que possa ser, que é a poluição difusa. Tudo que vai do chão para o rio. Tudo que as pessoas jogam na rua acaba indo para o seu leito. No caso da Marginal Tietê, toda a poluição dos carros que passam ali, toda a fuligem dos freios dos carros vai para o chão – e com a chuva tudo isso vai para dentro do rio. Todo mundo está cansado de ver que quando chove, muita coisa fica boiando no rio. Estamos falando agora do proble- ma da drenagem. Outros países tratam a drenagem de seus rios de uma forma integrada. Muitos deles possuem uma série de piscinões – do mesmo tipo do que já temos aqui para enfrentar as enchentes – e quando chove eles vão soltando a água retida de volta para os rios, mas já com um pré-tratamento. Entende? Isso não é feito nem aqui na Grande São Paulo, nem no Brasil como um todo, claro.” Como peça de apoio para a resposta à pergunta sobre o Tâmisa inglês, Carrella forneceu uma pesquisa extraída da enci- clopédia virtual Wikipédia. O Tâmisa é um rio de 346 quilômetros de extensão que banha Oxford e Londres e deságua no Mar do Norte. Dos tempos do “Grande Fedor” – como o Tâmisa ficou conhecido em 1858, quando as sessões do Parlamento foram suspensas por causa do mau cheiro – até hoje, foram quase 150 anos de investimen- to na despoluição das águas do rio. Bilhões RMSP e a redução significativa da carga poluidora no trecho de 120 quilômetros na Bacia do Alto Tietê. Com as obras da primeira etapa, os índices de coleta de esgoto passaram de 70% para 80% e os índices de tratamento aumentaram de 24% para 62% na RMSP.” — Pode falar sobre as obras conclu- ídas na segunda etapa do Projeto Tietê e quanto foi investido? — prosseguimos com Carrela. “A segunda etapa foi de 2000 a 2008 e o investimento foi de 500 milhões de dólares, inferior, portanto ao 1,1 bilhão de dólares da etapa anterior. Por que foi menor o dinheiro utilizado? Porque du- rante a primeira etapa foram construídas as ETEs, cujo custo é bastante elevado. Na segunda fase foram construídas as tubu- lações de esgotos, tão grandes e extensas que se comparam às construções de túneis viários e metrôs. Essas tubulações possibi- litam a interligação do sistema de coleta às estações. Dos 500 milhões de dólares investidos nessa etapa do Projeto Tietê, 200 milhões de dólares foram financiados pelo BID e 300 milhões de dólares foram de recursos próprios da Sabesp. Sobre as obras concluídas, foram construídos 38 quilô- metros de interceptores, 165 quilômetros de coletores-tronco, 1 700 quilômetros de redes coletoras e 290 000 ligações domiciliares. Com o aumento do índice de atendimento com coleta e tratamento dos esgotos na RMSP, espera-se reduzir a carga poluidora do manancial da Billings e recuar a mancha crítica de poluição no Médio Tietê em mais de 40 quilômetros, totalizando 160 quilômetros. Além disso, houve um acréscimo no tratamento dos esgotos na ordem de 5 000 litros de es- goto por segundo, o que corresponde ao atendimento de 3,5 milhões de pessoas, ou seja, a população total do Uruguai. Com as obras da segunda etapa o índice de coleta de esgoto passou de 80% para 84% e o ín- dice de tratamento aumentou de 62% para 70% na RMSP. Antes que eu esqueça, na primeira fase [1992 a 1998] foram gerados 10 000 empregos diretos por ano, sendo que o período de intenso trabalho foi de 1994 a 1998. Na segunda etapa [2000 a 2008] tivemos 7 000 empregos diretos por ano. Só para a construção civil e monta- gem eletromecânica da Estação Elevatória de Esgoto Pomar, uma das principais obras da segunda etapa, foram 180 empregos diretos, sendo 130 nas obras civis e 50 na montagem eletromecânica. Quanto aos municípios beneficiados diretamente pelo Projeto Tietê na RMSP nas etapas 1 e 2, foram eles: São Paulo, Osasco, Barueri, Jandira, Itapevi, Carapicuíba, Cotia, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Suzano, Taboão da Serra, Arujá, Embu, Itapecerica da Serra, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santana de Parnaíba e de libras mais tarde, remadores, velejadores e até pescadores voltaram a usar o Tâmisa, que hoje conta com 121 espécies de peixes. Se a poluição começou em meados de 1610, quando a água do rio deixou de ser considerada potável, a despoluição só foi começar a partir de meados do século 19, na época em que o rio conquistou a infame alcunha com o seu mau cheiro. A decisão de construir um sistema de captação de esgotos também deve muito às epidemias de cólera das décadas de 1850 e 1860. A infraestrutura construída então continua até hoje como a espinha dorsal da rede atual, apesar das várias melhorias ao longo dos anos. Na época, os engenheiros cria- ram um sistema que simplesmente captava os dejetos produzidos na região metropoli- tana de Londres e os despejava no Tâmisa outra vez, quilômetros abaixo. Na época, a solução funcionou perfeitamente e o rio voltou a se recuperar por alguns anos. No entanto, com o crescimento da população, a mancha de esgoto foi subindo o Tâmisa e, por volta de 1950, o rio estava, mais uma vez, biologicamente morto. Foi então que as primeiras estações de tratamento de esgoto da cidade foram construídas. Vinte anos depois, em meados da década de 1970, o primeiro salmão – um peixe reconhecidamente sensível à poluição – foi detectado no Tâmisa. Hoje, encontrar salmões no rio não causa mais nenhum espanto, mas, ainda assim, a Thames Wa- ter, empresa de saneamento de Londres, continua investindo grandes somas no sistema de esgoto.” — Quais as principais obras concluí- das na primeira etapa do Projeto Tietê? Quanto foi investido nessa fase? — soli- citamos de Carrela. “Durante esta etapa, que foi de 1992 a 1998, foram inauguradas três ETEs: São Miguel, ABC e Parque Novo Mundo. Além disso, a Sabesp ampliou a capaci- dade da ETE Barueri, de 7 metros cúbi- cos por segundo para 9,5 metros cúbicos por segundo. Foram construídos também 1 500 quilômetros de redes coletoras, 315 quilômetros de coletores-tronco e 37 qui- lômetros de interceptores e a realização de 250 000 ligações domiciliares. Nessa eta- pa do Projeto Tietê foram investidos 1,1 bilhão de dólares, sendo 450 milhões de dólares provenientes do BID, 550 milhões de dólares dos recursos próprios da Sabesp e mais 100 milhões de dólares da Caixa Econômica Federal. Sobre os benefícios dessa fase, a melhoria na qualidade de vida da população dos municípios que ficam às margens do Rio Tietê, na região do Médio Tietê, é visível. Os moradores de Anhembi, por exemplo, passaram a ver peixes no trecho do rio que corta sua cidade. Esses benefícios são constatados pela ampliação do serviço de coleta de esgotos para 1 milhão de moradores da www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 81 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO SEREC - Serviços de Engenharia Consultiva Ltda. Rua Conceição de Monte Alegre, 1658 - São Paulo - CEP 04458-040 Tel.: (11) 5506.8144 - Fax: (11) 5506.7058 e-mail: serec@serec.com.br - www.serec.com.br ETE 1 - Praia Grande ETA Cubatão - Ampliação para 5,5 m³/s ETA Baixo Cotia - RMSP Pesquisas e Melhorias ETE ABC - RMSP - Ampliação para 4m³/s HÁ QUASE 30 ANOS AJUDANDO A SABESP MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA ETA Rio Branco - Itanhaém “S“E“R“E“C“ “1“-“2“ “P“a“g“i“n“a “q“u“i“n“t“a“-“f“e“i“r“a“,“ “2“0“ “d“e“ “s“e“t“e“m“b“r“o“ “d“e“ “2“0“1“2“ “1“8“:“1“4“:“4“7 São Bernardo do Campo. E também os municípios do ABCD não operados pela Sabesp: São Caetano do Sul, Santo An- dré, Diadema e Mauá. Cabe citar também algumas obras realizadas de 2007 a 2008 que foram relevantes para os municípios da RMSP. Na Região Oeste, nos municípios de Carapicuíba e Osasco foram concluídos os coletores-tronco Bussocaba, Ribeirão Vermelho e Carapicuíba, que juntos, enca- minham uma vazão de 330 litros/segundo ao tratamento na ETE Barueri, benefician- do 240 000 pessoas. Na região do Grande ABC, por seu lado, foram investidos 38 milhões de reais nas obras do Interceptor ITA-4, levando ao tratamento uma vazão de 170 litros/segundo, e do Sistema de Reversão de Ribeirão Pires/Rio Grande da Serra que encaminha ao tratamento mais 438 litros/segundo para a ETE ABC, beneficiando 400 000 pessoas e um polo industrial na região de Rio Grande da Serra e Santo André. Já na Região Leste, onde está a ETE Parque Novo Mundo, temos que na área do Aricanduva foram concluídos os coletores Franquinho e Aricanduva Mar- gem Direita, que, juntos encaminham ao tratamento 85 litros/segundo, benefician- do 60 000 pessoas. Na região de Itaquera, com a ETE São Miguel, foram concluídos os coletores São Miguel, Água Vermelha e Lageado, que, juntos, encaminham ao tra- tamento 130 litros/segundo, beneficiando 90 000 pessoas. Na região de Suzano, onde está a ETE Suzano, foram concluídos os coletores Una Montante e Casa Branca, que, juntos, encaminham ao tratamento 42 litros/segundo, beneficiando 30 000 pessoas.” — A Sabesp tem capacidade de tra- tar todo o esgoto coletado na RMSP? — pedimos a Carrella. “Sim, as ETEs foram concebidas para ampliar suas capacidades de tratamento conforme o aumento da demanda. A ETE ABC atende parcialmente os municípios de São Paulo, São Bernardo do Campo, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Dia- dema, Santo André, São Caetano do Sul e Mauá. Sua capacidade de tratamento de esgotos é de 3 metros cúbicos/segundo, beneficiando uma população de 898 057 habitantes. A ETE Barueri serve a maior parte da cidade de São Paulo e parte dos municípios de Barueri, Carapicuíba, Osas- co, Cotia e Embu, com capacidade de tra- tamento de esgotos de 9,5 metros cúbicos/ segundo, beneficiando 4,69 milhões de habitantes. No caso da ETE Parque Novo Mundo – que atende partes das zonas Leste e Norte da cidade de São Paulo –, a capacidade de tratamento é de 2,5 metros cúbicos de esgoto por segundo, e a população beneficiada é de 1,12 milhão de habitantes. A ETE São Miguel, por sua vez, tem capacidade de tratamento de esgotos de 1,5 metros cúbicos/segundo e beneficia 642 751 habitantes. E temos a ETE Suzano, que atende Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos, com capacidade de trata- mento de esgotos de 1,5 metros cúbicos/ segundo – a população beneficiada é de 763 483 habitantes.” — E quanto à terceira etapa do Pro- jeto Tietê, quais as obras previstas, o investimento e as regiões beneficiadas? — solicitamos também. “Nesta terceira etapa, que começou em 2009 e vai até 2015, serão investidos cerca de 1,05 bilhão de dólares. O objetivo é dar continuidade à melhoria da qualidade ambiental da Bacia do Alto Tietê, por meio da ampliação da infraestrutura de coleta, afastamento e tratamento de esgoto. Com as obras, mais de 1,5 milhão de pessoas serão beneficiadas com a coleta de esgo- to e mais de 3 milhões delas terão seus esgotos tratados. Entre as obras previstas estão 580 quilômetros de coletores-tronco e interceptores, 1 250 quilômetros de redes coletoras, 200 000 ligações de esgotos domiciliares e ampliação da capacidade de www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201282 ENGENHARIA I CAPA tratamento de esgotos em 8 metros cúbi- cos/segundo. Os principais benefícios serão a ampliação da coleta de esgotos de 84% para 87%, o de tratamento de 70% para 84% e a redução da carga orgânica lançada no Rio Tietê a montante da Barragem de Pirapora. Nesta fase, mais de 1,5 milhão de pessoas serão beneficiadas com a coleta de esgoto e mais de 3 milhões terão seus esgotos tratados. Os municípios da RMSP beneficiados na terceira etapa são Arujá, Barueri, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Embu, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jan- dira, Mairiporã, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Pau- lo, Suzano e Taboão da Serra. Na capital paulista, os principais bairros da capital beneficiados serão Jaguaré, Jardim Campo Limpo, Jardim Centenário, Jardim D’Abril e Rio Pequeno, na Zona Oeste; Campo Lim- po, Capão Redondo, Ipiranga, Jabaquara, Morumbi, Sacomã, Santo Amaro, Socorro, Moema, Itaim Bibi e Vila Olímpia, na Zona Sul; Brasilândia, Casa Verde, Cachoeirinha, Freguesia do Ó, Jaçanã e Vila Guilherme, na Zona Norte; e Aricanduva, Cangaíba, Engenheiro Goulart, Jardim São Francisco, Iguatemi, Itaim Paulista e São Mateus, na Zona Leste. Muitos perguntam o que pode ser feito nas cidades da RMSP onde não é a Sabesp que atende o sistema de sane- amento. Nestes casos, a Sabesp atua no sentido de criar uma conscientização das demais concessionárias sobre a importância do Projeto Tietê para que essas empresas façam um trabalho de comunicação am- biental e de incentivo à participação co- munitária. Na RMSP a Sabesp construiu um sistema integrado com as cinco ETEs que estão em condições de receber os esgotos dos municípios operados e não operados pela Sabesp. No caso da fiscalização dos esgotos industriais, o órgão responsável é a Cetesb. Com isso, espera-se a redução con- tínua do volume de poluentes industriais despejados no Rio Tietê e corpos d’água.” — Será possível nadar no trecho do Rio Tietê que corta a capital nos próximos anos? E pescar? — indagamos de Carrella. “Não. Na RMSP, onde há maior des- carga de poluição, a água ainda não apre- sentará as condições necessárias para ati- vidades de lazer. No entanto, haverá uma melhoria significativa na qualidade da água do rio e na redução do mau cheiro. Na parte do rio que corta a capital paulista ainda não haverá peixes. Mas, hoje, há pesca em grande parte do interior, como na cidade de Anhembi, próxima da barragem de Barra Bonita, possível somente depois do início das obras do Projeto Tietê. Olha, você sabe que esse negócio de pescar é muito relativo. Tem peixe que aguenta muito. Mas vai demorar. Porque quando dizemos que vamos atingir a universaliza- ção no final da década, não há dúvida que o rio vai estar bem melhor. Mas existe aí um processo de recuperação que é longo. Bom, na quarta etapa, essa que vem aí ain- da, o plano é chegar com as redes aonde já existem núcleos – ou seja, onde está sendo gerado o esgoto. E daí para frente é expansão. O processo de urbanização vai avançando e a rede vai indo atrás, por meio de prolongamentos. A tendência é chegar e ter um rio onde será possível praticar atividades de lazer ao longo dele. Você pega a área do Rio Pinheiros, ela é muito bonita, tem espaços nas margens. Já na Marginal Tietê a situação é mais difícil, até porque não dá para imaginar tirar a Marginal de onde está. Acho que no Rio Pinheiros vai dar para fazer lazer nas margens ao longo dele. Agora, essa coisa de pescar, nadar... pode ser que tenha algumas espécies. Mas canoagem, e barcos maiores para se locomover de um lado para outro, eu acho que aí sim vai dar. Acho que a gente está caminhando para isso. Mas quero enfatizar: tudo isso depende de um planejamento estruturado dentro dos municípios em relação à drenagem. Porque hoje ela está escondida. O efei- to dela, drenagem, está escondido dentro do esgoto. Quando se tirar o esgoto, aí será preciso fazer alguma coisa mais séria em relação à drenagem.” — Por falar em Rio Pinheiros, a despo- luição desse rio tem relação com as obras do Projeto Tietê? — pedimos que esclarecesse. “Sim. O Rio Pinheiros é um dos prin- cipais afluentes do Rio Tietê na RMSP e sua bacia é uma das regiões com maior número de obras e ações executadas du- rante a segunda etapa. Com investimentos de 590 milhões de reais foram realizadas importantes obras nesta região, tais como os coletores-tronco Sapateiro, Pirajus- sara, Caxingui, Antonico, Bibiena, Água Espraiada, Socorro Jusante e Marginal, Billings, Cachoeira, Aterrado, Guido Caloi, Pedreira, Ponte Baixa, São Luiz e Morro do S. O sistema foi colocado em carga beneficiando 2,5 milhões de pessoas. A Es- tação Elevatória de Esgoto Pomar também foi concluída e encontra-se em operação. Houve a ampliação da Estação Elevatória de Esgoto Pinheiros que recebe os esgotos da região Sul da RMSP e encaminha-os para tratamento na ETE de Barueri. Com os interceptores do Rio Pinheiros em fun- cionamento e os coletores que relacionei, a vazão tratada na ETE Barueri aumentou em 3 500 litros/segundo.” — Qual está sendo o papel das prefei- turas da RMSP na batalha pelo saneamen- to? — perguntamos a Carrella. “Temos dois casos a focalizar. Primeiro nós temos aquela coisa complicada que é a Sabesp não operar todos os municípios da Grande São Paulo. Opera a maioria, mas tem grandes municípios que ela não opera, como Guarulhos. Então o tipo de trabalho que a Sabesp realiza nos municípios que têm contratos com ela fica a cargo das prefeituras cujas cidades não têm contrato. Não é dizer que essas prefeituras não este- jam fazendo o trabalho necessário... Mas elas estão fazendo num outro ritmo. Então quando eu falo sobre o Projeto Tietê, es- tou pensando mais nas cidades operadas pela Sabesp. Mas há, de fato, a influência de outros municípios no resultado final pretendido, de despoluir o Tietê. O outro caso a ser levado em conta é a drenagem. A drenagem não tem plano de um pré- -tratamento para depois ir para o rio. As prefeituras têm, evidentemente, contratos de coleta do lixo – mas ainda não têm nada que seja voltado para cuidar do rio em relação à poluição difusa. Algo que tem também a ver com a cultura das pessoas. As reportagens ajudam muito a educar. Mas tem muita gente que age como se dizia no passado: ‘não tem problema que as partículas sejam jogadas no rio, porque ele leva tudo embora’. Em relação à parte técnica, tem a questão das ocupações ir- regulares. O que também constitui grande problema. Antes, deixe-me repisar que nas casas são feitas ligações que se conectam às redes coletoras instaladas nas ruas e que essas redes se unem aos coletores-tronco que são tubulações colocadas ao lado dos córregos. Dos coletores, o esgoto corre em direção aos interceptores – tubulações maiores assentadas ao lado dos rios. O ponto final da rede será, como se sabe, uma ETE. Pois bem, os coletores correm ao longo dos córregos, porque nossas tubu- lações vão por gravidade. E é exatamente nas imediações e margens dos córregos que estão as ocupações irregulares. Tem muito trecho que a gente fica impedido de executar obras ou fica na dependência de remoções de pessoas. Remoção é uma coisa extremamente cara, demorada e complicada. Então, muitas vezes temos que usar soluções alternativas, como pas- sar com um coletor na rua de cima. Às vezes não executamos obra porque as áreas por onde os coletores têm que passar já estão totalmente invadidas. Então vão ficando algumas ‘manchinhas’ desguarne- cidas aqui e ali, mas que acabam também indo para o rio. Essa parte técnica é uma coisa muito complicada. Quando nós, da Sabesp, dizemos que queremos chegar na universalização no fim da década, signi- fica que vamos colocar rede em todos os lugares em que é possível executar obra. Não significa que nós vamos poder cobrir todos os lugares onde está sendo gerado esgoto. Enquanto a gente não conseguir organizar a situação dessas ocupações – que, repito, é um problema gravíssimo –, a gente não vai conseguir coletar todo o esgoto gerado – não só na Grande São Paulo, como no Estado todo.” www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 85 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO CENTROPROJEKT - 1-2 Pagina sexta-feira, 28 de setembro de 2012 10:46:17 e a situação do manancial. Estou lembrando também de outra cidade: Cesário Lange. Nós temos um projeto para ser posto em opera- ção naquele município, bem nas margens da Rodovia Castelo Branco. Já temos uma estação de serviços e vamos fazer uma nova estação lá.” — As decisões da Sabesp são tomadas de forma colegiada? — perguntamos a Al- meida. “Esse é um aspecto que você me dá oportunidade de sublinhar. A atual diretoria adota a gestão colegiada. É importante que se diga que as decisões da Sabesp nesta gestão são tomadas de forma colegiada pelo conjunto de diretores. Uma das me- tas era ter realmente 325 municípios da diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp com garantia de abastecimento de água 24 horas por dia qualquer que seja o recanto em que a pessoa more no município. Nós estamos conseguindo isso. Tivemos um Ano Novo sem nenhuma falta d’água na Baixada Santista e Litoral Norte. Tivemos também um Carnaval 2012 com mais de 3 milhões de pessoas na Baixada e Litoral Norte sem falta d’água. É uma luta constante, porque as cidades crescem e as demandas aumentam. É uma coisa dinâmica e não estática. Nós fazemos mais de 60 000 ligações/ano e isso está crescendo. Vamos aumentando nossa capacidade de produção e reduzindo perdas. de diluição. Então realmente vai se produzir lá um efeito muito eloquente, como já se percebe hoje na bacia do Rio Paraíba do Sul.” — Como vão as chamadas renovações de ativos? — solicitamos de Almeida. “Esse ponto é bem interessante. En- tramos agora numa fase em que estamos pegando as estações antigas e fazendo uma nova no lugar delas. Nova mesmo. Vou dar exemplo de onde foi feito isso recentemente: Monte Aprazível – essa cidade fica próxima de São José do Rio Preto. Tinha lá uma es- tação construída na década de 1980 e agora tem outra, novinha em folha. Outro caso é o de Nhandeara, também região de São José do Rio Preto, lá também tem uma nova estação inaugurada pelo governador. Renovamos ativo também em Orindiuva, pequena cidade do norte do Estado de São Paulo: lá já temos nova estação. Em Alvinlândia, cidade próxi- ma a Marília e Bauru, estamos licitando para renovar os ativos e fazer uma nova estação. Então temos vários casos em que Sabesp já entrou na fase de renovação de ativos no interior. É uma nova etapa e isso não para nunca. Não é retrofit – é mais propriamente greenfield, a partir do zero. Nesse caso nem estamos falando de ‘melhoria’ e sim de subs- tituição de ativo. Fazer um novo que procure dar uma eficiência melhor que o anterior. São geralmente estações feitas há 30 anos e que já não atendiam o crescimento das cidades Tudo isso é importante. Porque aquilo que o cliente mais espera de uma companhia de saneamento é abastecimento seguro 24 ho- ras por dia com qualidade. E esgoto coletado e tratado também. Um segundo ponto que é muito importante destacar, porque não é todo mundo que sabe: nós temos um 0800 que recebe 10 000 chamadas todos os dias e registramos tudo, tudo. Pedido de liga- ção, reclamação de abastecimento, conta de água. E nossa central atende 99% dos nossos clientes de imediato. E aí com isso eu sei tudo o que o cliente espera de nós. Então, quando eu falo que não falta água não falo por percepção pessoal, mas por registro concreto de nossa central. Temos abastecimento de água o dia todo em 325 cidades, contando o interior e litoral. O que não é pouco em termos de Brasil. O número é 0800 055 0195. É através dessas chama- das que nós fazemos nosso planejamento. Como são 10 000 pessoas por dia, ao fim de um ano são 3 650 000 ligações. O cliente diz o que ele quer e o que está precisando e nós procuramos atender com planos de melhorias. O pico de Carnaval e Ano Novo é 2,2 milhões na Baixada Santista. E mais 800 000 no Litoral Norte. Ou seja, a po- pulação normal dos municípios da região mais que duplica. O importante é destacar que são 3 milhões de pessoas – mas com o mesmo manancial.” www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201286 ENGENHARIA I CAPA A meta é despoluir 1 100 córregos da cidade de São Paulo até 2018 Segundo o engenheiro civil Paulo Massato Yoshimoto, diretor Metropolitano da Sa-besp, o Programa Córrego Limpo – atu- almente em sua terceira fase – despoluiu 107 córregos na cidade de São Paulo desde 2007, quando foi iniciado, até agosto último. Com isso, 1,6 milhão de pessoas que vivem perto desses corpos d’água foram beneficiadas. O objetivo do programa – uma ação da Sabesp em conjunto com a prefeitura paulistana – é reverter a degradação que assola os córregos urbanos. Mais de 1 060 litros de esgoto por segundo passaram a ser enviados para trata- mento, com reflexos na melhoria da qualidade das águas dos rios Tietê e Pinheiros. Até o final de 2011 haviam sido investidos 140,3 milhões de reais. Até dezembro de 2016 o investimento total deverá ser de 902,2 milhões de reais. Massato contabiliza que no município de São Paulo há em torno de 1 100 córregos. “O objetivo final, em 2018, com a universalização do tratamento do esgoto na capital, é ter todos esses cursos d’água despoluídos”, diz, enfatizando que muitos deles são de porte reduzido. Em sua visão, no entanto, o soma- tório dos pequenos efeitos produzidos pelo programa é que vai desembocar no grande resultado. O Projeto Tietê está encarregado das grandes obras e o Córrego Limpo tem atuado nas bacias dos rios contribuintes do Tietê. “A gente vai limpando os afluentes dos rios Pinheiros e Tietê e uma hora eles vão estar despoluídos”, diz, acrescentando que o grande desafio daqui para frente é atuar fortemente em bacias maiores, como as do Rio Pinheiros. Outra meta do programa, até 2014, é despoluir a Bacia do Rio Jacu, na Zona Leste, em torno do local onde está sendo construído o estádio de abertura dos jogos da Copa 2014. — Quantos municípios da Grande São Paulo têm convênio com a Sabesp e quan- tos não aderiram ainda? — perguntamos a Massato. “O nome certo é contrato. Contrato metro- politano. Já têm contrato os municípios de São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Pirapora do Bom Jesus, Santana do Parnaíba, Cotia, Taboão da Serra, Itapecerica, Embu das Artes, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo do Campo, Suzano, Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Caieiras e Cajamar. Os municípios metropolitanos que não negociaram contrato com a Sabesp são considerados permissionários. Nós entregamos água por atacado e tratamos esgoto igual- mente por atacado. São os municípios de Guarulhos, Mogi das Cruzes, São Caetano do Sul, Santo André, Mauá e Diadema.” — Qual foi a evolução das ETEs da RMSP nos últimos anos? — solicitamos de Massato. “Nós temos, como você sabe, cinco gran- des ETEs na Grande São Paulo. A ETE Suzano, que tem capacidade nominal para tratar 1 500 litros/segundo; a ETE São Miguel, com capaci- dade para 2 500 litros/segundo; a ETE Parque Novo Mundo, com 2 000 litros/segundo; a ETE ABC, com capacidade para tratar 3 500 litros/ segundo; e a ETE Barueri, com capacidade para 9 500 litros/segundo. Ao lado dessas grandes ETEs, temos pequenos sistemas como Embu-Guaçu, Arujá, Itaquaquecetuba, Horto Florestal, Ibirapuera, Parque da Aclimação. Na soma total, essas ETEs de pouca magnitude têm capacidade para tratar 700 litros/segundo. A maior das cinco grandes ETEs é a de Barueri, considerada a maior estação de tratamento de esgotos da América Latina. Todas elas estão recebendo muito esgoto, porque nós aumen- tamos bastante nossos índices de tratamento nos últimos anos. A maior contribuição que nós tivemos ficou por conta das obras do Pro- jeto Tietê, como, por exemplo, o Interceptor Pinheiros e a Estação Elevatória do Pomar, que estão ajudando a tirar esgoto da Bacia Billings na parte situada no território da capital paulista. Só como registro, as instalações de esgotos construídas durante o Projeto Tietê comparam-se às obras do Metrô, seja pela dimensão dos túneis, seja pelo transporte dos esgotos até chegar às estações de tratamento. Existem até mesmo ‘integrações’, pontos onde as tubulações conectam-se às estações eleva- tórias para bombear os esgotos ou conduzi-los a estruturas de mesmo diâmetro ou maiores, possibilitando o seu transporte até as ETEs. É o caso dos esgotos gerados na Bacia Billings que são conduzidos aos interceptores às margens do Rio Pinheiros, percorrendo 60 quilômetros até chegar à ETE Barueri. Durante a segunda etapa do Projeto Tietê, por exemplo, foram construídas estações elevatórias próximas à Represa Billings, além de centenas de quilôme- tros de redes coletoras para atender centenas de milhares de pessoas, elevando os esgotos da região até sua conexão aos interceptores do Rio Pinheiros. Quem passa pelo Pinheiros dificilmente imagina que estas tubulações acompanham suas margens abaixo de pontes, cruzamentos ou outros obstáculos. Uma delas é o Interceptor Pinheiros 6 com 19,4 quilô- metros de extensão e 3,5 metros de diâmetro. Outra é o Interceptor Pinheiros 7 que possui 9,2 quilômetros e 2 metros de diâmetro. Os esgotos percorrem os interceptores 6 e 7 do Rio Pinheiros, passam pela Estação Elevatória Pomar, seguem novamente pelo Interceptor Pinheiros 6, chegam à Estação Elevatória Pi- nheiros e, finalmente, prosseguem até a ETE Barueri. A estrutura da Elevatória Pomar pode bombear de 2 200 a 4 400 litros de esgotos por segundo no horário de pico e recebe os esgotos dos córregos Sapateiro, Traição, Dreno, Água Espraiada, Cordeiro, Pouso Alegre, Santo Amaro, Poli, Aterrado, Pedreira, Ponte Baixa, Cachoeira e Socorro. Aliás, lá atrás – já no final de 2007 –, com a conclusão do Coletor Tronco Sapateiro, tubulação que também se conecta ao Interceptor Pinheiros 6, mais de 21 milhões de litros de esgotos deixaram de ser lançados diariamente no Rio Pinheiros. Os benefícios estenderam-se para cerca de 100 000 moradores dos bairros paulistanos de Ibirapuera, Itaim Bibi e Chácara Itaim. Vale ressaltar que o trabalho vem sendo com- plementado por outro programa: o Córrego Limpo, sobre o qual já combinei com você que vamos falar mais adiante. Este programa consiste na despoluição de cursos d’ água através de novas interligações de esgotos pela Sabesp e limpeza das margens pela prefeitura paulistana. No entanto, todo este trabalho somente é válido se as residências estiverem conectadas às tubulações construídas.” — O senhor pode dar uma “geral” sobre as outras quatro grandes ETEs da Grande São Paulo? — pedimos a Massato. “Vamos começar pela ETE Parque Novo Mundo, que capta o esgoto de parte da zona norte da capital, próximo de Guarulhos, parte da zona leste, ali mais para a região da Penha e Tatuapé. A ETE do Parque Novo Mundo está localizada na margem direita do Rio Tietê, jun- to à avenida de interligação Marginal Tietê– Fernão Dias. Atualmente, ela trata 2 000 litros de esgotos por segundo. Depois, caminhando Rio Tietê acima, temos a ETE São Miguel, que trata esgoto do Córrego Jacu, de Itaquera para cima. A ETE São Miguel situa-se à margem esquerda do Rio Tietê, nas proximidades do km 25 da Rodovia Ayrton Senna. O Sistema São Miguel atende basicamente o extremo leste do município de São Paulo, e ainda parte Fo to : D IV uL GA çã o www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 87 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO Paulo Massato Yoshimoto, diretor Metropolitano da Sabesp de Guarulhos, Arujá, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba. Ela trata 2 500 litros de esgoto por segundo. Mais a montante nós temos a ETE de Suzano, localizada no muni- cípio de Suzano – a sudeste da capital – que trata os esgotos de Suzano, Mogi das Cruzes, Poá e Ferraz de Vasconcelos. A capacidade de tratamento da ETE de Suzano é de 1 500 litros de esgotos por segundo. Mas deixe-me falar da ETE ABC, que ficou faltando. Ela fica no município de São Paulo, na margem esquerda do Córrego dos Meninos, que é a divisa entre os municípios de São Paulo e São Caetano do Sul. Ela trata os esgotos dos municípios de São Bernardo do Campo, Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Os municípios de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra já pertencem à Bacia da Billings, na nascente do Rio Grande. Então nós temos uma exportação de esgotos da Bacia da Billings para a Bacia do Tamanduateí e posterior tratamento na ETE ABC. Esta trata também uma parte dos esgotos da cidade de São Paulo – os da Bacia do Oratório, da região sudeste da capital. Nos dias atuais a sua capacidade de tratamento é de 3 500 litros por segundo.” — Pode explicar de forma didática como é a produção da água de reúso a partir das ETEs? — solicitamos de Massato. “A água de reúso – conhecida também como água industrial – é um subproduto do tratamento de esgoto. A demanda por água no processo industrial é cada vez maior devido à expansão dos negócios e a busca por soluções ambientalmente corretas que atendam aos padrões de qualidade exigidos na produção. Desenvolver a reutilização de esgoto tratado é uma das formas de assegurar o atendimento das necessidades presentes na Grande São Paulo. Nós tratamos esgotos, principalmente nessas cinco grandes ETEs da área metropolitana, da forma convencional, ou seja, biológica. E aí nós saímos, em média, com algo em torno de 85% de remoção da carga poluidora. Isso significa que se entram 100 toneladas de carga de esgoto, nós tiramos 85 toneladas, isso falando de maneira grosseira. Mas como a demanda por água é grande e a região tem uma disponibilidade hídrica muito pequena, nós passamos a oferecer a nossos clientes, principalmente os industriais, a al- ternativa de eles saírem do consumo de água potável, substituindo-a por água de reúso. E aí depende um pouco da atitude deste grande cliente. Ou seja, a água de reúso é processada por encomenda. Se o objetivo do cliente é usar a água de reúso num sistema de resfriamen- to de torre, por exemplo, tem que ser uma água do ponto de vista físico-químico mais rigorosamente tratada ainda que uma água potável. Tem que haver o controle absoluto do pH, tem que haver presença de sólidos em menor volume. A exigência do nosso cliente é maior, em alguns casos, do que ocorre com relação à água potável. Em outros casos não há necessidade de tanto rigor. Nós lançamos mão de várias tecnologias para a produção da água de reúso, conforme o caso, uma vez que – repito – ela é processada em função da encomenda do cliente.” — A utilização é basicamente industrial, ou existem outras aplicações? — continua- mos com Massato. “A grande produção é para fim industrial. Eu diria que em termos de volume, 85% vão para indústrias, principalmente do ramo têx- til e químico, que são indústrias que usam intensivamente o elemento água. Diferente- mente da água para beber, o insumo para fins industriais é utilizado para lavar maquinários, chão de fábrica ou para geração de vapor Fo to : D IV uL GA çã o SA bE SP www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201290 ENGENHARIA I CAPA Oeste de São Paulo. Fomos despoluindo, ao longo do tempo, as próprias bacias próximas ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Em agosto de 2012 já tínhamos 107 córregos despoluídos. Estamos em plena terceira fase do Programa Córrego Limpo, etapa que se encerra em dezembro próximo. A despoluição das bacias desses 107 córregos beneficiaram 1,6 milhão de habitantes.” — Quantos córregos existem na cidade de São Paulo? — concluímos com Massato. “Na capital paulista temos em torno de 1 100 córregos. Muitos deles são de pequeno porte. O somatório dos pequenos efeitos produzidos é que vai desembocar no grande resultado. O objetivo final em 2018, na universalização do tratamento do esgoto na capital, é ter todos esses córregos despoluídos – e os rios Pinheiros e Tietê também, com certeza. O Projeto Tietê está encarregado das grandes obras. Nós atuamos mais nas bacias dos riachos contribuintes do Tietê. A gente vai limpando os afluentes do Pinheiros e do Tietê e uma hora esses rios vão estar limpos. Agora temos novos e enormes desafios, como melhorar muito a bacia do próprio Rio Pinheiros. Vamos trabalhar em grandes bacias daqui para frente. Já atuamos forte nas pequenas bacias tanto na primeira como segunda etapa do Córrego Limpo, mas chegou a hora de perseguir resultados em bacias maiores. Recentemente, começamos a voltar nosso foco com mais intensidade para o Córrego Rio Verde, no centro de Itaquera, Zona Leste da capital, na bacia onde vai estar implantado o estádio do Corinthians, que vai ser palco do jogo inaugural da Copa 2014. A nossa meta até 2014 é ter os rios da Bacia do Rio Jacu, em torno do chamado Itaquerão, totalmente despoluídos. Vamos trabalhar muito também no Córrego Itaquera-Mirim, em Guaianases, Zona Leste da cidade. A nossa projeção até 2016 é gastar em torno de 900 milhões de reais com o programa. Reitero que trabalhamos muito estreitamente com a prefeitura paulistana. É muito comum existirem favelas nos fundos de vale. Então é preciso que a prefeitura faça a remoção de parte das favelas que são mais próximas de determinado córrego, para que a gente con- siga fazer as obras do coletor-tronco e ajude na reurbanização. É um trabalho um pouco demorado porque é necessário realocar as famílias, fazer plano de habitação, ações desse tipo. Na verdade, então, o Córrego Limpo é o irmão siamês do plano de elimi- nação – ou realocação – das submoradias na capital paulista, ou seja, do programa de habitação municipal e do programa de parques lineares da secretaria municipal do Verde e Meio Ambiente, que é uma estratégia muito importante de recuperação ambiental na cidade de São Paulo. Na medida em que a prefeitura vai conseguindo remover as favelas dos fundos de vale, é possível implantar as redes coletoras de esgoto e fazer desaparecer todo o lançamento de esgoto nos córregos.” A superintendência de Novos Negócios está em fase de “arrumação da casa” a partir de meados de 2010 a Sabesp passou por uma grande transformação. Deixou de ser apenas uma empresa tradicional de água e esgoto para assumir a condição de companhia de soluções am- bientais, salto tornado possível com o novo marco do saneamento instituído pela lei federal lei 11.445, que deu maior abrangên- cia ao conceito de saneamento e ampliou o raio de ação do setor. A partir disso, além de passar a operar em segmentos como resíduos sólidos, lixo e drenagem, abriu-se também à companhia o mercado de geração de energia elétrica. Como suas congêneres no Brasil e no mundo, a Sabesp é eletrointensiva, ou seja, consome muita energia elétrica, já que precisa bombear água e esgoto o tempo todo. Num primeiro momento, a geração – utilizando o potencial energético de suas quedas d’água e a cogeração a partir do gás produzido nas estações de tratamento de esgoto –, pode servir para amortizar seus custos com ener- gia. Mais tarde pode virar receita. Mas uma das marcas da empresa sempre foi a cautela. Segundo Sérgio Luiz Gonçalvez Pereira, su- perintendente de Novos Negócios da Sabesp, essa área da companhia está num momento de “arrumar a casa”, ou seja, preparando-se para explorar com mais força as novas janelas de oportunidades. Mas os sinais exteriores na Sabesp são de uma empresa em ebulição. Por enquanto os acordos de colaboração estão sendo feitos com cidades do interior paulista e municípios de outros estados – ainda que já tenha havido experiências com Panamá e Honduras, o que animou a empresa a analisar negócios com outros países latino- -americanos. E muito embora seja cedo para falar sobre futuras oportunidades em países com grandes concentrações urbanas como México, Índia e China, admite-se que o fu- turo pode ser bastante promissor. Afinal, é amplamente divulgado que desde o começo do século passado a população urbana mun- dial quintuplicou, que atualmente cerca de 280 aglomerações ultrapassam a marca de 1 milhão de habitantes e que 27 têm mais de 7 milhões de pessoas. Além do mais, calcula- -se que em 2025, dois terços da população global residirão em cidades e há quem aposte que essa percentagem chegará a 85% por volta de 2050. — Que tipo de oportunidades, nacional e internacionalmente, estão se abrindo para os Novos Negócios? Qual o papel dos no- vos contratos a serem assinados lá fora para ajudar financeiramente no projeto de uni- versalização do saneamento aqui dentro, no Estado de São Paulo? Essa relação existe? — perguntamos a Pereira. “Reamente existe a relação. Há muitas demandas de serviços para a Sabesp tanto em outros estados da Federação como em países do exterior. Como se sabe, é uma regra geral formar uma SPE para trabalhar tanto em outras partes do país, como no exterior. Formando uma empresa privada se adquire mais agilidade para participar de concorrências no exterior. A SPE é uma pessoa jurídica devidamente constituída sob a forma de sociedade anônima e, como tal, tem contabilidade, diretoria e estatuto pró- prios. Um aspecto relevante é a concessão à SPE do direito real de uso dos terrenos onde serão erigidas as instalações, com o devido registro em cartório, condição necessária para que a SPE possa arrendar os terrenos à empresa pública. Hoje estamos trabalhando com sucesso na capital alagoana Maceió, em redução de perdas de água. No exterior é sabido que estamos atuando na América Cen- tral, no Panamá e em Honduras. Lá também trabalhamos na área de redução de perdas, embora de forma um pouco mais ampla: planejamento, estruturação do serviço e trei- namento de pessoal. Ou seja, a Sabesp presta consultoria em gestão comercial e operacional em municípios daqueles países. Por outro Fo to : S Hu tt ER St oC k www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 91 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO Sérgio Luiz Gonçalvez Pereira, superintendente de Novos Negócios da Sabesp lado, nós estamos numa fase em que esta- mos arrumando a casa nos Novos Negócios. Estamos nos preparando exatamente para sair com mais força para as oportunidades que vão surgindo. Então nós temos sócios aqui no Estado de São Paulo, por meio de quatro SPEs para tocar projetos – em alguns casos, também de assessoria. Todos esses novos negócios objetivam uma taxa de re- torno mais elevada do que a normalmente alcançada nas atividades normais da Sabesp. E, dessa forma, se gera caixa. Ainda não estão gerando porque estamos nos primórdios. A nossa SPE mais antiga tem um ano e meio. São projetos de longo prazo, que, depois do start costumam deslanchar. Seja no Brasil ou no exterior, os projetos podem ser realizados através de convênios, acordos de cooperação, contratação direta, consórcios públicos ou privados, coligada pública, coligada privada ou subsidiárias e podem ser oferecidos tanto para empreendedores da área privada como pública. Entre as empresas privadas, podem ser fornecedores de materiais e equipamen- tos, construtoras, empresas de tecnologia, empresas de consultoria e concessionárias.” — Aqui, em território paulista, pros- peraram as negociações para implantar e operar o aterro sanitário de São João da Boa Vista? — solicitamos de Pereira. “O aterro sanitário em São João da Boa Vista não prosperou. Na verdade, nós estamos enveredando por outra trilha nessa questão de lixo. É a trilha de modelos de tratamento mais sofisticados e que agridem menos a natureza. Porque um aterro sanitário, por mais que ele seja moderno sempre origina um peso ambiental muito grande. Pode ser que as consequências nefastas não aconteçam imediatamente, mas ao longo da vida útil do aterro, vão aparecer problemas ambientais. Atualmente nós estamos experimentando alguns projetos em Mogi das Cruzes e mu- nicípios como Guararema, onde vamos im- plantar uma usina de tratamento de resíduos sólidos. Aqui também em Barueri, onde nós temos a maior ETE da América Latina, talvez prospere uma associação com o grupo que já tem uma licença para instalação de usina de tratamento de resíduos sólidos. Algumas tantas prefeituras têm demonstrado interesse em que a Sabesp implante programas para o lixo. Nem sempre a solução para muitos casos é a mesma encontrada para Mogi das Cruzes – e também está sendo cogitada no caso de Barueri –, que é basicamente a de queima. Há casos em que o volume de lixo não é suficiente para que se instale uma usina de queima no município. É preciso ter pelo menos 500 toneladas/dia de lixo para justifi- car o investimento. No resumo da ópera, nós não estamos mais procurando desenvolver aterros. Aquele aterro de São João de Boa Vista, até que nós estávamos bem encami- nhados. O projeto já estava aprovado, quase tudo estava pronto. Aí houve uma reunião grande na Câmara Municipal e o projeto não foi para frente. Foi procurada uma solução intermediaria lá, mais parecida com essa que está sendo adotada agora em Mogi. Vamos ver no que dá.” — O que houve com o caso da Costa Rica? Além do contrato com a Cesan, do Espírito Santo, que outros estão para ser assinados proximamente? — prosseguimos com Pereira “Com a Companhia Espírito Santense de Saneamento, a Cesan, nós fizemos toda a parte inicial do projeto, agora o governo do Espírito Santo está preparando as condições para que nós façamos a montagem final, questão de mais dois ou três meses. Lá o serviço é o Aqualog, controle automático do sistema de saneamento – um sistema desen- volvido pela Sabesp que nós implantamos lá. Na Costa Rica não deu certo, mas em Honduras sim. O nosso principal executivo do Panamá, agora está ajudando em Hon- duras. E nós estamos colocando mais gente no Panamá. Sobre o Aqualog, trata-se de uma tecnologia planejada e desenvolvida por técnicos da Sabesp justamente para in- dustrializar a área de saneamento ambiental. Ela traz eficiência máxima aos sistemas de produção de água, reduz custos e aumenta a segurança. O Aqualog foi adotado em junho de 1996 no município de Tapiraí, Vale do Ribeira, e se tornou a primeira estação de água ‘inteligente’ do Brasil. Através de um centro de controle operacional, o sistema supervisiona todas as fases da produção de água. O Aqualog aciona, monitora e controla automaticamente válvulas, dosadoras de produtos químicos, níveis de reservatórios e outros equipamentos. Também disponibiliza tabelas e gráficos, ferramentas essenciais de gerenciamento. Apenas um único centro de controle operacional é capaz de acompanhar e monitorar vários sistemas ao mesmo tempo, independentemente de sua localização. O resultado final é água com tratamento de alta qualidade, economia de energia elétrica e produtos químicos. Todas as estações de tratamento de água do Vale do Ribeira estão automatizadas com essa tecnologia, e exis- tem outras unidades da Sabesp na Grande São Paulo. Por conta do sucesso da tecno- logia Aqualog, a Sabesp criou uma equipe exclusiva para cuidar da industrialização e do desenvolvimento de projetos para que eles fiquem adequados à realidade de cada cliente. Devido ao grande desenvolvimento desse trabalho, o sistema despertou interes- se até fora do país. As ETAs da Sabesp que utilizam o Aqualog já receberam visitas de técnicos dos Estados Unidos, da Europa e da América Latina.” — Pensando grande, já que a experti- se da Sabesp é conhecida internacional- mente, existem planos futuros de prestar serviços e transferir tecnologia de sanea- mento para gigantes como Índia e China? Ou isso está fora do radar por enquanto? — pedimos a Pereira. “Planos existem porque nós sabemos que lá são grandes as necessidades na área de saneamento. E nós temos o conhecimento tecnológico. Mas nós não podemos sair por aí sem antes nos estruturarmos adequa- damente. Mas esta primeira fase pela qual nós estamos passando está nos servindo de grande aprendizado para trabalhar com mais eficiência tanto no exterior, como em outros estados e também com a iniciativa privada de todos os lugares. Todo esse pe- ríodo, de meados de 2010 até agora, foi um tempo de aprendizado, fizemos relações com grandes empresas de saneamento nacionais e internacionais. Então acho que em breve estaremos montando uma estrutura muito mais agressiva e mais forte para aproveitar todo o conhecimento que a Sabesp tem – e mais: aproveitar o bom nome que a Sabesp tem. Porque a marca Sabesp vale muito e os bancos internacionais de fomento vêm aqui oferecer financiamentos para a gente traba- lhar lá fora. A nossa visão é de que precisamos de uma estruturação um pouco melhor, que inclusive já está amadurecendo, para sair tra- balhando nessas áreas e ganhando dinheiro.” — Que tipo prestação de serviços a Sa- besp pode oferecer para países mais po- bres? — perguntamos finalmente a Pereira. “Nós podemos oferecer o serviço básico. Se a gente olhar no Brasil, fora de São Paulo é o Terceiro Mundo – vamos chamar assim – eles não têm o básico. A Sabesp tem um conhecimento muito grande e profundo do básico. Dentro do básico, um item que tem uma metodologia muito bem desenvolvida aqui na companhia é o sistema de redução de perdas de água. No Brasil afora e países mais atrasados há índices enormes de perdas. Algo como 70% de desperdício em relação ao que se produz de água. Isso é inconcebível, levando-se em conta que se pode trabalhar com índices de 20% ou 15%, como acontece em países mais adiantados. Então temos muito a oferecer a esses países pobres para que eles ganhem muito – e nossa companhia também.” Fo to : D IV uL GA çã o SA bE SP www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201292 ENGENHARIA I CAPA As batalhas contra perdas d’água são travadas em várias frentes o índice de perdas é calculado pelo volume de água produzido para abas-tecimento público menos o volume faturado (consumido e pago). As perdas são classificadas em físicas (aquelas decorrentes de vazamentos na rede de abastecimento) e perdas de faturamento (aquelas ocasio- nadas por fraudes, os chamados “gatos”, e por submedição – falhas em hidrôme- tros). A redução das perdas é prioridade para a Sabesp a fim de que seja garantida a segurança do abastecimento na RMSP, uma vez que é sabido que a região possui baixa disponibilidade hídrica (quantidade de água disponível para abastecimento por habitante) e concentra cerca de 20 milhões de habitantes – 10% da população brasileira –, numa área de 8 051 quilômetros quadra- dos. A disponibilidade hídrica é de apenas 146 000 litros por habitante ao ano, volu- me muito inferior aos 2,5 milhões de litros anuais recomendados pela ONU. Frise-se que o valor é inclusive inferior ao de regiões do Nordeste e do deserto do Saara. Para se ter uma ideia da complexidade da ação, a rede de abastecimento de água na Grande São Paulo tem 32 700 quilômetros de extensão, aproximadamente uma viagem de ida e volta de São Paulo ao Japão. Para verificar a existência de vazamentos, toda a rede tem de ser percorrida e avaliada. So- mente no ano passado, o correspondente a 47 400 quilômetros de redes foi vistoriado pela Sabesp. Segundo o engenheiro civil politécnico Eric Cerqueira Carozzi, superin- tendente de desenvolvimento operacional da Sabesp – área vinculada à diretoria de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Am- biente –, em média, cada centímetro da rede é pesquisado a cada oito meses, em busca de vazamentos não visíveis, que não afloram na superfície, mas que podem ser detectados com uso de tecnologia adequada. Além das pesquisas e reparos, são trocados preven- tivamente por ano 195 000 ramais – as redes menores que levam a água da rua até os imóveis. As ações da Sabesp permitiram reduzir as perdas de 32%, em 2006, para os atuais 25,6%. — As perdas de água da Sabesp tive- ram leve queda de 2010 para 2011, de 26% para 25,6%, e ainda representam um dos grandes dilemas da companhia, que pretende chegar até 2020 com um índice entre 13% e 17%. Qual a meta de redução 2011/2012? Pode dar uma “ge- ral”? — solicitamos de Carozzi. “O assunto índice de perdas de água se refere à perda total de água. Uma parte a gente chama de perda real, que é o que as pessoas imaginam que são os vazamentos. E existe outra parcela que está embutida no índice de perdas aparentes, que, na verdade não é uma água que é perdida de fato, e sim uma água que é consumida por alguém de uma forma que não é contabilizada pela companhia. Algumas causas dessa perda aparente: roubo e fraudes. Na verdade essa água não é perdida em nenhum vazamento, ela chega em algum lugar e é consumida por alguém – só que por meio de fraude, de uma ligação clandestina, ou de alguma adultera- ção no hidrômetro – que é o equipamento que serve para medir a água que chega ao cliente –, alguém acaba consumindo um volume de água que não tem registro na Sa- besp. E isso também entra nessa conta geral de perdas. É só para esclarecer que não é todo esse volume de água que é perdido no caminho, uma parte é até consumido. Em volume é mais ou menos 60% perda real e 40% perda aparente. Às vezes a gente ouve que o índice de perdas no Japão é 6% ou 7%, mas lá é importante dizer que, por um motivo ou outro, não existe praticamente perda aparente. Seja pelas características do sistema ou pela cultura da população, que não costuma roubar tanto quanto em outras partes. Então quando comparamos os índices brasileiros com o de outros países às vezes não se está comparando a mesma coisa.” — Como age a Sabesp no combate à perda real? E no caso da perda aparente? — perguntamos a Carozzi. “No caso da perda real, o nosso diag- nostico é que temos uma grande quantidade de vazamentos, principalmente nos ramais. O ramal é o tubo que faz a ligação entre a rede principal, que passa na rua, e a ligação que chega no hidrômetro da casa do cliente. Então 90% dos vazamentos identificados por nós estão nos ramais e 10% estão na rede. As redes são formadas por tubos de diâmetro maior. Os motivos dos vazamentos são diversos. Há casos em que a tubulação é muito antiga. Encontramos no centro da cidade de São Paulo, e também em outros pontos da RMSP, redes com mais de 100 anos de idade, que estão deterioradas e acabam sofrendo uma grande quantidade de vazamentos. Para esse tipo de problema, uma ação da Sabesp é fazer a substituição dessas redes. No caso dos ramais, quando estão deteriorados, também costumamos substituí-los por novos, para eliminar os vazamentos. Na verdade, temos dois tipos de ação. Uma é a ação corretiva, que é quando substituímos o ramal porque alguém ligou para nosso call center informando sobre um vazamento. Mas temos também o que cha- mamos de ‘pesquisa de vazamentos não visí- veis’, ou seja, que não afloraram à superfície. Existem equipamentos que têm um sensor acústico que é colocado em algum ponto da rede ou do cavalete do cliente e permite que se detecte o ruído que vai identificar o lugar do vazamento subterrâneo. Nossas equipes então escavam, fazem o reparo ou substituem o ramal. Existem também campanhas em quarteirões onde existem ocorrências históricas de vazamentos. Nesse caso, a gente faz uma troca que se chama ‘preventiva’. Independentemente de haver ou não vazamento, sabemos que ali os ramais ou redes estão degradados. Então vamos ao local e trocamos tudo de uma vez. Renova- mos naquele trecho e fica tudo novinho em folha. Outro fator que influencia muito o va- Eric Cerqueira Carozzi, superintendente de desenvolvimento operacional da Sabesp Fo to : D IV uL GA çã o SA bE SP Fo to : S Hu tt ER St oC k www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 95 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO útil maior, ao contrário do supershield da Linha 4-Amarela do Metrô, que só serve para metrôs grandes.” Litoral Norte – Com as obras do Pro- grama Onda Limpa Litoral Norte em an- damento, a Sabesp sairá de um índice de cobertura de 51% na região em 2010 para mais de 70% em 2014, sendo 100% desse esgoto tratado. Além de elevar os índices de cobertura, as obras de esgoto contribui- rão para qualidade de vida de moradores e turistas, como também para a melhoria da balneabilidade das praias que comumente recebem bandeira vermelha nos boletins da Cesteb – como, por exemplo, Perequê-Açu e Itaguá (Ubatuba); Itaguaçú, Itaquanduba e Praia do Pinto (Ilhabela); além da Barra do Sahy e Paúba (São Sebastião). Segundo José Bosco de Castro, su- perintendente da Unidade de Negócios Litoral Norte da Sabesp, as obras de esgoto em execução nas cidades de Ilhabela, São Sebastião, Ubatuba e Caraguatatuba so- mam mais de 106,2 milhões de reais, além de outras duas em fase de licitação que somam mais 2,6 milhões de reais. Entre os principais investimentos da região de Ilhabela está o Sistema de Esgotamento Sanitário Praia do Pinto/Ponta Azeda. O sistema, inaugurado em julho de 2012, conta com 1 555 metros de rede coletora, uma ETE e quatro estações elevatórias de esgoto, beneficiando 1 650 pessoas das duas comunidades, com o investimento de mais de 2,2 milhões de reais. Outro inves- timento importante é o Sistema Saco da Capela/Centro (terceira fase). “Esta etapa abrange os bairros Perequê, Morro da Cruz, Itaquanduba, Itaguassú e a reversão do esgoto coletado no Saco da Capela para a nova Estação de Pré-Condicionamento do Itaquanduba”, diz Castro. São 14 300 metros de rede, duas estações elevatórias e 1 046 ligações, beneficiando mais de 5 000 pessoas. “O investimento nesta eta- pa chega a 7,5 milhões de reais e a previsão de conclusão é no segundo semestre deste ano. Desde o início do Programa Onda Limpa Litoral Norte, em 2008, as áreas regulares do município de Ilhabela saíram de um índice de 4% de cobertura para 36%. Com a conclusão do Saco da Capela, o município passará a 60% de índice de cobertura.” No município de São Sebastião há vá- rias obras importantes sendo executadas. Uma é o Sistema Una/Engenho. “Será um investimento na ordem de 20,6 milhões de reais que vai beneficiar inicialmente 25 434 habitantes nos bairros Barra do Una e Engenho”, informa Castro. Serão construídas quatro elevatórias, 4 000 me- tros de rede e uma ETE que contemplará posteriormente a população do bairro Jureia, aumentando a cobertura para quase 33 000 pessoas. As obras devem ser concluídas em 2013. Outra é o Sistema José Bosco de Castro, superintendente da Unidade de Negócios Litoral Norte da Sabesp Paúba, um investimento da ordem de 14 milhões de reais. “Com três frentes de trabalho, a conclusão deverá acontecer ainda neste segundo semestre”, antecipa Castro. O bairro ganhará três estações elevatórias, 2 328 metros de rede coletora Principal, um investimento de 19,2 mi- lhões de reais. Englobará os bairros Estufa I, Estufa II, Estufa III, Itaguá, Marafunda e Jardim Carolina, beneficiando mais de 12 000 pessoas. “Com quatro frentes de trabalho, a Sabesp executa 18 quilômetros de rede coletora e oito estações elevatórias de esgoto, além de linhas de recalque, unindo-se aos 10 quilômetros de rede coletora já existente”, diz Castro, acres- centando que a previsão de conclusão do empreendimento é 2013. Outro destaque é o Sistema Perequê-Açú, com investimento que chega a 4,3 milhões de reais e que ajudará na melhoria de balneabilidade da praia de mesmo nome. São 5 quilômetros de rede coletora, duas estações elevatórias e 472 ligações domiciliares, beneficiando aproximadamente 2 000 pessoas. A previ- são de conclusão é também 2013. “A cida- de conta com duas obras de esgoto e uma de água que somam mais de 41,7 milhões de reais”, afirma Castro, esclarecendo que além dos sistemas Principal e Perequê-Açú há o Sistema de Abastecimento de Água Maranduba. Em relação ao esgoto, a cida- de sairá de um índice de 36% de esgoto coletado em 2010 (100% tratado) para 68% em 2013 (100% tratado). “Já o índice de cobertura de água na cidade passará de 80% em 2010 para 87% em 2014.” Já em Caraguatatuba pode ser citado como relevante o Sistema Perequê-Mirim, um investimento de 9 milhões de reais, com a construção de 31 quilômetros de rede, cinco estações elevatórias e 4 000 ligações. O empreendimento encontra-se em fase de testes e vai beneficiar pelo menos 17 000 pessoas. Outro empreen- dimento já licitado na região é o Sistema Barranco Alto, que terá 1,3 milhão de reais de investimentos com a construção de duas elevatórias, mais de 500 metros de rede e a liberação de 320 ligações para be- neficiar 1 500 pessoas. O terceiro sistema de esgotamento sanitário é o do Morro do Algodão, um investimento de 1,3 milhão de reais para a construção de 1 300 metros de rede e 800 ligações, beneficiando mais de 3 000 pessoas. “Em Caraguá existe, portanto, uma obra em andamento e duas já licitadas, somando investimentos na ordem de 11,6 milhões de reais”, confirma Castro. Com o empreendimento em curso, a cidade sairá de um índice de cobertura de 35% de esgoto coletado em 2007 para mais de 80% em 2014 (100% tratado). Castro encara com muito otimismo o programa Se Liga na Rede, mas continua bastante preocupado com o problema da conexão na residência das pessoas. “Está uma dificuldade grande. O programa Se Liga na Rede é para população de baixa renda. Isso vai dar um salto importante, sem dúvida – nós já temos mais ou menos 2 800 ligações cadastradas no programa. Mas, em contrapartida, há 8 000 ligações e 140 ligações domiciliares, juntando-se às já existentes 102 ligações para atender cerca de 1 000 moradores. Ainda em São Sebastião, está sendo construído o Sistema Baleia/Sahy, um in- vestimento de 15,3 milhões de reais para construção de 105 metros de rede coletora, 2 700 metros de linha de recalque, sete estações elevatórias e uma ETE. Nos dois bairros da Costa Sul de São Sebastião, a obra irá beneficiar pelo menos 17 418 pessoas. A previsão de conclusão é em 2013. Em andamento também o Sistema Costa Norte/Enseada, que engloba os bairros Enseada, Jaraguá e Canto do Mar e terá investimento da ordem de 11,5 milhões de reais. Atualmente a região já possui 17 quilômetros de rede coletora e 1 454 ligações de esgoto. Com a obra, esse número subirá para 34,2 quilômetros de rede coletora, 847 metros de linha de recalque, três estações elevatórias, além de somar 2 412 ligações domiciliares, beneficiando mais de 10 000 pessoas. “A cidade de São Sebastião tem atualmente essas quatro obras em andamento e os investimentos ultrapassam 54,4 milhões de reais”, contabiliza Castro. As obras do cronograma do Programa Onda Limpa Litoral Norte para São Sebastião vão elevar significativamente o índice de cobertura de saneamento básico na cidade dos atuais 46% para 70% em 2014. Em Ubatuba merece menção o Sistema Fo to : D IV uL GA çã o SA bE SP www.brasilengenharia.com.brengenharia 611 / 201296 ENGENHARIA I CAPA factíveis em carteira, o que, depois da entrega das obras novas em fase de con- clusão, vai se elevar para 16 000 ligações factíveis. Então o universo do Se Liga na Rede acaba resultando pequeno. O impor- tante a destacar é que a maior adesão ao esquema de fazer a conexão interna vem por parte da população fixa. Mas é difícil convencer o veranista a fazer a conexão. E há muitos veranistas nos municípios do Litoral Norte. O veranista tem sua residência e só vem de vez em quando, usa a fossa e não percebe a necessidade de se fazer a conexão à rede de esgoto que nós, com tanto empenho, estamos construindo. Quando chega o período de chuva as fossas vazam todas, porque o nível do lençol freático é muito alto. E esse pessoal, geralmente, não é de baixa renda, estando, portanto, fora do Se Liga na Rede. O maior problema é fazer a rede e não ter adesão da população. Você rea- liza uma obra e até convencer as pessoas a fazer a ligação demora quatro anos.” Programa Mananciais – Segundo o sociólogo Ricardo Araújo, coordenador do Programa Mananciais/Vida Nova da Sabesp, a Região Metropolitana de São Paulo vive um paradoxo. Concentra o ex- traordinário contingente de quase 20 mi- lhões de habitantes e está localizada numa área desprovida de grandes mananciais de água e, portanto, pobre em recursos hídricos, junto às cabeceiras do Rio Tietê. A situação hoje é de equilíbrio porque praticamente metade da água fornecida é captada na Bacia do Piracicaba. Mas a Sabesp não pode deixar de se preocupar e planejar futuros investimentos para cap- tação de água em outras regiões porque o crescimento vegetativo da população é muito dinâmico e será preciso buscar fontes de abastecimento. O Programa Mananciais/Vida Nova promove ações de preservação e recuperação dos reservató- rios de São Paulo. — Como nasceu o Programa Ma- nanciais/Vida Nova? — perguntamos a Araújo. “Este é um programa que tem várias fontes de recursos e vários participantes. O Programa Mananciais, fazendo um pouco de historia, é o desdobramento de um programa que foi desenvolvido durante a década de 1990, o Programa Guarapiran- ga. Na época o programa estava concen- trado apenas na Bacia do Guarapiranga. E era um projeto coordenado pelo governo estadual e que tinha participação de al- gumas organizações do próprio governo, sobretudo a Secretaria do Meio Ambiente (SMA), a Sabesp e também a CDHU, além de uma participação muito importante da prefeitura paulistana. Naquela altura, o Guarapiranga já tinha duas novidades que o Programa Mananciais intensifica. Em primeiro lugar, ele era o primeiro programa Guarapiranga. Acho que agora, em 2012, devemos estar com 1,85 milhão de pessoas morando na Guarapiranga e Billings.” — Como é financiado o Programa Mananciais? — solicitamos de Araújo. “Hoje o Programa Mananciais é subs- tantivamente constituído por dois progra- mas que têm lógicas relativamente seme- lhantes, mas eles tem alguns participantes distintos e fontes de recursos distintas. O que quer dizer isso? Tem um que é chamado simplesmente de Programa Ma- nanciais – que foi o nome que se estendeu para todo o conjunto – que é um soma- tório de financiamentos de diferentes ór- gãos com o Banco Mundial. Quais são os financiamentos? Em primeiro lugar tem um financiamento do governo do Estado de São Paulo, um financiamento muito pequeno. Numa fatia de investimento de 60,5 milhões de dólares, esse não passa de 4 milhões de dólares. Quem gerencia isso é a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos – que é a secretaria que faz a coordenação geral dessa relação com o Banco Mundial. Em segundo lugar, temos um outro contrato assinado em 2009, que é da Sabesp, no valor de 125 milhões de dólares. Aí a parte do Banco Mundial também é substantiva:100 milhões de dólares. Os outros 25 milhões de dólares são da Sabesp. E nós temos dois contratos que ainda não foram assinados, que são da prefeitura de São Bernardo do Campo e da prefeitura de Guarulhos. O da pre- feitura de São Bernardo é em torno de 37 milhões de dólares – praticamente uma divisão fifty-fifty com o Banco Mundial –, e o da prefeitura de Guarulhos é de 10,5 milhões de dólares. A informação que tenho é que não estamos distantes da assinatura do contrato da prefeitura de São Bernardo. Tem outra iniciativa que a gente chama a grosso modo Programa Guarapiranga/Billings. Ele não conta com financiamento internacional. Ele tem a participação central da prefeitura paulis- tana no financiamento. A Sabesp também tem uma participação relevante, o mesmo ocorrendo com o governo federal. A maior parte do financiamento, no entanto, é da prefeitura de São Paulo. Esse é um programa voltado de forma integral para urbanização de loteamentos irregulares e favelas. Então, juntando os dois progra- mas – um o Mananciais/Vida Nova com financiamento do Banco Mundial, e outro o Guarapiranga/Billings, contando com a prefeitura paulistana como agente execu- tor central –, nós temos investimentos em torno de 1,5 bilhão de reais até 2015.” — São investimentos sociais? — con- cluímos com Araújo. “Sim, porque esses investimentos constituem uma enorme transferência social de recursos para uma população de baixa renda. São investimentos urbanos, organizado de expansão de infraestrutura urbana na região do Guarapiranga. Ou seja, ele reconhecia que a ocupação urbana tinha se tornado incontornável e que era preciso estender essa infraestrutura urbana para aquela região. Ou seja, reconhecia a Represa de Guarapiranga como uma repre- sa envolvida pela cidade, de certa maneira uma represa urbana. Então esse foi o primeiro ponto importante do programa. O segundo ponto importante era que o programa reunia organizações públicas diversas de diferentes esferas de governo. E à época isso era uma tremenda novida- de. Porque normalmente o setor público trabalha de uma maneira muito compar- timentada, cada órgão cumpre sua função e de maneira geral não se tem programas de ação que integrem os diversos órgãos visando finalidades comuns. Bom, o Pro- grama Guarapiranga acabou no ano 2000 e teve como grande finalidade, manter o reservatório em condições de proporcionar continuadamente o abastecimento públi- co. Isso foi obtido. A qualidade da água não chegou a melhorar muito, mas pelo menos nós seguramos a crise do Guara- piranga, mesmo que a população tenha crescido muito. E a população cresceu: ela já era de mais de 700 000 habitantes no ano 2000. E aí, quando o programa acabou nós começamos a acalentar a ideia de fazer um programa análogo só que com uma área de abrangência maior, ou seja, não tendo como escopo só o Guarapiranga, mas também a represa Billings, que era uma área muito importante – e abarcando os outros mananciais da RMSP: sistemas Rio Claro, Cantareira, Alto Tietê, Alto Cotia e Rio Grande. A essa altura, a população da Billings já tinha ultrapassado a de Ricardo Araújo, coordenador do Programa Mananciais/Vida Nova da Sabesp Fo to : D IV uL GA çã o SA bE SP www.brasilengenharia.com.br engenharia 611 / 2012 97 ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO Marcelo Morgado, assessor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Sabesp que incluem sistemas de esgotamento sa- nitário da Sabesp. Hoje em dia o reconhe- cimento de que essas áreas são urbanas está consolidado. Isso não estava claro 20 anos atrás e foi esse novo status que fez agora com que esses investimentos fossem viabilizados. Essa função social do poder público está sendo cumprida. É preciso ressaltar também que são ações de longo prazo. Nós precisamos fazer ainda mais investimentos, porque haverá carências ainda depois da aplicação de todos esses recursos, por conta da renda baixa da população. Também do ponto de vista do impacto que a gente espera sobre a qualidade da água, os resultados são sempre no longo prazo. Hoje podemos dizer que há mais controle sobre a quali- dade de água da represa de Guarapiranga do que tínhamos há 20 anos, embora a população tenha dobrado por lá. Eu diria que as batalhas estão sendo ganhas, mas a guerra ainda não.” Meio Ambiente – A estratégia adotada pela Sabesp para sua gestão ambiental foi a implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas ETEs e nas ETAs, associada à certificação ISO 14001 de parte das unidades em operação. Em dezembro de 2010, a companhia já havia atingido 50 ETEs certificadas pela ISO 14001, atingin- do 77% da meta prevista para o período. Já o SGA foi implantado em 65 ETEs e ETAs e envolveu a capacitação de mais de 300 funcionários, por meio de 14 000 horas de treinamento. Em 2011 o desafio foi a consolidação da metodologia de implantação e manutenção do SGA. Além disso, a Sabesp foi submetida à auditoria de recertificação. Segundo Marcelo Morga- do, assessor de Meio Ambiente e Susten- tabilidade da Sabesp, nos próximos anos, a companhia pretende prosseguir com a implantação do SGA em suas unidades: a meta é chegar a 302 ETEs e ETAs até 2018, bem como certificar as ETEs que forem consideradas de interesse estratégico, num total de 155 até 2018. Ao mesmo tempo, considerando-se a necessidade de manu- tenção e regularização do licenciamento ambiental das instalações da empresa, bem como das outorgas de direito de uso de recursos hídricos, a Sabesp vem aprimo- rando seus instrumentos de gestão. Parte do parque operacional existente é objeto de um Programa Corporativo de Manu- tenção e Regularização de Licenciamento Ambiental e de Regularização de Outorgas de Direito de Uso de Recursos Hídricos. O objetivo é concluir 100% dos protocolos de outorga em 2012, sendo que em 2011 cerca de 80% já se encontravam nessa situação. Para os novos empreendimentos, a obtenção das licenças e outorgas já faz parte de seu ciclo de vida. Segundo Morgado, merece destaque o fato de que de 2009 pra cá a companhia trabalho grande em pesquisa, desenvolvi- mento e inovação, por meio de parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp”, diz Morgado. Em 2011, o investimento em PD&I foi de 3,2 milhões de reais. O acordo de cooperação firmado com a Fapesp tem validade de cinco anos, até 2014. O acordo prevê 50 milhões de reais em incentivos, a serem desembolsados meio a meio pelas duas instituições. “No ano passado, 11 projetos foram aprovados, envolvendo instituições como a USP, a Unifesp, a Fun- dação Getulio Vargas, o Centro Técnico Aeroespacial e a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho [Unesp]. Os temas a serem desenvolvidos abarcam alternativas de tratamento, disposição e utilização de lodo de ETAs e ETEs, monito- ramento da qualidade da água, e eficiência energética, entre outros.” Morgado destaca também que o Pro- grama de Uso Racional da Água, o Pura, foi estendido e vai ser implantado em 900 escolas estaduais. “Estamos trabalhando intensamente também com a prefeitu- ra paulistana”, diz. O Pura tem como principal objetivo atuar na demanda de consumo de água, incentivando o uso racional por meio de ações tecnológicas e medidas de conscientização dos clien- tes para enfrentar a escassez de recursos hídricos. “Em 2011 a adoção do Pura em escolas promoveu a conscientização e permitiu a redução de 72 milhões de litros por mês no consumo de água em unidades educacionais do município de São Paulo” Em relação aos novos projetos, Mor- gado aponta como novidade especial o Programa Nossa Guarapiranga . “O pro- grama foi lançado no ano passado para a recuperação da represa de Guarapiran- ga. É parceria não só com a prefeitura paulistana, mas também com marinas e outros interessados. Nós contribuímos desde o nascedouro com barcos, controle de poluição e criação de novos parques para proteger a mata ciliar. É um trabalho muito grande de coleta de lixo através das Ecobarreiras. Elas são estruturas com boias e telas metálicas submersas que retêm o lixo que chega ao reservatório por meio dos córregos. Diariamente barcos de pe- queno porte recolhem o material contido pelas barreiras, que é depois levado para aterro sanitário. Uma embarcação de maior porte captura o lixo profundo, que está até seis metros submerso na Guarapiranga. São barcos novos que pegam até sofás, aparelhos de TV e geladeira submersos por meio de braços mecânicos. As Ecobarreiras têm permitido remover 23 metros cúbicos de resíduos por dia. Significa mais de um caminhão a cada dia – esses veículos têm capacidade para 20 metros cúbicos –, e o investimento total é de 12,2 milhões de reais na primeira fase.” fez experiências para utilizar agregados de reciclagem de resíduos de construção e demolição (RCD) em suas obras. Em 2011 foi ampliada a utilização dessa alterna- tiva ambientalmente correta e cerca de 50% mais barata no fechamento de 2,5 quilômetros de valas (base e sub-base) da adutora Vila Marchi-Alvarenga, parte do Projeto Tietê em São Bernardo do Campo. Foram usados 3 750 metros cú- bicos de agregados provenientes da usina Urbem. Em outubro do ano passado, a companhia aprovou a liberação do uso do agregado de RCD para aplicações não estruturais, como assentamento de alve- naria, confecção de calçadas, sub-base de pavimentos internos e cobertura para valas de tubulações de água e esgoto. “Agora estamos nos preparando para usar a alternativa também no concreto estru- tural. E também fizemos a experiência de levar entulho de uma de nossas obras de demolição para uma usina de reciclagem desses resíduos. Outra novidade é que estamos fazendo nossa primeira cons- trução sustentável certificada pelo LEED [Leadership in Energy and Environmental Design], que é uma das certificações exis- tentes concedidas para edifícios verdes. Na ETE de Bragança Paulista, os prédios administrativos vão ser todos construídos dentro desses princípios. São muitos os aspectos, mas os mais importantes são o aquecimento solar nos vestiários e aquisi- ção de sopradores do tipo parafuso, mais econômicos que os outros. Em todos esses prédios com materiais mais sustentáveis há também a preocupação com ilumina- ção natural e com a climatização, para evitar o ar-condicionado.” “Temos desde a gestão passada um Fo to : D IV uL GA çã o SA bE SP
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