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PARQUE AMBIENTAL DE BELÉM: UM ESTUDO DA CON, Notas de estudo de Engenharia Florestal

PARQUE AMBIENTAL DE BELÉM: UM ESTUDO DA CONSERVAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE LOCAL E A INTERAÇÃO DESTA ATIVIDADE COM A COMUNIDADE DO ENTORNO

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 09/11/2012

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Baixe PARQUE AMBIENTAL DE BELÉM: UM ESTUDO DA CON e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 PARQUE AMBIENTAL DE BELÉM: UM ESTUDO DA CONSERVAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE LOCAL E A INTERAÇÃO DESTA ATIVIDADE COM A COMUNIDADE DO ENTORNO Pedro Chaves BAÍA JÚNIOR Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Grupo de Estudos em Educação, Cultura e Meio Ambiente – GEAM, Centro de Educação, UFPA. Bolsista PIBIC/CNPq CEP 66075-110. Belém – Pará. Fone: (91) 211-1706. E-mail: baiajunior@yahoo.com.br Diva Anelie de Araújo GUIMARÃES Grupo de Estudos em Educação, Cultura e Meio Ambiente – GEAM, Departamento de Fundamentos da Educação, Centro de Educação, UFPA. Orientadora CEP 66075-110. Belém – Pará. Fone: (91) 211-1706. E-mail: diva@ufpa.br RESUMO Este trabalho foi desenvolvido no Parque Ambiental de Belém (PAB), uma Unidade de Conservação (UC) de uso indireto localizada no Estado do Pará, região norte do Brasil. Seus objetivos foram: verificar a existência de atividades de conservação de fauna silvestre; catalogar as espécies da fauna introduzidas de maio de 1994 a maio de 2003; e, analisar o nível de conhecimento da população humana do entorno sobre o PAB. Um questionário foi aplicado em 20% dos domicílios de uma das comunidades do entorno e foram analisados os boletins de apreensão e soltura de fauna do Batalhão de Policiamento Ambiental. Verificou-se que: 1) Não existem atividades voltadas a conservação da fauna silvestre; 2) Foram introduzidos 2472 animais, distribuídos em aves (65,4%), répteis (27,7%) e mamíferos (6,9%); 3) Das espécies soltas, não estavam registradas no levantamento faunístico da área 27 espécies de aves, 07 de répteis e 05 de mamíferos, o que poderá alterar o equilíbrio do ecossistema local e, conseqüentemente, prejudicar a conservação da biodiversidade ; 4) A população humana do entorno conhece pouco sobre o PAB, embora a maioria já tenha realizado visitas no local, sendo o objetivo principal a observação da natureza; 5) A comunidade acredita na Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 importância da conservação do PAB como área de lazer e, alguns como local de conservação da fauna; 6) A ausência de programas de Educação Ambiental contribui para que o PAB não desempenhe plenamente a sua função como UC. ABSTRACT This study was conducted at the Environmental Park of Belém (EPB), a Conservation Unit (CU) located in the Northern of Brazil. The purpose of the present study was: to ascertain the existence of conservation activities of the fauna; to list all the animal species introduced into the EPB between May, 1994 and May, 2003; and to analyze the level of knowledge of the EPB nearby human population. Interviews were conducted at Moça Bonita community where 20% of the homes were visited. This methodology agreed with the census of Brazilian Institute of Geography and Statistics (2000). The documents of Environmental Police, Bulletin of Capture and Release, were analyzed. The analyses showed that: 1) There is no fauna conservation activity at the EPB; 2) A number of 2472 animals have been introduced into the park including birds (65,4%), reptiles (27,7%) and mammals (6,9%); 3) 39 species released in the park including 27 birds, 7 reptiles and 5 mammals had not been recorded in a previous study in the area. This may lead to changes in the local ecosystem equilibrium, and jeopardize the conservation of the biodiversity; 4) The surrounding population knows little about EPB, even though most of them have visited the place, mainly for nature sight walks; 5) The community believes that conserving EPB as a leisure area, and a place for conservation of the fauna is important; 6) The lack of environmental education programs is one of the reasons why EPB does not fully play its role as a CU. INTRODUÇÃO O Brasil destaca-se no cenário mundial por possuir uma diversidade biológica bastante expressiva. É um dos seis países com maior biodiversidade do planeta, ao lado da Indonésia, Zaire, Colômbia, México e Peru [1], com uma estimativa de dois milhões de espécies e aproximadamente duzentas mil descritas1 [2]. Porém, sua riqueza biológica vem desde os tempos coloniais sendo explorada de forma desordenada e predatória [3] o que tem contribuído para colocar algumas espécies em risco de extinção. Segundo a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, divulgada no primeiro semestre de 2003, existem 395 animais nesta situação, sendo 69 mamíferos, 160 aves, 20 répteis, 16 anfíbios, 96 insetos e 34 invertebrados terrestres [4]. Um número que aumentou bastante se comparar com a lista divulgada em 1989 que apontava existir no Brasil 218 espécies sob o risco da extinção [5]. Desde a pré-história aos dias atuais, a ação humana determinou a extinção de diversas espécies, através de quatro fatores principais: a caça excessiva, a destruição de habitats, a introdução de espécies exóticas e doenças transmitidas por estas espécies. Nos séculos mais 1 A diversidade de espécies é um dos vários níveis de organização da vida, sendo, portanto, um dentre outros componentes, ou escalas, da diversidade biológica. Contudo, este é o nível que, até o momento, vem sendo mais enfocado em comparações abrangentes, desde a escala local até a biosfera para determinação da diversidade biológica (LEWINSOHN & PRADO, 2002). Por isso, a diversidade de espécies será o parâmetro utilizado neste trabalho para representar a diversidade biológica de uma área. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 Antes da entrevista foi elaborado um questionário que serviu de roteiro na execução do trabalho, o qual foi realizado com o responsável pela Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA) do BPA. Todos os questionamentos levantados e suas respectivas respostas foram gravados em um gravador AIWA (Modelo TP-M105) e posteriormente transcritos. Ressalta-se que a entrevista foi realizada em dois momentos, sendo que o segundo teve apenas o objetivo de esclarecer pontos que não foram bem explicados no primeiro. LEVANTAMENTO DOCUMENTAL Todos os animais que chegaram no BPA, oriundos de doação ou apreensão, eram registrados no chamado Livro do Oficial de Dia, um livro-ata onde foram registrados os acontecimentos diários do BPA. Os dados foram catalogados em fichas especiais e posteriormente analisados e sistematizados. Ao todo foram verificados 12 livros onde estavam contidas as informações do período de maio de 1994 até dezembro de 2001. As informações referentes ao ano de 2002 e aos meses de janeiro a maio de 2003, foram extraídas diretamente dos relatórios mensais de atividades operacionais do BPA que passaram a ser feitos no ano de 2002. Nestes relatórios as informações a respeito da origem e destino dos animais registrados no Livro do Oficial de Dia foram organizadas e apresentadas de forma direta. QUESTIONÁRIO Durante a pesquisa documental foi elaborado um questionário para ser aplicado à população humana que habita o entorno do PAB, objetivando verificar o seu nível de conhecimento sobre este meio ambiente. Para a elaboração deste questionário teve-se como base o trabalho de PÁDUA (1997b) [18], o qual mostra os resultados de um estudo em Educação Ambiental realizado no Jardim Botânico de Brasília. Com a elaboração do questionário passou-se a fase de aplicação destes aos moradores do entorno do PAB. Entretanto, devido a grande extensão da área do entorno do PAB, escolheu-se aleatoriamente uma comunidade (Moça Bonita), dentre as oito existentes em seu entorno: Verdejante, Pedreirinha, Parabor, Moça Bonita, Buiussuquara, Pantanal, Tropical e Mariana. Na comunidade selecionou-se as quadras que ficavam mais próximas do Parque Ambiental de Belém e, nestas áreas, foram aplicados os questionários segundo o modelo adotado no Censo de 2000 pelo IBGE (2002) [19] para analisar populações com até 15 mil habitantes. Este método consistiu na aplicação de um questionário a cada cinco domicílios, resultando em uma análise de 20% do total. Os resultados dos questionários foram analisados e seus dados sistematizados. RESULTADOS E DISCUSSÃO AÇÕES DE CONSERVAÇÃO AOS ANIMAIS SILVESTRES DO PAB Em entrevista com o responsável pela CEA do BPA realizada em outubro de 2002 e através de observações própria, constatou-se a inexistência de ações direcionadas a conservação dos animais silvestre existentes no PAB. Segundo o entrevistado: “...alguma atividade diretamente ligada à fauna silvestre [...] existente no Parque Ambiental eu não tenho conhecimento. Existem outros projetos ligados a conservação da Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 ave-fauna pela universidade, onde eles fazem a coleta de sangue, fezes e urina. Mas, diretamente aos animais existente dentro do Parque Ambiental eu não tenho o conhecimento até o presente momento...” Assim, confirma-se o que DOUROJEANNI & PÁDUA (2001) [10] chamam de “hábito latino-americano”, que é o fato da maioria das UC serem apenas criadas e largadas a sorte, como se somente isso fosse capaz de garantir a preservação da biodiversidade nela existente. Segundo os mesmos autores, apenas o estabelecimento de uma área protegida não certifica o benefício de seus serviços ambientais a sociedade, sendo necessário, para garantir sua sobrevivência e integridade, também manejá-las. ANIMAIS SOLTOS NO PAB O destino dos animais encaminhados ao BPA, seja através de doação ou apreensão oriunda de tráfico ilegal, e que foram registrados no livro do oficial de dia no período de maio de 1994 a maio de 2003, está demonstrado nas Figuras 06, 07 e 08. Nesse período de nove anos constatou-se que um número expressivo dos animais que chegaram até o BPA foram soltos nas áreas do PAB, da APA-Belém e da Pirelli2. Assim, como essas áreas são contínuas e inexistem barreiras geográficas capazes de impedir o fluxo de animais entre elas, a soltura em qualquer uma delas é capaz de interferir na dinâmica de todas. Logo, somando os seus valores é possível constatar que cerca de 39% dos mamíferos, 47% das aves e 69% dos répteis que deram entrada no BPA foram soltos na área do PAB e adjacentes3. Contudo, nem todos os animais que deram entrada no BPA foram soltos nas áreas do PAB, da APA-Belém e da Pirelli, alguns foram soltos em local não informado e outros nem sequer têm os destinos registrados (sem informação). Outros tiveram as seguintes destinações: a) doados a guarda voluntário gratuito: um percentual relativamente pequeno dos animais foram colocados aos cuidados de pessoas geralmente ligadas ao BPA; b) doados a instituições: um percentual expressivo dos animais, em especial de mamíferos (35% mamíferos, 5% aves e 9% répteis) foram doados ao Museu Paraense Emílio Goeldi, ao Bosque Rodrigues Alves e ao Centro Nacional de Primatas; c) devolvido ao proprietário: correspondem aos animais que depois de apreendidos foram entregues aos seus donos por possuírem licença de criação expedida pelo IBAMA, o que é mais comum para as aves; d) fuga: corresponde aos animais que fugiram durante a apreensão ou quando estavam nas gaiolas no BPA; e) óbito: corresponde aos animais confinados no BPA que vieram a morrer. 2 A Pirelli é uma área de 7,8 mil hectares abrangendo os municípios de Marituba, Benevides e Santa Izabel do Pará, a maior parte no entorno da Alça Viária. Neste local está sendo implantado o Parque Ecoturístico do Guamá. 3 Convém ressaltar que não foi registrado a soltura de anfíbios na área durante o período de execução do estudo. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 9% 23% 16%6%2% 35% 1% 6% 2% Sem informação Solto no PAB e na APA-Belém Solto na Pirelli Solto em local não informado Doado a guarda voluntário gratuito Doado a instituições Devolvido ao p rop rietário Fuga Óbito Figura 01 – Destino dos mamíferos registrados no livro do oficial de dia do BPA no período de maio de 1994 a maio de 2003. Figura 03 – Destino dos répteis registrados no livro do oficial de dia do BPA no período de maio de 1994 a maio de 2003. 13% 61% 8% 3% 4% 9% 0% 1% 1% Sem informação Solto no PAB e na APA-Belém Solto na Pirelli Solto em local não informado Doado a guarda voluntário gratuito Doado a instituições Devolvido ao proprietário Fuga Óbito 23% 23% 24% 10% 7% 5% 4% 2% 2% Sem informação Solto no PAB e na APA-Belém Solto na Pirelli Solto em local não informado Doado a guarda voluntário gratuito Doado a instituições Devolvido ao proprietário Fuga Óbito Figura 02 – Destino das aves registradas no livro do oficial de dia do BPA no período de maio de 1994 a maio de 2003. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 Tabela 02 - Animais introduzidos no PAB e arredores (APA-Belém e Pirelli) no período de maio de 1994 a maio de 2003. NOME VULGAR ESPÉCIE QUANTIDADE AVES Sabiá Turdus sp. 51 Tem-tem Euphonia sp. 31 Papa-arroz Indeterminada 01 Bicudo Oryzoborus maximiliani 11 Curió Oryzoborus angolensis 754 Galo-da-campina Paroaria dominicana 10 Trinca-ferro Saltator sp. 22 Azulão Indeterminada 15 Rouxinol Indeterminada 06 Japim Cacicus sp. 04 Cigarra Sporophila leucoptera 131 Bigode Sporophila lineola 86 Coleira Sporophila sp. 120 Soí Indeterminada 11 Patativa Sporophila plúmbea 69 Cabocolino Sporophilia bouvreuil 58 Arancuã Ortalis sp. 04 Canário / Canário-cearense Sicalis flaveola 03 Vinte-um Coryphospingus cucullatus 02 Sanhaço-azul Thraupis episcopus 01 Bico-de-lacre Monasa atra 01 Brejá Indeterminada 02 Caneleiro-cinzento Pachyramphus rufus 01 Urumara Indeterminada 10 Bacurau Indeterminada 01 Aves diversas Indeterminada 100 TOTAL DE AVES 1617 RÉPTEIS Iguana Iguana iguana 44 Camaleão Polychrus sp. 15 Jibóia Boa constrictor 74 Sucuri Eunectes sp. 29 Cobra-rato Indeterminada 01 Tartarugas Indeterminada 307 Muçuan Kinosternon scorpioides 141 Aperema Rhinoclemmys punctularia 18 Jabuti Geochelone sp. 31 Tracajá Podocnemis sp. 04 Jacaré Caimam sp. 19 Jacaretinga Caiman crocodilus 02 TOTAL DE RÉPTEIS 685 TOTAL GERAL 2472 Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 Quadro 06 – Espécies não registradas para o PAB que foram introduzidos em sua área e arredores (APA-Belém e Pirelli) no período de maio de 1994 a maio de 2003. NOME VULGAR ESPÉCIE MAMÍFEROS Tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla Tatu Euphractus sexcinctus Macaco-prego Cebus apella. Jaguatirica Felis sp. Paca Agouti paca AVES Jaçanã Jacana jacana Graúna / Chico-preto Scaphidura oryzivora Corrupião Icterus sp. Socó-boi Tigrisoma lineatum Pato-do-mato Cairina moschata Galinha-d’água Gallinula chloropus Rolinha Columbina sp. Jandaia Aratinga jandaya Curica Amazona amazonica Maitaca-da-cabeça-azul Pionus menstruus Marianinha Pionites leucogaster Tucano Ramphastos sp. Suindara Tyto alba Tem-tem Euphonia sp. Bicudo Oryzoborus maximiliani Galo-da-campina Paroaria dominicana Japim Cacicus sp. Cigarra Sporophila leucoptera Bigode Sporophila lineola Coleira Sporophila sp. Patativa Sporophila plúmbea Cabocolino Sporophilia bouvreuil Arancuã Ortalis sp. Canário / Canário-cearense Sicalis flaveola Vinte-um Coryphospingus cucullatus Bico-de-lacre Monasa atra Caneleiro-cinzento Pachyramphus rufus RÉPTEIS Camaleão Polychrus sp. Muçuan Kinosternon scorpioides Aperema Rhinoclemmys punctularia Jabuti Geochelone sp. Tracajá Podocnemis sp. Jacaré Caimam sp. Jacaretinga Caiman crocodilus Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 NÍVEL DE CONHECIMENTO DA COMUNIDADE MOÇA BONITA RELACIONADO À FAUNA DO PAB A análise dos questionários aplicados aos moradores da comunidade Moça Bonita, localizada no entorno do PAB, permitiu levantar várias hipóteses ligadas à maneira com que esta população vem se relacionando com os animais silvestres do PAB. A partir das hipóteses levantadas pode-se apontar alguns aspectos importantes a serem considerados em projetos de educação ambiental visando à conservação dos animais silvestres da área. Um dos pontos a ser destacado é o fato de 64% dos entrevistados afirmarem que já visitaram o PAB alguma vez (Figura 05), embora 80% deles considerem que tem pouco ou nenhum conhecimento sobre o PAB (Figura 06), e a freqüência com que estão realizando as visitas ultimamente é pequena, sendo que a maioria diz não mais visitar (Figura 07). O fato da maioria dos entrevistados apresentarem pouco ou nenhum conhecimento sobre o PAB, embora já o tenham visitado, pode ser explicado por suas visitas terem sido informais, sem qualquer envolvimento em programas de educação ambiental, inexistentes no local. E, em relação ao nível de freqüência nas visitas, foi expresso pelos próprios entrevistados que não a fazem mais, por que essa prática é proibida e fiscalizada pelo BPA. Figura 05 – População da comunidade Moça Bonita que já realizou ou não visita ao PAB.                    64% 36%  Sim   Não                          49 12 17 27 7 5 0 10 20 30 40 50 60 Aves Répteis Mamíferos   Espécies introduzidas  Espécies não catalogadas Figura 04 – Relação entre o número de espécies animais introduzidas e não catalogadas para a área do PAB em seu respectivo grupo. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 Tabela 05 – Relação de animais tidos como perigosos ao homem. ANIMAL FREQÜÊNCIA DAS RESPOSTAS Cobra 69% Onça 16% Jacaré 5% Poraquê 5% Aranha 5% Esses dados confirmam a necessidade de um programa de educação voltado à conservação da fauna do PAB, onde seja discutido a criação de animais silvestres em cativeiro e a caça exercida sobre a fauna do PAB. Além de desmistificarem alguns conceitos como os que apontam os répteis como animais prejudiciais ao homem. Um outro fato de grande importância a destacar é que 100% dos entrevistados acham importante conservar o PAB e a grande maioria, 60%, mostrou-se disposto a se manifestar positivamente diante da observação de ações de caça na área do PAB (Tabela 06). Tabela 06 – Comportamento dos moradores da comunidade Moça Bonita ao observarem caça na área do PAB. COMPORTAMENTO FREQÜÊNCIA DAS RESPOSTAS Não faz nada 40% Informa e conscientiza a pessoa que o que está fazendo é proibido 28% Avisa o BPA 32% Na Tabela 07 são apresentas as respostas dos entrevistados sobre a importância de conservação do PAB. As respostas demonstram que a população compreendem que o PAB é importante tanto para o bem-estar de sua comunidade, como para a conservação dos recursos naturais nele existente. Tabela 07 – Relação de justificativas sobre a importância da conservação do PAB apresentada pelos moradores da comunidade Moça Bonita. RESPOSTAS FREQÜÊNCIA É um importante espaço de lazer 24% Garante a sobrevivência dos animais que vivem na área 17% Protege os lagos Bolonha e Água Preta 13% Beneficia os moradores da área: melhora o ambiente e purifica o ar. 13% Permite o contato com a natureza 10% É um importante espaço de preservação da natureza 10% Possibilita o conhecimento da natureza Garante a preservação da vegetação 7% 3% Proporciona um bem-estar para os moradores do entorno 3% Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 CONCLUSÕES Sobre o PAB, foram realizados levantamentos dos registros dos animais introduzidos e o destino dos mesmos, entrevistas com os responsáveis pelo BPA e aplicação de questionários na comunidade Moça Bonita, levando as seguintes conclusões: 1. Foram introduzidos no PAB, entre maio de 1994 a maio de 2003, 2472 animais de diferentes espécies da fauna silvestre da Amazônia, sendo a maioria aves (65,4%), seguido de répteis (27,7%) e mamíferos (6,9%) . 2. Aproximadamente foram introduzidas 49 espécies de aves, 12 espécies de répteis e 17 espécies de mamíferos. Destas espécies, não estavam catalogadas como pertencentes à fauna do PAB 27aves, 07 répteis e 05 mamíferos. 3. O principal destino das aves foi à liberação na área da Pirelli, dos répteis a maioria das vezes foram soltos no PAB e na APA-Belém, e dos mamíferos foi à doação para instituições de pesquisa. 4. Há necessidade da realização de levantamentos qualitativos e quantitativos da fauna do PAB e áreas adjacentes (APA-Belém e Pirelli), sobretudo para os grupos de mamíferos, aves e répteis em virtude da soltura. Além de monitoramento das espécies não catalogadas para o PAB e que foram introduzidas em sua área, procurando verificar se elas estão de alguma forma alterando os processos naturais do ecossistema local. 5. O nível de conhecimento da população da comunidade Moça Bonita com relação ao PAB é relativamente pouco, porém a maioria já realizou visitas no local, mas com pouca freqüência, cujo objetivo principal era a observação da natureza. A maioria desta população acredita que é importante a conservação do PAB pelo fato dele servir como um espaço de lazer, mas um número significativo de pessoas relacionou a importância da preservação do PAB à sua função de garantir a conservação dos animais que vivem em sua área. 6. A ausência de programas de gerenciamento ambiental e a falta de programas de EA que conscientizem a população do entorno do PAB, contribuem para que esta UC não desempenhe plenamente a sua função de conservação da fauna. 7. É necessário se iniciar um programa de EA com as comunidades do entorno do PAB, transformando-o em uma escola de informação sobre a Amazônia, contribuindo tanto para o aumento da consciência ecológica como possibilitando a melhoria da qualidade de vida dos moradores. Ademais, a participação deles em projetos educativos poderá aumentar a sua percepção sobre a importância do PAB e torná-los defensores desta área. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 4, abril 2004 PALAVRAS CHAVES Amazônia, Parque Ambiental de Belém, Conservação de fauna e Educação Ambiental. AGRADECIMENTOS Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) que financiou a pesquisa deste trabalho. Aos responsáveis pelo Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) da Polícia Militar do Pará, pelo fornecimento dos dados deste trabalho. Aos moradores da comunidade Moça Bonita pela boa receptividade por ocasião da aplicação dos questionários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS [1] AYRES, J.M. 1992. Conservação da Diversidade Biológica na Amazônia. In: PARÁ. SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE – SECTAM. 1992. Anais do Seminário Internacional sobre Meio Ambiente, Pobreza e Desenvolvimento da Amazônia. Belém: PRODEPA. 393p. [2] LEWINSOHN, T.M. & PRADO, P.I. 2002. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual do conhecimento. São Paulo: Contexto. 176p. [3] IBAMA. 2002. GEO BRASIL 2002 – Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Brasília: Edições IBAMA. 440p. [4] MMA. 2003. Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Disponível em: www.mma.gov.br/port/sbf/fauna/lista.html. Copiado em: 21/07/2003. [5] GIRARDI, G. 2003. Extinção cada vez mais próxima. Galileu. (139): p 20-27. [6] WILSON, E. O. 1994. Diversidade da Vida. São Paulo: Companhia das Letras. 447p. [7] IBGE. 2002. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2002. Rio de Janeiro: IBGE. [8] MCGRATH, D. G. 1997. Biosfera ou Biodiversidade: uma avaliação crítica do paradigma da biodiversidade. In: XIMENES, T. (Org.). Perspectiva do Desenvolvimento Sustentável (uma contribuição para a Amazônia 21). Belém: UFPA/NUMA/UNAMAZ. p 33-69 [9] MMA. 2002a. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC: lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 2.ed. aum. Brasília: MMA/SBF. 52p.
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