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Guias e Dicas
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Vestibular da UNICAMP com correções, Exercícios de Química

Caderno de respostas com correçoes comentadas da UNICAMP

Tipologia: Exercícios

2013

Compartilhado em 19/05/2013

jonkacio
jonkacio 🇧🇷

4.6

(211)

263 documentos

1 / 36

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Baixe Vestibular da UNICAMP com correções e outras Exercícios em PDF para Química, somente na Docsity! COMISSÃO PERMANENTE PARA OS VESTIBULARES A Unicamp comenta suas provas UNICAMP banespa DT 11 Redação 1ª fase Comentários sobre o Tema A Comentários O Tema A-2000 exigiu dos candidatos uma dissertação em que a água deveria ser tratada como um objeto cultural ou como um fator da civilização. O enunciado orienta no sentido de comparar as maneiras como diferentes comunidades interagiram com a água, mostrando que suas diferentes experiências com este ele- mento natural estão profundamente impregnadas de cultura (representada, por exemplo, por hábitos, técnicas e valores) e também criam cultura. O candidato deveria perceber, com base na leitura do tema e da coletânea, que a relação do homem com a água sofreu mudanças ao longo do tempo, que ora significam um aprendizado (novos hábitos, novos usos que resultam em conforto e higiene, por exemplo), ora significam um retrocesso (perda de valores, degradação dos recursos hídricos), ora significaram apenas uma transformação nas relações de dominação de uma classe social por outra (por aquela que detém o acesso à água). Ele deveria, em seguida, eleger as mudanças sobre as quais pretendia dissertar e posicionar-se, critica- mente, em relação a elas. Vejamos como a redação abaixo cumpre a tarefa1: Evolução? Desde os primórdios da Antigüidade, as civilizações foram se formando próximo aos rios. O fator funda- mental para a escolha foi a presença da água, elemento fundamental para a sobrevivência dos seres vivos. Obras de irrigação, drenagem e distribuição de água foram efetivadas, salientando, portanto, a importância da água na sociedade. Os povos foram se expandindo e desenvolvendo meios adequados de manejo da água. Os solos foram se tornando mais férteis e produtivos, e, conseqüentemente, houve um grande aumento da população. Parale- lamente, acentuou-se o processo de urbanização, fruto da industrialização européia do século XVIII, o que demanda uma política ambiental específica, principalmente para o uso da água. Entretanto, o desenvolvimento industrial não foi acompanhado de um desenvolvimento do caráter huma- no. A industrialização não foi apenas uma revolução no modo de produção, mas foi, principalmente, uma grande e grave mudança ambiental. A partir de então, problemas como contaminação das águas, foram evidenciados e adquiriram dimensões gigantescas. A água, que outrora era vista como dádiva divina, passou a ser considerada mercadoria. Além disso, em detrimento de uma política ambiental, o Estado incentivou o consumismo em massa. O lixo urbano aumen- tou e passou a ser despejado na água, a mãe de nossa civilização. O desmatamento em larga escala, gerou o assoreamento dos rios. O mal está feito. Ora, ou a população é muito ingênua, ou age de má fé. Aplicando-se uma política ambiental desfavorável, como a atual, a água, mola propulsora do desenvolvimento mundano, será o fator determinante para o término da humanidade. É preciso uma revolução ambiental, através da conscientiza- ção em massa, sobre a importância da água. Desde então, a água continuará sendo a mãe da civilização, e nós, seremos os seus bons frutos. O candidato que fez a redação acima optou por tratar das mudanças negativas que ocorreram na relação entre a civilização e a água no decorrer do progresso da humanidade. Para isso, selecionou da coletânea os fragmentos que contribuiriam para sua opção e cuja relação era bastante imediata: os fragmentos 1 e 2. O candidato iniciou o texto com o fragmento 2, afirmando que as civilizações foram se formando próximo aos rios, introduziu, no segundo parágrafo, seu conhecimento de mundo que promove o elo entre o momento histórico tratado no 2º fragmento e o momento histórico atual, tratado no 1º fragmento e acrescentou um elemento fundamental para o seu texto: a demanda de uma política ambiental específica, principalmente para o uso da água. No 3º parágrafo o candidato passa a usar o fragmento 1. O uso desse fragmento é em grande parte óbvio, próximo do senso comum. Observe, por exemplo, a 1ª linha do 4º parágrafo: A água, que outrora era vista como dádiva divina, passou a ser considerada mercadoria. A única informação nova em relação ao trecho da coletânea (“Através dos tempos, a água foi perdendo o caráter divino ressaltado na mitologia e na religiosidade dos povos primitivos e assumindo uma face utilitarista na civilização moderna.”) é a palavra mercadoria, trazida pelo candidato. Essa noção de água como mercadoria pode ser relacionada ao eixo desse texto que, como vimos, é a necessidade de uma política ambiental específica. Essa relação, no entanto, que teria sido um ganho para o texto se tivesse sido bem desenvolvida, não foi estabelecida pelo candidato. Somos nós que estamos fazendo tal relação e, portanto, ele não pode ser premiado. No último parágrafo, o candidato continua usando o 1º fragmento, inclusive seu tom “catastrófico”, e conclui o texto demonstrando a necessidade de uma “revolução ambiental”, retomando o elemento introduzi- do no 2º parágrafo. 1 A reprodução de todas as redações neste texto foi fiel à escrita dos candidatos. Exemplo de redação 12 Redação 1ª fase Comentários Em alguns momentos, vemos que o candidato tentou usar o 4º fragmento da coletânea, sem, no entanto, obter êxito. Percebemos apenas algumas menções a esse fragmento, como a do final do 4º parágrafo, em que o candidato passa a falar do lixo urbano despejado na água. A própria questão da política ambiental pode ter sido motivada pelo título do texto do qual o 4º fragmento foi extraído: Políticas do habitat, 1800–1850, mas não se observa nenhuma integração relevante desse fragmento ao texto. Como você pôde observar, o candidato conseguiu tratar das mudanças negativas da relação entre água e civilização/cultura centrando-se apenas nos dois primeiros fragmentos da coletânea. Usar somente dois frag- mentos da coletânea não é, como você está vendo, nenhum problema. O que mais importa é a qualidade do uso e não a quantidade de fragmentos usados. Você não deve esquecer, no entanto, que, conforme já dissemos na introdução, há fragmentos cuja leitura é mais difícil do que a de outros e usar somente fragmentos de leitura mais fácil impede que a nota no critério Coletânea seja acima da média. No tema A 2000, todos os outros fragmentos, com exceção dos dois primeiros, exigiam uma capacidade de ler e de relacionar elementos um pouco acima da média e tiveram, portanto, o papel de diferenciar os candidatos. Além de ter desenvolvido o tema e de ter integrado a coletânea de uma maneira bastante óbvia, como vimos, o texto acima não poderia ter recebido notas além da média por outro motivo: embora articule corretamente vários elementos em seu texto, peca na articulação ou na explicitação de outros. Vejamos o 3º parágrafo: o que o candidato pretende ao afirmar que o desenvolvimento industrial não foi acompanhado de um desenvolvimento do caráter humano? Além de tal afirmação exigir uma explicação, ela não se relaciona com o que a segue. É um trecho completamente solto no texto do candidato e chega, até mesmo, a perturbar um pouco o andamento da leitura. No 4º parágrafo, há uma nova imprecisão: ...o Estado incentivou o consumismo em massa. De que estado o candidato passou a falar, sem mais nem menos? É claro que se percebe a relação que ele estabelece, em seguida, entre o consumismo em massa e o aumento do lixo urbano, mas faltou um elemento que introduzisse o Estado, que caiu de pára-quedas no texto. Se você ainda não estiver convencido de que este texto não está acima da média, mas até bastante próximo do ingênuo, veja mais uma imprecisão: na 1ª linha do último parágrafo, o candidato lança uma hipótese que não é retomada, a de que a população age de má fé. Com o final do texto nós entendemos por que a humanidade é muito ingênua, a primeira hipótese levantada pelo candidato, mas não conseguimos entender por que ela estaria agindo de má fé... Vejamos agora um texto que reflete um equívoco do candidato em relação à função da coletânea. Trata-se de um equívoco que, embora não resulte na anulação da redação, faz com que sua nota, em Coletânea, seja muito baixa. Poluição Social O homem ao longo dos tempos e através do seu trabalho modifica a cultura, conforme os sabores de cada civilização e época. Desde os tempos mais remotos, o homem necessitava de um local para se estabelecer, onde pudesse encontrar suprimentos e abrigo, principalmente de água. Com o tempo foi-se evoluindo e passando de nômade para sedentário. Através das fontes de água: “As primeiras grandes civilizações surgiram no vale dos grandes rios...”, conforme o fragmento número dois. E a água: “... é a origem e a matriz de todas as coisas”, segundo o fragmento número seis. O homem foi evoluindo, passando de um sistema feudal para um capitalista, bem explicado por Marx, fundamentado em classes sociais. A classe dominante com: “... vontade de distinguir-se do zé-povinho”, em conformidade ao fragmento 5, tornou a água: “cada vez mais desprezada, desperdiçada e poluída...”, de acordo com o fragmento número um. Assim, fica claro que o homem como um ser social, toma atitudes e exerce atos com um caráter de dominação, objetivando a manutenção do status-quo, conforme a sua época e seus interesses. Esta redação está equivocada no “uso” que faz da coletânea porque pressupõe que ela seja conhecida pelos seus avaliadores. É bem verdade que os corretores conhecem a coletânea – afinal são eles que avaliam a utilização que os candidatos fazem dos fragmentos – mas isso não significa que os candidatos podem contar com tal colaboração dos leitores. Pelo contrário, eles devem produzir um redação “autônoma”, isto é, um texto que, sozinho, faça sentido. Veja que o autor da redação acima não extrai as informações dos fragmentos, integrando-as em seu texto, mas copia alguns pequenos trechos referindo-se aos números dos fragmentos correspondentes, como se estivesse indicando ao leitor que o restante do que ele queria dizer está escrito nos fragmentos. As expressões que ele utiliza – conforme o fragmento número dois; segundo o fragmento número seis; em conformidade ao fragmento 5; de acordo com o fragmento número um – revelam que ele não entendeu a finalidade da coletâ- Exemplo de redação com nota baixa 13 Redação 1ª fase Comentários nea. Ora, a coletânea deve servir como ponto de partida, na medida em que fornece informações para o desenvolvimento da redação que, por sua vez, precisa ser compreendida por qualquer leitor, mesmo por aquele que não tenha tido acesso à coletânea. Ou seja, você deve escrever como se o seu leitor não conheces- se a coletânea; as informações dela extraídas devem ficar bem integradas e devidamente explicadas em sua redação. A seguir, há um exemplo de redação em que a integração das informações da coletânea está acima da média: O Espelho d´água Ao tentar apreender a origem do mundo e dos homens, filósofos gregos propuseram um enunciado simples: a água seria o cerne, literalmente a fonte de todas as coisas. Longe de ser absurdo e tomadas as devidas referências históricas, tal idéia pode metaforizar o papel simples, vital e cultural do elemento quími- co capaz de fazer florescer civilizações, ditar limites geográficos e protagonizar conflitos. Se mitologicamente, a associação da vida e da sobrevivência se fez de forma divina e fantasiosa, hoje é possível analisar essa que pode ser tida como “vulgar premonição” como premissa das mais sábias tida pelos primeiros humanos e de fundamental importância para o mundo moderno. O planeta ironicamente chamado Terra tem a maior parte de sua superfície tomada pelas águas, as quais fluíram no decorrer dos tempos estreitando os laços biológicos cotidiana e ininterruptamente, assinalando mais que divindades, problemas sociais e políticos bem pouco poéticos. A irrigação, a importância dos recursos hídricos para a economia humana foi se reforçando com o advento da tecnologia e mais que metáfora, a composição da vida (e dos meios para esta) confirmou a compleição e a complexidade da ligação homem-água. Ao galgar gradativo do aprimoramento técnico que trouxe indústrias, não só a religião de outrora remetera ao elemento cristalino a manutenção da vida. Junto ao desenvolvimento urbano (ainda sem tocar no processo de desequilíbrio e poluição do meio ambiente), à instalação de indústrias e estabelecimen- to do homem em aglomerados primordiais, virão os médicos a desconfiar do papel importante da água limpa. A estes, seguir-se-ão engenheiros e arquitetos, responsáveis pela elaboração de mecanismos facilita- dores da manutenção da limpeza e do escoamento de impurezas e dejetos. Mesmo antes destes, no século XVIII, a preocupação com a purificação, com a higiene corporal marcará a vida privada de sociedades pouco habituadas a exigências de limpeza, de cuidados pessoais, atuando como precursora dos modernos métodos preventivos e profiláxicos. Será nesse tempo que se iniciará o conhecimento mais apurado e científico em relação à umidade e sua nem tão misteriosa influência na salubridade dos meios de vida. Ora, a higiene é, pois, um pequeno, mas fundamental ponto nessa saga. Simultâneo, talvez, a isso, seja o processo que acelera o desenvolvimento econômico e faz marcar o utilitarismo. Se antes, para o Egito e a Mesopotâmia, a água já era componente cultural e econômico primor- dial, agora, as modernas vias dos meios de produção vão transmutá-la em pomo de discórdia. A poluição vem margear o alarde da tecnologia e da economia lastreada na produção industrial. O desequilíbrio natural vai crescendo paulatino, constante. E as chuvas ácidas, os rios poluídos ameaçam as sociedades higiênicas, estabelecidas nas margens de seus ternos ribeirões. O que remetia à recordação suave da queda cristalina d´água dá lugar à preocupação não mais latente de que não seja o dilúvio a última catástrofe. O mesmo ser que se constitui da água, que navega descobrindo mundos, escoando ou explorando rique- zas, começa a buscar sedento uma tábua de salvação. Seu mundo e sua sobrevivência estão sobre colunas vitais que podem soçobrar a qualquer momento. Mais que uma problemática geográfica, instaura-se um conflito sócio-econômico em que se disputa não só as vias fluviais e pluviais, mas a própria água, que, dada a destruição, torna-se rara, preciosa. É o homem semelhante ao místico que agradecia as cheias do Nilo que se conscientiza aos poucos de que, talvez, mais do que sangue, lhe seja vital o elemento primordial, a água que encantou gregos, que fez Heráclito pensar que tudo fluía, mas que também arrasou a terra e fez Noé construir a arca. Bem como benção, ela é castigo se o “predador” assim pedir, mesmo quando gentil lhe faz poemas ou odes. Elemento vivo, ela pulsa, reflete a existência e atenta para o fato de que talvez a tragédia final não seja abarcável por uma arca, tampouco plausível de filosofia. O projeto de texto deste candidato é o de analisar a existência do homem através do espelho da água. Baseando-se nos fragmentos 6, 1 e 2, o candidato inicia sua redação introduzindo os papéis da água com que vai trabalhar no decorrer do texto: a água não será avaliada somente como origem, tendo em vista sua importância para o desenvolvimento das civilizações, mas também como portadora de uma possível destrui- ção, se o predador assim pedir. É interessante destacar o trabalho de leitura e articulação dos fragmentos (6 e 2) efetuado pelo candidato: ele trata da questão da água como origem de todas as coisas afirmando que ela fez florescer civilizações e acrescenta, tendo em vista o desenvolvimento que quer dar ao tema, que a água também é capaz de ditar Exemplo de redação 16 Redação 1ª fase Comentários sobre o Tema B Comentários A Terra se tornará um verdadeiro caos, onde todos brigarão por comida e um lugar para morar, a vida perderá o valor. Não tem solução, todos nós morreremos na miséria e sem dignidade. A redação acima é outro caso de anulação por Tema. O candidato redefiniu o tema ao tratar do apocalipse que seria gerado pelo derretimento das calotas polares que fariam com que as cidades litorâneas e até mesmo países inteiros fossem inundados. Tal derretimento deverá acontecer, segundo o candidato, por causa do efeito estufa e do “buraco” na camada de ozônio. Mesmo que se reconheça que as conseqüências do efeito estufa e do buraco na camada de ozônio para o homem passem pela água (através do derretimento das calotas polares), o texto do candidato não estabelece a relação exigida entre a água e homem, mas apenas entre o meio ambiente e o homem. O tema desenvolvido pelo candidato é, portanto, outro. TEMA B No dia 5 de outubro de 1999, terça-feira, o jornal Correio Popular, de Campinas, SP, publicou a seguinte manchete de primeira página, acompanhada de breve texto: 100 mil ficam sem água em Sumaré Um crime ambiental provocou a suspensão do abastecimento de água de cerca de 100 mil moradores de Sumaré. A medida foi tomada na sexta-feira, quando uma mancha de óleo de aproximadamente 3 quilômetros de extensão surgiu nas águas do rio Atibaia. Anteontem, uma nova mancha apareceu nas proximidades da Estação de Tratamento de Água I, na divisa entre o bairro Nova Veneza e o município de Paulínia. A situação somente será normalizada na quinta-feira. A Cetesb investiga o caso e os técnicos acreditam que o produto (óleo diesel ou gasolina) foi despejado em esgoto doméstico em Paulínia. Leve em conta esta notícia e privilegie a hipótese dos técnicos, apresentada no final do texto. A partir desses elementos, escreva uma narração em terceira pessoa, caracterizando adequadamente persona- gens e ambiente. Crie um detetive ou um repórter investigativo que, quando tenta resolver o “crime ambiental”, descobre que o ocorrido é parte de uma conspiração maior. Neste tema, esperava-se que, a partir de uma breve notícia de jornal, o candidato produzisse uma narra- tiva, em terceira pessoa, construindo necessariamente uma personagem – o detetive ou um repórter investiga- tivo – que, ao tentar resolver um crime ambiental, descobre uma conspiração maior. O candidato poderia introduzir outras personagens, a depender das ações que fariam parte de sua narrativa. Pedia-se ainda que o candidato caracterizasse adequadamente tais personagens e o ambiente em que a história se desenrola. O final do texto do jornal (ao qual se pedia particular atenção) induzia o candidato a encaminhar-se para uma narrativa cujo eixo fosse um crime ambiental/ecológico. Esperava-se, então, que o candidato desenvol- vesse uma narrativa que privilegiasse alguns aspectos: quem é o criminoso (ou quem são os criminosos), por que comete(m) esse crime e qual é o plano maior/ a conspiração de que esse crime é parte. As possibilidades para a construção de personagem(ns) eram muitas. O(s) criminoso(s) poderia(m) ser, por exemplo, desafeto(s) político(s), alguém ou algum grupo ligado a uma organização terrorista ou criminosa, gente interessada em desvalorizar as terras banhadas pelo rio Atibaia etc. Obviamente, trata-se apenas de alguns exemplos entre outros possíveis. Também podiam ser vários os motivos do crime. Podem servir como exemplos: interesses financeiros, políticos, vingança, disputa de poder ou de terras. Na verdade, a motivação poderia ser qualquer uma, desde que coerente com a história contada. Você deve ter observado que todas as expectativas acima envolvem o trabalho com algum dos elementos constitutivos do tipo de texto narrativo. Não basta, portanto, relatar algum acontecimento, alguma “histori- nha”, é necessário construir uma narrativa a partir das instruções presentes na proposta. Vejamos como alguns candidatos realizaram a tarefa. O mistério da mancha de óleo. Trim... — Delegacia de Polícia de Sumaré, cabo Jonas falando. Sim. Claro. Infelizmente não podemos fazer nada. Não é nosso departamento. Sinto muito. Até logo! Cabo Jonas, irritado, se dirige à sala do detetive Hércules Leão. Entra sem bater e já despeja sua ira: — Assim não dá, Leão! Já é a vigésima pessoa que liga reclamando da falta d’água desde a suspensão do abastecimento por causa daquela mancha de óleo no rio Atibaia. E nós não temos nada com isso. ▲ ▲ Exemplo de redação 17 Redação 1ª fase Comentários Leão alisando seu bigode responde calmamente: — Aí é que você se engana. Eu estou indo agora mesmo em Paulínia colher informações. Parece que o departamento de lá recebeu um telefonema da Ceteb insinuando que essa mancha de óleo não é oriunda de vazamento de petróleo e sim da rede de esgoto. Eles agora suspeitam que tenha sido proposital. Ligue para o chefe e o ponha a par de tudo. Jonas sai mais irritado do que entrou, afinal, falar com o chefe não é fácil. Com a mesma calma que lhe é característica, Leão parte para Paulínia. A idéia de que o derramamento de óleo não foi um acidente o intriga. Afinal, não é algo comum. À medida que se aproxima de Paulínia, ele vê uma multidão na beira do rio. Parando o carro, ele abre espaço até conseguir enxergar o motivo da aglomeração: outra mancha de óleo. E esta se encontra nas proximidades da Estação de tratamento de Água I. Mais do que depressa, ele se dirige à delegacia de Paulínia para saber como anda o inquérito. Quem o recebe é seu grande amigo, delegado Gerson Maia, que vai logo dizendo: — Oh, você está aqui! Eu tenho uma reunião importante, mas se você quiser dar uma olhadinha no caso... Até mais! Leão fica paralisado. Nunca havia visto seu amigo tão displicente assim. Largar um caso de crime ambiental deste jeito! “O que será que está havendo com Maia. Parece que me evitou, que está com medo.” – pensou consigo mesmo. Entrou em uma viatura e rumou para a Estação de Tratamento, munido de todas as informações sobre o caso. Nada lhe tirava da cabeça que Maia estava escondendo algo. Mas o quê? Ordenou que o cabo que o acompanhava fosse investigar e sentou-se na recepção. Agora seria a hora do trabalho mental, que tanto o fascina. Pegou o inquérito e começou a lê-lo. Examinou o nome do fundador da Estação de Tratamento e lembrou que se tratava do prefeito. Lembrou também que estavam em época de eleição devido aos cartazes que tinha visto do lado de fora.... Levantou-se aturdido e gritando para o cabo: — Leve-me à casa do Maia agora! Chegando à casa de Maia foi direto à garagem e confirmou suas suspeitas: barris e mais barris de óleo, vazios. Nesse instante Maia chega em casa. Ao ver Leão perto da garagem fica pálido. Tenta fugir, mas já é tarde. Leão já o tinha alcançado. Algemando-o, diz: — Delegado Gerson Maia, você está preso acusado de poluir o rio Atibaia para denegrir o nome do atual prefeito de Paulínia, candidato à reeleição. Maia, vendo-se sem saída, interroga-o com o olhar. Leão sorri e diz: — Vi os cartazes de sua campanha eleitoral. Você com medo de perder, apelou para a sabotagem. No outro dia, os principais jornais da região estampavam na primeira página a cara apalermada de Maia no camburão. E na delegacia de Sumaré o detetive Hércules Leão lendo o jornal, sente mais uma vez a sensação do dever cumprido. O candidato cumpre o que foi pedido. Podemos observar, em primeiro lugar, que lança mão de alguns recursos característicos da narrativa (faz alguma caracterização dos personagens, usa o discurso indireto livre); em segundo lugar, que seleciona os elementos da coletânea necessários para desenvolver o tema, contemplando todas as informações contidas na proposta (considera o crime ambiental, a hipótese dos técni- cos, o personagem do detetive e a existência de algo por trás do crime ambiental). Vejamos como o candidato usou a coletânea. Na segunda linha, situa os fatos ocorridos na cidade de Sumaré, um uso bastante óbvio da coletânea (outros dados da coletânea serão usados com a mesma função em vários momentos do texto: rio Atibaia, na 6ª linha, Estou indo... em Paulínia, na 8ª linha etc.). No 4º parágrafo, é de uma maneira interessante que outro dado da coletânea é introduzido: uma grande quantidade de pessoas atingidas pela falta d’água aparece através da freqüência dos telefonemas; essa grande quantidade de pessoas é retomada como multidão no 9º parágrafo, em que o detetive abre espaço até conseguir enxergar o motivo da aglomeração. No 6º parágrafo, o candidato faz uso do elemento da coletânea cujo uso é exigência da proposta: a hipótese dos técnicos, que aparece como uma denúncia feita à delegacia de Paulínia. É no 9º parágrafo que um elemento da coletânea central para o texto do candidato é introduzido – a Estação de Tratamento de Água I – perto da qual está uma das manchas de óleo. Esse elemento será retomado no 13º parágrafo, em que ficamos sabendo que foi o atual prefeito de Paulínia, candidato à reeleição, que fundou essa estação. No 12º parágrafo, o candidato usa a gravidade de um crime ambiental como um elemento para justificar o estranhamento de Leão frente ao comportamento de Maia. No 15º parágrafo, o óleo, também mencionado ▲ 18 Redação 1ª fase na coletânea, aparece como vestígios dentro de barris, que constituem a prova do crime. Finalmente, um outro elemento da coletânea é acionado: as manchetes de jornal que, na proposta, divul- gavam o crime ambiental, agora divulgam, também em primeira página, o desfecho daquele crime. Vendo um texto tão certinho e que traz tantos dados da coletânea como este, você pode estar se pergun- tando por que não afirmamos que se trata de um texto que cumpre bem a tarefa pedida. A resposta é a seguinte: o texto é, realmente, um pouco acima da média nos quesitos técnicos, como modalidade e coesão (que vêm descritos no Manual do Candidato), mas apresenta uma articulação de conteúdos apenas razoável, com momentos de certa ingenuidade, inclusive. Atente para o fato de Maia ser um grande amigo do detetive Leão. Esse dado, embora tenha uma função, na medida em que justifica o estranhamento de Leão durante o encontro dos dois na delegacia, é totalmente desconsiderado no momento em que Leão algema o Maia. Não houve uma caracterização suficiente do personagem Leão para justificar essa atitude. Ao invés de o candidato descrevê-lo usando bigode, deveria tê-lo descrito como alguém obcecado por justiça, por exemplo, e, no desfecho, mostrar que houve um questionamento, por mínimo que fosse, por parte de Leão antes de prender seu grande amigo. O fato de os dois serem grandes amigos também causa estranhamento em nós, leitores, quando tomamos conhecimento da candidatura de Maia. Leão só fica sabendo que seu grande amigo é candidato a prefeito porque vê cartazes na rua?! Por que será que ficaram tanto tempo sem se falar? Não tiveram tempo pra nenhum café, nenhuma cervejinha, nenhum telefonema...?! Outro dado que não combina com a “grande amizade” dos dois é a tentativa de fuga do Maia no momento em que é flagrado por Leão. Lembre-se de que um dos aspectos considerados na avaliação das redações é a relação entre os elementos presentes no texto. Ora, a articulação dos elementos desse texto é apenas razoável. Veja, também, como é um tanto facilitado o próprio desfecho desta narrativa: quanta ingenuidade a do criminoso em deixar a prova do crime – os barris sujos de óleo – na garagem de sua própria casa, garagem à qual, por sinal, se tem livre acesso. Estranho, não é? Vejamos outra redação: Sexta-feita, 1º de outubro de 1999 A mancha tomava conta do rio pouco-a-pouco. O rapaz, observando tudo, afrouxava a gravata, deu um último trago no cigarro e, embora nesse momento já estivesse sozinho, falou alto – talvez para ver se assim se convenceria – que estava apenas cumprindo ordens. Fora dura a sua jornada até ali. Pessoas como ele não têm opção; se lutam contra o sistema se marginalizam. Ele não seria mais um. O avô havia sido um idealista, o pai, um conformista, e o que conseguiram? Respaldado pela imponência de sua imagem: terno e gravata impecáveis e um quê de altivez no olhar, procurava se convencer de que a Moral existe para subjugar os fracos: a pobreza é nobre; a humildade, dignificante; sofre-se na Terra para ganhar-se o reino dos céus; vive- se em condições sub-humanas para se chegar até Deus. Fracos. Após gerações, ele era o primeiro a ter coragem de dizer não e enxergar a própria realidade, sem pseudo-moralismos. Ele não seria um fraco. Procurava não dar muita vazão ao sentimento que teimava em invadir-lhe a mente quando pensava no pai. “Fraco!”, dessa vez quase gritou. Agora cumpria ordens; amanhã mandaria, era só uma questão de tempo. Sábado, 02 de outubro de 1999 Na redação, o calor era tórrido. O “foca”, ainda desacostumado à rotina acelerada de uma redação de jornal, já pensava no próximo feriado. Os colegas achavam graça, “será que você escolheu a profissão certa?”, perguntavam. Um jornalista não tem fim de semana, nem feriado, mas não era isso o que mais incomodava o foca. A essa altura, tinha realmente dúvidas se havia escolhido a profissão certa, mas menos devido à suposta superatividade que por ver frustrada a imagem que, em seus sonhos juvenis, fazia da profissão; cobriria uma guerra no Golfo pérsico ou nas balcãs; anunciaria, em primeira-mão, notícia envol- vendo um ministro ou chefe-de-Estado; vaticinaria, com autoridade, sobre um possível naufrágio econômico no país. Sua mente trabalhava em um ritmo mais acelerado que sua rotina suportava. Talvez se desse bem como ficcionista. Enquanto isso, ia alimentando uma ou duas histórias na cabeça. Quando o editor pediu que ele fosse conferir a “tal da mancha” no rio, ele foi, com a mesma solicitude indiferente de sempre... Domingo, 03 de outubro de 1999 No dia anterior havia feito inúmeras entrevistas: engenheiros, técnicos, autoridades... Havia a possibilidade de a poluição ter sido intencional, mas tal hipótese, geralmente sussurrada ou dita de modo sorrateiro, parecia causar incômodo. Apenas o “foca” se interessou pela teoria. “Intencional? Mais de cem mil pessoas estão sem água, que, misturada a óleo, compõe um conjunto extremamente tóxico. Mas que espécie de intenção é essa?” O BIP chamava: deveria ir a Paulínia, pois havia uma nova mancha por lá. Segunda-feira, 04 de outubro. Mal o editor deixara a sala, vieram os colegas felicitá-lo pela reportagem: a matéria seria manchete de primeira página. Indiferente à repercussão, o “foca” sentia uma sensação ruim, uma espécie de um mau ▲ Exemplo de redação 21 Redação 1ª fase Comentários Se as empresas não poluíssem os rios a estação de tratamento de água não gastariam muito com o tratamento. Com o rio limpo sem poluição a estação de tratamento teriam menos gastos em materias de tratamen- to da água, podendo cobrar mais barato a água consumida pela população. Esta redação também foi anulada por dois motivos: além de o candidato desconsiderar totalmente “o crime ambiental”, não escreveu um texto adequado ao tipo de texto escolhido: o texto acima não é uma narrativa. A redação foi anulada em Tema e em Tipo de Texto, portanto. Ao ler esta redação, você pode ter ficado com a impressão de que o candidato leu as três propostas de desenvolvimento e, a partir dessa leitura – que, sem dúvida, foi superficial – escreveu alguma coisa sobre água, que, aliás, foi o eixo de toda a prova. Mesmo nos casos em que toda a prova é temática, como ocorreu nos dois últimos anos, deve-se seguir, exclusivamente, as instruções contidas na proposta escolhida. TEMA C Em várias instâncias têm surgido iniciativas que podem resultar em uma nova política em relação à água, até hoje considerada um bem renovável à disposição dos usuários. Abaixo estão trechos de notícias relativa- mente recentes com informações sobre algumas dessas iniciativas. 1. País pode ter agência de água O secretário nacional de recursos hídricos, Raimundo José Garrido, participa na próxima quarta-feira, em Porto Alegre, de um debate sobre a criação da Agência Nacional da Água (ANA). O encontro, que reunirá ainda o jornalista Washington Novaes, o consultor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Affonso Leme Machado, e o Secretário do Meio Ambiente do Estado, Cláudio Langoni, faz parte da 6ª Semana Intera- mericana da Água. O evento vai se estender de hoje até o dia 9, em 200 municípios gaúchos, com atividades ligadas à educação ambiental, painéis, exposições, mutirões de limpeza de rios e riachos, entre outras. Mais de 50 entidades públicas e privadas, incluindo o governo do Rio Grande do Sul, a prefeitura de Porto Alegre, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, participam da iniciativa. (Campinas, Correio Popular, 02/10/99) 2. Países concordam que, para evitar escassez, a água não pode ser gratuita Paris – Uma conferência das Nações Unidas sobre gestão das escassas reservas de água doce do mundo concluiu ontem que a água deveria ser paga como commodity*, ao invés de ser tratada como um bem essen- cial a ser fornecido gratuitamente. A reunião de três dias, da qual participaram ministros do meio-ambiente e autoridades de 84 países, concluiu que os custos deverão permanecer baixos e que o acesso à água doce deveria ser assegurado aos pobres. O apelo feito ao final da reunião, no sentido de maior participação das forças do mercado, motivou uma nota de cautela do primeiro ministro socialista [francês], Lionel Jospin, que se dirigiu à assembléia em seu último dia. Jospin enfatizou a necessidade de prudência quando se trata de uma substância que não é “um produto como outro qualquer”. “Vocês renunciaram à velha crença, que se manteve por muito tempo, de que a água somente poderia ser gratuita porque cai do céu”, disse ele. Mas ele frisou que a mudança para uma forma de lidar com a água mais orientada para o mercado “deve ser prudente”. (www.igc.apc.org/globalpolicy/socecon/envromnt/water.htm) * commodity: mercadoria, produtos agrícolas ou de extração mineral 3. Enquanto os ambientalistas preocupam-se em mobilizar a opinião pública e sensibilizar governos, os legis- ladores querem enquadrar os abusados nas normas da lei. Aprovada há dois anos, mas ainda carente de regulamentação, a Lei do Uso das Águas (9.433) disciplina a exploração dos recursos hídricos do país. Ela prevê cobrança de taxas adicionais aos grandes usuários (como hidrelétricas), aos poluidores e às indústrias que exploram a água economicamente ou na produção de algum produto. Outra lei, mais rigorosa e punitiva, é a 9.605, em vigor há mais de um ano: quem poluir os rios, mananciais e devastar as florestas poderá sofrer detenção de até cinco anos e multas de até R$ 50 milhões. (João Marcos Rainho, “Planeta água”, in: Educa- ção, ano 26, n. 221, setembro de 1999, pp. 57-8) 4. A força política dos que promovem a concentração populacional nas áreas de mananciais é grande. (...) A demonstração dessa força política está nas muitas mudanças da lei de Proteção dos Mananciais de 1975. A maior dessas alterações que abrandaram a lei ocorreu em 1987, com a desculpa de que era necessária para atender “à realidade criada pela ocupação desordenada”. Mas cabe a pergunta: quem permitiu essa ocupa- ção? As prefeituras locais, sem dúvida, mas também a Secretaria de Meio Ambiente, por falta de vigilância. (“Mananciais contaminados”, in: O Estado de S. Paulo, 17 /10/99, p. A3) ▲ 22 Redação 1ª fase Comentários sobre o Tema C Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água (ANA). A carta deverá argumentar a favor da criação do novo órgão que, como a ANP, a ANATEL e a ANEEL, terá a finalidade de definir e supervisionar as políticas de um setor vital para a sociedade. Nessa carta, você deverá sugerir ao congressista pontos de um programa, a ser executado pela Agência Nacional da Água, programa que deverá incluir novas formas de controle. ANP: Agência Nacional do Petróleo; ANATEL: Agência Nacional das Telecomunicações; ANEEL: Agência Na- cional de Energia Elétrica Atenção: ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar. No Tema C-2000, o candidato deveria escrever uma carta argumentativa a um congressista contrário à criação da Agência Nacional da Água, procurando convencê-lo da importância de tal agência. Para isso, a proposta temática fornecia uma coletânea de textos que abordavam a questão do gerenciamento da água sob vários aspectos. Havia informações e fatos relacionados a algum tipo de controle da água, a partir dos quais o candidato poderia argumentar para convencer o congressista da necessidade da ANA, além de poder extrair dali pontos de uma possível proposta de programa para a ANA, já que parte da tarefa pedida era justamente propor os pontos de um programa para a nova agência. Um bom leitor poderia encontrar ali argumentos para redigir seu texto persuasivo, como o fizeram alguns candidatos. Gostaríamos de esclarecer que o que se espera como resposta a esta tarefa específica não é simplesmente uma carta, mas uma carta argumentativa dirigida a um interlocutor definido, que deverá ser convencido (ou persuadido) de determinada questão. Para fazer isso, você deve identificar, em primeiro lugar, quem é o seu interlocutor e, em segundo lugar, a questão que está sendo abordada, bem como os argumentos, opiniões ou pontos de vista sobre essa questão que aparecem na coletânea. Em seguida, você deve selecionar, dentre os argumentos, opiniões ou pontos de vista identificados, aqueles que melhor se prestam à análise que você pretende fazer da questão, e trazer outros argumentos do seu conhecimento que sejam pertinentes à questão discutida e integrá-los ao seu texto. Além disso, escrever uma carta argumentativa não significa apenas argumentar defendendo um ponto de vista, mas, sobretudo, é preciso direcionar a argumentação ao interlocutor definido pela prova. No Vestibular 2000, a carta argumentativa deveria ser endereçada a um congressista; você poderia se perguntar: mas que congressista? a que partido político pertencia? qual sua posição ideológica com relação aos diversos proble- mas do Brasil? por que ele era contrário à criação da ANA? quais as razões concretas para tal postura? E, pensando em cada uma das possíveis respostas às perguntas acima, você deveria construir a imagem do “seu” congressista. Veja que a tarefa argumentativa seria outra se você tivesse que escrever para: (1) um ambientalista, ligado a causas ecológicas; (2) um amigo que precisasse ser convencido a assinar um abaixo-assinado em favor da nova agência; (3) um gerente de uma indústria que estivesse poluindo rios; (4) o presidente do Departamento de Água e Esgoto de sua cidade. O que queremos enfatizar é que a construção de uma carta argumentativa é mais facilmente bem sucedida quando você, além de relacionar bem os argumentos extraídos da coletânea e do seu conhecimento de mundo, explora as características que conhece do seu interlocutor. Foi uma estratégia inteligente a daqueles candidatos que, de antemão, definiram seu interlocutor – seja tendo escolhido um que conhecessem, seja “criando” um deputado ou senador com determinadas caracterís- ticas, desde que coerentes com a única informação dada na prova: a de que o congressista era contrário à criação da ANA. A seguir, há três exemplos de redações em que os candidatos, apesar de cumprirem a tarefa pedida, exploraram a imagem de seu interlocutor em graus diferentes. Ribeirão Preto, 28 de novembro de 1999. Deputado Sílvio Golveia. Leio sempre revistas e jornais e li sobre o seu posicionamento contrário a criação da Agência Nacional da Água (A.N.A.). Sou estudante e sempre procuro saber sobre os problemas ambientais e seus reflexos na natureza e nas sociedades futuras; fico profundamente decepcionado com atitudes como a do senhor, que me parece não se preocupar com os problemas que poderiam ser evitados num futuro próximo com a implantação da A.N.A. A sua integridade é posta em questionamento quando se volta contra um projeto tão nobre. Não há justificativas nem argumentos para esse seu posicionamento e a única alternativa que resta à população é ▲ Exemplo de redação 23 Redação 1ª fase Comentários desconfiar que por trás dessa decisão, há relações políticas ou algum interesse financeiro pressionando o senhor. Se o senhor quer projeção política, imagine o marketing que o senhor não teria se ajudasse e desse idéia a esse projeto de controlar e inspecionar o uso da água, a qual terá grande problema de escassez se nada for feito nesse sentido de controle. Como idéia, o senhor poderia propor não a taxação, mas a conscientização da população para não desperdiçá-la, o que seria muito mais eficiente, uma vez que cobrar água num país de maioria pobre e que em algumas áreas a população nem tem acesso a ela é inviável, além de que, informar e conscientizar é uma medida que servirá não só para a preservação da água, mas para qualquer outro recurso ambiental e ecológico. O senhor seria visto com muito mais respeito, aderindo-se à esse projeto, e estaria assim respondendo à duas ambições suas; a de se ver bem quisto pelas pessoas e a de atender à sua consciência que, tenho certeza, quer um mundo melhor para seus descendentes e que se preocupa com o destino desse bem vital que é a água. Desculpe pela minha franqueza, mas é que eu me preocupo muito com os recursos ambientais e sei da sua importância para a manutenção da vida. Respeitosamente, J.G.J.N. O candidato que escreveu essa redação sabia muito bem que estava escrevendo uma carta a um congres- sista. Daí ter “criado” um deputado – Sílvio Golveia – e ter construído uma imagem de um político envolvido em interesses financeiros e buscando projeção política. Na opinião do candidato, seriam essas as prováveis justificativas pelas quais o deputado seria contrário à criação da ANA. Veja que a primeira parte da construção de uma carta argumentativa foi feita corretamente pelo candidato. Vejamos, então, se ele conseguiu explorar bem essa imagem do deputado e quais foram os argumentos por ele utilizados para convencer Sílvio Golveia a mudar de idéia com relação à criação da ANA, já que a tarefa pedida não é somente uma carta, mas uma carta argumentativa! Primeiramente, a ANA poderia evitar problemas ambientais no futuro, se fosse implantada (1º parágrafo). Tendo em mente a projeção política almejada pelo deputado, o candidato aponta o marketing que poderia alcançar se apoiasse o projeto de controlar e inspecionar o uso e a poluição da água (3º parágrafo). Em seguida, sugere que seria melhor propor a conscientização da população do que a cobrança de taxas para evitar o desperdício da água (4º parágrafo). E conclui que, fazendo isso, o deputado será visto com muito mais respeito. Perceba que, embora o candidato não tenha apresentado nenhuma informação errada a respeito do super- visionamento da água, sua carta não tem força argumentativa, na medida em que os argumentos utilizados são ingênuos; observe que até mesmo no único momento do texto em que ele efetivamente sugere pontos para o programa da ANA, momento que exige argumentos extremamente consistentes, ele é ingênuo: ao justificar a conscientização e não a taxação (cobrança pelo uso da água) com base no fato de o Brasil ser um país de maioria pobre, o candidato desconsidera o fato de que, em grande parte, é a minoria – rica – que mais utiliza água e, muitas vezes, a desperdiça e a polui, com suas indústrias, por exemplo e que poderia haver cobrança de acordo com a quantidade de água utilizada. Outro momento de ingenuidade ocorre quando, diante da imagem do político que deseja projeção política, o candidato apresenta o marketing político como tentativa de convencimento, não especificando, porém, como tal projeto colaboraria na formação de uma imagem mais positiva do deputado. Não estamos querendo dizer que isso seja uma razão para penalizar a redação: trata-se de um desempe- nho apenas razoável. O candidato cumpriu a tarefa: escreveu a um congressista; procurou argumentar no sentido de convencê-lo a mudar de idéia e propôs algumas atividades a serem executadas pela ANA. O que questionamos é se o deputado ficaria convencido com esse tipo de argumentação, baseada no senso comum e, até certo ponto, um pouco apelativa. Se ele tivesse fundamentado melhor sua argumentação, ou se tivesse escolhido outros argumentos não tão próximos do senso comum, ou ainda, se tivesse explorado a imagem que fez de seu interlocutor, provavelmente sua redação teria um desempenho melhor. São Paulo, 28 de novembro de 1999. Senhor deputado Cézar Campos, Soube, por meio de jornais e revistas, que o senhor é contrário à criação da ANA (Agência Nacional de Água), alegando que seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”. Como cidadã, concor- do com o senhor: há inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos. Porém, como Engenheira Sanitária, vejo a necessidade de intensificar as políticas de proteção ambiental de todas as maneiras possíveis. ▲ ▲ Exemplo de redação 26 Redação 1ª fase Comentários Exemplo de redação anulada se no poder graças aos votos angariados em sua seca região, através de promessas demagógicas a respeito do problema da seca. Trata-se, segundo o candidato, de interesses próprios que fariam Inocêncio de Oliveira ser contrário à criação de uma agência nacional da água. Aos interesses particulares do deputado do PFL, o candidato contrapõe a iniciativa da criação da ANA, relacionada a um movimento mundial que visa ao melhor gerenci- amento das fontes de água doce e seu aproveitamento racional, ligada, portanto, a interesses gerais da população. Nesse sentido, o candidato aponta a falta de noção do valor da água de Inocêncio de Oliveira, que não a estaria valorizando em virtude de valores ideológicos próprios e não estaria percebendo que o que move a iniciativa da criação da ANA faz parte de um projeto global de valorização da importância da água: trata-se de uma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo uma discussão mundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria a corroborar essa tendência mundial. E nesse momento do texto (3o parágrafo), o candidato apresenta os pontos do programa que seria executado pela ANA, integrando várias informações extraídas da coletânea. Pode-se dizer que o desempenho deste candidato está bem acima da média, se comparado com o universo dos candidatos. O fato de ele construir uma imagem de seu interlocutor e explorá-la argumentativamente, isto é, o fato de construir a imagem de um deputado demagogo, eleito a partir de uma região de seca do Nordeste, torna verossímil que tal deputado seja contrário a políticas que visem a um melhor aproveitamento das fontes de água existentes no país, dado que isso poderia ameaçar a manutenção de seus privilégios. Ora, a postura ideal de um político sério seria a de procurar representar os interesses da população que o elegeu e não é isso o que o deputado faz, ao negar a criação da ANA. Na argumentação do candidato, fica claro que a criação da ANA estaria vinculada diretamente, como apontamos acima, aos interesses gerais da população, tendo em vista os diferentes benefícios que tal agência poderia gerar. Campinas, 28 de novembro de 1999. Deputado Carlos, Li com muita atenção algumas notícias públicadas em vários jornais sobre a falta de água no país, mais já estão discutindo sobre a criação da Agência Nacional da Água, isso não é tão importante. O que deveria ser feito é a criação de um novo órgão como a Agência Nacional do Petróleo, porque observamos que no século em que estamos existem muitos automóveis circulando e gastando petróleo. Sabemos que daqui à alguns anos não terá mais petróleo para todos esses carros. Devido este fato o Senhor deveria organizar uma reunião com os outros políticos para discutir sobre esse novo órgão, para que daqui à alguns anos não correr perigo dos automóveis ficarem parados sem ter combustíveis. Deputado o Senhor já imaginou tendo um carro em casa e não poder usá-lo por falta de petróleo. Deputado a criação da Agência Nacional da Água não é importante pois à água cai do céu e o petróleo não. Gostaria que o Senhor batalhasse para a criação da Agência Nacional do Petróleo seja feita. Atenciosamente, M.O.S. Uma surpresa para a Banca foi a recorrência de um equívoco de leitura do enunciado da prova que fez com que alguns candidatos se confundissem e escrevessem contrariamente à criação da ANA. O enunciado dizia: Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água... (grifo nosso) Os candidatos que cometeram o equívoco leram “contrário” como “contrariamente” e associaram tal “ad- vérbio” ao verbo “redija”; daí redigirem uma carta argumentando contrariamente à criação da ANA. O que se espera, no entanto, é que os candidatos sejam capazes de reconhecer os diversos registros da língua portugue- sa e que tenham domínio da linguagem padrão utilizada na escrita. Perceba que a redação acima reflete bem a leitura equivocada do enunciado, na medida em que o candi- dato, além de negar a criação da Agência Nacional da Água, propõe a criação de um “novo órgão”: a ANP. Nesse momento o candidato revela um novo equívoco de leitura, decorrente daquele. No enunciado da prova, a Agência Nacional da Água é retomada por “novo órgão”; o candidato, porém, lê “novo órgão” não como expressão que se referia à ANA e, portanto, propõe um novo órgão. Campinas, 28 de novembro de 1999 Ilmo. Raimundo José Garrido, Atualmente a criação da Agência Nacional da Água é de fundamental importância para o país, já que ▲ Exemplo de redação anulada 27 Redação 1ª fase esse elemento vem se tornando cada vez mais escasso no mundo inteiro, apesar de ser muito abundante em algumas regiões do Brasil, uma quantidade considerável está poluída. Vários programas para preservação e controle poderiam ser criados. A Agência iria fiscalizar e multar ou até fechar empresas que estariam jogando dejetos sem tratamento adequado nos rios e corregos, pois grande parte da poluição vem de indústrias e fábricas, pois atualmente não há nenhum orgão do governo fiscalizando essas irregularidades e se há, estão atuando muito precariamente. A Agência Nacional da Água trabalhará junto com o Ibama, para proteger as matas siliares de nascen- tes rios e corregos para evitar o assoreamento destes. Ela gerenciará programas para irrigação no nordeste, já que atualmente isso é pouco explorado no nosso país. Isso ajudaria a diminuir a fome e a miséria no sertão nordestino e como conseqüência a diminuição da pobreza nessa região. A Agência dará apoio a pesquisas para uma melhor utilização de recursos hídricos, pois assim teremos como aproveitar melhor a água e tratá-la para reaproveitar ela de um modo mais eficiente. Desenvolver também projetos para recuperar rios poluidos e recuperar a vida que eles possuiam antes. Tentar descobrir como retirar água do subsolo, já que o pais possui uma das maiores reservas de água do mundo, mas essa grande reserva se encontra no subsolo. Outro fator importante é desenvolver essas pesquisas e projetos dentro de faculdades e centros de pesquisas brasileiros, pois ajuda o país a se desenvolver e a poupar dinheiro. A água é um recurso fundamental para a vida de todas as espécies e seres vivos da terra. Obrigado pela atenção, RAC Quando se fala em carta argumentativa, espera-se que o interlocutor não seja esquecido, isto é, que ao longo do texto a interlocução seja mantida. É lamentável encontrar casos como a redação acima, em que o candidato escreve uma dissertação, utilizando até mesmo bons argumentos que convenceriam qualquer um da posição defendida. É justamente aqui, porém, que reside um dos problemas: com a carta argumentativa, você deverá convencer o seu interlocutor – e apenas ele – sobre o que se pede, e não qualquer um (leitor universal) como acontece quando se escreve uma dissertação. Não bastam a data, o cabeçalho e a despedida para haver uma carta. É fundamental não esquecer, ao longo do texto, que você está escrevendo para uma única pessoa e isso significa que deverá utilizar as chamadas marcas de interlocução (vocativos, pronomes) que configuram uma espécie de “diálogo” entre os interlocutores: você e o destinatário de sua carta. Tenha em conta que não é o fato de o candidato ter assinalado que desenvolveria um dos tipos de texto que garante que seu texto está de acordo com o tipo de texto escolhido. Também não cabe ao leitor do texto decidir se ele teria feito uma dissertação, uma carta ou uma narrativa sobre um dos temas propostos. O próprio texto precisa garantir isso, ou seja, precisa conter os elementos característicos do tipo de texto escolhido. Um último esclarecimento Freqüentemente, chega até nós a seguinte questão: é preciso utilizar “corretamente” o pronome de trata- mento na carta argumentativa? Resposta: Não necessariamente. Se você não souber qual o pronome de tratamento adequado para se dirigir a um congressista, por exemplo, pode chamá-lo de “prezado senhor”, “caro congressista”, “senhor deputado” etc. Não perdem pontos os candidatos que não “acertam” o pronome de tratamento; é muito importante que você entenda que a tarefa pedida tem como objetivo avaliar a capacidade de argumentar no sentido de persuadir um interlocutor definido e que não estamos interessados, como já dito na Introdução, em surpreender ninguém com “pegadinhas” desse gênero... Conclusão Estamos certos de que agora você está mais tranqüilo em relação à prova de Redação do Vestibular Unicamp! Se, apesar de mais tranqüilo, você ainda tiver alguma dúvida a respeito dos princípios do Vestibular Unicamp ou especificamente sobre a prova de Redação, ou ainda se quiser ler tudo o que já foi publicado sobre a Redação no Vestibular Unicamp, segue a lista das publicações: Vestibular Unicamp, Redação, 1993; Vestibular Unicamp, Questões Comentadas do Vestibular 94, 1994; Vestibular Unicamp, Questões Comentadas do Vestibular 95; 1995 – Editora Globo, S/A; Caderno de Ques- tões, 97, 98 e 99. Bom trabalho! ▲ SN, Ta PARA OS VESTEULARES banespa Er 2 Questões 1º fase / ; aê ani ad | RE E E a Es - Ai 31 Questões 1ª fase Resposta esperada Comentários Exemplo de nota acima da média Exemplo de nota abaixo da média QUESTÃO 2 Leia com atenção a tira abaixo: a) Calvin não entende por que precisa estudar os morcegos. Esses animais, porém, têm funções biológicas importantes nos ecossistemas. Cite duas dessas funções. b) Calvin acredita que os morcegos são insetos porque, além de considerá-los nojentos, eles voam. No entanto, o que ele não sabe é que asas de insetos e de morcegos não são estruturas homólogas mas análogas. Qual a diferença entre estruturas análogas e homólogas? c) Dê duas características exclusivas da classe a que pertencem os morcegos. a) polinização, insetivoria, dispersão de sementes, transmissão de várias doenças. (2 pontos) b) Homólogo – mesma origem embrionária. Análogo – mesma função; origem embrionária diferente. (2 pontos) c) pêlos; mamas; glândulas sudoríparas; ouvido interno; mandíbula com dois ossos; dentes diferenciados ao longo da mandíbula. (1 ponto) a) Transportam energia para os ecossistemas afóticos (cavernas), ou seja, levam sementes em seus estôma- gos que ao serem defecadas servem como alimento para espécies ali residentes. Ajudam na dispersão de sementes de certas espécies vegetais. b) As estruturas homólogas possuem mesma origem embrionária e, portanto, possuem semelhança anatô- mica. As análogas não tem mesma origem embrionária mas desempenham a mesma função. Os homó- logos podem ou não ter analogia funcional. c) glândulas mamárias e presença de pêlos. a) Principalmente os morcegos frutíferos (aqueles que se alimentam de frutos) são bons “cultivadores” de novas árvores, quando alimentam-se espalham diversas sementes sobre diversos lugares. Pela maioria dos morcegos viverem em cavernas, e como as cavernas possuem um ecossistema muito frágil, devido a diversos fatores como a luz solar, temperatura, pode não parecer verdade, mas as fezes dos morcegos possuem um papel muito importante para o cultivo de bactérias necessária naquele ambiente. b) Estruturas homólogas possuem características iguais, ou seja, no processo de evolução de um ser, eles passam a ter espécies diferentes mas características iguais como a asa de um pato e a asa de uma águia (características homólogas). Porém as asas de um morcego é análoga quanto a de um inseto pois são totalmente diferentes apesar de serem asas. c) Os morcegos são artrópodos, mamíferos cobertos por pêlos, alguns se alimentam de sangue, carnívoros ou frutiferos, são seres que não podem afetar o homem e não são maléficos ao homem. Pelo desempenho dos candidatos, pode-se afirmar que esta questão apresentou um nível de dificuldade elevado, pois 57,6% obtiveram nota 0 ou 1, ou a deixaram em branco, enquanto 7,5% obtiveram nota 4 ou 5. Apesar da dificuldade, foi uma questão que discriminou de maneira adequada os candidatos. O item c desta questão, considerado o de menor dificuldade, foi geralmente bem respondido, muitas vezes com respostas surpreendentes para um aluno do ensino médio (como por exemplo: orelha). Isto ocorreu também com o item a no qual muitas vezes o candidato respondia com conhecimento ecológico bastante especializado (ver item a do exemplo de nota acima da média). Notou-se que os candidatos estão adquirindo conhecimento além da sala de aula. No item b, um erro muito freqüente foi definir estruturas homólogas como de “mesma origem com funções diferentes”. (O Estado de S. Paulo, 08/09/99) 32 Questões 1ª fase Resposta esperada Comentários Exemplo de nota acima da média Exemplo de nota abaixo da média QUESTÃO 3 O tratamento da água é fruto do desenvolvimento científico que se traduz em aplicação tecnológica relativa- mente simples. Um dos processos mais comuns para o tratamento químico da água utiliza cal virgem (óxido de cálcio) e sulfato de alumínio. Os íons alumínio, em presença de íons hidroxila, formam o hidróxido de alumínio que é pouquíssimo solúvel em água. Ao hidróxido de alumínio formado adere a maioria das impu- rezas presentes. Com a ação da gravidade, ocorre a deposição dos sólidos. A água é então separada e encaminhada a uma outra fase de tratamento. a) Que nome se dá ao processo de separação acima descrito que faz uso da ação da gravidade? b) Por que se usa cal virgem no processo de tratamento da água? Justifique usando equação(ões) química(s). c) Em algumas estações de tratamento de água usa-se cloreto de ferro(III) em lugar de sulfato de alumínio. Escreva a fórmula e o nome do composto de ferro formado nesse caso. a) decantação ou sedimentação (1 ponto) b) CaO + H2O = Ca 2+ + 2 OH– (1 ponto) Al3+ + 3 OH– = Al(OH)3 (1 ponto) ou CaO + H2O = Ca (OH)2 3 Ca (OH)2 + Al2(SO4)3 = 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4 ou 3 CaO + Al2(SO4)3 + 3 H2O = 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4 c) Fe(OH)3 (1 ponto) hidróxido de ferro III ou hidróxido férrico (1 ponto) a) O processo de separação é a decantação. b) Pois a cal virgem reage com o sulfato formando um sólido e decantando: 2 CaOH + Al2SO3 = Al2(OH)2 + Ca SO3 c) Cl2Fe3 + 2 CaOH = Cl2(OH)2 + Ca2Fe3 Composto de ferro formado é o Ca2Fe3 : cálcio férrico II. a) Decantação b) CaO + H2O → Ca(OH)2 Ca(OH)2 (aq) → Ca 2+ + 2 OH- Al2(SO4)3 (aq) → 2Al 3+ + 3SO4 2- 3Ca(OH)2 (aq) + Al2(SO4)3 (aq) → 3CaSO4 + 2 Al(OH)3 ↓ c) Fe(OH)3 hidróxido de ferro III Trata-se de questão que examina, dentro de um contexto de grande importância, o conhecimento de procedimentos de separação, nomenclatura e formulação química simples, conceito ácido-base de Arrhenius, equações químicas e estequiometria. O desempenho médio (1,62) calculado no universo dos candidatos é um significativo indicador da situação do ensino de Química no grau médio. A média calculada considerando os aprovados é igual a 2,52. O item a, particularmente, por corresponder a um procedimento bastante familiar, que é a decantação, deveria, por si só, garantir uma nota mínima igual a 1. De fato, a nota típica da questão (moda) foi igual a 1, referente ao acerto deste item. QUESTÃO 4 No tratamento da água, a fase seguinte à de separação é sua desinfecção. Um agente desinfetante muito usado é o cloro gasoso que é adicionado diretamente à água. Os equilíbrios químicos seguintes estão envolvidos na dissolução desse gás: Cl2 (aq) + H2O(aq) = HClO (aq) + H + (aq) + Cl – (aq) (I) HClO(aq) = ClO – (aq) + H + (aq) (II) A figura a seguir mostra a distribuição aproximada das concentrações das espécies químicas envolvidas nos equilíbrios acima em função do pH. a) Levando em conta apenas as quantidades relativas das espécies químicas presentes nos equilíbrios acima, é correto atribuir ao Cl2(aq) a ação bactericida na água potável? Justifique. 33 Questões 1ª fase Resposta esperada Comentários Exemplo de nota acima da média Exemplo de nota abaixo da média b) Escreva a expressão da constante de equilíbrio para o equilíbrio representado pela equação II. c) Calcule o valor da constante de equilíbrio referente à equação II. a) Não, pois a concentração de cloro é muito pequena no pH da água potável. (2 pontos) b) K = [ClO– ] [H+] / [HClO] (1 ponto) c) K = ( [ClO– ] / [HClO] ) 1 x 10–8 = 1 x 10–8 (2 pontos) a) Não, pois a sua concentração no ph normal é muito pequena, na realidade quem realmente desinfecta a água é o HClO. b) v1 = k [HClO], v2 = k ’ [ClO– ] [H+] k [HClO] = k’ [ClO-] [H+] k/ k’ = [ClO– ] [H+] / [HClO], k/ k’ = Kc Kc= [ClO– ] [H+] / [HClO] c) No ph = 8, [H+] = 10–8 [ClO– ] = [HClO], Kc = 10–8 a) É correto atribuir a ação bactericida ao Cl2 pois ajudam a combater as impurezas na água presentes. b) Kc = [ClO– ] [H+] / [HClO] c) A constante de equilíbrio é 1. Esta questão, uma continuação da anterior, consistia, essencialmente, na leitura do gráfico que indica as concentrações das espécies envolvidas no equilíbrio químico mostrado, em função do pH. O item b correspon- de apenas ao conhecimento do que é uma constante de equilíbrio e foi introduzido com a intenção de abrir caminho para a resolução do item c. A primeira pergunta era muito fácil de ser respondida pois bastava uma leitura do gráfico. A água potável apresenta pH próximo de 7 e, nestas condições, todo o cloro gasoso já se transformou em hipoclorito, segundo o gráfico e de acordo com os equilíbrios I e II. É interessante que muitos candidatos fizeram a leitura das abcissas como se estas representassem o desenrolar da reação e responderam que o cloro, à medida que é adicionado à água, vai aumentando o pH da mesma e se transforma em hipoclorito, o que está errado. Outros responderam que, como se sabe, é o hipoclorito que tem ação bactericida e não o cloro. Esta resposta não pode ser considerada certa pois o candidato não usou os dados fornecidos pela questão mas, apenas, a sua memória; para responder deste modo não usou nem os equilíbrios fornecidos e nem o gráfico. O item c foi aquele que apresentou a maior dificuldade, apesar da sua simplicidade. A pergunta premiou aqueles candidatos que entenderam o significado de equilíbrio químico. Com este entendimento, não terão levado mais do que um minuto para respondê-la. O desempenho na questão foi bastante baixo e não foi menor devido ao item b que exigia apenas o conhecimento da expressão da constante de equilíbrio, o que é muito conhecido dos candidatos, conduzindo à nota típica (moda) igual a 1. A média geral foi igual a 0,66 considerando os candidatos e 1,03 considerando os aprovados. QUESTÃO 5 “O meio geográfico em via de constituição (ou de reconstituição) tem uma substância científico-tecnológico- informacional. Não é um meio natural, nem meio técnico. A ciência, a tecnologia e a informação estão na C on ce nt ra çã o / m ol L –1 0 2 4 6 8 10 12 pH [Cl2] [ClO– ] [HClO] 36 Questões 1ª fase Comentários Exemplo de nota acima da média Exemplo de nota abaixo da média a) Os moradores alegam que não têm dinheiro para comprar casas em outros lugares, nem têm como pagar aluguéis. Outros dizem que foram enganados por pessoas que venderam lotes nessas áreas, ou culpam o governo pelo desemprego. b) Esse tipo de ocupação polui ainda mais as represas e destrói a vegetação das áreas dos mananciais, prejudicando-as. c) As políticas públicas foram insuficientes porque o governo não tem como fiscalizar toda a área as mar- gens das represas e mananciais. Além disso, o governo não tem onde colocar as pessoas que moram às margens das represas, pois sua política de habitação também é insuficiente. a) As justificativas são o fácil acesso as águas e uma condição de vida melhor. b) Os problemas são a poluição destas margens e as modificações ambientais que eles podem provocar vivendo ali. c) Porque os problemas ambientais não permitiram. Os candidatos não tiveram muitas dificuldades com esta questão (média 2,23), que pôde ser considerada uma das mais fáceis da prova, juntamente com as questões 5 (Geografia) e 9 (História), com médias seme- lhantes. Como já assinalamos anteriormente, somente a questão 12 (Matemática) foi mais fácil que elas. Dentre os candidatos selecionados para a segunda fase, a média foi 2,65. Como na questão anterior e de acordo com uma tendência mais geral, os candidatos inscritos na área de Biológicas obtiveram as maiores médias: 2,29 para os inscritos e 2,81 para os aprovados e as menores ficaram com os candidatos da área de artes: 1,96 e 2,33, respectivamente. Dentre os inscritos, 43% dos candidatos obtiveram notas acima de 3. Para os aprovados a porcentagem de notas acima de 3 é de 57%. A porcentagem de zeros foi, também, insignificante: apenas 9,8% dos inscritos obteve esta nota. A maior dificuldade dos candidatos ao responder questões como esta – que tratam de problemas urbanos, de condições de vida e sobrevivência nas cidades, é a de avançar em relação ao senso-comum. Muitas vezes, a problemática envolvida está muito próxima do cotidiano dos vestibulandos, o que leva muitos a responderem a questão a partir de sua vivência pessoal, o que, em geral, é muito pouco. Outros devem imaginar que, a partir de um raciocínio mais ou menos lógico e linear, podem chegar à resposta correta. Assim, já que se trata de ocupação de áreas de mananciais, afirmam que as pessoas mudaram-se para lá motivados pela existência de água para o consumo obtida gratuitamente, o que vai diminuir as despesas com a sobrevivência. Outros, a partir do mesmo raciocínio, imaginam que o que atraiu as pessoas para a área de manancial foi a possibilidade de obter lazer através da prática de esportes em área aprazível. Sem dúvida, isto também é possível; são inúmeros os loteamentos de alto e médio padrão nessas áreas, planejados anteriormente à promulgação de legislação restritiva. Mas, sem dúvida, não são estes loteamentos que podem explicar a existência de 1,5 milhão de pessoas vivendo às margens das represas Billings e Guarapiranga, como está enunciado na ques- tão. Portanto, uma resposta correta, no item a, precisa fazer referência aos problemas sociais que empurram os moradores das cidades para as áreas clandestinas: pobreza, desemprego, dificuldade de pagar os altos preços dos aluguéis ou da compra de um imóvel, em áreas melhor situadas devido à grande valorização da terra urbana, terrenos mais baratos, loteadores inescrupulosos que vendem terras em áreas sabidamente clandestinas, sem divulgar a informação aos compradores, existência de favelas ou de ocupações (invasões de áreas vazias e desocupadas que, sendo do poder público, seriam mais facilmente desapropriadas), antiga da área, quando não existia ainda uma legislação impedindo ou regulamentando esta ocupação. O item b foi o de mais fácil resolução: a poluição das águas, tornando-as impróprias para o abastecimento da população, encarecendo o processo de tratamento para torná-las potável e o desmatamento das áreas ribeirinhas foram as respostas mais encontradas . Os candidatos para responder o item c, em geral, valeram-se do mesmo tipo de raciocínio linear empregado para responder o primeiro item, como por exemplo: O governo quer controlar, mas não consegue. Muita gente morando nestas áreas, acaba com o problema de moradia para o governo, mas começa outro, o da poluição. Foi entretanto, expressiva a quantidade de candidatos que responderam este item de forma satisfatória, isto é referindo-se às dificuldades de implementação de políticas públicas conseqüentes, pra a resolução dos proble- mas sociais de forma mais abrangente. A menção às políticas habitacionais ineficientes face ao crescente au- mento da pobreza nos grandes centros seria a melhor alternativa para dar uma resposta correta para este item. 37 Questões 1ª fase Resposta esperada Exemplo de nota abaixo da média QUESTÃO 7 O gráfico abaixo representa, em função do tempo, a altura em relação ao chão de um ponto localizado na borda de uma das rodas de um automóvel em movimento. Aproxime π ≅ 3,1. Considere uma volta comple- ta da roda e determine: a) a velocidade angular da roda; b) a componente vertical da velocidade média do ponto em relação ao chão; c) a componente horizontal da velocidade média do ponto em relação ao chão. a) ω = 2π = 2 x 3,1 = 62 rad/s (2 pontos) • Aceitamos 600 rpm, 10 rps ou 3600 °/s b) Vy = ∆y = 0 = 0 (1 ponto) c) Vx = ∆x = 2πr = 2 x 3,1 x 0,3 = 18,6 m/s ou v = ωr = 62 x 0,3 = 18,6 m/s (2 pontos) Exemplo de nota acima da média ∆t 0,1 ∆t ∆t ∆t ∆t 0,1 A ltu ra ( m ) 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,1 0,2 0,3 tempo (s) 38 Questões 1ª fase Resposta esperada Exemplo de nota acima da média Comentários Questão que explora o conceito de velocidade média, fundamental em cinemática, e que não deve ser confundido com a média das velocidades. QUESTÃO 8 Uma usina hidrelétrica gera eletricidade a partir da transformação de energia potencial mecânica em ener- gia elétrica. A usina de Itaipu, responsável pela geração de 25% da energia elétrica utilizada no Brasil, é formada por 18 unidades geradoras. Nelas, a água desce por um duto sob a ação da gravidade, fazendo girar a turbina e o gerador, como indicado na figura abaixo. Pela tubulação de cada unidade passam 700 m3/s de água. O processo de geração tem uma eficiência de 77%, ou seja, nem toda a energia potencial mecânica é transformada em energia elétrica. Considere a densidade da água 1000 kg/m3 e g = 10 m/s2. a) Qual a potência gerada em cada unidade da usina se a altura da coluna d’água for H = 130 m? Qual a potência total gerada na usina? b) Uma cidade como Campinas consome 6x109 Wh por dia. Para quantas cidades como Campinas, Itaipu é capaz de suprir energia elétrica? Ignore as perdas na distribuição a) P = η = η = ηρ gh = 0,77 x 1000 x 700 x 10 x 130 = 7,0 x 108 W (2 pontos) Ptot = 18 x 7,0 x 10 8 W = 1,26 x 1010 W ≅ 1,3 x 1010 W (1 ponto) b) PCampinas = = x 10 9 W = 2,5 x 108 W NCampinas = ≅ 52 Campinas ou NCampinas = ≅ 50 Campinas ou NCampinas = ≅ 52 ou 50 Campinas (2 pontos) ∆E ∆t ∆mgh ∆t ∆V ∆t 6 x 109 Wh 24h 1 4 1,3 x 1010 2,5 x 108 1,26 x 1010 2,5 x 108 3,1 x 1011 6 x 109 ▲ Turbina/Gerador Barragem Água ▲ ▲ H 41 Questões 1ª fase Resposta esperada Resposta esperada Comentários Exemplo de nota acima da média Exemplo de nota abaixo da média No item a não se esperava uma resposta dissertativa e explicativa. O candidato deveria relacionar algu- mas plantas oriundas da América com os respectivos povos que as cultivavam. Entretanto, o candidato não deveria perder de vista que a pergunta se referia às plantas que, depois da “descoberta” da América, foram levadas e cultivadas na Europa. Assim, era possível fazer algumas correlações entre as plantas, dentre elas, o milho cultivado por astecas e indígenas da América do Norte, o tomate cultivado pelos astecas; a batata pelos incas. As respostas equivocadas neste item foram devido ao esquecimento dos candidatos de que só eram válidas as plantas que não apenas foram cultivadas na América mas também levadas para o plantio na Europa. Este item da questão valia 3 pontos. No item b o candidato deveria saber relacionar o processo de industrialização ocorrido na Europa e a possibilidade de cultivo dessas plantas para a alimentação de populações urbanas. Pela adaptação delas na Europa, acabaram por se constituir em base de alimentação dessas populações, possibilitando o aumento demográfico . Dentre estas plantas destaca-se principalmente a batata, alimento indispensável para os trabalhadores na época da revolução industrial inglesa do final do século XVIII. Entretanto, o candidato poderia se lembrar também da importância do tomate para a culinária italiana e do milho para diversos povos europeus. Muitos candidatos se lembraram da disseminação do gosto europeu pelo chocolate, embora esta planta não tenha sido levada para a Europa para o cultivo. Neste caso, por se tratar de um derivado de planta americana muito aceito na Europa, resolvemos levar em consideração este tipo de resposta. Este item valia 2 pontos. Esta questão foi elaborada com o objetivo de fazer o candidato estabelecer relações de trocas culturais entre povos. Evidentemente, o seu conteúdo era pouco conhecido, mas esperávamos que ele pudesse apreen- der o “espírito” da questão. Não se explora nos currículos escolares a questão das trocas culturais e quando este conteúdo é dado ao aluno, na maioria das vezes é para ele aprender de que maneira as culturas america- nas absorveram valores e costumes europeus. Pouco se fala da maneira como os europeus absorveram hábi- tos e costumes dos povos americanos. Assim, o que esperávamos era a percepção de que ocorreram trocas culturais entre a América e a Europa, evidentemente não simétricas. No outro item da questão também esperávamos uma resposta mais dedutiva do que de conhecimento de conteúdo. Sabíamos, de antemão, que o assunto do cultivo de plantas e do processo de urbanização é pouco abordado em sala de aula, no máximo restringindo-se ao período da antiguidade e à revolução agrícola com a conseqüente sedentarização. Assim, procuramos nesta questão perceber de que maneira os candidatos pode- riam extrapolar estas relações entre o cultivo das plantas e os processos de sedentarização e urbanização para a história européia do século XVIII. a) Duas plantas que merecem destaque para a alimentação da Europa e do mundo e que são cultivos americanos são a batata plantada pelos incas e o milho pelos índios americanos. b) O cultivo dessas plantas americanas na Europa favoreceu o processo de urbanização do Séc. XVIII e XIX na medida em que aumentou a oferta de alimentos para a população, já que o seu cultivo era simples. Em função do aumento da oferta de alimentos a população deslocou-se para os centros urbanos, o que aliado a outros fatores resultou na industrialização. a) Cana de açúcar e café pelos indígenas b) Favoreceu o modo de que com o cultivo dessas plantas começaram a exportar criando capitalismo, crescendo assim o capital QUESTÃO 11 O mundo tem, atualmente, 6 bilhões de habitantes e uma disponibilidade máxima de água para consumo em todo o planeta de 9000 km3/ano. Sabendo-se que o consumo anual per capita é de 800 m3, calcule: a) o consumo mundial anual de água, em km3; b) a população mundial máxima, considerando-se apenas a disponibilidade mundial máxima de água para consumo. a) A população mundial atual é de 6 bilhões de habitantes, ou seja, 6 .109 habitantes. Como cada habitan- te consome 800m3 de água por ano, o consumo anual, em m3, é de. Como a resposta deve ser dada em km3, é necessário converter m3 para km3. Como 1m3 corresponde a 10–9km3, equivalem a. Resposta: O consumo mundial anual, atualmente, é de 4.800km3. (2 pontos) ▲ 42 Questões 1ª fase Resposta esperada Comentários Comentários b) O texto do problema informa que a disponibilidade mundial máxima de água para consumo, em todo o planeta, é de 9000km3. Como o consumo per-capita é de 800.10–9km3, a população mundial máxima é dada por: 900 / 800 . 10–9 = 11,25 . 109. Resposta: A população mundial máxima, considerando-se apenas a disponibilidade mundial máxima de água para consumo, é de 11,25 . 109 habitantes, ou seja: 11 bilhões e 250 milhões de habitantes. (3 pontos) Esta questão foi considerada adequada aos objetivos da primeira fase: uso de unidades, operações ele- mentares, raciocínio. Alguns candidatos usaram 106 para bilhões ou erraram na conversão de m3 para km3. Entretanto, as maiores dificuldades foram o uso incorreto de dados numéricos e aproximações impróprias. A nota média nessa questão foi de 1,49 na escala (0 – 5), considerando-se todos os candidatos presentes e de 2,80 considerando-se apenas os candidatos aprovados. QUESTÃO 12 Neste ano, para obter as notas da primeira fase de seu vestibular, a Unicamp está usando, da seguinte forma, a nota da prova do Enem: sejam U a nota da primeira fase da Unicamp, E a nota da prova de conhecimentos gerais do Enem e NF a nota final de cada candidato. Se U ≥ E, então NF = U e se U < E, então NF = . Suponha que algumas das notas dos candidatos A, B, C, X e Y sejam as apresentadas na tabela abaixo: Estudante U E NF A 6,0 5,0 B 5,5 5,5 C 5,0 6,0 X 6,0 Y 6,0 a) Calcule as notas finais dos candidatos A, B e C. b) Sabendo-se que as notas do candidato X são tais que E=2U e que as notas do candidato Y são tais que U = 2E, calcule as notas obtidas por esses dois candidatos. ATENÇÃO: Se suas respostas forem dadas através da tabela, não deixe de apresentá-la por completo no caderno de resposta. a) A tabela informa que o candidato A teve nota 6,0 na Unicamp e nota 5,0 no Enem; logo, para esse candidato, U > E e, portanto, NF = U = 6,0. Para o candidato B, as notas apresentadas na tabela foram: U = 5,0 e E = 5,5, ou seja, U = E e, portanto, NF = 5,5. Para o candidato C, temos: U = 5,0 e E = 6,0. Sendo nesse caso, U < E, temos: NF = = = 5,2. Assim a nota final do candidato C é 5,2. Resposta: As notas finais dos candidatos A, B e C foram, respectivamente, 6,0; 5,5 e 5,2. (2 pontos) b) Para o candidato X, temos: E = 2U. Se fosse igual a zero, então E e NF também seriam iguais a zero, o que não é o caso visto que a tabela informa que, para esse candidato, NF = 6,0. Então U ≠ 0 e, portanto, U < E e NF = = = = 6,0 o que implica U = 5,0 e E = 10,0. Para o candidato Y, U = 2E; se E = 0, então U = 0 e NF seria também igual a zero, o que não ocorre. Logo, E ≠ 0 e, portanto, U > E e, por isso, NF = U = 6,0 e E = 3,0. Resposta: As notas do candidato X são: U = 5,0 e E = 10,0. As notas do candidato Y são: U = 6,0 e E = 3,0. (3 pontos) Observação: As respostas poderiam ser dadas através da tabela completa, devidamente justificada atra- vés dos cálculos correspondentes. Esta questão foi muito apropriada para avaliar o uso de informações e raciocínio lógico; envolve apenas conteúdos de Matemática do Ensino Fundamental e o desempenho dos candidatos foi satisfatório. A média final nessa questão foi de 3,15 na escala (0 – 5) computadas as notas de todos os presentes, ou seja, 42.000 candidatos. ▲ E + 4U 5 E + 4U 5 2U + 4U 5 6U 5 E + 4U 5 6 + 4.5 5
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