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Diagnóstico Rural Participativo, Notas de estudo de Cultura

O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar o seu planejamento e desenvolvimento.

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 04/09/2011

fernanda-bay-hurtado-10
fernanda-bay-hurtado-10 🇧🇷

4.3

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Baixe Diagnóstico Rural Participativo e outras Notas de estudo em PDF para Cultura, somente na Docsity! DIAGNÓSTICO RURAL PARTICIPATIVO DRP GUIA PRÁTICO Miguel Expósito Verdejo Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Revisão e Adaptação: Décio Cotrim e Ladjane Ramos Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático DRPUM GUIA PRÁTICO Diagnóstico Rural Participativo Um guia prático Miguel Expósito Verdejo Secretaria da Agricultura Familiar - MDA Setor Bancário Norte Qd.01 Bl.D 6.º Andar Ed. Palácio do Desenvolvimento - Brasília DF Telefones: (61) 2191-9909/9910 Site: www.mda.gov.br/saf “Documento original elaborado pelo Centro Cultural Poveda" Rua Pina, 210 - Cidade Nova, Santo Domingo, República Dominicana. Telefones: 689-5689 / 686-0210 / Fax: 688-4635 Site: ww.centropoveda.org Correio eletrônico: centropoveda@codetel.net.do Diagramação: Álice Alinne Matos Impresso no Brasil Gráfica da Ascar - Emater-RS Este documento pode ser reproduzido total ou parcialmente sempre que seja feito de modo literal e sejam mencionados os autores. Revisão e Adaptação: Décio Cotrim, engenheiro agrônomo - Ascar - Emater - RS Ladjane Ramos, perita da Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ) Ilustrações: Sérgio Batsow Brasília, março de 2006 Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Como Utilizar esse GuiaComo Utilizar esse Guia "Diagnóstico Rural Participativo" (DRP) é entendido como um guia prático para a preparação e execução de um DRP. Nos primeiros capítulos são apresentados o objetivo, a nossa visão de "participação" e os princípios e conceitos-chave do DRP. A seguir são desenvolvidos os passos na preparação de um DRP até chegar ao "prato principal" deste guia prático: as ferramentas de execução. Finalmente são dados alguns conselhos em relação à análise, à documentação e à apresentação dos resultados. Esperamos que este manual anime as pessoas no assunto e na aplicação desta metodologia. Temos a confiança de que sirva como um guia prático e rápido para as pessoas mais experientes refrescarem a memória. 5Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático O que é um DRP? 1. O que é um DRP? O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar o seu planejamento e desenvolvimento. Desta maneira, os participantes poderão compartilhar experiências e analisar os seus conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de planejamento e ação. Embora originariamente tenham sido concebidas para zonas rurais, muitas das técnicas do DRP podem ser utilizadas igualmente em comunidades urbanas. O DRP pretende desenvolver processos de pesquisa a partir das condições e possibilidades dos participantes, baseando-se nos seus próprios conceitos e critérios de explicação. Em vez de confrontar as pessoas com uma lista de perguntas previamente formuladas, a idéia é que os próprios participantes analisem a sua situação e valorizem diferentes opções para melhorá-la. A intervenção das pessoas que compõem a equipe que intermedia o DRP deve ser mínima; de forma ideal se reduz a colocar à disposição as ferramentas para a auto-análise dos/as participantes. Não se pretende unicamente colher dados dos participantes, mas, sim, que estes iniciem um processo de auto-reflexão sobre os seus próprios problemas e as possibilidades para solucioná-los. O objetivo principal do DRP é apoiar a autodeterminação da comunidade pela participação e, assim, fomentar um desenvolvimento sustentável. Figura 1 - Grupo de Agricultores durante Oficina de DRP 6 1.1 Um pouco de história Os enfoques de desenvolvimento rural nas décadas de 60 e 70 se baseavam na transferência de tecnologias e na ausência de participação das/os supostas/os beneficiárias/os, tanto na elaboração como na execução dos projetos. No final da década de 70, o fracasso da "transferência tecnológica" causou uma mudança radical de estratégias: o conhecimento das condições locais, dos grupos beneficiários e de suas tradições se transformou no enfoque principal da identificação e planejamento de projetos de desenvolvimento rural. Utilizando métodos tradicionais de pesquisa, como questionários e análises de dados regionais, foram geradas enormes quantidades de dados que acabaram não tendo como ser geridos e se transformaram em "cemitérios de dados". Nos anos 80, a estratégia mudou de novo: o levantamento de informação foi reduzido ao necessário, levando em consideração as opiniões e o ponto de vista dos grupos beneficiários. Os instrumentos clássicos de pesquisa deram lugar a novos conceitos, mais participativos, muitos deles baseados nas teorias e metodologias da educação popular. Esta foi a hora do nascimento do "Diagnóstico Rural Rápido" (DRR). O DRR propõe, principalmente, um levantamento de dados participativo e menos trabalhoso que um levantamento tradicional. Além disso, procura uma maior participação do chamado beneficiário, para se aproximar mais das suas necessidades e realidade. Em geral o DRR é utilizado para se obterem os dados necessários para um projeto novo ou para analisar o desenvolvimento de um projeto. Sendo possível adaptá-lo a partir desta análise. Mas, mesmo com estas mudanças, as medidas tomadas pelos projetos acabaram sendo pouco sustentáveis. Como conseqüência, o processo de identificação participativa se estendeu à execução participativa de projetos. Então se deu voz e voto aos grupos em todos os passos de um projeto, criando, assim, o Diagnóstico Rural Participativo (DRP). O Diagnóstico Rápido Rural não foi o único fundamento para o desenvolvimento do DRP, além disso, “a educação popular”, inspirada no livro "A pedagogia do oprimido", de Paulo Freire (1968), foi outro movimento iniciado nos anos 60, que teve grande importância para os conceitos. Os conceitos de desenvolvimento das décadas de 60 a 80, descritos anteriormente, refletem a discussão "teórico-intelectual" da época; no entanto isto quer dizer que, independentemente das tendências respectivas, existiam projetos participativos nos anos 60, como hoje existem projetos com escassa participação dos supostos beneficiários. 1.2 Propósito e execução do DRP Além do objetivo de impulsionar a auto-análise e a autodeterminação de grupos comunitários, o propósito do DRP é a obtenção direta de informação primária ou de "campo" na comunidade. Esta é conseguida por meio de grupos representativos de seus membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado dos seus recursos naturais, sua situação econômica e social e outros aspectos importantes para a comunidade. O q u e é u m D R P ? 7Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Os Diferentes Níveis de Participação2. Os Diferentes Níveis de Participação Nas últimas duas décadas ficou na moda a "participação", e todos os projetos têm um enfoque participativo, e todas as atividades são um resultado de um "processo participativo". Mas o que significa participação? O gráfico a seguir visualiza os diferentes níveis de participação e mostra que, efetivamente, todos os projetos são participativos, porém a diferença se baseia em cada nível. Passividade: o projeto fixa os objetivos e decide sobre as atividades. A informação necessária é gerada sem se consultar os beneficiários. Fonte de informação: a equipe de pesquisa pergunta ao beneficiário, porém não o deixa decidir nem sobre o tipo de perguntas nem sobre as atividades posteriores. Consulta: leva-se em consideração a opinião do beneficiário; integram-se as opiniões no enfoque da pesquisa, mas o grupo-meta não tem poder de decisão. Participação à base de incentivos materiais: propõe-se, por exemplo, a participação em troca de insumos de produção ou de colocar à disposição terras com fins de exibição ("unidade demonstrativa"), mas a possibilidade de intervir nas decisões é muito limitada. Participação funcional: o beneficiário se divide em grupos que perseguem objetivos fixados anteriormente pelo projeto. Na fase de execução participa da tomada de decisões e se torna independente no transcurso do projeto. Participação Interativa: o beneficiário é incluído do ponto de vista da fase de análise e definição do projeto. Participa plenamente do planejamento e execução. Auto-ajuda: a comunidade toma a iniciativa e age independentemente. Escada da Participação Co sn ulta P s v dad as i i e u a da A to- ju a articip çã P o à d t bas e ncen ivos e I a Mater ii s i a i pa ão P rt c çFunci n l o a Figura 2 - Escada da Participação 10 Fo es de nt rm Info ç o a ã arti aç P cip ão tera iv In t a Diferentes Níveis de Participação O que nos interessa é o grau de participação que queremos (ou devemos?) alcançar para estabelecer um desenvolvimento sustentável. Muitos projetos estabelecem um grau de "participação com base em incentivos materiais" ou, em casos excepcionais, alcançam uma participação funcional. O DRP tem como objetivo a participação interativa, ou seja, a participação dos beneficiários em todas as fases de um projeto. Para atingi-lo, precisa-se tanto da vontade política como da institucional, principalmente na execução de um projeto. Um DRP inicial não garante que a participação seja a adequada a todas as fases de um projeto, porém é necessário para um bom começo. O s D ife re n te s N ív e is d e P a rt ic ip a ç ã o 11 Figura 3 - Diferentes Níveis de Participação Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Os Princípios e Conceitos-chave do DRP 3. Os Princípios e Conceitos-chave do DRP 3.1 Características do Diagnóstico Rural Participativo A prática e a teoria do DRP variam muito segundo o contexto no qual são usadas. No entanto têm algumas características comuns: 3.2. Princípios Básicos do Diagnóstico Rural Participativo Respeita a sabedoria e a cultura do grupo O respeito ao conhecimento cultural na gestão dos recursos naturais e humanos é o meio básico para se chegar à sustentabilidade do uso dos recursos e da organização social. A identidade cultural (valores, normas, visões, conhecimentos e costumes) produz vias endógenas de desenvolvimento. Conseqüências práticas: os membros da equipe de moderação não devem agir como instrutores/as, mas, sim, como observadores interessados em aprender com os agricultores e obter conhecimentos técnicos e sociais. A função da equipe é escutar e não ensinar! Analisa e entende as diferentes percepções Cada sujeito e cada cultura vê a realidade de forma subjetiva. Os membros das comunidades, os Agentes de Ater e os pesquisadores muitas vezes vêem e interpretam o mundo em que vivem de diferentes maneiras. Por meio de um processo de comunicação e de uma aprendizagem mútua, podem ser vistas as diferentes percepções, a tal ponto que os atores podem entender-se e agir conjuntamente. Conseqüências práticas: antes de prejulgar as atividades dos agricultores, os Agentes de Ater e pesquisadores deverão "tentar colocar-se no lugar deles" para poder entender a percepção de cada um. Além disso, a equipe deve esclarecer a percepção da comunidade e ser consciente de seu próprio ponto de vista. Para isto é necessário um processo de aprendizagem mútua entre a comunidade e os Agentes de Ater. 12 ú É um processo de pesquisa e coleta de dados, que pretende incluir as perspectivas de todos os grupos de interesse integrados pelos homens e pelas mulheres rurais. úImpulsiona uma mudança nos papéis tradicionais do pesquisador e dos pesquisados, já que ambos participam da determinação de quais e como coletar os dados; é um processo de dupla via. úReconhece o valor dos conhecimentos dos/as comunitários/as. úFunciona como meio de comunicação entre aqueles que estão unidos por problemas comuns. Esta comunicação coletiva chega a ser uma ferramenta útil para identificar soluções. Para fazer a pesquisa de campo, o mais participativa possível, devem ser seguidos 7 passos importantes: 1. Fixar o objetivo do diagnóstico. 2. Selecionar e preparar a equipe mediadora. 3. Identificar participantes potenciais. 4. Identificar as expectativas dos/as participantes no DRP. 5. Discutir as necessidades de informação. 6. Selecionar as ferramentas de diagnóstico. 7. Desenhar o processo do diagnóstico. Passos adicionais podem ser usados, conforme seja necessário. Uma vez discutidos todos os passos do DRP, esses se resumem num "Plano ou Cronograma do DRP". Passo 1: Fixar o objetivo do diagnóstico Um DRP é um diagnóstico realizado com uma finalidade, não uma simples coleta de dados. Por isso é importante fixar anteriormente para que serve: O objetivo fixado pela equipe do DRP deve ser discutido com os beneficiários. Passo 2: Selecionar e preparar a equipe mediadora Uma equipe "equilibrada" é crucial para executar um DRP. Equilibrada significa que os seus membros sejam de diferentes disciplinas e de ambos os sexos (agrônomos, sociólogos, economistas, florestais, etc.). Esta diversidade da equipe garante um enfoque e uma análise a partir de diferentes ângulos, evitando o predomínio de enfoques técnicos, econômicos ou antropológicos. Uma equipe formada de homens e mulheres facilita a comunicação com todos os grupos beneficiários. Passo 3: Identificar participantes potenciais A equipe mediadora deveria fazer-se algumas perguntas básicas: 4.1. Preparando-se para o DRP Os 7 Passos na Preparação de um DRP4. Os 7 Passos na Preparação de um DRP 15 ú Trata-se de um diagnóstico para identificar um projeto novo ou de uma análise de um projeto existente? ú É um diagnóstico geral ou enfoca alguns aspectos particulares, como uma zona, ramo de produção, questões de saúde, ou outra coisa? ú Que grupos de interesse se encontram representados na área de estudo? ú Quem escolhe, normalmente, o representante de cada grupo? ú Que grupos não estão representados? ú Participam tanto mulheres quanto homens? ú Existem barreiras culturais ou lingüísticas que limitam uma participação igualitária dos grupos de interesse? Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar ø Que características compartilham os membros da comunidade? Em que se diferenciam? Os participantes potenciais para o DRP incluem homens e mulheres da comunidade (jovens e idosos, ricos e pobres, aqueles com trabalho na localidade, pessoas com e sem escolaridade, incapacitada, sem terra...), representantes do governo, pessoal de projetos, proprietários de negócios, etc. Resumindo, todos aqueles que têm um interesse no desenvolvimento da comunidade. Os membros de equipe do DRP também são participantes, mas com a responsabilidade especial de facilitar o processo, organizar, analisar e apresentar a informação. Passo 4: Identificar as expectativas das/os participantes no DRP Cada pessoa que participa do processo do DRP espera beneficiar-se dele de uma maneira diferente. Os membros da comunidade podem ter como meta que a pesquisa acarrete uma melhora específica da sua qualidade de vida (tais como, estradas, áreas de conservação de bosque, escolas, etc.), e o pessoal do projeto pode esperar que o processo do DRP aumente a motivação e o interesse entre os membros da comunidade, para participar do desenho e da implementação das atividades. Realizar um DRP sempre cria expectativas na população, por mais que os Agentes de Ater expliquem que não existe segurança de conseguir mudanças. É importante que o DRP revele, em geral, a situação da comunidade e não distorça a informação pela interpretação dos Agentes de Ater, de tal forma que o DRP fique em poder da comunidade como um instrumento para provocar mudanças e gerenciar apoio institucional. Algumas semanas antes que o DRP seja iniciado, os Agentes de Ater terão que identificar os grupos de interesse e criar uma oportunidade de diálogo entre eles, convidando-os a reuniões e acordando os objetivos do DRP. Nestas reuniões é importante notar quem fala e quem não fala. Por exemplo, em muitas culturas as mulheres não são convidadas para reuniões ou assembléias da comunidade. Os Agentes de Ater, neste caso, devem fazer um esforço e uma promoção especial para conseguir a participação delas no evento. Isto pode ser conseguido por meio de visitas aos lares e falando com líderes locais. Uma ampla participação no DRP será facilitada por aspectos simples, como um almoço ou lanche, um horário adequado, o estabelecimento do lugar para a reunião e por meio das oficinas de DRP de forma separada com homens e mulheres, se for necessário. Embora possam acontecer mudanças devido ao DRP, estas não podem ser determinadas com antecipação. Pelo processo de diagnóstico são identificados obstáculos para satisfazer as necessidades, são exploradas as soluções, e podem ser resolvidos alguns conflitos, enquanto se desenvolve o diálogo. Passo 5: Discutir as necessidades de informação Trata-se de identificar aqui dados ou informação específica de que se precisa para a elaboração de um novo projeto rural ou para a reorientação de certas atividades num projeto existente. A informação requerida é selecionada mediante o diálogo entre a equipe mediadora e os membros da comunidade e, em geral, refere-se a: Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático O s 7 P a ss o s n a P re p a ra ç ã o d e u m D R P 16 ú Quem são os/as informantes ou líderes-chave da comunidade? Passo 6: Selecionar as ferramentas de pesquisa As mulheres e os homens da área de estudo têm a oportunidade de influir no processo do DRP, participando da tomada de decisões de assuntos prioritários, como, por exemplo, ferramentas de diagnóstico, programação, localização e assim sucessivamente no decorrer de todo o processo. Na seleção das ferramentas, devem ser consideradas as seguintes perguntas: Usado adequadamente o DRP, criam-se oportunidades para aumentar a participação. Ao contrário dos pesquisadores "tradicionais", os membros da equipe DRP não guardam, não controlam as ferramentas e nem os resultados. O DRP, em sua forma mais simples, compreensiva e participativa, facilita a todos os participantes compartilharem o controle mediante o uso das ferramentas. Por exemplo, quando as mulheres e os homens desenham mapas da comunidade, é fácil ver as diferenças e semelhanças por gênero, em suas percepções de recursos, limitações e organização. A desagregação da informação por gênero se refere não-somente a dados sobre atividades de mulheres e homens, mas também à sua visão e perspectivas. Como complemento ao trabalho de campo, existem fontes de informação que podem fornecer outras perspectivas (técnicas ou históricas). Além disso, ajuda à triangulação da informação como um procedimento da verificação dos dados. Para os projetos de desenvolvimento, outras fontes de informação podem ser: estudos básicos, estudos de viabilidade, relatórios anuais, semestrais ou mensais, ou relatórios de consultores. Em nível regional, pode-se usar informação disponível na prefeitura ou nos órgãos governamentais. Passo 7: Desenhar o Processo do Diagnóstico As seguintes perguntas deverão ser resolvidas antes de se iniciar o DRP: O s 7 P a ss o s n a P re p a ra ç ã o d e u m D R P 17 ú Identificação da realidade rural, os problemas e necessidades sentidas pelos integrantes da comunidade. ú Fatores limitantes e potenciais na produção (técnicos, econômicos, ambientais, etc.). ú Estrutura social e sua influência no bem-estar da comunidade. ú A divisão do trabalho entre mulheres e homens em relação a atividades reprodutivas, produtivas e de gestão comunitária. ú O acesso e o controle sobre os recursos naturais e os benefícios que possam ser derivados do uso adequado destes. ú Tendências e mudanças locais ou regionais que representam contribuições ou limitações ao desenvolvimento da área. ú Que ferramentas correspondem às necessidades de informação? ú Que ferramentas preferem os participantes? ú Que ferramentas produzem informação desagregada por gênero? ú Que informação já existe em relatórios, mapas ou estudos? ú Quem estará na equipe do DRP? ú Quando vai ser realizado o diagnóstico e quanto vai demorar? Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático No Trabalho de Campo5. No Trabalho de Campo Neste capítulo, apresentamos brevemente os 3 momentos principais do trabalho de campo e, a seguir, as ferramentas ou técnicas correspondentes. No trabalho de campo de um DRP se distinguem 3 passos principais: 5.1. A apresentação à comunidade É um passo que influi fortemente no sucesso do diagnóstico. O "primeiro contato" da equipe de DRP com a comunidade marca todo o processo. É sumamente importante apresentar-se a todas as pessoas beneficiárias numa reunião inicial e, se o tempo permitir, fazer visitas pessoais. Para não criar expectativas que posteriormente não possam ser cumpridas, devem ser esclarecidos o procedimento, o objetivo e as limitações do diagnóstico. Primeira fase do diagnóstico: análise da situação e identificação de problemas ou limitações O propósito deste passo é que, partindo de uma análise da situação atual da comunidade, os/as agricultores/as identifiquem os seus problemas ou limitações mais importantes. Inicia-se utilizando diferentes ferramentas, pontos de vista (trabalhando com diferentes "grupos de interesse" da comunidade) e enfoques para se obter uma imagem ampla da realidade e, assim, poder identificar as limitações principais. Uma vez realizada esta análise preliminar, são priorizados os problemas de maior urgência ou interesse para a comunidade. Esta priorização dos assuntos ou problemas deve ser discutida com toda a comunidade, preferivelmente numa reunião geral, na qual sejam apresentados os resultados de todas as ferramentas que foram sendo utilizadas. A discussão sobre estes resultados é crucial, já que confirmará, ampliará ou questionará a seleção de assuntos escolhidos. A apresentação de cada ferramenta será feita preferivelmente pelas pessoas que participaram do seu desenvolvimento. Segunda fase do diagnóstico: aprofundar as limitações identificadas e procurar soluções São enfocadas as causas e os efeitos das limitações priorizadas no segundo passo. São analisadas as causas dos problemas que podem ser melhorados com um esforço conjunto. Depois são discutidas as possíveis alternativas para conseguir a situação desejada, e, finalmente, são escolhidas as alternativas mais viáveis. É aconselhável deixar um tempo de reflexão entre as duas fases de diagnóstico, para analisar os resultados da identificação de problemas e poder ajustar a análise e o processo de busca de soluções. O tempo necessário entre as duas fases depende da magnitude do DRP que esteja sendo realizado: em se tratando de um DRP numa comunidade pequena, podem bastar 3 ou 4 dias; no entanto, se se tratar de um DRP realizado simultaneamente em várias comunidades, vai ser necessário mais tempo. A seguir, apresentaremos uma caixa de ferramentas que foram sendo desenvolvidas ao longo da aplicação do DRP. Logicamente não se podem, nem se devem aplicar todas estas ferramentas num DRP, mas, sim, escolher conforme a sua utilidade em relação ao enfoque e às circunstâncias específicas de cada diagnóstico. 20 ú primeiro, a apresentação da equipe de facilitadores na comunidade; ú segundo, a análise da situação atual com seus problemas, potencialidades e limitações; ú terceiro, o aprofundamento destes enfocando a busca de soluções viáveis. A Caixa de Ferramentas do DRP6. A Caixa de Ferramentas do DRP 6.1. Observação participante 6.2. Entrevistas semi-estruturadas 6.3. Mapas e maquetes Recursos Naturais Social Comunidade Propriedade Fluxos econômicos Migração Futuro 6.4 Travessia 6.5 Calendários Agrícola Atividades Sazonal Histórico 6.6 Diagramas Árvore de problemas Diagrama de Venn Fluxograma comercialização Fluxograma de produção 6.7 Matrizes Comercialização Camadas sociais Organização comunitária Priorização de problemas Hierarquização por casais Cenário de alternativas 6.8 Análise de Gênero Rotina diária Uso do tempo Distribuição de tarefas Tomada de decisões Controle e acesso Mapa de movimentos 6.9 Outras ferramentas 22 22 24 24 25 26 27 28 28 29 30 31 31 32 33 34 35 35 37 38 39 39 40 40 41 43 43 44 45 45 46 47 49 50 51 52 21Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático O objetivo central do DRP é compreender a percepção da realidade da comunidade. É crucial entender por que agem desta ou de outra maneira, antes de opinar e de propor "a solução lógica". Muitas vezes o comportamento das/os agricultoras/es é muito mais lógico do que parece inicialmente, só que não sabíamos o "porquê". Este freqüentemente descobrimos quando participamos das tarefas cotidianas. Por estas razões, a convivência em algumas tarefas cotidianas pode esclarecer, muitas vezes, mais do que dezenas de questionários. Enfim, a observação participante não propõe mais do que "andar com os olhos abertos" e aproveitar as possibilidades de compartilhar alguns momentos do cotidiano com os agricultores. Quando utilizá-la: é, claramente, uma ferramenta para a primeira fase de pesquisa. Serve, também, para conhecer a realidade da comunidade e criar certa confiança para compartilhar tempo com os comunitários. 6.1 Observação participante As entrevistas desempenham um papel muito importante no DRP. Trata-se de uma entrevista que é guiada por 10-15 perguntas-chave determinadas anteriormente. Esta ferramenta facilita criar um ambiente aberto de diálogo e permite à pessoa entrevistada se expressar livremente sem as limitações criadas por um questionário. A entrevista semi-estruturada pode ser realizada com pessoas- chave ou com grupos. Quando utilizá-la: pode ser utilizada tanto na primeira como na segunda fase de pesquisa, já que serve tanto para conhecer as limitações da comunidade como para discutir sobre possíveis soluções. Algumas indicações para sua aplicação Devem ser selecionadas cuidadosamente as pessoas entrevistadas, assim como o lugar e o momento para a entrevista, preferencialmente num ambiente familiar: em casa ou no campo, e nunca num momento do dia em que a entrevista atrapalhe seriamente o trabalho da pessoa entrevistada. É preferível realizar a entrevista com duas pessoas: uma para levar a entrevista e outra para se encarregar exclusivamente das anotações e percepções. A entrevista deve começar com as formas tradicionais de cumprimento e uma apresentação das pessoas que a realizam. A Arte de Perguntar Um dos pontos-chave no começo da entrevista é mostrar que não se trata de um interrogatório, e, sim, de apreender os conhecimentos da pessoa entrevistada. Existem certos tipos de perguntas que ajudam no processo da entrevista: Perguntas abertas: "qual é a sua opinião sobre...?" Perguntas estimulantes: "como conseguiu ter um jardim tão bonito?" Perguntas dignificantes: "você que tem tanta experiência no cultivo de... o que pode me dizer em relação a…?" Perguntas sobre eventos-chave: "como conseguiram recuperar a força depois da seca? Quais foram as inovações na produção de ... nos últimos anos?" 6.2 Entrevistas Semi-estruturadas A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 22 Mapa Social levantar informações sobre as condições de vida, como podem ser o acesso à água potável, energia elétrica, qualidade de moradia. Além disso, visualiza a estrutura social da comunidade, como: o número de lares, o tipo de ocupação de seus habitantes, etc. analisar a situação social e gerar a discussão em relação a necessidades e potencialidades. Pretende-se melhorar as condições de vida, em consideração à estrutura social da comunidade. entre 1-2 horas. pedaço grande de papel, lápis, pincéis, giz de cera ou com qualquer tipo de material (pedras, paus, sementes, etc.) no chão. formar um grupo e explicar o objetivo e os elementos do mapa. Para ajudar a começar a mediação, pode sugerir iniciar com elementos de referência, como a localização de serviços (escola, igreja, centro de saúde, área de lazer, centro comunitário, mercearias, armazéns, lojas, etc.), localização de moradias (e o número de habitantes) e as estradas principais. Adicionalmente, podem ser visualizados a qualidade de construção, o acesso à água e à energia elétrica, etc. Tema: Propósito: Tempo: Materiais: Como é feito: A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 25 Figura 6 - Mapa de Recursos Naturais Mapa de Recursos Naturais ESCOLA R nd io Co or Cooperativa Rio Caminho 27 km Caminho 21 km N Mapa da Comunidade O Condor Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Mapa da comunidade levantar informações sobre as condições de vida, como podem ser o acesso à água potável, energia elétrica, qualidade de moradia. Além disso, visualiza a estrutura social da comunidade, Tema: como: o número de lares, o tipo de ocupação de seus habitantes, etc. criar uma concep- ção compartilhada sobre a situação atual da comunidade em relação a seus potenciais e suas limitações no âmbito produtivo, social, sanitário, etc. entre 2-3 horas. pedaço grande de papel, lápis, pincéis, giz de cera ou com qualquer tipo de material (pedras, paus, sementes, etc.) no chão. como se trata de uma combinação dos dois mapas anteriores, o procedimento inclui tanto as perguntas-chave como os aspectos tratados no Mapa Social e no Mapa de Recursos Naturais. Objetivo: Tempo: Materiais: Procedimento: Mapa da Comunidade Figura 8 - Mapa da Comunidade A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 26 m da Co u de ni B r ar a o oJ ed o ã P r M u n /qa i é RS Ri o Tr am an da í C an al B ar ra Mapa Social Figura 7 - Mapa Social Freqüentemente inicia-se com a distinção entre zonas urbanas, rurais, as quais, ao longo da elaboração do mapa, vão sendo detalhadas Mapa de propriedade mostra todos os detalhes produtivos e de infra-estrutura social de uma propriedade. Em geral são feitos vários mapas de propriedade ou dos diferentes tipos de propriedade na zona ou de vários parecidos, para se obter uma melhor visão global. analisar e entender a organização produtiva em nível de propriedade. Permite ver detalhes que normalmente os mapas de recursos naturais ou da comunidade não oferecem, já que estes são feitos em maior escala. entre 1-2 horas. pedaço grande de papel, lápis, pincéis, giz de cera ou com qualquer tipo de material (pedras, paus, sementes, etc.) no chão. em geral costuma ser feito na mesma propriedade do produtor com a presença e a participação de todas as pessoas que trabalham nela (família, empregados, trabalhadores temporários, etc.). Costuma-se começar com a casa do agricultor e estende-se o mapa das áreas ou terras mais próximas até as mais distantes. Tema: Objetivos: Tempo: Materiais: Procedimento: Mapa da Propriedade Pasto (1ha) Vacas (2) Feijão (0,5 ha) Milho (0,5 ha) A ½ hora A 10 minutos Feijão (0,5 ha) Milho (1 ha) Pátio Porcos (3) Pasto Galinhas Plantação de mata (5 ha) Lenha Terra arrendada (1,5 ha) Sorgo (1 ha) Laranja Manga Terra própria (3 ha) Figura 8 - Mapa da Propriedade A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 27Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático A travessia permite obter informação sobre os diversos componentes dos recursos naturais, a vida econômica, as moradias, as características de solos, etc. É realizada por meio de uma caminhada linear, que percorre um espaço geográfico com várias áreas de uso e recursos diferentes. Ao longo da caminhada se anotam todos os aspectos que surgem pela observação dos participantes em cada uma das diferentes zonas que se cruzam. Posteriormente se elabora um diagrama da travessia. É "A" ferramenta da primeira fase do diagnóstico da pesquisa. Freqüentemente é a primeira que se utiliza num DRP. inicia uma discussão pela elaboração de um diagrama. Este deve mostrar as diferentes áreas ecológicas e topográficas dentro dos limites da comunidade com seus diferentes usos, problemas associados e potenciais de desenvolvimento. 2 horas para o percurso e 1-2 horas para a elaboração do diagrama. um mapa da zona, preferivelmente o mapa da comunidade ou dos recursos naturais elaborado previamente, uma caderneta para tomar notas no percurso, um pedaço grande de papel e pincéis. formar um grupo de ambos os sexos, explicar o objetivo e os elementos da travessia. Escolher um percurso com base no mapa de recursos naturais ou da comunidade elaborados anteriormente. Realizar o percurso pelo trajeto escolhido, anotando as características principais e as mudanças encontradas, usando sempre as denominações utilizadas pelas pessoas. Visualizar a informação obtida durante o percurso sobre uma folha de papel grande, mostrando o perfil do terreno com as diferentes zonas encontradas e seus nomes. Com base numa discussão com os/as participantes, indicar sobre o diagrama as informações fundamentais sobre o uso e estado dos recursos em cada área. Qual é a distância de uma área e à outra? Qual é o uso dado à terra e à vegetação? O que se cultiva? Qual é a qualidade do solo? Como é o relevo? Que tipos de animais são criados? Quem trabalha e quem se beneficia dos diferentes recursos? Que problemas existem nesta área? Que mudanças aconteceram no passado? Objetivo: Tempo: Materiais: Procedimento: A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 30 6.4 Travessia Materiais: Procedimento: pedaço grande de papel, lápis, pincéis, giz de cera ou com qualquer tipo de material (plantas, pedras, sementes, etc.) sobre o chão. partir do Mapa de Recursos Naturais, Social ou da Comunidade. Refazer o Mapa segundo as propostas (projeções) dos/as participantes. Apoiar com perguntas como "E aqui, onde é jogado o lixo, como vocês gostariam que fosse usado esse terreno no futuro?” Os calendários permitem analisar todos os aspectos relacionados ao tempo. Podem ser destacadas as atividades que mais tempo ocupam e as épocas dos diferentes cultivos e seus respectivos trabalhos num período agrícola. Podem ser cobertos processos longos num calendário histórico ou a distribuição do tempo num dia habitual de trabalho. Quando utilizá-los: em geral são utilizados na primeira fase de pesquisa do DRP. Os calendários costumam ser realizados depois dos mapas iniciais e da travessia. Calendário Agrícola mostra informação sobre as estações agrícolas e atividades produtivas da comunidade. Refere-se ao tipo de cultivo, ao tipo de criação, ao tempo adequado para cultivá-lo e às atividades agrícolas realizadas. identificar os produtos que são cultivados na comunidade e em que tempo são realizados. Permite revisar se os produtos estão sendo cultivados no tempo adequado ou se é necessário identificar técnicas mais adequadas. Também mostra a rotação de cultivos nas diferentes épocas do ano. entre 1-2 horas. pedaço de papel, lápis, pincéis, giz de cera ou materiais disponíveis no chão. formar um grupo e explicar o objetivo e os elementos do calendário agrícola. Inicia-se definindo a escala de tempo (semanas, meses, estações, etc.). Costuma-se começar com o cultivo mais importante, o segundo mais importante e assim sucessivamente. Deixar os/as agricultores/as desenharem sozinhos e somente intervir para esclarecimentos ou perguntas. Definir as Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Como é feito: 6.5 Calendários A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 31 Travessia Argiloso pesado Vegetação Solo Cultura Posse Pecuária Problemas Fonte de água Arenoso argiloso Argiloso Pasto natural/ mato Capim Bufel Assen- tados Arenoso leve Argiloso Arenoso argiloso Argiloso Argiloso Arenoso argiloso Pasto/ mato Sésamo Árvores Milho espécie Mato Mato Mato Mato Mato Pasto Árvores Açude Capim estrela Algodão Árvores Árvores/ Capim estrela Algodão Algodão Árvores Assen- tados Assen- tados Assen- tados Assen- tados Parti- cular Assen- tados Coope- rativa Açude Vacas Pasto degra- dado Lagoa Formigas grilos Vacas Inços Cisterna Cisterna Açude Cisterna Açude Cisterna Vacas aves Vacas ovelhas aves Pragas comercia- lização Grilos Ervas dani- nhas Comer- cialização ervas daninhas r il s s Percurso: 09 km Referências: Matagal Rio Pasto Cultura Casa Figura 12 - Travessia Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Calendário de Atividades trata-se de um calendário agrícola ampliado que inclui atividades não-relacionadas à agricultura. Visualiza o emprego do tempo segundo setores de intervenção, como: agrícola, social, outras fontes de receita e trabalho, etc. Também permite comparar a distribuição do emprego do tempo entre homens e mulheres. gera a discussão sobre a distribuição do tempo disponível e as possibilidades de melhorá-la ou mudá-la. entre 1-2 horas. pedaço de papel, lápis, pincéis, giz de cera ou materiais disponíveis no chão. formar um grupo e explicar o objetivo e os elementos do calendário. Inicia- se definindo a escala de tempo (semanas, meses, estações, etc.). A seguir são determinadas as atividades principais, tanto produtivas como sociais e culturais. Uma vez nomeadas, não importa a cronologia na qual vão sendo analisadas. Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Como é feito: Categorias Pouco: Regular: Muito: A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 32 Figura 14 - Calendário de Atividades Atividade Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Trabalhar na terra (homens) Trabalho com o gado (mulheres) Trabalho na agroindústria (mulheres e jovens) Recuperar estradas para escoamento da produção (homens e mulheres) Trabalho voluntário da festa da igreja Preparar artesanatos Calendário de Atividades Calendário agrícola Argiloso pesado Feijão Milho Pasto verão Pasto inverno Gado leite Comércio Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Comércio Comércio Comércio Produção Comércio Consumo Plantio Colheita Colheita Plantio Plantio Disponível Disponível Plantio Disponível Disponível Disponível Disponível Disponível Produção Reprodu- ção Produção Comércio Consumo Produção Comércio Consumo Produção Comércio Consumo Produção Comércio Consumo Produção Comércio Consumo Nascimen- tos Comércio Consumo Vacinação Nascimen- tos Comércio Consumo Produção Comércio Consumo Reprodu- ção Plantio Plantio Figura 13 - Calendário Agrícola atividades agrícolas e pecuárias para cada cultivo ou animal e em que momento do ano são realizadas a plantação, colheita, limpeza, limpeza da terra, poda, comercialização, etc. Os diagramas permitem analisar de maneira acessível todos os aspectos complexos e inter-relacionados. Podem ser visualizadas tanto as relações causa-efeito (com a árvore de problemas), como a intensidade e importância das relações institucionais (diagrama de Venn), comerciais ou de produção (fluxogramas de comércio e produção). Quando utilizá-los: a árvore de problemas é "A" ferramenta da segunda fase de pesquisa. Em geral é a primeira que se aplica depois de terem sido selecionados os assuntos ou problemas prioritários da comunidade na primeira fase de pesquisa. O diagrama de tortas (ou de "Venn") é um instrumento da primeira fase de pesquisa. É utilizado no final da primeira fase, quando já se chega a um maior grau de confiança com a comunidade e já foram desenvolvidas outras ferramentas menos "complicadas". Árvore de Problemas trata-se de analisar a relação causa-efeito de vários aspectos de um problema previamente determinado, por exemplo, no mapa da comunidade ou corte transversal ou outras em outras ferramentas. As raízes da árvore simbolizam as causas do problema; o próprio problema se encontra no tronco; e os galhos e as folhas representam os efeitos. Tema: Calendário Histórico - Desenho ESCOLAR 1900 1950 1951 1988 1988 2000 ESCOLA Figura 16 - Calendário Histórico - Desenho 6.6 Diagramas A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 35Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Objetivo: Tempo: Material: Como é feito: a intenção é identificar e analisar um problema com a finalidade de estabelecer as causas primárias. Estas causas primárias serão o ponto de partida para a busca de soluções. aproximadamente 2 horas. papel, pincéis, tarjetas, cartões (ou papel cortado em pedacinhos pequenos), pincéis e cola. formar um grupo e explicar a técnica. Inicia-se desenhando uma árvore e colocando o problema identificado previamente no tronco da árvore. Na discussão vão sendo preenchidas tarjetas com possíveis causas (raízes) e efeitos (galhos) do problema, estes vão sendo colocados na árvore. Uma vez selecionados todos os elementos, se discute se verdadeiramente são causa ou efeito, e, se for necessário, trocam-se da raiz aos galhos ou o inverso. Quando o grupo estiver de acordo com a colocação das tarjetas, estes são fixados na árvore. No debate final se discute quais das causas podem ser eliminadas ou controladas por atividades da comunidade. Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Animais tem pouca águaFamílias tem pouca água para beber Diminuição da produção Diminuição da área irrigada Redução da quantidade de água L x j no r i o ogado io s me n i A so rea to d o r o Corte da atam Di m in ui u na sc en te Problema Efeitos Causas Árvore de Problemas Figura 18 - Árvore de Problemas A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 36 Diagrama de Tortas ou Diagrama de Venn diagrama que identifica os grupos organizados da comunidade e as relações que estes têm entre si e com outras instituições locais e regionais fora da comunidade. colocar em evidência as relações que se estabelecem entre os membros da comunidade e as instituições para reconhecer a importância destes fatores nos processos de decisão e desenvolvimento comunitário. entre 1-2 horas. pedaço grande de papel, tarjetas, cartolina, pincéis. reunir um grupo de homens e mulheres que tenham experiência em relação aos grupos e às instituições vinculados à comunidade. Explicar os objetivos da ferramenta. Desenhar um círculo no centro do papel para representar a comunidade. Em seguida, identificar e desenhar os grupos e ou organizações que tenham relação com a comunidade. Localizar estes grupos e ou organizações no entorno do posicionamento da comunidade. As instituições que têm menos relações com a comunidade são desenhadas mais longe do círculo, e as que têm mais relações são desenhadas mais perto. Com linhas e setas se caracteriza o tipo de relações entre grupo e ou instituições e comunidade, podendo identificar se se trata de uma relação recíproca ou não-recíproca. Devem-se anotar comentários que caracterizam o tipo de relações acima ou abaixo das setas. Uma vez terminado o desenho, será feita uma segunda revisão pelos comunitários que participaram. Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Como é feito: Diagrama de Venn nidu am deo C Pescador $ ESCOLA CORSAN EMATER BANCO DE CRÉDITO IBAMA Prefeitura Ônibus CEEE Polícia Soc. Amigos do Balneário Coleta de LIXO CORREIOS Associação Comercial Posto de Saúde Associação Pescadores Armazém Sindicato Brigada Militar Figura 19 - Diagrama de Venn A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 37Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar segunda fase de pesquisa. O cenário de alternativas se aplica, em geral, na última parte desta segunda fase, para fixar e concretizar as medidas que a comunidade tomará, finalmente, para enfrentar os seus problemas. Matriz de Comercialização representa a informação sobre o processo de comercialização de produtos e os agentes que os realizam. Os sistemas de produção estão integrados numa rede de intercâmbio de produtos entre o meio rural e o meio urbano, portanto é importante resgatar informação dos agentes comerciais e as características próprias do ponto de vista da perspectiva dos comunitários. conhecer de que maneira os agentes comerciais externos e internos realizam transações de comercialização de produtos, a que preços e em que forma de pagamento. Também se registra a quantidade dos produtos comercializados. 1 hora. um pedaço grande de papel, tarjetas, lápis, pincéis. formar um grupo e explicar o objetivo e os elementos da matriz de comercialização. Identificar no grupo os 10 produtos mais vendidos da comunidade. Desta maneira se preenche a primeira coluna, desenhando cada produto. Discutir a relação entre venda e autoconsumo de cada produto (segunda coluna). Identificar o processo de comercialização e cada um dos agentes comerciais (terceira coluna); se for necessário, incluir outras colunas. Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Como é feito: Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Matriz de Comercialização Figura 22 - Matriz de Comercialização Produtos Consumo da Comunidade Venda fora da Comunidade Autoconsumo Preço ao Comerciante Preço ao Consumidor Arroz 80% R$ 30,00 - saco de 60kg10% 10% R$ 60,00 - saco de 60kg Café 20% R$ 80,00 - saco de 50kg60% 20% R$ 120,00 - saco de 50kg Milho 50% R$ 20,00 - saco de 60kg40% 10% R$ 35,00 - saco de 60kg Feijões 50% R$ 100,00 - saco de 60kg40% 10% R$ 120,00 - saco de 60kg Matriz de Camadas Sociais ("Tipologia" de famílias) esta matriz caracteriza as diferenças sociais e econômicas na comunidade, identificadas pelos mesmos comunitários. classificar os diferentes grupos sociais que formam a comunidade, para poder adaptar as medidas posteriores ao DRP às suas deferentes necessidades. Tema: Objetivo: A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 40 Tempo: Materiais: Como é feito: entre 1 e 2 horas. lista de famílias ou lares da comunidade, pedaço grande de papel, tarjetas, pincéis. reunir um grupo de pessoas (homens e mulheres). Explicar primeiramente o objetivo da ferramenta. Definir bens que são importantes para os comunitários em relação à sua posse, por exemplo: terra, moradia, veículos, animais, educação, mercearias, lojas, etc. Para cada um destes bens serão definidos quanto corresponde às famílias pobres, médias e ricas, por exemplo, para a posse de terra: pobres entre 0-40 hectares; médias entre 40-100 hectares; e ricas mais de 100 hectares. Pede-se para agrupar as famílias nas diferentes categorias por cada bem da lista. Figura 23 - Matriz de Camadas Sociais Matriz de Camadas Sociais Matriz de Organização Comunitária (baseada na "FOFA" = Fortalezas, Debilidades, Oportunidades e Ameaças) esta matriz analisa os grupos organizados da comunidade. identificar, analisar e visualizar a situação atual dos grupos para conseguir um fortalecimento organizativo. 1 hora. bloco de papel, tarjetas, lápis, pincéis, giz de cera. reunir um grupo de homens e mulheres da comunidade que participam regularmente dos diferentes grupos. Explicar a ferramenta e seus objetivos. Realizar uma chuva de Tema: Objetivos: Tempo: Materiais: Como é feito: Tipo I Tipo II Tipo III Terra Critérios Comércio Gado Moradia Transporte Educação 0-10 ha, 10 famílias sem armazém, 56 famílias sem animais, 54 famílias Taipa, 6 famílias Nenhum, 43 famílias até o primário, 40 famílias mais de 10 ha, 9 famílias pelo menos um armazém, 3 famílias de 1-5 vacas, 3 famílias madeira, 53 famílias cavalo, 9 famílias pelo menos o primário, 3 famílias 10-20 ha, 40 famílias mais de um armazém ou loja, 0 famílias mais de 5 vacas, 2 famílias alvenaria, 3 famílias automóveis, 7 famílias primeiro e segundo graus, 3 famílias A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 41Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar idéias sobre os grupos organizados da comunidade e colocá-los na primeira coluna. Começar a discutir as fortalezas, debilidades, oportunidades e ameaças que tenha cada grupo. Fortalezas são fatores no interior do grupo que contribuem para o seu melhor desempenho. Debilidades são fatores no interior do grupo que influem negativamente sobre o desempenho. Oportunidades são fatores externos que influem ou poderiam influir positivamente no desenvolvimento organizativo do grupo, porém sobre os quais o próprio grupo não exerce controle. Ameaças são fatores externos que influem negativamente sobre o desenvolvimento organizativo do grupo, porém sobre os quais o próprio grupo não tem controle. Finalmente são discutidas as relações existentes do grupo com os outros grupos da comunidade e com instituições externas, analisando o estado atual das relações e como poderiam fortalecer-se. Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Figura 24 - FOFA FOFA FOFA DA ATIVIDADE PRODUTIVA Comunidade Rural da Zona da Mata Fortalezas Oportunidades ·Corte de cana ·Telefone público ·Roça ·Criar gado ·Energia elétrica ·Costura ·Escola ·Bordado ·Posto médico ·Associação ·Força de vontade Tire vantagens! ·Feira (vendas) ·Feira (compra) ·Usina ·Prefeitura Use-as FRAQUEZAS AMEAÇAS ·Praga das culturas ·Falta de ensino após a 4ª série ·Doenças ·Analfabetismo (jovens e adultos) ·Falta d'água ·Estrada Elimine-as ·Disputa política entre os municípios Evite-as A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 42 mediação pode perguntar: "Do que se precisa para pôr em prática esta alternativa? De quanto se precisa (mão-de-obra, dinheiro, tempo, etc.) para esta alternativa". Uma vez avaliadas todas as alternativas, são hierarquizadas segundo as pontuações recebidas. A análise de gênero não é uma "moda", e, sim, uma parte integral de um diagnóstico participativo. As relações de gênero influem em todos os aspectos de uma comunidade, tanto produtivos como sociais. As medidas que tomará a comunidade para melhorar a sua situação igualmente terão uma repercussão nestas relações e devem ser analisadas e discutidas previamente. Quando utilizá-las: Em geral as ferramentas de análise de gênero são utilizadas na primeira fase de pesquisa, embora devam ser revisadas na segunda fase, para analisar as implicações das alternativas em relação à temática. Rotina diária das Atividades Mulher e Homem a descrição de atividades das mulheres e dos homens de um grupo social específico ajuda a colocar em evidência a sua distribuição, torna visível o trabalho que desempenha cada membro da família e permite compreender a dinâmica das relações sociais de gênero, o apoio mútuo, os esforços de uns e outros, o intercâmbio e também os conflitos. visualizar a divisão de trabalho entre homens e mulheres. Tornar evidente a carga de trabalho real da mulher. Contribuir para a valorização do trabalho da mulher. 1-2 horas. 2 pedaços grandes de papel, tarjetas, pincéis, giz de cera. Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Matriz de Cenário de Alternativas Figura 27 - Matriz de Cenário de Alternativas Recurso/Alternativas Construir poço Canalizar riacho Construir canal a partir da represa norte Mão-de-obra Dinheiro Tempo Ajuda de outros Total 10 4 2 1 3Categoria 7 Categoria de Prioridade: Nenhuma / nada: Pouco: Mais ou menos: Muito: 6.8 Análise de Gênero A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 45 Como é feito: trabalha num grupo de homens e um grupo de mulheres. Explicar os objetivos do exercício. Cada grupo desenha um relógio num bloco de papel e escreve, desenha ou representa com objetos todas as atividades que realiza num dia comum e corrente desde a hora que se levanta até a hora de ir dormir. As seguintes perguntas podem orientar a reflexão sobre a questão dos relógios: “Que relógio se vê mais atarefado? Quem se levanta mais cedo? Quem vai dormir mais tarde? De que tempo livre dispõem as mulheres e de que tempo livre dispõem os homens? Por quantas horas do dia trabalham os homens e por quantas as mulheres? Que diferenças existem entre o trabalho do homem e o trabalho da mulher?". Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Figura 28: Rotina Diária de Mulheres e Homens Uso do tempo neste caso se trata da descrição das atividades diárias unicamente das mulheres. Estas incluem as atividades domésticas, produtivas e de lazer. tornar visível a carga de trabalho real da mulher. Contribuir para a valorização do trabalho da mulher. 1-2 horas. pedaços grandes de papel, tarjetas, pincéis, giz de cera. Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Rotina Diária da Família 12 39 6 7 4 5 8 1 2 11 10 r e r eF ez 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 24 A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 46 Como é feito: pode-se trabalhar com um grupo de mulheres ou repetir o exercício com várias mulheres. Ao início se explica o objetivo do exercício. Depois vão sendo anotadas na primeira coluna, cronologicamente, todas as atividades de um dia. A seguir são desenhadas as colunas das pessoas ou dos grupos de pessoas que costumam apoiar a mulher em algumas das tarefas (esposo, filhos, filhas, avós, etc.). Para indicar que um destes grupos apóia certa atividade, marcam-se com cruzes ou pontos. Um ponto significa que ajuda um pouco e vários pontos significam que ajuda muito. Uma vez completa a matriz, podem ser anotados, eventualmente, os horários das atividades. Matriz de Uso do Tempo Figura 29 - Matriz do Uso do Tempo Atividades da Mulher Marido Os Meninos As Meninas Preparar o café da manhã Lavar a roupa Fazer compra Preparar o almoço Cuidar das crianças Fazer o café e o lanche Legenda: Ajuda muito: Ajuda pouco: Mais ou menos: Faço sozinha: Receba ajuda de: Cuidar dos animais Limpar e varrer Passar roupa Dar banho nas crianças Preparar a janta Lavar as louças Costurar Distribuição de Tarefas entre Mulher e Homem a descrição de atividades das mulheres e dos homens de um grupo social específico ajuda a colocar em evidência a sua distribuição, torna visível o trabalho que desempenha cada membro do lar e permite compreender a dinâmica das relações de gênero, o apoio mútuo, os esforços de uns e outros, o intercâmbio e também os conflitos. ressaltar as diferenças de cargas de trabalho dos homens e das mulheres e criar uma consciência sobre os diferentes papéis designados para ambos. 2 horas. 2 folhas intituladas "distribuição de tarefas entre mulheres e homens" para os Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 47Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Matriz de Controle e Acesso identifica os recursos dos quais dispõem as pessoas para realizar as suas atividades e os benefícios que são derivados deles. Ao se distinguir entre acesso aos recursos e benefícios e o controle sobre eles, é possível medir o poder relativo dos membros de uma sociedade ou economia. visualizar a gestão dos recursos e benefícios de maneira diferenciada entre mulheres e homens dentro da casa e ou comunidade. uma hora. pedaço grande de papel, tarjetas, pincéis. formar um grupo de homens e mulheres. Explicar o exercício e o significado de acesso e controle. Acesso significa ter a oportunidade de utilizar os recursos e benefícios, sem ter a autoridade para decidir sobre eles. Controle significa ter autoridade completa para decidir sobre o uso (disponibilizar, vender) e o resultado dos recursos e benefícios. Igualmente lhes é perguntado: Quais podem ser os fatores que obstruem aquele acesso e controle? Primeiro se preenche completamente a coluna de "controle", depois a de "acesso" e, finalmente, a de "obstáculos". Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Como é feito: Matriz de Tomada de Decisão Homem Obstáculos Terra própria Terra arrendada Água O homem Dono da terra - Quem tem? Controle Acesso Floresta Receitas (renda) Produção agrícola - O homem O homem Educação Filhos Trabalhos A mulher Participação comunitária Oficinas do projeto de desenvolvimento Festas O homem O homem Mulher Homem Mulher X X X X X XXX X X X X X X X XX X X X X XX X X XX Figura 32: Matriz de Controle e Acesso A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 50 Mapa de Movimentos o gráfico mostra os movimentos diários dos comunitários dentro e fora da comunidade. é um gráfico que enfoca para onde se deslocam os comunitários cotidianamente fora de suas casas e propriedades. Além disso permite uma análise diferenciada de papéis e responsabilidades por gênero. 1-2 horas. pedaço grande de papel, tarjetas, pincéis, giz de cera. dividir o grupo entre homens e mulheres. Explicar os objetivos e a finalidade da apresentação gráfica. Desenhar um círculo no centro que representa a casa e a propriedade. Desenhar ao redor da casa/propriedade os lugares para aonde se deslocam a maioria dos comunitários. Perguntar para onde saem freqüentemente, por exemplo: mercado, escola, hospital, mercearia, etc. Devem ser ilustrados os elementos conforme a sua distância da casa. Também se anota o objetivo dos movimentos e viagens. Pedir às participantes para colocar setas de casa nos diferentes destinos, pondo muitas setas onde há deslocamentos freqüentes. Anotar o número de viagens na média da semana. Discutir os resultados. Que diferenças entre as responsabilidades da mulher e do homem são vistas nestes mapas? Tema: Objetivo: Tempo: Materiais: Como é feito: Mapa de Movimento de Homens $ EMATER BANCO ARMAZÉM ESCOLA Financiamento do Proj. Técnico Entrega leite Reuniões Assembléia ASSOCIAÇÃO IGREJA FEIRA LIVRE Venda farinha Venda de doces Estudar Projeto Técnico Comprar produtos Venda de milho Missa Figura 33: Mapa de Movimento de Homens A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 51Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Além dos instrumentos "típicos" do DRP apresentados anteriormente, existem as ferramentas "tradicionais", como os questionários, a análise de dados secundários, as fotos aéreas e de satélite. Estes também podem ser válidos em certos casos. Porém, antes de utilizá-los, sempre devemos nos perguntar se a quantidade de informação que estes vão gerar realmente é necessária e se temos a capacidade de analisá-los adequadamente. Além disso é possível "inventar" ferramentas novas. A criatividade não tem limites sempre e quando são cumpridos certos critérios e respondidas algumas perguntas-chave na elaboração de uma nova ferramenta: · Qual é a informação adicional que gera esta ferramenta? · Qual é a vantagem frente a outras ferramentas para compreender este tema? · Cumpre com os critérios de fácil entendimento e desenvolvimento? · Permite analisar a informação colhida facilmente? Uma vez elaborada uma ferramenta, é imprescindível ensaiá-la antes de utilizá-la no comunidade. Sempre há imprevistos, detalhes que não foram considerados de antemão, que podem prejudicar o bom desenvolvimento. Figura 33: Mapa de Movimento das mulheres Mapa de Movimento das Mulheres Grupo de Artesanato Missa Limpeza paróquia Novena ESCOLA Levar filhos para estudar 6.9 Outras ferramentas A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 52 Os resultados do DRP deverão ser revisados com todas as pessoas da comunidade que participaram para identificar informações que faltam, verificá-las e avaliar a eficiência das ferramentas utilizadas. Já que os homens e as mulheres da comunidade conhecem melhor a sua realidade, podem criticar e discutir as interpretações dos pesquisadores. Por exemplo, valorizar as considerações de gênero e as soluções que foram escolhidas para determinados problemas. Pode valer a pena fazer outras apresentações, tanto para outras instituições que trabalham na mesma área, como para agências estatais e outros atores que possam intervir na implementação das atividades. A apresentação é o final do diagnóstico, que se completa com a socialização e revisão de todos os resultados pela comunidade. Ao mesmo tempo é o começo da parte mais importante no processo de autogestão da comunidade, da verdadeira ação: a execução das atividades necessárias para alcançar os objetivos determinados no DRP. 7.4. Apresentação A C a ix a d e F e rr a m e n ta s d o D R P 55Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Uma vez feitas as apresentações na comunidade, as instituições parceiras e outras organizações e ter sido entregue os documentos finais, o trabalho acabou. Já acabou? É claro que não. Agora começa a fase mais crucial para a comunidade, o trabalho para se chegar às mudanças desejadas e implementar as soluções dos problemas identificados no DRP. Muito dependerá do objetivo institucional que tinha o DRP. Tratava-se de uma organização que trabalhava na área e queria revisar o seu enfoque de trabalho ou de uma organização que contratou a equipe DRP para a formulação de um projeto novo? Foi a Emater que encarregou o DRP de extrapolar os resultados em nível regional e modificar o seu enfoque de extensão? Enfim, existem muitas possibilidades, mas não se vai aprofundar nas implicações que teria para cada nível institucional. Mas independentemente de para quem foi feito o DRP em nível institucional, deve servir principalmente para as comunidades. Se se tentou extrair unicamente informação, por mais participativo que tenha sido, não foi mais do que uma pesquisa científica, sem repercussão nem melhorias para a comunidade. Por isso o DRP não termina com a apresentação final dos resultados, mas, sim, com a elaboração de um plano de ação comunitário com as atividades necessárias para se chegar às mudanças desejadas. Para tanto pode-se recorrer a elementos de um planejamento participativo, no qual a equipe de DRP apóia a elaboração e que deverá ser monitorado na sua implementação pelo Agente de Ater que acompanha a comunidade. Como todas as ferramentas do DRP, este plano de ação é feito pela comunidade; a equipe DRP o facilita e lhe dá apoio metodológico. A seguir há um exemplo de um plano de ação. Normalmente, ao terminar o DRP, serão feitos vários planos de ação, um para cada solução acordada para um determinado problema. Adicionalmente se pode fazer uma matriz geral que reúna todos os planos individuais. O Plano de Ação Comunitária AÇÃO: Instalação de uma rede de água potável Finalizar o DRP é Começar8. Finalizar o DRP é Começar M A M J J A S O ATIVIDADES RESPONSÁVEIS DATA (meses) Contatar técnicos da secretaria de infra- estrutura para medir o fluxo da fonte Prefeitura (João) e Josefina Levantar os preços dos materiais Carlos Organizar reunião para os primeiros trabalhos Primeiros trabalhos para a tubulação José e Maria Construir as tomadas principais Prefeitura, todos. Construção das conexões nas casas Pesquisar possibilidade de subsídios Organizar transporte para materiais A Prefeitura (João) Pedro Carlos e Josefina Emater (Paulo) Técnico da secretaria de infra-estrutura José, todos. (Paulo) Festa de inauguração José e Manoel Instalação de torneiras e caixas- d'água. Pedro e Maria, todos. X X X X X X X X X X X X X X X X Figura 36: Plano de Ação Comunitário 56 Alguns Conselhos Finais9. Alguns Conselhos Finais O DRP é um processo de aprendizagem da comunidade juntamente com os Agentes de Ater. Acreditar que a população possa fazer tudo sozinha é igual a acreditar que o desenvolvimento somente acontece com apoio externo ou, simplesmente, com a transferência de tecnologias. Trata-se da análise conjunta da realidade, dos potenciais da comunidade e das possibilidades de aumentar a capacidade de autogestão e planejamento. O DRP não acaba com a entrega do relatório ou com a apresentação final, na medida em que é um processo contínuo de análise, (re)planejamento e tomada de decisões. Com freqüência os resultados de um DRP não correspondem às idéias ou aos planos que tinham as organizações que o propuseram. O que fazer? Aceite-o! É sua a decisão. Impor uma estratégia ou medida sem o apoio dos/as agricultores/as certamente não iniciará um processo sustentável. Um diagnóstico verdadeiramente participativo supõe arriscar-se, mas vale a pena! 57Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Diagnóstico Rural Participativo - Um Guia Prático Lista de Figuras Lista de Figuras Grupo de agricultores durante oficina de DRP Escada da participação Diferentes níveis de participação Triangulação Entrevista semi-estrutura com agricultores e pescadores artesanais Mapa de recursos naturais Mapa social Mapa da comunidade Mapa da propriedade Mapa de fluxo econômico Mapa de migração Travessia Calendário agrícola Calendário de atividades Calendário sazonal Calendário histórico Calendário histórico Árvore de problemas Diagrama de Venn Fluxo de comercialização Fluxo de produção Matriz de comercialização Matriz de camadas sociais FOFA Matriz de priorização de problemas Matriz de hierarquização de problemas por pares Matriz de cenários de alternativas Rotina diária de mulheres e homens Matriz de uso do tempo Matriz de distribuição das tarefas entres homens e mulheres Matriz de tomada de decisão Matriz de controle e acesso Mapa de movimento dos homens Mapa de movimentos das mulheres Ciclo biológico dos peixes Plano de ação comunitária 60 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - Diagnóstico Rural Participativo Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais Agência de Cooperação Técnica Alemã Agência Brasileira de Cooperação Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural Secretaria da Agricultura Familiar 61Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar Lista de SiglasLista de Siglas DRP ASCAR EMATER - RS EMATER - MG GTZ ABC PNATER DATER SAF Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria da Agricultura Familiar SAF - Secretaria da Agricultura Familiar Setor Bancário Norte - Quadra 01 - Bloco D - 6.º Andar Ed. Palácio do Desenvolvimento - Brasília DF www.mda.gov.br/saf
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