Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

PAHs e HPA: Origem, Formação e Efeitos na Saúde e Ambiente, Notas de estudo de Química Orgânica

Informações sobre polichlorinated aromatic hydrocarbons (pahs) e hidrocarbonetos polinucleados aromáticos (hpa), incluindo sua origem, formação e efeitos sobre saúde e meio ambiente. Os autores discutem sobre a origem de pahs e hpas, seus processos de formação, e os efeitos negativos que causam em sistemas aquáticos e terrestres. Além disso, são apontados alguns compostos específicos, como benzo(a)pireno, benzo(b)fluorante-no, benzo(a)antraceno, indeno(1,2,3-c,d)pireno e dibenzo(a,h)antraceno, que são considerados carcinogênicos em testes com animais de laboratório.

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 20/02/2014

ana-paula-bellon-10
ana-paula-bellon-10 🇧🇷

2 documentos

1 / 14

Documentos relacionados


Pré-visualização parcial do texto

Baixe PAHs e HPA: Origem, Formação e Efeitos na Saúde e Ambiente e outras Notas de estudo em PDF para Química Orgânica, somente na Docsity! 188 ASPECTOS ECOTOXICOLÓGICOS DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS Rodrigo Ornellas Meire1*, Antonio Azeredo1,2 & João Paulo Machado Torres1 1Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Prédio do Centro de Ciências e Saúde – Bloco G, Sala 62 - Subsolo. Ilha do Fundão, Cidade Universitária, CEP: 21941-902 – Rio de Janeiro, Brasil. 2Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Departamento de Saúde. Universidade Estadual de Feira de Santana, Av. Universitária s/n - Km 03, BR 116 Norte, CEP.: 44031-160 – Feira de Santana – Bahia, Brasil. *E-mail: romeire@biof.ufrj.br RESUMO Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) são considerados poluentes orgânicos prioritários em estudos ambientais. Algumas dessas substâncias podem ser consideradas precursoras de ações mutagênicas e tumorais em sistemas biológicos. HPAs são formados exclusivamente por átomos de carbono e hidrogênio e organizados sob a forma de anéis aromáticos fusionados entre si. Essa classe de substâncias tem sua origem na combustão incompleta da matéria orgânica regida principalmente por diferentes fatores físicos, como temperatura e pressão. O transporte de HPAs se dá principalmente através de material particulado fino atmosférico ou por meio aquoso, podendo atingir desta forma regiões distantes de suas origens. HPAs são altamente lipossolúveis e rapidamente absorvidos pelos pulmões, intestinos e pele de homens e animais. Uma vez absorvidos pelas células, os HPAs são metabolicamente ativados e, desta maneira, tornam-se reativos a grupos nuclofílicos presentes em macromoléculas celulares. A formação de adutos de DNA é considerada essencial na carcinogenicidade química desses xenobiontes. Consumidores de alimentos defumados, fumantes, indivíduos em contato com ambiente contaminado (i.e. água e ar), e trabalhadores ocupacionais expostos de forma direta a HPAs podem apresentar elevadas propensões ao desenvolvimento de tumores e câncer. Palavras-chave: HPA, benzo(a)pireno, ecotoxicologia, poluição, carcinogênico. ABSTRACT ECOTOXICOLOGY ASPECTS FROM POLICICLIC AROMATIC HYDROCARBONS (PAH). Policiclic Aromatic Hydrocarbons (PAH) are considered priority organic pollutants in environmental researches. Some of these substances can be considered mutagenic and tumors precursors in biologic systems. PAH are formed exclusively by carbon and hydrogen atoms consisting of two or more fused aromatic rings arrangements. PAH are originated from incomplete burning of organic matter leading by different physics factors as temperature and pressure parameters. PAH are transported mainly through fine particles in atmosphere or aquatic environment and can reach distant areas far from its origins. PAH are lipophilic compounds and quickly absorbed by lung, intestine and skin from human and animals. Once absorbed by cells, PAH are metabolic activated and this way becomes reactive to nucleophilic groups of cellular macromolecules. The formation of DNA adducts is considered essential in the chemical carcinogenic of these xenobiotic compounds. The consummers of smoked foods, people that smokes, live in contaminated environment (e.g. water and air), and occupational workers who are exposed in a direct form to PAH present the higher risks of tumors and cancer development. Key-words: PAH, benze(a)pyrene, ecotoxicology, pollution, carcinogenic. CARACTERÍSTICAS GERAIS Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) são considerados poluentes orgânicos prioritários em estudos ambientais, sendo alguns desses conta- minantes descritos como precursores de ações mu- tagênicas e tumorais em sistemas biológicos (WHO 1983). HPAs são compostos aromáticos formados por dois ou mais anéis benzênicos, constituídos ex- clusivamente por átomos de carbono e hidrogênio (Figura 1), organizados sob forma linear, angular ou agrupada (Netto et al. 2000). A formação desses Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 189 contaminantes tem sua origem na combustão incom- pleta da matéria orgânica, origem essa influenciada principalmente por fatores como temperatura e pres- são que direcionam o perfil constituinte dos mesmos (Page et al. 1999). Deste modo, incêndios florestais e de campos, assim como a queima de combustível fóssil, seriam as principais fontes de HPAs para o meio ambiente. Porém, as maiores emissões provêm de processos industriais ligados à produção de aço e alumínio, da exaustão de incineradores de rejeito e por resíduos sólidos industriais. Atividades petro- químicas como o processo e refino na produção de petróleo, assim como, acidentes que envolvem o der- ramamento direto de seus produtos e derivados em corpos receptores, como lagos, rios e oceanos, tam- bém elevam consideravelmente os níveis ambientais de HPAs (Page et al. 1999, Yunker et al. 2002, Sisin- no et al. 2003). De acordo com a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA – Environment Protection Agency) 16 hidrocarbonetos poliaromáticos são con- siderados particularmente importantes no monitora- mento ambiental de poluentes orgânicos prioritários (EPA 1986): Acenafteno acenaftileno, antraceno, benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, benzo(b)fluo- ranteno, benzo(ghi)perileno, benzo(k)fluoranteno, criseno, dibenzo(a,h)antraceno, fenantreno, fluoran- teno, fluoreno, indeno(1,2,3-cd)pireno, naftaleno e pireno (Figura 1). Esses compostos apresentam de 2 a 6 anéis aromáticos fundidos entre si com peso mo- lecular (PM) variando entre 128 e 278g/mol. Suas ca- racterísticas físico-químicas, como solubilidade (S) e pressão de vapor (PV), são fatores importantes que direcionam a distribuição desses contaminantes entre as fases solúvel e particulada em meio atmosférico, aquoso e biótico (Tabela 1). A solubilidade em água dos HPAs varia entre os altamente insolúveis (e.g. benzo[g,h,i]perileno: 0,003mg/L) a pouco solúveis em água (e.g. naftaleno, 31mg/L), enquanto a pressão de vapor transita entre compostos altamente voláteis (naftaleno) e compostos relativamente pouco voláteis (dibenzo[a,h]antraceno). Figura 1. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs). Nesta figura estão os 16 HPAs prioritários em estudos ambientais de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA 1987). ASPECTOS ECOTOXICOLÓGICOS DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 192 origens em complexas misturas caracterizam fontes não pontuais de contaminação. Já HPAs de origem petrogênica podem está associados a contaminações locais, como próximo a refinarias, rodovias e rotas marítimas de navegação (Mantis et al. 2005). HPAs petrogênicos são constituídos predominantemente por 2 e 3 anéis aromáticos (i.e. naftaleno, fluoreno e fenantreno), enquanto HPAs originários de queima apresentam uma maior freqüência relativa para compostos com 4 a 6 anéis (i.e. fluoranteno, pireno, benzo(b,k)fluorantenos e benzo(g,h,i) perileno). Vasconcellos et al. (2003), sugerem que a relativa abundância de pireno seguida de criseno e fluoranteno, observados em aerossóis da cidade de São Paulo, é originária principalmente pela exaustão de veículos motores a gasolina, enquanto criseno, pireno e benzo(a)antraceno são emitidos tanto por veículos a gasolina, como por veículos que utilizam combustível a diesel. Por outro lado, Santos et al. (2004), verificaram que a elevada freqüência relativa de benzo(a)pireno e pireno, em material particulado atmosférico, podem estar relacionadas com fontes pontuais originárias da queima de carvão por uma termoelétrica local. Diferentes estudos vêm utilizando razões de HPAs individuais com o intuito de identificar e calcular possíveis fontes de origem desses contaminantes (Budzinski et al. 1997, Page et al. 1999, Readman et al. 2002). A utilização dessas razões está baseada na temperatura de formação dos HPAs, levando-se em conta a estabilidade química individual de cada composto. HPAs com massa moleculares de 202 (pireno e fluoranteno) e 276 (benzo[g,h,i]perileno indeno[1,2,3cd]pireno) são bons indicadores, por exemplo, na distinção entre fontes de origem petrogênicas vs. pirolíticas (Tabela II). Por outro lado, massas moleculares de 228 (i.e. criseno e benzo[a]antraceno) e 278 (i.e. dibenzo[a,h]antraceno) apresentam baixa capacidade como indicadores de origem (Brito et al. 2005). Bícego et al. (2006), ao estudar o sistema estuaríno de Santos e São Vicente (Santos, SP), verificaram uma elevada predominância de HPAs originários da combustão por carvão (oriundos de atividade metalúrgica), óleo cru, diesel (i.e. refinaria e navegação) e da queima de biomassa proveniente da população do entorno. Fernandes et al. (2002), também identificaram através de razões de HPAs individuais (benzo[g,h,i]perileno \ indeno[1,2,3cd] pireno) uma considerável contribuição emitida pelo tráfego automotivo. Benzo(g,h,i)perileno é reportado como um dos HPAs mais estável de sua classe. O mesmo é produzido principalmente por fontes móveis de origem, e a sua razão com indeno(1,2,3cd)pireno estima geralmente o aumento da exaustão automotora vs. possíveis fontes de origem estacionária (Oda et al. 1998). A interação dos HPAs com outras moléculas orgânicas pode amplificar a persistência desses compostos no ambiente. No processo de pirólise, por exemplo, outros produtos como os carbonos de fuligem (“soot carbon”) são produzidos, formando aglomerados de HPAs condensados. Esses produtos apresentam alta afinidade por HPAs pirolíticos e permanecem sob forma estável no ambiente, Tabela II. Caracterização de origens de HPAs através das razões entre compostos não alquilados. Razões1 Caracterização de origem Referências Petrogênico Pirolítico Fen./Antr. >15 < 10 Budzinski et al. 1997 Fluor./Pir. < 1 > 1 Readman et al. 2002 Naf./Fen. >>1 Steinhauer & Boehm 1992 Ind./B[ghi]P. >1 < 1 Wasserman et al. 2001 Fluor./(Fluor.+ Fen.) < 0.1 >0.1 Yunker et al. 2002 Fluor./(Fluor.+ Pir.) < 0.5 >0.5 Yunker et al. 2002 Ind./(Ind. + B[ghi]P.) < 0.2 >0.5 Yunker et al. 2002 1Fen. – Fenantreno; Antr. – Antraceno; Fluor. – Fluoranteno; Pir. – Pireno; Naf. – Naftaleno; Ind. – Indeno[123cd]pireno; B[ghi]P. – Benzo[ghi] perileno. MEIRE, R.O. et al. Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 193 direcionando de forma significativa processos, como a partição e a biodisponibilidade dos HPAs (Neff 1979). Recentes estudos vêm demonstrando uma relação direta entre os níveis de HPAs no ambiente (i.e. ar, solo, sedimento e biota) com a presença humana local (Rose & Rippey 2002, Barra et al. 2005). Hafner et al. (2005) verificaram uma estreita relação (r2= 0,92) entre a densidade populacional e a concentração de HPAs na atmosfera. Japenga et al. (1988), num estudo pioneiro de poluentes orgânicos na costa brasileira, também atribuíram a presença de HPAs no sedimento com atividades urbanas ou industriais nas proximidades dos locais de coleta. Em geral, quando observamos níveis mundiais de HPAs na literatura internacional, podemos verificar esta relação de forma ainda mais clara. Na Tabela III, por exemplo, podemos observar os níveis de HPAs encontrados em amostras de sedimento para diferentes países do mundo. Áreas consideradas urbanas e/ou industriais apresentam níveis de HPAs superiores em até duas ordens de grandeza, quando comparadas com regiões remotas do globo, ou consideradas distantes de possíveis fontes pontuais de contaminação. No Brasil, por exemplo, os maiores níveis de HPAs são observados nos grandes centros urbanos e industriais do país, como no caso dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Nishigima et al. (2001); Bícego et al. (2006) verificaram elevadas concentrações de HPAs (80-42.390ng.g-1 e 22,6-68.130ng.g-1 respectivamente) em sistemas estuarínos próximo ao complexo industrial de Cubatão (Santos, São Paulo). O mesmo pode ser observado nos estudos de Meniconi et al. (2002) e de Torres et al. (2002) que reportaram concentrações de 8.035ng.g-1 e 40.000ng.g-1 de HPA total em sedimento de fundo da Baía de Guanabara e do rio Paraíba do Sul (Rio de Janeiro, RJ), respectivamente. Num estudo mais recente, Pereira et al. (2007) observaram que a deposição atmosférica total de HPAs pode atingir concentrações acima de 2.000ng/(m2 dia) em regiões industrializadas (Volta Redonda, RJ). O mesmo estudo também utilizou biomonitores atmosféricos (Tillandsia usneoides L.) e verificou níveis de HPAs superiores em até 22 vezes aos reportados, quando comparados aos pontos controle previamente escolhidos no estudo. Entretanto, atividades agrícolas como na queima de biomassa vegetal, também são caracterizadas como fontes importantes de HPAs no ambiente (Azevedo et al. 2002, Gomes & Azevedo 2003). Azevedo et al. 2002, observaram elevadas concentrações de HPAs no material particulado atmosférico (342ng.m-3) para a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ). A cidade é caracterizada pela vasta atividade agrícola ao redor, envolvendo principalmente a monocultura de cana de açúcar. Tabela III. Níveis de HPA total (sedimento) encontrados no mundo, de acordo com a literatura disponível. Localização HPA total (ng.g-1)* Referências Áreas remotas Florida, NE (EUA) 1.800 Furlong et al. 1987 Lago larto, LA (EUA) 100 Catallo et al. 1995 Arresjoen (Ártico) 260 Fernández et al. 1999 Europa Central 1.100 Fernández et al. 1999 Lago Laja (Chile) 359 Quiroz et al. 2005 PARNA Serra da Bocaina, RJ (Brasil) 115 Meire 2006 Áreas Urbanas & Industriais Lago Michigan (EUA) 3.500 Simick et al. 1996 Lago Zurich (CH) 15.000 Walkeman et al. 1980 Washington (EUA) 7.000 Walkeman et al. 1980 Priest pot (RU) 16.000 Cranwell & Koul 1989 Rio Paraíba do Sul, RJ(Brasil) 40.000 Torres et al. 2002 Baía de Guanabara, RJ (Brasil) 8.035 Meniconi et al. 2002 Baía de Todos os Santos, BA (Brasil) 4.163 Venturini & Tommasi 2004 Lagoa dos Patos, RS (Brasil) 11.780 Medeiros et al. 2005 Estuário de Santos, SP (Brasil) 68.130 Bícego et al. 2006 ASPECTOS ECOTOXICOLÓGICOS DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 194 ASPECTOS TOXICOLÓGICOS HPAs são altamente lipossolúveis e rapidamente absorvidos pelos pulmões, intestinos e pela pele de animais experimentais, independente da rota de administração. O padrão de distribuição foi similar depois de administração subcutânea, intravenosa e intra traqueal, tanto em ratos quanto em camundongos. Níveis detectáveis de HPAs podem ser observados em muitos órgãos internos de minuto a horas de administração. Os maiores níveis são encontrados no fígado (IARC 1983, Forth et al. 1988). Glândula mamária e tecido adiposo, por suas características físicas e químicas, poderiam ser considerados significativos depósitos de estocagem para os HPAs (Modica et al. 1983), mas pela rápida degradação por processos metabólicos são demonstrados níveis não significativos. O trato gastrointestinal contém quantidades relativamente altas de metabólitos de HPAs como resultado da excreção hepatobiliar (Scheled et al. 1970). Alguns HPAs, como no caso do benzo(a)pireno, podem cruzar rapidamente a barreira placentária de ratos e camundongos (Neubert & Tapken 1988, Withey et al. 1993) concordando com os dados sobre toxicidade para o feto e seu desenvolvimento. O benzo(a)pireno é facilmente absorvidos no trato digestivo quando presente como soluto em vários tipos de lipídios da dieta. A absorção é facilitada na presença de sais biliares na luz intestinal. Em ratos, foi observado que entre 30 a 50% da dose oral de benzo(a) pireno e de pireno foram rapidamente absorvidas e a maior parte dos compostos foi prontamente metabolizada no fígado (efeito de primeira passagem) (Foth et al. 1988, Withey et al. 1993). HPAs como o benzo(a)pireno, fenantreno e pireno penetram rapidamente na pele de camundongos e ratos. Em camundongos, também se observou que 80% do benzo(a)pireno absorvido via dérmica foi recuperado nas fezes dos animais tratados em um período de sete dias, enquanto que em ratos a taxa de recuperação de benzo(a)pireno nas fezes e na urina foi de 42% (Sandlers et al. 1984, Yang et al. 1986). Estudos sobre a retenção pulmonar de HPAs na forma cristalina e de HPAs em solução após instilação intra-traqueal em ratas indicaram que eles são rapidamente absorvidos pelo trato respiratório (Wolff et al. 1989). Todavia, HPAs inalados são predominantemente absorvidos sob a forma de partículas de fuligem. Após sua deposição nas vias aéreas, as partículas podem ser eliminadas por reflexo bronquial. Os HPAs podem ser parcialmente removidos das partículas por transporte na mucosa ciliada, ou podem penetrar nas células do epitélio bronquial, onde são metabolizados (WHO 1987). Uma vez absorvido pelas células, os HPAs são metabolicamente ativados e, desta maneira, tornam- se reativos a grupos nucleofílicos presentes em macromoléculas celulares. A formação de adutos de DNA é considerada essencial na carcinogenicidade química desses xenobiontes. A biotransformação dos HPAs abrange uma série de reações de oxidação, redução, hidrólise e de conjugação que são realizadas principalmente no fígado por enzimas do sistema de monooxigenases de função mista da super família dos Citocromos P450 (Klaassen et al. 1996). Este tipo de transformação tem um suposto objetivo biológico de fazer com que um determinado metabólito seja mais hidrofílico que o seu precursor, e com isso facilitar a excreção através dos fluidos biológicos. A indução de monooxigenases por substâncias químicas estranhas ao corpo é vista em diversos organismos e já foi observada em mamíferos, peixes, insetos, plantas, fungos e bactérias. Na década de 1980 já se sabia que alguns milhares de substâncias químicas naturais e sintéticas e com diversas estruturas eram capazes de aumentar os níveis de enzimas microssomais quando administradas para animais de laboratório. Drogas tais como a zoxazolamina, hormônios esteróides, alguns pesticidas e herbicidas, preservante de alimentos, certos corantes, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e constituintes normais da dieta são alguns exemplos de indutores de monooxigenases (Conney 1982). O processo de oxidação enzimática seguida de hidrólise com a formação de diol-epóxidos é considerado um dos mecanismos de ativação mais aceito atualmente na literatura para bioativação dos HPAs carcinogênicos (Figura 2). A ativação desses compostos é conduzida pela enzima citocromo P450, especialmente sob duas isoformas principais: P4501A1 e P4501A2 (Hall et al. 1989). No caso do benzo(a)pireno, o citocromo P450 é responsável pelo seu metabolismo em benzo(a)pireno-7,8-óxido, que por ação subseqüente da epóxido hidrolase é transformado em benzo(a)pireno-7,8-diol. Estes dióis sofrem novamente ação do citocromo P450 e MEIRE, R.O. et al. Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 197 (<2ng.m-3). Concentrações um pouco mais elevadas são encontradas para alguns países da Europa (1 a 3ng.m-3). O mesmo pode ser observado para países desenvolvidos da Ásia como Tóquio e Hong Kong, porém valores reportados para as cidades de Beijing (China), Lahore (Paquistão) e Jaquarta (Paquistão), apresentam níveis superiores que variam de 3 a 20 vezes aos valores médios encontrados na Europa (1,57ng.m-3). Isso pode ser explicado pelo acelerado desenvolvimento econômico desses países, que se baseiam muitas vezes na utilização da queima de carvão como fonte principal de energia. De acordo com Fernandes et al. (2002), de 6 a 7 pessoas entre 100.000 indivíduos morrem de câncer em conseqüência ao tempo de exposição a ambientes contaminados, que apresentem concentrações médias em torno de 0,75ng.m-3 de benzo(a)pireno no ar (Harrinson 1998). Isso pode representar uma estimativa em torno de 720 casos extra de câncer numa população exposta de aproximadamente 11.000.000 de pessoas. AGRADECIMENTOS: Ao fomento da CAPES, FAPERJ, CNPq- PROSUL (edital: 016/2004) & Sinai Medicine Mount of School (No.1 D43 TW00640). REFERÊNCIAS AKCHA, F.; IZUEL, C.; BUDZINSKI, H.; BURGEOT, T. & NARBONNE, J.F. 2000. Enzymatic biomarker measurement and study of DNA adduct formation in B[a]P-contaminated mussel, Mytilus galloprovincialis. Aquatic Toxicology, 49: 269-287. AZEVEDO, D.A.; SANTOS, C.Y.M. & NETO, F.R.A. 2002. Identification and seasonal variation of atmospheric organic pollutants in Campo dos Goytacazes, Brazil. Atmospheric Environment, 36: 2383-2395. AZUMA, M.; TOYOTA, Y.A. & KAWATO, S. 1996. Naphthalene – a constituent of Magnólia flowers. Phytochemistry, 42: 999-1004. BARRA, R.; POPP, P.; QUIROZ, R.; BAUER, C.; CID, H. & TUMPLING, W.V. 2005. Persistent toxic substances in soils and waters along an altitudinal gradient in the Laja river basin, central southern Chile. Chemosphere, 58: 905-915. BÍCEGO, C.M.; TANIGUCHI, S.; YOGUI, G.T.; MONTONE, R.C.; SILVA, D.A.M.; LOURENÇO, R.A.; MARTINS, C.C.; SASAKI, S.T.; PELLIZARI, V.H. & WEBER, R.R. 2006. Assessment of contamination by polychlorinated biphenyls and aliphatic and aromatic hydrocarbons in sediments of the Santos and São Vicente Estuary System, São Paulo, Brazil. Marine Pollution Bulletin. 52(12): 1804-1816. BINKOVÁ, B.; GIGUÈRE, Y.; RÖSSNER-JR, P. DOSTÁL, M. & SRÁM. R. 2000. The effect of dibenzo[a,h]pyrene and benzo[a]pyrene on human diploid lung fibroblasts: the induction of DNA adducts, expression of p53 and p21WAF1 proteins and cell cycle distribution. Mutation Research/ Genetic Toxicology and Environmental Mutagenesis, 471(1-2): 57-70. BRITO, E.M.S.; VIEIRA; E.D.R.; TORRES, J.P.M. & MALM, Figura 3. Níveis médios de benzo(a)pireno em ar (ng.m-3) para o Rio de Janeiro, cidades da América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. (Fonte: Adaptado de Fernandes et al. 2002). ASPECTOS ECOTOXICOLÓGICOS DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 198 O. 2005. Persistent organic pollutants in two reservoirs along the Paraíba do sul-Guandu river system, Rio de Janeiro, Brazil, Química Nova, 28(6): 941-942. BRITO, E.M.S; GUYONEAUD, R.; GOÑI-URRIZA, M.; RANCHOU-PEYRUSE, A.; VERBAERE, A.; CRAPEZ, M.A.C.; WASSERMAN J.C.A. & DURAN, R. 2006. Characterization of hydrocarbonoclastic bacterial communities from mangrove sediments in Guanabara Bay, Brazil. Research in Microbiology, 15(8): 752-762. BUDZINSKI, H.; JONES, I.; BELLOCQ, J.; PIÉRARD, C. & GARRINGUES, P. 1997. Evaluation of sediment contamination by policyclic aromatic hydrocatbons in the Gironde estuary. Marine Chemistry, 58: 85-97. CATALLO, W.J.; SCHLENKER, M.; GAMBRELL, R.P. & SHANE, B.S. 1995. Toxic chemicals and trace metals from urban and rural Louisiana lakes: recent historical profiles and toxicological significance. Environmental Science & Technology, 29: 1436-1445. CHAILLAN, F.; LE FLÈCHE, A.; BURY, E.; PHANTAVONG, Y.; GRIMONT, P.; SALIOT, A. & OUDOT, J.; 2004. Identification and biodegradation potential of tropical aerobic hydrocarbon-degrading microorganisms. Research in Microbiology, 155: 587–595. CHEN. J.; HENDERSON, G.; GRIMM, C.C.; LLOYD, S.W. & LAINE, R.A. 1998. Termites formigate their nest with naphthalene. Nature, 392: 558. CONNEY, A.H. 1982. Introduction of microssomal enzymes by foreign chemicals and carcinogenesis by polycyclic aromatic hydrocarbons: G. H. A. Clowes memorial lecture. Cancer Research, 42: 4875-4917. CRANWELL, P.A.& KOUL, V.K. 1989. Sedimentary record of Polycyclic Aromatic and Aliphatic Hydrocarbons in the Windermere catchment. Water research, 23: 275-283. DAISY, H.B.; STROBEL, G.A.; CASTILLO, U.; EZRA, D.; SEARS, J.; WEAVER, D.K. & RUNYON, J.B. 2002. Naphthalene, an insect repellent, is produced by Muscodor vitigenus, a novel endophytic fungus. Microbiology, 148: 3737–3741. DENISSENKO, M.F.; PAO, A.; TANG, M. & PFEIFER, G.P. 1996. Preferencial formation of benzo(a)pyrene adducts at lung cancer mutational hotspots in P53. Science, 247: 430-432. DOUBEN, P.E.T. 2003. PAHs: An Ecotoxicological perspective (first edition). John Wiley & Sons, Ltda. England. ISBN 0-471-56024-3. Pp 389. ENVIRONMENT PROTECTION AGENCY - EPA 1986. Quality criteria for water 1986. EPA 440/5-86-001. US Environmental Protection Agency, Washington, DC. FAZIO, T. & HOWARD, J.W. 1993. Polycyclic aromatic hydrocarbons in foods. In: Handbook of Polycyclic Aromatic Hydrocarbons, ed. Bjørseth, A., Marcel Dekker, New York, 1983, vol.1. Pp 461. FERNANDES, M.B; BRICKUS, L.S.R; MOREIRA, J.C & CARDOSO, J.N. 2002. Atmospheric BTX and polyaromatic hydrocarbons in Rio de Janeiro, Brazil. Chemosphere, 47: 417-425. FERNÁNDEZ, P.; VILANOVA, R.M. & GRIMALT, J.O. 1999. Sediment fluxes of Polycyclic Aromatic Hydrocarbons in European high altitude mountain lakes. Environmental Science & Technology, 33: 3716-3722. FOTH, H.; KAHL, R. & KAHL, G.F. 1988. Pharmacokinetics of low doses of benzo[a]pyrene in the rat. Food Chemistry & Toxicology, 26: 45–51. FURLONG, E.T.; CESSAR, L.R. & HITES, R.A. 1987. Accumulation of polycyclic aromatic hydrocarbons in acid sensitive lakes. Geochimica et Cosmochimica Acta, 51: 2965-2975. GARBAN, B.; BLANCHOUD, H.; MOTALAY-MASSEI, A.; CHEVREUIL, M. & OLLIVON, D. 2002. Atmospheric bulk deposition of PAHs onto France: trends from urban to remote sites. Atmospheric Environment, 36: 5395-5403. GOMES, A.O. & AZEVEDO, D.A. 2003. Aliphatic and aromatic hydrocarbons in tropical recent sediments of Campo dos Goytacazes, RJ, Brazil. Journal Brazillian Chemistry Society, 14(3): 358-368. GREENBLATT, M.S.; BENNETT, W.P.; HOLLSTEIN, M. & HARRIS. C.C. 1994. Mutations in the p53 Tumor Suppressor Gene: Clues to Cancer Etiology and Molecular Pathogenesis. Cancer Research 54 : 4855-4878. HAFNER, W. D.; CARLSON, D.L.& R. A. HITES. 2005. Influence of local human population on atmospheric polycyclic aromatic hydrocarbons concentrations. Environ- mental Science & Technology, 39(19): 7374 -7379. HALL, M.; FORRESTER, L.M.; PARKER, D.K.; GROVER, P.L. & WOLF, C.R. 1989. Relative contribution of various forms of cytochrome P450 to the metabolism of benzo[a]pyrene by human liver microsomes. Carcinogenesis, 10: 1815-1821. HARRISON, R.M., 1998. Setting health-based air quality standards. Pp 57–73 In: Hester, R.E., Harrison, R.M. (Eds.), Air Pollution and Health, Issues in Environmental Science and Technology 10. The Royal Society of Chemistry, Cambridge, UK. HEDLUND, B.P; GEISELBRECHT, A.D. & STALEY, J.T; 2001. Marinobacter strain NCE312 has a Pseudomonas-like naphthalene dioxygenase. FEMS Microbiology Letter, 201: 47–51. MEIRE, R.O. et al. Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007 199 HOLLSTEIN, M.; SIDRANSKY, D.; VOGELSTEIN, B. & HARRIS. C.C. 1991. P53 mutations in human cancers Science, 253: 49-53. HWANG, S. & CUTRIGHT, T.J. 2002. Biodegradability of aged pyrene and phenanthrene in a natural soil. Chemosphere, 47: 891-899. IARC - INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER. Monographs on the Evaluation of the Carcinogenic Risk of Chemical to Humans. Polycyclic Aromatic Compounds. Part 1, Chemical, Environmental and Experimental Data, v.32. Lyon, France. IARC - INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER 1985. Monographs on the Evaluation of the Carcinogenic Risk of Chemical to Humans, v.35. Lyon, France. JAPENGA, J.; WAGENAAR, W.J.; SALOMONS, W.; LACERDA, L.D.; PATCHINEELAM, S.R.& LEITÃO- FILHO, C.M. 1988. Organic micropollutants in the Rio de Janeiro coastal region, Brazil. The Science of the Total Environment, 75: 249-259. JERINA, D.M.; THAKKER, D.R. & YAGI, H. 1978. Carcinogenicity of benzo(a)pyrene derivates: the bay region theory. Pure and Applied Chemistry, 50: 1033-1044. KLAASSEN, C.D.; DOULL, J. & AMDUR, M.O. 1996. Casarett and Doull’s Toxicology – the basic science of poisons. (5th Edition). McGraw-Hill. New York. ISBN0-07-105476-6. KRAUSS, M.; WILCKE, W.; CHRISTOPHER, M.; ADELMAR, G. B.; MARCOS, V.B.G. & WULF, A. 2005. Atmospheric versus biological sources of polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) in a tropical rain forest environment. Environmental Pollution, 135: 143–154. KRAMERS, P.N.G. & VAN DER HELIDEN, C.A. 1988. Polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH): carcinogenicity data and risk extrapolation. Toxicological and Environmental Chemistry, 16: 41-351. LATIMER, J.S. & ZHENG, J. 2003. The sources, transport, and fate of PAHs in the marine environment. In: PAHs: An ecotoxicological perspective. John Wiley & Sons, Ltd. ISBN: 0-471-56024-3. Pp 9-33 389. LEVINE, A.J.; WU, M.C.; CHANG, A.; SILVER, A.; ATTIYEH, E.F.; LIN, J. & EPSTEIN, C.B. 1995. The spectrum of mutations at the p53 locus. Evidence for tissue-specific mutagenesis, selection of mutant alleles, and a “gain of function” phenotype. Annals of the New York Academy of Science, 768: 111-128. LO, M.T. & SANDI, E. 1978. Polycyclic aromatic hydrocarbons (polynuclears) in foods. Residue Reviews, 69: 35-86. MANTIS, J.; CHALOULAKOU, A. & SAMARA, C. 2005. PM10-bound polycyclic hydrocarbons (PAHs) in the greater area of Athens, Greece. Chemosphere, 59: 593-604. MEDEIROS, P.M.; BÍCEGO, M.C.; CASTELAO, R.M.; ROSSO, C.D.; FILLMANN, G. & ZAMBONI, A.J. 2005. Natural and anthropogenic hydrocarbon inputs to sediments of Patos Lagoon Estuary, Brazil. Environment International, 31: 77– 87. MEIRE, R.O. 2006. Avaliação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em áreas de proteção permanente – sudeste brasileiro. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Pp 53. MENICONI, M.F.G.; GABARDO, I.T.; CARNEIRO, M.E.R.; BARBANTI, S.M.; SILVA, G.C. & MASSONE, C.G. 2002. Brazilian Oil Spills Chemical Characterization—Case Studies. Environmental Forensics, 3(3-4): 303-321 MEYER, P.A. & ISHIWATARI, R. 1993. Lacustrine organic geochemistry – an overview of indicators of organic matter soucers and diagenesis in lake sediments. Organic Geochemistry, 20: 867-900. MODICA, R.; FIUME, M.; GUAITANI, A. & BARTOSEK, I. 1983. Comparative kinetics of benz(a)anthracene, chrysene and triphenylene in rats after oral administration. I. Study with single compounds. Toxicology Letters, 18: 103-109. NEFF, J.M. 1979. Polycyclic Aromatic Hydrocarbons in the Aquatic Environment Sources, fate, and biological effects. Applied Science Publishers, London. NEFF, J.M. 1984. Bioacumulation of organic micropollutants from sediments and suspended particulates by aquatic animals. Fresenius Journal of Analytical Chemistry, 319: 132-136. NETTO, A.D.P.; DIAS, J.C.M.; ARBILLA, G.; OLIVEIRA, L.F. & BAREK, J. 2000. Avaliação da contaminação humana por Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos e seus derivados nitratos: Uma revisão metodológica, Química Nova, 23(6): 765-773. NEUBERT, D. & TAPKEN, S.; 1988. Transfer of benzo(a)pyrene into mouse embryos and fetuses. Archives of Toxicology, 62: 236–239. NISHIGIMA, F.N.; WEBER, R.R. & BICEGO, M.C., 2001. Aliphatic and aromatic hydrocarbons in sediments of Santos and Cananeia, SP, Brazil. Marine Pollution Bulletin, 42: 1064–1072. ODA, J.; MAEDA, I.; MORI, T.; YASUHARA, A. & SAITO, Y., 1998. The relative proportions of polycyclic aromatic hydrocarbons and oxygenated derivatives in accumulated organic particulates as affected by air pollution sources. Environmental Technology, 19: 961–976. PAGE, D.S.; BOEHM, P.D.; DOUGLAS, G.S.; BENCE, A.E.; ASPECTOS ECOTOXICOLÓGICOS DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS Oecol. Bras., 11 (2): 188-201, 2007
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved