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Tecido. O que é tecido, Notas de estudo de Engenharia Têxtil

O tecido é um material à base de fios de fibra natural, artificial ou sintética, que compostos de diversas formas tornam-se coberturas de diversos tipos formando roupas e outras vestimentas e coberturas de diversos usos

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 16/10/2014

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Baixe Tecido. O que é tecido e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Têxtil, somente na Docsity! 34 O que é tecido? O tecido é um material à base de fios de fibra natural, artificial ou sintética, que compostos de diversas formas tornam-se coberturas de diversos tipos formando roupas e outras vestimentas e coberturas de diversos usos, como cobertura para o frio, cobertura de mesa, limpeza, uso medicinal (como faixas e curativos), entre outros. I. Tipos de Tecidos Tecidos Planos: são resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ângulo reto. Os fios dispostos no sentido horizontal são chamados de fios de trama e os fios dispostos no sentido vertical são chamados de fios de urdume. Tecido Plano: é uma estrutura produzida pelo entrelaçamento de um conjunto de fios de urdume e outro conjunto de fios de trama, formando ângulo de (ou próximo) a 90º. • Urdume: Conjunto de fios dispostos na direção longitudinal (comprimento) do tecido. • Trama: Conjunto de fios dispostos na direção transversal (largura) do tecido. Tecido Malha : A laçada é o elemento fundamental deste tipo de tecido, constitui-se de uma cabeça, duas pernas e dois pés. A carreira de malhas é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido da largura do tecido. Já a coluna de malha é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido. Tecido Nãotecido: Conforme a norma NBR – 13370, não-tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras, ou filamentos, orientados direcionalmente ou ao acaso, consolidados por processos: mecânico (fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmico (coesão) ou combinação destes. As ilustrações a seguir representam estruturas dos têxteis citados acima: Ilustração 23: Tecido Plano. Ilustração 24: Tecido de Malha. Ilustração 25: Tecido Não Tecido 35 O Tecido Plano e a Tecnologia da Tecelagem O tecido plano é o produto final do processo de tecelagem. É classificado de acordo com: a) A matéria-prima empregada (natural, sintética ou mista); b) A forma de entrelaçamento dos fios (tafetá, sarja e cetim); c) o número de fios por centímetro quadrado; d) o peso por metro quadrado. O tecido plano é formado basicamente por fios de ourela (fios que formam bordas do tecido) e fios de fundo (fios que formam o tecido) que se situam entre as ourelas. O tecido plano é obtido pelo entrelaçamento de conjuntos de fios em ângulos retos, ou seja, fios no sentido longitudinal (chamados de URDUME) e fios no sentido transversal (chamados de TRAMA), realizados por um equipamento chamado tear. De acordo com a DuPont (1991, p. 5), “os fios no sentido do comprimento são conhecidos como fios de urdume, enquanto que os fios na direção da largura são conhecidos por fios de trama. As bordas do tecido no comprimento são as ourelas, que são facilmente distinguíveis do resto do material”. Ilustração 26: Fios de Trama, Fios de Urdume e Ourela. Antes que os fios sejam entrelaçados nos teares, é necessária a realização de operações preliminares de preparação destes fios para sua utilização no processo de tecelagem, tanto para os fios de urdume quanto para os fios de trama, por métodos adequados, tais como o processo de urdimento e o processo de engomagem oriundos ao setor de preparação à tecelagem. O entrelaçamento é o fato de passar uma ou vários fios de urdume por cima ou por baixo de um ou vários fios de trama. O entrelaçamento mais simples entre estas duas direções de fios é a tela ou tafetá. A evolução dos fios de urdume poderá ser feita nas mais diversas formas obtendo-se assim, os mais complicados tipos de ligamentos. Os mais conhecidos são: 38 Os movimentos básicos do tear são: A formação da cala; A inserção da trama; O batida do pente. Formação da Cala: a abertura triangular de duas camadas de fios de urdume com auxílio de alavancas e cordéis amarrados aos quadros de liços onde os fios estão inseridos; Ilustração 32: Formação da Cala. Inserção da Trama: introdução dos fios de trama por meio de lançadeira, pinças, projétil, jato de ar ou jato de água. Ilustração 33: Inserção da Trama. 39 Batida do Pente: o pente está preso à frente e tem movimento de vaivém. Quando ele vem à frente, encosta a última trama inserida no remate e quando recua propicia a inserção da trama seguinte. Ilustração 34: Batida do Pente. I. Preparação à Tecelagem Como já visto anteriormente, na tecelagem, os fios antes de serem processados no tear passam por uma série de operações denominadas PREPARAÇÃO À TECELAGEM, como segue: Fio de Urdume Fio de Trama Urdimento Direto Urdimento Seccional Espulagem Engomagem Engomagem Engomagem Engrupagem ou Remetição Engrupagem ou Remetição Desenho 5: Fluxograma do Processo de Tecelagem. com lançadeira TEAR sem lançadeira 40 i. O Urdimento O urdimento é a operação de preparação à tecelagem, que consiste na passagem dos fios que formarão o urdume do tecido, transferindo-os de seus suportes iniciais (cones, bobinas, cops, etc.) para o rolete do tear. Este rolete compõe-se de um tubo rosqueado em suas extremidades, onde são posicionados 2 discos denominados flanges que determinam a largura sobre a qual serão enrolados os fios de urdume. Ilustração 35: Rolete de Urdume. O número de fios a ser urdido é função da largura do tecido a ser produzido, do número de fios por centímetro, do título do fio entre outros dados. Portanto, este número é muito variável dependendo de cada artigo a ser produzido. A repassagem de todos os fios para o rolete do tear não é processada diretamente, pois nesse caso, seria necessária uma quantidade de suportes igual ao número de fios do urdume. Na prática isto é inviável, devido ao tamanho da estrutura que seria necessário para conter os suportes e principalmente devido às dificuldades operacionais que acarretaria este trabalho com elevado número de suportes. Para superar esta dificuldade foram idealizadas duas técnicas de processamento, denominadas URDIMENTO SECCIONAL e URDIMENTO CONTÍNUO ou DIRETO. Apesar de estas duas técnicas resultarem num mesmo produto final (o rolete de urdume), as diferenças existentes ao processamento implicam em certas vantagens de utilização de acordo com o artigo a ser produzido, o qual definirá qual dos dois sistemas de urdimento apresenta melhor rendimento operacional. A URDIDEIRA Qualquer que seja o tipo de urdimento, o equipamento necessário compreende: A Gaiola; O Pente Encruz; O Pente de Distribuição; A Urdideira (órgão motor). Ilustração 36: Partes da Urdideira. 43 Gaiola em V; Gaiola de Alimentação Dupla; Gaiola Magazine; d) Gaiola Automática. a) Gaiola Comum: esta gaiola é a mais simples e a menos prática. Os suportes são fixados nas 2 faces de um quadro fixo. Os operadores devem substituir os suportes de fios vazios por outros cheios e depois emendar os fios, o que leva um tempo considerável. Ilustração 41: Gaiola Comum. Fonte: Karl Mayer. b) Gaiola com Carrinhos: é a mais utilizada. O quadro de suportes é substituído por uma série de carinhos onde os suportes de fios são dispostos. Estes carrinhos se deslocam no centro da gaiola possibilitando assim uma preparação prévia de sucessivas partidas, com um menor tempo. Ilustração 42: Gaiola com Carrinhos. Fonte: Karl Mayer. Basta substituir os carrinhos com suportes de fios vazios por outros carrinhos previamente repletos de suportes de fios cheios. O tempo de montagem sofre uma grande redução. c) Gaiolas Contínuas: Gaiola em V: A gaiola em V possui 2 quadros de suportes paralelos e que são móveis (num sentido rotacional). Neste tipo de gaiola a disposição em V permite que o operador coloque as bobinas cheias no quadro interno e posteriormente, quando deve-se fazer a 44 troca de suportes de fios vazios por outros cheios, o operador aciona um sistema que rotaciona os quadros substituindo o quadro vazio pelo cheio. Ilustração 43: Gaiola em V. Fonte: Karl Mayer. Gaiola de Alimentação Dupla: os eixos dos pinos que sustentam os suportes de fios deste tipo de gaiola convergem para um mesmo guia-fio de saída. As duas bobinas correspondentes são emendadas de forma que o desenrolamento se faz sem interrupção. Trata-se de um desenrolamento verdadeiramente contínuo, sem tempo morto na montagem dos suportes na gaiola. Ilustração 44: Gaiola de Alimentação Dupla. Fonte: Karl Mayer. Gaiola Magazine: compõe-se de dois quadros de suportes paralelos. Enquanto os suportes da parte externa estão em trabalho, isso durante o urdimento, o operador carrega os suportes da parte interna. Após esvaziarem-se os suportes externos, rotaciona- se os quadros substituindo o quadro com suportes de fios vazios pelo quadro com outros cheios. Ilustração 45: Gaiola Magazine. Fonte: Karl Mayer. 45 d) Gaiola Automática: trata-se de uma gaiola com carrinhos na qual a emenda se faz automaticamente por dispositivos móveis, contendo um dispositivo em cada fileira de suportes de fios. A montagem completa da gaiola é assegurada por uma grade móvel e um carrinho que transporta os fios até o pente da urdideira. O tempo de imobilidade para uma montagem completa é de cerca de 1/20 do tempo de parada para uma gaiola convencional de carrinhos. Ilustração 46: Gaiola Automática. Fonte: Karl Mayer. O PENTE ENCRUZ Encruz é a passagem dos fios por entre 2 barras ou cordões, de modo que cada fio tenha uma seqüência inversa de seu adjacente, formando assim 2 planos ou sistemas de fios, podendo-se separar a seqüência dos fios em pares e impares. Ilustração 47: Pente Encruz. A finalidade do encruz é: Manter os fios na mesma seqüência evitando o embaraçamento com fios adjacentes; Propiciar as operações de engrupagem, remetição e passamento; Facilitar a localização dos fios no caso de ruptura no tear. 48 Para explicar melhor o urdimento seccional, temos o seguinte exemplo: Desejamos produzir um urdume para um artigo que terá 2348 fios. A urdideira a ser utilizada possui uma gaiola com capacidade máxima de 400 cones. Isto quer dizer que cada fita terá no máximo 400 fios. Para fazer o urdume desejado teremos: Nº de fitas = 2348/400 = aproximadamente 6 fitas Ou melhor: 5. 4 fitas com 391 fios cada e 6. 2 fitas com 392. O tambor da urdideira seccional possui um conjunto de esquadros, também chamados de facas, formando um cone. A primeira fita será enrolada no tambor sobre o cone, começando seu desenrolamento no início dos esquadros e, dependendo do comprimento do urdume, terminará em um ponto diferente, sobre os esquadros. Para orientar a posição de enrolamento da fita sobre o tambor o pente de distribuição, que é deslocado automaticamente, em direção ao final do cone, à medida que o urdume vai sendo enrolado. Com este deslocamento automático, um lado da fita “monta” sobre o cone do tambor e o outro lado, forma um cone igual ao do tambor. O ângulo formado pelos esquadros (ângulo do cone) é alterado em função da densidade da fita e do título do fio. Ilustração 54: Enrolamento das Fitas no Tambor Intermediário. Fonte: Karl Mayer. O pente de distribuição, além de orientar o enrolamento das fitas sobre o tambor, também é o responsável pela largura das fitas. Após completada a primeira fita, de acordo com o comprimento passamos para o enrolamento da segunda fita. A segunda fita começa a ser enrolada ao lado do início da primeira fita e, à medida que vai sendo enrolada, o pente de distribuição vai se deslocando na direção da primeira, montando a segunda fita sobre o cone formado pela primeira. Como as quatro primeiras fitas possuem 391 fios cada, neste ponto do urdimento, já teremos enrolado sobre o tambor 782 fios do nosso urdume, lado a lado, e com o mesmo comprimento. O restante das fitas com 392 fios cada, continuam sendo enrolados, lado a lado, começando sempre ao lado do início da última fita produzida e assim por diante. Ao final do enrolamento da sexta fita 49 teremos o rolo com o total de fios desejado. Ilustração 55: Final do Enrolamento. A próxima etapa será a repassagem destes fios para o rolete do tear, chamada de descarregamento ou pliagem. DESCARREGAMENTO OU PLIAGEM Após o urdimento da última fita, obtém-se sobre o tambor a quantidade de fios, em número e metragem, prevista para o rolete do tear. Deve-se obter a máxima uniformidade ao distribuir as fitas sobre o rolete do tear, tanto quanto a tensão aplicada. Ilustração 56: Descarregamento ou Pliagem. O rolete do tear deve estar alinhado com o conjunto de fios e a distância entre flanges corretamente ajustada, de modo a não haver a ocorrência de acúmulo ou queda de fios junto às flanges. Um dado importante no urdimento é a largura total do urdume, ou seja, a largura que o total de fitas terá sobre o tambor, que é igual à “largura do rolo de urdume”. URDIMENTO CONTÍNUO OU DIRETO No urdimento seccional os fios são primeiramente enrolados sobre o tambor da urdideira em seções em número tal a fornecer a quantidade de fios desejada no rolo de urdume. No urdimento contínuo, também chamado direto, este enrolamento intermediário é efetuado 50 diretamente sobre rolos, denominados rolos primários, devendo-se então urdir um número de rolos primários, cujo número de fios somados forneça o número total de fios do rolo de urdume. O urdimento contínuo é apropriado para grandes metragens, seja de fio singelo ou de fio retorcido. Neste tipo de urdimento teremos que produzir vários rolos, cada um com uma fração do total de fios do urdume e reuni-los na engomadeira ou na reunideira, para formar o urdume total. Gaiolas Rolo de Urdume Ilustração 57: Urdideira Direta. Fonte: Karl Mayer. A metragem de urdume que se pode enrolar em um rolo de urdideira contínua é variável de acordo com a quantidade de fios, o título do fio, a largura do rolo e o diâmetro das flanges. Como exemplo temos um urdume de 2348 fios, título Ne 30. O número máximo de fios que podemos colocar em um rolo, dependerá da capacidade máxima da urdideira. Nº de rolos = total de fios urdume/capacidade máxima da gaiola Considerando que uma urdideira cuja gaiola tenha uma capacidade para um máximo de 500 cones, temos: Nº de rolos = 2348/500 = aproximadamente 5 rolos. Como teremos que produzir 5 rolos na urdideira, para depois reuni-los, cada rolo deve ter o mesmo número de fios ou diferença de apenas 1 fio. Logo: Fios/rolo = total de fios do urdume/ nº de rolos = 2348/5 = 469 + 3 fios Para este exemplo teremos que produzir 2 rolos com 469 fios e 3 rolos com 470 fios. O processo para o urdimento contínuo é bem mais simples que o processo seccional. Colocamos os cones na gaiola da urdideira e cada fio será passado por um tensor, guia-fios, dispositivos de parada automática, etc até ser enrolado no rolo primário. Após todos os rolos primários para formar o rolo de urdume desejado estiverem prontos, estes vão para a engomadeira ou reunideira de acordo com o previsto. 53 Os tipos de desenrolamento são: Desenrolamento Individual: Neste tipo de desenrolamento os fios saem do rolo de urdume diretamente para o rolo guia na caixa de goma. Ilustração 62 - Desenrolamento Individual. Desenrolamento em Conjunto: No desenrolamento em conjunto os fios do último rolo passam em contato com os fios do penúltimo e se unem a este, e assim sucessivamente até chegar ao primeiro rolo onde o grupo de fios formado é igual ao total de fios do tecido. Após a reunião de todos os fios dos rolos estes fios vão para a caixa de goma. Ilustração 63 - Desenrolamento em Conjunto. Depois do rolo guia, os fios passam pelo rolo mergulhador que obriga os fios a mergulharem na goma e, em seguida passam pelos rolos espremedores que irão retirar o excesso de goma arrastada pelos fios. Ilustração 64: Percurso do Fio na Engomadeira. 54 CAIXA DE GOMA A caixa de goma é talvez, a parte mais sensível da máquina, seu objetivo é acondicionar a solução engomante nas condições de trabalho, (normalmente quente, que pode ser através de vapor direto ou serpentinas), aplicar uma pressão nos fios para retirar o excesso de goma, (esta pressão irá influenciar diretamente no pick-up da goma). As caixas de goma podem ter apenas um ou dois cilindros espremedores. Algumas máquinas possuem duas caixas de goma. Ilustração 65: Caixa de Goma. ZONA DE SECAGEM Esta é a parte da máquina onde é feita a secagem dos fios com goma, logo na entrada desta, normalmente existe a separação a úmido dos fios em duas ou quatro camadas, isto é importante para facilitar a secagem, proporcionar um melhor encapsulamento do fio e facilitar a separação total dos fios na zona seca. A secagem pode ser feita por cilindros aquecidos (vapor interno), por câmara de ar ou estufa. No caso dos cilindros, que é o mais usado, estes devem ser revestidos com teflon para evitar que se formem crostas ou ferrugem. A temperatura de secagem associada a porcentagem de umidade residual no fio influenciam 55 diretamente na velocidade da máquina. ESTUFA URDUM E S ECO Ilustração 66 - Sistema de Estufa. URDUME S ECO TAMBORES SECADORES Ilustração 67 - Sistema de Tambores Secadores. CAMPO SECO OU SEPARAÇÃO DAS CAMADAS No início deste campo, os fios podem ser submetidos a uma aplicação que chamamos de pós enceragem. Este processo consiste na aplicação por arraste de um lubrificante ao fio, que pode ser aplicado a quente ou a frio, dependendo do produto. A aplicação da pós enceragem se dá, principalmente, em urdumes densos, peludos, tintos ou de fios rústicos, com o objetivo de lubrificar a camada externa do fio, para facilitar a abertura das varas, minimizar os atritos e diminuir pó na tecelagem. As varas de separação, que os fios são submetidos a seguir visam separar ou descolar individualmente os fios, mas garantindo sua disposição preliminar nos rolos de urdume primários, para facilitar a remeteção ou engrupagem destes. Ilustração 68 - Área de Separação. Ilustração 69: Varetas de Separação. 58 maneira que torne os fios mais resistentes, mais lisos e melhor lubrificados. É também importante que o material não interfira nos tratamentos aplicados após a tecelagem, o material utilizado na engomagem (goma) deve auxiliar o processo e não impedir os tratamentos posteriores. Por isso é necessário considerar não só a maneira pela qual a goma é aplicada e os seus efeitos na tecelagem, mas também os efeitos nos tratamentos posteriores e no tecido produzido. CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS DE ENGOMAGEM Para que uma composição de goma se aproxime do ideal, devemos levar em consideração as características básicas para se formar um filme (película) sobre os fios de urdume, que apresente as seguintes propriedades: Penetração: qualquer que seja a classe ou tipo de produto escolhido, deve-se levar em consideração o seu poder de penetração no fio. Quando a penetração é total, o fio possuirá grande resistência à tração, muito baixa resistência à abrasão e pouquíssima elasticidade. Quando não existe penetração (película superficial), a resistência à tração será baixa devido à falta de colagem nas fibras, sua resistência à abrasão também será baixa devido à falta de adesão da película às fibras (ancoragem) e a elasticidade será boa. O caso ideal é quando há uma penetração parcial, pois a sua resistência à tração é aumentada parcialmente, a resistência à abrasão é boa devido à ancoragem da película e a elasticidade apesar de diminuir, mantém os níveis desejados. Ilustração 73: Penetração Total. Ilustração 74: Penetração Superficial. Ilustração 75: Penetração Parcial. Tipo de Fibra: é necessário ter-se em mente que tipo de fibra se vai engomar, para utilizar a goma que tenha afinidade com esta fibra. As gomas sintéticas podem ser utilizadas em fibras artificiais e naturais, porém são mais caras, ao passo que uma goma natural pode ser utilizada em fibras sintéticas. Em alguns casos, faz-se combinações de gomas. A GOMA No processo de engomagem, um dos fatores fundamentais é a formulação da receita de engomagem. Por isso devemos analisar: A carga de goma necessária sobre o fio; Os produtos a serem utilizados. No processo de engomagem, aplicam-se sobre o fio, o produto básico denominado goma e produtos chamados auxiliares, que melhoram as características anteriormente citadas. Um fio de urdume deve ser resistente, elástico, extensível e liso. Os ingredientes fundamentais usados na engomagem são, em geral, amidos e fécula ou produtos não naturais, que agem como adesivos, alem de substancias gordas ou oleosas, para agirem como lubrificantes. Estes dois tipos de 59 ingredientes tendem ter efeitos opostos sobre o fio, é necessário ter um pouco de equilíbrio, de acordo com a matéria prima têxtil do fio, para que se obtenha a menor taxa de quebra. Em geral, adicionam-se outros ingredientes ao banho de engomagem, tais como anti-sépticos, anti-bolor, etc. CLASSIFICAÇÃO DA GOMA As gomas podem ser classificadas conforme sua origem em: Naturais; Semi-sintéticas; Sintéticas. Gomas Naturais: As gomas naturais podem ser de origem vegetal ou animal. As de origem vegetal possuem como características a facilidade de obtenção, baixo custo e de serem biodegradáveis, destacando-se os amidos e féculas de milho, batata, mandioca. As de origem animal apresentam algumas deficiências quanto à aderência de películas, versatilidade de aplicação e uniformidade, sendo também mais sensível a condições ambientes da sala de tecelagem. De albumina, colas animais, obtidas por hidrólise de osso e de pele. Gomas Semi – Sintéticas: São derivadas do amido da celulose, modificadas quimicamente com o objetivo de obterem-se produtos que apresentem melhores propriedades de dissolução, menores índices de viscosidade do banho de engomagem e facilidade de remoção, sem necessidade de uso de produtos enzimáticos no processo de desengomagem. Os derivados do amido são obtidos por processos como hidrólise ácida, oxidação, acetilação, éter ou esterificação. Dentre as gomas semi – sintéticas destacam-se o carboximetil celulose ou celulose de carboximetilo (C.M.C.) que apresenta boa resistência à abrasão e facilidade de remoção. Gomas Sintéticas: Os polímeros sintéticos que apresentam aplicação nos processos de engomagem são classificados em: • Álcool polivinílico (P.V.A..) • Polimetacrilatos e poliacrilatos • Dietilglicolatos / ácido isofitálico • Copolímeros de estireno / ácido maleico Dentre estas gomas destacam-se os poliacrilatos que são derivados de ácido acrílico e o álcool polivinílico. As gomas sintéticas apresentam em relação às demais, vantagens, como uma maior estabilidade e aderência de película, reprodutibilidade de formulação, aplicação em fios não hidrófilos e uma maior resistência / elasticidade da película. COMPOSIÇÃO DA GOMA Veículo : água A água para preparação da goma deve ser potável, pura e com baixo teor de sais, pois sais de Mg e Ca tornam a água dura, o que não permite ser feita a emulsão dos ingredientes. Não devem conter traços de Fe ou materiais orgânicos. O ph deve girar em torno de 7, sendo ligeiramente alcalina. Esta alcalinidade não deverá ser excessiva para que não ocorra formação de espumas o que tornaria a absorção irregular. Base da fórmula: 60 São substâncias aglutinantes ou colantes responsáveis em desenvolver a película protetora sobre o fio. As mais freqüentes são a base de amido, oriundo do milho, batata ou mandioca. Este elemento será usado também com classificador da engomagem. Produtos auxiliares Os produtos auxiliares são substancias que podem fazer parte do banho de goma, a fim de melhorar as propriedades do filme. Estes produtos devem ser utilizados conforme haja necessidade. Amaciantes: conferem suavidade, reduzindo a fragilidade da película de goma, proporcionando assim maior maciez e elasticidade ao fio engomado. Base química: compostos graxos, altamente saponificáveis. Lubrificantes: Protegem a película, facilitando o deslizamento do fio, reduzindo a fricção, abrasão e o desprendimento de pó do tear. São normalmente aplicados após a secagem dos fios, como óleos, ceras, parafinas, etc. Agentes higroscópicos: São substâncias que tem a capacidade de tornar a película de goma e a própria goma mais ávida à água, ou seja, são produtos que, adicionados à goma, retêm e recuperam do ambiente a umidade necessária ao urdume, o que torna a goma mais elástica, maleável e mais plástica. Base química: uréia, glicerina e seus derivados, glicose, cloretos de zinco e de cálcio. Anti-mofos: São substancias que, adicionadas nos banhos de goma previnem o desenvolvimento de microorganismos, inibem a proliferação de fungos. Base química: fenóis clorados, ácido crezílico, ácido benzóico. Anti espumante: Normalmente incorporados na composição das gomas, para evitar a formação de espuma na caixa de impregnação, provocada pela agitação do banho. Base química: emulsão de silicone Anti estático: Algumas fibras, principalmente as artificiais, carregam-se facilmente com eletricidade estática. Em alguns casos este fenômeno é causado pela baixa condutividade elétrica da fibra relacionada com a fraca absorção de umidade. As substâncias antiestática revestem o fio com um véu altamente condutor que descarrega a eletricidade estática no momento de sua formação. Estas substâncias podem ser derivados graxos e aminas graxas. PREPARAÇÃO DO BANHO DE ENGOMAGEM Modernamente, a goma é preparada automaticamente no vapor, em função da temperatura e da viscosidade, sendo controlada por reguladores automáticos. A porcentagem de goma no urdume engomado pode controlar-se automaticamente, pela concentração do banho de engomagem e pela quantidade de água a evaporar, deixada no fio pelos rolos espremedores. O processo de preparação do banho de engomagem consiste no aquecimento, acompanhado de agitação mecânica da mistura da goma, produtos auxiliares e água, de modo a obter-se o índice adequado para a aplicação do banho de goma resultante. Este processamento é efetuado numa cuba, com aquecimento por meio de uma serpentina de vapor (direto ou indireto) e com sistema de agitação por meio de um eixo dotado de aletas. Para auxiliar o processo de agitação, nas paredes são fixadas lâminas deflectoras que desviam o fluxo da massa em agitação. A viscosidade da goma cozida é controlada, principalmente pela quantidade de água. Esta quantidade de água é afetada pelos ingredientes acrescentados, pelo grau de agitação mecânica da solução, pela sua temperatura e pelo tempo de cozimento.. Apesar de a viscosidade ser importante, há outros fatores a considerar, em relação ao banho de engomagem: por exemplo, as partículas de goma apenas são afetadas pela temperatura (caso das 63 aproximadamente 6000 RPM e um outro eixo, coaxial ao eixo das hélices centrais, com duas grandes pás que giram à 2000RPM em sentido contrário ao outro eixo. No caso da receita de goma conter amido a viscosidade final será diferente em cada cozinhador apresentado, por exemplo, quando a receita de goma for preparada no cozinhador turbo sua viscosidade final será a metade da viscosidade no cozinhador tipo panela aberta. i. Tipos de Teares O entrelaçamento do urdume com a trama é feito no tear (onde o fio do urdume se costuma designar simplesmente por fio e o fio de trama por passagem) sendo necessárias três OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS. A FORMAÇÃO DA CALA que consiste na separação dos fios da teia em duas folhas, formando um túnel conhecido por cala. A INSERÇÃO DE TRAMA que consiste na passagem do fio de trama no interior da cala, ao longo da largura do tecido. O BATIMENTO DO PENTE que consiste em empurrar a passagem inserida contra o tecido já formado, até um ponto designado por “frente do tecido”. Estas funções primárias devem encontrar-se sincronizadas, de modo que as operações ocorram na seqüência correta, não interferindo umas com as outras. Os teares podem ser diferenciados pelos seus sistemas de inserção da trama e pelos seus sistema de abertura da cala. TEARES DE LANÇADEIRA Neste sistema de inserção, a trama é conduzida de um lado a outro, através da lançadeira que se constitui de um dispositivo de madeira resistente onde se acomodam as espulas com os fios de trama. A lançadeira desliza sobre a camada inferior dos fios da cala, sobre a mesa batente. Este contato pode causar problemas de rupturas. A lançadeira é acomodada em cada extremo num dispositivo chamado CAIXA DE LANÇADEIRAS onde ela é freada e parada após cada inserção. A lançadeira recebe o impulso para atravessar a cala através do TACO, que está ligado à extremidade superior da ESPADA. Este movimento para inserção da lançadeira apresenta sua origem num excêntrico que trabalha contra uma roldana fixa à contra-espada que recebendo o movimento, transfere-o à espada e conseqüentemente ao taco, impulsionando a lançadeira através da cala. No tecimento de tramas de distintas cores, necessita-se de mais de uma caixa de lançadeiras (CAIXA MÓVEL). A máquina de tecer de lançadeiras é dita automática porque efetua a troca de espulas vazias por espulas cheias sem a ação direta do tecelão. Esta troca pode ser feita por: TROCA DE LANÇADEIRA: onde ocorre a troca da lançadeira com espula vazia, por outra com espula cheia de fio. TROCA DE ESPULA: onde faz-se a troca somente da espula vazia, por outra espula cheia de fio. 64 O sistema de troca automática da espula é feito por um dispositivo chamado magazine que apresenta as seguintes variáveis: MAGAZINE CIRCULAR: apropriado para teares com apenas uma cor de trama; MAGAZINE VERTICAL: para teares de 4 cores. Todos os teares com troca automática de espulas necessitam de um detector do fim da espula em trabalho para que a espula em trabalho não fique totalmente vazia. Este elemento é o DETECTOR DE TRAMA ou APALPADOR. Existem três tipos de detectores de trama: MODELO MECÂNICO: onde a detecção é realizada com o apalpador, pulsando no diâmetro externo da espula no momento em que a lançadeira se encontra estacionada na caixa de lançadeira. MODELO ELÉTRICO: onde pontas metalizadas tocam suavemente a superfície da espula recoberta por uma lâmina metálica, ou de pintura metalizada. MODELO OPTICO: onde produz-se um fino raio de luz que é refletido por uma cinta especial alojada no núcleo da espula. Esta cinta devolve o raio de luz que é captado por uma célula que desencadeia o processo de troca da espula. TEARES DE LANÇADEIRAS DE PINÇA É uma evolução do antigo tear de lançadeira. É parecido com o tear de lançadeira, porém, no lugar da lançadeira convencional utiliza-se uma pinça que possui uma menor massa e não carrega consigo uma espula. A trama neste sistema vem diretamente dos cones que alimentam a trama dos dois lados do tear. A cada batida do pente é inserida uma trama, ora da direita ora da esquerda. O comprimento da trama, necessário para cada inserção, é medido por cilindros de onde a trama é entregue à lançadeira. As pontas de trama são cortadas por uma tesoura e eliminadas por um canal de aspiração. As vantagens deste processo sobre o tear de lançadeiras são: Eliminação do processo de espulagem; Não há variação da massa da pinça (pois não há espula cheia nem vazia); Redução de defeitos como barramento e falta de trama. TEARES DE PROJÉTIL Estes teares começaram a ser produzidos pela empresa suíça Sulzer nos anos 50. O nome projétil vem da acentuada redução de massa do portatrama (de 400g (lançadeira) para 40g (projétil). A inserção da trama ocorre apenas de um lado da máquina (lado esquerdo) e existem vários projéteis em uso durante o trabalho de tecimento. No interior do projétil existe uma pequena pinça que prende a ponta da trama que foi apresentada. O percurso do projétil é orientado por alguns guias metálicos solidários à mesa batente. O pequeno distanciamento entre os sucessivos guias asseguram que o projétil seja sempre guiado por vários deles. 65 Durante o movimento de batida do pente, os guias recuam se posicionando abaixo dos fios de urdume para dar espaço para a batida do pente. Após cada inserção, os fios de trama são cortados e as suas extremidades são inseridas na cala e tecidas com o fio de trama seguinte. Resultando daí, ourelas sólidas, capazes de resistir a todas as solicitações mecânicas. Se até os anos 50, as máquinas de tecer de lançadeira produziam movimento do pente por mecanismo de biela e virabrequim, uma novidade importante foi o movimento do pente por meio de excêntrico. Isto permite que o pente fique em repouso durante um centro número de graus de rotação. Este sistema de excêntrico tem um conceito tecnológico muito importante. Ele é constituído de duas levas conjugadas. A oscilação da mesa batente é produzida com dois excêntricos que trabalham alternados, um provoca o retrocesso da mesa batente e o outro, o avanço. TEARES DE PINÇA UNILATERAL Também conhecidos como teares de pinça rígida unilateral, estes teares possuem uma única pinça que fica do lado oposto da entrada da trama na cala. O princípio de funcionamento deste tear é simples e seguro, a pinça atravessa a cala e busca a trama que é apresentada no lado oposto. Pinçada a trama, a pinça retorna, depositando a trama na cala. Uma tesoura corta a trama rente à ourela. Este tear pode tecer tramas grossas, irregulares ou com fio fantasia, sendo assim recomendado para tecidos cuja velocidade de produção não é importante, pois a velocidade de inserção é reduzida porque a pinça realiza metade de seu trajeto em vazio. TEARES DE PINÇA BILATERAL COM TRANSFERÊNCIA É também conhecido apenas por tear de pinças. Neste tipo de tear as pinças podem receber seu movimento de hastes rígidas ou cintas flexíveis. A trama é levada por uma das pinças até o meio da cala, onde é transferida para a outra pinça que fará o restante do percurso da trama. A velocidade de produção é muito maior que o sistema unilateral visto que não há inserção vazia. A pinçagem da trama pode ser positiva ou negativa: No pinçamento positivo, a pinça é dotada de duas lâminas pressionadas elasticamente que agem conforme a trama chega à pinça, isto é, a ação da pinçagem é orientada pela trama. No pinçamento negativo, a trama e a pinça são governadas por mecanismos externos, independentes da trama. A vantagem do pinçamento negativo é a possibilidade de um aumento da velocidade do tear. As cintas que conduzem as pinças são flexíveis e podem ser lisas ou perfuradas. No caso das cintas perfuradas, estas são movidas por rodas dentadas que se encaixam na cinta. Nas cintas lisas este
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