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Pesquisas Brasileiras na Antártica: Importância, Desafios e Descobrimentos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Cultura

Saiba mais sobre as pesquisas brasileiras na antártica, desafios enfrentados por estudantes e pesquisadores, importância da região e suas ecossistemas microbianos, turismo polar e preservação ambiental. Leia artigos e relatos científicos.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2015

Compartilhado em 01/03/2015

apecs-brasil-10
apecs-brasil-10 🇧🇷

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Baixe Pesquisas Brasileiras na Antártica: Importância, Desafios e Descobrimentos e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Cultura, somente na Docsity! Informativo APECS-Brasil2 Quem somos A Associação de Pesquisadores e Educadores em Início de Carreira sobre o Mar e os Polos (APECS-Bra- sil) é o Comitê brasileiro da Association of Polar Early Career Scientists (APECS) uma organização interna- cional e transdisciplinar, com mais de 6mil membros, dedicada à formação de novas lideranças em ciência polar e educação. A APECS-Brasil foi estabelecida em 2008 e foi oficializada em 2013 quando ganhou um Estatuto e uma diretoria. É destinada à participação de estudantes dos diversos níveis de Ensino, pesquisa- dores em início de carreira, de pós-doutorado, docen- tes universitários, professores dos diversos níveis de educação, e outras pessoas com interesse nos mares, regiões polares, criosfera e regiões andinas. Entre os principais objetivos da APECS-Brasil estão: 1) estimular a colaboração entre pesquisadores do Brasil e do exterior; 2) incentivar a formação de futuros líderes em edu- cação, governança, pesquisa, gestão da ciência e divulgação científica; 3) participar ativamente da tomada de decisões pelos órgãos que coordenam a pesquisa científica do mar e polar brasileira, defendendo a inclusão de oportunidades para pesquisadores e educado- res em início de carreira; 4) promover a divulgação, gestão e comunicação da ciência nos diversos setores da sociedade, sem cus- tos para os envolvidos; 5) promover a participação de todos os setores de en- sino, pesquisa e extensão nas atividades propostas pela APECS-Brasil, sem custos para os envolvidos. Conheça o estatuto: http://www.apecsbrasil.com/institucional/ Palavras das Editoras E stamos comemorando cinco anos de APECS- Brasil e é com grande satisfação que apresentamos nosso mais recente informativo. O novo formato pretende ser mais atrativo para os nossos leitores, especial- mente aos alunos e aos professores da Educação Básica que cada vez mais fazem uso deste mate- rial para conhecer sobre os polos. Nosso informa- tivo é semestral e suas páginas estão recheadas com notícias de janeiro a junho de 2014. Agradecemos a todos os membros participativos, do conselho, educadores e pesquisadores por compartilharem conosco informações sobre suas atividades de pesquisa e especialmente aquelas de divulgação da ciência que tem se tornado parte cada vez mais comum em nosso dia-a-dia. A todos os nossos leitores, que são nosso com- bustível para a continuidade e melhoria desse informativo, desejamos que sintam-se motivados a aprender mais sobre a Antártica. Aqueles que são pesquisadores e educadores esperamos auxiliá-los a disseminar o seu conhecimento indispensável para que a sociedade entenda a verdadeira importância da Antártica, do Ártico e dos Oceanos. Leia os artigos para saber sobre como é possível mergulhar nas águas frias polares, descubra como polens são levados até a Antártica, obtenha informações sobre turismo polar e muito mais… Aproveite os relatos dos educadores e pesquisa- dores que desenvolvem atividades de divulgação da Ciência em sala de aula e siga o exemplo para se juntar ao grupo! Convidamos a todos, educadores, pesquisadores, estudantes, a dividirem suas experiências em edu- cação e ciência conosco e com o nosso público! Sejam todos muito bem vindos e viagem conosco nessa aventura! Quer saber mais e tornar-se um membro? Acesse o site da APECS-Brasil e internacional e saiba como colaborar. www.apecsbrasil.com | www.apecs.is Participação da APECS-Brasil em eventos Informativo APECS-Brasil 3 SCAR Horizon Scan: Avaliação sobre questões que irão nortear a Ciência Antártica em 20 anos conta com participação de jovens pesquisadores Erli Schneider Costa Presidente APECS-Brasil, Universidade Federal do Rio de Janeiro em modelagem de clima e meteorologia e Xichen Li (autalmente nos Estados Unidos), doutorando com modelagem atmosfera-oceano-gelo-marinho foram os quatro pesquisadores em início de carreira convi- dados a participar. Também participaram a Dra Jenny Baeseman (Noruéga), primeira diretora e fundadora da APECS e o Dr José Carlos Caetano Xavier também fun- dador da APECS e líder do comitê nacional de Por- tugal. Em relação à América do Sul tivemos a par- ticipação de seis pesquisadores, entre eles Dra Erli (já mencionada anteriormente) e Dr. Jefferson Simões (Brasil), Dr Marcelo Leppe e Dr José Retamales (Chile), Dra Irene Schloss e Dr Sérgio Marensi (Argentina). Quatro pesquisadores em início de carreira parti- ciparam do Horizon Scan Retreat: a view beyond the horizon organizado pelo Scientific Commit- tee on Antarctic Research (SCAR) que ocorreu em Queenstown, Nova Zelândia entre 20 e 23 de abril de 2014. O evento “on invitation only” reuniu 75 participantes de 24 países. Os participantes foram selecionados entre mais de 600 indicações feitas pela comunidade científica internacional. Charlotte Haverman, APECS-Bélgica, que tra- balha com bentos Antártico e métodos moleculares, Erli S. Costa, APECS-Brasil, que trabalha com ecologia, estresse e contaminantes em aves marinhas e tem um forte viés para a Divulgação da Ciência, Polina Morozova da Rússia que faz doutorado Grupo de participantes do SCAR Horizon Scan é formado por pesquisadores de diversas regiões do mundo. Participação da APECS-Brasil em eventos Projetos APECS-Brasil PEEP H Informativo APECS-Brasil Informativo APECS-Brasil 7 O envolvimento de estudantes da educação básica com a "Antártica": possibilidades e desafios Ailim Schwambach Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Educação de Ivoti No final de 2013, após trabalharmos em Ciências sobre a Antártica e sua relação com o Brasil, encara- mos um desafio: o concurso Cultural O Brasil e o Con- tinente Antárti- co promovido pela SECIRM (Secreta- ria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar). Um aluno orientado por um professor precissa- va elaborar um vídeo sobre a importância da Ciência desenvolvida pelo Brasil na Antártica apresentando o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Foi durante o recesso escolar, em dezembro e janeiro, que fizemos reuniões - presenciais e por Face- book- para definir o roteiro dos vídeos, com três alu- nas interessadas em participar. Participaram do concurso duas alunas do 1o ano e uma do 2o ano do Curso Normal do Instituto de Educação Ivoti. Nas reuniões pensávamos sobre os elementos que não poderiam ser esquecidos para a construção do vídeo, bem como, a trilha sonora, que é de grande importância, para dar vida às informa- ções e imagens apresentadas. Com os últimos detalhes arrumados, os vídeos foram enviados por Correio. Uma longa espera se deu no período em que aguardávamos os resultados. Quando recebemos o retorno, ficamos tristes por não termos sido selecionadas para a viagem rumo a Antár- tica, mas felizes por termos aprendido tanto com esta caminhada. Os vídeos das estudantes será com certe- za, um material importante para ser divulgado para outros alunos para informar sobre a importância do PROANTAR em nosso país. Depoimento da aluna: Priscila Razera, estudante do 2º ano do ensino médio “O desafio foi lançado e eu o abracei com coragem juntamente ao incansável apoio da Professora Ailim Schwambach que impulsionou-me na certeza de que quando nos encantamos pelo que fazemos, as barreiras do caminho não são capazes de desviar-nos de onde queremos chegar. QUERER e ter VONTADE ultrapassam quaisquer dificuldades de um concurso a nível nacional, principalmente quando trata-se de poder contribuir para o reconhecimento e preserva- ção das ações e programas em favor da nossa nação. Hélen Pfingstag, com a Professora Ailim Schwambach. Concurso Cultural da Marinha do Brasil No transcorrer do trabalho, numa busca constante de dados junto aos relatórios do PROANTAR e na concretização de ideias para a produção do vídeo, a realização começou a brotar desde as primeiras compilações de informações ao dar-me conta de que o distante pode estar mais próximo do que se espera... Afinal, esclarecer as complexas interações entre os processos naturais antárticos e globais é essencial para a preservação da própria vida. Posso afirmar depois dessa experiência que o PROANTAR é a concretização da solidariedade e da cooperação mútua, especialmente por ser um caminho possível para a humanidade através da convivência entre as nações. É fundamental que todos entendam a importância da Antártica não só no clima, mas em toda a vida dos oceanos e de todo o planeta. A Antártica é uma terra que não tem dono. A Antárti- ca pertence à humanidade, por isso é um território sem fronteiras e sem limites, que propicia a perma- nência do homem nesta atmosfera de parcerias. O reconhecimento de ter conquistado o 3º lugar brasi- leiro eleva-se muito mais do que uma colocação no final de uma etapa. Não foi o fim de minha busca e sim o ponto de partida para várias outras iniciati- vas e possibilidades. O Brasil tem condições plenas de participar ativamente das importantes decisões sobre o futuro do Continente Gelado. Então vamos, por meio das pesquisas e estudos, ser instrumentos de mudança num futuro que está em nossas mãos?” Informativo APECS-Brasil8 Uma breve experiência antártica Prof. Tatiana Rodrigues Nahas Bióloga, professora do Ensino Médio à Pelotas - RS, onde recebemos as roupas especiais da Esantar que fica em Rio Grande. Dia 27, fomos de Pelotas até Punta Arenas, no Chile, onde fica- mos aguardando pelas condições ideais de pouso na Antártica. No dia 28, chegamos à Antártica com um raro belo tempo, mas o Hércules arremeteu por pro- blemas técnicos. No dia seguinte cedo, nos confronta- mos com as más condições climáticas e não pudemos ir para lá logo pela manhã. A ansiedade só aumen- tava... No dia 30, finalmente desembarcamos na ilha Rei George e nosso grupo foi dividido pela primeira vez: os alunos seguiram em helicóptero para a base brasileira, onde puderam permanecer por 15 minu- tos, e os professores seguiram em trator de neve para a base chilena Frei. Duas horas depois já estávamos embarcando de volta no Hércules... O plano original era pousarmos na base Frei e então seguirmos de navio para a estação brasileira, onde passaríamos dois dias. O objetivo era conhecer nossa estação científica, acompanhar um pouco das pesquisas e passar algum tempo na Antártica... Já no dia 27 sabíamos que esse plano teria de ser altera- do: os navios precisariam voltar mais cedo, trazendo de volta ao Brasil os pesquisadores que estavam na estação e seu material de coleta. Teríamos uma noite na estação brasileira levados por um dos navios a par- tir da base chilena. Porém, como não conseguimos pousar na Antártica na primeira tentativa, os navios iniciaram seu retorno. Quando enfim pousamos, não pudemos ficar em solo antártico por mais de duas horas, pois esse é o tempo máximo para segurança do Hércules. Essa experiência nos mostrou na prática o quão complexas são as operações do Proantar e deixou claro aquilo que navegadores e voadores experientes em Antártica sabem bem: na Antártica, quem manda é o tempo, quem manda é a Antártica. As tecnolo- gias todas que desenvolvemos nos ajudam muito a estarmos por lá, mas não se sobrepõem ao determi- nado pela natureza. Esse equilíbrio entre desafio e O ano letivo começou com a mais grata das sur- presas: minha aluna Tamara estava entre os vencedo- res do concurso Cultural: O Brasil na Antártica, promo- vido pela Marinha do Brasil. O prêmio, para ambas, foi uma inesquecível jornada rumo à Antártica! Começamos a empreitada com o Treinamento Pré-Antártico (TPA) em Marambaia – RJ. Aprendemos sobre vestimentas especiais, noções de segurança e deslocamento, prática em embarcações miúdas, nata- ção utilitária e uso do macacão flutuante. Além da preparação física para a incursão à Antártica, o TPA apresentou aulas teóricas sobre a regulamentação internacional, a participação do Brasil no continente e cuidados médicos. Também conhecemos um pouco da infraestrutura da Marinha associada à Antártica: o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), os Módulos Emergenciais que substituem a estação de pesquisa destruída em um incêndio em 2012, a Estação de Apoio Antártico (Esantar) e os voos de apoio realiza- dos pela Força Aérea Brasileira (FAB). Antes mesmo de deixar o centro de adestramen- to da Marinha, já éramos um grupo unido e festivo, o que realmente tornou a viagem ainda mais especial! No fim de semana que antecedeu o 7o voo da Ope- rantar XXXII, conhecemos três meios navais distintos – uma fragata, um submarino e um navio-aeródromo – e visitamos alguns dos maravilhosos pontos do Rio de Janeiro. E então, rumo à Antártica por fim! Em 26 de março, seguimos de Hércules rumo Concurso Cultural da Marinha do Brasil Informativo APECS-Brasil 11 Devido as paralisações e greves que ocasionaram atraso no calendário letivo de muitas escolas da rede estadual do Rio de Janeiro o Dia da Antártica 2013 foi celebrado em 05 de abril de 2014 no Colégio de Aplicação da UERJ. A ati- vidade ocorreu em parce- ria com o projeto “A UERJ na Antártica” coordenado pelo Dr. Alexandre Alen- Dia da Antártica 2013 e Semana Polar Internacional no CAP da UERJ Elaine Alves dos Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro Por 30 minutos olhares de alunos curiosos se fixam a tela do computador... É uma incrível oportunidade de conhecerem um pouco mais sobre o trabalho de um pesquisador Antártico e sobre a cultura do Brasil. As vídeos conferências nos fazem ultrapassar a barreira da distância e aproximam estudantes e pesquisadores do Brasil e de Portugal! A qualidade do som e da imagem às vezes nos fazem duvidar se realmente há um Oceano nos separando. Durante as palestras por Skype o pes- quisador fala de suas atividades científicas, da cultura do seu país e principalmente transmite a mensagem de conexão da Antártica com o restante do planeta, evidenciando sua influencia no clima e a importância de estudar este continente tão remoto. Ao apresentar sua fauna - incluindo pinguins, elefantes marinhos, baleias e Krill - sua vegetação – pequenos musgos e plantas com flores – podemos gerar e presenciar a satisfação e empolgação dos alunos que nos ouvem a milhares de quilômetros. Durante as atividades da Semana Polar Internacional de Março de 2014 tive a oportunidade Palestra via Skype no Rio de Janeiro - Portugal. Foi organizada uma exposição sobre o proje- to “A UERJ na Antártica” e um concurso das belís- simas bandeiras para a Antártica, envolvendo es- tudantes e professores do ensino fundamental. Os quatro desenhos mais votados foram premiados du- rante evento solene no CAP-UERJ. Agradecemos ao apoio das professoras Andrea Fernandes, Débora Lage e do diretor Lincon. Professores e alunos recebe- ram da APECS-Brasil um certificado de participação. Todas estas atividades valorizam e mobilizam os educadores e educandos e incentivam a formação infantil. A aproximação com o continente Antár- tico gera sempre satisfação aos alunos, amplia os conhecimento e gera novas perspectivas.car e com a Semana Polar Internacional. de experimentar uma conversa com alunos e com a professora Paula Maricato da escola Básica 1 Abadias de Portugal. A participação é simples e a APECS-Brasil com seus colaboradores em Portugal e em outros paí- ses pode integrar pesquisadores e educadores que te- nham interesse. É indispensável deixar que os “miúdos” se expressem fazendo perguntas para que haja a troca de informações. Sugiro a todos que não tenham tido ainda esta experiência que nos contatem acessando a página da APECS-Brasil: www.apecsbrasil.com. É uma atividade simples, mas muito gratificante!! Divulgação da Ciência pela APECS-Brasil Semana Polar Internacional – uma grande oportunidade para integrar professores, pesquisadores e alunos! Elaine Alves dos Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro Informativo APECS-Brasil12 Jornada Científica: o Brasil e o Tratado da Antártica Erli Schneider Costa. Presidente APECS-Brasil. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sandra Freiberger Affonso. Coordenadora de Educação e Comunicação da Ciência da APECS-Brasil maio, Colégio Mobile), do Rio Grande do Sul (Escola Estadual Érico Veríssimo em Caxias do Sul; Colégio Estadual Tereza Francescutti em Canoas, Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha em Novo Hamburgo, Escola Estadual de Ensino Funda- mental e Médio e Escola Municipal Sete de Setembro em Erval Grande, Instituto de Educação de Ivoti), do Paraná (Colégio Estadual Professor Júlio de Mesquita em Curitiba) e de Rondônia (Escola Profissionalizante Delta em Rolim de Moura; Escola Municipal Professo- ra Lairce Santiago Maina em Pimenta Bueno e (em 05 de junho) no SENAC também em Pimenta Bueno). Foram envolvidos mais de 60 professores e pesquisa- dores e aproximadamente 3mil alunos. Diversas informações foram sendo postadas na página do evento no Facebook e pelo menos outras 2mil pessoas que visitaram a página no período foram informadas sobre a reunião da ATCM e as principais discussões que ocorreram durante o evento em Bra- sília e durante a Jornada Científica. As informações continuam disponíveis e podem ser usadas como fon- te de consulta: https://www.facebook.com/events/ 543761875736485/. Você também vai encontrar fo- tos de atividades em todo o Brasil! Entre 28 de abril e 07 de maio de 2014 ocorreu em Brasília, com a presença de mais de 300 delegados de 41 países, a 37a Reunião Con- sultiva do Trata- do da Antártica (ATCM, sigla em inglês). O Trata- Uma das vídeo conferências realizadas com o pesquisador José Xavier, delegado de Portugal que se dispôs a participar das atividades durante o período da ATCM no Brasil. do da Antártica foi assinado em 01 de Dezembro de 1959 e tem como objetivo assegurar que a Antártica seja usada para fins pacíficos, para cooperação inter- nacional na pesquisa científica, e não se torne cenário ou objeto de discórdia e disputa internacional. A reu- nião do Tratado acontece desde 1961 e é momento em que as delegações dos países signatários, consulti- vos ou não consultivos, se reúnem para discutir medi- das para o cumprimento do Tratado. A APECS-Brasil, com apoio da SECIRM por meio do Programa de Mentalidade Marítima (PROMAR) organizou em território nacional a I Jornada Cien- tífica: O Brasil e o Tratado da Antártica, com o objetivo de promover em escolas de todo o Brasil a discussão sobre a importância da Antártica para o planeta. As escolas previamente cadastradas rece- beram da SECIRM/PROMAR material para leitura e uso em sala de aula. Foram pelo menos 20 ativida- des, entre palestras, oficinas de leitura e de criação de textos, atividades práticas, de norte a sul do país envolvendo instituições do Rio de Janeiro (Universida- de Federal do Rio de Janeiro, Escola Pedro II Campus Niterói, Campus São Cristóvão e Campus Tijuca, Co- légio de Aplicação da UERJ); de São Paulo (em 30 de Alunos com o material disponibilizado pela SECIRM/PROMAR. Divulgação da Ciência pela APECS-Brasil Informativo APECS-Brasil 13 Alunos com o material disponibilizado pela SECIRM/PROMAR. Cianobactérias: um dos principais componentes dos ecossistemas Antárticos Claudineia Lizieri Núcleo de Pesquisa Terrantar, Universidade Federal de Viçosa (DBV/UFV) na Antártica são importantes elementos para inter- pretar a história biológica da Terra. Esses microorganismos apresentam diversas for- mas e cores e podem ser caracterizados como unice- lulares, filamentosos ou formando colônias. Essa variedade de ecossistemas microbianos que existe na Antártica representa uma oportunidade ex- traordinária para pesquisas sobre a ecologia, diversi- dade e evolução microbiana, principamente sobre as cianobactéria. As cianobactérias são organismos microscópicos que obtêm energia por meio da luz solar, realizando o processo de fotossíntese assim como as plantas. Elas necessitam apenas de luz, água em estado líquido, ar e alguns nutrientes minerais para crescerem. Perten- cem a um grupo muito antigo de organismos existen- tes na Terra, com um tempo de evolução de cerca de 2,7 bilhões de anos atrás. A ocorrência de cianobactérias na Antártica foi registrada desde as primeiras expedições de pesqui- sas conduzidas no continente no início do século XX. Geralmente elas dominam a biomassa das re- giões Antárticas e exercem um papel fundamental na ciclagem de nutrientes e manutenção da pro- dutividade biológica dos ecossistemas Antárticos. A presença abundante deste grupo na Antártica é atribuída tanto à sua capacidade adaptativa, apre- sentando alta tolerância às condições extremas im- postas pelo continente Antártico, quanto à escassez de predadores e de espécies competidoras que são eliminadas pelo efeito da baixa temperatura e con- gelamento do ambiente. Elas são comuns em todas as zonas geográficas da Antártica, onde podem formar crostas macrosco- picamente visíveis ou biofilmes na superfície de so- los e rochas. Recentemente, também foram encon- tradas habitando os fundos dos lagos Antárticos, formando estruturas complexas similares àquelas do período Proterozóico e Arqueano. Essas forma- ções de cianobactérias microbianas ainda existentes Cianobactérias filamentosas fixadoras de nitrogênio atmosférico Cianobactérias filamentosas Em uma parceria internacional com o professor Ian Hawes da Universidade de Canterbury, Nova Ze- lândia, nós temos avaliado o papel de atributos am- bientais no controle da montagem de esteiras micro- bianas Antárticas. Nesse trabalho, nós inicialmente caracterizamos a diversidade cianobacteriana das es- teiras ao longo de gradientes ambientais em regiões Relatos científicos: entenda pesquisas brasileiras na Antártica Informativo APECS-Brasil16 Palinologia antártica: conexões atmosféricas entre a América do Sul e a Antártica Kamila da M. Agostini & Luiz Antonio da C. Rodrigues Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (LARAMG/UERJ). Já pensou em encontrar polens na Antártica? Es- sas microscópicas estruturas biológi- cas indispensáveis à reprodução se- xual de algumas plantas têm sido encontradas em amostras de água coletadas em lagos de degelo localizados na Ilha Rei George e são objetos de estudo de recente pesquisa. Encontrar polens na Antártica parece algo surpreen- dente, imagine então encontrar polens de plantas que não existem na região? Sim, os polens ou palinomor- fos encontrados até o momento pertencem às famílias botânicas da América do Sul, isso significa dizer que os grãos de pólen viajaram, em suspensão, distâncias superiores a 3.000 Km. Embora cause surpresa, a bus- ca por polens não começou ao acaso, mas destaca-se por reunir registros de pesquisas anteriores aos novos achados. No presente estudo, a busca por polens visa identificar estruturas biológicas consistentes que per- mitam compreender o transporte de material particu- lado entre a América do Sul e a Antártica. Tais elemen- tos são conhecidos como biotraçadores atmosféricos e podem ser encontrados em diferentes ma- trizes no Continente Antártico (ex. água, neve e outros). Para melhor compreender tais processos de transportes atmosféricos, é necessário identificar a origem do ma- terial particulado presente nas amostras e desta forma, fornecer subsídios para entender quais influências o Continente Sul-americano pode exercer na Antártica. A concentração de polens na atmosfera é influenciada por fatores como temperatu- ra, umidade, pressão, além de outros eventos naturais (ex. tempestades) e antropogênicos (ex. queimadas) que podem garantir o lançamento dos grãos na at- mosfera. Uma vez na atmosfera, os grãos de polens, provenientes de diferentes regiões podem ser carrega- dos até a Antártica, por diferentes processos de trans- porte atmosféricos. Em laboratório, a identificação dos pólens é fei- ta através de microanálises de sua ornamentação e de suas medidas morfológicas. A pesquisa com po- lens faz parte de dois projetos, atualmente em de- senvolvimento “Análise da ocorrência e concentração de polens em amostras de água de lagos de degelo na Península Antártica”, desenvolvido pela aluna de Graduação em Ciências Biológicas (UERJ) Kamila da M. Agostini, e “Palinologia Antártica: aplicação de biotraçadores para análise de transporte atmosférico entre a América do Sul e o Continente Antártico” de- senvolvido pelo Mestrando em Botânica (Museu Na- cional / UFRJ) Luiz Antonio da C. Rodrigues, que tem por objetivo principal realizar análise da presença de polens em água, neve e sedimento visando propor modelos para o transporte dos palinomorfos até a re- gião de estudo. Os projetos citados são orientados pelo Dr. Alexandre S. de Alencar (LARAMG/UERJ) e Dra. Vania Gonçalves Lourenço Esteves (Laboratório de Palinologia Álvaro Xavier Moreira – MN/UFRJ). Relatos científicos: entenda pesquisas brasileiras na Antártica Informativo APECS-Brasil 17 Durante 5 fases na OPERANTAR XXXII (2013- 2014) a equipe do Projeto Pinguins e Skuas ficou acampada em Ponta Hennequin. Neste tempo, dois alpinistas: Beatriz Boucinhas e Marcelo Campos e nove pesquisadores: Adriana de Lira Pessôa, Ana Olívia Reis, Flavia Vasconcellos, Joãao Paulo M. Torres, Juliana A. Ivar do Sul, Renan Longo, Fabio Torres, Janeide Padi- lha e Juliana Souza revezaram as atividades de campo, sendo que três pesquisadores (FT, JP e JS) permanece- ram durante os 112 dias de acampamento. Uma das principais atividades foi a coleta de ma- terial biológico de aves como pinguins e skuas captu- radas durante o período de campo. Foram coletadas penas e sangue de mais de 80 skuas e de 150 pinguins para a análise de poluentes orgânicos, inorgânicos e estresse. Todos os animais foram medidos, pesados, anilhados e avaliados quanto à presença de parasitas. Também coletamos solo, vegetação dos ninhos, fezes de lobo marinho e plásticos. Com o apoio da Estação Polonesa Henryk Arctowski ampliamos a área de es- tudo prevista e coletamos carcaças de aves mortas em Ponta Thomaz e Ponta Demay. Durante o tempo no acampamento, a equipe con- tou com a visita de pesquisadores e militares dos Mó- dulos Antárticos Emergenciais da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), Estação Peruana Machu Projeto Pinguins e Skuas: 112 dias de acampamento Antártico Juliana Silva Souza e Janeide Padilha Universidade Federal do Rio de Janeiro. Projeto Pinguins e Skuas. Picchu e Estação Polonesa Henryk Arctowski. Rece- bemos também os pesquisadores do projeto Erli S. Cos- ta e Moacir Silva que estavam rea- lizando pesquisa a bordo do Navio Polar Almirante Maximiano. Durante 15 dias, dividi- mos o Refúgio Capitão de Corveta Becker Pico Vargas (Equador) com dois militares equatorianos que fize- ram reparos e manutenção do Refúgio. A experiência de viver tantos dias acampados na Antártica foi enriquecedora, permitiu-nos vivenciar situações completamente fora da nossa realidade. Acordávamos com o som dos borrifos das baleias, com a vocalização das aves ou com o barulho da ge- leira caindo. Cada dia na Antártica é uma surpresa, é uma beleza diferente, é um ambiente gelado, mas ao mesmo tempo muito envolvente e acolhedor. Aprendemos que todos dependemos uns dos ou- tros, pessoas com histórias, vidas e nacionalidades diferentes que se unem para poder viver melhor em um ambiente tão inóspito e cheio de intempéries. Isso é o que a Antártica nos ensina de melhor: viver em harmonia. Além é claro, do encantamento cons- tante e entendimento da importância de preservar sua beleza natural, da qual fazem parte sua fauna e flora tão peculiares. Relatos científicos: entenda pesquisas brasileiras na Antártica Captura de skuas para retirada de amostras. Acampamento em Ponta Hennequin, Península Antártica. Informativo APECS-Brasil18 Grupo de Biologia Adaptativa UFPR retoma as atividades no continente Antártico Me. Mariana Forgati e Dra. Tânia Zaleski Universidade Federal do Paraná A expectativa em retornar à Antártica era grande. Muitas coisas aconteceram durante quatro anos que separavam a última experiência antártica do nosso retorno ao continente gelado, dentre elas, o incêndio que consumiu totalmente o corpo principal da Estação Antártica Comandante Ferraz, em fevereiro de 2012. Não sabíamos exatamente o que nos esperava. Como seriam as acomodações nos recém-construídos MAE’s (Módulos Antárticos Emer- genciais), ou como seriam as condições de trabalho e principalmente como lidar com o espaço vazio, an- tes ocupado por Ferraz? Essas eram questões que preenchiam nossos pensamentos durante a longa viagem em direção à Antártica. Ao desembarcamos na Península Keller, mesmo em épocas diferentes (Tânia em dezembro de 2013, Mariana em fevereiro de 2014), um raro e excep- Imagem dos Módulos Antárticos Emergenciais, geradores e Estações de Tratamento de Esgoto à esquerda, corpo principal construído sobre o antigo heliponto ao centro, à esquerda o incinerador, seguido pelo módulo de aquários, oficina, Laboratório Multiuso e Laboratório de Química. Foto: Tânia Zaleski. cional tempo aberto, com temperaturas agradáveis, nos recepcionava. Num primeiro impacto, não havia como ignorar o espaço deixado pela antiga EACF, restando apenas um vazio branco e azul. A antiga estação que foi nossa aconchegante casa no gelo por 10 meses no ano de 2010, proporcionou-nos im- portantes momentos de crescimento profissional e pessoal. Felizmente, ao lado dessa dolorosa saudade estava o Grupo Base “O Albatroz”, recepcionando- nos de forma calorosa e profissional. E assim, logo compreendemos que aquele pedacinho brasileiro no continente antártico continuava desempenhan- do seu objetivo, um território dedicado à ciência e a preservação ambiental. Os pesquisadores podem contar agora com a infraestrutura dos MAE’s, que foram construídos so- bre o antigo heliponto e nos seus arredores. Os mó- dulos emergenciais inaugurados em 20 de fevereiro de 2013 estão enfrentando agora o seu segundo in- verno. A estrutura de origem canadense é composta por 45 módulos com uma área total de 540 m² e capacidade para a acomodação de 64 pessoas, den- tre elas, o Grupo Base, composto por 15 militares da Marinha do Brasil. O corpo principal dos MAE’s conta com nove dormitórios, quatro banheiros, um refei- tório, uma cozinha, um escritório de comunicações, uma enfermaria, uma lavanderia, duas dispensas, duas câmaras frigoríficas e uma sala de secagem. Os módulos construídos nos arredores são destinados à captação de água e tratamento de esgoto (ETE), ge- ração de energia, incineração de resíduos orgânicos, além de uma oficina e um laboratório multiuso. Nosso projeto de pesquisa, que visa entender os mecanismos de adaptação dos organismos antárti- Relatos científicos: entenda pesquisas brasileiras na Antártica Informativo APECS-Brasil 21 Pesquisador? O estereótipo criado por alunos do Colégio Estadual Professor Júlio Mesquita Me. Priscila Krebsbach Me. Maria Rosa D. Pedreiro Universidade Federal do Paraná. Alunos do Colégio Estadual Professor Jú- lio Mesquita participaram da I Jornada Cien- tífica: O Brasil e o Tratado da Antártica. Cha- mou-nos especial atenção a turma de altas habilidades, que envolve crianças e adoles- centes entre 11 e 15 anos, com características como facilidade de aprendizado, vocabulário rico, engajamento nas atividades realiza- das, habilidades gerais ou específicas e criati- vidade acima da média. A professora respon- sável relatou que ao comentar anteriormente com os alunos sobre a palestra, demonstra- ram bastante interesse em entrar em contato com pesquisadoras antárticas, sendo que eles criaram como estereótipo de cientista pesso- as velhinhas, franzinas e de óculos. A palestra realizada foi muito dinâmica, com a participação intensa dos estudantes expressando suas opiniões a respeito da im- portância da Antártica perante a comuni- dade mundial. Vale observar que para esse grupo de alunos era muito claro que o ecos- sistema de pinguins e ursos são distintos. Eles também entendiam a posição geográfica de cada um dos polos e tinham noções das cau- sas e consequências da elevação da tempera- tura do planeta. Curiosidades interessantes foram levantadas, como por exemplo, se há minérios nas camadas de solo abaixo do gelo e qual o motivo de não haver extração desta matéria prima pelo Brasil. Posteriormente, a professora nos relatou que os alunos gosta- ram muito de conhecer mais detalhes a res- peito do continente gelado e que em casa pesquisaram mais a respeito. Divulgação da Ciência Polar no Brasil Juliana Silva Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro Divulgar a ciência é comunicar junto à população os re- sultados da pesquisa científica e técnica, e o conjunto das pro- duções do pensamento científico, produzindo textos e outros materiais de fácil compreensão. A divulgação da ciência no Brasil tem pelo menos dois séculos. Nas últimas duas décadas observamos um grande aumento dessas atividades, mas o quadro ainda se mostra frágil, com amplas parcelas da popula- ção brasileira sem acesso à educação científica e à informação qualificada sobre Ciência, Tecnologia e Inovação. Conhecer Ci- ência, Tecnologia e Inovação tem um papel fundamental para entendermos a complexidade do mundo em que vivemos e para tomarmos decisões que afetam nossas vidas. Neste contexto, o crescimento da divulgação da ciên- cia em pesquisa polar, especialmente a pesquisa Antártica desenvolvida por brasileiros – que completou recentemente pouco mais de 30 anos de atividades nas mais diversas áreas do conhecimento – se mostra como um retorno do inves- timento do setor público para a sociedade. Desta forma, a população pode entender a aplicação social e a importância das pesquisas realizadas em um local tão distante dentro do contexto da sociedade em que vivem. A mídia e o jornalismo científico são um grande aliado do pesquisador no momento de difundir a ciência. Afinal este conhecimento chega até população principalmente por meio da imprensa escrita e falada, especialmente jornais e revistas de grande circulação. Com o objetivo de traçar um perfil da difusão da ciência relacionada à pesquisa Antártica pretende-se avaliar com que frequência, períodos e regiões geográficas a difusão da ciência polar ocorre. Para realizar o levantamento e análise do que foi divulgado sobre pesquisa polar no Brasil nos últimos 30 anos a autora deste artigo, orientada pela Dra. Erli Schneider Costa, está preparando uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Gradua- ção em Educação, Gestão e Difusão em Biociências da Uni- versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os textos publica- dos nos dez jornais de maior circulação no país estão sendo compilados em uma base de dados e ao final do trabalho, além da produção da dissertação, esta análise sobre divulga- ção da Antártica e ciência polar no Brasil será disponibilizada para consulta pública. Espera-se que o material produzido possa ser utilizado como material de apoio para professores da Educação Básica e outros interessados no tema. Informativo APECS-Brasil22 A “Antártica” na divulgação científica e no livro didático Luiz Antonio da C. Rodrigues Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências / UERJ Integrante do LARAMG/UERJ. Divulgar a Ciência Antártica é extremamente im- portante! A divulgação científica permite o acesso do leigo ao conhecimento produzido pela pesquisa acadêmica. De maneira geral, fornecer tal acesso é devolver à sociedade o investimento do Estado na pesquisa, considerando o modelo de financiamento dominante no Brasil. Muito além de retorno social, a divulgação promove o conhecimento, desperta a curiosidade, e por vezes pode significar o único con- tato (direto) do indivíduo com a pesquisa científica ao longo de sua vida e representa um importante meio de valorização e promoção das carreiras cientí- ficas. Atualmente, a pesquisa Antártica possui dife- rentes mecanismos para sua divulgação, tais como as Semanas Polares Internacionais e comemoração do Dia da Antártica da APECS internacional e os In- formativos da APECS-Brasil e da Marinha do Brasil, as ações educativas direcionadas; bem como as ex- posições promovidas pelos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologias envolvidos com o tema (INCT Antártico de Pesquisas Ambientais e INCT Criosfera). A divulgação científica possui singular função em sua natureza, não podendo ser comparada ou substituída pelo ensino formal. Qual então a razão para restringir tanto conhecimento apenas às ações relacionadas à divulgação científica? Esta e outras reflexões têm sido motivo de intenso debate e ser- vido como base para a realização de diferentes es- tudos. Neste contexto, sob orientação do Dr. Ale- xandre S. de Alencar (Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – LARAMG/UERJ), eu, como aluno de especialização do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da UERJ estou analisando livros didáticos relacionados no Programa Nacional do Li- vro Didático (PNLD), com o objetivo de identificar e compreender a abordagem do tema “Antártica” em tais publicações. O resultado preliminar desta análise revela que o tema, quando abordado, é restrito a re- produções pitorescas que tendem a minimizar a im- portância da Antártica para o leitor. A importância do Continente Antártico para a climatologia e eco- logia global, somada ao quadro apontado revela a importância de iniciativas que incentivem a pesquisa e o ensino do tema nos cursos de Graduação e Pós- Graduação, a produção de material didático, bem como mobilizações com vistas à inserção de texto alusivo ao tema nas futuras revisões dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Apresentação de resultados preliminares da pesquisa no IV Encontro Nacional de Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, realizado em Niterói-RJ durante o mês de maio de 2014. Fotografia:Tatiane da Silva Educação e(m) Ciência Informativo APECS-Brasil 23 A aproximação do fazer científico e do cientista, a partir de uma atividade com Vídeo Conferência Ailim Schwambach. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Educação de Ivoti. nal do município de Ivoti, bem como no Jornal do Vale dos Sinos, em Novo Hamburgo. Estes jornais têm uma circulação que atinge mais de 50 mil leitores. Abaixo, relato dos estudantes que participaram deste momento: “Gostei muito da web conferência com o Prof. Jose Xavier, pois ele foi super simpático, contando suas experiências vividas na Antártica, tornando a atividade mais significativa. Aprendemos sobre as características de algumas espécies de pinguins que lá vivem e senti o quão maravilhoso pode ser trabalhar junto aos animais.” (Juliana Moro da Silva, 3º ano.) “A vídeo conferência com o Prof. Xavier permitiu- nos ampliar nossos conhecimentos e estudos. Em uma conversa divertida e descontraída, o biólo- go apresentou suas experiências e nos mostrou o quanto nosso Planeta é rico e, principalmente, a importância da Antártica para a Terra.” (Mariana Mattivi, 3º ano.) “Após a videoconferência com o Prof. Jose, da Universidade de Coimbra, proporcionada pela minha professora de ciências, Ailim, pude perce- ber que, mesmo estando longe, a Antártica deve estar sempre perto de nós, em nossos pensamen- tos. Como aluna do Curso Normal, refleti sobre a importância de debater sobre a Antártica com as crianças desde cedo, pois assim, poderão se tornar adultos críticos e reflexivos, além de, tal- vez, se transformarem em cientistas ou biólogos defensores deste continente gelado. Por fim, de- pois da videoconferência, passei a sonhar mais alto, pois de acordo com o professor José “todos podem viajar à Antártica, em qualquer profissão, inclusive professores”. (Tatiana Gabriela Baldo, 3º ano.) No dia 08 de maio de 2014, o Instituto de Educa- ção Ivoti foi convidado pela Dra. Erli Schneider Costa, presidente da APECS-Brasil, a participar das atividades da Jornada Científica: O Brasil e o Tratado da Antár- tica. Iríamos receber a visita ilustre do Dr. Jose Carlos Caetano Xavier, cientista polar de Portugal, por meio de uma vídeo conferência. O Dr. Xavier estava em Brasília, para participar da reunião do Tratado da Antártica (ATCM) como dele- gado de seu país. Foi por meio do Skype que ele falou com os alunos de duas turmas (cerca de 60 alunos) a respeito da importância da ciência Antártica, sobre a necessidade de tomarmos medidas para proteger o ambiente e ressaltou a importância das colaborações entre os diferentes países que realizam pesquisa na Antártica, sendo eles ou não signatários do Tratado. Os alunos do 3º ano e 8ª série puderam saber um pouco mais sobre como é fazer Ciência e ser Cientista. Com uma fala leve e descontraída José cativou a to- dos e deu oportunidade para os estudantes fazerem perguntas em um clima de interação e troca de conhe- cimentos. Alguns alunos falaram sobre a experiência como podemos ver nos relatos abaixo. A atividade foi amplamente divulgada na mídia local, através do Jor- Vídeo conferência com o Dr. José Xavier de Portugal, no Instituto de Educação Ivoti, em Ivoti. Educação e(m) Ciência Informativo APECS-Brasil26 muitos desses turistas são formadores de opinião, ou seja, pessoas que em seus respectivos países podem fazer uma grande diferença na preservação do meio ambiente. Chefes de estado, ministros, empresários, juízes, que ali na Antártica tornam-se expectado- res e são convidados a tornarem-se “embaixadores da Antártica”, protegendo aquele frágil ambiente. Porém, não é uma tarefa simples. Ao longo da via- gem algumas estações de pesquisa são visitadas, e também, o próprio desembarque na Antártica é feito na base chilena Eduardo Frei, um verdadeiro “aeroporto” com tráfego de navios e aviões. Uma cidade com muitas pessoas, que para o turista é impactante. Muito próximo dali, existe uma peque- na ilha protegida chamada Ardley, onde pinguins papua e adélias fazem seus ninhos entre bases da China, Chile, Argentina, Uruguai, Rússia e Coreia do Sul. Apenas 20 turistas por vez são permitidos na praia e em uma faixa de pouco mais de 3 metros de largura, de forma a manter distância regulamentar para as colônias. E durante uma dessas visitas, expla- nando para os turistas sobre a fragilidade daquele local, fomos interrompidos por um vôo rasante de um avião Hércules passando a menos de 50 metros de altura sobre o centro da colônia, causando caos entre os pinguins e aves, e, assustando até mesmo um grupo de focas que descansava na praia. A convivência entre ciência (ou apoio a ciência) e turismo passa hoje por um momento difícil. Por um lado, cientistas alertam para o turismo desen- freado que pode impactar o meio ambiente antár- tico. Do outro lado, empresas sérias de turismo com guias altamente qualificados veem um total des- preparo de alguns programas antárticos nacionais, causando um impacto profundo e muitas vezes irre- parável em um local que deveria ser primariamente protegido por eles. Falta ainda muito diálogo entre as partes e talvez, uma troca maior de experiências e dados, de forma a proporcionar a efetiva prote- ção do ambiente Antártico. Uma coisa é certa – a intransigência, de qualquer um dos lados, só causa- rá mais danos. Portal Point 2013. Foto: Bjorn Svensson Recebendo Turistas na BaseFrei em 2011. Foto: Andre Belem Iceberg em Plenneau bay 2010. Foto: Andre Belem Educação e(m) Ciência Informativo APECS-Brasil 27 Você sabia que as peculiaridades da An- tártica e Ártico são alvos de questões do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e de vesti- bulares de grandes universidades brasileiras? As perguntas abrangem as diferentes áreas de ensino: exatas, humanas e biológicas. Que tal o professor de matemática lhe ajudar a calcu- lar a espessura média da cobertura de gelo do continente antártico? Você sabe por que os icebergs fl utuam? E como podemos calcular a fração submersa de um iceberg? Nas aulas de geografi a além de aprender a localização e as características desses locais, o que você acha de discutir os objetivos do Tratado Antártico? Quais são as consequên- cias do aquecimento global e como as ativida- Alunos do Ensino Médio, FIQUEM POR DENTRO.... Priscila Krebsbach Universidade Federal do Paraná des antrópicas interferem nesse processo? Os problemas serão observados apenas em alguns locais? Que tal sugerir ao professor de biologia a montagem de um diagrama com uma pos- sível teia alimentar marinha antártica e outra ártica? Nas aulas de biologia e química os pro- fessores vão contribuir para que você entenda a relação entre a concentração de oxigênio dis- solvido na água e a temperatura, além da re- levância desse fato para os organismos que ali vivem. Os assuntos envolvendo os polos permi- te a multidisciplinaridade e devido à importân- cia global têm sido cada vez mais lembrados. Como podemos observar na charge abaixo. Por isso, fi que atento quando seus professores tratarem deste tema! Alunos, fiquem de olho Fonte: Enem 2009. Informativo APECS-Brasil28 Se bem me lembro, era meados de 1981, quan- do nosso professor de zoologia, solicitou um levanta- mento bibliográfico, para elaboração de um projeto de pesquisa com o propósito de participar de uma ex- pedição ao Pólo Sul. Foram alguns meses, dias e noi- tes, para finalizar e enviar o plano de trabalho para a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recur- sos do Mar (SECIRM). Entre 1982 e 1983 o projeto foi aprovado, e então começaram todos os preparativos, incluindo o treinamento de sobrevivência promovido pela Marinha do Brasil. Estávamos dentro da segun- da expedição do Brasil à Antártica (verão de 83/84). O nosso grupo era formado por integrantes de dois cursos: (três) biólogos e (cinco) geólogos. Na manhã do dia 16 de janeiro de 1984, embarcamos em Por- to Alegre no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), um Hércules C-130 que nos levou em direção a Punta Arenas – Chile, em um vôo que duraria cerca de 9 horas. Pernoita- mos nesta cidade a espera de condições mais favoráveis para continuarmos nossa viagem até a Ilha Rei George, na Península Antártica. No início da manhã, recebemos o comunicado de que deveríamos nos des- locar até o aeroporto de Punta Arenas pois tínhamos um período favorável para aterris- sarmos na Antártica. Foram 2:30 horas e lá estáva- mos nós, pela primeira vez pisando em um continen- te que até então, só conhecíamos por meio de livros, a Antártica. O objetivo do nosso estudo era avaliar as rotas migratórias e os parâmetros biológicos das aves antárticas. O projeto foi executado durante dois me- ses, e utilizamos técnica de anilhamento e de tomada de medidas morfológicas e peso das aves. Retorna- mos ao Brasil em março de 1984, onde analisamos os dados que seriam futuramente publicados. Todos sabemos que a ação humana exerce pres- são sobre nosso meio ambiente, ocasionando danos irreparáveis. Com a Antártica não seria diferente. Muitos poluentes de regiões populosas do planeta acabam chegando a Antártica por meio das massas atmosféricas (os ventos que se formam nos continen- tes e vão até a Antártica), prejudicando assim diver- sas espécies animais e vegetais desta região. Atualmente a Antártica é considerada uma reser- va natural, consagrada à paz e a ciência, e nos ofer- ta um imenso laboratório cujas informações podem ser utilizadas no esclarecimento de questões globais como as mudanças climáticas e suas implicações futu- ras. Além de auxiliar na elaboração de estratégias de conservação das espécies locais, o estudo da fauna e da flora antártica pode favorecer novas descobertas de importância médico-farmacológicas. Apesar dos mais de 30 anos de pesquisa do Bra- sil na Antártica e da sua contribuição para ampliar o conhecimento sobre a região parece que a importân- cia deste ambiente ainda não está clara para gran- de parte da população brasileira. Este esclarecimento pode ser alcançado encurtando a distância que existe entre a comunidade científica e a população do país. Acredito que esta aproximação é uma chave para a mudança deste paradigma. Hoje a APECS – Brasil reú- ne um grupo de pessoas que se dedicam a continuar aquela história que teve início no verão de 1982/1983, por meio da promoção, divulgação, gestão e comuni- cação da Ciência nos diversos setores da sociedade. Primeiros momentos na Antártica: Conhecer para preservar Prof. Me. Amaury Silva Junior. Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha. Opinião
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