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Guias e Dicas
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Tcc - final ok, Teses (TCC) de Design

IDENTIDADE VISUAL E PROJETO DE SINALIZAÇÃO PARA O JARDIM BOTÂNICO BOSQUE RODRIGUES ALVES DA AMAZÔNIA

Tipologia: Teses (TCC)

2015
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Compartilhado em 03/04/2015

pedro-oliveira-e9y
pedro-oliveira-e9y 🇧🇷

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Baixe Tcc - final ok e outras Teses (TCC) em PDF para Design, somente na Docsity! FACULDADE DE ESTUDOS AVANÇADOS DO PARÁ CURSO DE DESIGN GRÁFICO KÁSSIO STEPHANO LUANA LEAL MACHADO PEDRO GUILHERME DE OLIVEIRA IDENTIDADE VISUAL E PROJETO DE SINALIZAÇÃO PARA O JARDIM BOTÂNICO BOSQUE RODRIGUES ALVES DA AMAZÔNIA BELÉM 2013 1 KÁSSIO STEPHANO LUANA LEAL MACHADO PEDRO GUILHERME DE OLIVEIRA IDENTIDADE VISUAL E PROJETO DE SINALIZAÇÃO PARA O JARDIM BOTÂNICO BOSQUE RODRIGUES ALVES DA AMAZÔNIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Design Gráfico pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará. Orientadora: Profa. M.Sc. Márcia Mendes. BELÉM 2013 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente aos meus pais, que me incentivaram e me apoiaram neste caminho que percorri. A todos os professores, que agregaram a minha formação tanto como profissional quanto como pessoa. Aos meus companheiros de equipe, que foram companheiros e se doaram ao máximo em prol deste projeto e tornaram o mesmo real. À nossa orientadora Márcia Mendes, por sua dedicação e incrível paciência conosco. Kássio Stephano 5 AGRADECIMENTOS Ao Divino por toda oportunidade, luz e força que me foi concebida para trilhar este caminho. Ao meu pai Paulo Machado, por dar a mim e aos meus irmãos suporte e amor incondicional. À minha mãe Vânia Leal, que é minha inspiração e mestra, que despertou em mim a paixão pela arte e pela vida, que nos ensina a compreender e amar o próximo todos os dias. Aos meus irmãos Cauê Moreno e Paula Tainá pelo companheirismo e pela cumplicidade, fortalecendo nossos laços da mais verdadeira amizade. Ao Thiago, o companheiro que escolhi para a vida, por todo o amor compartilhado, pela paciência e respeito. Toda a família Lourenço que sempre me recebe de braços abertos. Aos companheiros desta jornada de trabalho, aos amigos Maria Paula, Thaís Lima, Malu Guimarães e Felipe Melo, por todas as palavras amigas que me trouxeram conforto e carinho. Aos amigos de quatro patas, Melly, Ricca e Ilê, pelo amor além da matéria. Luana Leal Machado 6 AGRADECIMENTOS Ao Pai do céu, pelo sopro divino. Aos pais Luiza e Ayrton (in memorian). Aos filhos, em especial ao Gean Oliveira, pela ajuda e apoio incondicional. A amada Cinthia Fernanda, pela compreensão nas ausências. A minha pequena neta Cecília, a quem dedico à conquista. Aos mestres, pelo conhecimento transmitido e paciência de ensinar o Papagaio Velho. Aos colegas de equipe Luana e Kássio, sem os quais seria impossível chegar ao objetivo. Pedro Guilherme Oliveira 9 LISTA DE IMAGENS Imagem 1 - Mapa de entrada ......................................................................... 67 Imagem 2 - Placa deteriorada ........................................................................ 67 Imagem 3 - Placa deteriorada II ..................................................................... 68 Imagem 4 - Público visitante ........................................................................... 69 Imagem 5 - Frontão do Bosque ...................................................................... 70 Imagem 6 - Belém da Memória ...................................................................... 70 Imagem 7 - Logotipo ....................................................................................... 70 Imagem 8 - Placa do Bosque ......................................................................... 70 Imagem 9 - Marca dos 130 anos .................................................................... 70 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Quais as atrações que estão nesse espaço, mais representam o Bosque Rodrigues Alves? .............................................................. 88 Gráfico 2 - Qual você acredita ser a principal mensagem do Bosque? ........... 89 Gráfico 3 - Você se orienta pelas placas informativas? ................................... 90 Gráfico 4 - O que você acha da atual sinalização do Bosque? ....................... 91 Gráfico 5 - Você consegue se localizar com o mapa na entrada do Bosque?.. 92 Gráfico 6 - Você já se perdeu alguma vez no Bosque? ................................... 92 Gráfico 7 - O que você acha da sinalização existente? ................................... 93 Gráfico 8 - Você acha que é preciso um novo projeto de sinalização para o Bosque? ......................................................................................... 94 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12 2 ESTADO DA ARTE ......................................................................................... 17 2.1 DESIGN: Aspectos elucidativos/conceituais ................................................ 17 2.1.1 O design transcendendo séculos de criatividade ................................ 22 2.1.2 A inovação e design como estratégia competitiva .............................. 32 2.1.3 Os serviços e sua importância na sociedade contemporânea ........... 35 2.1.4 Marketing: aliado da satisfação e fidelidade do cliente ....................... 46 3 JARDIM BOTÂNICO BOSQUE RODRIGUES ALVES DA AMAZÔNIA: um recorte de vida da floresta na “Cidade Grande” ......................................... 58 3.1 DESENVOLVENDO UMA IDENTIDADE VISUAL E UMA SINALIZAÇÃO: projetando caminhos .................................................................................... 63 3.2 PROBLEMÁTICA .......................................................................................... 67 3.3 A IDENTIDADE DE ONTEM E A IDENTIDADE DE HOJE .......................... 69 3.4 O LOGOTIPO ............................................................................................... 71 3.4.1 A tipografia ............................................................................................... 72 3.4.2 Cores do logotipo .................................................................................... 73 3.4.3 Cores da sinalização ............................................................................... 73 3.4.4 A sinalização ............................................................................................ 74 4 METODOLOGIA .............................................................................................. 75 4.1 OS CAMINHOS DA INVESTIGAÇÃO .......................................................... 75 4.2 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................. 76 4.3 VARIÁVEIS ................................................................................................... 80 4.4 POPULAÇÃO ............................................................................................... 81 4.5 AMOSTRA .................................................................................................... 81 4.6 COLETA DE DADOS .................................................................................... 82 4.7 QUESTIONÁRIO .......................................................................................... 83 4.8 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE ................................................................. 85 4.9 TRANSCRIÇÃO DOS DADOS ..................................................................... 86 4.10 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................... 87 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 96 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 99 APÊNDICE ......................................................................................................... 105 ANEXO ............................................................................................................... 106 14 Tais premissas cria no profissional designer a consciência de que seu trabalho também é social e exige responsabilidade e esforço intelectual. Outro fator observado na investigação foi o fato de não haver um programa educativo que incentive as famílias, grupos de passeios escolares, turistas, pesquisadores e demais visitantes que, aliado a ausência de sinalização com informações e direções relevantes, provavelmente não comunique a relevância do bosque em seus aspectos artísticos, históricos, culturais e naturais. É em meio a este contexto que este estudo propõe uma reformulação da identidade visual e suas vertentes de sinalização com identificação de suas trilhas e habitantes, facilitando assim com que frequentadores se localizem com mais facilidade em suas visitas. Na estratégia traçada sobre o enfoque da identidade visual são aplicados os conceitos estudados, de maneira tal que o objeto da pesquisa seja transformado em uma marca ainda mais forte e visualmente identificada e caracterize a beleza natural do Bosque. Nessa perspectiva, consideram-se as necessidades de uma identidade visual, e de um sistema de sinalização adequada. Assim, foi lançada a seguinte questão problema: O público visitante perde o senso de direção ao se deslocar nos diversos ambientes e trilhas do bosque? Como questão hipotética, acredita-se que, a partir do posicionamento da marca e de seus atributos, como a sinalização aplicada e disposta de maneira funcional, será possível uma orientação adequada. Esta provavelmente vai gerar mais facilidade às pessoas que transitam pelo recinto e valorizar o ambiente através das placas com informações relevantes da cultura e do acervo que compõe o bosque. O objetivo geral desta pesquisa foi verificar as aplicações das ferramentas e sistemas de identidade visual para propor a reformulação destas aliadas aos estudos culturais e organizacionais do Bosque Rodrigues Alves Jardim Botânico da Amazônia. Como objetivos específicos, este estudo se direciona para analisar a eficácia da identidade visual no processo de atualização, representação e manutenção de uma identidade regional; verificar os caminhos que a cultura permeia para a definição de uma forma de comunicação mais eficaz para orientar as pessoas que transitam no Bosque; identificar como a população de Belém se relaciona com o espaço, e quais seriam as maiores dificuldades de transitar no mesmo; e, estudar as formas de atuação do profissional de Design Gráfico a partir da criação de uma identidade visual. 15 Mediante as primeiras reflexões, este estudo retrata, em seu estado da arte, algumas áreas consideradas fundamentais para o desenvolvimento do enfoque, tais como, o posicionamento do design gráfico na era contemporânea, os serviços e a qualidade destes na satisfação do cliente, a identidade visual, a marca e a fidelização. Desse modo, evidencia para quem está no setor de serviços o quanto é significativo ampliar algumas técnicas de comunicação para que se alcance melhores resultados na implantação ou sustentação de programas de qualidade. A comunicação é o meio fundamental para inserir qualquer transformação na organização. Por isso, é necessário de início considerar o processo de comunicação. Além disso, ao avaliar o procedimento de comunicação é desejável que o processo deve começar pelo receptor. Este é o componente fundamental no processo, uma vez que a finalidade de comunicação é o entendimento da mensagem. Por isso, começar pelo receptor auxilia a decodificação ao usar os apelos e termos de acordo com o público-alvo. Na estratégia traçada sobre o enfoque da identidade visual são aplicados os conceitos estudados, de maneira tal que o objeto da pesquisa seja transformado em uma marca ainda mais forte e visualmente identificada. Assim como, para melhor orientar os visitantes do local, é proposta a sinalização, para ser aplicada nas dependências do recinto, com identificação de suas trilhas e habitantes, facilitando assim, o percurso dos frequentadores para provocar fluentemente a localização facilitada em suas visitas. Esta pesquisa foi realizada no Bosque Rodrigues Alves Jardim Botânico da Amazônia. O procedimento metodológico foi desenvolvido com base no levantamento bibliográfico, seguido de levantamento de campo, e a aplicação de cem questionários, com perguntas fechadas, para o público frequentador do Bosque. A importância da pesquisa contribui para que o conhecimento sobre o Bosque e de como se deu o processo de desenvolvimento e reconhecimento com jardim botânico e patrimônio cultural. Ressalta-se como designer gráfico, uma pesquisa autoral que legitima a importância da sinalização funcional para os espaços, de modo a atingir as perspectivas desejadas da comunidade paraense e dos turistas. Este trabalho visa apresentar aos estudantes e profissionais da área de design gráfico a relevância de um projeto de Identidade Visual. A contribuição do 16 projeto para a área profissional e acadêmica se dá pelo caráter multidisciplinar, desenvolvendo entendimento das diversas áreas do design. Neste segmento, partindo da organização apresenta-se no capítulo 2 Estado de Arte, como a área do design transcende os séculos de criatividade no contexto global e sua inovação como estratégia competitiva. E ainda, a satisfação e fidelidade do cliente. No capítulo 3, descrevemos a história e memória do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves da Amazônia, seguido do processo de sinalização e identidade visual criada para esse importante espaço natural da Amazônia. No capítulo 4 apresentam-se as discussões metodológicas e resultados da pesquisa, seguida das considerações finais. Dessa forma, acredita-se que essa pesquisa seja apenas o começo em nosso processo produtivo como designers gráfico para desdobrar-se em outros campos de criação funcional de acordo com o papel social da profissão. Apoia-se ainda, nos conceitos propostos por diferentes autores na intenção de criar bases sólidas para desenvolver discussões com o desejo que este material seja importante para todos aqueles que se interessam pelos caminhos da pesquisa na área. 19 É uma atividade expressamente comunicacional que nasce da necessidade de, num ambiente de massas, agregar valores simbólicos a determinados bens, sejam estes concretos ou não. Para tal, lança mão de um instrumental simbólico que se expressa materialmente no plano da visualidade, de forma a veicular estes valores mediante a preservação deste mesmo caráter simbólico. Outra vertente conceitual aponta o design a todo um processo de ideias, de planejamento, de construção e de finalização, em que o produto final desse processo tem todas as qualificações necessárias para se manter e ter boa aceitação no mercado. Design é um processo pelo qual a maioria dos produtos hoje em dia comercializados, seja ele visual ou de consumo, é ou deveria ser submetido para ter o máximo de aceitação no mercado. Por exemplo, o automóvel que nós utilizamos diariamente, passou por um processo de idéias, de planejamento, de construção e de finalização até chegar às lojas onde será vendido (esse é um exemplo de Design de Produto). Outro exemplo; a embalagem de um produto, como a de um sabão em pó (que atualmente são um espetáculo em cores chamativas) também passou por um processo que, se for bem executado, terá sucesso em sua venda ou pelo menos chamará a atenção do consumidor, não só pela beleza estética da embalagem, mas pela funcionalidade como as características do produto estão sendo transmitidas ao consumidor (esse é um exemplo de Design de Gráfico). Algo semelhante ocorria muito tempo atrás, com o artesão. Ele cuidava desde a aquisição da matéria-prima, até o planejamento e de todas as outras etapas da produção de um produto até sua finalização. Com o designer funciona quase da mesma maneira dentro do processo de design. Ele acompanha o processo em todas as etapas, porém, ao invés de realizar tudo sozinho, trabalha juntamente com vários profissionais, os quais estão envolvidos diretamente em cada uma das etapas, desde a escolha da matéria prima até o destino final do produto. Um exemplo prático disto é o que ocorre com o designer de produto, que ao planejar um produto como, por exemplo, uma batedeira, precisa trabalhar com vários outros profissionais, como o engenheiro eletricista, que analisará juntamente com o designer se o produto desenhado por ele comportará toda a parte elétrica; com um técnico em segurança, que analisará se a forma do produto é segura, se o material utilizado ao quebrar ou se submeter a condições rigorosas não ofereça risco ao 20 usuário; e trabalhará até com um ecologista, que o orientará a utilizar materiais recicláveis, que não agridam a natureza. Sobre essa metodologia do design (MARGOLIN, 2002, p. 97, tradução nossa) diz que, Perante os diversos problemas a serem solucionados, torna-se fundamental a importância da atuação transdisciplinar, que possibilita o trabalho dos designers juntamente com outros profissionais (engenheiros, cientistas sociais, biólogos, entre outros). Entretanto, vale lembrar que a função do designer está além de projetar e conceber objetos, esse profissional está habilitado a gerar soluções alternativas, no caso sustentáveis, para o desenvolvimento da civilização e de suas futuras gerações. Isso requer do designer, metodologias e intervenções a fim de promover aspectos capazes de interferir positivamente sob o impacto que a produção industrial causa na sociedade humana. De acordo com Ekuan (1997, p. 4), “O que o design pode e deve fazer é a proposta de uma nova imagem e estilo de vida que seja compatível com o ambiente, tanto em aspectos da vida diária quanto à vida global e a vida nos espaços de trabalho”. O designer coordena o ciclo de vida do produto dentro e fora da industrial, o designer precisa preocupar-se com todos os processos envolventes, desde a extração da matéria prima, passando pela fase de produção, distribuição, consumo até o destino final do objeto. O ciclo de vida do produto serve para avaliar os possíveis impactos ambientais gerados pelo seu contato com o planeta. Através dessa preocupação nasce o EcoDesign, modelo em que avalia os efeitos da produção sobre o meio ambiente, se preocupa com todas as etapas envolvidas na fabricação de bens. Barbosa (2002, p.1-2) nos diz que O Ecodesign, assim denominado, pode gerar um modelo de desenvolvimento que garanta aos processos produtivos sustentabilidade econômica e ambiental. Acredita-se que dentro deste contexto, o design pode ser um instrumento de conexão no campo das tecnologias limpas, com aquilo que e necessário para o uso racional dos recursos naturais. A contribuição do ecodesign está principalmente direcionado a quantificação e caracterização dos processos e produtos gerados que minimizem a poluição ambiental. Apesar dos esforços do designer gráfico em propor alternativas saudáveis em seu projeto gráfico para o ecossistema, ainda dependerá muito da indústria em 21 querer tomar essas alternativas em suas produções. E para que isso ocorra será necessária à quebra do egocentrismo pelo lucro e pelo bem-estar próprio, dependerá das vontades governamentais e de empresas de criar métodos de apoio para a educação e a manutenção do sistema sustentável e o mais importante, dependerá da postura das pessoas em relação ao consumo e de suas preocupações em relação ao tema. Projetar as questões socioambientais envolvidos no processo e instituir meios naturais em interação com as necessidades econômicas da sociedade tem sido dever na pratica projetual do design e acreditamos que nosso objeto de estudo está inserido diretamente nessa questão. Nesse sentido, as mudanças socioculturais no cenário globalizado que, atualmente, ocorrem em todos os campos, inclusive no design, podem perfeitamente ser sintetizadas no redimensionamento das instituições e dos circuitos de exercício do público; na reformulação dos padrões de assentamento e convivência urbanos; na reelaboração do próprio, em função do predomínio de bens e mensagens advindas de um cenário econômico e de uma cultura globalizadas sobrepostas àqueles que surgem nas metrópoles e na nação a que se pertence. Canclini (1999, p. 52) faz um alerta acerca da definição do que ele chama de senso de pertencimento e identidade, ao afirmar que o mesmo é “organizado cada vez menos por lealdades locais ou nacionais e mais pela participação em comunidades transnacionais ou desterritorializadas de consumidores”. O autor sobre essa análise lembra que antes, os laços sociais eram mantidos entre as pessoas pelo contato da vizinhança nos bairros, pela aproximação dentro da escola, ou pelo convívio para o lazer e o consumo, no centro da cidade, e hoje, se encontram dispersos. Vale reforçar esse pensamento sobre essas relações nas quais Canclini (2003, p. 57) comenta que É evidente que representamos e instituímos em imagens aquilo que nossa sociedade experimenta em relação a outras, porque as relações territoriais com o próprio são habitadas pelos vínculos com aqueles que residem em outros territórios, falam conosco e enviam mensagens que deixam de ser alheias na medida em que muitos dos nossos vivem lá. Essas formas de organização do imaginário que são as metáforas e as narrativas buscam ordenar o que há de dispersão de sentido no próprio imaginar, o que se acentua no mundo globalizado. 24 si.” Entretanto, o autor chama atenção acerca do clima criativo ao dizer que somente é possível com o apoio da administração superior. Neste sentido, o autor se reporta aos trabalhos desenvolvidos por Whiting e Thompson (1989, p. 108) os quais enumeram certos princípios e fatores que precisam estar presentes para que tal situação ocorra, conforme eles pontuam: Liberdade no local de trabalho para que possa perseguir ideias inovadoras; Estrutura organizacional e políticas flexíveis, enfatizando a confiança e cooperação mútuas; Estrutura organizacional e clima de trabalho onde prevaleça o respeito à dignidade e ao valor dos indivíduos, encorajando iniciativas e desafiando capacidades dos mesmos; Estrutura organizacional que mantém a autonomia, flexibilidade e vitalidade, através da delegação de responsabilidade e autoridade. Verifica-se através das considerações dos autores que é fundamental, portanto, que as empresas insiram-se adequadamente no contexto global, e possibilitem a criação de espaços para o desenvolvimento concreto da criatividade pessoal e profissional. Assim, Menna Barreto (1997, p. 149) lança mão das palavras de Peter Drucker ao dizer que “a necessidade de criatividade dobra a cada geração”. Certamente, também a transformação em nível organizacional depara-se com mudanças de atitudes e pontos de vista em nível individual. Referente ao aspecto social, as inovações, quando introduzidas em um grupo, sempre representaram um salto qualitativo no desenvolvimento do mesmo e no decorrer do processo de geração de soluções, o conhecimento é fundamental, bem como a combinação de informações ou a associação de ideias. Se adentrarmos na questão do design considerando um ponto de vista filosófico, algumas questões chamam a atenção para a definição do que é homem: um ser individual, instintivo, político, social, etc.: o homem ou o homem todo, ou ainda todo homem (a massa ou povo), o homem adjetivo ou o homem substantivo. Hoje a filosofia1 é chamada a realizar a crítica da ciência, numa tentativa de redescobrir o homem que o mecanismo esconde e a tecnologia robotizou. Nesse sentido, se dá uma tentativa de reinterpretação do homem concreto2 no seu percurso histórico e em busca de sua realização histórica. Nesse pensamento, concebe-se a inovação como a realização do ato criativo. Queiroz (1999, p.8), reforça “a implementação com êxito das idéias criativas”. Já 1 Não mais a filosofia clássica. 2 Entende-se aqui como homem concreto aquele homem da classe social, da relação de poder, etc., e não simplesmente o indivíduo em si. 25 para Menna Barreto (1997, p. 303), “a realização é criatividade 100% pura”, não bastando ter boas idéias sem poder implantá-las na prática. E isto é a inovação. O termo tem se tornado, de acordo com Bonsiepe (1997, p. 34), Uma das palavras-chave da época atual, caracterizando a dinâmica da sociedade industrial Para o autor, ciência, tecnologia e design são campos onde a inovação se manifesta e que a revelam de modo particular, através da diferenciação de seus objetivos, práticas standard, forma predominante de linguagem, contexto social e critérios de sucesso. Assim, a ciência, produzindo novos conhecimentos, realiza a inovação cognitiva; a tecnologia (ou engenharias), dirigindo-se à produção de bens e know- how, traduz-se em inovação operacional. Bonsipe (1997, p. 35) completa ao dizer que “no design, a inovação se manifesta nas práticas sociais cotidianas, e constitui a articulação da interface entre usuário e objeto”. Para que a inovação se concretize nas organizações, são necessárias condições favoráveis, como refere Silva (2008, p. 56), quando coloca que "o principal desafio dos líderes do século XXI será liberar a capacidade mental de suas organizações". Por outro lado, levantando a questão com relação ao mercado, Silva (2008, p. 47) diz que; “identificar as necessidades e os problemas do mercado e transformá-los em produtos que representem soluções, é assegurar à empresa moderna: sobrevivência e expansão, e estes são, fundamentalmente, problemas criativos”. Diante ao contexto global, o mundo se pluraliza ao mesmo tempo em que se aproxima e se toca. A crescente velocidade das informações, disseminadas pelas vias eletrônicas e pelos mais diversos canais de divulgação, reverte o que é local em planetário, o que é restrito em abrangente. Vive-se a vida do aqui e do lá, do hoje, mas também do amanhã. Assim, diante desse contexto, Queiroz (1999, p. 7) diz que: O fluxo de informações entre as pessoas, a receptividade às mudanças e a disponibilidade de capital são os fatores externos mais representativos para determinar a quantidade, a profundidade e direção das inovações em uma comunidade. Assim, a globalização cultural e a transmissão instantânea de dados e informações para qualquer ponto do globo são aspectos facilitadores deste fluxo. Contudo, há a necessidade de aceitação das mudanças pelos grupos sociais. Este 26 talvez seja o aspecto que gere maior entrave na implantação de novos sistemas e soluções. Mesmo no tempo do aqui e agora, a dificuldade em assumir riscos e romper paradigmas podem ser barreiras importantes ao processo de inovação. Geralmente, as mudanças vão sendo incorporadas lentamente e de modo sutil, como na concepção de Toffler (1995), quando estabeleceu a Teoria das Ondas em que discute o nível de riqueza e a possibilidade de investimento da mesma é outro fator que fica submetido ao ambiente social onde se processa a inovação. A adequação das empresas ao novo cenário mundial é essencial e envolve o desenvolvimento do potencial criativo em todos os seus níveis, desde os altos escalões até os funcionários de nível básico, pois como afirmam Nolan e Croson (1996, apud SILVA, 2008, p. 33), quando dizem que: A nova empresa será organizada em torno de seus processos e centrará esforços em seus clientes. Ela será ágil e enxuta, seus "jobs" exigirão conhecimento do negócio, autonomia, responsabilidade, habilidade na tomada de decisões e um forte caráter inovador alimentado pelo estímulo à criatividade. Complementando esta declaração, Lima (2009, p. 99) coloca que “a sobrevivência de qualquer profissão depende da sua capacidade de enxergar o amanhã”. É nesta direção que se afirma a importância da criatividade e da inovação para o sucesso e o futuro das organizações ou empresas. Na sociedade contemporânea, as tendências de aproximação são acompanhadas pelo desenvolvimento do gênero das exposições resultantes das expectativas sócio-políticas. Nesse cenário, a cultura deve ser trabalhada como um estado especificamente humano que busque reforçar, de certa forma, uma idéia unitária e de cristalização, embora não deixe de chamar atenção para os fatores do pluralismo e diferenciação cultural. Fica perfeitamente claro que a questão cultural deve ser repensada. Na verdade, em seu aspecto conceitual, cultura significa a produção de fenômenos que contribuem, mediante a representação ou reelaboração simbólica das estruturas materiais, para a compreensão, reprodução ou transformação do sistema social. Em outras palavras, cultura refere-se a todas as práticas e instituições dedicadas à administração, renovação e reestruturação do sentido. 29 deixar de lado referências objetivas para que o leitor possa acompanhar o desdobramento desta atividade-chave para o entendimento do mundo. Meggs e Purvs (2009) fazem referência a William Addison Dwiggins (1880/1956) o qual cunhou o termo designer gráfico (1922) para descrever as actividades de um indivíduo que traz ordem estrutural e forma à comunicação impressa: “o designer gráfico contemporâneo é herdeiro de uma ancestralidade célebre”. O fato é que a linguagem visual, em sentido amplo, tem uma longa história. Quando o homem primitivo, ao sair para caçar, distinguia na areia a pegada de algum animal, o que ele via ali era um sinal gráfico. O design gráfico é a arte de criar ou seleccionar determinadas marcas, para comunicar uma idéia. As imagens gráficas são mais do que ilustrações descritivas da realidade ou imaginadas. É signo cujo contexto lhes dá um sentido especial e cuja disposição lhes pode conceder um novo significado. Turin (1992, p. 19) complementa ao dizer que: Essas linguagens, tembém designadas códigos ou sistemas, são formados por conjuntos de sinais que possuem regras específicas. Estes sinais são signos. Então o sígno não é o objeto, e sim alguma coisa que está em real relação de substituição. Esta substituição se dá na nossa mente interpretadora, seguindo uma ação mental. Quando estas substituições são processadas, operamos o terceiro elemento que se chama interpretante, que mantém uma relação com o objeto, mas sem sê-lo. Essa relação configura um constante vir-a-ser. Esse processo forma uma cadeia. Percebe-se assim, que o processo interpretante pode ser dinâmico ou automático. O dinâmico de dá quando entramos numa cadeia dialética de transformações e a importância que a imagem gráfica ocupa na sociedade contemporânea, está inserida nesses conjuntos de códigos. A visualidade torna-se, reconhecidamente, um dos mais importantes recursos cognitivos. É fato que existe uma demanda, cada vez maior, pela utilização sistemática dos recursos audiovisuais tanto para a divulgação de informações como para a pesquisa, crescem cada vez mais em importância, tanto em nível nacional quanto internacional, as relações possíveis entre imagem e palavra. Sobre isso Gonçalves (2002, p. 8) nos diz que: A imagem caracteriza-se por proliferar sem que haja um horizonte que limite sua ocorrência. Dessa forma, a imagem se transforma em linguagem adequada para as descobertas de um conhecimento igualmente “sem limites”. À palavra cabia a representação de um conhecimento restritivo dentro dos parâmetros dos saberes religiosos, ideológicos ou científicos estabelecidos. À imagem, enquanto nova linguagem universal, cabe à representação de um saber, produto de uma possível forma de inteligência coletiva. 30 Em comunhão com o autor, verifica-se que o designer gráfico, está envolto nessa linguagem universal do constante vir a ser. Vale lembrar o advento da imprensa – jornais, revistas, publicidade – nas interações que estabelecem entre texto, diagramação, variações tipográficas, desenhos e fotos, a palavra e a imagem tornaram-se inseparáveis. Essa mesma conjunção hoje se acentua no design de interface, multimídia e hipermídia, nas telas dos monitores dos computadores. Não é de se estranhar, portanto, o grande interesse que a questão vem despertando não só entre aqueles que trabalham nos intervalos do texto e imagem, quanto naqueles que os tomam como tema de investigação. Estudos de Gonçalves (2002) no campo da ordenação e recuperação de imagens em movimentos para bases de dados virtuais ressaltam que, da palavra à imagem, descortinam-se horizontes pioneiros para a pesquisa com a adição constante de recursos tecnológicos em constante evolução que nos lançam em grandes desafios no contexto global. Contudo, revela o autor, é da união da palavra com a própria imagem que talvez encontremos uma nova forma de pensar. Imagem com palavras pode ser simplesmente, uma redescoberta pela ciência dos meandros de uma verdadeira metalinguagem, uma “ideografia”, representação da representação que transcenda o terreno cognitivo do conhecimento semântico. Gonçalves (2002, p. 3) complementa ao dizer que: Criar imagens! Ou, simplesmente, tentar pensar as imagens com palavras e transformá-las em objeto de pesquisa acadêmica! Uma proposta de busca de uma forma de conhecimento por uma nova trajetória! Um caminho a ser trilhado numa paisagem ainda pouco conhecida entre a primazia racional da palavra e a ilustração sensorial das imagens. Um tema em busca do desenvolvimento de linguagens específicas para a gestão de um conhecimento comunicacional. A revolução digital indica uma era de supremacia da informação e esse repertório de informações demanda linguagens ainda mais precisas, variadas e criativas. Daí a importância em nosso estudo em ressaltar na trajetória do designer, a importância do repertório da linguagem visual em seu processo criativo como fator de inovação. As metáforas da poesia e as imagens geradas pela sua criatividade talvez indiquem caminhos para uma linguagem mais completa para a representação da imagem. Cardoso (2004) diz que, profissionalmente, o design gráfico surge em meados do século XX. Nesse período, todos os trabalhos gráficos eram desenhados pelos “artistas comerciais”, também conhecidos por “visualizadores”. Porém, ressalta-se 31 que, os tipógrafos tinham um papel fundamental: faziam o projeto de paginação (organização das ilustrações e do texto) e davam instruções para a composição; os ilustradores que produziam imagens de qualquer tipo, diferentes técnicas e sobre variadíssimos temas; retocadores, letristas e outros que finalizavam os projetos para a reprodução. A maioria dos “artistas comerciais”, tais como os desenhadores de cartazes reuniam essas diferentes aptidões, eram multidisciplinares. As artes gráficas até ao final do século XIX, eram especialmente produzidas a preto e branco e os diferentes trabalhos eram impressos em papel. Hollis (2001, p. 118) sobre essa questão nos esclarece que, Foram os diretores de arte no campo publicitário que, nos anos de 1930, instituiram, nos Estados Unidos, “o design gráfico, especialmente em publicidade e no layout das revistas”. Até a década de 1950. A expressão mais usada era artes gráficas e os serviços eram prestados por “artistas comercias”: profissionais de layout e tipógrafos que faziam o projeto da chamada (slogans ou títulos principais) e do texto, auxiliados por ilustradores, retocadores, letristas, etc. Entretanto, Hollis considera que o design gráfico, como profissão teria surgido no inicio do século XX. O designer gráfico desenvolve novas formas de legitimação aliadas a sua profissão em resposta às pressões comerciais e às evoluções tecnológicas, contemporaneamente recria-se das suas próprias tradições. Tem como premissa no contexto global, inovar diante dos desafios levando em conta a operacionalização do design, tal como é concebida atualmente: consiste na racionalização das formas em utensílios no decurso diário da vida humana. É nesse sentido que Godart (2010) traz o aspecto conceitual do design como atrelado, no sentido, à diversidade das práticas e das representações, das maneiras ou formas de fazer e de ver. E, tal como acontece com relação à cultura, como já evidenciamos nesse estudo, é preciso pensar a identidade do designer como uma produção que nunca se completa, que está sempre em processo e é permanentemente constituída interna e não externamente à representação, ou seja, do discurso. Nossas identidades são construídas, portanto, em meio a práticas discursivas na relação com o outro. Deste ponto de vista, não há um momento de definição, as identidades são sempre construídas, devendo por isso ser entendidas, histórica e não biologicamente. 34 Magalhães (2007) lança mão dos estudos de Kottler (2008), o qual define o design como uma “ferramenta para a diferenciação competitiva do produto” e uma “força de integração entre todas as outras ferramentas”. A articulação com o mercado é a base desta atividade quando estabelece estratégias para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Para que a otimização ocorra é preciso antecipar os problemas e enfocar as oportunidades a partir das necessidades dos beneficiários do produto, levando em conta a concorrência. Magalhães (2007, p. 26) nos diz que “O design estratégico materializa-se quando desenvolve o produto certo – eficácia do processo – e não somente o produto correto – eficiência do processo”. Cientes destas novas atribuições e funções do design, as organizações e empresas de todos os tipos têm, nele, um potencial de crescimento e afirmação. Considerando as novas exigências do consumo, onde a qualidade já não é um item de luxo, destinado a algumas poucas pessoas, mas, sim, uma reivindicação do conjunto dos consumidores e usuários, verifica-se a formação de uma nova mentalidade. Produtos e serviços devem corresponder a estes anseios, sob pena de serem excluídos do mercado. Constata-se que as novas realidades, nos diferentes setores da vida social, implicam em transformações profundas, tanto em nível macro, quanto micro. Além disso, mudanças de paradigmas são necessárias para gerenciar os novos dados e a diversidade de visões que convivem no plano social. Considerando a criatividade como geradora de inovações, depreende-se sua efetiva importância para os indivíduos e organizações nesta passagem de século. Cada vez mais, os novos recursos e tecnologias proporcionam o livre exercício da descoberta e a exploração do potencial criativo dos indivíduos, pela flexibilização dos processos e relações hierárquicas no próprio local de trabalho. Outra questão que se possa abordar, nesta era da consciência planetária, é a da sustentabilidade. Tal ponto dirige a reflexão acerca da viabilidade ecológica dos meios produtivos e sistemas sociais, prevendo a conservação do planeta e o desenvolvimento autossustentável, único modo de manter a vida humana sob a Terra. A inovação e a criatividade no design precisarão responder também a estes problemas. Cada indivíduo deverá ser criativamente crítico, para construir e consumir, para ter e ser. 35 Em nosso estudo verifica-se a necessidade de projetar as questões socioambientais envolvidos no Jardim Botânico Rodrigues Alves, no sentido de evidenciar através da sinalização e identidade visual o potencial ecológico que o lugar possui e instituir meios naturais em interação com as necessidades econômicas da sociedade na pratica projetual do design. E em comunhão com as colocações de Menna Barreto (1997, p. 104), “estamos freqüentemente diante de uma série de grandes oportunidades, brilhantemente disfarçadas de problemas insolúveis”. Nesse viés, conclui-se que “atitudes de design” deverão ser sempre mais freqüentes e cada vez mais inerentes a qualquer ser humano; trata-se de uma necessidade evolutiva. Mesmo quem não “projeta”, o usuário ou consumidor, precisará ser mais ativo e participativo, desenvolvendo criticamente seu papel de coautor dos processos, produtos e serviços, e ajudando a conformar os novos modos de viver no século XXI. A mudança no maneirismo de trabalho e pertencimento de valores locais está sendo exigido do profissional designer, pois o mercado busca profissionais que tenham, além de um trabalho referencial e criatividade, base de pesquisa e conhecimento acerca de cultura para dialogar com os conceitos projectuais. Acredita-se que o designer possuem esses requisitos em sua essência e tais fatores são estratégias competitivas que fazem a diferença no mercado globalizado. 2.1.3 Os serviços e sua importância na sociedade contemporânea Inicialmente, é importante ressaltar que o aumento da participação dos serviços do profissional designer na economia e o crescente aumento do nível e exigência dos clientes, nesses últimos anos, impulsionam cada vez mais as organizações a buscarem mecanismos que possibilitem uma constante melhoria dos seus serviços. De fato, a relação que se estabelece entre clientes e fornecedores vêm mudando de forma significativa nos últimos anos, de tal sorte que o fornecedor de qualquer produto, sejam bens ou serviços, busca constantemente maximizar a satisfação do consumidor, já que hoje há uma maior conscientização de que quando uma organização proporciona total satisfação aos seus clientes, terá como conseqüência aumento na sua rentabilidade. A postura, bastante encontrada, do fornecedor que trata o seu cliente como se a este estivesse prestando um favor sem 36 levar em consideração suas necessidades e expectativas, está cada vez mais sendo reduzida. Dentro das empresas, especificamente, as mudanças apresentam constância e continuidade. São alterações no mercado, a necessidade de um planejamento, a introdução de novas tecnologias, projetos de expansão, diversificação, novos métodos de produção, a modernização do sistema de informações. São numerosos fatores externos e internos que contínua e incessantemente sofrem mudanças. Uma aceleração do ritmo de mudança certamente resultará em uma maior necessidade de reorganização das empresas, uma real exigência dos novos tempos por coisas novas que, por sua vez, também exigem novos conhecimentos e pessoas com capacidade para a aprendizagem, significando a base de todas estas transformações, sejam grandes ou pequenas. Na contemporaneidade, na capacidade de economia globalizada, com interação de mercados mundiais e não mais simplesmente regionais ou nacionais, a competição já se situa em nível planetário, com os fatores econômicos disputando mercados dispersos pelo mundo inteiro. Com a adoção e incorporação dos novos conceitos de expansionismo, numa administração sem fronteiras e num preparo para novos saltos, já não se destitui mais de uma pessoa ou grupo de pessoas independentes e totalmente qualificadas para a identificação e investigação de problemas que digam respeito à política, organização, procedimentos e métodos, de forma a recomendarem a ação adequada e proporcionarem auxílio na implementação dessas recomendações. Por um lado, as organizações ficam mais enxutas e, por outro, aumentam seus problemas frente ao mercado demandante e à concorrência. A demanda, termo concebido e desenvolvido pela teoria econômica, tem sido considerada como uma medida que reflete o funcionamento do mercado composto por vendedores e compradores. A demanda pode ser comparada a uma disposição que um consumidor tem de adquirir um determinado bem ou serviço, por um dado preço e em um dado período de tempo. Na contemporaneidade, a meta de qualquer organização é a sua demanda. Moreira (2008), em Administração da Produção e Operações, nos remete a uma clara reflexão quanto ao caráter de essencialidade ao qual se imbui a 39 Verifica-se que o profissional designer e os serviços a ele destinados, não são neutros no cenário mercadológico e social. Sobre essa questão Braga (2011, p. 20) diz que, Questões colocadas na atualidade estão contribuindo para a rediscussão do tema papel social do design e seus serviços como a valorização dessa atividade profissional, a demanda da sociedade brasileira por responsabilidade social das empresas e dos profissionais liberais que tem ocorrido nos últimos anos, a ecologia, a crise, econômica, o surgimento de novos meios de circulação da informação em meios de massa e em meios segmentados e a conscientização sobre a relação entre os níveis e os tipos de consumo (material, simbólico, político, cultural) e a cidadania. É significativa, sobre as tentativas contemporâneas de instigar o debate acerca dos serviços dos profissionais designers e as reais prioridades do design gráfico e a busca da geração de novos significados diante da demanda de serviços e das mudanças pelas quais passaram as economias avançadas, em especial quanto à internacionalização das atividades econômicas, a reorganização das firmas dominantes, a crescente integração da produção manufatureira com a de serviços, o incremento do uso da tecnologia microeletrônica, a demanda crescente na indústria por uma força de trabalho mais qualificada, no entanto, com a presença de muitos trabalhos rotineiros sendo eliminados em função das mudanças tecnológicas, a crescente complexidade e volatilidade do consumo e uma mudança no papel do design gráfico que amplia o foco das discussões. Foram muitos os estudiosos que interpretaram tais transformações como uma modificação da sociedade fordista, com base na produção e consumo de massa em grande escala, com o apoio da demanda dos gastos governamentais para o gerenciamento de suas funções. Frascara (1989, p. 89), designer argentino, um dos principais autores estrangeiros que servem de referências aos brasileiros interessados no tema diz que Os profissionais designers devem se preocupar não só com a maneira de comunicar, mas, também com o conteúdo de suas comunicações. O designer gráfico pode usar seus serviços com “o conhecimento existente no campo da comercialização de produtos de consumo” para atuar na circulação de informação e comunicação visual de temas relevantes para a sociedade, como, prevenção do crime, saúde da comunidade, contaminação ambiental, segurança do trabalho, no trânsito, planejamento familiar, sinalização, desenho de espaços públicos, direitos humanos, etc. 40 Em acordo com o autor, estamos envoltos nessas perspectivas da importância de nossos serviços nesse estudo enquanto futuros designers, ao verificar as necessidades de um espaço público relevante para a sociedade que necessita ter circulação de informação e comunicação visual. Nesse estudo, é importante ressaltarmos o valor de especialização em serviços no capitalismo de final do século XX, o que contribuiu sobremaneira para a manipulação de matérias-primas, informação, capital e trabalho, em qualquer atividade de produção ou consumo, numa verdadeira intensificação do papel desses serviços especializados. Também os padrões locacionais foram influenciados, em vista da maneira pela qual as qualificações e especializações para as atividades de serviços que estão presentes na força de trabalho causaram esta influência. Houve um encorajamento da aglomeração – nas funções de alto nível – e as funções mais rotineiras ficaram mais dispersadas, em função da complexidade e diversidade da moderna especialização em serviços. São estas tendências que têm dominado a evolução das regiões urbanas nos anos mais recentes, influenciando também os padrões de localização manufatureira, enquanto a especialização em serviços oferece, além de um conhecimento técnico e material para os processos produtivos em constante transformação, também para as qualificações organizacionais ou gerenciais, tendo em vista a forma pela qual as mudanças técnicas criam novas oportunidades para a exploração da especialização em serviços. Ao mencionar serviço, é importante conceituá-lo de forma mais abrangente diante das mais recentes abordagens sem deixar de levar em consideração a sua evolução no passar dos anos. No entanto, uma das grandes dificuldades na área de serviços é a simples definição do seu significado. Inúmeras definições são sugeridas por vários autores. Las Casas (2004 p. 68) define serviços como “atos, ações, desempenho”, afirmando ainda que, “em serviços os elementos se misturam, e pessoas, procedimentos, processos se confundem às vezes com o objeto da comercialização”. Do mesmo modo, Grönroos (2005) relaciona uma série de definições de serviços propostos por vários autores. Segundo o estudioso, existem deficiências nas definições, devido a visão restrita ao fenômeno dos serviços, e incluem, em maior ou menor proporção, apenas os serviços prestados pelas chamadas empresas 41 de serviços. Alguns exemplos das definições contidos na obra de Grönroos (2005, p. 83): Serviço: atividade, benefícios ou satisfação que são colocados à venda ou proporcionados em conexão com a venda de bens (American Marketing Association, 1960). Serviços representam ou satisfações intangíveis apresentadas diretamente (transporte, acomodação), ou satisfação intangíveis apresentadas indiretamente quando da compra de mercadorias ou de outros serviços (crédito, entrega) (Regan, 1963). Um serviço é uma atividade colocada à venda que gera benefícios e satisfações, sem levar a uma mudança física na forma de um bem (Bois, 1974). Um serviço é uma atividade ou uma série de atividades que tem lugar nas interações com uma pessoa de contato ou com uma máquina física e que provê satisfação ao consumidor (Lehtinen, 1993). Um serviço é qualquer atividade ou beneficio que uma parte possa oferecer á outra que seja essencialmente intangível e que não resulte em propriedade de coisa alguma. Sua produção pode ou não estar ligada a um produto físico (Kloter e Bloom 1984; e Kloter 1998). Serviço é algo que pode ser comprado e vendido, mas que você não consegue deixar cair sobre o pé (Gummeson, 1987: referindo-se à fonte não identificada). Partindo do estudo e observação das definições de serviço, Rocha (2004, p. 41-42) propõe uma forma bem sucedida de serviço ao dizer: O serviço deve incluir uma percepção abrangente de qualidade através de uma imagem construída com o tempo. Faz-se então necessária a distinção entre qualidade técnica (capacidade de atender às expectativas do cliente) e qualidade de relação (modo pelo qual um serviço é prestado). A imagem do serviço é o resultado de uma série de ações de caráter contínuo por meio das quais uma organização procura conquistar compreensão, apoio e simpatia das pessoas com as quais estabelece relações. A imagem do serviço realizado pelo designer sempre estabelece relações com o outro. Aliar o conceito de serviço de maneira mais geral com o foco no serviço do designer gráfico com o objetivo de ressaltar que o serviço do designer sempre traz algum nível de consequência, seja no campo da cultura, do mercado, da comunicação, da estética ou da economia, é relevante, pois, nos faz refletir sobre a participação do profissional designer na sociedade contemporânea. Outra abordagem também deve ser levada em consideração, uma vez que vai de encontro à idéia de agregar valor para o cliente, referente á identificação do que constitui realmente a satisfação da necessidade do cliente, ou seja, qual componente do serviço efetivamente atende à sua necessidade básica, e quais são os elementos adicionais, incorporados a este, que suplementam o serviço básico. 44 Para Parasuraman, Zeithaml e Berry (2008) um dos grandes desafios dos gerentes de serviços é tentar conhecer as expectativas de seus clientes, para, então, buscar melhorias de desempenho que favoreçam uma percepção positiva. O modelo, apresentado na figura 2, parte da comparação do serviço percebido com o serviço esperado, em que as expectativas do cliente são influenciadas por necessidades pessoais, experiência anterior, comunicação boca-a-boca e comunicações externas. Figura 2 - Modelo Conceptual de Qualidade de Serviço Fonte: O Modelo de Análise Gaps. Nesse cenário, é preciso destacar que uma política pública é uma estratégia governamental que visa ao bem-estar social, implicando, pois, numa percepção do futuro do país e na definição de meios e instrumentos institucionais para a realização de tais objetivos. Por sua vez, a definição de serviços não deixa de ser problemática, incluindo as dificuldades de comparação do produto dos serviços, que são conhecidas e relevam-se na precariedade da base estatística que confere cobertura ao setor (MELO; ROCHA; FERRAZ, 2007). A despeito de tais dificuldades, o que se verifica é que os serviços adquiriram uma importância crucial no emprego e nas transações econômicas gerais,5 seja como atividade principal, seja como atividade secundária de apoio à produção 5 Com o crescimento das análises estatísticas sobre o PIB, aumentou a importância do setor de serviços na economia mundial. Citando Griliches (1992) e Mohr (1992), Melo, Rocha e Ferraz (2007) destacam que estes cresceram aproximadamente de 40% para cerca de 70%, e que até o final do século as atividades econômicas estarão dominadas pelo setor de serviços. 45 manufatureira e agrícola. Neste cenário, Melo, Rocha e Ferraz (2007) destaca que a relevância do setor de serviços pode ser evidenciada a partir de múltiplas questões, entre as quais o seu crescente peso nas transações de comércio internacional e o fato de as empresas de setores financeiros e de comunicações terem se constituído num dos espaços privilegiados para a propagação dos efeitos da revolução microeletrônica, seja como iniciadoras/usuárias, seja como administradoras de sistemas tecnológicos complexos. Diante deste contexto, uma política para o setor exige uma visão de sua configuração futura, a identificação das barreiras ao projeto desejado e a definição dos meios necessários à remoção de seus obstáculos (MELO; ROCHA; FERRAZ, 2007, p. 11). Não se pode negar que um dos problemas centrais reside na heterogeneidade das atividades de serviços, que acaba por inviabilizar a construção de uma política geral para o setor. É preciso, pois, levar em conta, que uma política nesse campo deve ser composta de políticas setoriais que considerem as especificidades de cada um dos segmentos do setor. Fica assim bem clara a dificuldade em se definir uma política geral para o setor de serviços, evidenciando a impossibilidade de se conferir tratamento indiscriminado para atividades tão díspares como os setores produtivos,6 os serviços distributivos,7 serviços sociais,8 e os serviços pessoais.9 Assim, além da heterogeneidade estrutural, a produção e o consumo de serviços também apresentam disparidades regionais. Por isso aliar as variadas visões de ideias e conceitos quanto aos serviços e a participação do designer na sociedade, nos coloca diante da reflexão que o designer foi e é fundamentalmente social na medida em que seus serviços se voltam para o projeto para outrem e que foi e é nascido desses desejos. 6 Atividades intermediárias realizadas pelas empresas durante o processo produtivo, como os serviços financeiros, jurídicos, de informática, engenharia, auditoria, consultoria, propaganda e publicidade, seguro e corretagem. 7 Atividades efetuadas pelas empresas após o término do processo produtivo, como transporte, comércio, armazenagem e comunicação. 8 Atividades realizadas para a sociedade, entre as quais a administração pública, defesa e segurança nacional, saúde e educação, associações de classe. 9 Atividades realizadas para atender à demanda individual, como hotelaria, bares e restaurantes, reparação, vigilância, limpeza, higiene pessoal. Destaca-se que a classificação aqui destacada foi proposta por Browning e Singelman (1978) e por Elfring (1988), citados por Melo et al (2007, p. 12). 46 Diante do desenvolvimento dos serviços realizados pelo designer e do conceito deste de forma mais abrangente, percebe-se que a atuação do designer está para além dos projetos destinados ao mercado, o designer tem uma inserção social em todas as suas esferas de trabalho. Essa aplicação de serviço é diferenciada e influenciada pelas intenções daqueles desejos primordiais e pelo grau de envolvimento e aproximação do designer com o outro. Isso é desafiador! 2.1.4 Marketing: aliado da satisfação e fidelidade do cliente A satisfação do cliente é considerada importante para o bom funcionamento da empresa, uma questão de sobrevivência. Na literatura de “marketing” e qualidade, há diversos autores que abordam temas relacionados diretamente com a satisfação do cliente (serviços a clientes, “marketing” e pós-venda). Kotler (2008) sugere que a satisfação é o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto em relação às expectativas da pessoa. Kotler e Armstrong (2009), por sua vez, consideram que se o desempenho faz jus às expectativas, o comprador fica satisfeito, se excede as expectativas fica encantado. Já Johnson et al. (2001) define satisfação como uma experiência do cliente no encontro com o produto ou serviço. Destes autores decorre também que a primeira pergunta a se fazer é - Quem é o cliente? Qual o perfil do cliente? Como afirma Crosby (2009), para quem clientes devem ser identificados a cada dia; suas necessidades devem ser examinadas e atendidas a cada momento; e eles devem ser cultivados de forma que o considere seu fornecedor preferido. Para Rocha (2004), os clientes são a vida das organizações. Dessa forma, o desafio é como uma empresa evoluir de cliente meramente satisfeito para clientes absolutamente fiéis. Segundo o autor, quando as organizações prestadoras de serviços e bens de consumo atentam para essa discussão, passa-se a ser um novo enfoque que é a relação entre satisfação e fidelidade. Muitos estudiosos sobre as organizações apresentam modelos para a concretização desse binômio. Rodrigues (2002, p. 62) diz: 49 quem investir, quando, onde e como deve ser feito esse investimento. A fidelização é uma tendência natural do mercado, pois o consumidor não quer mais ser visto como mais um que comprou um produto ou utilizou um serviço qualquer. Ele quer ser visto e respeitado pelo que, realmente, é. Ele gosta de ser chamado pelo nome ao entrar numa loja e se sente satisfeito por isso. Talvez, ainda, estejamos longe de sermos tratados de tal forma por todas as empresas, cabendo, portanto, a nós, mercadólogos emergentes, embutir essa consciência da prática da fidelização ao cliente, nas empresas onde estivermos atuando, acordando para essa tendência cada vez mais importante no mercado global. Três condições devem existir para garantir a existência de uma fidelidade verdadeira a uma determinada marca:  as informações que o consumidor detém sobre uma marca específica devem colocá-la em posição superior à dos concorrentes;  as informações sobre a marca devem estar alinhadas com o posicionamento e a atitude individual do consumidor;  o consumidor deve possuir uma alta intenção de comprar determinada marca e opor-se a marcas alternativas em situações de tomada de decisão. Fidelidade Psicológica para: Compra repetida de uma: Marca Específica Múltiplas Marcas Outra Marca Nada Marca Específica Fidelidade Verdadeira Fidelidade a Múltiplas Marcas Recompra sem Fidelidade Comprador Espúrio Outra Marca Comprador Espúrio de uma outra Marca Fidelidade a Múltiplas Marcas Fidelidade a outra Marca Comprador Espúrio Tabela 1 - Estrutura do Modelo Chestnut (1978) Fonte: Chestnut (1978). Dick e Basu (1994) propuseram um modelo para fidelidade que tinha como base os aspectos cognitivos, afetivos e conativos apresentados por Chestnut (1978), porém, introduzia uma discussão sobre a atitude relativa na questão da fidelidade do consumidor. O conceito de atitude relativa é entendido como o grau com que a 50 avaliação do consumidor de uma marca é dominante sobre a outra. Mesmo que aspectos comparativos posicionem marcas próximas umas das outras, a dominação de uma marca sobre as demais pode levar o cliente a tolerar adversidades para conseguir uma marca específica. A elaboração e aplicação de uma marca são indispensável para a apresentação de uma empresa, produto e até mesmo de um determinado serviço. Faz com que ela tenha papel crucial na hora de divulgar o que se quer, e é importante que seja com clareza, para que assim não haja problemas com o seu posicionamento. Esta tarefa, de produção, pesquisa e análise de como construir uma marca, na vida profissional de um Designer Gráfico pode até se tornar comum, esta atividade pode trazer consigo a elaboração da papelaria (cartões de visitas, pastas, envelopes, papel timbrado), formando assim uma identidade visual para o cliente. Wheeler (2008, p. 14) nos esclarece que, Enquanto as marcas falam de modo virtual para a mente e para o coração, a identidade da marca é tangível e apela para os sentidos. A identidade é a expressão visual e verbal de uma marca. A identidade dá apoio, expressão, comunicação, sintetiza e visualiza a marca. Você pode vê-la, tocá-la, agarrá-la, ouvi-la, observá-la se mover. Ela começa com um nome e um símbolo e evolui para tornar-se uma matriz de instrumentos e de comunicação. A identidade da marca aumenta a conscientização e constrói empresas. Verifica-se desse modo, a importância da identidade visual ser fundamental e indispensável para iniciar um projeto de marketing bem sucedido. Como vimos no subitem anterior acerca dos serviços do design a necessidade de entender o pensamento comum do meio social e adequar o seu projeto para que o mesmo, não entre em conflito com valores culturais. Lembrando ainda que, ser designer é antes de tudo criar uma consciência de seu trabalho através dos vínculos com os consumidores com a intenção de ampliar resultados. No estudo em questão acerca do objetivo em se criar uma identidade visual e uma sinalização par o Bosque Rodrigues Alves reforça o design sendo usado com toda a sua força de pesquisa para o desenvolvimento e valorização do que diz respeito o repertório imagético das culturas em questão. Diante da criação de uma marca, podemos observar a relevância desses fundamentos no serviço e procedimento do designer enquanto atuação e 51 interferência na sociedade. Até mesmo para os pequenos negócios, é importante a comunicação visual da empresa, é o que a distingue. Segundo a legislação brasileira específica, marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. Sendo assim, a marca acaba sendo o que o nosso cliente quer mostrar, a cara do produto no mercado, mas não quer dizer que ela é obrigatoriamente um sistema. Apesar de tudo, o Branding é um trabalho de construção de uma marca junto ao mercado. É criada uma imagem que possa ser reconhecida por todo o mercado de forma que o produto que seja rotulado por aquela marca transmita confiança ao consumidor fazendo-o preferir o produto de “marca” do que outro produto idêntico sem marca. É como se criasse uma imagem para ser reconhecida por todo o mercado, de forma que o público a consiga identificar e apreciar. Ao criarmos e gerirmos uma marca, estamos a potenciar o valor do produto e da empresa dona da marca. Trata-se não só de identificar e diferenciar o produto ou empresa, mas também gerar uma expectativa de qualidade de imagem que vai trazer grande notoriedade. É exemplo de branding, o que é feito ao nível das marcas franchisadas, onde não basta identificar o produto, mas transmitir certa segurança de qualidade ao ser multiplicada por lojas. É tão simples como dizer… é marca é de confiança. Existe um valor originado pela marca e que obviamente tem a ver com a actividade desenvolvida pelas agências de publicidade quando fazem branding, ou seja, trabalho de marca. Já ouvimos falar que preferimos os produtos de marca, em que o conteúdo, muita vezes é similar a outros sem o poder da marca. Mas quando temos a possibilidade de optar, optamos pelo produto de marca, na maior parte dos casos. Quando isto acontece está a haver branding. Mais do que projetar ou criar uma identidade, é preciso acrescentar um conceito de valor e positividade ao projeto, e geri-lo, e isso deverá respeitar a estratégia e a ambição do cliente e do seu produto. Ações de branding podem ser manifestadas e arquitetadas através do brand equity. Essa nova denominação se demonstra como um conjunto de recursos, inerentes a uma marca, que se agregam ao valor de algo, proporcionando share por um produto ou serviço. A Teoria do Brand Equity foi elaborada por David C. Aaker. 54 Que os designers de identidade trabalham a percepção por meio da integração do significado e da diferenciação visual. Compreender a sequencialidade da percepção e a consciência visual proporciona um valioso insight sobre o que vai funcionar melhor. Para enfrentar a nova realidade social, a nova maneira de ler o universo e, consequentemente, as novas exigências do consumidor, observa-se em nosso estudo essa vivência coletiva que agrega valor ao trabalho e gera troca de conhecimentos que ultrapassam as relações de negociações. Verifica-se também um comprometimento do profissional e acredita-se durante o processo, que os resultados, em sua maioria, são gratificantes e geram crescimento no âmbito pessoal, profissional e institucional. Assim, uma identidade e uma posição de uma marca bem concebida e implementada trazem uma série de vantagens à organização: orientam e aperfeiçoam a estratégia de marca; proporcionam opções de expansão da marca; melhoram a memorização da marca; dão significado e concentração para a organização; geram uma vantagem competitiva; ocupam uma posição sólida contra a concorrência; dão propriedade sobre um símbolo de comunicação; provêm eficiências em termos de custos de execução. As organizações criam e utilizam a marca como um elo de ligação entre o consumidor e organização. A marca traz para o mercado um significado para o consumidor, tendo um papel figurado, representativo e simbólico. Esse significado representa para o consumidor aquilo que ele é, e o que acredita que a marca oferece para ajudá-lo a reforçar o seu lugar na sociedade. Dentro do contexto cultural, social e psicológico, a marca representa para o consumidor um conjunto de muitas formas, fatores, funções e contextos que lhe dão significado no mercado. A marca tem por finalidade posicionar o produto na mente do consumidor, e as organizações procuram criar um comportamento de compra desencadeado pela marca e não pelo produto. A mente do consumidor é o alvo para o posicionamento da marca, e as organizações devem desenvolver mensagens relevantes e que vão ao encontro com os anseios e desejos latentes do consumidor. Dentro de um mercado competitivo, com excesso de comunicação massificada, o consumidor desenvolveu um filtro perceptivo, que seleciona e identificam quais são os códigos e mensagens que entram e se posicionam na mente. 55 Trata-se da capacidade do consumidor de concentrar a atenção em um item, evento ou atividade específica e, com êxito, tirar de foco as demais sensações ou experiências. Permite que o consumidor rapidamente separe informações e materiais entrantes e identifique os importantes. É usado tanto para filtrar, quanto para selecionar as informações e experiências disponíveis. Um programa de marketing que visa o posicionamento da marca deve influenciar a escolha e ação de compra associada às ideias que permitem identificação rápida do produto, sinalizando ao consumidor o que é e para que serve, indicando propriedades do produto e seduzindo ao consumo. Os consumidores utilizam as informações da marca enviadas pelas mensagens onde concebem que os objetos estão relacionados a seus atributos, estão relacionados a outros objetos e as informações são armazenadas ao longo tempo. Fica evidente, que um projeto de sinalização exige analisar questões culturais do país, onde símbolos – pictogramas – que podem ser locais ou universais sejam utilizados com eficácia, estudar as linguagens verbais e visuais a serem aplicadas, e passar por todas as fases metodológicas deste processo, que são: proposta, estudo preliminar, protótipos, e por fim, o desenvolvimento de projetos de sinalização. Estar atento também para o material e para o processo industrial na fabricação das placas de sinalização de acordo com a proposta de que ser transmitir é de suma importância, para que não ocorra divergências com os propósitos e missões de cada projeto, já que, nosso estudo envolver questões ambientais, com soluções mais sustentáveis. O posicionamento relativo de uma marca em relação à outra é o que deve ser considerado e não, a avaliação absoluta. Podem existir situações onde diversas marcas podem ter ótimas avaliações individualmente, porém, com atitudes relativas baixas. Em uma situação ideal onde todas as marcas recebessem uma avaliação máxima, não haveria atitude relativa e todas seriam substituíveis entre si. Esta situação ocasionaria uma fidelidade a múltiplas marcas. A fidelidade a uma única marca também pode ocorrer em uma situação onde as avaliações às marcas sejam baixas, porém, em que uma se destaque sobre as demais gerando uma atitude relativa. Atualmente, a busca pela qualidade deixou de ser uma preocupação exclusiva das empresas. No setor serviços, a preocupação com a gestão de qualidade vem aumentando devido a mercado cada vez mais competitivo. Com este 56 cenário, as organizações públicas se veem obrigadas a avaliar a produtividade de seus processos para que as ações desenvolvidas sejam agregadoras de valor. Essa abordagem sugere um novo padrão de gestão voltado para qualidade, produtividade e resultados. Mudanças significativas devem ser processadas no sistema organizacional com a finalidade de se estabelecer um novo paradigma no processo de administração. Dentro da abordagem do sistema de gestão de qualidade da ISO 9000:2000 (Figura 3), são identificados oito princípios de qualidade: foco no cliente, liderança, envolvimento das pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmico de gestão, melhoria contínua, abordagem factual para tomada de decisão e relacionamento com o fornecedor baseado no mútuo benefício. Figura 3 – Modelo do sistema de gestão de qualidade ISO 9000:2000 Fonte: NBR ISO 2000.  Foco no cliente – A organização deve entender que a finalidade de sua existência é o cliente, tornando necessário o entendimento das suas futuras necessidades e buscando superar suas expectativas.  Liderança – Os líderes devem criar um ambiente interno propício para que as pessoas possam trabalhar em equipe na busca de um mesmo objetivo.  Envolvimento com as pessoas – A essência das organizações são as pessoas; desta forma, se torna necessária a utilização, da melhor maneira possível, das suas aptidões e qualidades em benefício da empresa.  Processo – Um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos são administrados e gerenciados como um processo. 59 constitui um bem apropriado pelo homem, com suas características únicas e particulares” (FUNARI; PINSKY, 2005, p. 8). E complementa-se ainda: A particularidade de um lugar se torna uma iguaria para que ele seja um destino turístico e de interesse coletivo. Os autores (FUNARI; PINSKY, 2005, p. 17) reforçam nesse sentido ao dizerem que, A partir do final da década de 1970, verificou-se a valorização do patrimônio como fator de memória das sociedades. Hoje entendemos que, além de servir ao conhecimento do passado, os remanescentes materiais de cultura são testemunhos de experiências vividas, coletiva ou individualmente, e permitem aos homens lembrar e ampliar o sentimento de pertencer a um mesmo espaço, de partilhar uma mesma cultura e desenvolver a percepção de um conjunto de elementos comuns, que fornecem o sentido de grupo e compõem a identidade coletiva. Já que o Patrimônio Cultural é importante para a consciência de classes, e é um fator de memória das sociedades, automaticamente salvaguardar o patrimônio é dever de todos, não cabe somente ao poder público, mas também a toda sociedade, que deve ser participativa e preocupar-se com as necessidades do lugar e ser mediador ao manter viva a sua memória, pois como bem diz Ataídes (1997, p.26), “ela mais do que ninguém, conhece os bens culturais e objetos que a representam”. Comungando com essa linha de pensamento entendemos que o design foi e é essencialmente social na medida em que sua finalidade é o projeto para a sociedade. Sobre isso Braga (2011, p. 21) diz que, Apesar do desenvolvimento do conceito de um “modelo social” nas últimas décadas para caracterizar a atuação do designer para além dos projetos destinados ao mercado, o designer tem uma aplicação social em todas as suas esferas de trabalho. Essa aplicação é diferenciada e influenciada pelas intenções daquelas aspirações e pelo grau de envolvimento do designer. Envolve também aquelas que são público do mercado de consumo, pois estas também possuem necessidades sociais e muitas vezes carecem de melhorias materiais que o designer pode proporcionar. Nessa perspectiva, observa-se que, imbuídos pelo conceito de Patrimônio Cultural e pelo papel social do designer gráfico, o foco de estudo no Bosque Rodrigues Alves está de acordo com as observações feitas no decorrer da pesquisa, através da percepção acerca da importância do lugar enquanto patrimônio cultural e das necessidades do serviço gráfico, já citado anteriormente. A memória histórica do Bosque Rodrigues Alves, o Jardim Botânico da Amazônia está atravessada ao momento do extrativismo da borracha que surge 60 do processo de modernização da urbanização da cidade. A Europa respirava a Revolução Industrial. No Brasil vivia-se o ocaso da Monarquia e o surgimento da República. O capital gerado pela exploração da borracha colaborava para tornar Belém a “Paris dos Trópicos”. Teatro da Paz, Palacete Bolonha, Praça da República, Praça Batista Campos, Mercado de Ferro do Ver-o-Peso, hoje monumentos históricos que nasceram na Amazônia como propósitos da elite local. Duas datas se confundem para definir a criação do Bosque Rodrigues Alves. A primeira defende que o lugar nasce oficialmente, segundo documento do Departamento de Extensão Cultural do Bosque, em 1870 através de decreto do 4º vice-presidente da província do Grão-Pará, Abel Graça, uma espécie de vice- governador. A segunda data, a mais aceita, confere ao senhor João Diogo Clemente Malcher, então presidente da Câmara Municipal, numa sessão de 25 de agosto de 1883 a criação do espaço de lazer dos ricos que surgiam com o lucro da exportação do látex. A iniciativa teria partido do senhor José Coelho Gama Abreu, o Barão de Marajó, um geógrafo da Amazônia, intendente de Belém, espécie de prefeito da cidade (1879/1881). A memória do Bosque remete que a inspiração teria sido o “Bois de Boulogne”, de Paris. Bosque Municipal do Marco da Légua, uma referência ao limite da cidade, sendo o primeiro nome do Bosque. A valorização dos elementos da natureza como o ar, a luz e a água serviam como referência de qualidade de vida, progresso e higiene. O Bosque Rodrigues Alves passou por várias intervenções de restauro. A mais eficaz foi realizada pelo intendente da província, Antônio Lemos, entre 1897/1912. Contente (2003) lembra que o intendente assumiu um papel importante na definição da urbanística de Belém e em seus projetos, no ano de 1900, Lemos decide pela realização de uma grande reforma do Bosque. Essa reforma se deu em três anos e foi direcionada por Eduardo Hass, diretor do Bosque na época e pelo arquiteto José Castro Figueiredo. Monumentos marcantes como grutas, riachos, cascatas, viveiros, demarcaram o espaço. Almeida (2009, p. 85), Ecologia e Desenvolvimento. Diz-nos que o Bosque foi: 61 Erguido em frente à ferrovia Belém-Bragança, que ligava a capital ao interior, o Bosque Rodrigues Alves ganha seu nome definitivo em 17 de dezembro de 1906, através de uma resolução do Conselho Municipal. O nome é uma homenagem ao correligionário de Lemos, o então Presidente da República do Brasil, Francisco de Paula Rodrigues Alves. Esse nome definitivo é importante, pois vai marcar a memória coletiva dos paraenses passando a integrá-lo como um local de pertencimento social. Um patrimônio cultural por fora e por dentro, o prédio traz elementos artísticos em suas características. Como por exemplo, o Chalé de Ferro. Silva (1987, p. 162) nos diz sobre essas residências que, Embora tenham sido, sem dúvida, uma exceção no panorama urbano da capital paraense, a sua adoção por elementos da elite e a arquitetura da época, a grande maioria possuía elementos de ferro, com grades, portões, ornamentos. As edificações construídas totalmente em ferro, que se tem relatos, utilizados como moradia, são chamados chalés. Observa-se que os chalés eram um tipo de habitação ligado particularmente ao desenvolvimento econômico e cultural da burguesia, às suas ambições, aos seus hábitos de ostentação, de bem estar e conforto. O sistema de construção foi patenteado em 1885 por Josef Danly que se constituía de chapas pré-moldadas em ferro prensado. Os vazios das paredes permitiam controlar a entrada de ar nesses espaços, em adequação às condições térmicas do local. O chalé de ferro do bosque é tombado pelo patrimônio histórico nas instâncias, municipal, estadual e nacional e integra o acervo da arquitetura do ferro, significativo na história de Belém. Acredita-se, ser importante a trajetória desse chalé que inicialmente pertencia à Sociedade Beneficente Portuguesa e posterior foi remontado no Bosque em 1985, trabalho que se deu no período de sete meses. Atualmente o prédio assume a função de Setor de Extensão Cultural do Bosque, a Coordenação de Articulação Educacional e Comunicação Social, uma exposição permanente da coleção didático científico de fauna e flora. Ressalta-se ainda, o Monumento aos Intendentes localizado na parte central do Bosque, de autoria do senhor Maurice Blaise, um professor da Escola Normal do Pará. O projeto foi resultado do concurso internacional onde competiram artistas sul- americanos e europeus. A matriz inspiradora seria a Fonte de Médicis do parque do Palácio de Luxemburgo de Paris. 64 unidade, que é a coesão visual da forma em função do maior equilíbrio e harmonia da configuração formal do objeto. Ou seja, a forma apresentada deverá ter o maior grau na percepção de um conjunto dos elementos formais que a represente visualmente. Explica-se melhor ao dizer que uma ou mais unidades formais podem ser segregadas, que é o ato de separar, perceber ou identificar as unidades dentro de um todo por meio de diversos elementos formais como: pontos, linhas, volumes, cores, sombras, brilhos, texturas e outros, isolados ou combinados entre si. Essa ordenação uniforme dos elementos formais que fazem o conjunto da identidade visual tem como principal objetivo, ser eficiente e adequar às unidades estabelecidas, que são os elementos que configuram a forma, garantindo a qualidade das aplicações do logotipo em diversos suportes como sinalização, letreiros, uniformes, papelaria, frota de carros e brindes, como está sendo abordado nesta pesquisa juntamente com o manual de identidade visual. Ou ainda, uma ideia, um nome, produto, empresa, instituição ou serviço, com a função de informar de maneira clara, rápida, simples e objetiva, tornando-a pregnante. Lembra-se que a pregnância da forma, é a lei básica da percepção visual da Gestalt e assim, definida conforme diz Gomes (2000, p. 36-37): As forças da organização da forma tendem a se dirigir tanto quanto o permitam as condições dadas, no sentido da harmonia e do equilíbrio visual. Quanto melhor for a organização visual da forma do objeto, em termos de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação, maior será o seu grau de pregnância. Entretanto, quanto pior ou mais confusa for a organização visual da forma do objeto, menor será o seu grau de pregância. Seguindo o mesmo raciocínio do autor, constata-se que um projeto de identidade visual deve estar organizado no sentido da harmonia e do equilíbrio visual. E o designer, ao desenvolver uma identidade visual com perspectiva de criar uma marca, deve ter conhecimento dos elementos gráficos que constituem a instituição ou de um produto, conforme o contexto no qual se insere o projeto. Sendo assim, esse estudo tem o objetivo de verificar as aplicações das ferramentas e sistemas de identidade visual já existente no Bosque Rodrigues Alves Jardim Botânico da Amazônia, para a reformulação destas, com o propósito de criar uma marca e o desenvolvimento dos elementos gráficos que constituem a identidade 65 visual corporativa para esse patrimônio histórico, o qual vai ser aliado às informações dos estudos culturais e organizacionais, dos seus conceitos, dos valores e da ideia que se objetiva atingir. Sobre essa representação Péon (2003, p. 13) diz que: A imagem corporativa [é quem] abarca tudo aquilo que, voluntariamente ou não, vai formando a posição da empresa na sua relação com o público: isto vai desde a forma como os seus funcionários lidam ou se apresentam para os clientes até as estratégias de marketing assumidas, as campanhas publicitárias, a arquitetura, a decoração e a localização de seus pontos de venda ou serviço, a embalagem de seus produtos, etc. [...] A identidade visual é um dos veículos que geram a imagem corporativa. É o mais explicito e, em alguns casos, o mais importante, mas não é o único. Percebe-se desse modo, a importância da identidade visual e essencialmente a forma como ela se apresenta e o quanto é indispensável para iniciar uma campanha de marketing no sentido de dar condições favoráveis para o desenvolvimento da empresa. Um sistema de identidade visual baseia-se na necessidade da empresa, já que a elaboração de uma marca não se resume somente a fase da concepção, mas inicialmente da aplicação do briefing para a coleta de dados, das informações de perfil do público alvo, localização do objeto de estudo, tempo de funcionamento, para que em seguida as informações adquiridas sejam ordenadas. Para se pensar em um projeto, criam-se códigos simbólicos que representem o espaço, chegando até a fase de concepção da marca. Em seguida, há a aplicação desta identidade em seus devidos suportes, conforme já exemplificamos. Após essas etapas, há ainda a manutenção mercadológica para difusão da marca, pois a imagem fortificada é o grande desafio. Munhoz e Rosito (2009, p. 17) reforçam essa questão ao dizer que: A imagem de uma instituição se constrói a partir de seu nome, da qualidade de seus serviços e produtos, de seu atendimento e posicionamento. A imagem da instituição reflete sua relação com o mercado, clientes e fornecedores, funcionários e parceiros. Deve revelar seu posicionamento nos cenários econômico, ambiental, histórico, político e social. Um projeto de identidade visual tem a responsabilidade de transferir para o plano visual esse patrimônio intangível. As autoras levantam uma questão interessante que trava uma relação com que Gomes (2000) já disse nesse estudo, acerca da marca seguir seu percurso trilhado pela instituição e o quando se deve ter o cuidado na concepção desta. 66 Entende-se dessa forma, que a negligência para com a marca leva a desordem na identidade visual. Entretanto, o bom uso da identidade visual contribui para a fixação da imagem da instituição. Toda e qualquer instituição ou produto tem necessidades de comunicação. Observa-se que, no conjunto de comunicação, existe a necessidade de identificação visual. O objetivo do projeto visual é desenvolver este ponto de vista da comunicação institucional e a proposição de um manual de identidade visual é registrar, documentar de forma adequada a identidade visual resultante do projeto. A instituição em questão, o Bosque Rodrigues Alves e suas necessidades de comunicação é que vão enunciar o grau de complexidade do projeto e as informações necessárias para executar o manual de identidade visual. A definição dos princípios da identidade visual e suas regras de aplicação para o recinto devem ser contempladas pelo projeto e documentadas no manual nesse estudo. Nesse sentido, os objetivos devem ser expressos em conformidade e coerência com o contexto rico de história e memória do lugar, que influencia o projeto. Sobre os princípios da identidade visual, Wheler (2008, p. 16), diz que: Os designers de identidade trabalham a percepção por meio da integração do significado e da diferenciação visual. Compreender a sequencialidade da percepção e a consciência visual proporciona um valioso insight sobre o que vai funcionar melhor. Imbuídos pela sequência da percepção que investiga como os indivíduos reconhecem e interpretam os estímulos sensoriais, percebe-se a importância de dividir o manual em três partes a seguir: A primeira visa à comunicação com o cliente. Assim, a comunicação desse estudo iniciou-se, a partir de uma pesquisa inicial no Bosque, ainda no pré-projeto. Naquele momento, em abril de 2003, foram levantados dados esclarecedores sobre as condições do lugar. Reunimos informações a respeito da instituição, sua missão cultural e científica, conforme já contemplado no capítulo três desse estudo. Realizamos também, levantamento fotográfico dos ambientes naturais e locais de convivência, estes também, já citados na introdução. Dados referentes ao público alvo, dados mercadológicos, abrangência geográfica, entre outras observações, apresenta-se como as bases do projeto de identidade visual. 69 Imagem 4 - Público visitante Fonte: Pedro Oliveira (2013). 3.3 A IDENTIDADE DE ONTEM E A IDENTIDADE DE HOJE A segunda parte objetiva a comunicação entre designers e demais interessados na utilização do manual. Conforme se verificou na pesquisa de campo acerca da identidade visual do Bosque, constata-se que, todas as identidades realizadas, desde a sua primeira concepção, têm como referência, a representação do pórtico do prédio. O pórtico é um elemento ornamental que remete ao período clássico da cultura grega. A classificação de Pórtico segundo Wikipédia (2013, p. 1) em arquitetura, diz que, Um pórtico é o local coberto à entrada de um edifício, de um templo ou de um palácio. Pode se estender ao longo de uma colunata, com uma estrutura cobrindo uma passarela elevada por colunas ou fechada por paredes. A ideia apareceu na Grécia antiga e influenciou diversas culturas, incluindo a maioria das ocidentais. O pórtico tem, geralmente, dimensões menores que um portal. Alguns exemplos famosos de pórticos são o Pórtico Leste do Capitólio dos Estados Unidos, e o pórtico que adorna o Panteão, em Roma. Verifica-se que o pórtico do bosque, concebe formas naturalistas em seus ornamentos, e ao mesmo tempo, organizadas em colunatas que é, uma longa sequência de colunas ligadas, e define os elementos nas ordens clássicas, ou seja, na forma e na proporção. 70 Imagem 5 - Frontão do Bosque Imagem 6 - Belém da Memória Fonte: Pedro Oliveira (2013) Fonte: Prefeitura Municipal de Belém. Imagem 7 - Logotipo Imagem 8 - Placa do Bosque Imagem 9 - Marca dos 130 anos Fonte: UEPA Fonte: Prefeitura de Belém Fonte: Prefeitura de Belém Nessa etapa, reuniu-se informações a respeito da construção da marca, verifica-se as regras de procedimento para a sua criação. Pesquisamos as marcas criadas num sentido processual e também, marcas criadas por outros designes, como por exemplo: a marca criada quando do aniversário do Bosque e também um projeto desenvolvido por graduandas da UEPA em 2011. Essa etapa foi importante, pois se apresentou para a equipe, como uma comunicação de caráter técnico e deu- nos indicativo para a construção e reprodução da marca e elementos da identidade visual. A partir dessa pesquisa, verifica-se que as marcas criadas tendo o frontão como imagem referência por si só, passa a mensagem, porém, nesse estudo, constata-se a necessidade de atualizar a identidade a partir de outros traços, visando o incentivo à educação ambiental, preservação patrimonial, e com a finalidade de criar laços afetivos entre o público visitante e o meio ambiente percebido do local. A terceira parte objetiva à comunicação com a instituição. Ressalta-se que está sendo utilizado o termo instituição, para referir-se ao Bosque, à instituição como um todo, seu nome, sua imagem e seu reconhecimento público enquanto patrimônio 71 cultural. Para Munhoz e Rosito (2009, p.12), Instituição ou cliente são os termos utilizados quando nos referimos a toda e qualquer empresa comercial, industrial ou prestadora de serviços, bem como entidades públicas ou privadas, governamentais ou não governamentais, com ou sem fins lucrativos. Assim, o termo justifica-se nesse estudo. Nessa etapa, reuniu-se informações sobre aplicações da identidade visual. Estudou-se os requisitos para viabilizar os processos de produção das peças de comunicação. Nesse processo foi importante uma comunicação para evitarmos excessos e alcançar peças chaves da instituição. É também, nessa etapa que se estudou referências para colocar em execução o projeto de identidade visual. 3.4 O LOGOTIPO O Bosque Rodrigues Alves é frequentado por diversificado público, conforme já mencionado em sua história no capítulo 3. Entretanto, no decorrer da pesquisa em conversa com o diretor, foi dada a informação de que, muitas famílias levam seus filhos e netos para ter um contato mais intimo com a natureza, assim como, o público escolar. Esse dado foi o ponto de partida em nossa representação gráfica. Dessa forma, a árvore samaumeira foi nosso pensamento gráfico em relação à criação e desenvolvimento do logotipo do jardim botânico. Segundo pesquisa de Pauloczs (2011, p. 1) Samaúma é: Uma árvore frondosa, considerada sagrada para o antigo povo “maia” e os que habitam as florestas. Pertence às famílias bombacáceas. (Ceiba Pentandra Gaertn). Consta que é nativa da América do Sul e África, onde atinge a desproporcional altura de setenta metros. Sem dúvida compondo, em conjunto, as mais altas de todas as árvores. É comum que se destaque no meio das demais, como as castanheiras, atingindo 35 a 45 m. Sua copa ocupa uma enorme extensão porque seus ramos horizontais são longos e abundantes. A SAMAÚMA é tida como a "Mãe da Floresta". Para muitos considerada uma raínha ou simplesmente uma princesa, pela sua enorme altivez e pelo que se constitui. Chamam-na também de barriguda; sumaúma; samaumeira ou sumaumeira. É muito admirada por sua beleza natural, pelos mistérios que a cercam e pelas propriedades medicinais inexploradas. Sempre é ligada às coisas da natureza. Na Amazônia, onde se encontra em extinção, é nome de cinco ilhas fluviais: no Tocantins, no Tapajós, no Uaupés, a do Cuminá e a do Curuá. É o nome de dois lagos. Um à margem do Amazonas e outro do Mamuru. E de duas cachoeiras, uma no rio Tiquié e outra, no Catrinâmi. É o nome de um barco que faz ininterrupta comunicação, entre as famílias relacionadas às diversas "samaúmas" dessa extensa região. 74 Por isso, tivemos o cuidado com essas tonalidades, resolvemos utilizar em algumas sinalizações as cores institucionais da prefeitura de Belém, que são o amarelo e o azul, para provocar o contraste. O amarelo seria o destaque indicativo de sinalizações como as de trilhas e sinalização de árvores e objetos. Estas placas terão mais contato com a vegetação, algumas até ficarão no meio dela, por isso a escolha do amarelo. Já o azul, será usado nos postes de fixação. Pode-se dizer que a utilização das cores em tons mais fortes e claros faz com que o público frequentador do local fixe ponto na leitura, sem perder o raciocínio, e sem perder a contextualização que a composição de elementos gráficos, texto e imagens proporcionam. Dando assim, sentidos para o percurso a partir das placas, em uma ordem não tão tradicional, mas de fácil entendimento. 3.4.4 A sinalização Segundo dados fornecidos pela diretoria do Bosque, a ultima sinalização parcial do local, ocorreu há mais de 10 anos, o que explica a fragilidade da mesma. A ação do tempo é o fator mais agravante em todas as sinalizações encontradas enquanto mapeavam-se as problemáticas envolvendo a sinalização. A solução por nós encontrada foi à utilização de polipropileno, que nada mais é que um material resistente produzido a partir da reciclagem de garrafas pet, e devido a sua durabilidade e resistências as intempéries do tempo, soluciona o problema da ferrugem dando assim uma vida maior à sinalização. A solução encontrada para o mapa geral de entrada, foi a setorização em 4 cores, sendo elas: amarelo, azul, verde e laranja. A utilização das placas indicativas de “Você está aqui!, já existente no Bosque, será nas cores de seus respectivos setores, facilitando a informação e o transito de seus frequentadores. As placas seriam afixadas em locais estratégicos, e os locais seriam os principais pontos indicados pelo mapa geral, localizado na entrada do Rodrigues Alves. Para melhorar ainda mais a sinalização adotamos placas de chão, os chamados totens de sinalização, estes seriam afixados em locais com grande fluxo de pessoas como a lanchonete, biblioteca, espaço de convivência e as entradas do jardim botânico. 75 4 METODOLOGIA 4.1 OS CAMINHOS DA INVESTIGAÇÃO A Metodologia pode ser entendida como o procedimento que norteia a busca do conhecimento científico. A importância da Metodologia Científica encontra-se no fato desta proporcionar ao pesquisador base na apresentação e no exame de diretrizes aptas a instrumentá-lo no que tange ao estudo e ao aprendizado da pesquisa. Segundo Barros e Lehfeld (2007, p. 1-2): Metodologia é entendida como uma disciplina que se relaciona com a epistemologia. Consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não no que diz respeito às implicações de suas utilizações. [...] corresponde a um conjunto de procedimentos a serem utilizados na obtenção do conhecimento. É a aplicação do método, por meio de processos e técnicas que garante a legitimidade cientifica do saber obtido. Para Martins (2006, p. 12) Metodologia Cientifica é “um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objetiva do conhecimento”. Trata-se, pois, de um processo que permite a realização da pesquisa e, portanto, a decisão de qual opção metodológica o pesquisador vai utilizar é tão importante quanto o resultado final. Para o desenvolvimento do presente trabalho a opção foi pela pesquisa qualitativa, pois não se objetivou quantificar o objeto em estudo e sim, descrever quais aspectos foram desenvolvidos ao utilizar as falas e representações dos visitantes do Bosque Rodrigues Alves, para identificar suas percepções acerca da sinalização adotada no local. De acordo com Santos (2005, p. 7) pesquisa qualitativa é “qualquer pesquisa cujos dados não sejam alcançados através de procedimentos estatísticos ou por outra forma de quantificação”. Para Minayo (2004, p. 12) “a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado”. Portanto, observa-se que a utilização da pesquisa qualitativa é indispensável quando os fenômenos a serem pesquisados demandam um estudo descritivo, uma vez que a principal característica deste tipo de pesquisa é o fato de que buscam compreender ou interpretar o objeto de estudo. 76 Silva e Menezes (2001) ressaltam que na pesquisa qualitativa há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ou seja, afirmam que existe um vínculo indissociável entre a realidade objetiva e a subjetividade do sujeito. Para as autoras Silva e Menezes (2001, p. 20), a pesquisa qualitativa: Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa qualitativa pode ser: exploratória, descritiva e explicativa. Neste trabalho, foram utilizadas as pesquisas exploratória e descritiva e que segundo Silva e Menezes (2001, p. 21) são: Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso. Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento. Cabe ressaltar que a pesquisa qualitativa tem como foco de estudo o processo vivenciado pelos sujeitos, o que faz com que as investigações qualitativas cresçam em número, como uma forma de produzir conhecimento que ajude a compreender em profundidade alguns fenômenos na prática. Do mesmo modo, tem como uma de suas características a de utilizar vários métodos e instrumentos de coleta de dados e, dentre os mais aplicados, estão a entrevista (individual e grupal), a análise de documentos e a observação do participante ou não. 4.2 MÉTODO DE PESQUISA De acordo com Goldenberg (2007), o método de pesquisa é a observação sistemática dos fenômenos da realidade através de uma sucessão de etapas, orientados por conhecimentos teóricos, objetivando explicar a causa desses fenômenos, suas correlações e aspectos ainda ocultos. Portanto, a característica 79 Representa uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos e que este constitui uma estratégia de pesquisa utilizada nas Ciências Sociais. Concluímos que é uma investigação com características peculiares, pois incide intencionalmente sobre uma situação específica que se presume ser única ou especial, procurando descobrir o que há nela de mais fundamental e específico, compreendendo assim globalmente um determinado fenômeno ao qual o investigador atribui importância. Fica evidente, pois, que o estudo de caso representa uma modalidade de investigação que possui uma forte característica descritiva, e se enquadra como um método de pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, representando um método de investigação relevante, sobretudo, porque é uma opção para uma pesquisa intensiva de um determinado objeto de estudo. Trata-se de um estudo descritivo, de cunho qualitativo, desenvolvido a partir do levantamento de dados secundários disponíveis no acervo bibliográfico específico. O estudo aqui desenvolvido, por suas próprias características requereu um enfoque tanto descritivo quanto interpretativo, já que se direcionava a compreender percepções, cujo centro deste foram os indivíduos, os chamados atores sociais da pesquisa, e uma abordagem qualitativa com a qual este tipo de estudo melhor se identifica. Segundo Minayo (2004, p. 134) a abordagem qualitativa é importante para: a) compreender os valores culturais e as representações de determinado grupo sobre temas específicos; b) compreender as relações que se dão entre atores sociais tanto no âmbito das instituições como dos movimentos sociais; c) avaliação das políticas públicas e sociais tanto do ponto de vista de sua formulação, aplicação técnica, como dos usuários a quem se destina. A pesquisa, além de se fundamentar nos conhecimentos teóricos já desenvolvidos a respeito do tema, na literatura especializada, ancorou-se em referencial metodológico que permitiu o alcance dos objetivos do estudo. Esse referencial serviu de guia e norteou o estudo a partir da formulação do problema, passando pelos procedimentos utilizados na investigação, até a explanação dos resultados e conclusões obtidos. A necessidade de se utilizar uma abordagem qualitativa para a realização da coleta de dados originou-se da busca da compreensão e descrição do fenômeno que aqui foi pesquisado, e também de buscar, através do estudo de caso, responder 80 à questão central do trabalho: O público visitante perde o senso de direção ao caminhar através das trilhas que contém em seu recinto (Bosque Rodrigues Alves)? 4.3 VARIÁVEIS Antes de especificar as variáveis envolvidas nesta pesquisa, foi importante lançar mão da definição de Assis (2007, p. 57) sobre Variável: É uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional que contém ou apresenta valores; aspecto, propriedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e passível de mensuração. Um estudo pode ter pelo menos duas variáveis: a Independente e a Dependente. Já de acordo com Rudio (2006, p. 25) “Variável refere-se ao fenômeno a ser pesquisado. Pode-se denominar de variável o campo de variação de cada tipo de dado a ser pesquisado”. Para Lakatos e Marconi (2009, p. 139): Uma variável pode ser considerada como uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional que contém ou apresenta valores; ou ainda, um aspecto, propriedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e passível de mensuração. A variável independente pode ser conceituada como aquela que influencia, determina ou afeta outra variável; portanto, é fator determinante, condição ou causa para determinado resultado, efeito ou consequência. A variável dependente consiste naqueles valores (fenômenos, fatores) a serem explicados ou descobertos em virtude de serem influenciados, determinados ou afetados pela variável independente. Observa-se, desta maneira, que a variável independente em uma pesquisa é o antecedente, a variável dependente é o consequente e, o pesquisador faz predições a partir da primeira para a segunda. Na presente pesquisa, a sinalização do local estudado representa a Variável independente, ou seja, uma ferramenta para orientar os visitantes do Bosque Rodrigues Alves. As variáveis dependentes são as questões de relevância no problema, tais como as dificuldades encontradas, o planejamento das atividades administrativas e os instrumentos elaborados e sua utilização para nortear a ação administrativa do Bosque. 81 Como questão hipotética, acredita-se que, a partir do posicionamento da marca e de seus atributos, como a sinalização aplicada e disposta de maneira funcional, torna-se possível uma orientação adequada, gerando mais facilidade às pessoas que transitam pelo Bosque com o intuito de valorizar a imagem do espaço com placas contendo conteúdos regionais e culturais. 4.4 POPULAÇÃO De acordo com Silva e Menezes (2001, p. 32) “população (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo”. A população-alvo neste estudo abrangeu 100 visitantes de um total de 1.834 visitantes registrados no mês de novembro de 2013, considerando um percentual de 27%, dividindo o número mês por 5 domingos, sendo registrados 366 visitantes. 4.5 AMOSTRA Ao tentar definir amostra Barros e Lehfeld (2007, p. 101), destacam a diferença entre população e amostra: Universo da pesquisa, população, significa o conjunto, a totalidade de elementos que possuem determinadas características definidas para um estudo. Cada unidade ou membro do universo denomina-se ‘elemento’. Um conjunto de elementos representativos deste universo ou população compõe a amostra. Portanto, amostra é um subconjunto representativo do conjunto da população. De acordo com os autores acima citados, para que a pesquisa seja científica é fundamental que a amostra seja representativa da população e, para tanto, o pesquisador deve ter os critérios de escolha da amostra muito bem definidos. De modo geral, a amostra na pesquisa qualitativa é pequena. Importa ressaltar que a escolha da amostra no estudo de caso é fundamental, pois constitui a base da investigação. Para a realização da presente pesquisa, trabalhamos apenas com uma parte representativa da população e não com a totalidade dos visitantes, ou seja, o objeto de estudo foi uma amostra qualitativa que para efeito de cálculo estatístico usou-se 84 questões apresentadas por escrito a pessoas. De acordo com Yin (2005, p. 23), a construção do questionário deve envolver uma série de requisitos, dentre eles destacam-se: O questionário deve ser elaborado de modo que as perguntas sigam uma ordem lógica; A redação das perguntas deve ser feita em linguagem fácil e compreensível ao informante; As formulações das perguntas devem ser formuladas de modo a não possibilitar a interpretação dúbia assim como, de não induzir a resposta; Cada pergunta deve focalizar apenas uma questão para ser analisada pelo informante; Todas as perguntas do questionário devem estar relacionadas aos objetivos da pesquisa. Nesta pesquisa, o questionário foi elaborado com a finalidade de levantar informações relacionadas aos assuntos do presente estudo para a escolha dos sujeitos da pesquisa, os quais apontaram o histórico de preferências e identificações acerca da questão da sinalização. O conteúdo do questionário esteve totalmente atrelado ao temário desenvolvido, à situação-problema detectada, às hipóteses levantadas e aos objetivos da pesquisa. O objetivo foi estrategicamente cruzar os dados para se ter mais clareza nos resultados. O questionário constou de oito perguntas fechadas. Assim, através desse instrumento, foram feitas perguntas relacionadas aos conhecimentos e ao posicionamento dos sujeitos em relação à sinalização atual do Bosque e à importância desta para orientação dos visitantes. Quanto à forma das perguntas do referido questionário, optou-se, na maioria, por perguntas fechadas, uma vez que estas englobam respostas possíveis, sendo melhor de tabular e analisar, sob a forma de análise de conteúdo, pois se referem aos dados concretos e fáceis de precisar. Em relação ao conteúdo, as perguntas estiveram voltadas sobre as falas e representações dos atores sociais acerca do enfoque trabalhado. Por outro lado, é importante mencionar que na escolha das perguntas, se considerou as implicações delas sobre os procedimentos de tabulação e análise, sendo escolhidas, preferencialmente, aquelas que pudessem ser respondidas sem dificuldades. Portanto, na elaboração das perguntas, estas foram formuladas de maneira flexíveis, claras e precisas para possibilitar uma única interpretação e também, possibilitar a complementacão mais detalhada das questões. Quanto ao número de perguntas, estas foram elaboradas para que o questionário não se tornasse cansativo e não demandasse um tempo longo para responder. Em relação à ordem, foi evitada a indução ou influência nas respostas seguintes. Do mesmo modo, houve 85 o cuidado de não misturar temas na mesma pergunta. 4.8 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE A observação participante mesmo que breve, também foi necessária nesta pesquisa. Observar é um dos meios mais freqüentemente utilizados pelo homem para conhecer e compreender as pessoas, as coisas, os acontecimentos e as situações. Segundo Rudio (2006, p. 34) “observar é aplicar os sentidos a fim de obter uma determinada informação sobre algum aspecto da realidade”. Para Barros e Lehfeld (2007, p. 74): “Observar significa aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso”. A observação é um procedimento investigativo muito importante e desempenha um grande papel na pesquisa científica, sobretudo, na qualitativa. Barros e Lehfeld (2007, p. 74) destacam o papel e as habilidades que um observador deve possuir: O bom observador é aquele que possui paciência e coragem para resistir às ânsias materiais de precipitação que todo ser humano tem em relação a conclusões rápidas. A imparcialidade é um elemento necessário na observação dos fenômenos. Quando se observa, deve-se não apenas ver, mas examinar, entender e auscultar os fatos. A observação científica é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e não consiste apenas em ver e ouvir, mas também, em examinar os fatos que irão ser estudados. Segundo Barros e Lehfeld (2007, p. 74) a observação segundo a estruturação, classifica-se em ‘assistemática e ‘sistemática’: Observação assistemática: também denominada de ‘observação não estruturada’, sem controle anteriormente elaborado e sem instrumental apropriado. Constitui-se muitas vezes, nas ciências humanas, na única das oportunidades para estudar determinados fenômenos. Observação sistemática: também chamada de ‘observação planejada’ ou ‘controlada’. Caracteriza-se por ser estruturada e realizada em condições controladas, tendo m vista objetivos e propósitos predefinidos. Utiliza normalmente um instrumento adequado para sua efetivação, além de indicar e delimitar a área a ser observada, requerendo um planejamento prévio para seu desenvolvimento. Desta forma, a observação assistemática não tem planejamento e nem controle em decorrência de fenômenos que surgem de imprevisto. Neste tipo de 86 observação, não se determina antecipadamente que fenômenos serão observados e nem que meios o pesquisador vai utilizar para observá-los. Por outro lado, a observação sistemática tem planejamento e controle, o que exige do pesquisador que esteja preparado e atento ao que vai acontecer na área de interesse de sua pesquisa. Este tipo de observação pode ser feita de modo direto, isto é, aplicando-se imediatamente os sentidos sobre o fenômeno que se deseja observar ou, de modo indireto, utilizando-se instrumentos para registrar ou medir a informação que se deseja. A observação de acordo com a participação do investigador pode ser dividida em observação participante e observação não participante. Na primeira, o pesquisador integra o meio a ser investigado e sua participação tem por objetivo colher dados sobre ações, opiniões ou perspectivas, que um observador externo não teria acesso. Neste tipo de observação há a inserção do pesquisador no interior do fenômeno que esta sendo observado, fazendo parte da situação e interagindo por longos períodos com os sujeitos. Enquanto que, na observação não-participante, o investigador não interage de modo nenhum com o objeto do estudo no momento em que realiza a observação. Na presente investigação, a observação sistemática e participante, embora breve, foi um dos procedimentos utilizados, e, como ressalta Bisquera (1999, p. 9) é “o mais freqüentemente utilizado, sendo à base dos estudos de caso”, o que faz com que muitos pesquisadores refiram o estudo de caso como uma abordagem em vez de um método. 4.9 TRANSCRIÇÃO DOS DADOS Na pesquisa qualitativa, esta etapa é de suma importância diante da grande variabilidade de procedimentos utilizados para coletar dados. A transcrição de dados é o ponto de partida para a análise e interpretação dos dados colhidos na pesquisa. Tem o objetivo de registrar os dados observados e obtidos nas técnicas de coleta de dados para permitir a análise dos mesmos. Barros e Lehfeld (2007) ressaltam a importância desta fase para a análise e interpretação dos dados e, consequentemente, para a comprovação ou não das hipóteses levantadas no início da pesquisa. Segundo os autores, “Antes de passar a fase de interpretação, é necessário que o pesquisador examine os dados, isto e, ele 89 Gráfico 2 - Qual você acredita ser a principal mensagem do Bosque? 8% 7% 49% 36% Lazer Educação Ambiental Pesquisa Outros Fonte: Pesquisa de campo (2013). Na indagação aos visitantes quanto a principal mensagem do Bosque, 49% dos entrevistados responderam que vão ao recinto em busca de lazer, alguns sozinhos outros com suas famílias, outros 36% dos entrevistados acham ser a educação ambiental a maior mensagem do Bosque, para 8% dos visitantes a pesquisa é a principal mensagem e 7% dos entrevistados acham que bosque tem muitos outros atrativos. O gráfico indica quais foram as principais mensagens nas quais se inserem os benefícios identificados no espaço. O laser indica um percentual relevante e atrai as famílias e tende a expandir seus efeitos nos quais os visitantes aproveitam as áreas internas do Bosque para caminhar nas trilhas e experimentar um caminhar mais despreocupados da cidade lá fora. O fluxo de crianças é intenso o que confirma esse dado. Outra questão indicativa de percentual alto nesse gráfico refere-se à educação ambiental como uma força propulsora do lugar. Verifica-se que é considerável o número de pessoas que afirmam esse dado, o que confirma as considerações feitas nesse estudo acerca da importância de um programa educativo e da mediação cultural para atender as expectativas do público visitante que não recebe ações educativas satisfatórias nas questões ambientais, artísticas e culturais. Nesse estudo, ressaltamos a ausência de mediadores culturais no espaço, assim como, uma sinalização funcional que traga informações das espécies da fauna, da flora, da arquitetura e dos espaços de convivência. 90 Gráfico 3 - Você se orienta pelas placas informativas? 23% 30% 47% Sim Não Raramente Fonte: Pesquisa de campo (2013). Perguntados se se orientam pelas placas informativas, 47% dos entrevistados responderam não se orientar pelas mesmas, já 30% dos visitantes se orientam pelas placas e 23% raramente se utilizam da sinalização existente para se orientarem. Sabemos que é de suma importância ter placas informativas em qualquer ambiente, principalmente numa área extensa como o Bosque. Neste gráfico é considerável o número de pessoas que não se orientam pelas placas informativas do lugar. Nesse estudo, foi feito um levantamento das questões problemas das placas como: algumas se encontram deterioradas pela ação do tempo; outras estão escondidas e se confundem com a vegetação do Bosque. Esses entraves se confirmam nesse gráfico. Entretanto, uma parcela menor dos visitantes entrevistados, se orienta pelas placas informativas. Esse dado indica nesse estudo, que uma sinalização, sobretudo direcional e acessível, possa alcançar um maior número na localização dos transeuntes. O número de pessoas que raramente se utilizam da sinalização confirma que a mesma não está totalmente visível e nos lugares estratégicos no decorrer dos percursos, ou seja, não é atrativa, passa despercebida. 91 Gráfico 4 - O que você acha da atual sinalização do Bosque? 58% 30% 1% 11% Ótima Boa Razoável Ruim Fonte: Pesquisa de campo (2013). Perguntados o que acham da atual sinalização existente no Bosque, 58% dos frequentadores a acham razoável, 30% dos entrevistados acham a sinalização ruim, todavia 11% dos frequentadores do lugar acham boa a sinalização e apenas 1% palpitam que a sinalização esta boa. Através do gráfico, observa-se que a grande maioria dos frequentadores respondeu que a sinalização do Bosque é ruim. Esse dado referente é relevante nesse estudo, confirma o levantamento de campo inicial desse estudo ao elencar: mapa de entrada com excesso de informação; as placas de sinalização não oferecem bom contraste para leitura e não apresentam uma padronização visual; não chama atenção devido ao estado atual de corrosão, outras se encontram escondidas e devido à cor não contrastante, dificulta a leitura para orientação. Entretanto, um percentual menor no gráfico acha a sinalização boa. Esse dado se confirma quando o visitante fica muito atento às informações das placas. Esse dado não é o foco de uma boa sinalização, esta deve ser facilmente identificada com materiais adequados, padronização que se indique as direções a se tomar, cores equilibradas para gerar atenção imediata, e fundamentalmente informações necessárias, não excessivas. 94 O gráfico indica uma reafirmação de um indicativo já feito nessa pesquisa com um objetivo intencional de percepção para realmente ter essa constatação acerca da opinião dos frequentadores. Verifica-se que o percentual é alto quanto à insatisfação da sinalização atual. Esse dado, confirma o indicativo acercado levantamento de campo realizado sobre a sinalização não funcional do Bosque e estende-se para o público em geral. Daí a urgência quanto ao fortalecimento da identidade do Bosque, principalmente em se tratando de um monumento que é capaz de atrair a atenção dos turistas e visitantes devido a sua importância patrimonial. Esse fator aumenta por consequência, a responsabilidade do poder público em adaptar/instalar uma infraestrutura adequada para receber o grande público visitante do Bosque. Gráfico 8 - Você acha que é preciso um novo projeto de sinalização para o Bosque? 93% 7% Sim Não Fonte: Pesquisa de campo (2013). Perguntados quanto o que achavam, a respeito de ter um novo projeto de sinalização para o Bosque, 93% dos indagados respondeu que de fato o lugar está precisando de um novo projeto de sinalização e 7% dos entrevistados respondeu que o lugar não precisa de um novo projeto de sinalização. O gráfico indica um número altamente relevante sobre a necessidade de uma nova sinalização para o bosque. Essa é uma dentre tantas consequências previsíveis da valorização do lugar e implica a adoção de medidas reguladoras que, ao mesmo tempo em que facilitam e chama atenção dos frequentadores, a sinalização deverá ser fato um aspecto comunicacional interativo. Deverá ser entendida como uso indispensável em domínios públicos de grande movimentação, 95 sobretudo em pontos turístico, como o Bosque. Deverá funcionar ainda, no sentido de orientar os frequentadores quanto à localização e/ou especificação de monumentos e espaços que encontram no decorrer do percurso das trilhas. Assim, pode-se afirmar nesse estudo que o Bosque Rodrigues Alves, necessita de uma nova sinalização. A sinalização atual, conforme se confirma no gráfico, não atende necessidades do público frequentador. 96 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados apontados na pesquisa de campo com o público presente indicam que o entretenimento é buscado pela grande maioria dos frequentadores do Bosque Rodrigues Alves Jardim Botânico da Amazônia para ter contato com sua fauna e flora. Esta constatação confirma a importância do lugar para a sociedade paraense, como um referencial coletivo acerca desse patrimônio significativo em história e memória. A premissa da instituição é ter como compromisso a pesquisa, conservação e a educação ambiental, com o objetivo de preparar as gerações presentes e futuras nas concepções ecológicas para buscar uma conscientização coletiva mais equilibrada econômica e socialmente. Entretanto, verificamos que o Bosque não tem um Programa Educativo com programações culturais que facilitam o aprendizado de conteúdos conceituais e procedimentais como prioridade para os pais, avós, crianças, adolescentes e diversificados públicos. Esta foi uma observação que se integrou no estudo e também por ser a missão institucional. Essa constatação nos encaminhou para percebermos que o público frequentador, acaba assumindo esse dever isoladamente. A partir das questões levantadas no inicio do projeto a respeito do papel social do designer, e quanto à possibilidade da interação entre design, cliente e retorno social, o capítulo inicial do trabalho, mostrou a busca, nos aspectos conceituais nos seguintes pontos: criatividade, inovação como estratégia competitiva, os serviços e sua importância na sociedade e marketing aliado a satisfação do cliente, possibilitando assim, uma visão geral acerca das áreas em estudo e como elas trabalham nas mesmas direções, com objetivos comuns, porém, com suas peculiaridades necessárias a partir do desenvolvimento de um projeto. Sendo assim, a pesquisa mostrou que a troca de experiências e conhecimentos é enriquecedora para as áreas envolvidas. No decorrer das observações, constatamos a ausência de uma sinalização funcional e devido a essa falta de direção, verificamos que em vários momentos, algumas pessoas ficavam deslocadas no decorrer do percurso, por sua área ser muito extensa. Este foco aumentou nossa percepção e o desejo de criar uma identidade visual e uma sinalização a nosso ver, seria uma atitude responsável enquanto designer gráfico, principalmente pelo bem cultural em questão, possuir
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