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Acidez do Solo e Calagem, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

calagem - calagem

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 11/11/2009

marcelo-agua-nova-da-rocha-12
marcelo-agua-nova-da-rocha-12 🇧🇷

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Baixe Acidez do Solo e Calagem e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agronômica, somente na Docsity! BOLETIM TÉCNICO N° 1 ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM Alfredo Scheid Lopes Marcelo de Carvalho Silva Luiz Roberto Guimarães Guilherme Janeiro de 1991 ANDA Associação Nacional para Difusão de Adubos São Paulo – SP _____________________________________________________________________________________ ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM Lopes, A. S. L864a Acidez do solo e calagem. 3a ed. Ver. / A S. Lopes, M. de C. Silva e L.R. G. Guilherme - São Paulo, ANDA 1990. 22 p. (Boletim Técnico, 1) 1. Calagem. 2. Acidez – Solo. 3. Solo – Aci- Dez. I.SILVA, M. de C. II. GUILHERME, L.R.G. III. ANDA. IV. TÍTULO. V. Série. DCU:631.415/.16 ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM 1. INTRODUÇÃO A calagem é considerada como uma das práticas que mais contribui para o aumento da eficiência dos adubos e conseqüentemente, da produtividade e da rentabilidade agropecuária. Apesar deste fato, ela ainda é subutilizada, tendo em vista a pouca informação recebida a nível de campo, pelos lavradores. Este manual tem como objetivo proporcionar um meio prático de calcular a dose de calcário a aplicar, trazendo também informações gerais que ajudam a compreender melhor a importância do assunto. Esperamos que tais informações contribuam para o desenvolvimento das atividades profissionais de todos aqueles envolvidos no processo produtivo, seja lavrador ou técnico, difundindo o uso adequado de corretivos e fertilizantes. 2. CONCEITO DE ACIDEZ O conceito químico mais simples de ácido é suficiente para ilustrar as idéias relacionadas à acidez dos solos. Ácidos são substâncias que em solução aquosa liberam íons hidrogênio (H+) de acordo com a seguinte reação: HÁ H+ + A-. O ácido HA, em solução aquosa, dissocia-se no cátion H+ e no ânion A-. Ácidos fortes dissociam-se completamente ácidos fracos (que se assemelham mais aos problemas de acidez em solos) dissociam-se muito pouco. Pela pouca dissociação de ácidos fracos, ocorrem nas soluções aquosas concentrações muito baixas de H+, que são de difícil representação em frações decimais. O conceito de pH foi introduzido para representar a concentração de H+, sendo expresso por: PH = -log (H+) = log 1 (H+) Assim, para uma concentração 0,000001 molar ou 10-6 M em H+, o pH será 6. A escala de pH varia de 0 a 14. Em solos podem ser encontrados valores de 3 a 10, com variações mais comuns em solos brasileiros entre 4,0 a 7,5. Solos com pH abaixo de 7 são considerados ácidos; os com pH acima de 7 são alcalinos. 3. ORIGEM DA ACIDEZ DOS SOLOS Os solos podem ser naturalmente ácidos devido à própria pobreza em bases do material de origem, ou a processos de formação que favorecem a remoção de elementos básicos como K, Ca, Mg, Na, etc. Além disso, os solos podem Ter sua acidez aumentada por cultivos e adubações que levam a tal processo. Em qualquer caso, a acidificação se inicia, ou se acentua, devido à remoção de bases da superfície dos colóides do solo. Há duas maneiras principais que provocam a acidificação do solo. A primeira ocorre naturalmente pela dissociação do gás carbônico: CO2 + H2O H+ + HCO3-. O H+ transfere-se então para a fase sólida do solo e libera um cátion trocável, que será lixiviado com o bicarbonato. Esse fenômeno é favorecido por valores de pH elevados, tornando-se menos importante em pH baixos, sendo inexpressivo a pH abaixo de 5,2. Portanto, em solos muito ácidos não é provável uma grande acidificação através do bicarbonato. Não obstante aos diversos benefícios da adubação no aumento da produtividade agropecuária, a Segunda causa da acidificação é ocasionada por alguns fertilizantes (sobretudo os amoniacais e a uréia) que durante a sua transformação no solo (pelos microrganismos) resulta H+: Amoniacal: 2NH4+ + 3 O2 → 2NO2- + 2H2O + 4H+ Uréia: CO (NH2)2 + 2H2O →(NH4)2 CO3 (o NH4+ formado reage no solo como explicado acima). O H+ produzido, como no primeiro caso, libera um cátion trocável para a solução do solo, que será lixiviado com o ânion acompanhante, intensificando a acidificação do solo. Alguns autores atribuem ainda como uma terceira causa importante da acidificação dos solos, a hidrólise do alumínio, a qual produz íons H+, de acordo com a reação: Al3+ + 3H2O → Al(OH)3 + 3H+ 4. COMPONENTES DA ACIDEZ DO SOLO A acidez do solo pode ser dividida em acidez ativa e acidez potencial, e esta, por sua vez, em acidez trocável e acidez não trocável. Denomina-se acidez ativa a parte do hidrogênio que está dissociada, ou seja, na solução do solo, na forma de H+ e é expressa em valores de pH. Como mostrado no capítulo 2, nos solos (à semelhança aos ácidos fracos) a maior parte do hidrogênio não está dissociada. A acidez trocável refere-se aos íons H+ e Al3+ que estão retidos na superfície dos colóides por forças eletrostáticas. A quantidade de hidrogênio trocável, em condições naturais, parece ser pequena. A acidez não trocável é representada pelo hidrogênio de ligação covalente, associado aos colóides com carga negativa variável e Aos compostos de alumínio. A acidez potencial corresponde à soma da acidez trocável e da acidez não trocável do solo. Em resumo: Acidez ativa.................... H+ da solução do solo Acidez trocável............... Al3+ trocável + H+ trocável, quando houver Acidez não trocável........ H+ de ligação covalente Acidez potencial............. Al3+ trocável + H+trocável, quando houver + H+ de ligação covalente Vale observar que dentre os conceitos citados, a maior preocupação d agricultor deve ser corrigir a maiorr parte da acidez potencial, que é a mais prejudicial ao crescimento da maioria das plantas. A figura 1 apresenta esquematicamente os componentes da acidez do solo. 5. REAÇÃO NO SOLO Quando se aplica um coretivo de acidez no solo, na maioria das vezes calcário (carbonato de cálcio e carbonato de magnésio), as reações resultantes são as seguintes: Da mesma forma que representado acima, acontece com o carbonato de magnésio. Os carbonatos (de Ca ou de Mg) reagem com o hidrogênio do solo liberando água e gás carbônico. O alumínio é insolubilizado na forma de hidróxido. No caso de outros corretivos da acidez de solo, que não o calcário, como a cal virgem (CaO), cal hidratada Ca (OH)2, calcário calcinado, etc., que são quimicamente bases fortes, o mecanismo de neutralização da acidez do solo baseia-se na reação da hidroxila (OPH-) com o (H+) da solução do solo. 6. MÉTODOS PARA RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM Dentre os vários métodos para recomendação de calagem, no Brasil são utilizados principalmente três, além de algumas variações locais: A – Neutralização do alumínio Um dos critérios mais simples de recomendação de calagem é aquele baseado na neutralização do alumínio. Isso prende-se ao fato do alumínio trocável ser considerado um dos principais componentes relacionados à acidez dos solos. A fórmula utilizada é a seguinte: PRNT As tabelas 2 e 3 apresentam os valores de V2 recomendados para diversas culturas, nos Estados de São Paulo e Paraná, respectivamente. Exemplo: Cultura: soja (1) T = 0,05 + 0,4 + 0,1 + 4,0 = 4,55 meq/100 cm3 V2 = 70% (Tabelas 2 e 3) 0,05 + 0,4 + 0,1 V1 = _____________ x 100 = 12% 4,55 f = (calcário com PRTN = 80%) = 100 = 1,25 80 NC = 4,55 (70 – 12) x 1,25 = 3,3 t/ha de calcário 100 7. BENEFÍCIOS DA CALAGEM A calagem adequada é uma das práticas que mais benefícios traz ao agricultor, sendo uma combinação favorável de vários efeitos, dentre os quais mencionam-se os seguintes: (1) Para a cultura da soja no cerrado, o valor recomendado para V2 é 50%. • eleva o pH; • fornece Ca e Mg como nutrientes; • diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe; • diminui a “fixação” de P; • aumenta a disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e Mo no solo; • aumenta e eficiência dos fertilizantes; • aumenta a atividade microbiana e a liberação de nutrientes, tais como N, P, S e B, pela decomposição da matéria orgânica; • melhora as propriedades físicas do solo, proporcionando melhor aeração, circulação de água, favorecendo o desenvolvimento das raízes das plantas; • aumenta a produtividade das culturas como resultado de um ou mais dos efeitos anteriormente citados. 8. QUALIDADE DO CORRETIVO Dentre as diversas características dos corretivos de acidez dos solos relacionados com a qualidade, duas se mostram as mais importantes: a granulometria e o teor de neutralizantes, as quais determinam o Poder Relativo de Neutralização Total do corretivo (PRNT). Em termos de granulometria, a legislação atual (portaria SEFIS n° 03 de 12/06/86) determina que os corretivos da acidez do solo deverão possuir as seguintes características mínimos: passar 100% em peneira de 2 mm (ABNT n° 10); 70% em peneira de 0,84 mm (ABNT n° 20) e 50% na peneira de 2mm (ABNT n° 10). A avaliação da reatividade (RE) dos calcários é obtida levando-se em consideração a composição granulométrica de acordo com: A avaliação do teor de neutralizantes é feita pela determinação do poder de neutralização (PN), expresso em EqCaCO3, de acordo com a legislação vigente. Considerando as duas características de qualidade principais, o PRNT é determinado pela equação: PN x RE PRNT = 100 Exemplo: Calcário: Característica química: Granulometria Maior que peneira ABNT n° 10 = 2% CaO = 38% entre peneira ABNT n°10 e 20 = 12% MgO = 10% entre peneira ABNT n° 20 e 50 = 26% PN = 93% menor que peneira ABNT n°50 = 60% RE = 0 x (2) + 20 x (12) + 60 x (26) + 100 x (60 100 RE = 78% PRNT = 93 x 78 = 72,5% 100 A legislação atual ainda determina que os corretivos comercializados deverão possuir as seguintes características mínimas: Para calcários, ficam estabelecidos os valores mínimos de 67% para PN e 45% para PRNT. Os calcários podem ser classificados: I – Quanto à concentração de MgO a) calcítrico – menos de 5% b) magnesiano – de 5% a 12% c) dolomítico – acima de 12% II- Quanto ao PRNT A) PRNT entre 45,0% a 60,0% B) PRNT entre 60,1% a 75,0% C) PRNT entre 75,1% a 90,0% D) PRNT superior a 90,0% 9. ÉPOCA E MODO DE APLICAÇÃO Devido a baixa solubilidade dos calcários, vários fatores, além da qualidade do produto, devem ser considerados para maximizar a eficiência da calagem. - Época de aplicação – a calagem pode ser feita em qualquer época do ano, contudo é importante que a aplicação do calcário seja realizada com a maior antecedência possível ao plantio e/ou adubação. No caso de não ser possível aplicar o calcário com antecedência necessária, pode-se utilizar produtos com maior PRNT. - Distribuição – o calcário deve ser espalhado o mais uniformemente possível, com adequada regulagem da distribuidora, que permita aplicação correta da dose necessária. - Incorporação – o calcário deve ser incoporado à maior profundidade possível de modo a permitir o melhor contato do corretivo com as partículas do solo. No caso de culturas anuais, recomenda-se aplicar metade da dose antes da aração e a outra metade após a aração, antes da gradagem. LEMBRE-SE: A ADUBAÇÃO COMEÇA COM A ANÁLISE DE SOLO, CONTINUA COM A CALAGEM E TERMINA COM A APLICAÇÃO DO ADUBO ADEQUADO. 9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ALCARDE, J.C. A calagem e a eficiência dos fertilizantes e produtos utilizados para a correção da acidez dos solos. Rio Claro, Asprocal, 49 p. (Boletim Técnico) BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Portaria n° 3 da Secretaria de Fiscalização Agropecuária, 12 jun. 1986.
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