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Guias e Dicas
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ANA CAROLINA CAPELLINI RIGONI.docx resenha critica, Teses (TCC) de Educação Física

Resenha Critica da tese de doutorado

Tipologia: Teses (TCC)

2016

Compartilhado em 03/07/2016

ana-claudia-vasconcelos-6
ana-claudia-vasconcelos-6 🇧🇷

4 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe ANA CAROLINA CAPELLINI RIGONI.docx resenha critica e outras Teses (TCC) em PDF para Educação Física, somente na Docsity! ANA CAROLINA CAPELLINI RIGONI CORPOS NA ESCOLA: (DES) COMPASSOS ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E A RELIGIÃO ANA CLÁUDIA VASCONCELOS DA COSTA DOUGLAS BALÁS FABIANA DE PAULA PEREIRA LAVRAS 2016 A resenha trata-se da tese de um doutorado “Corpos na escola: (Des) compassos entre a educação física e a religião”, de autoria de Ana Carolina Capellini Rigoni, com edição feita em Campinas, São Paulo, no ano de 2013 e conteúdo de 176 páginas. Ana Carolina é professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, da Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. É doutora em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Possui mestrado em Educação Física e Sociedade, pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2008). É especialista em Lazer e Qualidade de Vida, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR (2005) e possui Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO (2003). Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Educação Física Escolar. Os temas que vem estudando são Educação Física, Educação Física Escolar, experiência, corpo e religião. Esteve vinculada à Universidade de Lisboa, como investigadora visitante no Instituto de Ciências Sociais. Foi professora substituta do Departamento de Ciências da educação física e da saúde - DCEFS, da Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ. A tese em si, (Des) Compassos entre a educação física e a religião aborda quatro capítulos, onde a autora conta sua pesquisa de campo realizada em uma escola pública do município de Campinas. Na qual, dentre as turmas de Ensino Médio, selecionou algumas alunas pertencentes às denominações evangélicas, com o intuito de acompanhá-las no decorrer do ano. Ana Carolina passou a frequentar a escola, principalmente às aulas de EF, continuamente, registrando as ações e as narrativas das alunas estudadas. As questões foram direcionadas no sentido de esclarecer, por meio dos próprios alunos pesquisados, como estes lidam com os tipos de conhecimento que vão tendo acesso ao longo da vida cotidiana - principalmente aqueles produzidos no âmbito da EF - e como, diferenças que interessam estão relacionadas às praticas corporais, a um aprendizado religioso sobre o corpo e aquilo que a educação física pode tencionar e/ou dialogar nesta relação. É notória, que tem sido cada vez mais evidente a necessidade de refletir sobre o “descompasso” (ou novo compasso) entre ensinamento institucional e prática religiosa. Mais do que pensar em tais desencontros, é preciso compreender as novas adaptações e acomodações que eles implicam. Em relação às práticas corporais, tanto as instituições religiosas se adaptam à nova demanda de ofertas para o corpo como o próprio indivíduo religioso busca realizar um espécie de compatibilização entre as ofertas religiosas e as outras tantas que compõem a vida cotidiana na sociedade atual. Dentre as alunas estudadas a autora nota diversas diferenças que são perceptíveis no trato com as questões religiosas que precisamos estar atentos nessas experiências individuais, que definem formas diversas no modo como se adaptam e negocia suas ações no cotidiano tanto escolar como comunitário. Ainda que essas alunas tenham admitido não entender ao certo o que a EF pretende todas elas possuem uma narrativa a respeito da disciplina. A forma como as narrativas destas meninas foram sendo construídas ao longo de suas vidas escolares foi à preocupação que a autora teve ao longo de suas observações. É possível dizer que essas narrativas parecem estar pautadas em conhecimentos extraescolares a respeito da área. Várias alunas definiram a EF com uma disciplina que tem como objetivo ensinar a cuidar do corpo, o que se torna um “prato cheio” para o discurso oposto da igreja, que prega justamente o enaltecimento de valores morais e não físicos. É feito uma comparação entre a pesquisa de campo realizada durante o mestrado, não na escola, mas com meninas que estavam cursando o ensino fundamental e a atual apresentada no doutorado, pois, na primeira mencionada não foi perceptível visões de EF tão relacionada às questões estéticas e de saúde, o que agora, no ensino médio elas parecem compor aquilo que na visão das meninas é o objetivo da disciplina. Quando a autora menciona alguns conteúdos da educação física escolar, como dança, capoeira e esportes há uma implicação na visão das alunas. Pois, de acordo com alguns grupos religiosos, os mesmo são considerados “mundanos”, pois o corpo é parte central do processo educativo de fiéis destas denominações, o que gera motivo suficiente para causar constrangimentos das alunas quando sujeitas às praticas destas atividades nas aulas. Se normalmente, a não participação destas alunas se dá pelo “não dito, mas entendido”, é preciso comentar sobre casos em que as proibições são de fato estabelecidas. A autora conta que já presenciou casos em que o pastor não só proíbe verbalmente, como dispõe de um documento escrito para isso. A autora menciona alguns conteúdos da EF escolar como a dança, capoeira e os esportes. Todos estes conteúdos geram constrangimentos a grupos religiosos como à AD e CC. Pois são considerados por tais igrejas como a parte “mundana” do ser humano, longe de permanecer na obscuridade, o corpo é a parte central do processo educativo de fiéis destas denominações, o que gera a não participação de muitas alunas nestas atividades. Apesar de muitos alunos não participarem das aulas de dança sem uma justificativa religiosa, umas das alunas entrevistadas justifica que tem a consciência de que não tem intimidade com esse tipo de prática devido a sua pertença à igreja desde que nasceu. Um exemplo são as famosas festas juninas, onde a maioria destas alunas não participa por acreditarem que há rituais desaconselháveis para suas denominações. Algo semelhante ocorre em relação à capoeira. Dentre todos os conteúdos que compõem o currículo da EF, a partir dos dados de campo é notório que a capoeira é o que mais gera constrangimento em alunos evangélicos. Para as igrejas estudadas a capoeira é uma prática corporal absolutamente relaciona às religiões afro-brasileiras, o que é combatido por elas na mesma proporção que o demônio. Aliás, para alguns evangélicos, o demônio é o próprio destas religiões. Ainda que a capoeira pareça ser um grande problema para elas também, e não só para os padrões da igreja que frequentam, e ainda que elas tenham afirmado que não participariam de tal atividade a obrigatoriedade da escola cria uma brecha. Muitas são as questões que envolvem a dança, o ritmo, a música e a capoeira e que podem ser pensadas numa relação de tensão entre um tipo de agenciamento (por parte da EF) e outro (por parte da igreja). O esporte também é uma atividade que muitas vezes gera não aceitação de alguns grupos evangélicos, pois visa à competição. Neste caso o esporte parece mais desaconselhável pelo que ele pode gerar do que pela prática em si. Ademais, essa prática é mais restrita para meninas do que para os meninos, uma vez que as saias geram mais restrição para tais tipos de movimentos. O que também gera uma barreira entre o conhecimento religioso e a EF relacionado ao esporte, parece dizer respeito ao “mostrar- se”. Expor- se corporalmente, ser notada enquanto “corpo”, parece ser o ponto que coloca a EF em tensão com a religião. É importante lembrarmos também que estas instituições religiosas não permitem o uso de roupas de ginásticas, pois acredita que deixam as garotas muito expostas, o que também influencia o fato de não participarem das aulas propostas. No quarto e último capítulo de sua tese a autora trata dos conteúdos da EF aos cuidados com o prazer mostrando suas disputas e acomodações. Quando a referência é a EF, ou melhor, aquilo que muitas vezes ela representa no imaginário dos alunos, estas meninas acham que devem possuir um corpo aceitável diante dos padrões impostos. Quando a referência é a igreja, não são estes valores que estão em jogo, mas outro tipo de valor que visa a não profanar o corpo. É como se, na visão destas alunas, tivéssemos de um lado uma instituição disciplinarizadora (via EF), que espera determinados comportamento dos alunos através da prática pedagógica de conteúdos específicos e, do outro lado, outra instituição disciplinarizadora (via Igreja) que também espera certos comportamentos através da aplicação de seus conteúdos religiosos. A religião, por sua vez, também adota certos “objetivos de aprendizagem” que na fala das meninas aparecem através de noções como “o corpo como sede do Espírito Santo”, cuidados com o corpo, “práticas desejáveis” (permitidas) e “práticas mundanas” (desaconselháveis). Os cuidados com o corpo estão presentes no leque de ensinamentos de ambas as instituições, mas os conteúdos e as finalidades são muito diferentes. Ao se compararem com essas diferenças as meninas parecem se posicionar criticamente em relação aos ensinamentos da igreja. É possível perceber o quanto a prática corporal, o lazer e o uso do tempo livre são temas delicados na medida em que, para as evangélicas estudadas, o que se busca é justamente a negação deste prazer gerado por práticas “mundanas”. Ao longo do estudo a autora notou inúmeras limitações impostas às praticas corporais das meninas estudadas. Estas elaborações a respeito das tensões entre a educação física e religião influenciam os “cuidados de si”, cada qual a seu modo. A autora aborda também, a relação entre o Estado laico e a liberdade religiosa, dizendo que “pensar que a escola é laica poderia ser suficiente para o tema que ela vem abordando desde o seu mestrado. De fato a escola só é laica “no papel”.” Professores que insistem em fazer orações no início das aulas, festejos notadamente católicos (ou cristãos) que são comemorados envolvendo performances de alunos que nem sempre possuem as mesmas crenças. Se por um lado as atividades escolares são uma “obrigatoriedade” para todos os alunos da escola, por outro lado temos o direito à liberdade de crença. Fato complicado aluno. Desse modo, a Educação Física deveria servir para formar, criticamente, o aluno em seu processo de aprendizado, de conscientização e de aquisição de conhecimentos e experiências para a vida, respeitando as diferenças, o próprio corpo e o corpo do outro. Por fim, é enfatizado que, se por um lado, tanto uma forma de conceber a EF como a outra provoca certa tensão em relação ao ensinamento religioso, é somente pensando-a a partir de pressupostos das Ciências Humanas e Sociais que podemos perceber melhor essas tensões. E é valido lembrar que a escola não se presta exclusivamente à transmissão de conhecimentos, ela é responsável pelo desenvolvimento de hábitos, atitudes, habilidades, valores, convicções, entre outros. E o saber escolar adquire um potencial de intervenção na cultura da sociedade. Primeiramente, por ser uma tese, é destinada ao público da comunidade acadêmica, tanto em formação quanto pós-graduandos. Ademais, por ser dotada de uma linguagem clara e objetiva pode ser lida por qualquer público que esteja interessado no assunto tratado. Embora, seja um tema novo nesta área, são de extrema importância seu estudo e entendimento, pois são paradigmas encontrados no ambiente escolar. Compreender as instituições de ensinamentos fora da escola é fundamental para que possamos compartilhar das ideias e costumes vividos por estes alunos, no caso evangélico. Tratar de religião na escola é algo completamente inovador, pois é um desafio para o professor “adentrar” ao mundo destes alunos. Na tese é tratada a questão de obrigatoriedade tanto escolar quanto religiosa, pois ambas entram em tensões quando relacionadas aos movimentos e práticas corporais. É abordado também o fato de que competições esportivas não são aconselháveis a praticante das religiões evangélicas AD e CC, pois atribuem o fato de competição, o que implica que um se destaque em relação ao outro. A partir destas questões são feitas alguns questionamentos, já que não é aconselhável tanto a prática de esportes quanto academias de ginásticas ou qualquer formar de se exercitar-se, como estes alunos manterão seu condicionamento físico e corpo saudável? Também é frisada a questão da prática de capoeira, onde as alunas entrevistadas, afirmam dizer que não praticariam de forma alguma, pois são rituais responsáveis pela adoração demoníaca. A inserção desde a infância em religiões evangélicas mais restritas pode ocasionar o afastamento da criança dos meios sociais, como por exemplo, de várias apresentações abordadas nas escolas em datas comemorativas. Diante do exposto é notório que são várias as tensões e descompassos encontrados entre estas instituições, entretanto, elas não são consideradas opostas. E é um papel do professor proporcionar a inclusão desses alunos em suas alunas por meio de atividades coletivas de modo a não infringir em suas raízes religiosas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS >RIGONI, Ana Carolina Capellini CORPOS NA ESCOLA: (DES) COMPASSOS ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E A RELIGIÃO, Campinas, 2013, 176 páginas. >Dentre outras referencias utilizadas pela autora para sua tese de doutorado, encontradas em: >SITE: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000909964&opt=1, acesso em 23/06/2016
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