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Guias e Dicas
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Farmacognosia coleta?nea cienti?fica, Notas de estudo de Farmácia

coleta?nea de estudos.

Tipologia: Notas de estudo

2016

Compartilhado em 15/08/2016

joelmi-costa-11
joelmi-costa-11 🇧🇷

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Baixe Farmacognosia coleta?nea cienti?fica e outras Notas de estudo em PDF para Farmácia, somente na Docsity! LA RO OT Coletânea Científica n$Gis RO ORGANIZADORES Gustavo Henrique Bianco de Souza João Carlos Palazzo de Mello Norberto Peporine Lopes AC EP d EP á pá o E 6 AT FARMACOGNOSIA Coletânea Científica FARMACOGNOSIA Coletânea Científica Gustavo Henrique Bianco de Souza João Carlos Palazzo de Mello Norberto Peporine Lopes ORGANIZADORES PN ud NY EDITORA UFOP OuroPreto | 2012 Dedicatória Atodos os (coJautores que contribuiram para a efetivação dessa publicação. Ao INCT. if/CNPq, Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, pelo estímulo e financiamento. À EDUFOP, Editora da Universidade Federal de Ouro Preto. (O EDUFOP Coordenação Editorial Gustavo Henrique Bianco de Souza [IS Te SL] NE O tie) [SECT Magda Salmen, Rosângela Maria Zanetti e Fátima Lisboa [TE Tre Te] Organizadores [fio ereto te] Autores Fotografia /Capa De Laia / UFOP FICHA CATALOGRÁFICA F233 Farmacognosia : coletânea científica / Gustavo Henrique Bianco de Sou- ERRE rer (Ten 22 VTN e Ss NE o ETA EAR te PETS DR o dE RU So PD 372p: il. color, tabs.; grafs.; mapas. 1. Farmacognosia - Pesquisa. 2. Farmacognosia - Ensino. |. Lopes, Norberto Peporine. Il. Souza, Gustavo Henrique Bianco de. Ill. Mello, João Carlos Palazzo de. IV. Título. CDU: 615.3(045) ISBN 978-85-288-0284-9 [efe Poe Te: fo Elo or o) Ned Reprodução proibida Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de fevereiro de 1998. BUT ES RE Tae E E EURO [ESSA A o RO EEE Ton Noé Tel: 31 3559-1463 Telefax.: 31 3559-1255 Centro de Vivência | SalaO3 | Campus Morro do Cruzeiro 35400000 | OuroPreto | MG Falso-boldo — Plectranthus barbatus Sumário DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS SUMÁRIO FITOCOSMÉTICOS André Gonzaga dos Santos, Hérida Regina Nunes Salgado, Marcos Antonio Corrêa, Marlus Chorilli, Raquel Regina Duarte Moreira, Rosemeire Cristina Linhari Rodrigues Pietro, Vera Lucia Borges Isaac VINTE E CINCO ANOS DE PESQUISAS NOS LABORATÓRIOS DE FARMACOGNOSIA DA FACULDADE DE FARMÁCIA - UFRGS Amélia Teresinha Henriques, Gilsane Lino von Poser, José Angelo Silveira Zuanazzi, Miriam Anders Apel, Stela Maris Kuze Rates | FARMACOGNOSIA POTENCIAL TERAPÊUTICO DE ALGUMAS PLANTAS MEDICINAIS DA FLORA CATARINENSE Alexandre Bella Cruz, Angela Malheiros, Angélica Couto Garcia, Christiane Meyre-Silva, Nara Lins Meira Quintão, Rivaldo Niero, Ruth Meri Lucinda Silva, Sergio Faloni de Andrade, Tania Mari Bellé Bresolin, Valdir Cechinel Filho ENSAIOS BIOLÓGICOS UTILIZADOS NA PESQUISA DE PRODUTOS NATURAIS Cláudia Alexandra de Andrade, Josiane de Fátima Gaspari Dias, Marilis Dallarmi-Miguel, Michel Otuki, Obdulio Gomes Miguel, Paulo Roberto Wunder, Roberto Pontarolo, Sandra Maria Warumby Zanin, Silvana Krychak-Furtado FARMACOBOTÂNICA E ATIVIDADE ANTIÚLCERA DE PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS Edna Tomiko Myiake Kato, Elfriede Marianne Bacchi, Leandro Santoro Hernandes LEGISLAÇÃO QUE INCIDE SOBRE COLETA, ACESSO AO PATRIMÔNIO GENÉTICO E AOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS Fernanda Alvares da Silva ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DE MONOTERPENOS Adriana Gibara Guimarães, Aldeidia Pereira de Oliveira, Eurica Adélia Nogueira Ribeiro, Fladmir de Sousa Claudino, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida, Julianeli Tolentino de Lima, Leonardo Rigoldi Bonjardim, Luciano Augusto de Araujo Ribeiro, Lucindo José Quintans-Júnior, Márcio Roberto Viana Santos, Xirley Pereira Nunes | FARMACOGNOSIA w PLANTAS MEDICINAIS DA FLORA BRASILEIRA UTILIZADAS PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES Aldeidia Pereira de Oliveira, Eurica Adélia Nogueira Ribeiro, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida, Lucindo José Quintans-Júnior, Márcio Roberto Viana Santos VALIDAÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS Maria Cristina Marcucci POTENCIALIDADES DO CERRADO COMO FONTE DE SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS E DE ESPÉCIES MEDICINAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE FITOTERÁPICOS Rachel Oliveira Castilho, Fernão Castro Braga Babosa — 4/0e vera FITOCOSMÉTICOS André Gonzaga dos Santos Hérida Regina Nunes Salgado Marcos Antonio Corrêa Marlus Chorilli Raquel Regina Duarte Moreira Rosemeire Cristina Linhari Rodrigues Pietro Vera Lucia Borges Isaac INTRODUÇÃO O uso das plantas em Cosmetologia fez aparecer uma terminologia específica para designar o ramo da Cosmetologia que trata do estudo e da utilização de substâncias de origem vegetal empregadas para manutenção e/ou promoção da be- leza da pele, a Fitocosmética. Do grego, phyton - planta e kosmein - cosméticos, o fitocosmético tem sido procurado cada vez mais pelo consumidor, na busca pelo natural (ISAAC et al, 2008). Valfré, em 1990, definiu a Fitocosmética como o segmento da ciência cosmética que se dedica ao estudo e à aplicação dos conhecimentos da ação dos princípios ativos extraídos de espécies do reino vegetal, em proveito da higie- ne, da estética, da correção e da manutenção de um estado normal (eudérmico) da pele. Da mesma forma, apareceu também a designação de Cosmético Natural, que pode ser entendido como o produto que contém substâncias encontradas na natureza, sem trata- mento, o que não é muito interessante, já que podem ser ins- FARMACOGNOSIA O Coletânea Científica FARMACOGNOSIA » S táveis do ponto de vista químico, físico e microbiológico (ISAAC et aí, 2008). O cosmético natural pode, também, ser entendido como sendo aquele produto que não contém substâncias resultantes de síntese química, embora possa conter conservantes sintéticos. Por outro lado, mesmo com dificuldades para designar corretamente esses novos termos, é preciso reconhecer uma crescente utilização de produtos de origem vegetal, o que fomentou o uso e o estudo para descoberta de novos ativos e sua atuação na pele. Assim, o cosmético natural pode ser entendido como aquele produto que contenha extrato ou óleo vegetal, como ativos, lembrando sempre aquela analogia equivocada do que é natural faz bem (CHARLET, 1996). Há milhares de anos, o homem vem utilizando os recursos da flora no tratamento de diversas patologias. Gurib-Fakim (2006) afirma que os primeiros registros sobre a utilização de plantas foram escritos em placas de argila, oriundas da Mesopotâmia, e datados por volta de 2600 a.C. Dentre as substâncias que eram usadas estão óleos de Cedrus Trew species (Cedar) e Cupressus sempervirensL. (Cypress), Glycyrrhiza glabra Torr. (Licorice), Commiphora Jacq. species (Myrrh) e Papaver somniferum L, todos ainda utilizados para o tratamento da indisposição e mal-estar advindos desde tosses e resfriados até infecções parasitárias e inflamações. No ano 78 d.C, o botânico grego Pedanios Dioscorides descreveu cerca de 600 plantas medicinais, além de produtos minerais e animais no tratado De materia medica. Esse tratado permaneceu como fonte de referência por mais de quatorze séculos. Foi através da observação e da experimentação pelos povos primitivos que as propriedades terapêuticas de determina- das plantas foram sendo descobertas e propagadas de geração em geração, fazendo parte da cultura popular (TUROLLA & NASCIMENTO, 2006). No século XVI, o médico suíço Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelsus (1493-1541), formulou a “Teoria das Assinaturas”, ba- seada no provérbio latim simília simílibus curantur, Semelhante cura semelhante”. Com essa teoria, acreditava-se que a forma, a cor, o sabor e o odor das plantas estavam relacionados com as suas propriedades terapêuticas, podendo dar indícios de seu uso clínico. Algumas dessas plantas passaram a fazer parte das farmacopeias alopáticas e homeopáticas a partir do século XIX, quando se começaram a investigar suas bases terapêuticas (ELVIN-LEWIS, 2001). O isolamento da morfina da Papaver somniferum L. em 1803, pelo farmacêutico Friedrich Wilhelm Adam Sertirner, marcou o início do processo de extração de princípios ati- vos de plantas. A partir de então, outras substâncias foram isoladas, como, por exemplo, a quinina e a quinidina obtidas da Cinchona spp, em 1819, e a atropina da Atropa belladonnaL, em 1831, que passaram a ser utilizadas em substituição aos extratos vegetais (TUROLLA & NASCIMENTO, 2006). Assim, a produção de fármacos via síntese química, o crescimento do poder econômico das indústrias farmacêuticas e a ausência de comprovações científicas de eficácia das substân- cias de origem vegetal aliada às dificuldades de controle químico, físico-químico, farmacológico e toxicológico dos extratos vegetais até então utilizados impulsionaram a substituição desses por fármacos sintéticos (RATES, 2001). Após a década de 1960, observou-se, então, um desinteresse da indústria farmacêutica e dos institutos de pesquisa pela busca de novas substâncias de origem vegetal, por se acredi- de óleo essencial. Após o investimento da pesquisa para a síntese dessa composição aromáti- ca, o custo de 40m!l representaria bem menos que o custo apresentado pelo caminhão cheio de flores; * — podem apresentar várias atividades, originando fitocosméticos multifuncionais, bastante requisitados pelo mercado consumidor atual; * — podem ter fabricação seletiva, para fins específicos. Isso permite a definição, exa- ta, da atividade do fitocosmético proposto; * — podem ter sua ação ou efeito secundário identificados com maior facilidade, uma vez que os contaminantes presentes em decorrência da síntese química são mais facilmente identificados; * — apresentam qualidade constante, obtida pela rigorosa produção aliada à fácil repetibilidade da rota de síntese; * — exigem tempo de pesquisa e apresentam um custo elevado para serem autoriza- dos como novos produtos, em função da necessidade de comprovação da segurança e eficácia; porém, ao ser aprovados, possibilitam a fabricação dos fitocosméticos de qualidade assegura- da (CHARLET, 1996). Os ativos cosméticos de origem vegetal devem apresentar disponibilidade, ou seja, devem estar disponíveis em função de sua incorporação no veículo/excipiente. Devem, tam- bém, apresentar uma ação, seja em função de sua permeação cutânea, proteção à pele ou mesmo por permanecer na superfície da pele. A natureza dos ativos cosméticos de origem vegetal pode ser hidrossolúvel, tais como os extratos vegetais, e lipossolúvel, como os óleos vegetais. Os extratos vegetais podem ser obtidos a frio ou a quente, a partir de diversas partes das plantas secas (flores, folhas, caules, raízes) e vários líquidos extratores: álcool, água, glicóis (PEYREFITTE et aí, 1998) e misturas entre eles, compatíveis com a formulação e com a pele. Embora a aceitação dessa prática esteja próxima do fim, pela preocupação de não se usar produtos potencialmente irritantes ou tóxi- cos à pele, em função de insolubilidade de alguma substância ativa nos líquidos extratores ou sua mistura, é possível a utilização de um solvente orgânico para fazer a extração, com posteri- or evaporação desse produto e consequente suspensão do resíduo em um glicol, obtendo-se, assim, o extrato glicólico, com maior compatibilidade com a pele, independentemente do tipo de glicol: propileno, dipropileno ou dietilenoglicol. Os óleos vegetais são obtidos por prensagem forte e a frio de grãos moídos (PEYREFITTE et al, 1998) ou, em caso de necessidade, extração com um solvente, sua posterior evaporação e suspensão em óleo, geralmente o de amendoim, abundante, barato e de fácil obtenção no Brasil. Em função dos ativos a serem extraídos, é possível também a obtenção de óleos vegetais por meio da maceração da planta em óleo de amendoim ou em triglicerídeo sintético. Os extratos vegetais podem ser obtidos por maceração, digestão, infusão, decocção, extração com ultrassom, percolação, extração com Soxhlet, extração por fluido supercrítico, originando extratos totais (preparados a partir da planta integral) e extratos parciais (produzi- dos pela separação seletiva de determinado constituinte ou faixa de constituintes, por meio físico ou químico de um ou mais órgãos da planta). Os extratos são produzidos, ainda, com FARMACOGNOSIA MN vo N Es FARMACOGNOSIA solventes seletivos, para cada um dos grupos de substâncias ativas que se queira extrair (SAN- TOS, 2006). As propriedades de um extrato derivado de um produto natural podem ser controladas usando o processamento com fluido supercrítico. Essas propriedades, como ponto de fusão, cor e odor do extrato, podem ser totalmente modificadas pelo ajuste do processo de extração (KING, 1992). A concentração dos extratos vegetais usualmente empregadas nas formulações cos- méticas varia em torno de 0,1 a 5%, podendo atingir de 15 até 20% para aquelas preparações cujo tempo de aplicação é muito curto, como, por exemplo, máscaras faciais aplicadas e retira- das em um intervalo de tempo entre 20 e 30 minutos. A concentração escolhida deve conside- rar, também, a natureza do líquido extrator e sua compatibilidade com a pele e com a formula- ção. Por isso, quando seus ativos forem termolábeis, os extratos devem ser incorporados no produto pronto, a frio, após o preparo das formulações que necessitam de aquecimento. Os óleos vegetais geralmente são incorporados na concentração de 0,1 a 8%, na fase oleosa da preparação ou em formulações de natureza aquosa, quando apresentarem hidrossolubilidade pela reação com óxidos de etileno. Em 1989, Caramês propõe o uso de algas marinhas em cosméticos, sugerindo formula- ções de produtos anticelulite, produtos hidratantes e amaciantes, e cosméticos para o trata- mento do cabelo. O autor afirma ainda que os extratos de algas apropriadamente escolhidos e adequadamente formulados oferecem grandes potencialidades no desenvolvimento de uma grande variedade de produtos cosméticos. Em 1999, Barreto estudou o papel das algas no rejuvenescimento cutâneo, como nova alternativa de benefícios para os cosméticos. Este estudo afirma que o uso de um vetor sinérgico, como extrato de algas rico em polissacarídeos sulfatados, pode ser substituto dos alfa-hidróxi- ácidos, altamente irritantes em concentrações elevadas e, consequentemente, baixos pHs. Assevera ainda que a migração de molécula altamente polar do hidróxi-ácido através das do- bras poliméricas está relacionada à ligação de hidrogênio, regulando a penetração na pele e permitindo esfoliação, sem efeitos colaterais. Em 2003, Briand relatou que os cosméticos azuis ou ingredientes marinhos passaram de mitos para realidades científicas. O vegetal marinho, anteriormente conhecido como alga, foi usado principalmente em esforços de marketing até os anos 90. Desde então, sua atividade evoluiu para comprovar sua verdadeira eficácia. A alga deixou seu micromercado e vem fazen- do parte das matérias-primas usadas pela indústria internacional de cosméticos. No geral, subs- tâncias algáceas caminham para se tornar componentes importantes dos mais verdadeiros cosméticos de cuidado pessoal. Em 1997, em artigo de revisão enfocando os aspectos do emprego de fitoterápicos na higienização oral, abordando principalmente os óleos essenciais, Nicoletti e colaboradores afirmaram que o reino vegetal é fonte inesgotável de fármacos que podem ser utilizados na terapêutica desde que devidamente estudados sob vários aspectos técnico-científicos com comprovação de sua atividade farmacológica e inocuidade. A utilização de fitoderivados per- mite grande versatilidade das formulações para higienização oral, podendo colaborar efetiva- mente na manutenção da integridade da mucosa ou mesmo em sua regeneração. É importan- te, porém, ressaltar que o sistema utilizado deverá apresentar compatibilidade fisiológica com a cavidade bucal, promovendo a manutenção das propriedades físico-químicas características desse meio (pH, principalmente), que são necessárias à eficácia da defesa natural, não desenca- deando o desequilíbrio biológico; caso contrário, os resultados pretendidos com a utilização desses produtos não passarão de meras promessas de fabricantes, como tantas existentes na área cosmética (NICOLETTI, 1997). Novacoski & Torres, em 2005, propuseram uma mistura de óleos essenciais de Lavandula officinalis Chaix (lavanda), Melaleuca alternifolia Cheel (melaleuca), Juniperus virginiana L. (ce- dro), Eugenia caryophyllata Thunb. (cravo botão) e 7hymus vulgaris L. (tomilho) para uso como conservantes em cosméticos; entretanto, os resultados obtidos não foram conclusivos, uma vez que o óleo de cedro não apresentou atividade isoladamente, mas foi observado aumento importante da atividade antibacteriana da mistura equitativa dos óleos. Embora algumas plantas sejam usadas com apelo do emprego de matéria-prima vege- tal para atrair consumidores para aqueles cosméticos, muitas já apresentaram atividade cien- tificamente comprovada, como mostram alguns estudos. Os consumidores referem-se a cosméticos naturais como produtos relativos a plantas, com extratos vegetais, segundo Muller, 1993, que propõe um cosmético 100% natural, tendo uma visão mais ampla do termo “ingredientes naturais, considerando produtos com caracterís- ticas melhoradas de biodegradabilidade, alcançando “beleza sem crueldade” e “beleza sem danos ao meio ambiente”. Em 1995, Bennett e colaboradores avaliaram uma mistura de alfa-hidróxi-ácidos (AHAs) de ocorrência natural e de origem vegetal, com o objetivo de estender o maior leque possível aos seus efeitos benéficos, variando a distribuição das cadeias de carbono. Para isso, identifica- ram plantas ricas em ácidos glicólico, lático, cítrico, málico e tartárico, respectivamente Saccharum officinarum L,, Vaccinium myrtillus L., Citrus sinensis (L.) Osbeck e Citrus limonum Risso, Acer saccharum Marshall, cuja mistura continha 12 a 17% de ácido glicólico, 28 a 32% de ácido lático, 2 a 6% de ácido cítrico, no máximo 1% de ácido málico e no máximo 1% de ácido tartárico, com objetivo de avaliar seu efeito sobre a renovação celular. Os autores concluíram, após resultados positivos, que os AHAs de origem botânica não representavam um conceito revolucionário, mas sim um ingrediente natural e balanceado para o tratamento altamente eficaz da pele. Nesse mesmo ano, Oliveira e Bloise propõem extratos e óleos naturais vegetais funcio- nais. Os autores indicam aplicações e concentrações usuais de diversos ingredientes naturais, tais como: Prunus armeniaca L. (abricot), A/oe vera (L.) Burm. f. (aloe vera), Prunus amygdalus Batsch (amêndoas doces), Calendula officinalis L. (calêndula), Prunus persica (L.) Batsch (caroço de pêssego), Daucus carota L. (cenoura), Triticum sativum Lam. (germe de trigo), Sesamum indicumL. (gergelim), Melianthus annuusL. (girassol), Simmondsia chinensis (Link) C.K. Schneid. (jojoba), Limnanthes alba Hartw. ex Benth. (meadowfoam), Macadamia ternifolia F. Muell. (noz macadâmia), Oenothera biennis L. (prímula), Ricinus communis L. (rícino), Borago officinalis L. (semente de borragem), Prunus avium (L.) L. (semente de cereja), Papaver somniferum L. (se- mente de papoula), Vitis vinifera L. (semente de uva), Bixa orelanaL. (urucum) Yucca schidigera FARMACOGNOSIA MM W FARMACOGNOSIA » o lha e colaboradores, em 2008, realizaram estudo fitoquímico de goiaba (Psidium guajava L.) para avaliar o potencial antioxidante visando ao desenvolvimento de formulação fitocosmética. Considerando a qualidade dos fitoterápicos, é importante salientar que a preo- cupação com essa questão incluiu rigoroso acompanhamento das diferentes etapas do desen- volvimento e produção, desde a coleta do vegetal até a disponibilidade do produto final. Nesse trabalho, os autores realizaram o controle da qualidade, avaliaram o potencial antioxidante como também realizaram ensaios biológicos in vitro do fruto da goiabeira (Psídium guajavaL.) para o desenvolvimento de uma formulação fitocosmética. Os resultados mostraram que o fruto apresenta taninos e flavonoides bem como atividades antioxidante e antimicrobiana. A análise microbiológica não apresentou crescimento de patógenos na formulação desenvolvi- da entre os outros testes realizados. Destaca-se, nesse estudo, a importância do estabeleci- mento do controle da qualidade para as plantas, a fim de que sejam utilizadas para o desenvol- vimento de uma formulação fitocosmética segura, eficaz e de qualidade. Cefali e colaboradores, em 2009, avaliaram o potencial do tomate salada como fonte alternativa de antioxidante para uso tópico. O objetivo do estudo foi obter um extrato rico em licopeno através da polpa desse tomate. O extrato foi analisado utilizando os métodos de espectroscopia no ultravioleta/visível, cromatografia de camada delgada e cromatografia líquida de alta eficiência. A atividade antioxidante do extrato foi avaliada utilizando o método do radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH). Foi identificada a presença de licopeno na polpa do tomate salada e o extrato apresentou uma fração apolar rica em carotenoides refe- rente a 96,70% de licopeno. Na avaliação da atividade antioxidante usando o radical DPPH, o extrato apresentou atividade (Co de 0,311 mg/mL). Nesse estudo, os autores concluíram que o tomate salada é uma fonte rica em licopeno e pode ser utilizado como antioxidante para uso tópico. Migliato e colaboradores, em 2009, verificaram a atividade antibacteriana de sabonete líquido contendo extrato glicólico de Dimorphandra mollis Benth., conhecido como falso barbatimão. Essa planta é utilizada topicamente como cicatrizante, adstringente e antimicrobiano. No estudo, foi verificada a atividade antibacteriana de sabonete líquido con- tendo extrato glicólico de D. mo/lis (EGD) em diferentes concentrações (8, 15 e 20%) e em diferentes pHs (6 e 8). Muitas vezes a atividade antibacteriana de extratos vegetais incorpora- dos em formulações é dose-dependente. Assim, foram empregadas concentrações aleatórias de extrato glicólico, trabalhando numa faixa de concentração de extrato relativamente alta (8 a 20%) e procurando garantir que a proposta do sabonete líquido antisséptico fosse positiva. Outro fator a ser considerado diz respeito aos problemas técnicos em relação ao sabonete líquido. Concentrações superiores às escolhidas poderiam afetar a estrutura da fórmula e com- prometer a capacidade espumógena da preparação e interferir negativamente sobre a visco- sidade. Os autores observaram que o sabonete líquido contendo o EGD, de acordo com o ensaio de difusão em ágar realizado em triplicata, independentemente da concentração e do pH em- pregados, não apresentou atividade antibacteriana. Hubinger (2010) avaliou o potencial antioxidante de Dimorphandra mollis Benth. O objetivo do estudo foi obter um extrato rico em flavonoides a partir dos frutos de D. mo/lis. Ricos nos flavonoides rutina e quercetina, compostos com elevada atividade antioxidante, os frutos desse vegetal podem ser utilizados na prevenção de enfermidades causadas por radicais livres. O extrato foi analisado utilizando os métodos de doseamento por espectrofotometria (teor de flavonoides totais de 33,71%) e cromatografia líquida de alta eficiência. O extrato apre- sentou, ainda, ação antioxidante favorável frente aos radicais DPPH e ABTS. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS Os parâmetros da qualidade para fins farmacêuticos são, em princípio, estabelecidos nas Farmacopeias e Códigos oficiais. No caso das matérias-primas vegetais oriundas de plantas clássicas, ou seja, aquelas estudadas tanto do ponto de vista químico, quanto farmacológico, existem monografias definindo critérios de identidade, de pureza e de teor de constituintes químicos. Dependendo da origem vegetal, podem ser utilizadas, além da Farmacopeia Brasi- leira, outras farmacopeias como, por exemplo, Farmacopeia Alemã, Farmacopeia Americana, Farmacopeia Argentina, Farmacopeia Britânica, Farmacopeia Europeia, Farmacopeia Francesa, Farmacopeia Internacional (OMS), Farmacopeia Japonesa, Farmacopeia Mexicana e Farmacopeia Portuguesa (BRASIL, 2009). Ainda, quando uma planta a ser usada ou estudada não consta em uma farmacopeia atualizada, é essencial que o usuário dessa planta como matéria-prima ela- bore uma monografia estabelecendo seus padrões de qualidade. Assim, a qualidade adequada das matérias-primas deve ser realizada de acordo com bases científicas e técnicas. Nos proce- dimentos rotineiros de análise da qualidade, geralmente é preconizado o emprego de metodologias químicas, físicas ou físico-químicas e biológicas, sendo necessária a correlação entre os parâmetros analisados e a finalidade a que se destina. Estabelecidos estes critérios, o emprego de protocolos de análise, permitindo o acompanhamento e a documentação de to- dos os procedimentos, é fundamental para assegurar e o gerenciar a qualidade (SIMÕES et aí, 2004; YANG et aí, 2010). CONTROLE DE QUALIDADE DE FORMULAÇÕES FITOCOSMÉTICAS Um fitocosmético deve passar por todas as etapas de pesquisa: proposição, criação e desenvolvimento, incluindo os testes de estabilidade, para assegurar a atividade durante toda sua vida útil (ISAAC et a/, 2008). A estabilidade é um parâmetro de validação muito pouco descrita em normas de vali- dação de metodologia analítica (VILEGAS & CARDOSO, 2007), mas necessária para assegurar a qualidade do fitocosmético, desde a fabricação até a expiração do prazo de validade. Variáveis relacionadas à formulação, ao processo de fabricação, ao material de acondicionamento e às condições ambientais e de transporte, assim como cada componente da formulação ser ativo ou não, podem influenciar na estabilidade do produto. As alterações podem ser extrínsecas, ou seja, relacionadas a fatores externos aos quais o produto está exposto (tempo, temperatura, luz e oxigênio, umidade, material de acondicio- FARMACOGNOSIA m» 19 FARMACOGNOSIA vw S namento e vibração) e intrínsecas, relacionadas à natureza das formulações e, sobretudo, à interação de seus ingredientes entre si e/ou com o material de acondicionamento: incompati- bilidade física e incompatibilidade química, como, por exemplo, pH, reações de óxido-redu- ção, reações de hidrólise, interação entre ingredientes da formulação e interação entre ingredi- entes da formulação e o material de acondicionamento (ISAAC et aí, 2008). TESTES DE ESTABILIDADE Estabilidade preliminar O teste de estabilidade preliminar consiste em submeter a amostra a condições ex- tremas de temperatura e realizar os ensaios em relação aos vários parâmetros de acordo com a forma cosmética estudada. O teste de estabilidade preliminar tem a duração de 15 dias, sendo a primeira avaliação realizada no tempo um (t1), que corresponde a 24 horas após a manipulação e/ou produção, para que o produto possa adquirir viscosidade e consistência final após sua maturação. As outras avaliações devem ser realizadas diariamente, durante toda a duração do teste. Alguns dos parâmetros a serem analisados para cada amostra são aspecto, cor, odor, pH, viscosidade, densidade, condutividade elétrica e devem ser apresen- tados como a média aritmética dos valores obtidos dos testes realizados em triplicata (BRA- SIL, 2004; ISAAC et aí, 2008). Estabilidade acelerada Este teste tem como objetivo fornecer dados para prever a estabilidade do produto, tempo de vida útil e compatibilidade da formulação com o material de acondicionamento (BRASIL, 2004). Emprega condições não extremas e serve como auxiliar na determinação da estabilidade da formulação. É um estudo preditivo e pode ser usado para estimar o prazo de validade, mas pode ser empregado, ainda, quando houver mudanças na composição ou no processo de fabricação, na embalagem primária ou para validar equipamentos e, também, no caso de fabricação terceirizada. As amostras devem ser acondicionadas em frascos de vidro neutro ou na embalagem a ser acondicionadas como produto final, o que pode antecipar a avaliação da compatibilidade entre a formulação e a embalagem. É importante que a quantida- de de produto seja suficiente para as avaliações necessárias e que o volume total da embala- gem não seja completado, sendo respeitado um terço da capacidade da embalagem para possíveis trocas gasosas. O teste de estabilidade acelerada tem duração de 90 dias, embora possa ser estendido para seis meses ou um ano, em função das características do produto a ser analisado. As amostras devem ser submetidas a aquecimento em estufas, resfriamento em refrigeradores, exposição à radiação luminosa e ao ambiente, com controle da temperatura e analisadas em relação aos vários parâmetros de acordo com a forma cosmética estudada (BRA- SIL, 2004; ISAAC et aí, 2008). tensidade da cor ou mesmo modificação da coloração e, portanto, podem ser indicativos de instabilidade. A amostra pode ser classificada, em relação à cor, em normal; sem alteração; levemente modificada; modificada; intensamente modificada (BRASIL, 2004, ISAAC et aí, 2008). Odor O odor da amostra ensaiada deve ser comparado ao odor do padrão, diretamente pelo olfato. A amostra pode ser classificada, em relação ao odor, em normal, sem alteração, leve- mente modificado, modificado e intensamente modificado (ISAAC et a/, 2008). pH A determinação do pH deve ser realizada em uma dispersão aquosa a 10% (p/p) da amostra ensaiada em água recém-destilada, usando potenciômetro digital, avaliando a dife- rença de potencial entre dois eletrodos imersos na amostra em estudo (BRASIL, 2004). O eletro- do deve ser inserido diretamente na dispersão aquosa da amostra (DAVIS & BURBAGE, 1997), e valores mantidos entre 5,5 e 6,5, compatíveis com o pH cutâneo, devem ser usados como critério de estabilidade (ISAAC et a/, 2008). Densidade A densidade relativa é a relação entre a densidade absoluta da amostra e a densidade absoluta de uma substância usada como padrão. Quando a água é utilizada como substância padrão, a densidade determinada é a densidade específica (BRASIL, 2007). A determinação da densidade específica deve ser realizada em picnômetro, acoplado com termômetro, previa- mente pesado vazio, para determinação da massa do picnômetro vazio. A amostra deve ser inserida no picnômetro e a temperatura deve ser ajustada para 20 ºC, quando, então, o picnômetro deve ser pesado, para determinação da massa do picnômetro com a amostra. A diferença entre a massa do picnômetro com a amostra e do picnômetro vazio é a massa da amostra. A relação entre a massa da amostra e a massa da água, ambas a 20º C, representa a densidade específica da amostra ensaiada (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2001). Viscosidade A viscosidade depende das características físico-químicas e das condições de tempe- FARMACOGNOSIA vw w FARMACOGNOSIA uv B ratura do material (BRASIL, 2007). Pode ser determinada em viscosímetro rotativo coaxial, acoplado a banho termostatizado e a computador para uso de software específico para o equi- pamento, que tem como princípio a velocidade de rotação de eixos metálicos imersos no material ensaiado, e consiste na medição do torque requerido para rodar o sensor imerso na amostra. O controle da temperatura e a escolha do sensor são fundamentais para a adequação da leitura. O sensor deve ser mergulhado diagonalmente na amostra, para evitar formação de bolhas. A quantidade adequada de amostra deve ser inserida no dispositivo de amostras; o sensor imerso deve possibilitar, sob velocidades crescentes, a leitura das viscosidades. Podem ser traçadas curvas ascendente e descendente, correspondentes a velocidades crescentes e decrescentes, a fim de serem classificados os sistemas em newtonianos ou não-newtonianos, isto é, que apresentam ou não viscosidades constantes sob qualquer condição (ISAAC et aí, 2008). Espalhabilidade A determinação da espalhabilidade da amostra deve ser realizada a partir da leitura dos diâmetros abrangidos pela amostra em um sistema formado por uma placa-molde circular de vidro com orifício central, sobre uma placa suporte de vidro posicionada sobre uma escala milimetrada (KNORST & BORGHETTI, 2006). Cerca de 0,39 de amostra devem ser colocadas entre duas placas de vidro, com 10 X 18cm e 0,5cm de espessura, sendo uma delas disposta sobre um papel milimetrado, colado em uma placa de madeira. A adição de pesos de 250, 500, 750 e 10009, a cada três minutos, na placa superior, promove o espalhamento do produto, que pode ser medido como extensibilidade, em centímetros (ISAAC et a/, 2008). Análise térmica A análise térmica deve ser realizada submetendo a amostra à análise por Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Termogravimetria (TG/DTG). A massa da amostra deve ser colo- cada em cadinho de platina para as análises de TG e DTG e em cadinho de alumínio com tampa perfurada para a análise de DSC. A razão de aquecimento deve ser determinada experimental- mente, em atmosfera de Ny utilizando uma ampla faixa de temperatura (ISAAC et aí, 2008). Espectrofluorimetria A espectrofluorescência pode ser empregada para detectar a presença de peróxido por meio de uma sonda que se torna fluorescente na presença de peróxidos, após incubação em meio tamponado (PYTEL et aí, 2005). Granulometria a /aser No equipamento de granulometria por difração a /aser, a distribuição de tamanho da partícula é calculada comparando o ensaio de uma amostra com um modelo ótico apropriado. Esse ensaio pode ser realizado para determinação da estabilidade de sistemas emulsionados. Estudo do comportamento reológico A determinação do comportamento reológico pode ser realizada em reômetro acoplado em banho termostatizado, por meio de ensaios rotativos e oscilatórios, para caracterização reológica completa dos produtos estudados. Os ensaios rotativos permitem análise do fluxo da amostra, da tixotropia, da área de histerese e determinação do limite de escoamento, utilizan- do uma tensão de cisalhamento por um determinado período de tempo para a curva ascen- dente e mesmo tempo para a curva descendente, obtendo, por exemplo, dados relativos a um ponto por segundo, sob temperatura controlada. Os ensaios oscilatórios permitem analisar a deformação e a recuperação da amostra, a susceptibilidade mecânica, depois de aplicadas tensões de cisalhamento por um determinado período de tempo, em temperatura controlada, com o sensor adequado à consistência de cada produto analisado. A amostra deve ser exposta à força oscilatória, isto é, deve ser submetida a uma tensão de cisalhamento utilizando frequências variáveis, sendo possível analisar a viscosidade dinâmica (ç), os módulos de estocagem ou armazenamento (G" e de perda ou deformação (G"), os quais possibilitam inferir sobre a deformação e a recuperação de amostras após o cisalhamento, avaliando a viscoelasticidade dos sistemas (Isaac et al., 2008). Em qualquer tipo de ensaio, devem ser utili- zados o sensor (placa-placa, cone-placa ou copos com cilindros coaxiais), a tensão de cisalhamento, a temperatura e o tempo de análise adequados para cada sistema (ISAAC et aí, 2008). Para produtos tópicos, é recomendada a temperatura de 32º C, por representar a tem- peratura da pele (SALGADO et aí, 2010). ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS O objetivo do controle microbiológico de fitocosméticos é assegurar uma produção de boa qualidade, livre de determinados microrganismos, principalmente os potencialmente pre- judiciais ao usuário, bem como garantir uma preparação adequada, que permaneça como tal, mesmo após uso contínuo pelo consumidor (CARTURAN, 1999). FARMACOGNOSIA vo w FARMACOGNOSIA vo oo cultura, calculando posteriormente o número de microrganismos/g do produto e multiplican- do pela diluição utilizada, os quais serão expressos em UFC/g. Pesquisa de Salmonella sp. e Escherichia coli Para a pesquisa de Sa/monella sp. e Escherichia coli deve-se transferir, assepticamente, 10g de amostra para 90mL de caldo lactosado. O caldo deve ser incubado a 36+1ºC durante 24 horas. Após esse período, observar o meio quanto ao crescimento. No segundo dia, transferir ImL do caldo lactosado para dois tubos contendo caldo tetrationato e caldo selenito cistina, que de- vem ser incubados a 36+1ºC durante 24 horas, para a pesquisa de Sa/monella sp. Após esse período, semear, com uma alça de platina, amostra do caldo tetrationato para um tubo contendo ágar inclinado verde brilhante e três placas de Petri contendo ágar xilose-lisina-desoxicolato (XLD) e ágar bismuto sulfito. Proceder da mesma forma com a amostra inoculada no caldo selenito cistina e transferir para os três meios, que serão incubados a 36+1ºC durante 24 horas. Observar o crescimento e as características das colônias. As suspeitas devem ser semeadas com alça reta em tubo contendo ágar inclinado ferro-três açúcares (TSI) e incubadas a 37ºC durante 24 horas. Para a pesquisa de £. co/i transferir ImL do caldo lactosado para a placa de Petri contendo ágar MacConkey. Incubar a 36+1C durante 24 horas. Observar o crescimento e as características das colônias. As colônias suspeitas devem ser semeadas com alça de platina em placas de Petri contendo ágar eosina azul de metileno (EMB). Incubar a 36+1º durante 24 horas. Pesquisa de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa Para pesquisa de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa deve-se transferir, assepticamente, 10g de amostra para 90mL de caldo caseína-soja. Incubar o caldo a 36+1ºC durante 24 a 48 horas. Após esse período, observar o meio quanto ao crescimento. Semear em placas de Petri contendo ágar Vogel Johnson para a pesquisa de 5. aureus e em placas de ágar cetrimida para a pesquisa de 2 aeruginosa. Incubar a 36+1ºC durante 24 horas. Depois, obser- var o crescimento e as características das colônias. Avaliação da eficácia dos fitocosméticos como sistema conservante Com a finalidade de avaliar a eficácia dos fitocosméticos como sistema conservante, efetua-se o teste de desafio e cálculo do valor D. Para a realização dos experimentos, é necessá- rio inicialmente realizar ensaios preliminares para padronização do inóculo dos diferentes microrganismos usados, de modo a se quantificar o número de células em torno de 10%-107/ microrganismos/g nas formulações. Teste de desafio Para realizar o teste de desafio, deve-se inocular 10º células/g da amostra de cada um dos microrganismos-teste (£. col S. aureus, P aeruginosa, Candida albicans e Aspergillus nigen) cultivados previamente em caldo caseína-soja (TSB) por 6 horas a 36+1ºC (bactérias) e caldo Sabouraud a 27+1ºC (fungos), individualmente, em 10g de cada uma das amostras. Imediata- mente após a inoculação, retirar amostras de 1g de cada uma das formulações contaminadas (tempo 0), diluindo-se em caldo Letheen e, a seguir, em tubos com solução salina até atingir a concentração necessária para a contagem de colônias, sendo posteriormente semeados 100 uL na superfície de placas contendo TSA e AS (PINTO et aí, 2003; USP 33, 2010). Após incubação a 36+1ºC e 27+1ºC, respectivamente, para bactérias e fungos, retirar amostras nos tempos de 7,14€ 28 dias de incubação para a realização da contagem de colônias, expressando os valores obtidos em UFC/g (PINTO et aí, 2003; USP 33, 2010). Os ensaios devem ser realizados em duplicata, utilizando como controle negativo formulação sem conservante e, como controle positivo, formulação com conservante. Cálculo do valor D Para calcular o valor D, deve-se inocular 10ºcélulas/g da amostra de cada um dos micror- ganismos-teste (£. coli, S. aureus, P aeruginosa, Candida albicans e Aspergillus nigen cultivados previamente em caldo caseína-soja (TSB) por 6 horas a 36+1ºC (bactérias) e caldo Sabouraud a 27+1ºC (fungos), individualmente, em 10g de cada uma das amostras. Imediatamente após a inoculação, retirar amostras de 1g de cada uma das formulações contaminadas (tempo 0), dilu- indo-se em caldo Letheen e, a seguir, em tubos com solução salina até atingir a concentração necessária para a contagem de colônias, sendo posteriormente semeados 100 uL na superfície de placas contendo TSA e AS (PINTO et a/, 2003; USP 33, 2010). Após incubação a 36+1ºC e 27+1ºC, respectivamente, para bactérias e fungos, deve-se realizar a contagem de colônias, expressando os valores em UFC/g. As contagens devem ser realizadas nos tempos de incuba- ção de 2, 24 e 48 horas para bactérias e 4, 24, 48 horas e 7 dias para fungos, na temperatura ambiente (PINTO et a/, 2003; USP 33, 2010). Os ensaios devem ser realizados em duplicata, utilizando como controle negativo formulação sem conservante e, como controle positivo, formulação com conservante. FARMACOGNOSIA vo 19 FARMACOGNOSIA ps o CITOTOXICIDADE Ensaios para avaliar a citotoxicidade de extratos e óleos vegetais não eram realizados, até há pouco tempo, quando se usavam plantas e/ou seus derivados em produtos para aplica- ção tópica; entretanto, essa prática vem sendo realizada nas pesquisas atuais, garantindo segu- rança no uso de ativos vegetais. Citotoxicidade significa causar efeito tóxico em nível celular. Entre os efeitos tóxicos, podem ser citadas a morte celular, alterações na permeabilidade da membrana, ou a inibição enzimática. Os ensaios in vitro são normalmente efetuados como um teste de triagem inicial na primeira fase da avaliação de citotoxicidade. A necessidade de estu- dos do comportamento celular in vitro sobre extratos de diferentes materiais é fundamental para o uso racional e seguro na prática médica. No método in vitro, podem ser observados os processos de crescimento celular diretamente sobre as substâncias testadas. Os testes in vitro são realizados utilizando linhagens celulares permanentes ou culturas primárias (por exemplo, fibroblastos da pele). Alguns autores afirmam que as culturas primárias refletiriam de forma mais precisa as situações in vivo, entretanto apresentam dificuldades no cultivo. Outros afir- mam que o uso de linhagens celulares estabelecidas oferece vantagens no cultivo, pois a defi- nição das condições de cultura evita variações individuais e a interferência de complexas interações que ocorrem in vivo (FRESHNEY, 2005). Extrato padronizado de Ginkgo biloba LL. (EGb 761), significativamente pode suprimir a proliferação e aumentar a citotoxicidade em células HepG,. O extrato de Ginkgo biloba L. continha 22-27% de flavonoides e 5-7% de terpenoides em 10mL/L de etanol e 10mL/L de solução de sorbitol (CHAO et aí, 2004). Extrato aquoso de Mentha piperita L. mostrou que determinadas doses por tempo de exposição de 24 horas reduziram o crescimento do organismo Tetrahymena pyriformis (NEVES etal, 2009). Esse microrganismo é um gênero de protozoários ciliados não patogênicos de vida livre, encontrados principalmente em água fresca. O extrato aquoso de folhas de Centella asiatica (L.) Urb. mostrou, nos testes de citotoxicidade frente a células BHK-21 (linhagem de câncer de rim) e linhagem A549 (linhagem de câncer de pulmão), uma concentração citotóxica acima de 1000ug/mL, representando uma baixa citotoxicidade do extrato testado (PITTELLA et aí, 2009). Uma subfração isolada de extrato etanólico de cascas de Styphnodendron adstringens (Mart.) Coville mostrou, nos testes de citotoxicidade frente a células Vero e macrófagos, uma concentração citotóxica acima de 100mg/mL relativa à concentração inibitória mínima de 5,47+0,92 mg/L, representando uma baixa citotoxicidade da amostra ensaiada (ISHIDA et aí, 2006). A avaliação da segurança de fitocosméticos abrange ensaios de citotoxicidade, o que pode representar um aumento de trabalhos de pesquisa cujo objetivo seja avaliar a citotoxicidade de ativos vegetais empregados em cosméticos. Assim, em um futuro próximo, novas metodologias, em diferentes linhagens celulares, deverão ser propostas para avaliar a segurança desses produtos. LIPÍDEOS Constituem um conjunto de substâncias de natureza graxa (solúvel em éter) tendo como principais componentes os triglicerídeos (ésteres de glicerol e ácidos graxos), além do colesterol, ceras (ésteres de ácidos graxos com monoálcoois de alto peso molecular), outros esteróides e hidrocarbonetos. Da hidrólise dos triglicerídeos obtêm-se ácidos graxos, que são ácidos carboxílicos de cadeia linear, ramificada ou não, com quatro ou mais átomos de carbono, sendo raros os que possuem número ímpar de átomos de carbono (CUNHA, 2005) e sendo os mais importantes aqueles que apresentam cadeia com 12 a 18 átomos de carbono, conforme mos- trado no Quadro 1. QUADRO 1 Óleos vegetais e seus ácidos graxos Óleos | Ácidos graxos Número de carbonos babaçu ácido láurico 12 babaçu ácido mirístico 14 palma ácido palmítico 16 sebo, cupuaçu ácido esteárico 18 amendoim e oliva buriti, cupuaçu ácido oleico 181 soja, milho, sementes de uva ácido linoleico 182 Ao sofrerem redução, os ácidos graxos originam álcoois graxos, importantes emolientes empregados em preparações cosméticas. Um exemplo clássico é o ácido láurico, composto por 12 átomos de carbono, que dá origem ao álcool laurílico. Esse álcool graxo, por sua vez, ao ser sulfatado, dá origem a um tensoativo muito usado em produtos cosméticos, com proprie- dades emulsificante e detergente, o lauril sulfato de sódio. Após a neutralização, pela reação com óxido de etileno, o lauril sulfato de sódio origina o lauril éter sulfato de sódio, tensoativo largamente empregado em xampus. ÓLEOS ESSENCIAIS Também são chamados óleos voláteis, essências ou óleos etéreos, são princípios ativos presentes em plantas aromáticas constituídos de uma mistura de substâncias voláteis e hidrofóbicas. Suas características mais peculiares são ter, além do aroma agradável, sabor, FARMACOGNOSIA ps vw FARMACOGNOSIA ps E volatilidade, insolubilidade ou pouca solubilidade em água e solubilidade em solventes orgã- nicos. Podem ser definidos como uma mistura complexa de compostos químicos (terpenoides e fenilpropanoides) de origem vegetal, voláteis e aromáticos. Quimicamente são classificados como terpenos (acíclicos, monocíclicos e bicíclicos), sesquiterpenos, derivados do fenilpropano. Suas propriedades são antissépticas, refrescantes, rubefacientes, secretolítica, anti-inflamatória e anestésica local. São exemplos de óleos essen- ciais largamente empregados em fitocosméticos: camazuleno, bisabolol, mentol e cânfora. Os óleos essenciais são compostos simples, em geral com estrutura cíclica, chamados de terpenos e seus derivados, um álcool, um aldeído ou uma cetona. São voláteis devido ao seu baixo peso molecular e, por isso, são os responsáveis pelos odores das plantas e flores. De acordo com o número de átomos de carbono, os terpenos podem ser divididos em monoterpenos (10C, com atividade anti-irritante); sesquiterpenos (15C, com atividade antimicrobiana) e diterpenos (20C) (ALVES & SILVA, 2002). TANINOS Os taninos são polifenóis que formam compostos estáveis com proteínas. Pela classifi- cação química, são divididos em taninos hidrolisáveis (taninos elágicos e taninos gálicos) e taninos condensados (proantocianidinas), pseudotaninos. Possuem propriedades bastante ex- ploradas em fitocosméticos, tais como adstringentes, cicatrizantes, hemostáticos, protetores e reepitelizantes, antissépticos e antioxidantes. Um exemplo bastante comum é o hamamelitanino, presente em Mamamelis virginiana. FLAVONOIDES São compostos heterocíclicos aromáticos oxigenados, frequentemente encontrados associados com glicosídeos. Estão relacionados à flavona que apresenta ação diminuidora da permeabilidade dos vasos capilares. Agem como vasoprotetores, anti-inflamatórios e antioxidantes naturais. Os flavonoides são uma classe de substâncias presentes em diversos vegetais, conferindo às flores, os frutos e a outras partes da planta colorações diversificadas, que vão desde o branco até o violeta intenso. Quimicamente são classificados em flavonas, flavonóis e seus O-glicosídeos; flavonoidesisoflavonoides; flavonoidesneoflavonoides; chalconas; antocianidinas; catequinas; auronas; flavononas, biflavonoides. Apresentam atividade sobre a permeabilidade capilar, antioxidante, anti-inflamatória, antiviral, antitumoral e hormonal. Os flavonoides também são heterosídeos, ou seja, possuem um açúcar diferente da glicose ligado a uma fração aglicona, que geralmente é um pigmento. O nome vem de flavus, que significa amarelo, já que é a principal cor desses pigmentos. Existem dois tipos principais de flavonoides: flavanonas, de maior importância terapêutica, nos quais a fração aglicona é uma flavona, um pigmento amarelado, e os flavonoidesflavonoides antociânicos, quando a fração aglicona é uma antocianina, um pigmento azul, comum nas flores (ALVES & SILVA, 2002). SAPONINAS Pertencem ao grupo de heterosídeos, que são semelhantes aos glicosídeos, pois tam- bém possuem uma molécula de açúcar ligada a uma fração aglicona; contudo, os heterosídeos se caracterizam por estar ligados a açúcares diferentes da glicose. São assim chamadas por apresentarem propriedade físico-química de saponificar substâncias lipossolúveis. Quando agitadas em solução aquosa, provocam o aparecimento de espuma, pois diminuem a tensão superficial da água (ALVES & SILVA, 2002), apresentando propriedades tensoativas. São glicosídeos triterpenoides (quando a fração aglicona é um triterpeno) ou esteroides (se a fração aglicona é um esteroide) (ALVES & SILVA, 2002), e apresentam um amplo espectro de ação: rubefasciente e detergente (saponina da casca de quilaia), vasoprotetora (escina da castanha-da-índia), além de antisséptica, antimicrobiana e anti-irritante por ação esteroide (ALVES &SILVA, 2002). De acordo com a parte genina (sapogenina), são classificadas em saponinas triterpênicas e saponinas esteroidais; de acordo com o caráter ácido, básico ou neutro e pela parte açucarada, são classificadas em monodesmosídicas e bidesmosídicas. ALCALOIDES Alcaloides são bases orgânicas nitrogenadas, mas sua estrutura molecular costuma ser bastante diversificada e, por isso, sua classificação é complexa. De todos os grupos de princípi- os ativos, os alcaloides são os que possuem a maior atividade biológica. Recebem esse nome por apresentarem pH alcalino em solução. Regulam o crescimento do vegetal e têm função protetora (ALVES & SILVA, 2002). GLICOSÍDEOS São compostos por um açúcar ligado a uma substância não glicídica chamada genina ou aglicona, a qual é responsável pela atividade farmacológica e classificação. O de importância cosmética são os glicosídeos antraquinônicos, que apresentam uma antraquinona como a fra- ção aglicona, com atividade cicatrizante (ALVES & SILVA, 2002). RESINAS Não representam um grupo quimicamente definido, sendo um complexo de subs- FARMACOGNOSIA ps [a afecções da pele e nas mordeduras de cobras (especialmente com peçonha proteolíticas, como jararaca e cascavel), úlceras, problemas de digestão e dores de estômago; como remédio para herpes labial, agente desintoxicante e purificador do sangue & Nome comum: quilaia 5 Nome científico: Quillaja saponaria Molina (Quillajaceae) g Constituintes químicos: saponinas (ácido quiláico, quilaína), taninos É Propriedades farmacológicas: detergente, adstringente, antisseborreico, anti-inflama- — tório, antimicrobiano, cicatrizante, emulsificante, tensoativo, expectorante e tônico capilar 48 Nome comum: hamamelis Nome científico: Mamamelis virginiana L. (Hamamelidaceae) Constituintes químicos: taninos (hamamelitanino, catecol, ácido gálico) Propriedades farmacológicas: ação hemostática, anti-nemorrágico, adstringente, redu- ção de secreções e prevenção de infecções, anti-inflamatório, tônico e vasoconstritoro. Nome comum: calêndula Nome científico: Calendula officinalis L. (Asteraceae) Constituintes químicos: óleo essencial, flavonoides Propriedades farmacológicas: adstringente, analgésico, antialérgico, antifúngico, antisseborreico, anti-inflamatório, antisséptico, antiviral, bactericida, cicatrizante, emoliente, fungicida, protetor dos raios UV (A e B), refrescante, sudorífico, suavizante, tonificante da pele, vasodilatadora Nome comum: centela Nome científico: Centella asiatica (L) Urb. (Apiaceae) Constituintes químicos: triterpenos e saponincas Propriedades farmacológicas: contra celulite, cicatrizante; atua normalizando a produ- ção de colágeno, promovendo o restabelecimento da trama colágena, ajudando no tratamento de celulites, reduzindo a fragilidade dos vasos capilares e estimulando a circulação venosa; auxilia nos processos de cicatrização, é anti-inflamatória e auxilia no tratamento de desordens dermatológicas como, úlceras, eczemas, úlceras varicosas, hematomas, rachaduras da pele e varizes Nome comum: castanha-da-índia Nome científico: Aesculus hippocastanum L. (Hippocastanaceae) Constituintes químicos: saponinas triterpenoídicas (aescina e aescigenina), flavonoides (canferol, quercetina, rutina, astragalin e quercetrina), heterosídeos cumarínicos (fraxina, escopolina, aesculetina, aesculosídeo e aesculina). Propriedades farmacológicas: adstringente, antiedematoso, anti-inflamatório indicado para insuficiência venosa crônica, como varizes nas pernas e hemorroidas, úlceras varicosas Nome comum: babosa Nomes científicos: A/0e barbadensis Mill. ou Aloe vera (L.) Burm. f. (Liliaceae) Constituintes químicos: polissacarídeos contendo glicose, galactose e xilose, taninos, esteroides, ácidos orgânicos, enzimas de vários tipos e outros Propriedades farmacológicas: anestésico, antiviral, cicatrizante, fungicida, regenerador celular, coagulante, anti-inflamatório, queratolítica, reidratante PERSPECTIVAS DE USO FUTURO EM FITOCOSMÉTICOS PELAS PROPRIE- DADES DEMONSTRADAS Nomes comuns: faveiro, falso-barbatimão Nome científico: Dimorphandra mollis Benth. Constituintes químicos: flavonoides (rutina e quercetina) Propriedades farmacológicas: insuficiência venolinfática crônica, fragilidade Nomes comuns: capim-limão, capim-cidreira Nomes científicos: Cymbopogon citratus (DC. Stapf (Poaceae) Constituintes químicos: óleo essencial (geranial, geraniol, citral, cineol, mirceno, farmesol, humuleno Propriedades farmacológicas: analgésico, sedativo, antiespasmódico, nervosismo, an- siedade e insônia Nome comum: canela Nome científico: Cinnamomum sp. (Lauraceae) Constituintes químicos: óleo essencial (aldeído cinâmico) FARMACOGNOSIA s o FARMACOGNOSIA W o Propriedades farmacológicas: antiespasmódico, carminativo, antimicrobiano, antidiarreico, emenagogo, flatulência, dispepsias, anorexias, astenia, cólicas e diarreia Nomes comuns: lípia, falsa-melissa Nome Científico: Lippia alba (Mill) N.E. ex Britton & P. Wilson (Verbenaceae) Constituintes químicos: óleo essencial (geraniol, neral, beta-caiofileno, geranial, óxido de cariofileno, mirceno) Propriedades farmacológicas: digestivo, antidepressivo e sedativo, tratamento da di- gestão lenta, insônia e angústia, afecções da pele e das mucosas, antisséptica Nomes comuns: mirtus, mirta, mirto, murta-cheirosa, murta-cultivada, murta-das-noi- vas, murta-do-jardim, murta-verdadeira, murteira, murtinheira, murtinheiro, murtinho, murtinhos e murto Nome científico: Myrtus communis L. (Myrtaceae) Constituintes químicos: óleo essencial Propriedades farmacológicas: efeitos anti-hiperglicêmicos, antimutagênicos e no tra- tamento de problemas estomacais, antisséptico Nome comum: alcaçuz Nome científico: Glycyrrhiza glabra L. (Fabaceae) Constituintes químicos: saponinas (glicirrizinina) Propriedades farmacológicas: anti-inflamatório, antitussígeno, antiulceroso e edulcorante Nomes comuns: barbatimão, barbatimão-verdadeiro, casca-da-virgindade Nomes científicos: Stryphnodendron obovatum Benth. (Fabaceae) Stryphnodendron coriaceum Benth. Stryphnodendron barbatimam Mart. Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Stryphnodendron barbadetiman (Vell)) Mart. Constituintes químicos: taninos condensados, proantocianidinas Propriedades farmacológicas: tratamento de úlceras e frieiras, impigens, antisséptico local, anti-inflamatório, antidiarreico, adstringente, diurético, coagulante sanguíneo, tratamento de leucorreia Nome comum: ginseng Nome científico: Panax ginseng CA. Mey. (Araliaceae) - cicatrizante: regenera o tecido, auxiliado pela ação adstringente e antisséptica, às vezes da mesma planta; - corante: confere atrativo cosmético ou pigmentação para a pele, coloração natural - demaquilante: remove a maquiagem, removendo a sujidade da pele e os produtos coloridos; - descongestionante: diminui o processo agressivo causado em depilações, epilações, exposição ao sol sem proteção adequada, e barbeação; - emoliente: restaura a emulsão epicutânea em seu conteúdo graxo; - enzima para peeling: promove a descamação suave da pele para regeneração e/ou despigmentação; - estimulante da circulação: pode promover aumento da permeação cutânea de ativos, quando associado a rubefascientes; - esfoliante: descamam suavemente a pele, renovando o brilho e a maciez; - filtração dos raios ultravioleta: protege da radiação ultravioleta; - hidratante: restaura a emulsão epicutânea em seu conteúdo hídrico; repoem o fator de hidratação natural; - refrescante: é usado em preparações corporais e em produtos para a cavidade bucal para aumentar a sensação de limpeza; associado a ativos hidratantes; - reepitelizante: regenera o tecido, após barbeação, depilação, epilação e peelings, - regenerador: promove o reparo do tecido cutâneo, renovando as células; - rubefasciente: promove o aumento da circulação periférica, aumentando a permeação; - suavizante: promove a descamação da pele tornando-a macia e sedosa; por ação abrasiva, queratolítica ou cáustica; - tonificante: dar vida, revitalizar, aumentando o brilho da pele e cabelos. EXEMPLOS DE FITOCOSMÉTICOS Aqui são colocadas algumas sugestões de fórmulas contendo o nome químico das subs- tâncias e sua função na formulação, bem como a composição percentual em peso/peso de cada componente. FARMACOGNOSIA W w | FARMACOGNOSIA W s tífica Coletânea Ci COSMÉTICOS ADSTRINGENTES *— produtos pós-barba: auxiliam a cicatrização e apresentam atividade antisséptica. TABELA 1: Gel pós-barba cicatrizante Composição qualitativa INCI name DISPERSÃO AQUOSA A 2% DE POLÍMERO DO ÁCIDO CARBOMER ACRÍLICO PROPILENOGLICOL PROPYLENE GLYCOL ALANTOÍNA ALLANTOIN MENTOL MENTHOL EXTRATO VEGETAL Calendula officinalis EXTRATO VEGETAL Hamamelis virginiana ÓLEO ESSENCIAL Matricaria chamomilla ÓLEO ESSENCIAL Pimpinella anisum L. TRICLOSAN TRICLOSAN TRIETANOLAMINA TRIETANOLAMINE ÁGUA DESTILADA AQUA Função na [o formulação va DA ESPESSANTE 40,00 UMECTANTE 5,00 CICATRIZANTE 0,50 REFRESCANTE 0,01 ANTHIRRITANTE 1,00 ADSTRINGENTE 1,00 ANTISSÉPTICO 0,25 ANTISSÉPTICO 0,25 ANTISSÉPTICO 0,05 CORRETIVO DE pH OSP pH 6 VEÍCULO QSP 100,00 * Produtos pós-depilação: impedem a contaminação microbiana em toda a área depi- lada; favorecem a cicatrização e apresentam atividade antisséptica. TABELA 2: Emulsão refrescante pós-depilação Composição qualitativa ÁLCOOL CETOESTEARÍLICO ETOXILADO 20 OE MONOESTEARATO DE GLICERILA TRIGLICERÍDEOS DO ÁCIDO CÁPRICO/CAPRÍLICO ÁLCOOL CETÍLICO PROPILENOGLICOL ALANTOÍNA MENTOL EXTRATO VEGETAL Hamamelis virginiana EXTRATO VEGETAL Syzygium cumini L EXTRATO VEGETAL Aesculus hipocastanum IMIDAZOLIDINIL UREIA METILPARABENO PROPILPARABENO ÁGUA DESTILADA INCI name CETEARETH 20 GLYCERYL STEARATE CAPRYLIC/CAPRIC TRIGLYCERIDE CETYL ALCOHOL PROPYLENE GLYCOL ALLANTOIN MENTHOL IMIDAZOLIDINYL UREA METYLPARABEN PROPYLPARABEN AQUA Função na formulação EMULSIONANTE ESPESSANTE EMOLIENTE AGENTE DE CONSISTÊNCIA UMECTANTE CICATRIZANTE REFRESCANTE ADSTRINGENTE ANTISSÉPTICO ESTIMULA CIRCULAÇÃO CONSERVANTE CONSERVANTE CONSERVANTE VEÍCULO q.s.p. %p/p 2,00 3,00 4,00 1,00 3,00 0,50 0,10 3,00 2,00 2,00 0,50 0,18 0,02 100,00 | FARMACOGNOSIA um W Coletânea Científica | FARMACOGNOSIA u o Coletânea Científica * Produtos para peles oleosas: por conter pós-insolúveis, retiram a oleosidade da pele, permitindo a hidratação e emoliência com os outros ingredientes da formulação. TABELA 5: Máscara de limpeza hidratante para peles oleosas BENTONITA CAULIM ÁGUA DESTILADA ÁLCOOL CETÍLICO METILPARABENO PROPILPARABENO EXTRATO VEGETAL Hamamelis virginiana EXTRATO VEGETAL Aloe vera GLICERINA LAURILSULFATO DE SÓDIO ÁGUA DESTILADA [IS la BENTONITE KAOLIN AQUA CETYL ALCOHOL METYLPARABEN PROPYLPARABEN GLYCERIN SODIUM LAURYL SULFATE AQUA Função na formulação ESPESSANTE, MODIFICADOR REOLÓGICO ESPESSANTE, MODIFICADOR REOLÓGICO VEÍCULO DISPERSANTE AGENTE CONSISTÊNCIA CONSERVANTE CONSERVANTE ADSTRINGENTE, DESENGORDURANTE HIDRATANTE UMECTANTE EMULSIONANTE, AGENTE DE LIMPEZA VEÍCULO asp %p/p 5,00 5,00 15,00 3,00 0,18 0,02 5,00 3,00 10,00 1,00 100,00 COSMÉTICOS ANTIOXIDANTES « Produtos antienvelhecimento: permitem o rejuvenescimento da pele se usados regu- larmente TABELA 6: Loção para peles maduras < ô Z 7” 8 o o unção na 5 g Composição qualitativa INCI name CTC Era) %p/p Ê <L É ÁLCOOL CETOESTEARÍLICO — ETOXILADO 20 OE CETEARETH 20 EMULSIONANTE 1,80 59 MODIFICADOR — BENTONITA BENTONITE REOLÓGICO 0,80 MONO-DIESTEARATO GLYCOL AGENTE DE 100 ETILENOGLICOL DISTEARATE CONSISTÊNCIA , õ õ . . AGENTE DE g ÁLCOOL CETÍLICO CETYL ALCOHOL CONSISTÊNCIA 1,00 8 MANTEIGA DE EMOLIENTE, 250 Theobroma grandiflorum ABSORVE ÁGUA ” ISOPROPYL MIRISTATO ISOPROPILA MYRISTATE EMOLIENTE 3,00 METILPARABENO METYLPARABEN CONSERVANTE 0,18 PROPILPARABENO PROPYLPARABEN CONSERVANTE 0,02 EXTRATO VEGE TAL ESTIMULANTE 4,00 Ilex paraguariensis GLICERINA GLYCERIN UMECTANTE 10,00 HIDRATANTE/REGE- D-PANTENOL NERADOR 1,00 ÁGUA DESTILADA AQUA VEÍCULO 100,00 asp | FARMACOGNOSIA a [o Coletânea Científica « Produtos antirradicais livres: previnem o envelhecimento da pele, atenuando rugas já existentes TABELA 7: Emulsão para combater o envelhecimento da pele Composição qualitativa ÁLCOOL CETOESTEARÍLICO ETOXILADO 20 OE CAULIM MONOESTEARATO DE GLICERILA ÁLCOOL CETÍLICO MANTEIGA DE Theobroma grandiflorum MIRISTATO ISOPROPILA METILPARABENO PROPILPARABENO EXTRATO VEGETAL Melampodium divaricatum GLICERINA COCOATO DE PEG-7 ÁGUA DESTILADA SR CETEARETH 20 KAOLIN GLYCERYL STEARATE CETYL ALCOHOL ISOPROPYL MYRISTATE METYLPARABEN PROPYLPARABEN GLYCERIN PEG 7 GLYCERYL COCOATE AQUA Função na formulação EMULSIONANTE MODIFICADOR REOLÓGICO AGENTE DE CONSISTÊNCIA AGENTE DE CONSISTÊNCIA EMOLIENTE, ABSORVE ÁGUA EMOLIENTE CONSERVANTE CONSERVANTE ANTISSÉPTICO UMECTANTE UMECTANTE VEÍCULO asp 2,00 1,20 1,50 0,80 0,50 1,80 0,18 0,02 2,00 4,00 1,00 100,00 REFERÊNCIAS ALALI, FQ. et a/ Annonaceous acetogenins: recent progress. 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VINTE E CINCO ANOS DE PESQUISAS NOS LABORATÓRIOS DE FARMACOGNOSIA DA FACULDADE DE FARMÁCIA — UFRGS Amélia Teresinha Henriques Gilsane Lino von Poser José Angelo Silveira Zuanazzi Miriam Anders Apel Stela Maris Kuze Rates O desenvolvimento de programas de investigação em plantas com interesse medicinal é inerente a laboratórios de Farmacognosia, disciplina do âmbito profissional farmacêuti- co, fato esse que pode ser verificado pela produção de artigos científicos na área de produtos naturais bioativos em países como EUA, Alemanha e França. No Brasil, entretanto, por ra- zões históricas, o estudo de plantas medicinais estabeleceu- se incialmente, e de forma muito consistente, ligado a grupos de investigadores na área de química. O pesquisador pioneiro da área foi o Dr. Walter B. Mors, químico, com atuação inicial no Instituto de Química Agrícola (IQA) e, posteriormente, no Centro de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro, da Faculdade de Farmácia. O estabele- cimento posterior de outros pesquisadores estrangeiros no Rio de Janeiro, como os doutores Benjamin Gilbert, Keith Brown Jr e Paul Baker além dos brasileiros, como Hugo | FARMACOGNOSIA a O FARMACOGNOSIA = o Monteiro e Afonso Seabra, a maioria químicos, intensificou as pesquisas na área fundamental de química de produtos naturais. Igualmente referência na área de produtos naturais, o Dr. Otto Gottlieb também do IQA, transferiu-se para a Universidade de Brasília, depois para a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e para a Universidade de São Paulo, onde nucleou diversos grupos de pesquisas na área, em institutos de química. Nesses grupos, o interesse estava direcionado principalmente à obtenção de novas estruturas e sua síntese ou semissíntese. Só a partir da década de 1990, houve uma modificação nesses perfis. Os pesquisadores da área de química, que ainda predo- minam fortemente no segmento, passam a preocupar-se também com as atividades biológi- cas, e os grupos instalados em faculdades de farmácia, que por muitos anos especializaram-se na autenticação e qualidade acessada por avaliação microscópica de drogas vegetais, iniciaram trabalhos para isolamento e caracterização de produtos naturais. Nesse sentido, a Faculdade de Farmácia da UFRGS é pioneira no Brasil no desenvolvi- mento de estudos químicos no âmbito da Farmacognosia, o qual teve sua origem em convênio com a Universidade Múnster, Alemanha, no início da década de 1970. Essa cooperação permi- tiu a instrumentalização dos laboratórios analíticos e a presença de pesquisadores alemães da área, e foi decisiva para a implantação de programa de Pós-Graduação em Farmácia, também pioneiro no país, e no incentivo ao aperfeiçoamento dos docentes. Nos anos 1980, houve uma modificação na composição dos docentes da faculdade pela absorção de pesquisadores que se doutoraram no estrangeiro e iniciaram trabalhos de cunho tecnológico e químico, visando qualificar matérias-primas vegetais, bem como avaliar as potencialidades de aplicação da flora para a saúde humana e animal. Nos laboratórios de Farmacognosia, as pesquisas ganharam novo direcionamento. Os estudos iniciais focalizaram alcaloides, mas hoje abrangem também iridoides, óleos voláteis e compostos fenólicos, asso- ciando o estudo químico a ensaios biológicos e estudo farmacológico. Além disso, são desen- volvidos projetos envolvendo biotransformação e controle químico de qualidade. Ao longo dos últimos 25 anos, muitos e significativos resultados foram obtidos e, para tanto, diversas colaborações foram estabelecidas, com grupos da própria Universidade, de outros e Estados do Brasil e do estrangeiro, destacando-se França e Espanha. Os trabalhos incluídos nesta revisão representam apenas um recorte dos muitos desen- volvidos ao longo do tempo. Esse recorte considerou a homogeneidade temática. Vários não estão aqui sumarizados. Esse fato não indica que foram esquecidos ou menos valorizados, todos foram relevantes e contribuíram para o desenvolvimento do laboratório até a fase atual; deixa- ram de ser apresentados apenas por logística ou por estar inseridos em temas em consolidação e/ou inovadoras. Com certeza, constarão em versões futuras, ampliadas. Destacamos numero- sas dissertações e teses com temas relacionados ao controle de qualidade de drogas vegetais (SCOPEL, 2005; SCHWANZ, 2006) e atividades biológicas (SUYENAGA, 2002, VARGAS, 1995; BRIDI, 1999, MACHADO, 1993), análise química e de bioatividades em frutas, realizadas com objetivo de contribuir para o conhecimento de suas propriedades nutracêuticas (DRESCH, 2008; MARIN, 2008; RAMIREZ, 2008) ou esponjas marinhas e organismos associados (DRESCH, 2008a). Tam- bém poderiam ser destacados inúmeros trabalhos ligados a levantamentos etnobotânicos e utilização de plantas medicinais e fitoterápicos. Para a concretização desses resultados, muitas colaborações foram estabelecidas, sem as quais não teria sido possível alcançar os objetivos Haco00' Haco00' Ajmalicina Ajmaiina Reserpina Ha 000! Tetraidroalstonina Selowina Raucafrinciina Peraquina Nº Loco, 192,108-Epoxiaquamicina Dimetlacetalperaquina Vomilenina R = OCH, - 12-Demetositabemulosina ponta R=H-Pirinina FIGURA 1. Estruturas dos principais alcaloides isolados de espécies da família Apocynaceae. Indóis monoterpenos: Rubiaceae Espécies da família Rubiaceae são amplamente distribuídas em regiões de mata do todo o mundo, mas predominam em florestas úmidas tropicais e incluem mais de 600 gêneros, sendo a quarta maior família de angiospermas. Nessa família, o alvo principal de nossas investigações tem sido o gênero Psychotria L., o maior da família, incluindo cerca de 1800 espécies. No Brasil, ocorrem 264 espécies, 5 subespécies e 2 variedades; 140 dessas são endêmicas. Quanto à distribuição, a maioria ocorre na região Norte eo menor número, na região Sul do Brasil, em acordo com o esperado pelas características do habitat preferencial do grupo. Em face do elevado percentual de endemismo e ao fato que mui- tas espécies têm distribuição restrita e sensibilidade ecológica, algumas são vulneráveis e com risco de extinção. Devido à dificuldade na delimitação de suas fronteiras, Psychotria L. é motivo de controvérsia entre taxonomistas e têm sido estreitamente relacionado à Palicourea Aubl. e Cephaelis Sw., apresentando, também, similaridades com os gêneros FARMACOGNOSIA = w FARMACOGNOSIA DU s Calycodendron A. C. Sm. e Calycosia A. Gray. Recentemente, algumas espécies foram transferidas para Margaritopsis C. Wright. Na região Sul, está registrada a presença de 18 espécies (TAYLOR, 2010). Esse número pode não ser real, uma vez que um grande número de espécies ocorre no estado de São Paulo, podendo haver expansão para a parte mais seten- trional da região Sul. A avaliação dos perfis cromatográficos e dos espectros na região do ultravioleta para os extratos etanólicos de espécies de ?sychotria coletadas no sul do Brasil, realizada por cromatografia líquida acoplada a detector de arranjo de diodos, permitiu a verificação de cromóforos típicos de MIAs e b-carbolínicos glicosilados em catorze das quinze espécies estudadas (LOPES et aí, 2004). Esse fato permitiu estabelecer diferença significativa de ou- tros metabólitos comuns nesse gênero os alcaloides poliindolínicos, de origem biogenética distinta. Foram investigadas as espécies 2 brachyceras Mill. Arg., £ brachypoda (Miúill.Arg.) Britton, 2 suterella Múll. Arg., 2 myriantha Mill. Arg., P nuda (Cham. & Schitdl.) Wawra e 2 leiocarpa Cham. & Schitdl. As folhas de £ brachyceras forneceram um MIA inédito, braquicerina, cuja estrutura deriva da condensação direta da triptamina com 10-0xo-1-epiloganina sem a cisão do anel, com formação de secologanina, passo biossintético usual para esse grupo químico, indican- do uma nova classe de alcaloide indólico. Adicionalmente, há manutenção da glicose, indi- cando que as enzimas hidrolíticas estão reprimidas (KERBER, 1999; KERBER et a/, 2001, GREGIANINI et a/, 2003; GREGIANINI et aí, 2004). Das folhas de P brachypoda foi isolado um alcaloide majoritário, a psicolatina, cuja estrutura deriva a condensação do iridoide 10-0xo-5-epi-geniposideo com triptamina, e, como no caso anterior, sem passar por secoiridoide. Outros 3 produtos também foram isola- dos: 3,4-desidro-18,19-b-epoxi-15-epi-psicolatina, N*-[1-(2-a-hidroxipropil)]-psicolatina e Nº-[1-(2-b-hidroxipropil)]-psicolatina (KERBER, 1999, KERBER et a/, 2008). Trabalhos realiza- dos em colaboração com o Departamento de Farmacologia - UFRGS permitiram verificar que psicolatina, em modelos térmicos de nocicepção, produziu efeito dose-dependente, parcialmente reversível por naloxona, sugerindo participação de receptores do tipo opioide no seu mecanismo de ação. Em modelos animais de dor induzida por capsaicina, psicolatina demonstrou atividade analgésica dose-dependente, além de efeitos ansiolítico e antidepressivo. O mecanismo da atividade ansiolítica parece incomum, uma vez que é rever- tida por tratamento prévio com ritanserina e MK801, antagonistas de SHT2 e NMDA, respec- tivamente (BOTH et a/, 2002; 2005; 2006). Posteriormente foi avaliado o efeito de tratamento agudo e subcrônico com psicolatina sobre os níveis de aminoácidos excitatórios em hipocampo e córtex pré-frontal de ratos, sendo observado efeito significante nos níveis de neurotransmissores excitatórios no córtex pré-frontal, mas não no hipocampo. Foi observa- do aumento nos níveis de aspartato, glutamato e glutamina e decréscimo na concentração de glutamina no córtex pré-frontal após tratamento subcrônico. Esses resultados parecem sugerir plasticidade induzida pelo alcaloide sobre receptores (PASSOS, 2008). A partir do extrato de alcaloides obtidos de folhas de Psychotria suterella Múll.Arg. foram isolados os MIAs: lialosídeo, estrictosamida e naucletina. Culturas /n vitro foram estabelecidas e houve a formação de alcaloides. Tanto o extrato quanto lialosídeo reduziram a atividade locomotora em modelos animais, indicando ação depressora (SANTOS, 1999; SAN- TOS et a/, 2001). A partir de Psychotria myriantha Múll Arg. foram isolados os alcaloides estrictosamida, ácido estrictosidínico e outro não relatado anteriormente a miriantosina A. O extrato m-butanólico de alcaloides e as substâncias isoladas, apresentaram atividade inibidora da migração de leucócitos, sugerindo efeito anti-inflamatório, e capacidade de inibir a ação da enzima acetilcolinesterase. O mesmo extrato e o alcaloide ácido estrictosidínico aumentaram o tempo de latência no teste da retirada da cauda frente ao estímulo térmico, indicando uma atividade analgésica do tipo opioide. Foi verificada a influência do ácido estrictosidínico sobre os níveis de aminas biogênicas dopamina e serotonina e seus metabólitos em estruturas cerebrais de ratos. Hipocampos de animais que receberam injeção intra-hipocampal bilateral de ácido estrictosidínico apresenta- ram redução nos níveis de serotonina, enquanto os córtices desses animais apresenta- ram redução nos níveis de DOPAC, 3-MT e 5-HIAA. Hipocampos e estriados de ratos trata- dos com injeção i.p. de ácido estrictosidínico demonstraram diminuição de 63,4 e 28,7% nos níveis de 5-HT, respectivamente. Esses dados indicam que esse grupo de MIAs pode constituir potencial fonte de substâncias com atividade sobre o sistema nervoso central (FARIAS, 2006; SIMÕES-PIRES et a/, 2006; FARIAS et aí, 2010). Psychotria nuda Cham. & Schltdl. Wawra apresentou estrictosamida como produto majoritário. Esse alcaloide foi encontrado na maioria das espécies de Psychotria de ocor- rência no Brasil e apresenta atividade antimalárica e inibidora de canais iônicos em rins e cérebros de ratos. Ensaios de quimiotaxia realizados com leucócitos polimorfonucleares indicaram atividade inibidora da migração frente ao agente lipolissacarídeo obtido de £. coli (FARIAS et a/, 2008). Folhas de ?sychotria leiocarpa Cham. & Schitdl. forneceram um MIA majoritário a N,b-D-glicosilvincosamida, inédito e raro por apresentar a porção indol N-glicosil além de outra O-glicose, como na maioria dos alcaloides do grupo (LOPES, 1998; HENRIQUES et aí, 2004). Estudos de regulação da produção desses alcaloides foram realizados em colaboração com grupo de pesquisa em botânica desta Universidade (PARANHOS et aí, 2005; PARANHOS et al, 2009). O efeito da luz branca e açúcar exógeno foram avaliados em plântulas. A produ- ção do alcaloide N-glicosilado de 2 /eiocarpa, restrita aos brotos, foi fortemente influenciada pela presença da luz e inibida pela adição de glicose ao meio de cultura, indicando a impor- FARMACOGNOSIA = w FARMACOGNOSIA = oo montanina demonstrou efeito pró-cognitivo na tarefa de reconhecimento de objetos, adminis- trada pós-treino (ANDRADE, 2007). Os resultados mostraram que os animais tratados com montanina na dose de 34g/4ul, 24 horas após a última sessão de treino, lembravam mais da localização da plataforma quando comparados ao grupo-controle, sugerindo que a montanina ativa mecanismos relacionados com a formação da memória espacial. O papel da montanina na consolidação da memória pode ser justificado pela ação inibitória desse alcaloide sobre a atividade da acetilcolinesterase, mesmo que em menores concentrações que a galantamina. A inibição dessa enzima faz com que aumente a concentração da acetilcolina na fenda sináptica, promovendo maior afinidade desse neurotransmissor com seus receptores. Por fim, este tra- balho traz a montanina como um composto com significativo potencial de inibição da acetilcolinesterase, possuindo relação com processos mnemônicos e, dessa forma, contribuin- do para pesquisas de novos fármacos relacionados ao tratamento de desordens neurológicas como a dopamina (PAGLIOSA, 2009; PAGLIOSA et aí, 2010). A espécie H. breviflorum Herb. coletada na região de Aparados da Serra (RS) foi separa- da em dois grupos, de acordo com a coloração das flores (vermelhas ou brancas). Empregando- se cromatografia em camada delgada e cromatografia líquida de alta eficiência dos extratos obtidos, verificou-se que os dois grupos vegetais são idênticos qualitativamente. Foram isola- dos três alcaloides: licorina, licosinina-B e 9-O-demetil-licosinina-B, inédito na literatura. Os extratos e produtos isolados foram avaliados quanto às atividades anticolinesterásica, antioxidante e antiviral. Apenas o extrato de bulbos apresentou atividade anticolinesterásica, sendo esta atividade também detectada para os compostos licosinina-B e 9-O-demetil- licosinina-B. Todos os extratos de folhas de 4. breviflorum apresentaram inibição do vírus HSV- 1 cepas KOS e ATCC-VR733 inferior a 50% (SEBBEN, 2005). Realizou-se a investigação de alcaloides dos extratos de HM. papílio (Ravenna) Van Scheepen, coletada na região serrana do estado do Rio Grande do Sul. Estudos por cromatografia líquida e gasosa, acopladas a espectrômetro de massas nos extratos dessa planta, apontaram paraa existência de alcaloides dos núcleos licorina e haemantamina sob a forma de heterosídeos. Além disso, a mesma análise indicou a existência de núcleos galantamina nos extratos, indican- do a presença de narvedina e sanguinina, esta com capacidade de inibição da enzima acetilcolinesterase superior a da galantamina. Os extratos enriquecidos em alcaloides de 4. papílio demonstraram inibição da enzima acetilcolinesterase, pelo método da bioautografia em cromatoplaca (ANDRADE, 2007). Foi avaliado o conteúdo químico em alcaloides em duas plantas 4. morelianum Lem. (coletada no estado de São Paulo) e M. santacatarina (Traub) Dutilh (coletada no Rio Grande do Sul), além da investigação das atividades antioxidante, anticolinesterásica e antimicrobiana dos produtos isolados e extratos (GIORDANI et aí, 2008). A partir de 4. morelianum, foram identificados e elucidados doze alcaloides: 2«,7-dimetoxi-homolicorina (inédito), candimina, para a qual foi realizada a primeira descrição dos dados espectroscópicos, haemantamina, trisfaeridina, tazetina, pretazetina, hamaína e 3-epimacronina. A partir de A. santacatarina, fo- ram identificados três alcaloides: licorina, haemantamina e pseudolicorina. Todos os extratos avaliados, de ambos os vegetais, mostraram efeitos antioxidante e anticolinesterásico, porém não antimicrobiano. Quanto aos produtos isolados, destaca-se a atividade antioxidante da licorina, verificada pelo método da inativação do radical 2,2-difenil-1 -picrilidrazila (DPPH). No screening de atividade anticolinesterásica, todos os alcaloides isolados de M. morelianum, exceto um, apresentaram resultado positivo. Para A. santacatarina, a licorina, assim como ou- tros isolados, demonstrou atividade anticolinesterásica, também com 5ug de amostra (GIORDANI, 2007). Hippeastrum psittacinum (Ker Gawl.) Herb. (coletada no estado de São Paulo) foi inves- tigado e apresentou, como alcaloides majoritários, tazetina, pretazetina e hipeastrina. As fra- ções dilorometano dos bulbos do vegetal apresentaram-se ricas em alcaloides, sendo identifi- cado sal de pretazetina, pretazetina e hipeastrina (PAGLIOSA, 2009). Em trabalho mais recente, investigou-se a aplicação do potencial citotóxico dos alcaloides licorina e candimina como compostos anti- 7richomonas vaginalis. O parasito 7. vaginalis pode ser considerado um microrganismo-modelo para estudos de morte celular, pois é amitocondriado. O efeito citotóxico anti- 7. vaginalis da candimina não apresentou perfil dose- dependente. Por outro lado, no tratamento com licorina, a viabilidade dos parasitos foi reduzi- da duas vezes, quando o efeito das concentrações menores (2,5 e 5,0UM) foi comparado ao efeito das maiores concentrações (250, 500 e 1.000uM). Licorina e candimina retardaram o ciclo celular do 7, vaginalis na fase G2/M, mais pronunciado após 24 horas de incubação. Após extração do DNA total dos parasitos, não se verificou a fragmentação do DNA total após o tratamento com ambos os alcaloides. Ainda, não foi detectado qualquer efeito na exposição de resíduos de fosfatidilserina após o tratamento, portanto, não há indicativo de morte celular por apoptose. Após incubação com licorina e candimina, análise por microscopia eletrônica de varredura permitiu verificar diversos sulcos na superfície, além de aspecto enrugado áspero e alterações no tamanho celular. Através da microscopia eletrônica de transmissão, verificou-se que os alcaloides não induziram a formação de células multinucleadas - sinais característicos de apoptose - entretanto, o núcleo demonstrou uma forma anormal: alongado ou ramificado em diversas células após ambos os tratamentos. Intensa vacuolização periférica formando vacúolos entre a membrana citoplasmática e a matriz, já em estado avançado de degeneração, foram verificados após ambos os tratamentos, além de vacúolos em forma de estrias: uns con- tendo figuras de mielina e outros contendo estruturas membranosas que poderiam indicar um fenômeno de degeneração autofágica. Em relação à licorina, podemos sugerir que seu meca- nismo de ação citotóxico em células eucarióticas difere entre as que possuem mitocôndrias e as amitocondriadas. Algumas características observadas após o tratamento com ambos os alcaloides são comuns a uma forma alternativa de morte celular programada, a paraptose. Licorina e candimina inibiram a atividade das enzimas NTPDase e ecto-5'-nucleotidase sendo os resultados mais expressivos: (i) a candimina inibiu, aproximadamente, 90% da hidrólise do ATP; (ii) licorina inibiu 64% da hidrólise do ADP e 62% da hidrólise do AMP; e (iii) os alcaloides não inibiram a transcrição dos genes NTPDase. Os efeitos modulatórios de alcaloides de Amaryllidaceae em ectonucleotidases de parasitos é uma abordagem inovadora dentro da extensa gama de atividades farmacológicas apresentadas por esses alcaloides (GIORDANI, 2010; GIORDANI et aí, 2010). Duas outras espécies de ocorrência no Rio Grande do Sul foram estudadas: Habranthus erectus Ravenna e Ahodophiala bifida (Herb.) Traub. Alguns autores afirmam ser grande a proxi- midade taxonômica entre os gêneros Rodophiala e Hippeastrum, e outros consideram que FARMACOGNOSIA a No) ambas pertenceriam a um só gênero. Três alcaloides foram isolados de 4. erectus e dois outros a partir de R bifida: nangustina e montanina. Este último, representando cerca de 90% dos alcaloides totais (diclorometano) de & bifida, apresentou ação inibitória sobre o crescimento de culturas de Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermides, Escherichia coli e Saccharomyces cerevisiae, além de demonstrar significativa atividade 5 citostática sobre todas as linhagens celulares tumorais testadas (UACC-62 - melanoma, MCF-7 9 — mama, NCL-460 - pulmão, OVCAR - ovário, PCO-3 — próstata, HT-29 - cólon, 786-0 — rim, NCL- 8 ADR - mama multidroga resistente) (CASTILHOS, 2004; CASTILHOS et aí, 2007). As estruturas É dos principais alcaloides isolados desta família estão apresentadas no Figura 3. ec É 80 R1=R2 = R3- Rá - OCH;:27-dimetoxi-homalicorina Ha; 3 — CHg; Pretazotina R1 + R2 = OCH>0: R3 = OCHa; Rá - OH: Candimina H;R2=CHs; R3- Ch: Tazetina R1+ R2 = OCH;0: R3 = H; Rá - OH: Hipaastrina : R2 = CHs: R3 CHs; 3-apimacronina H R1-CHg: 9-O-domatilicosinina R1=0H:Licosinina Ro H; 3 = H: Montanina MH; R3 = H: Pancracina R1=0H;R2=H; R3 = H; R44+R5 - CHy: Licorina = OH: Nangustina R1=0H;R2=H; R3 =H; R4 = H; 5 = CH: Pscudalicorina s.o « 5 Tristaoridina FIGURA 3: Estruturas dos principais alcaloides isolados de espécies da família Amaryllidaceae obtidas das raízes de apenas duas espécies, V officinalis L. e V. wallichii DC. Ainda que as Valerianaceae apresentem iridoides estruturalmente semelhante aos compostos já citados, que, em sua ampla maioria, ocorrem na forma glicosilada, seus representantes são abundante fonte de outro grupo de iridoides, exclusivos da família, os valepotriatos. Valepotriatos são iridoides carbocíclicos não glicosilados e suas variações estruturais devem-se aos diferentes substituintes ácidos esterificados com os grupos hidroxila, à presença ou ausência de um grupo epóxido e ao número e posição das ligações duplas no núcleo princi- pal. Dividem-se em dois grupos principais: monoênicos e diênicos. Os valepotriatos monoênicos mais frequentes em espécies de Valeriana são diidrovaltrato e homodiidrovaltrato, enquanto que os diênicos são valtrato, isovaltrato, diavaltrato, acevaltrato e 1-b-acevaltrato. Esses com- postos são instáveis e sob influência de calor, umidade e acidez, decompõem-se produzindo ácidos livres e núcleos monoterpênicos. A hidrólise de valtrato e diidrovaltrato, por exemplo, durante o processo de secagem e armazenamento da planta, resulta na liberação de ácido valérico, responsável pelo odor característico das espécies de Valeriana. No Rio Grande do Sul, o gênero é representado por doze espécies. Dessas, nove foram analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência quanto ao conteúdo de valepotriatos, verificando-se que V g/echomifolia FG. Mey. é a espécie em que esses compostos estão pre- sentes em maior concentração (SILVA et a/, 2002). Dessa mesma espécie foram isolados os valepotriatos diênicos valtrato, diavaltrato, acevaltrato e 1-B-aceacevaltrato e os monoênicos diidrovaltrato e AHD-valtrato, além de diidrocornina, um iridoide carbocíclo glicosilado (SALLES et al, 2000). Esse vegetal foi cultivado in vitro, verificando-se que indivíduos micropropagados, bem como calos e células em suspensão mantiveram a capacidade biossintética, produzindo os mesmos valepotriatos encontrados na planta in natura (SALLES et a/, 2002; MAURMANN et al, 2006). As estruturas dos principais iridoides isolados estão apresentados na Figura 4. O0OC Ha COOCH3 OOH OH Vs Vs Ho: o O y HOH-C Gai OGii Ha OGiiApi Teviridosideo Ipolamideo 2'-apiosilgardenoside OGi Angelosideo Valtrato FIGURA 4: Estruturas dos principais iridoides isolados FARMACOGNOSIA oo w FARMACOGNOSIA o B Recentemente, Maurmann e colaboradores (2010) demonstraram que uma fração enriquecida em valepotriatos, obtida de V g/echomifolia, apresenta propriedades sedativa e ansiolítica e, além disso, prejudica a memória de reconhecimento em camundongos, sugerin- do um perfil de ação semelhante aos fármacos benzodiazepínicos. Porém, Salles (2010) verifi- cou que os valepotriatos não apresentam afinidade pelo receptor benzodiazepínico em cére- bro de ratos e também não se ligam ao receptor serotonérgico 5HT1a. Esses dados permitem dizer que os valepotriatos agem por um mecanismo de ação distinto dos ansiolíticos benzodiazepínicos e buspirona. Eles inibem a atividade da enzima Na+/K+ ATPase de homogenatos de rins e cérebro de ratos, atividade que pode estar relacionada com seu efeito sobre o Sistema Nervoso Central e, também, com a toxicidade já demonstrada para V glechomifolia (SALLES, 2010). Interessantemente, um extrato obtido por CO, supercrítico (pa- dronizado em valepotriatos) de Va/eriana glechomifolia apresentou atividade em um modelo animal para screening de antidepressivos (SALLES, 2010). PESQUISAS NA ÁREA DE FENÓIS Gênero Hypericum A partir de 1998, iniciou-se o estudo de espécies de Hypericum nativas do RS. Esse trabalho foi motivado pela ampla utilização de Aypericum perforatum L. em diversos países da Europa e EUA, movimentando milhões de dólares. Estima-se que a comercialização de fitoterápicos praparados a partir de extratos padronizados de 4. perforatum tenha tido um incremento de quase 4000% entre 1995 e1998. O gênero Aypericum pertence à família Guttiferae, a qual é formada por cerca de 1200 espécies, distribuídas em 50 gêneros de larga distribuição nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Dentre esses, Mypericum (subfamília Mypericoideae; tribo Hypericeae) abrange aproximadamente 450 espécies, acomodadas em mais de 30 diferentes seções taxonômicas, sendo também encontrado nas regiões temperadas do hemisfério norte. Do ponto de vista químico, as espécies de Mypericum se caracterizam pela produção de grande diversidade de compostos fenólicos abrangendo desde metabólitos amplamente distribuídos, como os derivados do ácido cinâmico, flavonoides e taninos, como também com- postos fenólicos de distribuição restrita, como naftodiantronas, xantonas, derivados de floroglucinol, benzopiranos e benzofenonas. Aproximadamente vinte espécies desse gênero têm ocorrência natural no Brasil e concentram-se, principalmente, na Região Sul do país. Algumas das espécies nativas do Rio Grande do Sul vêm sendo estudadas em nossos laboratórios, verificando-se a produção de compostos fenólicos como os benzopiranos 6-isobutiril-5,7-dimetóxi-2,2-dimetil-benzopirano (HP1), 7-hidróxi-6-isobutiril-5-metóxi-2,2-dimetil-benzopirano (HP2) e 5-hidróxi-6-isobutiril 7-metoxi-2,2-dimetil-benzopirano (HP3) de 4. po/yanthemum Klotzsch ex Reichardt (FERRAZ et al, 2001) e duas benzofenonas (carifenona A e carifernona B) de 4. carinatum Griseb. (BERNARDI et a/, 2005), todos de estruturas inéditas. Também vêm sendo isolados derivados diméricos de floroglucinol (FERRAZ et a/, 2002a; NÔR et aí, 2004), os quais foram apontados como marcadores químicos das seções onde estão acomodadas as espécies nativas. Taninos (DALLVAGNOL et aí, 2003), flavonoides e ácidos fenólicos (NUNES et a/, 2010) são abundantes nas espécies. Um dado interessante é a ausência das naftodiantronas de hipericina e derivados (FERRAZ et aí, 2002b), consideradas juntamente com hiperforina, as substâncias marcadoras químicas de 4. perforatum. Confirmando dados da literatura para outras espécies de Mypericum, as flores das espécies nativas mostraram abundância de compostos fenólicos, incluindo benzopiranos, derivados de floroglucinol e flavonoides (NÔR etal., 2008). As principais estrutu- ras isoladas estão apresentadas na Figura 5. o OoR' (HP1) R-CH; e R'=CH; “ (HP2)R-He R= CH; (HP3) R= CH; e R=H R o H H Ho. O. o º A Õ o. O OH Carifenona A CarifenonaB FIGURA 5: Estruturas dos principais benzopiranos isolados de espécies do gênero Hypericum. Além disso, alguns estudos biológicos vêm sendo realizados. Muitos extratos e frações vêm apresentando atividades interessantes, como antimicrobiana frente a bactérias e levedu- ras (DALLAGNOL et a/, 2003), antifúngica frente a alguns dermatófitos (FENNER et a/, 2005), antiviral, frente ao vírus da imunodeficiência felina FIV (SCHMITT et a/, 2001) e ao herpesvirus (FRITZ et aí, 2006) e antiproliferativa (FERRAZ et a/, 2005a). Muitas dessas atividades podem ser devidas, ao menos parcialmente, ao potencial antioxidante demonstrado por essas espécies, ricas em compostos fenólicos (BERNARDI et a/, 2008). Os extratos metanol bruto e hexano de 4. polyanthemum foram ativos frente ao carra- pato bovino, Ah/picefalus (Boophilus) microplus (RIBEIRO et a/, 2007). Essa atividade foi atribu- | FARMACOGNOSIA oo w FARMACOGNOSIA oo o sinalização celular monoaminérgica (VIANA, 2007). A possível ação sobre receptores serotonérgicos foi também demonstrada em nível periférico, em preparações de órgão isola- do (VIANA et aí, 2007). Foi demonstrado também que o tratamento com um extrato ciclo-hexano de 4. caprifoliatum atenua o aumento dos níveis séricos e cerebrais de corticosterona em camun- dongos submetidos ao estresse da natação forçada, um efeito diferente dos antidepressivos imipramina e bupropiona, visto que estes reduzem apenas os níveis séricos (VIANA et aí, 2008). Esses dados indicam que essa espécie atua também no eixo hipotálamo-pituitária- adrenal, considerado como um dos alvos biológicos para ação antidepressiva, mas, novamente, de uma forma distinta dos antidepressivos disponíveis na terapêutica. H. caprifoliatum também foi avaliado em modelos experimentais de indução de sono, ansiedade e convulsão, mas não apresentou atividade significativa (VIANA, 2002; VIANA et al, 2006). O estudo da espécie 4. polyanthemum (VIANA, 2007) resultou em pedidos de depósito de patente de uso dessa espécie (PI0900614-1.INPI; PCT: EP2010/0518116). Borsoi (2010) verificou que o extrato ciclo-nexano de 4. polyanthemum potencia os efeitos neurotóxicos de 6-hidroxidopamina em um modelo experimental de Parkinson. Por fim, o flavonoide hiperosídeo, abundante em várias espécies desse gênero, tam- bém apresenta atividade antidepressiva no modelo da natação forçada, mediada pela neurotransmissão dopaminérgica (HAAS, 2010). Atividade antinociceptiva de A caprifoliatume H. polyanthemum Extratos ciclo-hexano (ECH) e metanólico (MET) das partes aéreas de 4. caprifoliatum apresentaram efeito antinociceptivo em roedores. ECH foi ativo nos testes da placa aquecida e de contorções abdominais causadas por ácido acético. O efeito antinociceptivo de ECH no teste da placa aquecida foi prevenido com o pré-tratamento com naloxona (um antagonista opioide não seletivo). MET foi ativo apenas no teste da placa aquecida, e o pré-tratamento com naloxona preveniu parcialmente o efeito antinociceptivo do extrato administrado pela via intraperitoneal, mas não afetou a antinocicepção causada pelo tratamento pela via oral, indi- cando que o extrato contém pelo menos dois grupos de substâncias ativas, com distintos perfis farmacológicos (VIANA et aí, 2003). Um extrato ciclo-hexano das partes aéreas de H. polyanthemum (POL) também apre- sentou efeito antinociceptivo na placa quente, o qual foi prevenido pelo pré-tratamento com naloxona. Entretanto, os floroglucinóis majoritários presentes nessas espécies (HC1 e uliginosina) não inibiram a ligação da [H]-naloxona e também não modificaram a ligação de [ÉS]-GTPyS estimulada por DAMGO (agonista opioide), em cérebro de ratos (VIANA, 2007), indicando que eles não agem por uma ativação direta de receptores opioides. Por outro lado, Haas e colaboradores (2010) demonstraram que o benzopirano HP1, isolado de AH. polyanthemum apresentou atividade antinociceptiva em roedores bloqueada pela adminis- tração de naloxona. Estudos de cultivo in vitro Considerando-se o potencial desses vegetais, esforços estão sendo realizados visando obter biomassa produtora dos metabólitos de interesse. A espécie mais estudada até o mo- mento é H. polyanthemum. Esse vegetal foi micropropagado in vitro e posteriormente aclimatizado mantendo, após 45 dias de crescimento ex-vitro, a capacidade de sintetizar os benzopiranos (BERNARDI et aí, 2007b). Estudos subsequentes avaliaram o teor desses com- postos em plantas aclimatizadas, após seis meses de cultivo em campo, mostrando que A. polyanthemum pode ser eficientemente propagado e aclimatizado para produzir benzopiranos e outros compostos fenólicos (BERNARDI et aí, 2008b). Estudos avaliando efeito do tempo de cultivo e da fertilização na produção dos metabólitos de interesse também foram realizados com esse vegetal (NUNES et a/, 2009a; NUNES et a/, 2009b). Esses estudos de propagação de HM. polyanthemum estão sendo estendidos a outras espécies e recentemente avaliada para M. ternum a produção de compostos fenólicos em plântulas e indivíduos aclimatizados. Foi verifi- cado que os teores de alguns flavonoides e do derivado de floroglucinol uliginosina B foi supe- rior âqueles encontrados na planta in natura (PINHATTI et a/, 2010). Com o objetivo de alcançar maiores rendimentos no processo extrativo, as partes aére- as de H polyanthemum foram submetidas à extração com CO, supercrítico, utilizando-se dife- rentes temperaturas e pressões. Os experimentos mostraram que o método é bastante efici- ente, obtendo-se frações enriquecidas com altos teores dos compostos de interesse, confir- mando a seletividade do método (CARGNIN et aí, 2010). Efeitos ansiolítico, sedativo e tóxico de Passiflora alata Curtis (Passifloraceae) Dentre as espécies da flora nativa com interesse farmacêutico ricas em compostos fenólicos, especialmente flavonoides, destaca-se a Passiflora alata Curtis, empregada na medi- cina popular e pela indústria farmacêutica nacional para produção de fitoterápicos com indica- ção como sedativo. Além disso, é uma espécie inscrita na Farmacopeia Brasileira. Vários traba- lhos na literatura relatam a consituição química e a atividade de diferentes extratos em mode- los animais de sedação e ansiedade. Porém, não havia relatos sobre mecanismo de ação e estudos de toxicidade. A administração aguda, em camundongos, de um extrato aquoso nebulizado das partes aéreas de P alata, caracterizado em 2,6 % de flavonoides, provocou efeito hipnótico e hipotérmico, não sendo observados efeitos ansiolítico e sedativo. Quando avaliada em ratos, a administração aguda desse extrato, surpreendentemente, resultou em uma tendência a um FARMACOGNOSIA oo 15 FARMACOGNOSIA 19 S efeito ansiogênico, que foi confirmada após tratamento repetido (FENNER, 2006). Por outro lado, a administração aguda de um extrato hidroetanol, além do efeito hipnótico-sedativo, causou efeito do tipo ansiolítico no labirinto em cruz elevado, o qual foi bloqueado pela admi- nistração de flumazenil. Porém, esse extrato em concentrações até 1000 ug/mL não deslocou a ligação de [3H]-flunitrazepam. Esses dados indicam que o efeito ansiolítico é mediado pelo sítio benzodiazepínico, mas não pela interação direta das substâncias presentes no extrato com esse sítio (PROVENSI, 2007; PROVENSI et a/, 2008). O extrato aquoso liofilizado de 2 a/ata (2,6 % de flavonoides) foi também avaliado em testes de toxicidade aguda e de doses repetidas. Quando considerado letalidade, parâmetros bioquímicos, histológicos, hematológicos e sinais físicos gerais, o extrato apresentou uma toxicidade considerada baixa. No entanto, a administração de doses repetidas prejudicou o desenvolvimento ponderal de ratos, o que poderia representar um indício de toxicidade. Além disso, a administração aguda e repetida do extrato provocou aumento significativo no índice e frequência de dano no DNA em células de cérebro, fígado e sangue periférico e medula de camundongos avaliados no ensaio cometa alcalino e teste de micronúcleo (FENNER, 2006; BOEIRA et aí, 2010). ISOFLAVONAS DE LEGUMINOSAS Plantas da família das Leguminosas são de grande interesse comercial. Nesse universo, o fenômeno da fixação de nitrogênio atmosférico, verificado em espécies da família, tem des- pertado a curiosidade de cientistas há mais de três séculos. Malpighi, em 1679, já estudava nódulos em raízes. Diversos trabalhos sucederam até que, em 1886, Hellriegel sugeriu que as plantas poderiam assimilar nitrogênio atmosférico por intermédio de bactérias. Essa constatação é considerada uma das mais importantes descobertas das ciências biológicas do século XIX (QUISPEL, 1988; SCHILLING, 1988). A implicação dos flavonoides na simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico em trabalhos mais recentes sugere a importân- cia de estudos químicos em espécies da família, sobretudo as nativas de nosso País. O intuito de desenvolver esse tipo de análise baseia-se na contribuição que o estudo químico dessa família pode fornecer aos estudos ecológicos de interação planta microrganis- mos (sobretudo no processo de fixação de nitrogênio atmosférico). Investigamos Lupinus lanatus Benth., a partir do qual foram isoladas oito substâncias: citisosídeo, angustona A (essa isoflavona está descrita neste trabalho pela primeira vez em nódulos de Leguminosae), ramnosil- O-vitexina (inédito) e ramnosil-O-citisosídeo (inédito). Uma substância isolada de folhas demonstrou ser idêntica à outra, presente na flor (4-metóxi-5,7- dihidroxiflavona-8-Cglicosídeo). Esse tipo de estrutura é característica em lupinos americanos em aparece em grande quantidade, servindo como marcador taxonômico. Avaliada a atividade antioxidante pelo método da inativação do radical 2,2-difenil-1- encontrados em 7. riograndense devem servir de alerta para técnicos e produtores, para tomar medidas de manejo, evitando o pastoreio contínuo de fêmeas destinadas à reprodução, pois ainda não se sabe o real impacto que o teor elevado de isoflavonas causa aos animais. Considerando que os flavonoides em geral apresentam atividade antiinflamatória, o ex- trato das folhas de 7 riograndense foi submetido a dois ensaios. Um desses avaliou a atividade migratória de leucócitos tratados com extrato frente a agentes quimiotáxicos, enquanto outro determinou a atividade antiedematogênica pelo método do edema em pata de rato. Em ambos os ensaios, o extrato de 7 riograndense apresentou atividade significativa (DETTENBORN, 2009). Outro trabalho desenvolvido nesse tema foi o estudo químico de diferentes acessos de trevo-vermelho (7rifolium pratense L.) e atividades biológicas. 7. pratense (trevo-vermelho) é uma importante planta forrageira e contém as isoflavonas formononetina e biochanina A, e em menores concentrações daidzeína e genisteína. Recentemente, em 2009, essa espécie foi in- cluída na lista da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) que contém plantas medicinais com potencial de gerar produtos para serem produzidos e distribu- ídos pelo SUS. No mercado brasileiro, podemos encontrar um medicamento fitoterápico cons- tituído de extrato de trevo-vermelho, Climadil”, fabricado pela Marjan Ind. e Com. LTDA, e tem como indicação o alívio aos sintomas da menopausa. Mas é importante destacar que não exis- tem estudos de quantificação de isoflavonas em trevo-vermelho cultivados no Brasil. Para quantificar as isoflavonas em folhas e extrato seco de trevo-vermelho foi importan- te desenvolver um método de preparo da amostra que garantisse completa hidrólise das isoflavonas, pois essas se encontram no trevo-vermelho majoritariamente em forma de glicosídeos e malonato. O método cromatográfico desenvolvido e validado utilizou um tempo de análise de apenas 12 minutos, enquanto os métodos cromatográficos da literatura costu- mam apresentar mais de 30 minutos para analisar as mesmas quatro isoflavonas. Com a análise dos 77 acessos de trevo-vermelho e de uma população cultivada no Brasil, foi possível, a partir dos grupos formados, selecionar as plantas de maior interesse para a indústria farmacêutica, e selecionar as plantas para melhoramento genético, com finalidade de se obter uma população com elevados teores de isoflavonas e que se adaptasse bem às nossas condições de clima e solo. A diferença entre os teores das isoflavonas nos diferentes acessos pode ser atribuída a diferenças genéticas, uma vez que as plantas foram cultivadas nas mesmas condições (RAMOS et aí, 2008). Como atividade complementar, incluiram-se testes de atividade anti-inflamatória e de inibição da enzima acetilcolinesterase in vitro dos extratos. O ensaio in vitro (quimiotaxia) de extrato seco de trevo-vermelho reduziu, em todas as concentrações testadas, significativa- mente, a migração dos neutrófilos através da câmara de Boyden. No tratamento /n vivo (inibi- ção do edema em pata de rato) pode-se observar atividade antiedematogênica significativa. No teste da inibição da acetilcolinesterase, o extrato seco de trevo-vermelho não demonstrou atividade, mas esta falta de atividade pode ser devida ao teste ter sido desenvolvido in vitro, uma vez que outros trabalhos já demonstraram essa atividade para isoflavonas, em testes in vivo (RAMOS, 2010). As estruturas das pricipais isoflavonas isoladas estão representadas na Figura 7. FARMACOGNOSIA 10 vo FARMACOGNOSIA o E Ho, o. Ho, o. o óH o OH Daldzeina Genisteina o. HO, o. OH o o 'OCHa Biochanina A Formononetina oH O Angustona A Ramnosil.O-citisosideo HO Ramnosi-Oxitexina FIGURA 7: Estruturas das principais isoflavonas de espécies da família Leguminosae OH OH Citisosídeo PESQUISAS NA ÁREA DE ÓLEOS ESSENCIAIS Óleos essenciais são compostos voláteis de baixo peso molecular e representam im- portante matéria-prima para as indústrias farmacêutica e alimentícia. Essas substâncias com- preendem potentes princípios ativos responsáveis por diversas aplicações terapêuticas de plantas medicinais. A composição química de óleos voláteis pode variar amplamente, desde hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, até compostos com nitrogênio e enxofre, ocorrendo prevalência de uma ou duas delas, caracterizando, assim, o aroma das plantas. Entretanto, nem todas as essências apresentam odor agradável, represen- tando uma mistura complexa de compostos orgânicos voláteis, com até centenas de constitu- intes distintos, obtidos por diferentes técnicas de extração. Toda essa diversidade funcional, no entanto, pode ser agrupada em duas séries principais: a série aromática e a série terpênica. Os óleos voláteis não apresentam distribuição muito ampla no reino vegetal, sendo encontrados, em aproximadamente, 50 famílias. Dentre elas, Myrtaceae, Lamiaceae, Lauraceae, Gramineae e Asteraceae são bastante conhecidas por suas propriedades aromáticas relaciona- das a eles, e apresentam diversos representantes no estado do Rio Grande do Sul. Família Myrtaceae A família Myrtaceae, amplamente distribuída no Rio Grande do Sul, foi objeto de inves- tigações visando estabelecer a composição química dos óleos voláteis e potenciais atividades biológicas. As espécies pertencentes a essa família são popularmente utilizadas como antidiarreicas e prestigiadas por seus frutos comestíveis, apresentando predominância nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Essa família divide-se em duas subfamílias, Myrtoideae e Leptospermoideae, que se distinguem pelos frutos carnosos e folhas opostas na primeira e frutos secos e folhas alternas na segunda. No Brasil, todos os representantes nativos pertencem à subfamília Myrtoideae. Essa subfamília consiste de uma só tribo, Myrteae, que se divide em três subtribos, Eugeniinae, Myrciinae e Myrtinae. Dos 24 gêneros de Myrtaceae de ocorrência no Brasil (928 espécies) (SOBRAL et aí, 2010), dezoito estão representados no Rio Grande do Sul, sendo oito gêneros para a subtribo Eugeniinae, 5 para Myrciinae e 5 também para Myrtinae, compreendendo um total de 105 espécies, todas elas coletadas e analisadas (LIMBERGER, 1998; APEL, 2001; LIMBERGER, 2001). Subtribo Eugeniinae Para a subtribo Eugeniinae, 48 espécies distribuídas entre oito gêneros (Calycorectes, Eugenia, Hexachlamys, Myrcianthes, Myrciaria, Neomitranthes, Plinia e Siphoneugena) foram coletadas de diversas localidades do Estado (Tabela 1) e o óleo foi obtido das folhas frescas por hidrodestilação e analisado por cromatografia a gás acoplada a espectrômetro de massas. FARMACOGNOSIA 19 w
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