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Guias e Dicas
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Cartilha de Agroecologia, Notas de estudo de Agronomia

cartilha de Agroecologia

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 03/06/2010

rodrigo-rogerio-da-silva-6
rodrigo-rogerio-da-silva-6 🇧🇷

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Baixe Cartilha de Agroecologia e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! Ag ric ul tu ra F am ili ar , A gr oe co lo gi a e M er ca do No 2 20 08 EXPEDIENTE Projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar no Nordeste Representante da Fundação Konrad Adenauer Fortaleza: Anja Czymmeck Coordenadora Geral: Angela Küster Coordenador técnico: Jaime Ferré Martí Coordenadora administrativa: Pollyana Vieira Equipe técnica: Narciso Ferreira Mota, Nashira Mota e Pollyanna Quemel Cooperante do DED-Brasil: Thomas Jaeschke Estagiária: Ana Gabriela Bezerra Lima Elaboração de textos: Angela Küster, Jaime Ferré Martí, Nashira Remigio Mota, Pollyanna Quemel, Narciso Ferreira Mota Revisão e edição de texto: Maristela Crispim Projeto gráfico, capa e ilustrações: Fernando Lima Fotos: Arquivo Fundação Konrad Adenauer (exceto quando disposto em contrário) Jornalista responsável: Maristela Crispim (CE0095JP) Todos os direitos para a utilização desta cartilha são livres. Qualquer parte poderá ser utilizada ou reprodu- zida, desde que se mantenham todos os créditos e seu uso seja exclusivamente sem fins lucrativos. Disponível para download em www.agroecologia.inf.br Esta publicação foi realizada com apoio da União Européia(UE). O seu conteúdo não expressa necessariamente a opinião da UE. Capítulo 1 Agricultura familiar no Nordeste Capítulo 2 A construção do conhecimento e das práticas agroecológicas Capítulo 3 Passos para a transição agroecológica Capitulo 4 Práticas agroecológicas Capitulo 5 Quintal produtivo Capitulo 6 Agrofloresta 06 13 17 22 36 43 SUMÁRIO 6 Recentemente a agricultura familiar passou a ser reconhecida como fator social e eco-nômico importante, tanto no Brasil quanto no Nordeste. Durante séculos as populações indígenas foram aculturadas e suas práticas de cultivo, que imitavam a natureza, foram ignoradas. A agricultura era toda voltada para a exportação de matéria-prima – como açúcar e café – desde a colonização. Nas fazendas, os escravos só tinham direito a plantar para a sub- sistência. Assim, a agricultura familiar foi considerada apenas para subsistência. Mas foi esta agricultura que garantiu a sobrevivência das famílias, inclusive no semi-árido. Ao longo dos séculos muitas fa- mílias foram expulsas das suas terras, afastadas para outras pouco cultiváveis ou atraídas para outras regiões. Pro- curaram serviços como trabalhadores rurais nas fazendas. Outros tantos migraram para as cidades, con- tribuindo para a construção dos grandes centros industriais no Sul e Sudeste ou foram povoar as vastas regiões da Amazônia. Ca pí tu lo 1 Ag ric ul tu ra fa m ili ar no N or de st e Agricultura de subsistência 7 O Nordeste é caracterizado pela “Casa Grande e Senza-la”, com relações específicas entre os donos do poder e seus su- bordinados, que dependiam uns dos outros. A falta de informações e edu- cação, tanto quanto as barreiras para a organização do povo, eram estraté- gias para manter a ordem, geralmente através da violência e do medo. A resis- tência de alguns povos indígenas, escra- vos fugitivos ou outros grupos, como os cangaceiros – uma mistura de bandidos e guerrilheiros – iniciaram a formação dos primeiros movimentos sociais contra a dominação e exploração. Alguns movimentos ganharam destaque. Canudos (1893-1897), na Bahia, liderado por Antônio Con- selheiro, foi eternizado nos “Gran- des Sertões” de Euclides da Cunha. O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (1926 - 1937), iniciado pelo beato José Lourenço, na Região do Cariri cearen- se, foi outro movimento importante. Es- tas duas experiências de revoluções sociais nordestinas foram prontamente combatidas porque mostraram uma forma de organização igualitária e independente. Os Quilombos eram outras formas de resistên- cia, que mantiveram fortalecidas as raízes africa- nas que permanecem até hoje nas comunidades quilombolas. Os movimentos sociais impulsionam a reforma agrária para a (re)distribuição da terra para que agricultores e agricultoras familiares possam dela ti- rar sua sobrevivência. O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto foi um dos movimentos messiânicos que surgiu nas terras do Crato, Ceará. A co- munidade era liderada pelo paraibano de Pilões de Dentro, José Lourenço Go- mes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço. No Caldeirão, os romeiros e imigrantes trabalhavam todos em favor da comuni- dade e recebiam uma quota da produ- ção. A comunidade era pautada no tra- balho, na igualdade e na religião. Movimentos sociais no Nordeste 10 Em resposta a esses impactos – sociais e am-bientais – foram surgindo ou se fortalecendo vários movimentos no mundo inteiro, que se voltaram para práticas agrícolas baseadas na natu- reza. Podemos citar as agriculturas orgânica, biodi- nâmica, natural e regenerativa, entre outras, que defendem alternativas ao modelo convencional de produção industrializada dos alimentos. Os olhares dos movimentos e organizações so- ciais se voltaram para as áreas rurais, onde encon- traram saberes dos povos tradicionais remanescen- tes, que se mostram auto-sustentáveis nas pequenas áreas que lhes restaram. Cientistas de várias áreas, como agrônomos, antropólogos, sociólogos e eco- nomistas, descobriram que nas formas de vida con- sideradas “atrasadas” existem, na verdade, modelos de organização social adaptados ao seu meio am- biente, vivendo com – e não contra – a natureza. A Agroecologia nasceu como proposta de reunir todos estes esforços na procura da sustentabilidade, não só da agricultura familiar, mas da vida humana neste planeta. O surgimento de outro modelo de desenvolvimento rural AGRICULTURA FAMILIAR 84% da produção de mandioca 31% da produção de arroz 49% da produção de milho 67% da produção de feijão 40% da produção de aves e ovos 59% da produção de suínos 52% da produção de leite 25% da produção de café 11 Nos últimos anos, a agricultura familiar ga-nhou reconhecimento na sociedade e nas políticas públicas, sendo responsável pela produção de 50% dos alimentos básicos, com quali- dade, garantindo soberania e segurança alimentar ao povo brasileiro. O apoio dos governos aos agriculto- res familiares aumentou, principalmente do Governo Federal, através do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). De 2002 para 2008 os recursos destinados para agricultura familiar aumentaram cinco vezes, grande parte deste investimento veio em forma de crédito no Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) ou como investimento na extensão rural e assistên- cia técnica. No incentivo à comercialização houve avanços com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que permite a compra de produtos da agricul- tura familiar para a merenda escolar da rede pública de ensino ou outras instituições públicas, pela Com- panhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Também houve avanços na reforma agrária. No Nordeste existe um número crescente de assenta- mentos federais e estaduais, que recebem assistên- cia técnica e apoio através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Fique de olho no orçamento públi- co. Nas páginas www.transparen- cia.gov.br é possível acessar tudo que é previsto e o que foi gasto no seu município, no Estado ou pelo Governo Federal. Se organizar com outros para pensar em ações e par- ticipação é seu direito! Características principais da agricultura familiar: 1. Os empreendimentos são ad- ministrados pela própria família 2. Neles o trabalho familiar é su- perior ao trabalho contratado Atualmente são 85% dos estabe- lecimentos agropecuários que se enquadram nesses critérios, ou seja, tudo que não é latifúndio é agricultura familiar A agricultura familiar ganha importância política REGIÃO ESTABELECIMENTOS ÁREA VALOR BRUTO DAPRODUÇÃO FINANCIAMENTO TOTAL Nordeste Centro Oeste Norte Sudeste Sul Brasil 49,7% 3,9% 9,2% 15,3% 21,9% 100% 31,6% 12,7% 20,3% 17,4% 18,0% 100% 16,7% 6,2% 7,5% 22,3% 47,3% 100% 14,3% 10,0% 5,4% 15,3% 55,0% 100% 12 Participação percentual das regiões no número de estabelecimentos, área, valor bruto da produção e financiamento total destinado aos agri- cultores familiares. Fonte: IBGE A região apresenta as menores rendas médias por estabelecimento, sendo também sua área mé- dia a menor do País. Sendo a grande maioria dos estabelecimentos nordestinos enquadrados na agri- cultura familiar (88,3%). Detêm 43,5% da área da região, geram aproximadamente o mesmo percen- tual do valor bruto da produção (43,5%) e capturam 26,8% do financiamento total. Debate: a agricultura familiar deve produzir energia usando plantas e sementes? Utilizar alimentos para produzir combustível poderia desencadear uma grave crise humanitária, idéia a princípio ignorada, mas a pou- ca oferta de alimentos leva a esses questionamentos: a produção de etanol e biocombustíveis em larga escala pode mesmo potencializar a fome? A agricultura familiar do Nor- deste tem estrutura para produzir combustível? Considerando, que parte da produção de alimentos da agricultura familiar é consumida na propriedade, como ficaria a segu- rança alimentar das famílias? 15 Durante séculos da evolução os sistemas cul-turais e biológicos se adaptaram às condi-ções locais. Mesmo sob condições ambien- tais adversas foram desenvolvidos sistemas agrícolas complexos, sem uso de mecanização, fertilizantes ou pesticidas. Em torno de 60% da área agrícola no mun- do é ainda cultivada com base em métodos tradicio- nais, segundo Altieri (2002). Das diferentes formas e práticas agrícolas se podem tirar princípios importantes para otimizar a produtividade em longo prazo, cuidan- do do meio ambiente, com insumos e energia de fon- tes locais, ao invés de maximizá-la em curto prazo. Alguns princípios e processos são: Organização das comunidades: fortaleci- mento das comunidades rurais e urbanas através da conscientização política e ecológica para a produção sustentável e o consumo consciente. Modelos de cultivos múltiplos: a diversidade assegura a produção constante de alimentos e uma cobertura vegetal para a proteção do solo. Os dife- rentes períodos de plantio e colheita garantem uma dieta variada durante o ano e oportunidades de co- mercialização justa e solidária. Uso eficiente do espaço e dos recursos: o con- sórcio de plantas de diferentes tamanhos e raízes me- lhoram o uso de nutrientes, água e sol. Sistemas agro- florestais, por exemplo, permitem o cultivo sob as copas das árvores, dependendo das espécies e do manejo. Conservação do solo: os agricultores adotam sistemas de pousio ou rotação de culturas – incluindo leguminosas – para manter os nutrientes no solo, apro- veitando também esterco, forragem ou composto. Adaptação de cultivos a áreas de secas ou chuvas: a disponibilidade de água é determinante para o cultivo das espécies, que podem ser tolerantes à seca – como o feijão guandu, batata doce, mandioca, milho ou sorgo – portanto precisa-se trabalhar a cobertura do solo para evitar a evaporação e o escoamento super- ficial da terra levando o solo. Para áreas alagadas são adequadas culturas como arroz e os esforços se con- centram na integração entre agricultura e aqüicultura. Aprendendo com a agricultura tradicional Estes princípios oferecem diversas vantagens, como: Proteção: mais eficiente contra as cha- madas pragas, pois a diversidade dimi- nui o ataque e, conseqüentemente, o aparecimento de doenças também re- duz. As plantações oferecem uma gama de indivíduos e também têm mais inimi- gos naturais. O solo fica mais protegido e com maior disponibilidade de água. Produtividade: maior por hectare do que na monocultura, uma vez que o plantio consorciado de plantas com- panheiras possibilita ganhos no rendi- mento do solo e da biomassa. Disponibilidade de nutrientes: uso eficiente da luz e da água pelas plantas, contrabalanceando, aumentando a dis- ponibilidade de nitrogênio. Perdas da produção: reduzidas nos po- licultivos, com culturas que compensam perdas e danos sofridos em outras. Na sua comunidade se praticam al- guns desses princípios ou existem características das agriculturas tra- dicionais mencionadas? 16 Agricultores e agricultoras familiares têm aberto espaço para estas idéias, contri-buindo de forma decisiva para a constru- ção de experiências com as antigas práticas adap- tadas aos diferentes lugares aonde os sistemas agroecológicos vêm sendo implantados. A agricultura familiar oferece uma estrutura ideal para as práticas agroecológicas, com sua produção em pequena escala, valorizando o trabalho manual, minimizando o mecanizado. O núcleo da família ofe- rece a oportunidade de estabelecer relações justas, quando consideram a igualdade no gênero e entre as gerações. A organização em associações ou coo- perativas se opõe ao modelo patronal e empresarial predominante que levou à exploração dos trabalha- dores e trabalhadoras rurais. O processo de transição agroecológica se baseia na troca de saberes e experiências nos âmbitos fami- liar, comunitário, da organização popular, dos movi- mentos sociais, governos, agentes financeiros e orga- nizações não-governamentais (ONGs) na construção do conhecimento agroecológico e das suas práticas. Deve-se compreendê-las como potencial para os processos de desenvolvimento rural sustentá- vel, com o objetivo de apoiar a transição dos atuais modelos da agricultura chamada convencional para modelos de agriculturas sustentáveis. Para tanto, seus princípios e conceitos devem ser aplicados no manejo e redesenho dos agroecossistemas. Curiosidade Agroecossistemas são considerados uni- dades produtivas que incluem diferentes espécies de formas de vida (microrganis- mos, plantas e animais), onde ocorrem as inúmeras cadeias alimentares (quem come quem e é comido por quem), bem como a ciclagem de materiais (elemen- tos e substâncias que fazem parte da terra e dos organismos vivos), tudo inte- ragindo entre si e com o meio ambiente com a função claramente definida para a agricultura. As práticas agroecológicas mudam a vida de agricultores e agricultoras Para o casal Zezão e Zildene, agricul- tores da comunidade Zé do Lago (Ita- pipoca), a experiência com Agroeco- logia trouxe muitas melhorias para a qualidade de vida da família. “A prática agroecológica permitiu que a gente aprendesse muito, minha família e meus irmãos, são conscientes graças ao nosso trabalho”, diz Zezão. Agricultura familiar e Agroecologia Desenvolvimento de pequenas propriedades EXPLICAÇÃO Melhor qualidade do produto ecológico Melhor preço dos produtos ecológicos Comercializar os produtos diretamente Economia de insumos e menor custo de produção Cuidado com a saúde, não se expondo aos venenos e preservar animais e plantas para ter maior equilíbrio ecológico Valorização do trabalho, melhoria da auto-estima Produzir alimentos de melhor qualidade para consumo Cuidado com o meio ambiente Trabalho em grupo familiar e coletivo MOTIVOS Produtividade sustentável Viabilidade econômica Valorização das cadeias produtivas Sistemas de produção mista Controle biológico Satisfação das necessidades locais Auto-suficiência alimentar Regeneração dos recursos naturais 17 Para iniciar o processo de transição agroecológi-ca é necessário atenção, dedicação e força de vontade. Isso implica também na disposição de mudar certos hábitos “culturais” de cultivo, comporta- mentos e formas de convívio. A transição agroecológica pode ser vista como uma caminhada que começa com o primeiro passo, obser- vando a realidade atual da propriedade: Quais são as plantas nativas (ervas, arbustos, árvores...) existentes? Quais são as culturas na propriedade e como se comportam? Qual é o rendimento de cada cultivo por ano? Quanto gasta com insumos? Quanto tempo é gasto com o trabalho? Como está o solo? Aparecem doenças? Há ataque de pragas? Quais são? O planejamento deve ser feito de acordo com os ob- jetivos da família, que precisam ser identificados para atingir as metas no sistema de produção sustentável. Portanto, há passos primordiais para os bons resultados do diagnóstico que são: observar, compreender, de- cidir, agir e monitorar na busca do desenvolvimen- to da propriedade. A partir daí, a caminhada deve ser constante, elencando claros motivos e explicações para permanecer na transição agroecológica. Ca pí tu lo 3 Pa ss os p ar a a tra ns içã o ag ro ec ol óg ica O diagnóstico da propriedade Casa com quintal produtivo Quintal produtivo 20 A propriedade familiar é composta por di-versas partes, chamadas de “sistemas de produção”, que se complementam para formar um todo integrado. Estes sistemas se ligam através da interação dos processos produtivos em uma propriedade, ou seja, na integração de siste- mas produtivos menores, que podem dar suporte um ao outro. O objetivo dessa integração é alcançar a susten- tabilidade da propriedade, criando um ambiente que favoreça a qualidade ambiental, a saúde humana e animal, conseguindo também uma menor dependên- cia dos insumos externos. Tudo consiste em identificar as estratégias acertadas para garantir o papel chave de cada sistema dentro da unidade produtiva. Os subsistemas mais comuns existentes numa propriedade familiar são: A casa: faz parte da propriedade e é importan- te observar a sua posição estratégica. O que entra nela e o que sai dela? Como está o acesso à água e energia? Tem esgoto? Como é tratado o lixo? Com a otimização do ciclo no qual a casa se encerra, fica mais fácil abastecê-la com alimentos. Interessante também é que os resíduos devem ser aproveitados na produção e nada se perde. O quintal produtivo: o espaço ao redor da casa é ideal para produzir uma variedade de alimentos para abastecer a família. Podem ser ervas de tempero ou medicinais, como malva santa, capim santo e hortelã; hortaliças, como alface, pimentões, tomates; e verdu- ras, como cenouras, batatas e cebolas; bem como fru- tos, como laranja, manga e banana, ficando tudo de fácil acesso para usar na cozinha. Enfim, o quintal pode garantir autonomia no que se refere à alimentação. O pomar também não deve ficar muito longe da casa, encurtando os caminhos para buscar os alimentos. As árvores precisam de material orgâni- Integração dos sistemas produtivos na propriedade familiar Você já parou pra observar as espécies de plantas ao redor de sua propriedade e pro- curou saber de sua importância no local e possibilidades de aproveitá-las? Roçado diversificado e mata Criação de pequenos animais 21 co para seu alimento, como as folhas que caem e devem ser preservadas junto às raízes. A maioria das árvores – no caso das maiores, como jaquei- ras ou mangueiras – pode ser plantada no fundo do quintal. O roçado diversificado e a mata: os sis- temas agroecológicos correspondem a estratégias de se construir o espaço e se manejar a floresta. Deve-se plantar o maior número possível de espé- cies no roçado e também manter as que se encon- tram no local. A presença da mata nas redondezas da propriedade permite ao agricultor fazer a cole- ta de produtos da natureza, como os madeireiros, sementes, cipós e outros, além de abrigar insetos que atuarão de forma biológica na área, evitando o ataque de pragas e animais que ajudarão na di- nâmica do sistema como um todo. A criação de pequenos animais: a criação de caprinos, ovinos, suínos, coelhos, aves, abe- lhas ou peixes não precisa de grandes áreas para exploração e são importantes para complementar o sistema. É fonte de nutrientes e seus subprodu- tos são bem aproveitados na propriedade, como o esterco. Além do mais representa interessante fonte de renda alternativa para a família, princi- palmente a criação de abelhas, tendo o mel como alimento. A unidade de beneficiamento: a transfor- mação dos produtos agrícolas de origem vegetal e animal adiciona valor aos produtos e pode fortale- cer as relações familiares na divisão das tarefas. Um exemplo disso é a produção de queijos ou do- ces a partir dos produtos disponíveis. Atividades não agrícolas: podem ser inte- gradas de forma dinâmica na produção da unidade familiar, como vassouras, artesanatos de barro, de palhas, casca de coco, labirinto, renda, bordado, pintura em tecido, crochê e tapeçaria, dependen- do das habilidades e dos recursos disponíveis. Para se alcançar a sustentabilidade da proprie- dade familiar é fundamental perceber o potencial existente e aproveitar este de uma forma que pos- sa dar um sustento a toda família, com o ideal de que uma atividade alimente e facilite a outra, e assim por diante, para que o sistema seja o mais independente e dinâmico possível. 22 O solo é um organismo no qual ocorrem processos vivos e dinâmicos, essenciais à saúde das plantas. A sua ecologia nos leva ao mundo de milhões de microorganismos que reagem entre eles. Um solo saudável depende dos nutrientes (macro e micronutrientes), da porosida- de, do potencial hidrogeniônico (pH), da salinidade e da umidade, precisando de um equilíbrio adequado para a manutenção da microvida que servirá de ali- mentação para as plantas e animais. Características de um solo em seu estado natural. Física Capacidade de retenção de água, taxa de infil- tração, profundidade do solo, horizontes, textura, densidade, estabilidade dos agregados, dispersão de argilas e porosidade. Química Disponibilidade de nutrientes, condutividade elétrica (salinidade), sódio, Potencial hidrogeniônico (ph), capacidade de troca catiônica e aniônica Biológica Matéria orgânica do solo, Biomassa microbiana do solo, respiração/biomassa (CO2), N mineralizá- vel (lábil), C orgânico lábil (0,5-2 mm), respiração no solo, crescimento de vegetação e da cobertura, presença de minhocas e outros representantes da fauna e flora do solo e população de fitopatógenos O manejo ecológico do solo tem como princípio a sua preservação através de técnicas de cultivo que evitam as erosões, bem como a sua nutrição através da adubação com matéria orgânica e ciclagem de nutrientes. Ca pí tu lo 4 Pr át ica s ag ro ec ol óg ica s O manejo ecológico do solo 25 Potencial hidrogeniônico (pH) do solo O pH permite escolher a cultura mais correta para cada terreno. Ele indica se o solo é ácido, neutro ou básico, além de favorecer o controle de qualidade. Esta característica do solo pode ser identificada pela exis- tência de plantas espontâneas indicadoras da qualida- de do solo, como por exemplo, a tiririca, ou “barba de bode” (Cyperus rotundus) e a azedinha (Oxalis oxyp- tera), muito comuns em solos ácidos e as hortênsias (Hydrangea macrophylla) que podem indicar solo bási- co quandosuas flores se paresentarem rosadas. O ideal é que seja feita a análise de amostras do solo num laboratório de manejo de solo, onde se tem resultados mais precisos. O custo não é alto e facilita a correção no caso de acidez. Cobertura do solo Essa prática tem como objetivo de manter a umidade e temperatura do solo em níveis ótimos, evitando a erosão pelo vento, pela chuva e resseca- mento pelo sol. Um solo coberto e mais úmido favo- rece a existência de microorganismos e de minhocas, que são importantes para a respiração do solo, pela formação de caminhos; e os seus dejetos fornecem minerais. Recomenda-se, como medida paliativa para o solo com elevada acidez, a cala- gem, ou seja, adição de calcário ao solo. A quantidade depende do pH e deve ser realizada pelo menos dois meses antes do plantio. Quando a quantidade de cal- cário for superior a 4 t / ha, é melhor divi- dir a aplicação. Use para a cobertura do solo a palha de carnaúba, palhada do milho, cascas de arroz, bagaços de cana, fibras do coco ou outras palhas disponíveis. Terra preta A terra preta arqueológica ou terra preta, encontrada na Amazônia, está derruban- do o mito de que os solos da região são pobres e impróprios para a agricultura. A descoberta é a chave do desenvolvimen- to da agricultura sustentável nos trópi- cos. Uma hipótese é que a alta fertilidade deva-se ao acúmulo de material orgâ- nico desde a pré-história. O resultado é matéria orgânica estável, formando mi- croecossistemas auto-sustentáveis, que não se exaurem facilmente. 26 Rotação de culturas A alternância entre as culturas evita o des-gaste do solo com monoculturas, contri-buindo para a conservação dos nutrientes pela utilização de plantas com diferentes processos de crescimento, tipos de raízes e com funções e ne- cessidades diversas. Consórcios entre culturas Plantas companheiras de famílias diferentes fa- vorecem a produção pela riqueza de interações. Elas podem ser arranjadas de formas diversas, tornando até o manejo mais fácil. Os consórcios mais comuns são os de leguminosas com gramíneas. Plantio em nível O plantio em nível é importante para a preser- vação da estrutura do solo, principalmente em áreas de declive runoff, evitando enxurradas, que favore- cem a erosão. Esta técnica segue as linhas naturais de nível da terra (topográficas). Nesse caso, além das culturas anuais, é possível plantar árvores e ar- bustos que permitem a infiltração da água, evitando o escoamento superficial. Dê preferência a plantas nativas e adap- tadas ao semi-árido, como o feijão de cor- da, feijão guandu, algaroba, umbuzeiro, mandacaru, palma, maniçoba, marmelei- ro, leucena e sorgo, que sobrevivem me- lhor a longos períodos de estiagem. Áreas com declive inferior a 45° devem ser plantadas em nível, utilizando cor- dões de rochas, patamares. O runoff é o escoamento superficial pro- duzido em função do tipo de superfície. Técnicas de plantio 27 Plantio na palha Pode ser feito principalmente com espécies legu- minosas e gramíneas, que crescem rápido e produ- zem biomassa abundante. Entre as vantagens, con- serva a produtividade do solo, impedindo a perda de umidade; protege contra a erosão, contra o aqueci- mento e proporciona colheitas elevadas. As palhas mais comuns no meio rural são as de cereais e capim roçado. Para o plantio, essa camada deve apresentar de cinco a sete centímetros de espessura, para que o solo não resseque demais. Cercas vivas Cercas vivas e quebra-ventos podem ser feitos com plantas como mandacaru, xiquexique, facheiro, macambira, leucena, sansão-do-campo, sabiá, den- tre outras para demarcar os limites da propriedade ou das áreas de plantio. Ao mesmo tempo em que evitam gastos com arame, estacas e mourões, estas cercas têm uma função de quebra-ventos, protegen- do as plantas contra o vento, que seca mais que o sol, atuando também à noite. Sabendo o sentido do vento, basta plan- tar uma ou mais faixas de árvores, arbus- tos ou outras plantas em direção oposta e que seja maior do que a cultura. Produção de mudas Produzir as próprias mudas ajuda a minimizar os custos de produção. Elas podem ser preparadas a partir das sementes ou vegetativamente, com partes das plantas. Na época das chuvas o plantio das mudas é mais fácil. Em outras épocas, se pode plantar em horários de temperaturas mais amenas e com todo cuidado na rega. Enxertia A criação de mudas através de própria planta é simples. A técnica consiste em juntar partes de duas plantas ou mais de modo que, através da regene- ração dos tecidos, a combinação atinja a união ple- na, permitindo que continuem seu desenvolvimento numa planta única. Quando o enxerto consiste de apenas uma única gema, o processo é chamado de borbulhia. As principais formas desta técnica são a encostia e enxerto destacado, onde enxerto e porta- enxerto acham-se ligados à planta-mãe e onde so- mente o cavalo fornece as raízes, respectivamente. As técnicas de enxertia compreendem a garfagem, borbulhia e encostia. Controle biológico Nos sistemas agroecológicos tem que haver uma interação entre insetos e plantas, de forma que os insetos não ataquem os cultivos, se tornando “pra- gas”. Para tanto, é necessário conhecer o seu habitat natural, que precisa ser preservado, estabelecendo um equilíbrio entre predadores, parasitas e plantas. Ou podem ser usadas bactérias, vírus, ou fungos naturais que atacam os outros, para evitar pragas. Quadro de animais benéficos no controle biológico Animal Controle Centopéias Pragas do solo Pássaros Pernilongos, lesmas, lagartas e pulgões Joaninhas Pulgões e cochonilhas Rãs/sapos Besouros, mosquitos calangos e larvas Aranhas Diversos insetos Abelhas Promovem a biodiversidade (polinização) e com isso um equilíbrio ambiental As cercas verdes e as faixas homeostá- ticas também proporcionam um con- trole biológico, pois servem de abrigo para animais. 30 Na aplicação de defensivos naturais, faça um registro dos resultados. Isso ajuda a melhorar cada vez mais a efici- ência no uso dos diversos defensivos. Mudas 31 Defensivos naturais Quando o sistema está desequilibrado e os in- setos e doenças atacam as plantações, as perdas podem ser irreparáveis. Nestes casos podem ser usados defensivos que agem nas plantas de forma natural. Estes são preparados a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio ambien- te e com eficiência no combate a insetos ou microor- ganismos nocivos às plantas. Os defensivos naturais têm um custo reduzido, podem ser feitos a partir de plantas e substâncias disponíveis na propriedade e são de simples aplicação e manejo. Biofertilizantes Os produtos para fortificar as plantas também podem ser preparados com baixo custo. O preparo da mistura de estercos com folhas de plantas medici- nais e outros elementos com ações nutritivas, como as cinzas, pós de rocha, urina de vaca ou até micro- nutrientes deixam as plantas mais saudáveis e resis- tentes contra pragas. Os mais utilizados são o agro- bio, os efluentes do biodigestor e o supermagro. O agrobio é produzido a partir de esterco bovino fresco, água, melaço e sais minerais em recipien- tes abertos cujo efeito nutricional e de controle de doenças é considerado muito eficaz, de acordo com várias experiências comprovadas. É utilizado nas fo- lhas, principalmente em hortaliças. O biodigestor é o equipamento onde se faz o tra- tamento de dejetos, para produção do biogás. O lí- quido (efluente) produzido pelo processo natural da fermentação é utilizado como solução nutritiva, po- dendo ser adicionado diretamente ao solo. Receita do supermagro enriqueci- do com minerais Ingredientes 30 kg de esterco fresco de vaca 2 kg de sulfato de zinco 2 kg de sulfato de magnésio 0,3 kg de sulfato de manganês, cobre e ferro 0,05 kg de sulfato de cobalto 0,1 kg de molibdato de sódio 1,5 kg de bórax 2 kg de cloreto de cálcio 2,6 kg de fosfato natural 1,3 kg de cinza 27 litros de leite (podendo ser soro de leite) 18 litros de melado de cana (ou 36 de cal- do de cana) Preparo Misturar todos os minerais, obtendo, as- sim, 12,45 kg de mistura. No dia primeiro do mês, colocar os 30 kg do esterco, mis- turar a 3 litros de leite, 2 de melado e 60 litros de água limpa, deixando fermentar em local isento de sol e chuva. Nos dias 4, 7, 10, 16, 19 e 22 acrescentar 3 litros de leite e 2 litros de melado. Repetir isso até o dia 25 do mês que é quando deve ser colocado o resto da mistura mais o leite e o melado. Depois de 10 a 15 dias, peneirar e utilizar. Recomendações de uso No caso do milho, pulverizar as sementes com apenas 10% da solução preparada, dei- xando-as secar à sombra e, posteriormente, fazer o plantio. No tomate, utiliza-se de oito a dez tratamentos, a 5% durante o ciclo. 32 Caldas As caldas agem beneficamente sobre o metabo- lismo das plantas, ajudando a aumentar sua resis- tência às pragas. As mais usadas são a bordalesa, viçosa e sulfocálcica, que são indicadas para doen- ças como rubelose, gomose, ferrugem, podridão, fungos, ácaros e pragas (vaquinhas, cigarrinhas e tripes). Calda bordalesa Para o controle e prevenção de doenças cau- sadas principalmente por fungos, como míldio e as manchas nas folhas. Usando um vasilhame de plás- tico, cimento ou madeira, disolva 200g de sulfato de cobre, enrolado num pano em 5 litros de água mor- na. Em outro vasilhame, dissolva 200g de cal virgem em 15 litros de água. Misture o sulfato na cal (nunca o contrário), mexendo sempre. Para saber se está pronta, basta mergulhar uma faca ou colher de aço durante três minutos, se escurecer ainda está ácida, devendo acrescentar mais cal. Calda viçosa Sua utilização é mais ampla, servindo para vá- rias doenças, como o míldio e mancha foliar em hor- taliças, antracnose em frutíferas da família cucur- bitácea, alternaria e requeima em tomateiro. Em culturas perenes, protege satisfatoriamente de do- enças causadas por fungos. Em um balde, coloque 10 litros de água para dissolver 40g de ácido bórico, 200g de sulfato de cobre, 40g de sulfato de zinco e 120g de sulfato de magnésio. Em outro recipiente misture 104g de cal hidratada a 10 litros de água. Pegue a primeira mis- tura e despeje no leite de cal. Deve ser coado antes da aplicação. Recomendações para bordalesa e viçosa Para as culturas perenes, fazer a pulverização nas folhas de 15 em 15 dias, assim que for observa- da a manifestação da doença. Para hortaliças, usar nas folhas quinzenalmente, como forma preventiva. Minerais Permanganato de potássio e cal Para controle de míldio e oídio, dilua 125g de Permanganato de Potássio (KMnO4) e 1Kg de cal virgem, separadamente, em água morna. Mistu- re as soluções, completando com água, até obter 100 litros. Requisitos para o uso rotineiro das caldas: o sulfato deve apresentar 98% de pu- reza e a cal não conter menos que 25% de CaO – óxido de cálcio. Usar logo após o preparo. Aplicar somente du- rante o dia e com o tempo seco. Usar o equipamento de proteção individu- al (EPI). Não descartar os excedentes em nascentes, açudes, cursos d’água. E obedecer aos intervalos de 15 a 20 dias entre as aplicações. Forno Solar Desidratador Solar 35 As fontes renováveis de energia têm gran-des potencialidades no meio rural do Nor-deste. O sol, a terra, o vento, o clima e as atividades econômicas hoje disseminadas são favo- ráveis para o uso de tecnologias apropriadas que po- dem impulsionar a economia local, preservar o meio ambiente e levar qualidade de vida para as famílias sertanejas. Algumas tecnologias desenvolvidas para esses objetivos são: Fogão e forno solar Usando os fogões e fornos solares, é possível economizar 55% da madeira. As temperaturas ob- tidas num fogão solar parabólico são de 350 °C, suficiente para o cozimento de alimentos. O fogão de caixa quente só chega, no máximo, a 150 °C. Fogão ecoeficiente A partir da queima eficiente da lenha, este fogão reduz o consumo de biomassa e livra as famílias das doenças causadas pela fumaça no ambiente doméstico Desidratador solar Com o aproveitamento do calor do sol, desidrata frutas sem o uso de combustível. Biodigestor A partir de esterco e água, este equipamento produz biofertilizante e gás que pode ser utilizado como combustível. Usina de produção de biocombustível Envolve o processamento de sementes de olea- ginosas como mamona ou pinhão manso, produção de óleo vegetal in natura e o processo de transeste- rificação para produção de biodiesel. Sistema fotovoltaico Transforma energia solar em energia elétrica. Pode ser usado para eletrificar cercas ou como al- ternativa de fornecimento de eletricidade e bombea- mento de água para vários fins. Cataventos Transforma a energia gerada pelos ventos em trabalho, podendo ser aproveitado para o bombea- mento de água ou energia elétrica, com os aeroge- radores. Energias renováveis 36 Os quintais caseiros são sistemas que in-tegram vários subsistemas, como jardim, hortas, plantas medicinais e a criação de pequenos animais, complementados com a compos- tagem e adubação orgânica. Para iniciar um quintal produtivo deve ser feita inicialmente uma leitura do espaço e de suas possi- bilidades de uso, com identificação das plantas úteis já presentes, das ervas nativas e dos animais que podem ser criados, do solo e da água disponíveis. As possibilidades de combinar as várias espécies são infinitas e dependem do gosto e das necessida- des de cada família, como plantas para enriquecer o sabor e o valor nutritivo dos alimentos, raízes, tu- bérculos, fruteiras, ervas medicinais, plantas orna- mentais ou com outras utilidades. O resultado de um quintal diversificado é o au- mento da produção de oxigênio, da absorção de car- bono e também a conservação e perpetuação das plantas nativas. No seu conjunto, as plantas filtram a poluição, absorvem ruídos, diminuem a intensida- de dos ventos, alimentam e abrigam os animais e regularizam a temperatura e a umidade. Adicionalmente o quintal produtivo gera uma sensação de bem-estar para a família ao tornar-se um local de convivência. Ca pí tu lo 5 Qu in ta l pr od ut iv o O quintal como área de produção e lazer 37 O plantio de árvores frutíferas – de preferên-cia com espécies nativas ou adaptadas ao clima da região – é uma boa opção. As fru- tas preferidas da família podem ser utilizadas para consumo ao natural ou na forma de geléias, compo- tas ou sucos. O local é importante para que as plantas sejam produtivas e sadias. Para isso, são necessários os seguintes cuidados: O terreno deve ser de preferência plano ou leve- mente inclinado O solo deve ser profundo, bem drenado e livre de cascalho Precisa haver água nas proximidades O terreno deve ser cercado para evitar a entrada de animais Importante é também a escolha da variedade, a qualidade da muda e os cuidados no plantio. As diferentes espécies frutíferas têm exigências climá- ticas diversas, sendo preciso escolhê-las com aten- ção. Para a proteção das árvores frutíferas podem ser plantadas cercas vivas e deve ser colocada uma cobertura com palhas para proteger o solo. Durante a implantação do pomar é muito importante a irriga- ção das mudas. Depois de crescidas, as árvores fru- tíferas exigem, em geral, pouca manutenção. Para algumas delas, uma poda anual é o único cuidado necessário. Espaçamento aproximado de algumas árvores Mangueira, coqueiro, cajueiro gigante – 10 metros Goiabeira, cajueiro anão, limoeiro – 5 a 7 metros Aceroleira, ateira e gravioleira – 3 a 4 metros O Nordeste brasileiro favorece o cultivo de frutas como caju, manga, ata e cajá; en- quanto algumas espécies, como abacate, acerola, banana, goiaba, sirigüela, mamão, maracujá e mesmo laranja e limão adap- tam-se bem a qualquer clima. Pomar 40 A natureza possui uma grande variedade de plantas com propriedades medicinais. O seu uso é baseado em conhecimentos tradicionais, construídos por várias culturas ao lon- go do tempo. O cultivo de plantas com propriedades medici- nais exige certos cuidados, como disponibilidade de água limpa e solo cultivável, isto é, livre de conta- minações. A colheita precisa ser feita na época ade- quada, que varia de acordo com cada espécie, para que sejam aproveitados corretamente os princípios ativos para o uso terapêutico ou preventivo. As preparações caseiras com ervas medicinais podem ser feitas para o uso interno – como infusão, decocção, pó, xarope, garrafada ou sucos – ou de uso externo – como banhos, emplastos, ungüentos, compressas, pó ou inalação. De forma semelhante, podem ser feitos prepa- ros destas plantas para a proteção dos canteiros, sendo que o plantio de algumas espécies com pro- priedades medicinais costuma afastar predadores, como é o caso da cebolinha. É preciso conhecer as plantas medicinais para não confundi-las, uma vez que vários nomes são atribuídos a uma mesma espécie, ou, por outro lado, muitas espécies são atribuídas a um mesmo nome popular. Um modo eficiente de evitar tanta confusão é consultar um botânico, agrônomo ou biólogo que conheça as plantas pelo nome científico, que é único para cada espécie. Não utilizar plantas medicinais sem acompanhamento médico ou farmacêu- tico, mesmo que para sintomas comuns. E, caso o tratamento ocasione qualquer efeito colateral, suspender o uso. Algumas plantas medicinais e seus usos ALHO (Allium sativum L.) – Bulbo fresco e óleo. Em casos de diabetes, gripes e resfriados, com efeito tônico digestivo, antidiurético, redutor de colesterol e amebicida. O óleo é vermicida, expectorante redutor do colesterol e protege os vasos da aterosclerose. AROEIRA (Schinus terebinthifolius L.) – Cas- ca. Útil em inflamações feridas e tumores. BABOSA (Aloe vera L.) – Folha. Cicatrizante para úlceras, queimaduras e ferimentos. CANELA (Cinnamomum zeilanicum L.) – Cas- ca. Tônico geral e digestivo, afrodisíaco, an- tiasmático, hemostático em hemorragias. CIDREIRA (Mellissa officinallis L.) – Folhas e flo- res. Para palpitações no coração, insônia, ner- vosismo, dores, câimbras, cólicas intestinais, tosses, falta de apetite, prisão de ventre; para lavar feridas e combater o mau hálito. MENTRASTO (Ageratum conyzóide L.) – Utiliza- se toda a planta, principalmente a parte aérea. Tônico digestivo, antidiarreico, expectorante, cicatrizante para úlceras crônicas, tendo tam- bém efeito digestivo e carminativo, para ga- ses intestinais, cólicas abdominais, distensão do abdome, para menstruação atrasada e dismenorréia. GERGELIM (Sesamum indicum L.) – Semente torrada e óleo. Serve como tônico geral para fraqueza e envelhecimento precoce, comba- te anemias, dores nas articulações e na colu- na, além de seu efeito laxativo. Fonte: Fórmulas Mágicas: como utilizar e com- binar plantas para o tratamento de doenças simples, Alexandros Spyros Botsaris. Aroeira (Schinus terebinthifolius) Plantas medicinais 41 A criação de animais tem sido uma fonte de segurança alimentar e tam-bém uma alternativa de geração de renda para a agricultura familiar. A presença de animais, como aves, suínos, caprinos e ovinos, no quintal produtivo enriquece a biodiversida- de e garante uma relação de maior aprovei- tamento dos recursos da casa. Forma-se um ciclo, onde os animais alimentam a família e são alimentados pelos elementos do quintal, como folhas e caules das plantas, frutas, inse- tos e até pelos resíduos orgânicos da casa. Este alimento é transformado em adubo, que vira fonte de alimento para as plantas, fornecendo boa parcela dos nutrientes necessários para os pequenos plantios. Alguns cuidados podem ser pensados para otimizar a relação desses animais com o siste- ma quintal produtivo. O principal é organizar o sistema para que a criação não atrapalhe as demais atividades do quintal. Mantê-los longe dos canteiros cultivados é uma necessidade. Lembrando que depois da colheita, principal- mente as aves podem realizar a aração da ter- ra para o próximo plantio, colocando-as para ciscar sobre o solo dos canteiros depois de realizada toda a colheita. Suínos, ovinos e caprinos, além de disponi- bilizarem alimentos para a família, integram o sistema de forma dinâmica. O chiqueiro, assim como o curral, deve ser construído afastado da casa, para evitar a presença de moscas e inse- tos, e serão bem mais atrativos se tiverem algu- mas árvores para dar sombra e complementar a alimentação dos animais. Outra parte de sua dieta pode vir da casa, do roçado ou do pomar, reaproveitando alguns resíduos da colheita e do preparo dos alimentos. Retornando para a terra este material através da compostagem do adu- bo produzido por estes animais. O uso de galinheiros móveis possibilita levar as aves com facilidade para onde elas possam ser úteis, garantindo a adu- bação e aração do solo de forma rotativa e direcionada, além de mantê-las longe das plantas. C en tr o Te cn ol óg ic o do S er ta . Criação de pequenos animais 42 Reciclar é o ato de transformar objetos e materiais usados (que geralmente chama-mos de lixo) em novos produtos. Grande parte dos materiais que vai para o lixo pode e deve ser reciclada. A reciclagem, principalmente dentro de casa, traz consigo a necessidade de repensar a própria produção do lixo, seguindo os princípios dos “3 Rs”: Reduzir a quantidade de lixo que cada um pro- duz Reutilizar, escolhendo produtos e embalagens que possam ser utilizadas várias vezes Reciclar os materiais, dando-lhes uma nova uti- lidade O lixo deve ser separado entre orgânico e o inor- gânico. Também conhecida como a separação do lixo molhado do seco. Vale a pena fazer Separar o lixo seco de todos os restos orgâni- cos: um copo sujo de cafezinho pode inutilizar quilos de papel limpo e reciclável Lavar as embalagens para retirar os resíduos dos alimentos e dos produtos de higiene e limpeza Não vale a pena fazer Separar o lixo seco por tipo de material. As em- presas e cooperativas farão uma nova triagem, es- tando o lixo organizado ou não Amassar latas e garrafas PET ou desmontar as embalagens longa-vida. São medidas que não en- curtam em nada o processo de reciclagem Devem ser separados num lixo à parte: LÂMPADAS, BATERIAS, CACOS DE VI- DROS PLANOS E DE ESPELHOS. Estes úl- timos devem ser embalados em jornal e encaminhados para vidraçarias. ÓLEO DE COZINHA: colocar o óleo em garrafas PET bem vedadas e entregá-las a uma das várias organizações especiali- zadas nesse tipo de reciclagem. Reciclagem do lixo 45 Exemplos de espécies na sucessão Pioneiras: vassoura de botão, beldroega, capim-alho, carrapicho, abacaxi, mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, salsa e tiririca Secundárias: marmeleiro, jurubeba, jurema, sabiá, mufumbo, cajueiro, café, laranjeira, limoeiro e siri- güeleira Clímax: cumaru, cedro, ipê, juazeiro, angico, mangueira, jaqueira Sucessão Natural 5 Anos depois 25 Anos depois Cerca viva plantas com espinhos ou ramos bem fechados, formando barreiras. Treliça servem de andaime para conduzir outras plantas no sentido vertical Habitat selvagem refugio para animais e inse- tos, que controlam a população de pragas, polini- zam, e disseminam sementes de plantas úteis. Tratamento de águas poluídas plantas aquá- ticas que pela raiz absorvem as impurezas contidas na água Indicadora das condições do solo a alta po- pulação de determinadas plantas nativas indica as condições do solo, como: acidez, falta de macro ou micro nutrientes, pouca aeração ou compactação do solo. Ponto de referência através de uma caracterís- tica bem destacável da planta Balanço hídrico diminuindo o impacto das se- cas, ou a velocidade das águas da chuva que correm das partes altas para os rios e riachos. A sucessão natural é o principio básico da teia da vida que rege os sistemas agroflorestais, onde os consórcios vão se sucedendo, combinando-se em se- qüências de plantios que formam um ambiente sadio e sustentável, trabalhando com uma dinâmica em que a regeneração dos solos, da vegetação e do sis- tema produtivo como um todo, acontece de acordo com os processos naturais. As primeiras plantas que aparecem são chama- das de pioneiras. Elas abrem espaço para a vege- tação secundária, e assim por diante, até chegar a uma vegetação clímax que vai envelhecendo, caindo e abrindo clareiras para que novas pioneiras possam repovoar a área. Assim, as plantas fortalecem e di- versificam o solo em sua capacidade produtiva e seu ciclo de vida, favorecendo o surgimento de outras espécies de plantas e atraindo animais. A sucessão pode ser acelerada com o manejo (poda e plantio) de espécies nativas, inserindo tam- bém espécies de valor econômico, manejando-as de forma adequada para seu desenvolvimento. Pode-se também harmonizar os pomares com as matas nati- vas, de modo a evitar a incidência de pragas e me- lhorar a produção. O lugar mais apropriado para se começar um manejo agroflorestal é aquele onde ainda existam plantações nativas ou então uma área que já foi modificada e que precisa ser recupe- rada, criando uma ordem de prioridade na escolha do terreno. Onde derrubar capoeirões fica em último plano e reconquistar lavouras degradadas por anos de mau uso está em primeiro. Escolhida a área, é preciso reconhecer os po- tenciais do local, para identificar as espécies que já existem e como elas crescem na presença de outras, para as possíveis consorciações. Pode-se começar por fazer uma análise ou diagnóstico da área para, a partir daí, fazer um planejamento de cultivo diversi- ficado, com uso de cercas-vivas, quebra-ventos, po- mares, culturas anuais e espécies nativas. É importante escolher as espécies conhecidas, com as quais já se possui alguma familiaridade, pois os resultados do plantio demoram a aparecer, e quanto mais conhecidas as plantas, mais fácil o pla- nejamento de suas interações, tanto com as outras espécies vegetais como com o solo. Nessa hora também é importante aumentar a biodiversidade, evitando o surgimento de pragas, di- minuindo os riscos de perder a safra e restabelecen- do o equilíbrio. Passos importantes que devem ser considerados na hora de implantar a agrofloresta: 1º passo: observar e analisar o solo e em que condições se encontra, priorizando seu manejo adequado 2º passo: fazer um planejamento e calendário agrícola de todas as culturas anuais e perenes que deseja produzir conforme a época do ano (grãos, verduras, legumes, frutíferas, etc.) 3° passo: reconhecer a função de cada elemento da paisagem natural, verificando qual o melhor desenho para a implantação da área em função do terreno. Este planejamento deve partir da realidade de cada produtor e produtora, do que já produzem cos- tumeiramente como milho, feijão, fava, mandioca, 46 Agrofloresta passo a passo jerimum. Aproveitam-se os cultivos existentes, sempre na perspectiva de melhorar a diversidade produtiva e a biodiversidade, através de consórcios, podas, capinas seletivas, e principalmente introdu- ção de novas espécies. Os consórcios Como no SAF a variedade de espécies vai man- ter sua sustentabilidade, é importante pensar nas relações que estas plantas têm entre si, para que o companheirismo entre elas seja equilibrado – uma ajudando no desenvolvimento da outra. As plantas a serem consorciadas são escolhidas pelos seguintes fatores: tamanho e porte tolerância à sombra exigências de um solo mais fértil ou menos fértil e de umidade afinidade no tempo da sucessão Assim, por exemplo, o feijão trepador convive muito bem com o milho. A batata-doce, o mangari- to e a taioba ficam muito bem entre as bananeiras que, por sua vez, se relacionam muito bem com o café. Exemplos são vários. Podemos ter como fonte o saber popular, mas sem deixar de lado a experi- mentação. 47 50 BIOMASSA MICROBIANA: definida como o componente microbiano vivo do solo, composto por fungos, bactérias, mi- crofauna e algas. C CADEIA ALIMENTAR: seqüência de se- res vivos, na qual uns comem aqueles que os precedem na cadeia, antes de serem comidos por aqueles que os seguem. CLÍMAX: na chamada sucessão o fim da evolução da série é representado por uma biocenose ou comunidade estável, em equilíbrio com o meio, denominada clímax. CONTROLE BIOLÓGICO NATURAL: medidas de controle de pragas ou de do- enças que atingem as plantas através da utilização de inimigos naturais do meio ambiente. CHORUME: líquido de cor escura que es- corre quando materiais orgânicos satura- dos de água são colocados para compos- tar. Pode ser como repelente de pragas ou biofertilizante em culturas. D DECLIVE: inclinação, variação na super- fície de uma área, que pode ser brusca ou leve. DEMOCRACIA: regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com o povo, direta ou indi- retamente, por meio de representantes eleitos, forma mais usual. DENSIDADE DO SOLO: principal pro- priedade física do solo corresponde á massa do solo pelo seu volume. DESERTIFICAÇÃO: processo no qual se verifica um déficit profundo de água, ou ausência de vegetação, numa determina- da área. É resultado de desequilíbrio cli- mático ou da atividade humana. DIVERSIDADE BIOLÓGICA: normal- mente chama-se de diversidade somente o número de espécies de um local, porém este número é chamado, para a ciência, como riqueza de espécies. A diversida- de leva em consideração vários fatores, principalmente a distribuição dos indiví- duos. Ou seja, pode existir um grande número de espécies, porém se estiverem concentradas em uma ou duas espécies, a diversidade será baixa. Ao contrário, em um número menor de espécies, po- rém com todas elas freqüentes, a diver- sidade será maior. E ECOLOGIA: ciência que estuda as rela- ções entre os seres vivos e o meio am- biente. ECOSSISTEMA: biocenose e seu biótopo constituem dois elementos inseparáveis que reagem um sobre o outro, para pro- duzir um sistema mais ou menos estável que recebem o nome de ecossistema. EFLUENTE: resíduo industrial ou domés- tico despejado no ambiente. ENVASE: processo no qual uma mistura é colocada assepticamente no interior de uma embalagem. EROSÃO: resultado do desgaste ou do arrastamento da superfície da terra, seja pela água corrente, pelo vento ou por outros agentes naturais. Pode ocorrer de maneira lenta ou rápida, com ou sem a interferência do homem. Uma das razões para qual o solo se torne erodível (ou seja, mais fácil de desgastar) é a retirada da vegetação do local. Isso leva à sérias conseqüências como as voçorocas, com profundidades variando de 0,5 até 25-30 metros e compactação. Bibliografia Con- sultada: Glossário de Ecologia – ACIESP ESTATUTO: regulamento especial por que se rege um Estado, corporação ou associação para regular questões essen- ciais de uma sociedade comum. F FAUNA: o termo coletivo para a vida ani- mal de uma determinada região ou perí- odo de tempo. 51 FITOPATÓGENO: as doenças de plantas geralmente são causadas por microrga- nismos, provocando uma série de pro- cessos fisiológicos prejudiciais, alterando seu metabolismo. Esses microorganismos são chamados de fitopatógenos. Os mais comuns são os fungos, bactérias, vírus e nematóides. FLORA: o termo coletivo para as plantas de uma determinada região ou período de tempo. FUNGICIDA: produto utilizado contra fungos causadores de doenças em plan- tas e animais. G GOMOSE: doença causada por fungo do gênero Phytophthora. Das várias mani- festações da doença, a podridão do pé, na base do tronco, e as podridões de ra- ízes e radicelas são as mais comuns. As lesões de tronco, ramos e raízes exsu- dam goma, daí o nome gomose. Seu ata- que mais comum se dá em variedades cítricas. H HOLÍSTICO: O termo holístico vem do grego, holos significa todo. Visão holísti- ca seria então a percepção de que tudo se integra. HORIZONTES DO SOLO: Os solos pos- suem várias camadas sobrespostas, for- madas pela ação simultânea de processos físicos, químicos e biológicos, denomina- das de horizontes. Podem se distinguir pela cor, textura e/ou presença de argi- las. Os horizontes do solo são generica- mente denominados A, B e C. HÚMUS: Terra rica em organismos em decomposição. L LÁBIL: em química é um átomo ou gru- po de átomos que se destaca de uma substância química. A habilidade para um grupo funcional ser lábil é chamado labi- lidade. M MANEJO: forma planejada de interferir no ambiente natural, permitindo o uso dos recursos ambientais sem provocar alterações na dinâmica das populações. MANCHA DE ALTERNARIA: doença causada por Alternaria alternata e A. so- lani, em folhas é caracterizada pelo se- camento das bordas, e evoluindo para o centro. MATA CILIAR: protege a margem dos rios da erosão, dá abrigo a diversos ani- mais e possui uma vegetação muito rica e diversificada. É bem extensa e acompa- nha todo o rio ao longo de seu curso. Seu solo é rico em matéria orgânica, o clima é mais fresco e percebe-se umidade no ar. É também protegida pelo Código Flores- tal Brasileiro, que determina, pelo menos, 30 metros de mata ciliar em cada mar- gem; mas sabemos que isto não é obe- decido, pois geralmente as áreas de mata ciliar são ocupadas para uso agropastoril. Bibliografia Consultada: Glossário de Eco- logia - ACIESP N NEMATÓIDES: minúsculos organismos, que podem parasitar homens e plantas. Neste último caso, é encontrado no solo e nas raízes podendo ocasionar grandes perdas nas culturas atacadas. P PESTICIDAS: também denominados de praguicidas são todas as substâncias ou misturas que tem como objetivos impe- dir, destruir, repelir ou mitigar qualquer praga. São classificados de acordo com a praga podendo ser acaricidas (ácaros), fungicidas (fungos), bactericidas (bac- térias), herbicidas (plantas daninhas), inseticidas (insetos), nematicidas (ne- matóides). No entanto, Adilson Paschoal atenta para o fato de que os praguicidas eliminam, além das pragas, outros seres vivos que habitam os agroecossistemas e, por este motivo, defende a utilização do termo “agrotóxico”. 52 POUSIO: é o descanso ou repouso dado às terras cultiváveis, variando esse des- canso de um a três anos. R RUBELOSE: doença causada pelo fungo Corticium salmonicolor, também conhe- cida como mal rosado. Ataca galhos e ramos, causando lesões. No entanto, em ataques severos pode causar a morte de toda a copa da planta. S SISTÊMICA: a visão sistêmica é forma- da a partir do conhecimento do conceito e das características dos sistemas, como um todo, de forma permitir a análise ou a interferência do mesmo. SOMBRITE: coberturas de sombreamen- to utilizadas em hortas e estufas. SUCESSÃO ECOLÓGICA: É uma série de estágios do desenvolvimento de uma comunidade estável. SUCESSÕES PRIMÁRIAS: Correspon- dem à instalação dos seres vivos em um meio que nunca tinha sido povoado. SUCESSÕES SECUNDÁRIAS: Aparecem em um meio que já foi povoado, mas do qual foram eliminados os seres vivos por modificações climáticas, geológicas ou por intervenção do homem. T TROCA CATIÔNICA: fenômeno que ocorre no solo relacionado à retenção de cátions, íons de carga positiva, presentes na superfície das partículas finas, argilas e matéria orgânica, através de pequenas cargas elétricas. Os principais cátions en- volvidos nesta troca são o Sódio, o Cálcio e o Magnésio. TROCA ANIÔNICA: fenômeno que ocorre no solo relacionado à retenção de ânions, átomo que perde ou ganha elé- trons no processo de ionização. Escritório Projeto AFAM - Fortaleza Av. Dom Luis 176, Edificio Mercury - Me- zanino CEP 60.160-230 - Aldeota - Forta- leza – Ceará Fone: (85) 3261.8478 agroecologia@agroecologia.inf.br www.agroecologia.inf.br Escritórios regionais Itapipoca: CETRA Rua Tenente José Vicente, 303 – São Se- bastião - Itapipoca Fone: (85) 3441.3006 - 9159.9183 Sertão Central: CETRA Rua José Sipriano, 151 - Centro – Quixe- ramobim Fone: (88) 3441.1085 - 9159.9226 Maciço de Baturité NIC Rua Maria do Carmo Oliveira, 325 – Bar- reira - Ceará Fone: (85) 3331.1350 nic.barreira@yahoo.com.br PARCEIROS CETRA – Centro de Estudos do Traba- lho e de Assessoria ao Trabalhador Rua Tibúrcio Cavalcante, 2953 CEP 60.125-101 - Dionísio Torres - Forta- leza – Ceará Fone: (85) 3247.1660 cetra1981@cetra.org.br - www.cetra.org.br NIC Rua Maria do Carmo Oliveira, 325 CEP 62.795-000 – Barreira – Ceará Fone: (85) 3331.1350 nic.barreira@yahoo.com.br Universidade Federal do Ceará – Cen- tro de Ciências Agrárias Av. Mister Hull, 2977 - C.P. 12.168 CEP 60.021-970 - Campus do Pici - For- taleza - Ceará Fone: (85) 3366.9732 / 3366.9731 / 3366.9730 ccadiret@ufc.br – www.cca.ufc.br DED Brasil - Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social Rua Joaquim Felipe, 101 CEP 50.050-340 – Boa Vista – Recife - Pernambuco Fone: (81) 3211.0075 ded@dedbrasil.org.br – www.dedbrasil.org.br IDER – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis Rua Júlio Siqueira, 581 CEP 60.130-090 - Dionísio Torres - Forta- leza - Ceará Fone: (85) 3247.6506 ider@ider.org.br – www.ider.com.br Agência do Desenvolvimento Econômico Local – ADEL Sede: Rua Juscelino Kubschek, s/n, Om- breira – Pentecoste - Ceará Escritório: Rua Juvenal Galeno, s/n, Benfica – Fortaleza - Ceará Fone: (85) 9124.7403 / 9106.8007 adel@adel.org.br Instituto SESEMAR Raimundo Teófilo de Castro, 548 - Centro Itapipoca-CE - CEP: 62.500.000 Fone: (88) 3631.0589 institutosesemar@hotmail.com AACC/RN – Associação de Apoio às Comu- nidades do Campo do Rio Grande do Norte Rua Dr. Múcio Galvão, 449 CEP 59.022-530 – Lagoa Seca – Natal - Rio Grande do Norte Fone: (84) 211.6131 / 211.6415 aaccrn@aaccrn.org.br – www.aaccrn.org.br SERTA - Serviço de Tecnologia Alternativa Campo da Sementeira s/n - Zona rural - Glória do Goitá - PE / CEP:55620-000 Fone: (081) 3658-1278 / 3658-1265 http://www.serta.org.br/ Apoio União Européia Coordenação JE= lenauer a Stiftung CENTRO DE CRÊNCIAS AGRÁRIAS ur
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