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Guias e Dicas
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Teoria estruturalista, Resumos de Administração Empresarial

ESTE É UM OTIMO RESUMO SOBRE A TEORIA ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAÇÃO.

Tipologia: Resumos

2010

Compartilhado em 10/06/2010

adriana-lima-32
adriana-lima-32 🇧🇷

4.3

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Baixe Teoria estruturalista e outras Resumos em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity! Teoria Estruturalista Ao final da década de 1950, a Teoria das Relações Humanas - experiência tipicamente democrática e americana - entrou em declínio. Foi a primeira tentativa de introdução das ciências do comportamento na teoria administrativa através de uma filosofia humanística e participativa. De um lado ela combateu a Teoria Clássica, mas, por outro, não proporcionou bases adequadas de uma nova teoria que a pudesse substituir. A oposição entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou um impasse que a Teoria da Burocracia não teve condições de ultrapassar. A Teoria Estruturalista é um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma aproximação à Teoria das Relações Humanas. Representa uma visão crítica da organização formal. Origens da Teoria Estruturalista As origens da Teoria Estruturalista na Administração foram as seguintes: • A oposição surgida entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações Humanas – incompatíveis entre si - tornou necessária uma posição mais ampla e compreensiva que integrasse os aspectos considerados por uma e omitidos pela outra e vice-versa. A Teoria Estruturalista pretende ser uma síntese delas, inspirando-se na abordagem de Max Weber. • A necessidade de visualizar "a organização como uma unidade social complexa na qual interagem grupos sociais" que compartilham alguns dos objetivos da organização (como a viabilidade econômica da organização), mas podem se opor a outros (como a maneira de distribuir os lucros). Seu maior diálogo foi com a Teoria das Relações Humanas. • A influência do estruturalismo nas ciências sociais e sua repercussão no estudo das organizações. O estruturalismo influenciou a Filosofia, a Psicologia (com a Gestalt), a Antropologia (com Claude Lévi-Strauss), a Matemática (com N. Bourbaki), a Lingüística, chegando até a teoria das organizações· com Thompson, Etzioni e Blau. Na teoria administrativa, o estruturalismo se concentra nas organizações sociais. • Novo conceito de estrutura. O conceito de estrutura é antigo. Heráclito; nos primórdios da história da Filosofia, concebia o "logos" como uma unidade estrutural que domina o fluxo ininterrupto do devir e o torna inteligível. É a estrutura que permite reconhecer o mesmo rio, embora suas águas jamais sejam as mesmas devido à contínua mudança das coisas. Estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos e que permanece inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos, isto é, a estrutura mantém-se mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou relações. A mesma estrutura pode ser apontada em diferentes áreas, e a compreensão das estruturas fundamentais em alguns campos de atividade permite o reconhecimento das mesmas estruturas em outros campos. O estruturalismo está voltado para o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de o todo ser maior do que a soma das partes são as características do estruturalismo. A Sociedade de Organizações A sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de organizações das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer. As organizações são diferenciadas e requerem de seus membros certas características de personalidade que permitem a participação simultânea das pessoas em várias organizações nas quais os papéis variam. O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais - Teoria das Relações Humanas - para o estudo das interações entre as organizações sociais. Da mesma forma como os grupos sociais interagem entre si, também interagem entre si as organizações. As organizações passaram por um processo de desenvolvimento, a saber: 1. Etapa da natureza. É a etapa na qual os fatores naturais - elementos da natureza – constituíam a base única de subsistência da humanidade. O papel do capital e do trabalho é irrelevante nessa etapa da história. 2. Etapa do trabalho. Surge um fator perturbador que inicia uma revolução no desenvolvimento da humanidade: o trabalho. Os elementos da natureza são transformados por meio do trabalho, o qual conquista o primeiro plano entre os elementos que concorrem para a vida da humanidade. O trabalho passa a condicionar as formas de organização da sociedade. 3. Etapa do capital. É a terceira etapa na qual o capital prepondera sobre a natureza e o trabalho, tornando-se um dos fatores básicos da vida social. 4. Etapa da organização. A natureza, o trabalho e o capital se submetem à organização. Esta, sob uma forma rudimentar, já existia desde o início da evolução humana, do mesmo modo que o capital existira antes da fase capitalista, pois desde quando surgiram os instrumentos de trabalho o capital ali estava presente. A organização tem um caráter independente da natureza, do trabalho e do capital e utiliza-se deles para alcançar seus objetivos. Para chegar à industrialização, a etapa da organização passou por várias fases: • O universalismo da Idade Média e a predominância do espírito religioso. • O liberalismo econômico e social dos séculos XVIII e XIX, e o abrandamento da influência estatal pelo desenvolvimento do capitalismo. • O socialismo, com o advento do século XX, obrigando o capitalismo a enveredar pelo caminho do máximo desenvolvimento possível. • A atualidade, que se caracteriza por uma sociedade de organizações. Essas quatro fases revelam características políticas e filosóficas. Etzioni vê uma revolução da organização com novas formas sociais que emergem, enquanto as antigas modificam suas formas e alteram suas funções. Essa revolução produz uma variedade de organizações das quais a sociedade passa a depender mais intensamente. Daí o aparecimento de empresas de serviços, associações comerciais, instituições educacionais, hospitais, sindicatos etc., resultante da necessidade de integração cada vez maior das atividades humanas em formas organizacionais envolventes. As organizações não são satélites da sociedade, mas fazem parte integrante e fundamental dela. As organizações complexas em todos os campos da atividade humana não são um fenômeno separado das mudanças sociais: elas fazem parte integrante e fundamental da sociedade moderna. As organizações As organizações constituem a forma dominante de instituição da sociedade moderna: são a manifestação de uma sociedade especializada e interdependente que se caracteriza por um crescente padrão de vida. As organizações permeiam todos os aspectos da vida moderna e envolvem a participação de numerosas pessoas. Cada organização é limitada por recursos escassos e por isso não pode tirar vantagens de todas as oportunidades que surgem: daí o problema de determinar a melhor alocação de recursos. A eficiência ocorre quando a organização aplica seus recursos na alternativa que produz o melhor resultado. As burocracias constituem um tipo específico de organização: as organizações formais. As organizações formais constituem uma forma de agrupamento social estabelecida de maneira deliberada ou proposital para alcançar Abordagem múltipla: os níveis da organização As organizações caracterizam-se por uma hierarquia de autoridade, isto é, pela diferenciação de poder, como vimos no modelo burocrático de Weber. Para Parsons, as organizações se defrontam com uma multiplicidade de problemas que são classificados e categorizados para que a responsabilidade por sua solução seja atribuída a diferentes níveis hierárquicos da organização. Assim, as organizações se desdobram em três níveis organizacionais: 1. Nível institucional. É o nível organizacional mais elevado, composto dos dirigentes e altos executivos. É denominado nível estratégico, pois é o responsável pela definição dos objetivos e estratégias organizacionais, lida com os assuntos relacionados à totalidade da organização e ao longo prazo. É o nível que faz relação com o ambiente externo da organização. 2. Nível gerencial. É o nível intermediário, situado entre o nível institucional e o nível técnico. Cuida do relacionamento e da integração desses dois níveis. As decisões tomadas no nível institucional são transformadas no nível gerencial em planos e programas para que o nível técnico os execute. O nível gerencial detalha os problemas, capta os recursos necessários para alocá-los na organização e cuida da distribuição e da colocação dos produtos e serviços da organização. 3. Nível técnico. É o nível mais baixo da organização. É chamado nível operacional e é onde as tarefas são executadas, os programas são desenvolvidos e as técnicas são aplicadas. Cuida da execução das operações e tarefas. É focado no curto prazo e segue programas desenvolvidos no nível gerencial. Abordagem múltipla: A diversidade de organizações Enquanto as teorias anteriores focalizaram as fábricas, os estruturalistas ampliaram o campo da análise da organização para incluir várias organizações: pequenas, médias e grandes, públicas e privadas, empresas dos mais diversos tipos (indústrias ou produtoras de bens, prestadoras de serviços, comerciais, agrícolas etc.), organizações militares (exército, marinha, aeronáutica), religiosas, organizações filantrópicas, partidos políticos, prisões, sindicatos etc. Abordagem múltipla: análise interorganizacional Todas as teorias administrativas anteriores preocuparam-se com fenômenos que ocorrem dentro da organização. Tanto que essas teorias são criticadas pelo fato de adotarem uma abordagem de sistema fechado, ou seja, pelo fato de utilizarem o modelo racional de organização como base de seus estudos. Além da análise interna das organizações os estruturalistas se preocuparam com a análise interorganizacional a partir da crescente complexidade ambiental e da interdependência das organizações. Até então, não havia a preocupação com o ambiente organizacional como unidade de observação e análise. A negligência quanto às relações interorganizacionais surpreende mais ainda quando se nota que as organizações formais estão envolvidas em um ambiente composto por outras organizações e controlado por um complexo de normas e valores de uma sociedade maior. O relacionamento entre a organização e seu ambiente revela o grau de dependência da organização quanto aos eventos externos. O campo da teoria organizacional foi ampliado com a análise das relações interorganizacionais: a organização funciona na base de transações com outras organizações. Ela interage com seu ambiente externo e com as demais organizações nele contidas. Tipologia das Organizações Não existem duas organizações iguais. Elas são diferentes entre si e apresentam enorme variabilidade. Contudo, existem características que permitem classificá-las em classes ou tipos. As classificações ou taxonomias - denominadas tipologias das organizações - permitem uma análise comparativa das organizações através de uma característica comum ou de uma variável relevante. Para a análise comparativa das organizações, os estruturalistas criam tipologias de organizações para classificá-las de acordo com características distintivas. Tipologia de Etzioni Segundo Etzioni, as organizações possuem as seguintes características: • Divisão de trabalho e atribuição de poder e responsabilidades: de acordo com um plano intencional para a realização de objetivos específicos. • Centros de poder: controlam os esforços combinados da organização e os dirigem para seus objetivos. • Substituição do pessoal: as pessoas são admitidas, promovidas, demitidas ou substituídas por outras. Para Etzioni, os meios de controle utilizados pela organização podem ser classificados em três categorias: 1. Controle físico. É o controle baseado na aplicação de meios físicos ou de sanções ou ameaças físicas. As pessoas obedecem através de ameaças de sanções físicas, coação, imposição, força e medo das conseqüências. A motivação é negativa e baseia-se em punições. É o poder coercitivo. 2. Controle material. É o controle baseado na aplicação de meios materiais e de recompensas materiais. As pessoas obedecem com base no interesse, na vantagem desejada e nos incentivos econômicos. 3. Controle normativo. É o controle baseado em símbolos puros ou em valores sociais. As pessoas buscam símbolos normativos (como prestígio e estima) e sociais (como amor e aceitação). É o controle moral e ético, e baseia-se na convicção, na fé, na crença e na ideologia. Cada tipo de controle provoca um padrão de obediência em função do interesse em obedecer ao controle. Existem três tipos de interesse ou envolvimento dos participantes da organização: 1. Alienatório. O indivíduo não está psicologicamente interessado em participar, mas é coagido e forçado a permanecer na organização. 2. Calculista. O indivíduo sente-se interessado na medida em que seus esforços tenham uma vantagem ou compensação econômica imediata. 3. Moral. O indivíduo atribui valor à missão da organização e ao trabalho dentro dela, cumprindo-o da melhor forma possível porque lhe atribui valor. A tipologia de organizações de Etzioni classifica as organizações com base no uso e significado da obediência, a saber: • Organizações coercitivas. O poder é imposto por força física ou controles baseados em prêmios ou punições. O envolvimento dos participantes tende a ser "alienativo" em relação aos objetivos da organização. É o caso de prisões, campos de concentração, instituições penais etc. • Organizações utilitárias. O poder baseia-se no controle dos incentivos econômicos. Utilizam a remuneração como base principal de controle. As pessoas contribuem para a organização com um envolvimento calculativo baseado nos benefícios que esperam obter. É o caso das empresas. • Organizações normativas. O poder baseia-se no consenso sobre objetivos e métodos da organização. Utilizam o controle moral para influenciar os participantes devido ao elevado envolvimento moral. É o caso da Igreja, de universidades, hospitais, organizações políticas e sociais, organizações voluntárias e ONGs. A tipologia de Etzioni enfatiza os sistemas psicossociais das organizações. Sua desvantagem é a omissão à estrutura, à tecnologia e ao ambiente. Trata-se de uma tipologia simples, unidimensional e baseada exclusivamente nos tipos de controle. Tipologia de Blau e Scott As tipologias de organização se baseiam em características comuns às organizações como se elas existissem no vazio. Acontece que as organizações estão inseridas em comunidades. As relações entre os membros da organização, de um lado, e o público, clientes e instituições externas, de outro, são aspectos que as tipologias anteriores omitiram. As organizações existem para proporcionar benefícios ou resultados para a comunidade. A tipologia de Blau e Scott se baseia no beneficiário: quem se beneficia com a organização. Os benefícios para a parte principal são a essência da existência da organização. A tipologia mostra quatro tipos de participantes que se beneficiam: 1. Os próprios membros da organização; Estratégia Organizacional Ao lado dos autores neoclássicos, os estruturalistas desenvolvem conceitos sobre estratégia organizacional, tendo em vista a ênfase no ambiente e na interdependência entre organização e ambiente. A estratégia é a maneira pela qual uma organização lida com seu ambiente para atingir seus objetivos. Para lidar com seu ambiente e alcançar objetivos, a organização desenvolve estratégias. Para os estruturalistas existem estratégias de competição e de cooperação: • Competição. É uma forma de rivalidade entre duas ou mais organizações frente à mediação de terceiro grupo, que pode ser o cliente, o fornecedor ou outros. A competição é um complexo sistema de relações e envolve a disputa por recursos (como clientes ou compradores). É um processo pelo qual a escolha do objetivo pela organização é controlada, em parte, pelo ambiente. Daí a necessidade de disputa devido à rivalidade pelos mesmos recursos. A competição nem sempre envolve interação direta entre as partes rivais. • Ajuste ou negociação. É uma estratégia que busca negociações para um acordo quanto à troca de bens ou serviços entre duas ou mais organizações. O ajuste é a negociação quanto a uma decisão sobre o comportamento futuro que seja satisfatório para os envolvidos. O ajustamento periódico de relações ocorre nos acordos coletivos sindicais, negociações com fornecedores ou com compradores etc. Ao contrário da competição, o ajuste envolve interação direta com outras organizações e não com um terceiro partido. • Cooptação ou coopção. É o processo de absorver novos elementos estranhos na liderança ou na tomada de decisão de uma organização como meio para impedir ameaças externas à sua estabilidade ou existência. A organização traz para dentro de si elementos vindos de outras organizações potencialmente ameaçadoras para compartilhar seu processo político de tomada de decisões e afastar possíveis retaliações. A cooptação é a aceitação de representantes de outras organizações (bancos credores ou instituições financeiras) pelo grupo dirigente, o que limita a arbitrariedade da organização na escolha de objetivos. • Coalizão. É a combinação de duas ou mais organizações para alcançar um objetivo comum. Trata-se de uma forma extrema de condicionamento ambiental dos objetivos de uma organização. Duas ou mais organizações agem como uma só com relação a certos objetivos, quando há necessidade de mais apoio ou recursos que não são possíveis para cada organização isoladamente. A coalizão exige a decisão conjunta de atividades futuras e limita decisões arbitrárias ou unilaterais. É uma forma de controle social. Ao contrário da competição, as outras três estratégias - ajuste, cooptação e coalizão - são subtipos da estratégia cooperativa. As estratégias cooperativas requerem a interação direta entre as organizações do ambiente. Para os estruturalistas, a estratégia não é produto de um único arquiteto, mas o resultado da ação de vários agentes e coalizões de agentes no sentido de alcançar seus próprios interesses e agendas. Os grupos de subordinados podem entrar nos processos de determinação e distorção de estratégias. No fundo, a estratégia permite mapear a estrutura de poder existente na organização. Conflitos Organizacionais Os estruturalistas discordam de que haja harmonia de interesses entre patrões e empregados (como afirmava a Teoria Clássica) ou de que essa harmonia deva ser preservada pela Administração através de uma atitude compreensiva e terapêutica (como afirmava a Teoria das Relações Humanas). Ambas as teorias punham fora de discussão o problema do conflito em decorrência do seu caráter prescritivo. Para os estruturalistas, os conflitos – embora nem todos desejáveis - são elementos geradores das mudanças e da inovação na organização. Conflito significa a existência de idéias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, coordenação, resolução, unidade, consentimento, comprometimento, harmonia, deve-se lembrar que essas palavras pressupõem a existência ou iminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, desentendimento, dissenção, incongruência, discordância, inconsistência, oposição - o que significa conflito. O conflito é condição geral do mundo animal. O ser humano sobressai-se dentre os animais pela capacidade de atenuar o conflito, embora nem sempre possa eliminá-la. A sociedade e a civilização - requisitos básicos da vida humana - são viáveis graças ao grau de congruência de objetivos entre as pessoas através de mecanismos ou regras que imponham ordem e acomodação. As fontes de cooperação residem nas semelhanças de interesses - reais ou supostos - entre indivíduos e organizações. As fontes de conflitos localizam-se em alguma divergência real ou suposta de interesses. Há um continuum que vai desde uma colisão frontal de interesses e completa incompatibilidade, em um extremo, até interesses diferentes, mas não incompatíveis, em outro extremo. Os estruturalistas indicam importantes funções sociais do conflito e não concordam com sua repressão artificial. Através do conflito avaliam-se o poder e o ajustamento do sistema da organização à situação real para atingir a harmonia na organização. O conflito gera mudanças e provoca inovação na medida em que as soluções são alcançadas. Todavia, essas soluções constituirão a base de novos conflitos que gerarão novas mudanças, as quais provocarão outras inovações, e assim por diante. Se o conflito for disfarçado e sufocado, ele procurará outras formas de expressão, como abandono do emprego ou aumento de acidentes, que, no fim, apresentam desvantagens tanto para o indivíduo quanto para a organização. Relacionamos a seguir situações dentro das organizações que provocam conflitos. Conflito entre a autoridade do especialista (conhecimento) e a autoridade administrativa (hierarquia) Uma situação conflitiva típica é a tensão imposta à organização pela utilização do conhecimento: como criar, cultivar e aplicar o conhecimento sem solapar a estrutura hierárquica da organização. O conhecimento provoca conflitos com a hierarquia. Etzioni sugere três tipos de organização do conhecimento: 1. Organizações especializadas, como universidades, escolas, organizações de pesquisa, hospitais, nas quais o conhecimento é criado e aplicado na organização que é constituída para esse objetivo. Elas empregam especialistas com preparo profissional e que se dedicam à criação, divulgação e aplicação do conhecimento. A gestão é exercida pelo técnico (professor como diretor da escola, médico como dirigente do hospital etc.), e a estrutura administrativa é apoio ou suporte subsidiário (staff). 2. Organizações não-especializadas, como empresas em geral, em que o conhecimento é instrumental e subsidiário para o alcance dos objetivos. A gestão é exercida pelo administrador que se identifica com os objetivos globais, enquanto a estrutura técnica é subsidiária ou subalterna. 3. Organizações de serviços, como empresas especializadas em consultoria ou assessoria, centros de pesquisa e desenvolvimento, nos quais os especialistas recebem recursos para seu trabalho, mas não são empregados da organização nem subordinados aos administradores, a não ser por contratos de assessoria ou de prestação de serviços. Os conflitos entre especialistas e administradores ocorrem da seguinte forma: • Organizações especializadas. A relação entre auxiliares (especialistas) e hierarquia (administradores) é invertida - os administradores cuidam das atividades secundárias em relação aos objetivos, administrando meios para a atividade principal que é desempenhada pelos especialistas. Estes têm a principal autoridade, enquanto os administradores têm a autoridade secundária de corpo de auxiliares. A decisão final fica nas mãos dos especialistas, enquanto os administradores aconselham. • Organizações não-especializadas. São organizações de propriedade e administração particulares e os principais meios são a produção e a venda. Os especialistas se subordinam à autoridade dos administradores, pois estes focam os objetivos da organização relacionados ao lucro. Os administradores têm a principal autoridade (hierarquia) e os especialistas tratam de meios e atividades secundárias. Os administradores formam a hierarquia, e os especialistas são os auxiliares que aplicam o conhecimento. • Organizações de serviços. São organizações que exercem pouco controle sobre a produção, a qual está à mercê dos especialistas (professores da universidade). Estes recebem recursos e meios da organização para desenvolver seu trabalho, mas não são empregados da organização, nem estão sob seu controle. Podem receber algum controle administrativo sobre projetos, ritmo de trabalho e do público a que se dirige o produto ou serviço da organização. Os especialistas sentem que perdem seu tempo com trabalho administrativo, depreciado nesse tipo de organização. Dilemas da organização segundo Blau e Scott Para Blau e Scott, há uma relação de mútua dependência entre conflito e mudança, pois as mudanças precipitam conflitos, e os conflitos geram inovações. Os conflitos - mesmo ocultos ou reprimidos pela rigidez burocrática - são a fonte inevitável da mudança organizacional. Conflitos entre funcionários e clientes levam a novas práticas para resolver esses conflitos e reduzir as tensões. Mas inovações utilizadas para resolver um conflito criam outros, pois afetam e prejudicam outras inovações e melhorias já obtidas e levam a uma dialética entre a organização formal e a informal. Enquanto o conflito representa um choque de interesses antagônicos, o dilema representa uma situação frente a dois interesses inconciliáveis entre si: o alcance de um deles impede o alcance do outro. As organizações se defrontam com dilemas, isto é, com escolhas entre alternativas nas quais um objetivo terá de ser sacrificado no interesse de outro. Os conceitos de conflito e de dilema permitem a compreensão dos processos de mudança gerados internamente na organização. A mudança ocorre sempre que novas situações o exijam, novos problemas surjam e novas soluções sejam criadas. Daí a inovação. Os problemas atuam como condição interna e contínua de mudança dentro do sistema. Segundo Blau e Scott, há três dilemas básicos na organização formal: 1. Dilema entre coordenação e comunicação livre. As organizações exigem coordenação eficiente e eficaz solução dos problemas administrativos. A coordenação – interdepartamental ou interpessoal - é dificultada quando se permite livre comunicação entre as partes envolvidas. Esta introduz novas soluções não-previstas para a coordenação. As exigências de coordenação e de comunicação livre são conflitantes entre si. 2. Dilema entre disciplina burocrática e especialização profissional. Há uma oposição entre os princípios de comportamento burocrático e os que governam o comportamento profissional. Os princípios burocráticos estão ligados aos interesses da organização, enquanto os princípios profissionais se referem a normas técnicas e códigos de ética da profissão. O especialista profissional atende aos interesses de sua profissão, enquanto o burocrata atende aos da organização. Enquanto o profissional decide com base em padrões profissionais e universais, o burocrata decide com base
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