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Apostila de Mergulho, Notas de estudo de Engenharia de Manutenção

Curso de Mergulho amador (cilíndro) básico.

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 06/06/2010

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raimundo-sampaio-8 🇧🇷

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Baixe Apostila de Mergulho e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia de Manutenção, somente na Docsity! SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 3 1. HISTÓRICO DO MERGULHO Permanecer embaixo d’água pôr um tempo indeterminado parece ter sido o sonho de todos aqueles que se compraziam na apnéia. Podemos imaginar, numa época de tecnologia praticamente nula, tal qual era na antigüidade, a falta completa de conhecimentos que fossem capazes de materializar este ideal. Os objetivos que despertavam este interesse certamente não se dirigiam para o lazer. Somos inclinados a pensar que reis e governantes, caso pudessem e soubessem permanecer respirando sob as águas, tratariam imediatamente de procurar todos os tesouros e valores que, muitas vezes, a vista dos próprios olhos, submergiam em naufrágios comerciais ou guerreiros. Nas antigas épocas, sendo pôr todos sabido que tal proposta era impossível ao ser humano, a imaginação e a fantasia tomavam o lugar da tecnologia e sempre se conseguia alguma razão mágica para se iniciar contos ou odisséias em que o herói dispunha de possibilidades de praticar suas façanhas sob o mar. Importa nisso descobrirmos que, pôr baixo de todo “pensamento mágico” de então, ficava evidenciada esta aspiração da humanidade. É partir do período conhecido como Renascença (onde o gênio de diversos notáveis estudiosos e artistas evidenciou-se) que vamos observar os primeiros rudimentos do domínio tecnológico de então ser empregado em função do mergulho. Não obstante a Lei de Boyle ter sido enunciada, pela primeira vez, no ano de 1660, a maioria dos projetos antigos era fantasiosa demais. Uma vez postos à comprovação, geralmente não funcionavam, encerrando-se com frustrações e até acidentes letais para o “mergulhador de prova”. Em 1669, partindo do já conhecido (desde a antigüidade mais remota) “sino de mergulho”, Denis Papin descobriu um sistema que era capaz de fornecer ar fresco para o interior deste, em fluxo contínuo. Isso prolongava consideravelmente a permanência de um mergulhador no interior do sino e, pôr conseguinte, sob a água. Tal fato se constituiu num grande salto e revolucionou as técnicas de mergulho, tendo sido adotado com freqüência, até recentemente, sob a forma de escafandria, que nada mais do que o sino de mergulho colocado em volta da cabeça do mergulhador e com fluxo contínuo de ar, fornecido a partir da superfície. A seqüência de inventos, desde 1669, foi vasta e ingênua, muitas vezes. Na tentativa de obterem notoriedade, alguns inventores apresentavam resultados que, hoje sabemos, jamais poderiam ter sido obtidos. Em 1715, um inglês chamado John Lethbridge projetou um “tanque” de couro, onde o mergulhador se deitava, mas tinha a possibilidade de deixar os braços para fora. O dispositivo era baixado pôr um cabo. O inventor dizia já ter descido nesse tanque lacrado profundidades superiores a 10 braças (próximo dos 20 metros), pôr mais de 100 vezes. Não havia suprimento de ar. Provavelmente o inventor também deve ter se confundido ao relatar os resultados. Em 1865, Benoit Rouquayrol e Auguste Denayrouze, idealizaram e construíram um engenho que permitia ao mergulhador levar uma pequena quantidade de ar comprimido, nas costas. Este pequeno reservatório estava conectado à superfície pôr meio de uma mangueira de ar que partia de um compressor. Isso tinha pôr finalidade manter o pequeno tanque cheio, enquanto durasse o mergulho. Como tal equipamento permitia que o mergulhador se desligasse da mangueira de ar que o mantinha conectado à superfície (e que também servia para o constante reabastecimento do seu tanque), datam desta época os primeiros movimentos do homem se deslocando livre e solto pelo fundo do mar. Naturalmente o equipamento era bastante rudimentar, quando comparado a qualquer similar atual, mas já possuía um regulador que ajudava a controlar o fluxo de ar, do mini reservatório de mergulho até a boca do mergulhador. A permanência, “livre” e respirando ar sob o mar era bastante curta, mas acontecia. Em 1878, Henri Fleuss inventou um equipamento de respiração que fornecia oxigênio puro ao mergulhador, cujas exalações eram filtradas pôr um agente químico, para evitar o dióxido de carbono. Em 1888, George Comheines inventou um regulador semi-automático; Fixado num reservatório de ar comprimido. Já era alguma coisa com funcionamento bem mais SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 4 semelhante ao que hoje se usa. Infelizmente, naquele tempo de pioneirismo, o inventor morreu num dos primeiros mergulhos realizados. Em 1938 um grupo de marinheiros fundeia um escaler proveniente do cruzador Suffren, da marinha francesa, em frente da praia de Porquerolles, na Reviera Francesa. Um jovem oficial chamado Jacques-Yves Cousteau lança-se mar a baixo, testando um equipamento de respiração a oxigênio, praticamente de sua autoria. Vai até os 14 metros de profundidade e, a partir, daí sente os lábios e as pálpebras tremerem. Percebendo que vai perder os sentidos, descarta o cinto de lastro e aflora, inconsciente na superfície. Os marinheiros recolhem o oficial a bordo do escaler. Em 1939 o persistente oficial repete a experiência, trazendo uma válvula reguladora mais aperfeiçoada. O equipamento ainda utiliza oxigênio. Aos 14 metros de profundidade o mergulhador é acometido pôr contrações e convulsões, chegando novamente inconsciente à superfície. E assim Cousteau descobre e aprende que o oxigênio puro é extremamente perigoso a partir já dos 7 metros de profundidade. O oficial abandona o uso do oxigênio em suas experiências. Em 1942, durante a guerra, Cousteau conhece, casualmente, em Paris, um engenheiro perito em equipamentos de gás. Chamava-se Émile Gagnan e tinha construído uma válvula reguladora para alimentar com gás os motores de automóveis, uma vez que a gasolina era escassa. Poucas semanas depois, Cousteau e Gagnan realizam a primeira experiência no mar, mergulhando com um equipamento pôr eles construído. Tal equipamento consistia numa garrafa com ar comprimido, feito de aço. Dela saia uma válvula de respiração que controlava automaticamente o fluxo do volume de ar fornecido ao mergulhador, de acordo com o princípio distribuidor de gás de Gagnan. Entretanto tal equipamento só funcionou satisfatoriamente quando o mergulhador ficou na posição horizontal. Descoberta a modificação que precisava ser feita, o equipamento foi ajustado e funcionou perfeitamente, conforme nova experiência realizada em Paris, em tanque de água doce. Em junho de 1943, Cousteau realizou o primeiro passeio submarino em seu equipamento de mergulho autônomo, recebendo ar comprimido em condições satisfatórias e, a partir daí, marcou o início de uma outra modalidade de submersão que permitia ao mergulhador usufruir, finalmente, de um estado de liberdade. Conforme podemos constatar, o desenvolvimento da arte de submergir permaneceu quase estagnada pelos três últimos séculos, vindo a receber o impulso decisivo só muito recentemente. O problema técnico que obteve solução significativa foi à formulação do princípio de funcionamento da válvula reguladora do suprimento de ar a fluxo regulado. A partir de um protótipo aceitável, diversas variações e aperfeiçoamentos não cessaram de ocorrer até os dias de hoje. Interessante é ressaltar que, até bem pouco tempo o processo era muito empírico. Problemas como narcose ou intoxicação pôr oxigênio, antes de serem equacionados produziram muitas vítimas. A Doença Descompressiva (DD) espalhou seus efeitos durante muitos anos, de maneira desordenada, desafiando mergulhadores e pesquisadores. Barotraumas, os mais diversos ainda ocorriam com freqüência na década de 60 e o mergulho possuía, aos olhos de muitos espectadores, uma mística de atividade de considerável risco. Quanto ao mergulhador, era um desbravador ou um insensato. O panorama atual do mergulho se reveste de conotações bastante diferenciadas, quando em comparação à década acima citada. O grande segmento do mergulho de lazer, hoje, é uma realidade permitida a qualquer pessoa que queira experimentá-lo. Regulado e conhecido, é atividade segura, benéfica e desmistificada. Sobre esta conquista estruturou-se o mercado do turismo subaquático, propiciando o desfrute do visual submarino a gerações de jovens e idosos, ao mesmo tempo em que cria e assegura empregos a uma faixa considerável, direta ou indiretamente, da população. 1.1 Conceito de Atividade Adaptada As atividades recreativas, esportivas, praticadas por pessoas portadoras de deficiências, são consideradas adaptadas. Refletindo sobre o significado da palavra “adaptada” e compreendendo a deficiência como, diferença característica da individualidade, podemos perceber que adaptados são os recursos e técnicas utilizadas para a realização da atividade. As adaptações são meios para respeitarmos as necessidades individuais. Partindo deste princípio, nosso aluno pode realizar, com ou sem auxílio, o conjunto de habilidades SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 7 Lente única ou lente dupla ? É uma questão de gosto, adaptação individual, e qualidade de visão. Para os que usam lentes corretivas há dois caminhos: Usar lentes de contato sob a máscara (se a máscara inundar, há o risco de perder as lentes; fisicamente não há problema. Caso você use lentes, feche os olhos se sua máscara alagar) e usar lentes corretivas na própria máscara. No primeiro caso não importa se a lente é única ou dupla; no segundo caso o ideal é que a máscara seja de lente dupla, e as lentes originais sejam substituídas por lentes com o seu grau. Muitas óticas fazem este tipo de serviço. Há no mercado estrangeiro vários fabricantes de máscara que já vendem lentes de grau para seus modelos, prontas para substituição, nos graus mais comumente utilizados. Considerações sobre o material: O vidro (ou vidros) deve(m) ser temperado(s); normalmente esta informação vem gravada nas lentes. O material mais comumente usado no corpo da máscara é a borracha de silicone. Embora máscaras feitas deste material são mais caras que as feitas de borracha natural, elas duram três a quatro vezes mais. A borracha de silicone é geralmente mais macia e proporciona um melhor caimento na face. E pessoas que podem ter algumas reações alérgicas à borracha natural se beneficiarão da borracha de silicone, que é hipoalergênica. As máscaras de borracha de silicone podem ser transparentes ou opacas. As transparentes são mais bonitas, permitem que mais luz atinja o rosto do mergulhador, uma característica importante para aqueles que aparecerão em fotos submarinas; mas mergulhadores que irão procurar peixes em tocas, olhar detalhes em corais, etc. terão problemas por causa deste excesso de luz, principalmente próximo à superfície. Estes últimos deverão usar máscaras com borracha de silicone de cor escura, que eliminarão a entrada indesejável de luz e manterão as características de adaptação e conforto. 2.1.2 Snorkel (tubo respirador) É o famoso "canudo" tão conhecido pelos leigos na terminologia de mergulho. Se você já o conhece e se refere a ele com este nome, mude rapidamente para snorkel, para que não seja comentado nas rodas de mergulhadores. A função de um snorkel é permitir que a pessoa respire confortavelmente enquanto nada ou descansa à superfície com a face voltada para a água, sem que tenha que levantar a cabeça para isso. Mesmo no mergulho autônomo ele é útil, pois permite que o mergulhador economize ar de seu tanque enquanto nada para o ponto combinado para a descida ou no retorno ao barco, por exemplo. Snorkels são basicamente tubos curvos com uma peça adequada à boca (bocal) em uma extremidade e uma abertura na outra. As duas mais importantes considerações na escolha de um snorkel são o conforto e o tamanho. Os snorkels de melhor qualidade tem bocais que são macios e confortáveis para uso por longos períodos de tempo. Bocais menores são disponíveis para mergulhadores menores. Tamanho adequado, no caso de snorkels, se refere ao tamanho do tubo e seu diâmetro. Tubos muito pequenos ou muito longos tornam a respiração difícil. Tubos muito largos tornam difícil a expulsão da água após mergulhos, antes que se retome a respiração pelos mesmos. Procure a orientação de um entendido no ramo quando for adquirir o seu material; não o compre em lojas de variedades. Em tempo: Se você alguma vez viu "canudos" com bolinhas de pingue-pongue no extremo oposto ao do bocal para vedá-los, esqueça; não servem para nada. Uma popular implementação nos snorkels é a adição de uma válvula de purga próxima à base (bocal). Esta válvula de uma única direção permite que a maior parte da água, no snorkel, saia sem que seja necessário um esforço maior no sopro comumente usado para expulsão da mesma. Outros snorkels tem uma seção flexível próximo ao bocal que permite que este não fique atrapalhando quando não estiver sendo usado. Detalhe interessante: O contato com borracha natural preta, mancha o silicone transparente. 2.1.3 Nadadeiras As nadadeiras permitem ao mergulhador mover-se na água com menor esforço e muito mais eficiência do que na natação convencional, desequipada. Com o uso de SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 8 nadadeiras, o mergulhador deve dispensar o uso dos braços e mãos para nadar; basta usar as pernas para se locomover no meio aquático. Há vários modelos de nadadeiras, algumas projetadas com o uso de computadores, cada fabricante alardeando as vantagens de seus produtos. Basicamente pode-se dividir as nadadeiras em dois tipos: Fechadas (o espaço para o pé é de um tamanho determinado, devendo o usuário escolher o tamanho certo conforme seu pé) e abertas ( ajustáveis, prendendo-se aos pés no calcanhar através de tiras elásticas). A seguir estão representados os dois tipos. As nadadeiras fechadas são geralmente menores e mais flexíveis do que as abertas, prestando-se melhor para o mergulho em apnéia e o mergulho autônomo em águas quentes, onde não há a necessidade de fazer-se muito esforço para locomoção e usa-se equipamento mais leve, com menor arrasto hidrodinâmico. Estas nadadeiras são projetadas para uso com pés nus, o que as desapropria para mergulhos em águas com menos de 20 graus centígrados. Abaixo desta temperatura o uso de botas ou meias protetoras térmicas (veremos mais tarde) se faz necessário para manutenção da temperatura nos pés. O "sapato" nas nadadeiras ajustáveis cobre apenas uma parte dos pés. Uma tira elástica mantém a nadadeira no lugar correto. Este tipo deve ser usado com botas ou meias de neoprene (borracha) para proporcionar melhor ajuste e evitar machucados nos pés. Isso faz com que sirvam para águas de qualquer temperatura. As nadadeiras ajustáveis são mais recomendadas para mergulho autônomo, por causa do seu maior tamanho e rigidez. O mais significante avanço no desenho de nadadeiras nos últimos anos foi a introdução de material termoplástico na fabricação das lâminas propulsoras, que eram feitas apenas de borracha natural. Este material oferece um melhor desempenho com menor esforço, é mais leve, tem variedade de cores, e é mais resistente ao desgaste. Dentre os dois tipos de nadadeiras há alguns modelos chamados "turbo". Estes apresentam fendas para a passagem de água nas lâminas para reduzir o esforço da natação (redução de atrito quando o pé "sobe. Quando selecionando nadadeiras, as considerações principais são tamanho, estilo e composição da lâmina. Independentemente do estilo que você escolha, o tamanho e composição da lâmina deve se adequar ao tamanho do seu corpo e ao tipo de mergulho quer você vai fazer. Uma nadadeira muito apertada pode restringir a circulação e causar caimbras, enquanto uma nadadeira solta pode causar atrito, cair ou causar caimbras por tentar mantê-la no pé. Como nos demais equipamentos, busque a orientação com pessoas mais experientes ou com vendedores especializados no ramo. 2.1.4 Roupas úmidas Embora com a máscara, o snorkel e as nadadeiras o mergulhador possa se locomover e enxergar embaixo d'água, a sua permanência fica ameaçada por um outro importante fator, principalmente nas águas das regiões Sudeste e Sul do Brasil: O frio. A perda de calor do corpo do mergulhador para a água é 25 vezes mais rápida do para o ar, o que significa que mesmo que a água esteja tolerável no início do mergulho, a tendência é de que o mergulhador desprotegido sinta frio rapidamente, tendo que interromper seu mergulho para evitar problemas maiores. Há também a ocorrência muito comum de faixas de água com temperaturas diferentes (as chamadas termoclinas). As vezes a água está quente e agradável na superfície e abaixo de uma determinada profundidade fica fria e turva. Normalmente, em águas com temperatura em torno de 25 graus centígrados um mergulhador de compleição física mediana leva mais de uma hora para sentir frio, o que permite que se mergulhe sem roupa protetora. A medida em que esta temperatura cai o tempo de tolerância se reduz drasticamente, tornando o uso de roupa protetora importantíssimo para o aproveitamento e satisfação com o mergulho (afinal, você estará mergulhando por lazer, e não para sofrer). SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 9 As roupas úmidas são feitas geralmente de neoprene (um tipo de borracha sintética), algumas forradas por dentro e por fora com tecidos sintéticos, outras não. Há roupas mais finas feitas de outros materiais, que se prestam como proteção para mergulhos em águas quentes. O seu princípio de funcionamento é o seguinte: Ao mergulhar, a água entra no interior da roupa e é rapidamente aquecida pelo corpo. Uma roupa adequada não conseguirá impedir completamente a entrada da água, mas impedirá que esta água aquecida circule, evitando a entrada de novo volume de água fria. Ao mesmo tempo o material de que é feita a roupa funciona como isolante térmico, reduzindo a troca de calor do corpo com a massa de água externa. O neoprene contém bolhas de ar em seu interior, como o tradicional queijo suíço. Estas bolhas, além de ajudarem na isolamento térmico, ajudam a dar flexibilidade ao material, oferecendo um certo conforto aos usuários das roupas. Quanto mais grosso o neoprene, maior sua capacidade de reter o calor corpóreo, mas também mais desconfortável e menos flexível ele será. As roupas são fabricadas com espessuras de 2mm (usadas por surfistas) até 7mm usadas por mergulhadores de águas bem frias. Tipos de roupas: Há peças de neoprene para cobrir-se todo o corpo. Há jaquetas de manga curta ou manga comprida, há bermudas, calças e macacões tipo jardineira, há meias e botas, há capuzes, há luvas. A composição adequada ao mergulho será ditada pela temperatura da água. Outra função importante da roupa de mergulho é a proteção contra encontros involuntários com seres urticantes (águas-vivas, certos tipos de corais, etc.), esbarrões em ouriços e conchas afiadas. Assim, o ato de mergulhar com roupa completa assegura uma proteção não somente contra o frio como também contra estes "infortúnios". Cuidados com as roupas de mergulho: ⇒ Lave em água doce, por dentro e por fora. ⇒ Deixe secar à sombra. ⇒ Não dobre a roupa; deixe-a pendurada em cabides roliços (que não marquem o neoprene) ou então enrolada. Dobras enfraquecem o neoprene. ⇒ Lubrifique os zíperes e partes metálicas. Acompanhando as roupas temos também o uso de luvas, indicado para aquecer as mão e evitar o contato direto com seres urticantes. Devem estar bem ajustadas para que não fujam das mãos dentro d’água. 2.1.5 Cinto de Lastro Consiste em um cinto normalmente de nylon com fivela de plástico ou aço inox e lastros de chumbo ou chumbo revestido com vinil, com pesos variando de 0,5 à 6 kg cada, que deverão estar bem distribuídos pela cintura do mergulhador. Sua função básica é neutralizar a flutuabilidade positiva do mergulhador quando na superfície e fazendo com que o mesmo tenha uma descida suave e sem esforço. Para determinar a quantidade exata de peso, coloque todo o equipamento que você usa num mergulho. Entre na água e comece acrescentar e/ou subtrair peso até que você afunde levemente depois de expirar e suba levemente quando inspirar completamente. esvazie seu colete até que possa determinar a quantidade necessária. Como flutua-se um pouco mais na água salgada do que na doce, lembre-se de acrescentar ou retirar entre 1 e 2 Kg de peso conforme for mergulhar em água doce ou salgada. Vale ressaltar que isto é apenas um guia, pois as necessidades de peso são individuais. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 12 Os reguladores podem ser balanceados ou não balanceados. Em um regulador dito não balanceado a pressão fornecida ao segundo estágio cai quando o tanque começa a ficar vazio, dificultando um pouco a respiração (maior esforço de inspiração) com o tanque quase vazio. O balanceado mantém o mesmo esforço inspiratório do início ao fim do mergulho. Como não se deve mergulhar até que a garrafa fique vazia, os reguladores não balanceados tem um lado bom: A dificuldade inspiratória serve de alerta para que o mergulhador consulte seu manômetro de imersão. 2.2.4 Colete Equilibrador Conforme vimos anteriormente, o problema da flutuabilidade não é totalmente resolvido pelo uso de lastro com roupa de neoprene. Com o aumento de pressão ambiente o volume da roupa diminui e sua flutuabilidade também diminui, fazendo com que o mergulhador que estava em equilíbrio na superfície fique negativo no fundo. É muito desagradável mergulhar-se negativo; temos que nadar constantemente para não afundarmos e batermos no fundo; cansa-se muito mais, o que faz com que o consumo de ar aumente e o mergulho dure menos. O colete equilibrador (em inglês BCD - Buoyancy Compensator Device, ou simplesmente BC) foi projetado para compensar esta flutuabilidade variável com a profundidade. O BC tem dispositivos que permitem que o mergulhador o infle e desinfle durante o mergulho, fazendo com que o seu aumento ou diminuição de volume restaure o equilíbrio a cada profundidade em que o mergulhador se encontre. Todos BC's podem ser inflados oralmente, e alguns deles tem dispositivos que são ligados diretamente em uma saída de baixa pressão do primeiro estágio do regulador (baixa pressão é a pressão que vai para o segundo estágio primário e para o octopus), para que sejam inflados com o ar do tanque, a partir do toque de um botão. Para desinflar todos tem um botão que libera a saída do ar; o colete possui uma válvula de purga automática caso exista excesso de gás ao infla-lo. Na superfície o BC é usado cheio, como suporte, evitando que o mergulhador afunde ou que tenha que ficar nadando para boiar confortavelmente. É útil enquanto se espera pelo companheiro que ainda não caiu na água, quando se vai nadar para um ponto determinado para o início da descida, etc. Novamente o BC "jaqueta" é melhor, já que o ar está concentrado em torno da cintura do mergulhador, fazendo com que este flutue com maior porção do corpo fora da água, com mais conforto. Outro uso do BC é como local de guarda de acessórios. No BC "jaqueta" normalmente há vários bolsos e presilhas, onde colocamos lanterna, o octopus, prendemos o console para que este não fique batendo no fundo, etc. Os coletes podem possuir ajuste dos ombros, pelos dois lados, por apenas um ou simplesmente não ter ajuste, como é o caso dos coletes tipo “banana”. São equipados com uma válvula de sobrepressão para liberar automaticamente o ar, caso o colete esteja cheio demais. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 13 2.3 ACESSÓRIOS 2.3.1 Profundímetro No mergulho autônomo é muito importante que o mergulhador saiba sua profundidade instantânea e a profundidade máxima alcançada no mergulho, pois estes são dados fundamentais para serem confrontados com os cálculos de segurança que devem ser efetuados antes de cada mergulho, mormente os mergulhos mais fundos (abaixo de 10 metros) e os mergulhos sucessivos. Um bom profundímetro deve ter sua escala o mais precisa possível (de metro em metro, ou ao menos de 3 em 3 pés). Há profundímetros digitais, que facilitam a observação da profundidade e normalmente registram a profundidade máxima alcançada. Nos profundímetros analógicos esta profundidade máxima é registrada através de um ponteiro de arrasto, um ponteiro extra que é empurrado pelo ponteiro principal e não retorna com este, quando se sobe para profundidades menores. O ponteiro de arrasto deve ser colocado na posição "zero" antes de cada mergulho. Os profundímetros americanos tem sua escala em "pés", e os europeus em "metros". de qualquer forma, um mergulhador deve saber fazer a conversão de metros para pés e vice-versa com rapidez. As fórmulas são as seguintes: Uma sugestão é que se guarde a seguinte relação: 10 pés = 3 metros e parta-se daí para fazer as conversões por regra de três simples. 1 metro: 3,3 pés 1 pé: 0,3 metros Outro exemplo: O profundímetro marca 75 pés de profundidade; a quantos metros estou? 10 pés estão para 3 metros assim como 75 pés estão para x metros; Assim: 10 pés ---- 3 metros 75 pés ----- x metros Então: x = 3 x 75 / 10 ; x = 22,5 metros. Uma maneira também simples, mas mais difícil de guardar é: Para saber metros a partir de pés, multiplique por 3 e divida por 10. Para saber pés a partir de metros, multiplique por 10 e divida por três. Ex.: Quantos pés representam 15 metros? 10 pés estão para 3 metros assim como x pés estão para 15 metros; Assim: 10 pés ---- 3 metros x pés ----- 15 metros Então: x = 10 x 15 / 3 ; x = 50 pés. 2.3.2 Manômetro de Imersão manômetro é o instrumento utilizado para a medição de pressão. Através da medição da pressão em um tanque não sabemos a quantidade exata de ar que há nele, mas conseguimos monitorar se este ar esta acabando ou não. O manômetro de imersão é assim chamado porque é levado em imersão (mergulho) durante a atividade do mergulhador. O manômetro é conectado ao primeiro estágio do regulador através de uma mangueira específica (preparada para suportar alta pressão). Todo primeiro estágio tem ao menos uma saída (orifício) assinalada como HP (High-Pressure ou alta pressão) para este fim. Alguns manômetros tem sua escala marcada em "bar", outros em "psi". Uma garrafa padrão de alumínio com pressão de trabalho de 3000 psi, se cheia, deverá acusar este valor quando acoplada a um regulador com manômetro. Como converter escalas: 1 "bar" = 14,7 "psi" assim, por exemplo, 3000 "psi" são 204 "bar". SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 14 2.3.3 Bússola A bússola é um item de equipamento que além de facilitar a navegação quando submerso, aumenta o grau de segurança dos mergulhos. Ela é a única maneira de manter alguma orientação em águas turva, quando a visibilidade é pequena. No mergulho noturno, a bússola é essencial tanto debaixo d’água quanto na superfície. Em alguns locais, é comum iniciar-se o mergulho sob um céu azul e termina-lo envolto em uma neblina. A bússola indica a direção da costa e é um instrumento de grande valor para a navegação mesmo quando a visibilidade é excelente, evitando constantes subidas à superfície para verificar o rumo e posição. 2.3.4 Lanterna As lanternas são importantes para o caçador submarino, que as utiliza para olhar dentro de tocas escuras à procura de seus peixes, e para o mergulhador autônomo que com ela pode recuperar as cores perdidas pela absorção da luz solar na água, pode iluminar seu caminho nos mergulhos noturnos, etc. Há lanternas de vários tipos e tamanhos, desde as pequenas utilizadas pelos caçadores às grandes utilizadas pelos mergulhadores noturnos. Obviamente todas devem ser especialmente desenhadas para mergulho, para que resistam à pressão e permaneçam estanques. 2.3.5 Apito É interessante como sinalizador para chamar a atenção na superfície, seja para um barco que passa, ou para um companheiro que desgarrou, indo parar longe com a correnteza. É mais fácil ouvir-se um apito do que um grito, e é mais fácil ao mergulhador apitar do que gritar. 2.3.6 Bóia e Bandeira A bóia de sinalização é uma importante referência que o mergulhador tem para dar a quem quer localizá-lo. O ideal é que a bóia tenha uma das duas bandeiras de mergulho (vide ilustração), para avisar a outras embarcações sobre a presença de mergulhadores na área. 2.3.7 Livro de registro O Livro de registros ou LogBook é o local onde o mergulhador registra sua experiência, comando nota de todos os seus mergulhos. Pode servir como fonte de consulta para ele mesmo ou para outros companheiros que desejem mergulhar no mesmo local, e constantemente é solicitado em operadoras de mergulho internacionais com prova de experiência. Normalmente se anota as características do ponto de mergulho, temperatura e visibilidade da água, o que há de interessante para se ver, o tempo de mergulho, intervalos de superfície para cálculos de mergulhos sucessivos (veremos mais adiante), etc. 2.3.8 Tabela de Mergulho As tabelas de mergulho são importantíssimas no planejamento de mergulhos. Elas informam o tempo que se deve ficar a cada profundidade para que se evite a chamada “Doença Descompressiva" ou "DD", que veremos mais tarde. As tabelas serão detalhadamente vistas neste curso. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 17 3.3 LEI DE BOYLE “A temperatura constante, o volume de um gás varia inversamente com a pressão absoluta a que está sujeito”. P0 x V0 = P1 x V1 A pena máxima para o mergulhador que ignorar a Lei de Boyle é a Embolia Traumática pelo Ar, com explosão dos alvéolos pulmonares e até a morte. Um balão de ar com 10 litros de volume à superfície, a 10 metros de profundidade estará reduzido à metade do seu volume, pois acrescentamos mais uma atmosfera. Ele passou de 1 ATA para 2 ATA, se acrescentarmos mais 10 metros o balão estará a 3 ATA e assim sucessivamente. Suponhamos um volume pulmonar ocupado com ar à superfície (1 ATA) de 6 litros. A 10 m estará com 2 ATA de pressão e portanto com metade do volume ou 3 litros, a 3 ATA ou 20 m estará reduzido a 1/3 ou 2 litros. Tudo bem, se o mergulhador desce em apnéia, seus pulmões expandidos a 6 litros na superfície contraíram-se a 2 litros a 20 metros e no retorno à superfície voltarão aos 6 litros iniciais. Vamos agora supor que o mergulhador esteja nos 20 m de profundidade e encha o peito com ar da garrafa de um “amigo” lá embaixo, e suba à superfície sem soltar o ar, pela lei Boyle P0 x V0 = P1 x V1, ou 3 (ATA) x 6 (litros) = 18 litros. Se o mergulhador sobreviver, ele terá aprendido a lei de Boyle para o resto da vida. O mergulhador consciente da Lei de Boyle e que está usando equipamento de mergulho a ar comprimido, garrafa ou narguilhe, sempre sobe à superfície respirando normalmente, mantendo constante o equilíbrio do volume pulmonar com respeito à pressão d’água. Não devemos pensar que a grande profundidade é o maior problema na ignorância da Lei de Boyle, senão vejamos: Quando o mergulhador passa dos 30 m para os 20 de profundidade, o seu volume pulmonar ocupado pelo ar que era de 4 litros, não variará muito; usando a equação temos: 4 (l) x 4 (ATA) = V x 3 (ATA) V= 5,333 l Esses mesmos 10 m perto da superfície tem porém efeitos tremendos, pois,: 4 x 2 = V x 1 V = 8 SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 18 Se o mergulhador sobe de 10 m para a superfície sem exalar, ele dobra o volume dos pulmões. Dobrar o volume é fisicamente pior que aumentar em 1/3, portanto a Lei de Boyle tem que ser respeitada sempre, principalmente quando se está próximo à superfície e utilizando equipamento autônomo. A regra prática para que a Lei de Boyle não prejudique o mergulhador é, que ele suba à superfície na mesma velocidade das bolhas de ar exaladas durante a respiração. A velocidade de subida tomada em todos os cálculos é de 18 m / min. 3.4 LEI DE CHARLES ( ou Lei de Gay Lussac) “A pressão constante, o volume de um gás, varia diretamente com a temperatura a que está sujeito”. V T V T 1 1 2 2 = A pena máxima para o mergulhador que ignora a Lei de Charles é, tendo sua garrafa exposta ao sol (calor), explodir com ela se a válvula de segurança e o “anjo de guarda” falharem. Exemplo: V1 = 2000 e T1 = 298o KC (25o C). Supondo-se que com a garrafa ao sol a temperatura atinja 90o C (363o C), teremos: V x l2 2000 363 298 2436= = Ora, a garrafa não se dilata a esse ponto, o que acontece é que a pressão interna aumenta em 21,75%. As garrafas possuem válvulas de segurança que toleram aumentos de até 50% mas, há garrafas que não tem a válvula ou que esta não tenha manutenção e, “o caso mais famoso é o da garrafa que explodiu dentro de um carro só deixando o chassis”. Para não ser prejudicado pela lei de Charles, mantenha as garrafas cheias sempre a sombra e jamais ao calor excessivo. 3.5 LEI DE DALTON “A pressão total de uma mistura de gases em um recipiente fechado é igual à soma das pressões parciais de cada componente como se ele estivesse só e ocupando o volume do recipiente”. A pressão parcial de um gás em uma mistura de gases é portanto proporcional ao número de moléculas desse gás presente, ou seja, à concentração. O ar é uma mistura de Nitrogênio (77,14%), Oxigênio (20.63%), gases raros (0,93%), Gás Carbônico (0,03%) e vapor d’água (1,20%). No que interessa ao mergulho, tomaremos as concentrações dos dois componentes importantes N2 e O2 como 80% e 20%, esquecendo-se pelo momento o CO2 e os outros gases. Ptotal = Pparcial N2 + Pparcial O2 Assim, a pressão parcial do N2 é 0,80 e a do O2 é 0,20, sendo 1 (um) a pressão parcial total. A seguir são mostradas as pressões parciais dos gases no ar para várias pressões. Profundidade (m) 0 10 20 30 40 100 Pressão Absoluta (ATA) 1 2 3 4 5 11 P N2 (Kgf/cm2) 0,78 1,56 2,34 3,12 3,90 8,58 P O2 (Kgf/cm2) 0,21 0,42 0,63 0,84 1,05 2,31 P Outros gases (Kgf/cm2) 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,11 Lembramos que nosso organismo está acostumado as pressões parciais grifados em negrito, na tabela anterior. O conhecimento do que acontece aos gases nos líquidos sob alterações de pressão é útil para entender a descompressão e os procedimentos especiais usados no mergulho profundo. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 19 3.6 LEI DE HENRY “A temperatura constante, a quantidade de um gás que se dissolve em um líquido é diretamente proporcional à pressão parcial desse gás”. Na superfície do mar, temos dissolvido em nosso sangue, aproximadamente 1 (um) litro de N2. Segundo a lei de Dalton, a 40 m a PN2 é de 3,9 ATA e pelo enunciado da Lei de Henry, de proporcionalidade de dissolução, temos: , donde, V = 5 litros. 1 0 78 3 9, , = V Este N2, que foi dissolvido no sangue e tecidos enquanto o mergulhador permaneceu submerso, não será eliminado com a mesma rapidez. Supondo-se, que um mergulhador não acredite na Lei de Henry, e suba de uma profundidade relativa, de modo brusco e sem cumprir as etapas de uma tabela de mergulho (quando necessário) ou exceda a velocidade de subida (que será abordado mais a frente), o N2 dissolvido no sangue e tecidos entra subitamente em supersaturação e ultrapassado determinado limite, formará bolhas que irão prejudicar a irrigação de órgãos importantes e mais uma série de complicações que serão vistas com maiores detalhes na Fisiologia do mergulho. Outra conseqüência da Lei de Henry, que será apreciada na fisiologia do mergulho, é a narcose pelo N2. Por último temos a aplicação prática das leis de Dalton e Henry ao mergulhador “pão-duro”. Este é aquele que insiste em prender a respiração por tempo exagerado, para economizar o ar dos cilindros. O organismo humano suporta na superfície, uma concentração limite de CO2 que situa-se em torno de 10% da mistura de gases que é o ar, quando essa concentração aproxima-se de 5%, já há porém, distúrbios na coordenação motora, excesso de fadiga, etc. Normalmente as garrafas são cheias dom ar limpo onde o CO2 se apresenta em baixas concentrações de 0,03%. Se porém, for admitida uma contaminação inicial que, na superfície do mar não apresente maiores problemas, a pressão parcial desse gás em ATA nas condições hiperbáricas do mergulho, poderá trazer problemas. Mas, mesmo supondo que não haja contaminação inicial, o CO2 é o produto natural da respiração pela queima de O2 no organismo. Se o mergulhador “pão-duro”, não elimina esse CO2 regularmente, ele passa para a corrente sangüínea, segundo sua pressão parcial como manda a lei de Henry. Isto vai até que o mergulhador comece a sofrer os efeitos de sua “economia”. Na fisiologia do mergulho, o mecanismo de ação do CO2 na respiração, será visto com maiores detalhes. 3.7 FLUTUABILIDADE A flutuação, força exercida num objeto imerso ou flutuante, foi explicada primeiramente por Arquimedes, um antigo matemático e inventor grego. Ele afirma: “um corpo imerso num líquido, total ou parcialmente, flutua com a força igual ao peso do volume do líquido deslocado”. Isto significa que podemos determinar a flutuação de um objeto imerso subtraindo o peso do objeto do peso do volume do líquido deslocado. Se o peso do líquido deslocado for maior que o do objeto imerso, a flutuação será positiva e o objeto flutuará. Se o peso do objeto for exatamente igual ao do líquido deslocado, a flutuação será neutra, e o corpo permanecerá suspenso no líquido a qualquer profundidade. Se o peso do objeto for maior que o do volume do líquido deslocado, a flutuação será negativa e o objeto afundará. Positiva, neutra e negativa são os termos utilizados em mergulho para descrever os estados de flutuação. Em alguns objetos, como balões, é possível alterar o volume do objeto com alteração desprezível da densidade. Quando um balão cheio de ar for imerso num líquido, a flutuação pode ser variada alterando-se o volume do balão. Isto varia a quantidade de água deslocada e resulta numa alteração da flutuação. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 22 Os sensores nervosos através do corpo excitam setores do cérebro para controlarem a velocidade de respiração em vários caminhos. Estes extremos nervosos especializados (quimiorreceptores) são extremamente sensíveis às alterações nos níveis de CO2 e de O2 na corrente sangüínea. Como a pressão parcial de CO2 aumenta e a pressão parcial do O2 diminui, a velocidade da respiração aumenta. A velocidade respiratória também reage a acidez do sangue, ao movimento dos músculos e as juntas, a à extensão das costelas e diafragma. Além do estímulo químico e mecânico, os estados emocionais, como ansiedade ou pânico, podem engatilhar aumentos ou diminuições na velocidade respiratória. O CO2 é um produto residual do metabolismo e deve ser eliminado logo após sua produção pelas células, pois, o corpo humano só funciona adequadamente com margens muito pequenas deste gás. De todos os mecanismos envolvidos no controle da respiração o CO2 é o mais eficaz para modificar a velocidade de ventilação. Um excesso de CO2 no corpo é conhecido como hipercapnia, e uma diminuição no conteúdo normal de CO2 chama-se hipocapnia. Ambos podem produzir problemas fisiológicos no mergulhador livre ou autônomo. A hipercapnia normalmente resulta em respiração curta e fadiga. Confusão, sonolência, espasmos musculares, dor de cabeça, náusea, músculos peitorais feridos e inconsciência também já foram relatados devido ao aumento nos níveis de CO2 no corpo. A hipocapnia pode resultar em tremores musculares, contração dos pulsos e mãos, “pontadas” nos membros ou lábios, tontura e inconsciência. O uso prolongado dos músculos durante atividade cansativa requer uma maior liberação de energia e, além disso, um aumento no uso do oxigênio, o que acarreta aumento da produção de CO2 podendo causar hipercapnia. No corpo humano uma velocidade de respiração maior que a normal continuará mesmo depois que seja parado o esforço excessivo, até que os níveis de CO2 e O2 voltem ao normal. Este atraso entre o final do exercício e a redução da velocidade respiratória é geralmente chamada de “falta de ar”. Para manter a eficiência respiratória e evitar a hipercapnia causada por exercícios prolongados, um mergulhador deve equilibrar a tomada de O2 e a retirada de CO2 através da respiração profunda e devagar, em todo o tempo do mergulho. Se uma “falta de ar” ocorrer, pare toda a atividade física, adquira flutuação neutra ou positiva (dependendo de estar-se embaixo d’água ou na superfície), e respire profundamente e devagar até que uma velocidade de respiração normal e regular se estabeleça. Num esforço para conservar ar embaixo d'água, muitos mergulhadores não treinados deliberadamente reduzem sua velocidade de respiração prendendo a respiração entre cada inspiração, esta técnica é chamada “pular respirações”. Pular uma respiração não reduz o consumo de ar e instantaneamente resultará numa elevação no nível de CO2 do corpo. Mesmo se parecer que uma quantidade de ar respirada está reduzida, níveis maiores que o normal de CO2 eventualmente aumentarão a velocidade da respiração do mergulhador. Por tempo prolongado “pular respirações” pode levar a muitas alterações fisiológicas indesejáveis (sintomas de hipercapnia, como dor de cabeça e respiração curta), e não conservação do suprimento de ar. Os espaços mortos criados pela boca, nariz, garganta e brônquios, também contribuem para a hipercapnia, pois abrigam ar com quantidades de CO2 maiores que o normal, pela pouca renovação de ar provocada por uma respiração rápida. 4.2 HIPERVENTILAÇÃO A regularização respiratória é sensível ao comportamento humano e ao controle voluntário. Poucos sistemas do corpo humano respondem tão rapidamente a situações de pânico, ansiedade e aumento de pressão. O aumento da velocidade e/ou profundidade de respiração pode levar a uma super-respiração deliberada ou não. Isto se chama de hiperventilação. Inspirar e expirar rapidamente e profundamente além das necessidades do corpo, resultará numa redução do CO2 e num pequeno aumento na pressão parcial do O2 na corrente sangüínea. Reduzindo a quantidade de CO2 no corpo, as capacidades do mergulhador livre aumentam muito. A hiperventilação prolongada reduzirá o nível de CO2 no corpo e romperá o equilíbrio sangüíneo ácido/base, resultando em muitos sintomas de hipocapnia: formigamento nos dedos, contração dos pulsos e mãos, ou mesmo perda da consciência. Algumas vezes, a hipocapnia causada pela hiperventilação será um resultado direto da ansiedade ou pânico. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 23 O mergulho em apnéia, se continuado após hiperventilação excessiva, atrasará a necessidade de respirar e poderá resultar em hipoxia ou falta de suprimento suficiente de oxigênio. Em profundidades, a pressão d'água comprime os pulmões dos mergulhadores de forma que a pressão de ar dentro destes seja igual à pressão circundante. quando isso ocorre, a pressão parcial do oxigênio nos pulmões aumentará, permitindo que mais O2 seja absorvido à pressão atmosférica. Este aumento rápido e temporário de oxigênio no sangue leva os mergulhadores a sentirem que podem ficar mais tempo ainda embaixo d'água. Durante a subida, a pressão nos pulmões diminui, assim como a pressão parcial do O2. O corpo de um mergulhador pode conter O2 insuficiente para permanecer consciente e pode ocorrer uma perda de consciência durante a subida para profundidades menores ou logo após alcançar a superfície, devido a esta condição isto chama-se apagamento ou sincope de apnéia. 4.3 ACIDENTES DO MERGULHO Como vimos anteriormente em nossos estudos de física, o mergulhador ao ingressar no ambiente submarino, sofrerá não só os efeitos diretos da pressão mas, como também, efeitos indiretos. Tais ações, ocasionadas pela pressão são sentidas por nosso organismo e se nós não nos adaptarmos convenientemente a estas mudanças ou recorrermos a artifícios e regras para faze-lo, poderá então advir os acidentes. EFEITOS LEI DE FÍSICA DENOMINAÇÃO DIRETOS BOYLE • BAROTRAUMAS • EMBOLIA TRAUMÁTICA P/ AR ACIDENTES INDIRETOS HENRY • DOENÇA DESCOMPRESSIVA DALTON • INTOXICAÇÃO • APAGAMENTO • NARCOSE • OUTROS Nesta tabela temos dividido os acidentes que virão a ser estudados, bem como, as leis da física destes acidentes. Ainda na tabela, podemos constatar que os acidentes indiretamente estão subdividos, separando o 1o que ocorre por ação biofísica, do 2o que agem por ações bioquímicas. 4.3.1 BAROTRAUMAS Este acidente ocorre em formas variadas, sendo que seu fator causal é sempre o mesmo, o desequilíbrio de pressões, entre o interior das cavidades pneumáticas do organismo com a pressão ambiente em variação. Além das cavidades pneumáticas naturais, estrutura aéreas artificiais criadas pelo equipamento de mergulho podem provocar lesões. Vejamos as formas de barotraumas existentes: 4.3.1.1 Barotrauma Facial ou da Máscara Talvez seja a forma mais comum de barotrauma, apesar de as estatísticas apontarem o contrário. Na maior parte das vezes a sua sintomatologia é tão leve que nem a menos é percebida. Este acidente quando ocorre há desequilíbrio entre as pressões interna e externa da máscara. Quando o mergulhador inicia sua descida deve manter a pressão interna de sua máscara equilibrada com a pressão externa. Caso a pressão, no interior da máscara se torne menor que a externa, teremos a máscara se achatando em nosso rosto e funcionando como uma ventosa, tracionando os tecidos da face. Nos casos mais leves, constataremos o desenho da máscara no rosto do mergulhador. Podendo em formas mais graves, apresentar equimoses e hematomas, sangramento nasal e hemorragia sub-escleróticas e sub-conjuntivais. No caso de acidentes, as formas leves poderão ser tratadas com compressas geladas e analgésicos. Nos casos mais graves, é recomendável procurar um especialista. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 24 4.3.1.2 Barotrauma Cutâneo ou da Roupa De forma idêntica ao facial, o barotrauma cutâneo ocorre com o uso da roupa de mergulho mau ajustada em que se formam bolsas de ar entre a pele e a vestimenta. O aumento da pressão externa cria áreas de pressão negativa e o efeito ventosa ocorre. Equimoses e hematomas compõem o quadro. Para isto não ocorrer devemos usar roupas que se ajustem bem ao nosso corpo. 4.3.1.3 Barotrauma Otológico Segundo as estatísticas, é o barotrauma mais comum e manifesta-se de duas formas distintas: do ouvido médio e do ouvido externo. Como se sabe, o ouvido médio separa-se do externo pela membrana timpânica e comunica-se com a faringe através da Trompa de Eustáquio. Esta é o elemento regulador do equilíbrio das pressões e sua abertura se faz por deglutição, laterodidução da mandíbula ou de manobra de expiração forçada (Manobra de Valsava - é a mais clássica das manobras usada pelo mergulhador para equilibrar durante a descida, as pressões do ouvido médio com a pressão externa em variação. A Trompa de Eustáquio também funciona como dreno permanente de secreções. 1- Conduto auditivo externo 2- Ossículos 3- Canais semicirculares 4- Cóclea 5- Tímpano 6- Ouvido médio 7- Trompa de Eustáquio 4.3.1.3.1 Barotrauma do Ouvido Médio Se a Trompa de Eustáquio encontra-se obstruída por secreções (durante uma gripe, por exemplo), o mergulhador não conseguirá equilibrar as pressões, levando a um abaulamento da membrana timpânica, de fora para dentro, podendo mesmo ocorrer sua ruptura. Quando isto acontece, o ouvido interno (responsável pelo equilíbrio) é tomado pela água fria que, no primeiro momento, instalara um quadro de desorientação espacial. Podendo também ocorrer tonteiras, náuseas, vômitos, zumbido, sangramento pelo ouvido ou pelas fossas nasais. Nunca mergulhe gripado ou com algum problema nas vias aéreas superiores. O barotrauma do ouvido médio, é um acidente que normalmente ocorre na descida e vem precedido de dor em 9054 dos casos. Portanto, não insista em ir mais fundo, caso não esteja conseguindo equilibrar as pressões. A velocidade de descida deverá ser controlada de indivíduo para indivíduo pois, cada um, conforme seu treinamento ou conformação da Trompa de Eustáquio, terá maior ou menor capacidade de compensação. O uso de descongestionante nasal ajuda a reduzir as probabilidades de obstrução das Trompas de Eustáquio. Porém, seu uso deverá ser limitado a casos imprescindíveis de mergulho. Caso se acidente, interrompa toda e qualquer atividade hiperbárica, e procure um otorrinolaringologista. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 27 Ao estudarmos física, vimos que o ser humano tem cerca de 1 litro de N2 dissolvido em seu organismo. pois, vivendo na superfície onde seu corpo suporta a pressão de 1 Kg/cm2 (coluna atmosférica) composta basicamente de N2, foi seu organismo saturando-se com o tempo com volumes proporcionais. Se dobramos a pressão ambiente pela descida aos 10 m, dobra o volume de N2 dissolvido, aos 20 m triplica e assim por diante. Se o mergulhador deixar o fundo lentamente, o excesso de N2 que se dissolverá será gradativamente conduzido pelo sangue aos pulmões e eliminado para o meio ambiente. Numa subida precipitada, seria como se abríssemos rapidamente uma garrafa de Coca-cola, o gás entra em supersaturação e, excedido um certo limite, formam-se bolhas que obstruem a circulação sangüínea e de órgãos importantes, ocasionando a Doença Descompressiva. Em função das bolhas de N2 no organismo do mergulhador e de suas proporções, surgirão sinais e sintomas de maior ou menor gravidade com manifestações que poderão ser de ordens neurológicas, pulmonares, cutâneas, ósteo musculoarticular e outras. 4.3.3.1 Sintomas e Sinais Em 90% dos casos de DD a dor ósteo musculoarticular é manifestada. Sua instalação é geralmente gradativa, aumentando com o passar do tempo, podendo chegar a níveis insuportáveis. Freqüentemente inicia-se por um foco limitado, estendendo-se por áreas cada vez maiores. Pode vir acompanhada de edema e hiperemia localizada. As articulações mais afetadas por ordem decrescente são: Ombro, cotovelo, joelho e quadril. A DD com manifestações neurológicas poderá ocorrer em decorrência do comprometimento do sistema nervoso central, centros nervosos superiores ou do sistema nervoso periférico. Sinais como: manifestações sensitivas, motoras, confusão mental, alterações de personalidade, distúrbios visuais, paraplegia e outros poderão compor o quadro. Mal-estar ou queimação retroesternal, acessos de tosse irreprimíveis são algumas das manifestações pulmonares de DD e com graves conseqüências para o mergulhador acidentado se não for prontamente socorrido com tratamentos adequados. Entre manifestações cutâneas temos: sensação mal definidas de picadas, queimação da pele, durante ou logo após a descompressão de um mergulho, manchas com ou sem coceiras espalhadas pelo corpo todo. Observações A DD, é um acidente ocasionado pela descompressão inadequada do mergulhador quanto à duração e profundidade do mergulho. Portanto facilmente evitado se respeitado a programação prévia que o mergulhador deve fazer antes de qualquer mergulho com auxílio da “Tabela de descompressão”. Em águas muito frias, faça uso de roupa de neoprene, pois, temperaturas baixas favorecem o aparecimento da DD. Durante o mergulho, evite esforços demasiados. O crescimento dos níveis de CO2 no sangue aumentam a incidência e a gravidade da DD. Não faça o uso de bebidas alcóolicas antes do mergulho. Sinais e sintomas de DD poderão manifestar-se em minutos, horas, ou até em semanas após o mergulho, o que não invalida a necessidade do acidentado procurar um centro de medicina hiperbárica, que deverá contar com uma câmara de recompressão. 4.3.4 NARCOSE PELO N2 (embriaguez das profundidades) A narcose pelo N2 é um quadro semelhante a embriaguez alcóolica, provocado pela impregnação difusa do sistema nervoso central, pelo N2, com manifestações psíquicas, sensitivas e motoras. Manifesta-se normalmente a partir dos 30 m nos indivíduos mais predispostos, e aos 60 m poucos são os que não demonstrarão algum sinal dos efeitos narcóticos do N2. Quando manifestado quaisquer sinais da narcose, basta que o indivíduo retorne alguns metros para cima, para que cessem os sinais sem deixar seqüelas. Caso o mergulhador prossiga sua incursão ao fundo submarino, o quadro inicial que era um simples sensação de leveza, pequenas descoordenações motoras, evoluirá para convulsões e até desmaio. Observações: SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 28 Indivíduos transnoitados ou alcoolizados, não deverão mergulhar, pois, são fatores potencializadores de Narcose pelo N2 o álcool e a estafa. Os principiantes deverão moderar a velocidade de descida, bem como, policiar-se para que ao menor sinal interrompam sua descida. Indivíduos que estejam sob tratamento de anticinetósicos, só poderão mergulhar perante consulta prévia a um especialista em medicina hiperbárica. 4.3.5 INTOXICAÇÃO PELO O2 Este gás é altamente tóxico quando sua pressão encontra-se elevada. Quando se utiliza O2 puro para mergulho em uma profundidade moderada de 30 m, o mergulhador estará inalando um gás sob a pressão total de 4 ATA. A esses níveis, em poucos minutos, esse mergulhador é tomado de violentas convulsões generalizadas, acompanhada de perda da consciência. Estudos realizado em câmaras hiperbáricas demonstraram que o O2 puro apenas pode ser utilizado em profundidades inferiores à 12 m. OBS: O O2 puro não é utilizado nas atividades subaquáticas amadora. Contudo, o O2 é um dos componentes do ar comprimido respirado pelo mergulhador amador e poderá conforme a profundidade ter sua pressão parcial atingindo níveis perigosos. 4.3.6 INTOXICAÇÃO PELO GÁS CARBÔNICO (CO2) O aumento do CO2 no organismo, pode ser conseqüente a contaminação do ar respirado ou a dificuldade de eliminação. Falta de ar é o sintoma mais evidente, acompanhado ou não de confusão mental e descoordenação motora. Podem ocorrer perda da consciência e parada cárdio-respiratória. Observações: Evite esforços durante o mergulho. Não “poupe” o ar da garrafa, respire normalmente. No caso de intoxicações pelo CO2, o mergulhador deve vir ou ser trazido para a superfície imediatamente e exposto ao ar fresco. O quadro regride rapidamente na maioria das vezes, sem maiores problemas. 4.3.7 INTOXICAÇÃO PELO MONÓXIDO DE CARBONO (CO) Ocorre por contaminação de mistura e provoca bloqueio da hemoglobina levado a um apagamento do mergulhador, evoluindo com lesões graves do sistema nervoso central, podendo acarretar a morte. Os sintomas são: náuseas, vômitos, desorientação motora e desorientação espacial. Desmaios súbitos são freqüentes e raramente ocorre sensação de falta de ar (característica de CO2). 4.3.8 APAGAMENTO Este acidente é um dos mais perigosos da prática do mergulho e, lamentavelmente, tem sido fatal para vários de nossos mergulhadores. Seu maior perigo reside no fato de ser insidioso. O efeito básico é o afogamento. Como já vimos no estudo da Fisiologia, que não conseguimos prender a respiração por um período muito longo porque o aumento da pressão parcial de CO2 ( pCO2) corrente sangüínea, dispara mecanismos reflexos que nos provocam a necessidade urgente da respiração. A medida que melhoramos nossos resultados no mergulho livre, mas difícil se torna qualquer progresso em relação ao aumento do tempo de fundo. Isto reflete proximidade do nosso limiar de eficiência. Nesta fase, alguns mergulhadores lançam mão da prática da hiperventilação, baseados no princípio que uma maior iluminação de CO2 implicaria em um aumento direto da Pressão parcial de O2 (pO2). Esta premissa demostra-se falsa, pois, o O2 é transportado, principalmente pela hemoglobina e, esta encontra-se quase toda ligada a este gás. Desta forma, com a hiperventilação apenas conseguimos diminuir a pCO2. Com o mergulho, após a hiperventilação, ocorre um consumo progressivo de O2 pelos tecidos e consequentemente aumento da pCO2. Esta subida da pCO2 leva à SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO (Elaboração Raimundo Sampaio) 29 necessidade de respirar e o mergulhador inicia a subida. Durante esta, a expansão dos gases provoca um aumento das pressões relativas e inicia-se um fluxo de CO2 do sangue para os pulmões e de O2 no sentido inverso. Com isto, desaparece a necessidade de respirar. Se o mergulhador não completa sua subida o O2 será rapidamente consumido e ele desmaiará. esta é a razão pela qual o apagamento ocorre, normalmente, na subida. Existe a possibilidade, também do apagamento ocorrer no fundo, se a hiperventilação levar a um declínio acentuado das taxas de pCO2. Assim, não há sequer a necessidade de respira, ocorrendo o apagamento pela queda brusca da pO2. Na ocorrência de um acidente desta natureza, o mergulhador de ser, imediatamente, retirado d’água e mesmo que não hajam conseqüências graves, a avaliação médica posterior é imprescindível, pelo risco de pneumonia. Se o afogamento implicar em para cárdio-respiratória, as medidas de ressuscitação devem ser adotadas imediatamente. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 32 5. TABELAS DE MERGULHO A quantidade de N2 absorvido pelo corpo aumenta com cada mergulho executado, e este total absorvido depende da profundidade do mergulho e do tempo gasto no fundo. Se a quantidade de N2 que é dissolvido nos tecidos do corpo exceder a um certo nível, a subida precisa ser devagar para permitir aos tecidos eliminarem este excesso de N2. O resultado de um falha nesta subida devagar é a doença descompressiva. Um tempo específico a uma profundidade específica com a finalidade de dessaturar os tecidos é chamado de parada de descompressão. 5.1 Tabelas sem descompressão Mergulhos rápidos ou rasos suficientes para não necessitarem paradas de descompressão são chamados mergulhos sem descompressão. Mergulhos até 10 m ou menos, não requerem paradas de descompressão. Com o aumento da profundidade, o tempo de fundo para mergulhos sem descompressão é decrescido. 5 minutos à 190 pés é o mais profundo mergulho sem parada de descompressão. Estes mergulhos estão na lista de mergulhos sem descompressão na tabela de designação do grupo repetitivo para limite de mergulhos sem descompressão, e só requer que a subida seja feita numa velocidade de 60 pés por minuto (18 m/min). 5.2 Tabelas que requerem paradas descompressivas. Todos os mergulhos além dos limites da tabela sem descompressão requerem paradas descompressivas. estes mergulhos são apresentados na tabela standart de descompressão com ar. 5.3 Definições dos Termos Termos que são freqüentemente usados em tabelas descompressivas, são definidos a seguir: Profundidade: Quando usado para indicar a profundidade do mergulho. Significa sempre a profundidade máxima atingida pelo mergulhador durante o mergulho, medida em pés ou metros. Tempo de Fundo: É o tempo total decorrido desde o início do mergulho, quando se deixa a superfície até o início da subida quando termina o mergulho, medido em minutos. Parada p/ Descompressão: É a profundidade específica a qual o mergulhador deverá permanecer por um tempo específico para eliminar os gases de seus tecidos do corpo. Mergulhos Simples: Um mergulho realizado após 12 horas de um outro mergulho. N2 Residual: Gás nitrogênio, que ainda permanece nos tecidos do mergulhador depois dele ter chegado a superfície. Intervalo de Superfície: É o tempo o qual o mergulhador permanece na superfície após um mergulho; começa tão logo ele chega a superfície e termina tão logo ele inicie a próxima descida. Mergulho Repetitivo: Qualquer mergulho antes de 12 horas do período de um mergulho prévio. Designação do Grupo Repetitivo: É a letra a qual relaciona diretamente o total de N2 residual no corpo do mergulhador para as 1as horas de período após o mergulho. Tempo de N2 Residual: É um total de tempo, em minuto, o qual precisa ser somado ao tempo de fundo do mergulho repetitivo para compensar o N2 ainda dissolvido em solução nos tecidos do mergulho, de um anterior. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 33 PERFIL DO MERGULHO 5.4 Instruções de Uso O tempo da para de descompressão é em minutos. Entrar na tabela com a profundidade exata ou a próxima maior profundidade alcançada durante o mergulho. Selecionar o tempo de fundo exato ou o próximo maior do tempo de fundo do mergulho. A velocidade de subida entre paradas não é crítico entre paradas de 50 (17 m) ou menos. Comece a tomar os tempos de cada parada na chegada da profundidade de descompressão e inicie então a subida até a próxima parada quando este tempo específico terminar. Exemplo: Mergulho de 82 pés por 36 minutos. Para determinar o procedimento certo de descompressão, a próxima maior profundidade encontrada na tabela será 90 pés. E o próximo maior tempo de fundo encontrado na tabela será de 40 min. Pare 7 min à 10 pés (3 m), de acordo com a tabela de 90/40. Variações Na Velocidade De Subida A subida de todos os mergulhos a velocidade de 60 pés /min. No caso de impossibilidade de manter a subida na velocidade de 60 pés/min • Se a demora for a profundidade maior que 50 pés: Aumente o tempo de fundo pela diferença entre o tempo usado na subida e o tempo que deveria ter sido usado na velocidade de 60 pés/mini. Descomprima de acordo como novo tempo de fundo. • Se a demora for a profundidade menor que 50 pés: Aumente o tempo da 1a parada de descompressão pela diferença entre o tempo usado na subida e o tempo, o qual deveria ter sido usado para velocidade de 60 pés/min No caso de exceder a velocidade de 60 pés/min • Se não for necessário para de descompressão: Pare aos 10 pés por um tempo equivalente a sua subida na velocidade de 60 pés/min. Se for necessário descompressão: Pare 10 pés mais fundo que a 1a parada e permaneça o tempo necessário para vir do fundo até a 1a parada na velocidade de 60 pés/min. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO Profundidade em metros > > > > 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 A 60 35 25 20 15 5 5 < < < < TEMPO EM MINUTOS > > > > B 120 70 50 35 30 15 15 10 10 5 5 5 5 C 210 110 75 55 45 25 25 15 15 10 10 10 7 5 5 5 5 D 300 160 100 75 60 40 30 25 20 15 15 12 10 10 10 8 7 E 225 135 100 75 50 40 30 25 20 20 15 15 13 12 10 10 F 350 180 125 95 60 50 40 30 30 25 20 20 15 15 15 1 G 240 160 120 80 70 50 40 35 30 25 22 20 15 2 H 325 195 145 100 80 60 50 40 35 30 25 25 3 20 2 20 4 I 245 170 120 100 70 55 45 40 30 3 25 6 20 6 J 315 205 140 110 80 60 50 40 7 30 7 30 14 25 10 K 250 160 130 90 70 2 60 8 50 10 40 15 L 310 190 150 100 80 7 70 14 60 17 50 18 100 M 220 170 140 100 10 14 80 18 70 23 60 25 N 270 200 160 21 120 26 90 23 90 23 > > ▼ Grupo Repetitivo TEMPO TOTAL DE FUNDO PARADA AOS 3 m LIMITE SEM DESCOMPRESSÃO U.S. Navy Standart Air Descompression Table SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 37 desde irritações leve até queimaduras, choques e paradas respiratória. As caravelas são sazonais e geralmente chegam até a costa em grupos, as vezes em centenas. Hidróides plumoides: alguns hidróides que vivem em colônias possuem uma estrutura similar a plumagens. Estes hidróides, como o coral de fogo, ficam presos ao fundo. Eles podem ser encontrados em rochas, corais, e colunas (piers, marinas, etc.). Podem ter células fortemente urticantes e podem causar irritação grave quando em contato com a pele. As anêmonas-do-mar são animais também solitários. A maior parte dos membros desta grupo não possui toxinas poderosas. Porém, evite o contato, a menos que seja familiarizado com espécies individuais. 6.3 LESÕES Vários animais aquáticos podem espetar os mergulhadores. Alguns destes podem injetar venenos através de aparatos pontiagudos. Coral: A maior parte dos corais duros possui pontas agudas que podem cortar. Os mergulhadores feridos com coral devem remover os pedaços de coral do corte, lavar a ferida com água fresca corrente e sabão anti-bacterial, aplicar anti-séptico tópico e bandagens, se necessário. As feridas de coral tem a fama de causarem coceira, ferindo lentamente. Se ocorrerem complicações, consulte um médico, pois é comum infecção secundária. Use roupas, luvas e botas ao mergulhar próximo a corais. Cracas e mexilhões. embora não pertençam ao mesmo grupo animal, as cracas adultas e os mexilhões desenvolvem conchas duras com as pontas agudas. Podem ser encontradas em profundidades rasas ou fundas, presas a pedras, naufrágios e colunas (piers, marinas, etc.). Como as conchas são pontiagudas, podem ser perigosas principalmente durante as entradas e saídas. Cortes e arranhões são facilmente obtidos quando os mergulhadores esbarram neles. Os primeiros socorros para feridas obtidas por estes animais são os mesmos dos corais. Ouriços-do-mar. Os membros deste grupo possuem espinhos longos e rígidos no corpo em forma de globo. As vezes encontrados em grande quantidade, estes animais cesseis podem ser encontrados em qualquer profundidade. A maior parte dos ouriços possui espinhos pontiagudos, esguios e extremamente quebradiços, mas alguns possuem espinhos afiados o suficiente para penetrar luvas e roupas grossas. As feridas nas mãos, braços e pernas são mais comuns. Os sintomas variam desde dor local até paralisia. Algumas espécies de ouriços excretam venenos tóxicos. O principal problema é a extração de espinhos quebrados na pele. Como são quebradiços, é difícil extrair um espinho inteiro. retire o máximo que conseguir com uma pinça ou agulha esterilizada. Lave com sabão anti-bacterial e aplique bandagens se necessário. Se ocorrer complicações, consulte um médico. Evite manusear ouriços que possuem espinhos agudos e use roupas protetoras ao mergulhar. Muitas espécies de ouriços são noturnas, portanto tenha cuidado durante atividades de mergulho noturno. O contato acidental com ouriços do mar geralmente ocorrem em áreas onde o mar é agitado. Conchas em cone. Um grande grupo de moluscos marinhos conhecido como cones são encontrados por todos os mares tropicais. Os cones geralmente são encontrados sobre pedras e corais. Eles possuem um aparato venenoso que consiste numa “seta” pontiaguda que é ejetada. Um ferimento feito por estas setas permite a entrada de veneno. Cada concha possui um veneno particular àquela espécie. Algumas espécies são extremamente perigosas e a toxina pode produzir dormência sobre a ferida, sensações de queimação, tremor pelo corpo, paralisia, e até coma. O tratamento inclui lavar a ferida com sabão e água e aplicar sucção no local da ferida com um kit “mordida de cobra”. Coloque a ferida na água em maior temperatura que a vítima puder suportar durante 30 min. Isto auxilia a desativar o veneno e a aliviar a dor. Transporte a vítima ao SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 38 hospital mais próximo para cuidado médico imediato. Pegue conchas em cone com cuidado para evitar tocar na parte mole. Consulte mergulhadores locais ou livros para identificar as espécies perigosas. Poliquetas. Muitas espécies de vermes marinhos tem tufos de pelos eriçados nos lados do corpo segmentado que podem se estender quando os animais são incomodados. Os pelos pontiagudos são capazes de produzir lesões. Pode-se usar esparadrapo para remover os pelos da pele da vítima. Aplique álcool para aliviar o desconforto. Evite pegar estes animais sem usar luvas. Peixes. Muitos tipos de peixes, arraias e tubarões encontrados por todo o mundo produzem feridas com nadadeiras modificadas transformadas em espinhos. Peixes espinhosos de água doce, como bagre, também podem ser perigosos. Alguns tubarões e peixes possuem nadadeiras pontiagudas e espinhos operculares; arrais possuem barbas ósseas nas caudas; todos devem ser evitados. Muitos destes animais são habitantes do fundo do mar, e muito camuflados, sendo difíceis de se ver. o tratamento para todas as feridas causadas por peixes, tubarões e arraias venenosos devem incluir: aliviar a dor, combater os efeitos do veneno e choque, e evitar infecção. Os primeiros socorros incluem retirar cuidadosamente qualquer pedaço de espinho remanescente e lavar a ferida com água. Mergulhe em água quente ou aplique compressas. Sucção no local com um kit ”mordida de cobra” pode auxiliar a extração de uma parte do veneno. Geralmente é necessário cuidado médico para tratamento adicional. Os sintomas relatados de feridas por espinhos de peixes variam e podem incluir dor localizada, dormência, náuseas, fraqueza, vermelhidão e inchaço em volta da ferida, e até inconsciência. Os mergulhadores devem evitar manusear peixes que se movimentam lentamente ou sejam camuflados, tubarões e arrais, pois estes animais geralmente possuem espinhos venenosos. Tenha cuidado ao colocar as mãos em grutas ou em pedras sem antes procurar peixes camuflados. Durante entradas e saídas em areia, arraste os pés pela água rasa para evitar feridas por arraia-lixa nos calcanhares e pés. Pergunte a mergulhadores ou consulte livros atuais sobre peixes perigosos do local, sua aparência, e onde são geralmente encontrados. 6.4 MORDIDAS Há poucos organismos aquáticos que podem morder um mergulhador. Muitos destes animais são curiosos, tímidos ou reclusos, mas geralmente se defendem se ameaçados, molestados ou provocados. Moreia. A maior parte das moreias vive entre fendas, em orifícios ou sob corais ou pedras. Possuem mandíbulas poderosas e muitos dentes pontiagudos capazes de morder com força. Tenha cuidado ao explorar fendas escuras ou buracos com as mãos. As moreias raramente atacam, a menos que se sinta sob ataque, portanto, não as moleste. Barracuda. Estes peixes naturalmente curioso não são um perigo para os mergulhadores. Não há registro de ataques sem provocação. Porém, elas mordem pescadores quando manuseadas e podem ser potencialmente perigosas por causa disso. Polvos. Os polvos não precisam ser temidos pelos mergulhadores. Eles são criaturas tímidas, inteligentes e delicadas, com sentidos altamente desenvolvidos, principalmente a visão. Podem ser encontrados geralmente em fendas e grutas durante o dia. À noite, movimentam-se em busca de alimento. Todos os polvos possuem uma boca , em forma de bico, localizada na parte de baixo do corpo, no centro dos braços. Evite deixar um polvo “passear” em seu braço ou mão, pois podem morder. Use luvas grossas ao lidar com estas criaturas. As mordidas produzem queimação, vermelhidão e inchaço SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 39 localizado. Limpe a ferida e mergulhe em água quente por 30 min. Uma espécie pequena na Austrália é venenosa e deve ser evitada. Cobras aquáticas. Estas são completamente aquáticas e podem ser encontradas principalmente no Oceano Pacífico tropical. São geralmente, venenosa. A maior parte das espécies raramente excede 1 m de comprimento. Algumas áreas de água doce também possuem cobras aquáticas, como a “boca-de-algodão”. Evite pegar ou provocar estes animais. Se mordido, não faça exercícios, trate como mordida de cobra e busque cuidados médicos imediatamente. As raias elétricas (1) são o único de animais marinhos encontrado pelos mergulhadores que são capazes de produzir corrente elétrica. Estes animais são encontrados no Oceano Pacífico e Atlântico. Elas possuem o mesmo formato de corpo geral que a raia-lixa, mas diferem porque possuem asas mais grossas e caudas com nadadeiras modificadas para natação. Muitas são capazes de produzir descargas elétricas de 35 a 60 volts. No corte (2) vê-se o órgão elétrico em uma asa; a direção da descarga elétrica é perpendicular à superfície chata da raia. (3) mostra como as células elétricas estão dispostas em colunas, oferecendo o aspecto de uma bateria elétrica de células múltiplas. Os mergulhadores devem ter cuidado se estiverem próximo a raias elétricas e evitar tocá-las. Mamíferos marinhos. Leões- marinhos e focas são curiosos por natureza, mas geralmente não são agressivos. Se for mordido, procure cuidado médico. A orca, “baleia assassina”, na verdade, não é baleia nem tão pouco assassina. Ela, como o cachalote e golfinhos fazem parte dos cetáceos que possuem dentes, enquanto que as baleias verdadeiras são cetáceos sem dentes. Deve-se evitar o mergulho próximo a todo e qualquer cetáceo, pois comprovadamente, isto pode interferir na sensível ecologia destes inteligentes animais. Tubarões. Tubarões, são encontrados em todos os oceanos do mundo. Várias espécies se aventuram, até mesmo, em rios e lagos de água doce e salobra. Ataques não provocados de tubarões são mais freqüentes a nadadores ou pessoas que agitam seus braços ou pernas na superfície, quase nunca a mergulhadores cuidadosos. A seguir, várias dicas importantes com relação aos tubarões: • Não mergulhe sozinho; • Saia da água se alguma espécie perigosa de tubarão for vista ou se você estiver machucado e sangrando. • Evite nadar em água de visibilidade restrita, principalmente na superfície. • Nunca tente agredir ou provocar um tubarão. • Não entre em pânico ao avistar um tubarão. Se possível, suba devagar e volte com calmamente para o barco ou para a praia. Se o tubarão vier na sua direção, fique no fundo com seu companheiro e movimente-se lentamente pela área. • Peixes arpoados nuca devem ser carregados durante um mergulho. • Mantenha braços e pernas dentro do barco. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 42 Especialistas em mergulho não chegaram a uma conclusão unânime sobre se a mulher deve mergulhar durante a gravidez. Uma recomendação conservadora da Undersea Medical Society é parar completamente de mergulhar. 8. TÉCNICAS DE MERGULHO 8.1 NATAÇÃO / MERGULHO O elemento motor do bater de pernas é a coxa, que sozinha, trabalha com força, e sua potência é suavemente transmitida à nadadeira: elemento propulsor, por intermédio das articulações do joelho, tornozelo e do pé. O movimento do bater das pernas, diferente do crawl “pernas duras”, deve ser ondulatório desde a coxa até os pés, com ligeira flexão do joelho ao descer, esticando a perna ao máximo ao subir. A ponta dos pés deverá ser esticada ao máximo no movimento ascendente, dobrando naturalmente para dentro no movimento descendente. Relaxado, o corpo submerso, braços ao longo do corpo. Evite: levantar as nadadeiras, bater as pernas com força, ajudar-se com os braços. A batida de pernas do crawl, com as “pernas duras”, não convém. Pedale suavemente. Sem esforço aparente, é perfeito. Para mergulhar, inspire e prenda a respiração, dobre o corpo formando um angulo reto com a superfície (baixando bem a cabeça) e eleve as pernas na vertical deixando o próprio peso do corpo afundar (não bata as pernas até estar totalmente imerso). Após total imersão, bater as pernas lentamente, efetuando a compensação quando necessário. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 43 8.2 RESPIRAÇÃO Quando na superfície, seja no mergulho livre ou autônomo, o instrumento que o mergulhador possui para sua respiração é o “snorkel”, que deverá estar fixado por fora da cinta da máscara, de preferência pelo lado esquerdo, a fim de evitar confusão com o regulador (lado direito). Para esgotar a água do respirador existem duas maneiras diferentes. O método mais comum é soprar com força e rapidamente. Este método é chamado “explosão”, porque força a água para cima e para fora do tubo rapidamente. Depois de desalaga-lo, a respiração deve ser lenta e rasa para evitar que respire a água que pode ter ficado no tubo. O método de desalagamento por deslocamento pode ser utilizado ao retornar à superfície. Quando descer, olhe para cima em direção à superfície. isto aponta o snorkel para baixo. Quando você se aproximar da superfície, expire levemente o snorkel. O ar expande naturalmente e desalaga. Este método é mais fácil do que soprar, mas ‘só funciona na subida. 8.3 DESALAGAR MÁSCARA / EQUALIZAR PRESSÃO Saber desalagar a máscara - remover toda a água da máscara e substituir por ar embaixo d’água - é uma habilidade fácil, mesmo quando ela está completamente alagada. Apertando a parte de cima da máscara contra a testa, e expirando rapidamente pelo nariz, cria-se uma pressão dentro da máscara maior que a de fora. Isto força o ar e a água para fora pela parte de baixo, ou por uma válvula de purga. O ar expirado substitui a água que sai de dentro da máscara. A media que se desce, deve-se equalizar a pressão dentro da máscara, soprando ar pelo nariz delicadamente; se não o fizermos, quando a pressão da água aumentar, apertará a máscara contra o rosto, podendo vir a causar um barotrauma. 8.4 RECUPERAÇÃO DO REGULADOR Durante um mergulho podemos deparar com a situação de termos soltado o regulador da boca, por algum motivo, sendo necessário recuperá-lo de imediato. A técnica de recuperação poderá ser efetuada de duas formas: Lateral: com o braço direito esticado e próximo ao corpo, movendo-o para trás, e ao mesmo tempo damos uma leve inclinação com o tronco para a direita. Quando o braço chegar no curso final voltamos o corpo a posição inicial, e ao mesmo tempo fazemos um semicírculo com o braço a fim de redirecionar o regulador à boca. Frontal (flexão): movimentar o corpo à frente baixando a cabeça, sem permitir que a mesma choque-se com o chão, e com a mão direita sobre o ombro direito pegar a mangueira do regulador e redireciona-lo para a boca. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 44 8.5 RESPIRAÇÃO A DOIS A respiração a dois é um procedimento no qual dois mergulhadores dividem um mesmo suprimento de ar, em situações de emergência quando obstruções (como cavernas e naufrágios) se interpõe entre o mergulhador e a superfície. Este tipo de respiração tem início quando o mergulhador que necessita de ar ( o receptor) avisa, utilizando os sinais adequados, ao mergulhador que tem ar (o doador) que necessita de ajuda. O controle do ritmo respiratório (duas inspirações) e a velocidade de subida deve ser controlado pelo doador. Os dois devem estar posicionados frontalmente, com o doador deslocado um pouco a direita para facilitar a troca do bocal sem dobrar a mangueira. Devem se segurar nas tiras do equipamento. A subida deverá ser iniciada, assim que a respiração estabelecer um rítmico. Evitar a flutuabilidade negativa e a positiva, controlando estas pelo colete. A respiração a dois utilizando regulador com octopus é, obviamente, muito mais fácil. Assim que o receptor passa a utilizar o octopus os dois mergulhadores podem fazer uma subida simples e segura. 8.6 TIPOS DE ENTRADAS NA ÁGUA As técnicas de entrada devem levar em consideração os seguintes fatores: altura do barco, força do mar, profundidade local e tipo de equipamento utilizado. As entradas mais comuns são: Queda dorsal: utilizada em pequenos barcos, onde não é possível levantar-se ou quando o mar, muito agitado, dificulta o equilíbrio em pé com o equipamento (recomendável para barcos com altura do costado não superior à 1,5m). Sentado o mais possível na borda da embarcação, com as pernas para dentro, verifique se não há ninguém no ponto de queda; firme a garrafa, forçando-a para baixo através do colete, flexione o pescoço na direção do peito (previne choque da nuca com 1o estágio), segure a máscara / regulador e impulsione levemente o corpo para trás, mantendo as pernas num ângulo de 90o com o corpo até atingir a água. Após imersão deixar o corpo voltar a posição normal pela flutuabilidade do colete. Os problemas nesta técnica são: não ver o ponto no mar onde a entrada ocorrerá, o perigo da nuca bater no 1o estágio e o fato de se ficar de cabeça para baixo no primeiro momento submerso. Salto Vertical (passo do Gigante): recomendado quando a borda do barco for maior que 1,5 m. Possui as vantagens de atingir a água com os pés e monitorar o ponto de contato com a superfície. Em pé na borda do barco, segurando a máscara/regulador e garrafa, afasta-se da embarcação com um passo largo. Se a altura for maior que 2 m, procurar unir as pernas esticando-as no ar, de modo que as nadadeira atinjam a água unidas. Isto possibilitará melhor postura e entrada mais suave. O problema desta técnica é o esforço necessário para firma-se em pé com o equipamento, pois, com o balanço da embarcação, há risco de desequilíbrio e queda. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 47 • Desengatar a mangueira do colete e remover o 10 estágio da torneira. Após ter liberado este da torneira, efetuar uma rápida limpeza com o ar do cilindro antes de instalar o protetor do filtro do 1o estágio. • Remover o colete, posicionar o cilindro na horizontal, e purgar o colete, a fim de remover a água do seu interior. 8.9 PREPARAÇÃO PARA ENTRADA N’ÁGUA • Checar todos os equipamentos a serem utilizados. • Vestir a roupa; utilizar sacos plásticos nos pés e mãos facilita o deslizamento do neoprene. • Colocar o cinto de lastro, de pé, com leve inclinação do corpo para frente. • Calçar as nadadeiras e a posicionar a máscara no rosto. • Equipe-se com o equipamento autônomo montado e colete levemente inflado. • Pouco antes de entrar na água, observe a posição da corrente marinha, trafego de barcos no seu trajeto pela superfície e a presença de redes de pesca - elas podem ser detectadas na superfície por bóia que seguram sua extremidades. • Quando obtiver o OK da tripulação, você poderá entrar na água; a técnica escolhida será em função do tipo do barco, no entanto alguns cuidados servem a todas as técnicas: Antes de entrar na água, verificar se todos os equipamentos estão em ordem: presilhas de máscaras e nadadeiras, fivelas, funcionamento do regulador, etc. Verifique se não há equipamentos presos no barco, ou obstáculos entre você e a água. Escolha sempre o método de entrada seguro, prevenido-se contra tombos no convés que poderia ter conseqüências graves. O supervisor de mergulho poderá informar-lhe o melhor meio de entrar na água, considerando o barco utilizado. Caia na água sempre com ar suficiente no colete, para traze-lo de volta à tona; um colete muito cheio poderá até rasgar com o empuxo da água no impacto do mergulhador com a superfície. Lembre-se de fazer o sinal de OK na superfície, caso esteja tudo bem, e substituir o regulador pelo snorkel. Lembre-se sempre de segurar a máscara/regulador e garrafa para evitar deslocamento do material no impacto com a superfície; a entrada deve ser sempre com o regulador na boca, garantindo suprimento de ar até retorno à superfície. Espere para entrar na água até seu companheiro estar pronto; evite ficar parado no local de entrada do mergulho, impedindo que outros mergulhadores, já prontos, possam iniciar o mergulho. Na superfície, antes do mergulho, verifique todo o equipamento para certificar- se de que tudo continua perfeito. Observe também o equipamento de seu parceiro, procurando possíveis vazamentos de ar ou outros problemas. Na superfície, se desejar retirar a máscara, evite coloca-la na testa, pois além de deforma-la poderá vir a perde-la com o choque de uma onda. A maneira correta é coloca-la no pescoço. Equipamentos frágeis como lanternas e material fotográfico devem ser passados do companheiro a bordo para quem já está no mar, evitando o choque deles contra a água. SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 48 8.10 SINAIS Sob a superfície, a comunicação pela voz é quase impossível, exceto com o uso de sistemas eletrônicos elaborados, que são muito caros para o mergulhador amador. São usados métodos mais primitivos, como sinais de mão, escrever em placas ou fazer barulho para atrair a atenção. Para se comunicar, você primeiro precisa atrair a atenção dos outros mergulhadores, para isso poderá toca-los ou bater no cilindro com a faca ou outro objeto. Os sinais padrão estão ilustrados a seguir. Encontram-se vários tipos de placas nas lojas de mergulho. Espere, fique aí Algo errado OK ? - OK OK ? - OK (com luvas) Socorro de superfície OK ? - OK (na superfície) OK ? - OK (com mão ocupada) Perigo Subir Descer Estou com pouco ar, entrei na reserva Estou sem ar, dê-me ar. Vamos trocar ar SUBMARINER CURSO BÁSICO DE MERGULHO 49 Venha aqui Eu, ou Observe-me Embaixo, aqui (junte-se) Nivelar nesta profundidade Siga nesta direção Que direção ? Não consigo compensar os ouvidos Estou com frio Calma, fique tranqüilo Dar as mãos Junte-se ao seu companheiro Você guia eu sigo 8.11 Adaptações Básica para o Aluno Portador de Deficiência Física e/ou Visual Cinto: Todos os alunos portadores de deficiências físicas que tenham atrofias da musculatura de quadril e membros inferiores, associado ou não a perda de sensibilidade, deverão colocar o cinto de lastro em decúbito dorsal, ajustar o cinto perfeitamente na cintura e fechar a fivela com cuidado redobrado. As pedras deverão se colocadas de forma a auxiliarem o posicionamento ideal na água e, por este motivo, poderão estar mais lateralizadas ou centralizadas no sentido da concentração do lastro. Poderão estar assimétricas ou simétricas para atender às necessidades individuais de cada aluno. Em geral, nas paralisias de membros inferiores, trabalhamos com concentração de lastro anterior e, nas amputações unilaterais de membros inferiores ou escolioses acentuadas em função de uma pólio que cause seqüelas de tronco e membros, com uma concentração de lastro maior do lado oposto. Cilindro: Pela sua negatividade, os cilindros de aço dificultam a flutuabilidade de mergulhadores portadores de deficiências físicas com seqüelas motoras de membros inferiores ou superiores. estes cilindros “puxam” para trás, tendendo a verticalizar e horizontalizar posteriormente em decúbito dorsal o mergulhador. Os de 80 pés cúbicos
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