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Conservação do Solo a Preservação Ambiental, Notas de estudo de Agronomia

Conservação do Solo a Preservação Ambiental.

Tipologia: Notas de estudo

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Baixe Conservação do Solo a Preservação Ambiental e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! 1 Conservação do Solo a Preservação Ambiental 2 INDICE 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4 1.1. As terras virgens e a colonização do país ................................................................. 4 1.2. A erosão .................................................................................................................... 4 1.3. Responsabilidade de se defender o solo .................................................................. 5 1.4. OUESTIONÁRIO ....................................................................................................... 6 2 - A EROSÃO DO SOLO .................................................................................................... 7 2.1. A erosão e seus efeitos ............................................................................................. 7 2.2. Tipos e formas de erosão .......................................................................................... 7 2.2.1. Erosão pela Água ............................................................................................... 7 2.2.2. Erosão pelo Vento ............................................................................................ 10 2.2.3. Erosão pelas Ondas ............................................................................................. 10 2.3. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 11 3 - FATORES DETERMINANTES DA EROSÃO ............................................................... 12 3.1. A diversidade de fatores que influenciam a quantidade de enxurrada e a erosão .. 12 3.2. Efeito da chuva........................................................................................................ 13 3.3. Efeito do vento ........................................................................................................ 14 3.4. Efeito das ondas...................................................................................................... 15 3.5. Efeito da cobertura do solo ..................................................................................... 15 3.6. Efeito do manejo do solo ......................................................................................... 16 3.7. Efeito da declividade e do comprimento da rampa.................................................. 16 3.8. Efeito das propriedades do solo .............................................................................. 17 3.9. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 19 4 - PLANEJAMENTO DA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA-ÁGUA ................................ 20 4.1. Princípios básicos de conservação ......................................................................... 20 4.2. A eficiência dos meios que se empregam para a conservação do solo e da água . 20 4.3. O planejamento ....................................................................................................... 21 4.4. Capacidade de uso das terras ................................................................................ 21 4.4.1. Definição das Classes de Capacidade de Uso ................................................. 21 4.4.2. Classificação das Terras em Capacidade de Uso ............................................ 23 4.4.3. Código da Classificação das Terras em Capacidade de Uso ........................... 30 4.5. Considerações finais ............................................................................................... 31 4.6. OUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 32 5 - CONSERVAÇÃO DO SOLO ........................................................................................ 33 5.1. Práticas de controle da erosão ................................................................................ 33 5.2. Escolha da prática mais adequada de controle da erosão ...................................... 34 5.3. Determinação da declividade e locação de linhas niveladas .................................. 37 5.3.1. Determinação da Declividade do Terreno ........................................................ 37 5.3.2. Locação de Linhas Niveladas Básicas ............................................................. 37 5.4. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 39 6 - PRÁTICAS VEGETATIVAS DE CONTROLE DA EROSÃO ......................................... 40 6.1. Rotação de culturas ................................................................................................ 40 6.2. Culturas em faixas de rotação ................................................................................. 41 6.3. Culturas em faixas de retenção ............................................................................... 42 6.4. Culturas de proteção e adubação verde ................................................................. 43 6.5. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 44 7 - PRÁTICAS MECÂNICAS DE CONTROLE DA EROSÃO ............................................ 45 7.1. Plantio em nível ....................................................................................................... 45 7.2. Terraceamento ........................................................................................................ 46 5 Alguns dados sugerem que cerca de 20 cm de solo perdidos pela erosão desperdiçam de 1400 a 7000 anos de trabalho da natureza. Grandes quantidades de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, além de húmus, microorganismos benéficos e partes do corpo do solo são perdidos pela ação da erosão. Os nutrientes vegetais podem ser repostos num solo lavado, mas o solo se foi, ele mesmo, carregado para os rios e oceanos, a natureza só poderá reconstruí-lo no decorrer de muitos séculos. Por isso costumasse dizer que o solo é um recurso natural irreparável. 1.3. Responsabilidade de se defender o solo O cultivo de um solo erodido quase sempre é sinônimo de insucesso; uma vez que, as camadas mais profundas do solo são geralmente menos produtivas do que a camada superficial. Além do empobrecimento e da destruição do solo, a erosão causa danos à navegação, às represas destinadas a obtenção de energia e ao suprimento de água, e aos canais de irrigação e de drenagem. Deve-se ainda considerar que as plantas sofrem mais devido à seca quando o solo foi danificado pela erosão. Os danos causados pela erosão não atingem apenas o agricultor, mas toda a nação. A manutenção de uma agricultura permanente, depende de uma luta constante contra a erosão das terras de cultura, o que constitui o primeiro passo na direção do correto uso das terras. A responsabilidade de controlar a erosão recai, portanto, sobre o agricultor e sobre a nação: o primeiro protegendo o seu interesse particular e a segunda protegendo o bem estar de uma sociedade. 6 1.4. OUESTIONÁRIO 01. Descreva as condições de equilíbrio mantidos entre o solo e o ambiente antes da colonização. 02. Quais são as conseqüências da quebra do equilíbrio entre o solo e o ambiente? 03. O que é erosão? 04. O solo é um recurso natural facilmente recuperável? 05. Qual é a diferença entre o empobrecimento do solo pela erosão e o empobrecimento pelas culturas? 06. Discuta a responsabilidade individual e da nação de conservar o solo. 7 2 - A EROSÃO DO SOLO 2.1. A erosão e seus efeitos Erosão é o arrastamento de partículas constituintes do solo pela ação da água em movimento, resultante da precipitação, e pela ação do vento e das ondas. Os solos erodidos são, geralmente, difíceis de serem arados; uma vez que a facilidade de aração depende da consistência e da rugosidade do solo. Quando o arrastamento progressivo do solo atinge a rocha, muitas vezes as glebas tem que ser abandonadas por não se prestarem mais para a agricultura. No entanto, alguns solos, apesar de severamente erodidos ainda se mantêm produtivos, quando adequadamente tratados. Nesse caso, a presença de ravinas é que seria o fator limitante para o seu aproveitamento agrícola. Nos Estados Unidos da América do Norte, apesar do tremendo esforço de se aumentar a produção, na década de 30, o rendimento médio da produção de milho era menor do que nos fins do século passado Esse fato foi atribuído a perdas de solo pela erosão. Pode-se esperar, de maneira geral, que os solos não erodidos produzam de 1,5 a 30 vezes mais do que solos erodidos que tenham recebido os mesmos tratamentos. 2.2. Tipos e formas de erosão A erosão geológica ou normal constitui um fenômeno de tendência niveladora da superfície terrestre. Seu efeito carece de importância agrícola porque é equilibrada pelo processo de gênese do solo. A erosão acelerada se estabelece quando são destruídos os elementos naturais de equilíbrio, constituindo em fenômeno de alto significado, especialmente devido à rapidez com que se processa. Os fatores responsáveis por esse tipo de erosão são: a água, o vento e as ondas. 2.2.1. Erosão pela Água A erosão causada pela água em movimento é, nos climas úmidos, a de conseqüências mais dramáticas. A erosão pela água pode apresentar-se em seis diferentes formas: em lençol, em sulcos, por embate, por desabamento, em queda e vertical. 10 2.2.2. Erosão pelo Vento A erosão eólica consiste no transporte aéreo ou por rolamento de partículas do solo pela ação do vento. Essa forma de erosão é de grande importância em regiões onde sopram fortes ventos. Em nosso ambiente, a erosão eólica apresenta efeitos dignos de nota, apenas, em regiões planas do planalto central e em alguns pontos do litoral. O teor de umidade do solo é um fator limitante da intensidade com que a erosão eólica pode ocorrer. Os prejuízos causados pela erosão eólica se referem principalmente ao enterramento de solos férteis pela sedimentação do material transportado; o que pode ocorrer mesmo a grandes distâncias do ponto em que o vento agiu ativamente. 2.2.3. Erosão pelas Ondas A ação conjunta do vento e da água provoca a formação de ondas. O efeito das ondas se manifesta nas regiões litorâneas, lacustres e nas margens dos rios. As ondas avançam sobre a terra desagregando-a e suspendendo grande quantidade de material. Ao retomarem, carregam o material em suspensão que será depositado seletivamente no fundo dos mares, dos lagos, e represas, nos deltas e no lado centrífugo dos meandros dos rios. No Brasil, apenas em alguns pontos esparsos. essa forma de erosão apresenta uma intensidade digna de nota. 11 2.3. QUESTIONÁRIO 01. Quais são os principais efeitos da erosão que apresentam significado agrícola? 02. Quais são os tipos de erosão e qual é o mais danoso para a agricultura? Por que? 03. Quais são as principais formas de erosão? 04. Qual é a forma de erosão mais prejudicial à agricultura? 05. Quais são os prejuízos pela erosão por desabamento em solos de pastagens? 12 3 - FATORES DETERMINANTES DA EROSÃO 3.1. A diversidade de fatores que influenciam a quantidade de enxurrada e a erosão A vegetação, declividade, natureza do solo e clima influenciam grandemente a quantidade de enxurrada e a erosão. A cobertura vegetal influencia a enxurrada e a erosão muito mais do que qualquer outro fator tomado isoladamente. A declividade e o comprimento da rampa e condições em que o solo se encontra são, também, fatores que contribuem grandemente para a intensidade do processo erosivo. As chuvas intensas causam muito mais erosão do que as chuvas leves. O solo, considerado isoladamente, devido à grande variação de lugar para lugar, introduz, condições muito variáveis que influenciam a quantidade de enxurrada de erosão. O sistema de manejo das culturas e práticas de pastoreio, assim como os métodos de preparo do solo, também, introduzem condições que devem ser cuidadosamente examinadas quando se planeja o controle da erosão. Em muitas terras, no entanto, o controle eficiente da erosão pode ser estabelecido pelo emprego de práticas simples. Mas, as condições essenciais nem sempre podem ser facilmente reconhecidas; conseqüentemente, teoria e vivência dos problemas conservacionistas são necessárias para assegurar o sucesso de um trabalho de conservação do solo. Em relação ao solo, os fatores determinantes da erosão podem ser classificados da seguinte maneira:  Fatores extrínsecos a) Naturais: chuva, vento e ondas b) Ocasionais: cobertura do solo e manejo do solo.  Fatores intrínsecos a) Topografia: declividade e comprimento da rampa b) Propriedades do solo: textura, estrutura, porosidade e permeabilidade, capacidade de infiltração, matéria orgânica, natureza do complexo coloidal e natureza dos cátions adsorvidos. 15 ser resistentes; enquanto outros de textura mais grossa podem ser vulneráveis, se não apresentarem boa estruturação. A erosão eólica é, também, duplamente danosa. Prejudica tanto a região de onde o material se desloca como aquela onde o material se deposita. 3.4. Efeito das ondas A influência da ação conjunta da água e do vento se dá pelo fluxo e refluxo das ondas. A medida que essa forma de erosão progride, pode haver afloramento das rochas, característico das margens dos oceanos, lagos e grandes rios. Outras vezes, quando as margens são constituídas por materiais retransportados ou decompostos, o embate das ondas provoca solapamentos progressivos e conseqüentes desmoronamentos, às vezes de grande vulto. 3.5. Efeito da cobertura do solo A experiência e a observação tem demonstrado a eficiência da vegetação para aumentar a absorção da água da chuva pelo solo e, conseqüentemente, reduzir a enxurrada e diminuir a erosão. Os desbravamentos foram necessários para a adaptação das terras às culturas, mas raramente foram acompanhados da aplicação de meios para que o equilíbrio solo x vegetação não fosse rompido. Há que considerar, ainda, a proporção assustadora que os desbravamentos tomaram, quando a desvalorização do café provocou o incremento da cultura algodoeira. Devido à exigência de nutrientes e por expor o solo à erosão, essa cultura determinou a busca incessante de novas terras. Na defesa do solo contra a erosão, as culturas densas e dotadas de um sistema radicular superficial e abundante são as mais eficientes. A média anual de solo perdido de uma área, cuja cultura mantenha o solo descoberto, é de 3 a 6 vezes maior do que numa área semelhante densamente coberta com vegetação. As perdas de água, no primeiro caso, chegam a ser de 2,5 a 355 vezes maiores do que no segundo caso. A grande variação nas perdas de solo e água, em solos sob a mesma cultura, é devida à variação de outros fatores, como: natureza do solo, declividade e precipitação. O tipo de cobertura mais eficiente para controlar a erosão é a vegetação natural constituída por árvores e vegetação baixa. Nessas condições, o solo fica protegido contra o embate das gotas de chuva, o solo apresenta boa capacidade de infiltração e a água, que por ventura escorra na superfície encontra grande quantidade de obstáculos que não permitem que sua velocidade atinja uma intensidade capaz de causar danos apreciáveis. 16 3.6. Efeito do manejo do solo Para o caso de certas culturas, como a cana-de-açúcar, a erosão pode ser controlada apenas por meio de práticas culturais. O preparo do solo e o plantio segundo as linhas de nível controla o efeito da erosão. Infelizmente, esse fato não se verifica para todas as culturas. Entretanto, experimentos realizados com algodoeiro demonstraram que o plantio em nível determinou uma redução de 50% nas perdas de solo e de 0,3% nas perdas de água. Além do plantio em nível, o plantio de faixas, em nível com vegetação densa, intercaladas entre as linhas de outras culturas, é altamente eficiente no controle da enxurrada e da erosão. A rotação de culturas, por fornecer em média, maior cobertura do solo do que uma cultura contínua, e por melhorar as condições físicas do solo, reduzem a erosão e a enxurrada. 3.7. Efeito da declividade e do comprimento da rampa A importância da declividade em relação às perdas de solo e de água das terras cultivadas tem sido demonstrada por experimentos conduzidos em condições semelhantes de cobertura, solo e precipitação. Um acréscimo na declividade é sempre acompanhado de um aumento na velocidade de escoamento da água e conseqüentemente, aumento na sua força erosiva. O Quadro 3.1 apresenta o efeito da velocidade da água sobre o tamanho das partículas arrastáveis. Quadro 3.1. Relação entre velocidade da água e tamanho das partículas arrastáveis. Velocidade da Água Tamanho das Partículas (cm/s) (separado do solo) 7,6 argila 15,3 areia fina 20,3 areia muito grossa 30,5 cascalho fino 61,0 cascalho grosso 91,5 seixos Desses dados, pode-se concluir sobre a importância do solo apresentar uma agregação estável, em relação à sua resistência à erosão. 17 A influência da declividade sobre as perdas de solo e da água varia consideravelmente com a natureza do solo. A erosão aumenta, também quando aumenta o comprimento da rampa. Isto se dá porque há aumento de água ao longo da rampa e conseqüentemente, aumento da velocidade de escoamento. Alguns experimentos demonstraram que, no entanto, isso nem sempre ocorre. Há casos em que a enxurrada e a erosão diminuem com o aumento do comprimento da rampa. Esse fato, paradoxal à primeira vista, pode ser explicado considerando-se a alta capacidade de infiltração e permeabilidade dos solos. 3.8. Efeito das propriedades do solo A textura é a propriedade que determina grande parte do comportamento do solo. Os solos de textura grossa apresentam macroporosidade mais elevada do que os solos argilosos nas mesmas condições de agregação. Por esse motivo, os solos arenosos apresentam maior capacidade de infiltração e maior permeabilidade. Assim sendo, os solos arenosos estão menos sujeitos à erosão do que os argilosos. Esse fato, no entanto, nem sempre se verifica, uma vez que nos solos podzólicos, por exemplo, há um horizonte B textural que pode constituir um verdadeiro "pan" que controla a hidrologia do perfil. No caso da presença de um horizonte de impedimento, as camadas arenosas se encharcam rapidamente e, embora suas partículas texturais sejam grandes, podem ser facilmente removidas pela erosão. A estrutura é uma propriedade muito instável, mas pode modificar as manifestações da própria textura. Um solo argiloso bem estruturado pode ser muito resistente à erosão. Como exemplo, pode-se citar o caso do Latossolo Roxo e do Latossolo Vermelho Escuro. A porosidade e a permeabilidade são uma conseqüência da interação textura x estrutura. Os solos que apresentam boa porosidade são capazes de deixar infiltrar abundantemente a água e de permitir que essa água se distribua rapidamente. Dessa forma não se formam deflúvios e a erosão é de menor significado. As incorporações de matéria orgânica são geralmente eficazes para reduzir a erosão. Mesmo os solos sem vegetação são beneficiados pelas incorporações orgânicas. A matéria orgânica melhora as condições do solo que favorecem a penetração de raízes e o desenvolvimento de microorganismos benéficos. Isso ajuda o processamento dos constituintes inorgânicos; transformando materiais inaproveitáveis em formas 20 4 - PLANEJAMENTO DA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA-ÁGUA Os princípios básicos que norteiam os programas de conservação do solo e da água são dois. Muitas pessoas classificam esses princípios de impraticáveis e extremamente teóricos. 4.1. Princípios básicos de conservação O primeiro princípio pode ser enunciado da seguinte maneira: a prevenção e controle efetivo da erosão e conservação da água no solo, em qualquer unidade agrícola, requer a consideração de todos os tipos de terra, abrangendo a área de acordo com suas necessidades e capacidades, sem levar em conta a sua extensão. Fica fora de dúvida que o uso e o tratamento de uma gleba não devem ser determinados apenas em função das suas características físicas; mas, também deve-se considerar as facilidades, tais como: maquinaria, financiamento, preferência do agricultor, suas habilidades, vontade de experimentar novos métodos e sua inclinação. Outro comentário, a respeito desse primeiro princípio, é que cada parcela distinta deve ser considerada em relação às outras parcelas adjacentes, ou em relação a toda a fazenda, ou em relação a toda a bacia hidrográfica. O segundo princípio é o seguinte: "A aplicação eficiente das medidas conservacionistas requer a presença do técnico no campo". De acordo com esse princípio, o conservacionista não deve tratar com o agricultor no escritório, nem procurar realizar conservação do solo, apenas, dando-lhe boletins ou fichas para preencher. Deve ir ao campo com o agricultor e cooperativamente, traçar o plano que melhor se adapte à fazenda. Esse trabalho necessita de um técnico especial: o conservacionista, que deve ser experiente em avaliar o solo sob o ponto de vista da conservação do solo e da água, e que saiba elaborar um planejamento e aplicá-lo às diferentes parcelas de uma fazenda. 4.2. A eficiência dos meios que se empregam para a conservação do solo e da água O conservacionista dispõe de muitos meios para o controle da erosão. Entretanto, práticas eficientes ainda não foram encontradas para resolver todos os problemas ou todas as combinações de problemas conservacionistas. É necessário pesquisar constantemente em busca de soluções mais baratas e mais eficientes. A Conservação do solo é o ramo mais recente da Ciência do Solo e vem sendo suportada por um grande número de experimentos que procuram melhores métodos e melhor equipamento para realizar o trabalho. 21 A pesquisa e a experiência prática vem rapidamente trazendo novos conhecimentos e novos métodos de campo para atender às necessidades de cada região agrícola; uma vez que não haja um método de aplicação geral que possa ser indiscriminadamente aplicado em todos os solos sob quaisquer condições. 4.3. O planejamento Trabalhando de comum acordo com o agricultor, o conservacionista prepara o plano conservacionista baseado nas informações obtidas no campo. Em alguns casos o plano pode não estar inteiramente de acordo com o agricultor. Se isso acontecer, do ponto de vista prático, não pode ser considerado um bom plano; deve ser ajustado para atender, se possível, as necessidades do agricultor e de sua família e as oportunidades dos mercados. Do ponto de vista da conservação do solo, o plano baseado na análise das condições da terra, é ideal. Quanto mais o agricultor puder se aproximar desse plano ideal, tanto mais produtivo e estável será o seu empreendimento. 4.4. Capacidade de uso das terras O planejamento de uma gleba é baseado grandemente na capacidade de uso da terra. As informações sobre o meio físico, previamente necessárias para a realização do planejamento são: declividade, grau de erosão, susceptibilidade a inundações, pedregosidade, salinidade, presença de lençol freático superficial, uso atual, textura, profundidade efetiva, relação solo x água e fertilidade. Essas informações são levadas ao agricultor em forma bem esquemática; usualmente como um "croquis" sobre uma fotografia aérea. Esse esquema deve mostrar as 8 classes de capacidade de uso, que variam desde as terras de qualidade e condições favoráveis, que não necessitam tratamentos especiais para produzir e para proteção contra a erosão até as que necessitam tratamentos especiais e as que jamais devem ser cultivadas. 4.4.1. Definição das Classes de Capacidade de Uso  Terras próprias para serem cultivadas - Classe I. Terras de boa produtividade, praticamente livres de erosão e próprias para serem cultivadas sem tratamentos especiais; algumas áreas podem necessitar adaptação aos cultivos, como: desbravamento ou drenagem simples. 22 - Classe II. Terras de produtividade de moderada a boa, próprias Para serem cultivadas com os tratamentos ordinários ou práticas simples de controle à erosão, tais como: plantio em contorno, culturas de cobertura, práticas simples de drenagem, com pequenos canais onde forem necessários. - Classe III. Terras de moderada a boa produtividade próprias para os cultivos com intensas práticas de controle à erosão, tais como: terraceamento, culturas em faixas, pesadas adubações ou instalações de sistema de drenagem.  Terras próprias para culturas limitadas - Classe IV. Terras de moderada produtividade, próprias principalmente para pastagens, devido a declividade ou erosão. Ocasionalmente podem ser utilizadas para culturas em linha, necessitando, neste caso, de práticas intensivas para prevenir a erosão.  Terras impróprias para serem cultivadas - Classe V. Terras impróprias para culturas, mas utilizáveis para pastagens ou florestas, desde que se adotem práticas adequadas para assegurar sua utilização constante. Geralmente são planas. Suas limitações se referem a encharcamento ou a pedregosidade. - Classe VI. Terras impróprias para culturas, mas adequadas para pastagem ou reflorestamento, desde que se adotem práticas especiais para assegurar uso constante. A declividade ou a profundidade efetiva são os principais fatores limitantes para o seu uso agrícola. - Classe VII. Terras próprias para pastagem e florestas, quando utilizadas com extremo cuidado para prevenir a erosão. São muito declivosas, erodidas, de superfície irregular, rasas, muito secas ou pantanosas. Em climas úmidos deve ser utilizada apenas para florestamento. - Classe VIII. Terras que não se prestam para culturas, pastagens ou florestas, embora tenham certo valor para abrigo da vida silvestre e recreação. Essas terras, geralmente, são de superfície muito irregular, pedregosas, arenosas, encharcadas ou expostas a erosão muito severa. Tudo que esta classificação técnica mostra é que intensidade de uso é melhor e com que cuidado o seu manejo deve ser realizado. Deve-se salientar que esse sistema de classificação se refere mais ao risco de erosão e não tanto à produtividade. Terras da Classe II ou III, por exemplo, não quer dizer que possam apenas produzir colheitas de rendimento inferior. Essas terras podem, em casos especiais, produzir melhor do que as terras da Classe I. 25 A profundidade efetiva é a profundidade que o solo oferece à penetração das raízes vegetais. Essa característica é avaliada independentemente dos horizontes que o perfil de solo possa apresentar. Lençol freático, rocha consolidada e pans limitam a profundidade efetiva de um solo. No entanto um solo, cuja rocha subjacente seja inconsolidada, pode apresentar uma profundidade efetiva maior do que a profundidade do próprio perfil. A estimativa da profundidade efetiva pode ser feita segundo o critério apresentado no Quadro 4.3. Quadro 4.3. Classes de profundidade efetiva. Classe Profundidade (cm) Muito profundo > 200 Profundo 100 - 200 Moderadamente profundo 50 - 100 Raso 50 - 25 Muito raso < 25 A drenagem do Solo refere-se à maior ou menor facilidade que o solo apresenta de permitir que escoe o excesso de água, isto é, da água gravitacional. A melhor indicação morfológica da drenagem de um solo é a cor dos seus horizontes. As classes de drenagem consideradas são as seguintes: muito pobre; pobre; moderada; boa; excessiva. Deflúvio vem a ser a água que escorre na superfície do solo após a precipitação. A quantidade e a velocidade do deflúvio depende da infiltração, permeabilidade, declive, comprimento de rampa e da precipitação. As classes de deflúvio são as seguintes: nulo; muito lento; moderado; rápido; muito rápido. A estimativa da forma e grau de erosão é uma das mais difíceis de ser feita; pois, envolveria o conhecimento do solo antes de ter sofrido os efeitos do fenômeno erosivo. O critério utilizado para a avaliação do grau de erosão laminar é a espessura do horizonte superficial. As classes de erosão laminar estão apresentadas no Quadro 4.4. 26 Quadro 4.4. Classes de erosão laminar. Classe Espessura do horizonte superficial (cm) Não aparente 25 Ligeira 25 - 15 Moderada 15 - 5, podendo atingir o B Severa horizonte B exposto Muito severa horizonte B severamente erodido Extremamente severa horizonte B severamente erodido e afloramentos ocasionais do C. A avaliação da erosão em sulcos é feita em função da freqüência e profundidade dos sulcos. O Quadro 4.5 apresenta as classes de erosão em sulco quanto a freqüência e profundidade. Quadro 4.5. Classes de erosão em sulcos. Classe Distância entre sulcos (m) Ocasional 30 Freqüente 30; ocupando menos de 75% da área Muito freqüente Ocupando mais de 75% da área Classe Profundidade Raso Desfeitos pelo preparo do solo Profundo Podem ser cruzados pelas máquinas agrícolas, mas não são desfeitos pelo preparo do solo Muito Profundo Não podem ser cruzados pelas máquinas agrícolas Os riscos de inundação são avaliados em função de dois critérios: freqüência e duração. O Quadro 4.6 apresenta as classes de risco de inundação. 27 Quadro 4.6. Classes de risco de inundação. Classe Período (anos) Ocasional 5 Freqüente 1 - 5 Muito freqüente anualmente Classe Duração (dias) Curta 2 Média 2 - 30 Longa 30 A presença de pedras num terreno pode interferir com as operações agrícolas mecanizadas. Se o solo não apresenta condições para a produção agrícola, pouco importa a pedregosidade; mas, solos que são adequados para serem cultivados devem ter a pedregosidade cuidadosamente avaliada. O critério para a avaliação da pedregosidade é a porcentagem da área que o cobrem. O Quadro 4.7 apresenta as classes de pedregosidade. Quadro 4.7. Classes de pedregosidade. Classe % Área Não mencionável < 0,01 % ou 1 m2/ha Ligeiramente pedregoso 0,01 -1 %ou 1 a 100 m2/ha Moderadamente pedregoso 1 - 10% ou de 100 a 1000 m2/ha Pedregoso 10 - 30% ou de 1000 a 3000 m2/ha Muito pedregoso 30 - 50% ou de 3000 a 5000 m2/ha Extremamente pedregoso > 50% ou 5,000 m2/ha A fertilidade pode ser deduzida a partir da apreciação dos dados analíticos do solo e observações feitas no campo. Podem-se considerar 5 níveis ou classes de fertilidade que se deve dispor, para a determinação das classes de capacidade de uso das terras; entretanto, outras informações podem ser de grande ajuda, como: seca edafológica; água disponível; riscos de geada. 30 Classes de Capacidade de Uso ________________________________________________ LIMITAÇÃO I II III IV V VI VII VIII Voçorocas x muito longa x Seca longa x Edafoló- média x gica curta x muito curta x A Unidade de Capacidade de Uso A unidade de capacidade de uso é o grupo de manejo em que melhor se enquadre o solo. Grupo de manejo é o conjunto das subclasses de capacidade de uso de uma gleba que deverão, em vista das propriedades e condições dos solos, receber os mesmos tratamentos agrícolas ou o mesmo sistema de manejo. Pode-se dizer, ainda, que unidade de capacidade de uso é o conjunto de subclasses de capacidade de uso, cuja limitação se refere à mesma causa. Considere-se as seguintes subclasses de capacidade de uso: 1 - IIs; 2 - IIs e 3 - IIs. Nas duas primeiras, a limitação se refere à fertilidade e na terceira, se refere à profundidade efetiva. Nesse caso, as subclasses 1 e 2 pertencerão à mesma unidade de capacidade de uso. A identificação da unidade de capacidade de uso se faz adicionando um número arábico antes do símbolo da subclasse. Exemplo: 1 - lls, 2 - lls, etc. A classificação em classe, subclasse e unidade de capacidade de uso não é fixa e definitiva. Corrigida uma certa limitação, a seguinte em importância, passará a ser a limitante para a classificação. Conseqüentemente, a classificação de uma área pode modificar toda vez que uma limitação for corrigida. 4.4.3. Código da Classificação das Terras em Capacidade de Uso O código da classificação em capacidade de uso tem dois propósitos: 1 - cada informação é sempre colocada na mesma posição, onde pode ser sempre facilmente encontrada; 2 - constitui uma forma conveniente para resumir, grande número de informações num espaço limitado, diretamente sobre um mapa ou fotografia aérea. 31 Esse código consiste de uma série de letras e algarismos cada um dos quais indica o valor de uma característica. A representação do código é feita da seguinte maneira: Profundidade Textura Permeabilidade; Declividade Erosão Por exemplo: 2 b1 3 D 4 Esses são os principais fatores que são incluídos em todos os sistemas de códigos; embora cada sistema tenha sua própria escala de valores. 4.5. Considerações finais Pode-se dizer que planejar é um processo consciente de selecionar e desenvolver a melhor linha de ação no sentido de atingir um objetivo. No caso do planejamento do uso da terra, o objetivo é o uso eficiente e intensivo da terra. Planejar significa, portanto, avançar através de uma seqüência lógica de degraus, que são: coleta das informações necessárias, análise das informações, ponderação das alternativas, tomada de decisões e chegada aos resultados. A classificação de capacidade de uso das terras é de muita valia no planejamento do uso da terra; pois, encerra uma coleção lógica e sistemática de informações sobre o solo. Evidentemente, outras informações, como as de ordem política, econômica e social, também devem ser consideradas para se atingir a decisão mais acertada quanto ao uso da terra. 32 4.6. OUESTIONÁRIO 01. Quais são os princípios que devem nortear os programas de conservação do solo? 02. Quando um planejamento conservacionista pode ser considerado bom? 03. Como é feito um planejamento conservacionista? 04. Qual o material necessário em cada uma das fases , do planejamento conservacionista? 05. O que é capacidade de uso de uma terra? 06. O que, além das condições físicas, deve ser considerado no desenvolvimento de um planejamento de uso da terra? 07. Enumere os itens de informações físicas para o planejamento de uso de terra. 08. Quais são os fatores que podem determinar subclasses de capacidade de uso? 09. O que é unidade de capacidade de uso? 10. Para que serve o código de classificação das terras em capacidade de uso? 35 EV = espaçamento vertical em metros D = declividade em % X = fator que depende do solo, cultura e da prática conservacionista que se vai empregar. Tabela 5. 1. Transformação de ângulos de inclinação para declividade. Declividade Ângulo de Declividade Ângulo de (%) inclinação (%) inclinação 1 0º34' 26 14º34' 2 1º81 27 15º6' 3 1º43' 28 15º38' 4 2º16' 29 16º10' 5 2º51' 30 16º41' 6 3º26' 31 17º13' 7 4º0' 32 17º44' 8 4º34' 33 18º15' 9 5º8' 34 18º46' 10 5º42' 35 19º17' 11 6º16' 36 19º47' 12 6º50' 37 20º18' 13 7º24' 38 20º48' 14 7º58' 39 21º18' 15 8º38' 40 21º48' 16 9º5’ 41 22º17' 17 9º38' 42 22º46' 18 10º12' 43 23º16' 19 10º45' 44 23º44' 20 11º18’ 45 24º13' 21 11º51’ 46 24º42' 22 12º24' 47 25º10' 23 12º57' 48 25º38' 24 13º29' 49 26º6' 25 14º2' 50 26º33' 36 Tabela 5.2. Escolha da prática conservacionista em função da declividade do terreno. Declividade Prática Recomendada 0 - 3% Aradura, sulcamento e plantio em nível 3 - 6% Aradura, sulcamento e plantio em faixas de rotação ou faixas de retenção, conforme a natureza do solo. 6 - 12% Terraceamento em nível ou com gradiente, conforme o tipo de solo. Em culturas perenes, já plantadas em esquadro, costuma-se empregar cordões em contorno. 12 - 18% Terraceamento em nível ou com gradiente e faixas de retenção, dependendo da natureza do solo. Quando se trata de cultura perene já plantada em esquadro, empregam-se cordões em contorno. > 18% Eventualmente, pode-se usar o critério anterior até uma declividade de 24%. Em culturas perenes, empregam-se banquetes individuais, até uma declividade de 30%. Para terrenos acidentados, recomenda-se pastagem ou reflorestamento. TABELA 5.3. Valores de X. Nature- Prática Conservacionista za do Mecânica Vegetativa Solo Terraço Cordões em Faixas de Valores Contorno Retenção de x Cultura Cultura Cultura Cultura Perene Anual Perene Anual Com Nive- Com Nive- Com Nive- Nive- gradi- lada gradi- lada gradi- lada lada ente ente ente alta alta 1,5 média média 2,0 baixa alta baixa 2,5 média 3,0 baixa alta 3,5 média alta 4,0 baixa alta média 4,5 média baixa alta 5,0 baixa média 5,5 37 baixa 6,0 O espaçamento vertical pode ser transformado em espaçamento horizontal pela seguinte fórmula: EH = EV x 100 ; D onde, EH = espaçamento horizontal em metros EV = espaçamento vertical em metros D = declividade 5.3. Determinação da declividade e locação de linhas niveladas Tanto para a determinação da declividade do terreno, como para a locação de linhas niveladas básicas, utilizam-se aparelhos denominados níveis. O nível de precisão, ou nível de engenharia, é o aparelho mais recomendado; entretanto, em casos especiais, ou quando não se dispõe desse aparelho, outros mais simples podem, também, ser empregados. Dentre os aparelhos mais simples que podem ser utilizados, estão: o clinômetro, o nível de borracha e os níveis de pedreiro montados sobre um tripé triangular ou trapezoidal. 5.3.1. Determinação da Declividade do Terreno Em uma planta hipsométrica, ou sobre fotografias aéreas, ou observando-se no terreno as linhas onde se concentram as águas que escorrem, determina-se a linha de maior declive. Nessa linha de maior declive escolhe-se dois pontos, os quais devem ser identificados por piquetes. Mede-se a distância vertical com um nível. Calcula-se, a seguir, a declividade. 5.3.2. Locação de Linhas Niveladas Básicas As niveladas básicas são linhas, em nível ou com gradiente locadas no terreno para identificar o lugar em que será construído um terraço, ou que servirão como linhas de referência, às quais serão tiradas paralelas para se locarem faixas, etc. Conhecendo-se a declividade do terreno e a natureza do solo recorre-se a uma tabela que indica o espaçamento recomendável ou recorre-se à fórmula de Bentley. 40 6 - PRÁTICAS VEGETATIVAS DE CONTROLE DA EROSÃO Terras completamente cobertas de vegetação, seja leguminosa, gramínea, arbusto ou árvore, estão em condições ideais para resistir à erosão e absorver a água da chuva. Evidentemente, não é possível restaurar as condições originais de vegetação e ao mesmo tempo, manter a economia agrícola do país. A solução é, portanto, usar, o mais possível, plantas que cresçam juntas e manter vegetação de cobertura, tanto quanto possível. Existem várias razões para se usar plantas que cresçam juntas e se manterem os restos de cultura sobre o solo. Essa cobertura serve para reduzir, ou mesmo eliminar, o impacto das gotas de chuva sobre o solo é diminuir a velocidade da água que escorre. A diminuição da velocidade da água diminui grandemente a sua capacidade de desagregar e de carregar partículas de solo, enquanto dá mais tempo para que penetre no solo. A cobertura vegetal aumenta, ainda, a quantidade de matéria orgânica no solo que favorece a absorção de água. Esse fato ajuda a controlar, não só a erosão pela água mas, também, a erosão eólica. A cobertura vegetal, devido à ação das raízes, tem um efeito favorável sobre a estruturação do solo, que é um dos fatores mais decisivos na manifestação da resistência do solo a qualquer forma de erosão. Todos os métodos vegetativos de controle da erosão podem ser usados em associação com métodos mecânicos, dependendo da declividade e da natureza do solo. Os principais métodos vegetativos para a conservação do solo e da água são: rotação de culturas, culturas em faixas de rotação e de retenção, pastagens, prados, cobertura vegetal e adubação verde. A vegetação é utilizada, ainda, para o controle da erosão em sulcos, estabilização de canais divergentes, quebra-ventos e proteção dos bordos dos campos de cultura. 6.1. Rotação de culturas Pode-se definir a rotação de culturas como uma sucessão mais ou menos regular de diferentes culturas numa mesma gleba. As culturas comumente utilizadas são: cultura principal, grãos, gramíneas, leguminosas ou consorciação de gramíneas e leguminosas. Dessas culturas, a cultura principal é a que mais expõe o solo à erosão, os grãos permitem menos erosão. O resultado final da rotação deve ser sempre, uma redução na perda de solo e água, em relação às perdas que ocorreriam se o solo fosse cultivado continuamente com a cultura principal. A rotação de culturas é feita com a finalidade principal de manter a produtividade do solo. No entanto, outras vantagens podem ser esperadas, tais como: sistematização dos trabalhos agrícolas, economia de trabalho, ajuda no controle das ervas más, insetos e 41 doenças das plantas. Evidentemente, do ponto de vista estritamente conservacionista, esperam-se outras vantagens, como: manutenção de altos % de matéria orgânica, de nitrogênio e diminuição das perdas por erosão. O tipo de rotação de culturas varia com a natureza da terra, condições econômicas, sistema de manejo e especialização agrícola da região. O tipo que inclui uma cultura principal, grãos e gramíneas ou consorciação de gramíneas e leguminosas, pode ser considerado básico. Esse tipo básico pode, no entanto, ser modificado de várias maneiras, quer tirando-se uma cultura, quer mantendo-se a mesma cultura no mesmo local por mais de um ano, aumentando-se o período da rotação para 4,5 ou mais anos. Os princípios básicos para a idealização de um tipo de rotação que visa principalmente a conservação do solo são os seguintes: reduzir o tempo que o solo é ocupado pela cultura principal, tanto as condições da fazenda permitirem; aumentar o tempo que o solo possa ser coberto por uma gramínea ou por uma leguminosa; reduzir ao mínimo possível, as mobilizações do solo. Muitas vezes, a rotação de culturas é associada com plantio em nível. Quando o terreno é declivoso e se deseja reduzir as perdas de água e solo, ao mínimo, além da associação com o plantio em nível, a rotação de culturas pode ser associada com terraceamento, culturas em faixas de rotação e culturas de cobertura. As culturas em faixas de rotação podem incluir pastagens, quando o agricultor achar vantajoso. Nesse caso, o uso de cercas elétricas portáteis é necessário para permitir o pastoreio nas faixas com pastagens intercaladas com faixas cultivadas. 6.2. Culturas em faixas de rotação A água escorrendo sobre o solo desprotegido, submetido a um declive, aumenta em volume e em velocidade a medida que se move; conseqüentemente, o seu poder erosivo aumenta com o comprimento da rampa. As culturas em faixas, como o terraceamento, dividem a rampa em segmentos mais curtos. Seu efeito se baseia no princípio de que qualquer coisa que intercepte o escorrimento da água, reduz a sua capacidade tanto de suspender as partículas do solo, quanto de arrastá-las. As culturas em faixas consistem na disposição das culturas em faixas niveladas, de largura variável, alternadas, de maneira que enquanto algumas faixas contém plantas densamente distribuídas, outra é plantada com vegetação que oferece pouca proteção ao solo. Nos anos seguintes, as várias culturas são distribuídas em faixas diferentes, de acordo com um plano que permita que as culturas densas, como o milho, arroz, feijão e os adubos verdes, possam proteger, periodicamente, todas as faixas da gleba. . Essa prática conservacionista consta, portanto, da alternância de culturas associada ao plantio em nível. Recomenda-se a cultura em faixas de rotação para terrenos cuja declividade varie de 3 a 6% e espécies vegetais anuais ou bianuais. Planeja-se a instalação de uma cultura em faixas de rotação determinando-se as propriedades do solo e a sua declividade, segundo a linha de maior declive. Com esses 42 dados avalia-se a erodibilidade do solo e pela fórmula de Bentley, calcula-se o espaçamento das linhas niveladas básicas. Demarcam-se as linhas niveladas do terreno, como já foi descrito no item 5.3. O custo dessa prática conservacionista é o mesmo que se teria no caso da cultura convencional, acrescido do preço de demarcação das niveladas básicas. Pode-se estimar essa despesa adicional da seguinte maneira: um topógrafo e dois ajudantes demarcam em média, por dia de 1 a 2 alqueires. As culturas em faixas não exigem nenhum cuidado especial de conservação. 6.3. Culturas em faixas de retenção COM FINALIDADES ESPECIAIS, COMO POR EXEMPLO: proteger declives muito acentuados, pode ser conveniente o emprego de faixas de retenção. Essas faixas permanentes ou temporárias não fazem parte do plano de rotação. São constituídas de leguminosas perenes, gramíneas ou arbustos. Freqüentemente, essas faixas são delicadas à produção de moirões e forragem. Em condições especiais, poderiam se prestar para frutas silvestres, principalmente, para alimentação e abrigo da fauna. Essa prática, muitas vezes, deve ser associada a práticas mecânicas de proteção para atingir sua eficiência máxima. A cultura em faixas de retenção consiste, portanto, na disposição da cultura comercial em faixas niveladas intercaladas, de espaço em espaço, com faixas perenes de plantas protetoras. Dentre as plantas mais utilizadas para constituir as faixas de retenção pode-se citar: a cana-de-açúcar, erva cidreira, capins e leguminosas empregadas como adubo verde. As faixas de retenção, uma vez instaladas, apresentam vantagem de constituir um guia permanente para as mobilizações do solo e para o plantio em nível. Essa prática conservacionista é recomendada, para terrenos com declive de 3 a 6%, plantados com culturas anuais ou perenes e especialmente, para declives irregulares, onde alguns pontos necessitam de proteção especial. O planejamento e a demarcação é o mesmo que já foi descrito para as culturas em faixas de rotação. A faixa de retenção é constituída de 3 a 5 linhas da planta protetora escolhida, em espaçamento bem mais reduzido do que o geralmente recomendado. As faixas de retenção podem ser localizadas sobre os terraços, quando essa prática é associada com métodos mecânicos de controle da erosão. O aumento de custo é o mesmo a que já se fez referência no item 6.2. 45 7 - PRÁTICAS MECÂNICAS DE CONTROLE DA EROSÃO Todas as práticas mecânicas de controle da erosão são realizadas em contorno. Essa expressão "em Contorno" se refere a qualquer mobilização do solo aplicada cruzando o declive em nível. Qualquer operação em contorno não leva em consideração os limites do terreno, seguindo linhas curvas para manter sempre a mesma cota. Em regiões de baixa precipitação, a principal finalidade das práticas em nível é aumentar o armazenamento de água do solo. Em regiões úmidas, a finalidade principal é reduzir as perdas de solo e de água. Os sulcos deixados no solo pelo cultivo em nível retêm a água, ou parte dela, reduzindo a enxurrada, e a erosão, condicionando melhor distribuição da água no solo. A realização das operações em contorno é coadjuvante nas culturas em faixas e deve ser usada em associação com o terraceamento para dar, proteção adicional às áreas localizadas entre os terraços. Em algumas áreas de declive suave, apenas, o plantio e realização dos cultivos em nível são suficientes para proteger adequadamente o solo contra a erosão. 7.1. Plantio em nível É o mais simples dos métodos de controle da erosão. Recomenda- se para terrenos de baixa declividade, isto é, que não ultrapasse 3%. Essa prática, em declives mais acentuados, é utilizada em associação com outras práticas, quer vegetativas, quer mecânicas, sendo uma complementação indispensável das culturas em faixas e do terraceamento. Para a instalação do plantio em contorno, como uma prática conservacionista isolada, demarcam-se niveladas básicas distanciadas de 50 em 50 metros, sem necessidade de se recorrer a tabelas ou à fórmula de Bentley. Deve-se proceder a uma harmonização dessas niveladas básicas para que se obtenham linhas de curvas suaves, sem zigue-zague. Em seguida, inicia-se a aração derrubando as estacas da primeira nivelada básica. Tiram-se depois, linhas de aração paralelas à linha nivelada básica até se encontrar a linha nivelada básica seguinte. A gradagem deve ser feita acompanhando-se as linhas de aração. Preparado o terreno, procede-se a nova demarcação de niveladas básicas espaçadas de 50 em 50 metros. Procede-se à correção das niveladas básicas e sulca-se o terreno para o plantio da mesma forma que se procedeu a aração e a gradeação. 46 Para a instalação de culturas perenes em nível, plantadas em covas, demarcam-se paralelas às niveladas básicas com auxilio de uma corda com nós a distâncias iguais ao espaçamento entre as linhas da cultura. Pode-se, ainda, utilizar uma régua de comprimento igual ao espaçamento da cultura presa ao meio de uma corda de 10 m. O espaçamento entre as covas pode ser marcado com uma régua de comprimento adequado. A demarcação das covas sobre as linhas em nível deve começar sempre em um carreador ou estrada, para efeito de estética. O aumento do custo dessa prática de controle da erosão é igual ao preço de um ou de dois nivelamentos, conforme se tratar de cultura perene ou de cultura anual, respectivamente. 7.2. Terraceamento 7.2.1. Introdução O terraceamento é uma prática conservacionista de caráter mecânico, que tem por objetivo principal o controle da erosão. Baseia-se no conhecido princípio do parcelamento dos declives e consta de uma série de terraços, que são uma combinação de um canal relativamente largo e raso com um camalhão ou dique de terra, dispostos transversalmente ao declive, e que tem por função interceptar o deflúvio ou escoamento superficial, forçando a absorção pelo solo ou drenagem lenta e segura do excesso de água. Assim, cada terraço protege a faixa de terra que lhe fica imediatamente abaixo, e, para a proteção de todo o terreno, o sistema deve começar na parte mais alta, antes que o deflúvio adquira volume e velocidade com capacidade erosiva. O terraceamento é uma prática eficiente para o controle da erosão pelo deflúvio, desde que seja bem planejado, executado e mantido. Porém, não controla a erosão pelo impacto das gotas de chuva sobre as superfícies de solo expostas, de maneira que precisa ser associado com outras práticas, especialmente vegetativas, as quais proporcionam ao solo necessária cobertura protetora; e também com práticas de manejo que visem a manutenção ou melhoramento da fertilidade e das propriedades físicas do solo. 7.2.2. Classificação dos Terraços Do ponto de vista funcional os terraços são classificados em:  Terraços de intercepção e diversão, ou com gradiente ou de drenagem superficial São construídos com a finalidade de interceptar a movimentação da água e escoar o excesso desta sem causar erosão no canal, São construídos com um desnível progressivo a fim de conduzir toda a água coletada para um canal escoadouro, que pode ser artificial ou natural. 47  Terraços com absorção ou em nível São construídos com a finalidade de interceptar o movimento da água e eliminar o excesso por drenagem interna. Do ponto de vista da construção os terraços são classificados em:  Tipo mangum ou de camalhão Neste tipo de construção, a terra que deve formar o dique ou camalhão é retirada de ambos os lados da linha demarcadora do terraço. A secção resultante é ondulada, conforme se pode observar na Figura 7.1. Figura 7.1. Perfil de um terraço tipo Mangum. O terraço tipo Mangum é indicado para as seguintes condições: solo permeável, declives suaves (até cerca de 8%), quando não se dispõe de equipamento reversível e onde as chuvas não são de grande intensidade.  Tipo Nichols ou de Canal Neste tipo de construção a movimentação da terra, para formar o dique, faz-se apenas do lado superior da encosta, removendo a terra para baixo. A secção resultante é aproximadamente triangular, conforme se pode observar na Figura 7.2. O terraço tipo Nichols pode ser construído em declividade maiores, porém requer equipamento reversível. Em geral, é recomendado para até 20%. Através das Figuras 7.1 e 7.2 pode-se notar que o terraço tipo Nichols é normalmente mais resistente que o primeiro, devido ao modo de construção; enquanto o terraço tipo Nichols tem mais canal, o tipo Mangum tem mais camalhão. 50 uma cobertura vegetal rasteira e densa pelo menos um ano antes de serem construídos os terraços, a fim de que possam suportar a descarga sem sofrer erosão. A escolha da vegetação para o revestimento dos canais escoadouros, constitui uma tarefa difícil para o conservacionista. As espécies vegetais tem que reunir características tais como: a) não serem invasoras de terrenos adjacentes; b) formarem vegetação densa, tanto na parte aérea (cobertura) como na parte subterrânea (travamento); c) serem resistentes à intempéries e de propagação fácil. d) serem boas forrageiras ou possuírem outro marcante valor econômico; e) serem resistentes ao pisoteio quando empregadas em prados situados em áreas de pastagens. As espécies que apresentam maiores possibilidades para revestimento de canais escoadouros são as seguintes: grama batatais (Paspalum notatum, Flugge), grama jesuíta (Axonepus compressus), grama seda ou Bermuda (Cynodon dacmon), Kudzu comum (Pueraria thumbergiana), Rhodes (Chloris goyana Kunth), Kikuio (Pennisetum clandestinum, Chiov.). Em condições médias, pode-se tomar os seguintes limites como base para as velocidades de escoamento de acordo com o tipo de vegetação (HAMILTON - Terrace outlets and farm draingeways). Gramas 2,0 - 2,5 m/s Capins 1,5 - 2,0 m/s Leguminosas 1,0 - 1,5 m/s Com a finalidade de diminuir a velocidade da água em canais escoadouros e conseqüentemente risco de erosão, são colocados interceptares ou paliçadas, em forma de semicírculos. 7.2.4. Considerações sobre Áreas Vizinhas Propriedades contíguas que possuírem as vezes, culturas em uma mesma unidade natural de drenagem, pode-se perfeitamente estabelecer um único sistema de terraceamento, vantajoso para ambos os terrenos, isto se os proprietários estiverem de acordo quanto à construção e a conservação dos terraços e coletores. Mas, se a gleba a ser terraceada receber considerável volume de água proveniente de áreas adjacentes, cumpre interceptar e desviá-lo por meio de um canal de divergência. Caso contrário, o volume adicional de água causará possivelmente o transbordamento do primeiro terraço 51 que encontrar, acarretando com isso o rompimento dos demais terraços. Este canal de interceptação deve ter capacidade suficiente quanto ao volume de água a receber e ter pequena declividade para não permitir erosão em seu fundo. Figura 7.3. Esquema representando uma gleba terraceada com um canal escoadouro. As setas indicam o movimento da água. 52 Figura 7.4. Esquema representando duas glebas, a primeira não terraceada e a segunda com um sistema de terraços, canais escoadouros e canal de divergência. 7.2.5. Análise do Declive Áreas com declives moderados, que não apresentam grandes irregularidades, sulcos de erosão ou pequenas voçorocas, são normalmente mais fáceis para serem terraceadas. Outras áreas mais declivosas, com declives superiores a 20% serão destinadas, no planejamento da propriedade, para modalidades de uso que não necessitam de terraços, como pastagens ou reflorestamento. Em resumo, as glebas a serem terraceadas devem pertencer às classes, I, II, III e IV de capacidade de uso. 55 7.2.7. Gradientes dos Terraços de Drenagem De acordo com a capacidade de absorção de água e a natureza do solo, os terraços poderão ser em nível absoluto para retenção total das águas de chuva, ou poderão ser ligeiramente inclinadas para promover a drenagem lenta e segura do excesso de água. Neste último caso o gradiente do terraço poderá ser uniforme em toda a extensão do terreno, ou poderá ir aumentando gradativamente com o comprimento deste, distinguindo-se, portanto, dois tipos de terraços de drenagem: gradiente constante e gradiente progressivo. Por razões óbvias, recomenda-se sempre a construção de terraços com gradiente progressivo, podendo o gradiente ser o seguinte: Distância (m) Gradiente 0 - 100 em nível 100 - 200 1 por mil 200 - 300 2 por mil 300 - 400 3 por mil 400 - 500 4 por mil 500 - 600 5 por mil Não é aconselhável, para este tipo de terraço, comprimento acima de 700 m. Se o terreno tiver dimensões superiores a 700 m aconselha-se fazer como está indicado em Comprimento do Terraço de Drenagem. 7.2.8. Localização das Estradas, Carreadores e Cercas na Área a ser Terraceada Estradas dentro ou fora da gleba terraceada devem ser planejadas de acordo com o sistema de terraços adotado, pois poderão, se incorretamente localizada, danificar o sistema de proteção do solo. De uma maneira geral as estradas deverão ser locadas em curvas de nível e no caso de ser isso impossível, devido a várias razões, a orientação recomendada é a seguinte: na parte inicial ou final dos terraços de modo a não interferir na manutenção dos sistemas. Elas nunca deverão ser locadas e construídas nas partes terminais dos terraços. Havendo possibilidades de locação de estradas em contorno, deverão situar-se logo abaixo do terraço. A locação de uma cerca em campo terraceado, deverá ser feita na parte inicial ou final dos terraços, e nunca no meio do sistema. Por exemplo: 56 a) Parte inicial dos terraços b) Parte final dos terraços c) Nunca no meio dos terraços 7.2.9. Espaçamento O espaçamento ideal para os terraços seria aquele que propiciasse a mais uniforme distribuição da umidade, aliada ao mínimo da erosão do solo entre os terraços, 57 apresentando, ao mesmo tempo, o mínimo de embaraços ao cultivo e cuja construção fosse econômica. A capacidade de armazenamento de água de um terraço em nível com extremidades fechadas representa um fator importante, muitas vezes decisivo, na determinação dos intervalos. O espaçamento entre os terraços dependerá especialmente da natureza do solo, do grau de declive do terreno e da capacidade, ou seja das dimensões e do gradiente que se pretende dar ao terraço, isto no caso do terraço com gradiente. Devido à falta de dados experimentais para determinar com exatidão os espaçamentos mais adequados para as nossas condições, vamos considerar apenas a fórmula de Bentley, que é a seguinte: EV = ( D + 2 ) x 0,305 x X onde: EV = espaçamento vertical em m D = declividade do terreno expressa em % X = fator que varia entre 1,5 e 6 sendo dependente da natureza do solo e sua resistência à erosão do tipo de prática conservacionista e do tipo de cultura, além das características das chuvas da região considerada. Quanto mais adversas as condições, maiores serão os valores do x . Na Tabela 7.1, apresentamos o s valores de "x" a serem empregados na determinação do espaçamento vertical. Exemplo: Suponhamos que a área a ser terraceada seja um Latossolo Roxo, cuja resistência à erosão é alta, devido à textura fina e estrutura moderada a forte do horizonte A. combinadas à elevada permeabilidade do perfil. Suponhamos ainda que o declive seja 6%, a cultura a ser instalada seja anual e a prática adotada seja terraço em nível. EV = ( 6 + 2 ) x 30,5 = 134 cm 2,5 O espaçamento horizontal pode ser determinado da seguinte maneira: EH = EV x 100 , expresso em metros D 60 Figura 7.8. Corte de um terraço de secção triangular onde: CD = talude anterior do dique. AB = talude posterior do dique. CDE = canal FD = profundidade do canal ou altura do dique. O cálculo de (S) para os terraços de área trapezoidal e triangular é muito simples, a saber: S = ( B + b ) x h e S = B x h 2 2 A velocidade média é calculada pela fórmula de Manning: 2/3 1/2 V = R . i n onde: r = raio hidráulico n = coeficiente de atrito i = declividade do canal O raio hidráulico é calculado através da seguinte expressão: R = S Pm S = secção do canal Pm = perímetro molhado 61 O perímetro molhado é obtido da seguinte maneira: Pm = L1 + L2 7.2.12. Locação de Terraços Os terraços de acordo com o tipo que vai ser construído, ou seja, de absorção ou de drenagem, serão locados em nível ou em desnível. Vejamos primeiramente a locação de terraços em nível. Locação de Terraços em Nível A locação deste tipo de terraço não oferece nenhuma dificuldade, devendo-se observar algumas particularidades, ou seja: a) o aparelho utilizado é o nível de engenharia; b) o estaqueamento será feito de 10 em 10, 15 em 15 ou 20 em 20m, conforme a uniformidade do terreno e a facilidade que proporcionarem ao construtor; c) as estacas devem ser de altura que se tornem bem visíveis aos operários encarregados da construção do terraço, sendo recomendado estacas de 1 a 2 m; d) a locação do primeiro terraço deve ser feita com a metade do espaçamento vertical. Vejamos um exemplo: Declividade do terreno: 9% Solo: Latossol Roxo Textura e estrutura do horizonte A = fina, esferoidal, pequena a média, moderada a forte. Permeabilidade do perfil: rápida Resistência à erosão: alta Tipos de prática: terraços em nível Tipo de cultura: anual (algodão) Valor de x = 4,5 62 Cálculo do espaçamento vertical: EV = ( D + 2 ) 0,305 X EV = ( 9 + 2 ) x 0,305 = 1,220 m 4,5 A mira é colocada na parte mais alta do terreno e com o nível faz-se uma visada, vamos supor que a leitura foi de 0,90 m. A esta leitura adiciona-se 1,.220 m; temos: 1,220 + 0,90 = 2,120 m Este resultado seria o valor da leitura para iniciar a locação, mas corno o primeiro terraço deve ser locado com a metade do espaçamento vertical, a leitura a ser usada será: 1,220 + 0,90 = 1,510 m 2 Tendo o valor do intervalo vertical - 1,510 m, o trabalho consiste somente em um simples nivelamento. Na mudança do aparelho, visa-se a estaca anterior e usa-se a leitura obtida para locar novos pontos. (Figura 7.9). Vamos supor que a visada de ré deu a leitura de 1,450 m portanto, os demais pontos serão locados com 1,450 m. Após a locação do 1º terraço, faz-se a locação do 2º terraço, da seguinte maneira: com o nível na posição original, ou qualquer outra posição, visa-se qualquer ponto já locado do 1º terraço, adiciona-se à leitura o espaçamento vertical calculado, e procede-se à locação. Exemplo: Visada ao ponto de 1º terraço: 1,510 m. Leitura para o 2º terraço .= 1,50 + 1,220 = 2,730 m Inicia-se a locação do 22 terraço visando sempre 2,730 m. Na mudança do aparelho, visa-se à ré por exemplo 2,670 m; as leituras seguintes serão 2,670 m (Figura 7.10). 65 Figura 7.11. Esquema representativo da locação do primeiro terraço com gradiente progressivo. A mudança do aparelho não apresenta dificuldade quando coincide com os primeiros 100 m, pois a locação é em nível. Nos 100 metros seguintes (1 por mil) muda-se o aparelho, visa-se à ré e adiciona-se 4 cm para cada estaca, em nº de 5. No trecho de 100 m correspondente ao declive de 3 por mil, adiciona-se 6 cm; e assim por diante. 7.2.13. Processos para Construção de Terraços A construção de terraços pode ser feita com auxilio do equipamento disponível na fazenda, usando-se: a) ferramentas manuais, isoladamente ou em combinação com arados; b) implementos de tração animal; c) implementos de tração mecânica. Com qualquer implemento, o que se tem em vista é construir um canal, utilizando a terra removida para a formação de um dique ou camalhão. Em qualquer método de construção, os terraços deverão sempre ser construídos começando na parte superior e vir descendo a encosta, à medida que se constrói cada terraço sucessivo. Construindo em primeiro lugar os terraços inferiores, corre-se o risco de serem os mesmos seriamente danificados, no caso de ocorrer uma chuva, antes de concluídos os de cima. O terraço superior não deve apenas ser terminado em primeiro lugar, mas deve também ser muito bem construído, porque dele depende a segurança de todo o sistema. 66 Como processos de construção veremos somente o exemplo de alguns utilizando um trator e arado de disco com levante hidráulico. Processo para construção de terraço de base média, tipo Magnum Processo para construção de terraço de base média, para arado de disco irreversível tipo Magnum 67 Processo de construção de terraço de base estreita, para arado de disco irreversível tipo Magnum Terraço de base larga, com arado de 3 discos irreversíveis, suspensão hidráulica tipo Magnum 70 Figura 7.12. Aração em Área Terraceada. Figura 7.13. Esquema de uma área terraceada apresentando os sulcos de semeadura. Nota-se que as linhas paralelas são tomadas tendo por referência a linha do terraço superior. Os números indicam a seqüência a ser seguida. 71 Figura 7.14. Esquema de uma área terraceada apresentando os sulcos de semeadura. A linha paralela de referência é a do terraço inferior. Os números indicam a seqüência a ser seguida. Figura 7.15. Esquema da semeadura em gleba terraceada. Os números indicam a seqüência a ser seguida. 72 7.3. Cordões em contorno Os cordões em contorno são, também, denominados terraços de base estreita, em oposição aos terraços anteriormente estudados que são denominados terraços de base larga. Os cordões em contorno são constituídos de um estreito canal e de um dique destinados a interceptar e reter a água que escoa sobre a superfície de solos cultivados sujeitos à erosão. Os terraços de base estreita, geralmente, são construídos com septos transversais separando o canal em vários compartimentos. Recomendam-se os cordões em contorno para a proteção de culturas perenes, já plantadas em esquadro, em terrenos cuja declividade seja, no máximo, de 24%. Em casos especiais, esta prática é usada até em declives de 30%. Nesse caso, os cordões devem ser locados e construídos com todo o cuidado. Os cordões em contorno são recomendados, também, para culturas perenes a serem instalados em terrenos recém-desbravados ou com pedregosidade elevada, onde o emprego de plaina seria praticamente impossível. Nas culturas perenes instaladas em nível que necessitem proteção adicional, pode-se instalar cordões de contorno com muita facilidade. O planejamento de um sistema de cordões em contorno se baseia na natureza do solo e na declividade do terreno. A fórmula de Bentley pode ser utilizada para o cálculo do espaçamento, quando não se dispõe de tabelas cuja eficiência já tenha sido comprovada. Quando o solo é pouco permeável e o sistema de cordões é planejado antes do plantio, pode-se locar as linhas básicas com gradiente, como no caso dos terraços de base larga. No caso de culturas perenes já instaladas o único tipo de nível que pode ser utilizado é o de borracha. A demarcação deve ser feita seguindo-se a mesma regra da demarcação de linhas básicas para terraços de base larga. Quando uma das linhas básicas coincidir com uma planta de cultura pode-se deslocá-la seguindo-se a seguinte regra: 1 - se a linha estiver até 30 cm abaixo da planta, deve-se mudá-la para 60 cm acima da planta; 2 - se a linha estiver abaixo da planta mais do que 30 cm, deve-se mudá-la para 60 cm abaixo da planta. 75 Figura 7.17. Configuração e dimensões de uma banqueta individual. AD = Diâmetro total da banqueta BC = Diâmetro da superfície aproveitável; 2 m, com inclinação de 15%. O custo da construção das banquetes individuais pode ser calculado da seguinte maneira: um operário pode construir de 15 a 30 banquetes por dia, dependendo do solo e das condições em que se encontre. Deve-se, ainda, levar em conta o custo da locação das linhas básicas. A conservação das banquetes consiste em se remover, periodicamente, a terra que se acumula sobre a parte mais baixa da superfície, As capinas devem ser feitas acompanhando as linhas de planta e de cima para baixo. Quando faltar terra numa banqueta, tirá-la sempre das linhas, entre duas banquetes. Dessa forma, pouco a pouco, vai-se interligando as banquetes obtendo-se um terraço patamar contínuo. Como as banquetes são utilizadas em terrenos sujeitos a fortes declives, é conveniente que se proceda à estabilização dos aterros com vegetação apropriada, ou mesmo com vegetação natural, que poderia constituir uma verdadeira faixa de retenção. Muitos estudos têm sido feitos em relação aos terraços, entretanto, até o momento, pouca atenção tem sido dada aos canais escoadouros. Estes devem ser locados numa cota alguns centímetros mais baixa do que o canal dos terraços e apresentar uma inclinação que não permita o refluxo da água, mas sem causar erosão. Os canais escoadouros podem ser naturais e artificiais. Entre os escoadouros naturais estão os rios, córregos, pastos e matas e grotas. A vegetação é extremamente importante para proteger as margens e também o fundo dos escoadouros em que a água corre intermitentemente. Geralmente, depressões largas, rasas e densamente vegetadas são preferíveis às estreitas e profundas, ou mesmo aos canais vegetados. 76 Onde se utiliza uma gramínea ou uma leguminosa para proteger um escoadouro natural pode-se obter um bom suplemento de forragem para o gado. Nesse caso, o escoadouro natural é denominado um prado escoadouro. Em alguns campos de cultura, onde não existem depressões naturais, é preciso construírem-se escoadouros artificiais que condicionam aumento da velocidade e do volume de água muita cautela é necessária no seu planejamento, construção e estabilização. Os canais escoadouros não são, apenas, um complemento indispensável dos sistemas de terraços com gradientes. Essas construções devem ser utilizadas sempre que se necessitar desviar água, sem perigo de erosão. Os escoadouros artificiais são canais de 30 a 40 m de largura e com concavidade suave, cuja flexa não ultrapasse 30 ou 40 cm. Recomenda-se, também, que se construa um canal de 15 m de largura para receber a água do primeiro terraço do sistema e se aumente sua largura de 6 m para receber a água de cada um dos demais terraços seguintes. Os canais escoadouros com declividade de até 3% podem ser usados mesmo sem vegetação. Quando a sua declividade for de 3 a 6% devem ser vegetados antes da construção dos terraços. No caso de declividade de 6 a 12%, além de deverem ser previamente vegetados, recomenda-se a construção de obstáculos de pedra ou de madeira. Esses obstáculos devem ter uma altura de 30 a 50 cm e se localizarem a 2 ou 3 m abaixo do ponto de descarga de cada terraço. Os canais escoadouros não podem ser projetados com declividade maior do que 12%. Deve-se levar em conta, ainda, que o fundo do canal do terraço, no ponto em que encontra o canal escoadouro, deve estar alguns centímetros mais alto do que este, para evitar refluxo da enxurrada. É aconselhável, ainda, que os pontos em que os terraços desaguem, numa pastagem ou capineira, não se disponham numa mesma linha segundo o declive do terreno; pois, isso acarretaria grande acúmulo de água, cuja conseqüência seria a formação de sulcos. 77 7.6. QUESTIONÁRIO 01. Defina os principais tipos de terraços. 02. Quando se justifica a construção de terraços com gradiente? 03. Quando se justifica a construção de terraços patamar? 04. Qual é a principal limitação de terraços patamar? 05. Descreva todas as operações, desde o planejamento até a construção, envolvidas no estabelecimento de um sistema de terraços com gradiente. 06. Como se deve cultivar um terraço? 07. Quando se justifica a construção de cordões em contorno? 08. Quais são as diferenças entre terraços de base larga e cordões em contorno? 09. Quando se justifica o estabelecimento de um sistema de banquetas individuais? 10. Qual deve ser a capacidade dos vários tipos de terraços?
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