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Doencas do Milho e Sorgo, Notas de estudo de Agronomia

Doencas do Milho e Sorgo.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 17/06/2010

eng0-agronomo-12
eng0-agronomo-12 🇧🇷

4.6

(33)

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Baixe Doencas do Milho e Sorgo e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA "ELISEU MACIEL" DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADE DISCIPLINA DE FITOPATOLOGIA DOENÇAS DO MILHO E SORGO 1 Ronei de Almeida Douglas O Milho é cultivado em quase todos os países do mundo. É uma das culturas que oferece maior produção, quando cultivada com técnicas eficientes. O milho está constituído por uma só espécie, Zea mays L., todas as cultivares estão incluídas nesta espécie e não se conhece formas silvestres. Existe cultivares botânicas ou espécies de Z. mays L., como o milho tunicado, Z. mays var. tunicata; o amiláceo, Z. mays var. amylacea; o doce, Z. mays var. saccharata; o duro, Z. mays var. indurata; o pipoca, Z. mays var. everta e o dentado, Z. mays var. indentata. O sorgo por sua vez é uma cultura que responde bem aos tratos culturais que lhe são feitos, no entanto exige o uso de técnicas mais produtivas. Existem vários tipos de sorgo que são classificados de acordo com o aproveitamento da planta. Assim temos: Sorgos forrageiros - São os que produzem grandes quantidades de massa verde muito apreciada pelos animais, sendo também, bons produtores de grãos; Sorgos forrageiros sacarinos – Tem as mesmas qualidades do sorgo forrageiro além de possuírem açúcar, o que torna seu sabor adocicado; Sorgos industriais – Tipo de sorgo que produz poucas folhas e sementes. Sua panícula é formada de fibras longas que são usadas para fazer vassouras. Tanto o milho como o sorgo são suscetíveis a um grande número de microrganismos patogênicos que contribuem para baixar sua produção. A literatura cita inúmeras doenças que podem ser causadas por fungos, bactérias, vírus, nematóides, etc. A maior ou menor importância das diferentes doenças está relacionada com a freqüência que ocorrem como também pelos danos causados. _________________________ 1 Professor Adjunto, FAEM-UFPel, Departamento de Fitossanidade. 2002. Ronei de Almeida Douglas 2 MANCHA DA FOLHA GENERALIDADES: O fungo causador desta doença foi descrito pela primeira vez, na Itália, por Passerini, em 1876. Doença também conhecida pelos nomes de “Leaf Blight”, “Northern Leaf Blight”, “Tizon de la Hoja” e “Helmintosporiose”. É encontrada em quase todas as áreas úmidas onde se cultiva sorgo e milho. Sob condições favoráveis ocasionalmente, pode tornar-se severa. A doença varia em sua prevalência e severidade de ano para ano e de zona para zona porque depende em grande parte, das condições ambientais. Em regiões altamente favoráveis para o crescimento e reprodução do fungo, este já pode estabelecer-se sobre plântulas. A doença ataca folhas, caules e sementes sendo mais característico no primeiro. Quanto mais tarde o aparecimento da doença menor será o prejuízo causado. Adimite-se que a redução no rendimento depende da severidade e sobre tudo do momento em que se estabelece a infecção. Se as condições forem favoráveis ao fungo (alta umidade e temperatura entre 18 e 27°C) e se o cultivar utilizado não possuir nível de resistência satisfatório, o dano econômico pode ser bastante significativo. SINTOMATOLOGIA: O fungo pode causar podridões em sementes e crestamento de plântulas, especialmente em solos frios e excessivamente úmidos (o patógeno pode ser carregado pela semente e também sobreviver no solo como saprófita em resíduos culturais). Plântulas infectadas podem morrer ou desenvolver plantas atrofiadas. Nas folhas de plântulas infectadas desenvolvem-se manchas pequenas púrpuras avermelhadas ou amareladas que sob condições favoráveis aumentam de tamanho, coalescem e matam as folhas. Nos tecidos mortos de plantas velhas formam-se manchas grandes elípticas, de coloração amarelada. Geralmente o fungo ataca primeiro as folhas inferiores da planta, progredindo a doença para cima a medida que aumenta a sua severidade. Em áreas úmidas e quentes ocorre abundante esporulação dando a lesão uma coloração escura e facilitando a rápida disseminação do agente pelo vento e chuva. Sob prolongada umidade sobre a inflorescência pode desenvolver- se um mofo preto. Quando a doença coincide com a época de floração sérios prejuízos podem ocorrer na produção. AGENTE CAUSAL: O Agente causal é Exserohilum turcicum (Pass.) Leonard & Suggs (sinonímia Helminthosporium turcicum Pass.), fungo da ordem Moniliales e família Dematiaceae que apresenta o micélio claro ou escuro, conidióforos simples ou ramificados, longos, oliváceos, com 2 a 4 septos, medindo 7 a 9 x 150 a 250 µm, que emergem em grupos de 2 a 6 através dos estômatos e Doenças do Milho e Sorgo 5 A sua forma sexual foi descrita, em 1925, com o nome de Ophiobolus heterostrophus Drechsler. Mais tarde, em 1934 foi designado como Cochliobolus heterostrophus Drechsler. O fungo pertence ao filo Ascomycota, cujos peritécios desenvolvem-se em tecidos desintegrados. CICLO DA DOENÇA: Fig. 6. Ciclo da doença Fig. 5. Sintoma de Bipolaris maydis em espiga (raça T) Ronei de Almeida Douglas 6 CONTROLE: Ver mancha da folha Ainda ocorre sobre o milho Cochliobolus carbonum Nelson cuja forma anamórfica é Bipolaris zeicola (Stout) Shoemaker (sinonímia Heminthosporium carbonum). Embora não cause danos econômicos significativos para a maioria dos híbridos comerciais, esta doença pode causar alguns prejuízos em linhagens, nos campos de melhoramento genético ou de produção de sementes. PODRIDÃO DE DIPLODIA GENERALIDADES: Esta doença foi descrita, pela primeira vez, em 1909, por Heald, em Nebraska, e por Burril e Barret em Illinois. Doença também conhecida pelos nomes de “Espiga Fermentada”, “Espiga Mofosa”, “Podridão Branca” e “Podridão Seca”. Trata-se de uma doença bastante difundida no Rio Grande do Sul e outros estados, mais frequentemente em cultivares suscetíveis plantados sob condições de deficiência hídrica antes da polinização, seguida de período chuvoso. A deficiência de potássio no solo proporciona aumento da incidência e da severidade da doença. Causa graves perdas na colheita pela destruição de espigas, fato atribuído de modo errado a penetração de água de chuva na espiga. Não ocorre em sorgo. SINTOMATOLOGIA: A doença manifesta-se no caule, espigas, folhas e bainhas. Sendo mais comum nos dois primeiros. Na bainha e lamina foliar produzem-se manchas de cor vermelho purpúreo a castanho escuro, que se estendem aos nós e porções basais dos entrenós. Na espiga pode-se reconhecer facilmente a doença devido a um crescimento micelial de coloração branca que ocupa os espaços entre os grãos. Algumas vezes pode-se observar pontos pequenos de coloração negra na parte inferior da espiga. Esses pontos negros são os corpos frutíferos do agente causal. Geralmente a podridão da espiga progride da base para o ápice. Quando a infecção aparece no princípio de desenvolvimento da espiga, esta não se desenvolve normalmente, fica seca, de pouco peso e com grãos escuros. Quando as espigas são infectadas em uma etapa mais avançada de seu desenvolvimento, em geral a perda é só parcialmente. Em espigas afetadas precocemente a palha aparece descolorida em contraste com as das espigas sadias, bem verdes. Espigas afetadas tardiamente podem não mostrar sintomas externos. As Doenças do Milho e Sorgo 7 sementes infectadas não germinam ou produzem plantas muito fracas. A podridão do caule é notada mais fácilmente depois da polinização. Na superfície do caule pode-se observar em primeiro lugar umas manchas descoloridas e quando se corta, o caule longitudinalmente, internamente, a medula apresenta-se desintegrada e com coloração café ou negra, sem que no entanto, haja desintegração do tecido vascular. Depois de algum tempo também podem apresentar-se nos internódios inferiores infectados da planta os pequenos corpos frutíferos de coloração negra. Estes encontram-se incrustados no colmo (picnídios subepidérmicos). AGENTE CAUSAL: A doença é causada pelo fungo Diplodia zeae (Schw.) Lev. (sinonímia Diplodia maydis (Berk.) Sacc.). O fungo produz picnídios globosos ou em forma de frasco contendo esporos de coloração oliva a marrom, elípticos, bicelulares, retos ou ligeiramente curvos, com 5 a 6 x 25 a 30 µm. A fase sexual deste fungo não é conhecida. O milho é o único hospedeiro deste fungo. Ronei de Almeida Douglas 8 Fig. 7. Sintoma externo no colmo Fig. 9. Sintoma interno no colmo Fig. 8. Sintoma na espiga Fig. 10. D. Maydis Picnídio com conídios Ronei de Almeida Douglas 10 CICLO DA DOENÇA: os fungos passam de um ano para outro em caules velhos, outras partes da planta e solo na forma de conídios, peritécios ou micélio. A penetração pode ocorrer diretamente, por ferimentos ou estômatos e a disseminação é feita através da chuva, vento e sementes. Doença favorecida por verões quentes, úmidos e temperaturas superiores a 25°C. CONTROLE: Ver Podridão de Diplodia. FERRUGEM GENERALIDADES: Esta doença ocorre em muitas áreas, onde o milho e sorgo são cultivados. Embora frequentemente difundida e abundante, a doença não torna-se usualmente prejudicial até a cultura chegar a maturação. Doença também conhecida em inglês pelo nome de “Rust”. SINTOMATOLOGIA: Esta doença caracteriza-se pela produção de pústulas alongadas a ovais, de cor castanha ferruginosa, em ambas as faces das folhas. As pústulas terminam por se romperem, liberando grandes quantidades de pó da mesma cor (uredosporos), que são os órgãos de propagação da doença. Numa fase mais adiantada de crescimento, nos mesmos locais, surgem pústulas negras, com formação de um segundo tipo de esporos (teleutosporos) maiores e negros. Doenças do Milho e Sorgo 11 Fig. 16. Gibberella moniliforme e Fusarium moniliforme Fig. 15. Gibberella zeae e Fusariumn roseum f. sp. cerealis AGENTE CAUSAL: O causador desta doença em milho é o fungo Puccinia sorghi cujos uredosporos são de formato esférico a elipsóide, de coloração canela, com superfície moderadamente equinulada, medindo de 21 a 30 x 24 a 33 µm e os teleutosporos bicelulares de coloração marrom-escura medindo 14 a 25 x 28 a 46 µm. Já em sorgo o agente é o fungo Puccinia purpurea que forma uredosporos unicelulares medindo 30 a 42 x 22 a 30 µm, pedicelados, amarelo-avermelhados, ovais a elípticos. Os teleutosporos medindo 40 a 60 x 25 a 32 µm, bicelulares, lisos, retangulares a elípticos, marrom-escuros, de pedicelo persistente, hialinos a amarelos-tintos. Ronei de Almeida Douglas 12 Fig. 17. Sintoma em folha Fig. 18. Estágio de Aécio em Oxalis sp. Fig. 17. Sintoma em folha Fig. 18. Puccinia purpúrea Teleutosporos e uredosporos Fig. 19. Puccinia sorghi Uredosporos e teleutosporos CICLO DA DOENÇA: A penetração ocorre, somente, através dos estômatos. O fungo passa de um ano para outro em restos de cultura e hospedeiros intermediários os falsos trevos ou azedinhas (plantas do gênero Oxalis sp.). Sendo sua disseminação através do vento. Temperaturas entre 17 a 25°C e alta umidade favorecem a doença. CONTROLE: Cultivares resistentes, plantio em épocas desfavoráveis ao desenvolvimento da doença, não cultivar em filas muito juntas e evitar solos excessivamente úmidos e esgotados. Além de Puccinia sorghi, em milho, já foi constatado Puccinia polysora Underw (ferrugem polysora) na região Centro-oeste, Sudeste e no Paraná. Physopella zeae (Mains) Cummins & Ramachar (sinonímia Angiopsora zeae) (ferrugem tropical) nas regiões Centro-oeste e Sudeste. Em sorgo, Sphaerophragmium sorghi Batista & Bezerra, na Guanabara. CARVÃO COMUM DO MILHO GENERALIDADES: Entre as doenças do milho, é tida como a de ocorrência mais comum, sendo encontrada em quase todas as plantações. A doença, no entanto, não causa prejuízos econômicos significativos. Temperatura entre 26 e 34°C e tempo seco favorecem a doença. O carvão comum se estendeu com a difusão do cultivo do milho, visto que a doença não é transmitida tão comumente pelas sementes como ocorre em muitos outros carvões de cereais. Doença conhecida pelos nomes de “ Carbon de la Espiga” e “ Smut”. SINTOMATOLOGIA: A doença ocorre em toda a parte aérea da planta. O sintoma característico é a formação de galhas (resultante do estímulo que o micélio do fungo, na fase parasítica, exerce sobre as células do hospedeiro, induzindo-as a aumentarem tanto em número como em tamanho) que no início são recobertas por uma película fina e esbranquiçada. O rompimento da película expõem uma densa massa de esporos pulverulentos. As galhas nas folhas dificilmente crescem mais do que o tamanho de uma ervilha, tornam-se densas, secas e, normalmente, contem poucos esporos. Na espiga é que as galhas se desenvolvem até alcançarem um tamanho enorme, contendo milhões de esporos. AGENTE CAUSAL: O fungo causador é Ustilado maydis (DC.) Cda. (sinonímia Ustilago zeae (Schw.) Ung.) que apresenta teliósporos elipsóides, equinulados, de cor marrom a preta, com 8 a 11 µm de diâmetro. Os Doenças do Milho e Sorgo 13 No milho na infecção sistêmica podem ocorrer, ainda, os seguintes sintomas: Meias folhas doentes, com margem bem distinta entre o tecido sadio e o doente (Fig. 31); folhas mais estreitas, eretas e em tufos (Fig. 32); maior suscetibilidade ao carvão (Fig. 33) e pendão deformado (Fig. 34). Devido à não disposição linear dos oósporos ao longo das nervuras, não ocorre o rasgamento das folhas, como em sorgo. Ronei de Almeida Douglas 16 Fig. 28. Fig. 29. Fig. 26. Fig. 27. Fig. 30. AGENTE CAUSAL: O agente causador desta doença é Peronosclerospora sorghi (Weston & Uppal) C. G. Shaw. O patógeno é da classe dos Oomycetes, ordem Sclerosporales e Família Sclerosporaceae. Os zoosporangióforos são hialinos, eretos, ramificados dicotomicamente, com 180 a 300 µm de comprimento. Os zoosporângios, hialinos, ovais a esféricos. O patógeno também pode produzir oósporos hialinos e esferéricos medindo 25 a 49 µm. A infecção pode se dar de duas maneiras: a partir de oósporos que sobrevivem no solo e infectam sistemicamente as folhas de seedlings suscetíveis, ou a partir de zoosporângios, capazes de infectar folhas já desenvolvidas. O patógeno sobrevive de um ano para outro em sementes, solo e restos de cultura na forma de oósporo ou micélio. Umidade relativa alta e temperaturas abaixo de 20C favorecem a doença. Doenças do Milho e Sorgo 17 Fig. 35. Fig. 34. Fig. 31. Fig. 32. CICLO DA DOENÇA: Ronei de Almeida Douglas 18 Fig. 36. Peronosclerospora sorghi Detalhes dos zoosporângios Fig. 35. Peronosclerospora sorghi Zoosporangióforo e zoosporângios CICLO DA DOENÇA: O fungo passa de uma estação para outra como saprófita em restos de cultura e sementes (podendo sobreviver até 2 anos quando são armazenadas em condições ambientais e 3 anos ou mais, quando armazenadas em baixas temperaturas) na forma de esporos e micélios. Os esporos dos restos de cultura desintegrados são transportados pelo vento ou pingos da chuva para as folhas. Quanto a penetração, esta, ocorre diretamente através da epiderme ou estômatos. Outras gramíneas hospedeiras podem servir como fonte primário de inóculo. Esporos produzidos em plantas doentes fornecem inóculo secundário. A doença é favorecida por altas temperaturas 25 - 30C e, desenvolve-se melhor em tecidos velhos, embora plântulas possam ser infectadas. Água é necessário para a dispersão e germinação dos esporos. A doença é também favorecida por injúrias no caule, ou raízes causadas por implementos agrícolas, insetos, ventos, granizo, ou outros agentes que ocasionam ferimentos para a entrada de fungos. CONTROLE: Cultivares resistentes, utilização de sementes sadias, rotação de culturas, eliminação de plantas hospedeiras, enterrio dos restôlhos, fertilização balanceada e tratamento de sementes com produtos à base de captan ou thiram (200g/100 Kg). OUTRAS DOENÇAS MANCHA PARDA OU MARROM - Physoderma maydis (Miyabe) Miyabe A primeira publicação, sobre esta doença, foi feita por Shaw em 1912, quando relatou sua ocorrência na Índia. A doença ataca folhas, bainhas, espigas, e também o colmo, mas é raramente observada sobre palhas e espigas. A primeira evidência é o aparecimento de lesões mais ou menos circulares, pequenas de coloração amarela que imediatamente tornam-se escuras, e finalmente marrons. As manchas no meio das nervuras, bainhas e colmos são similares as da folha. Os zoosporângios de Physoderma são lisos, de coloração marrom, achatados em um dos lados, endóbióticos, holocárpicos e operculados. A germinação ocorre somente em presença de luz, um zoosporângio libera 20 a 50 zoosporos. A doença somente ocorre em milho. Doenças do Milho e Sorgo 21 CRESTAMENTO AMARELO DA FOLHA DO MILHO OU MANCHA DE PHYLLOSTICTA - Phyllosticta maydis Arny & Nelson. Esta doença foi relatada pela primeira vez, em Illinois, por Stout, em 1930. Embora ocorra em milho e sorgo, a espécie de Phyllostica, em sorgo é, diferente. O sintoma aqui relatado é para o milho. A doença ocorre em folhas e colmos sendo mais comum sobre as folhas. As manchas caracterízam-se por serem mais ou menos circulares de coloração amarela com bordos avermelhados. Os picnídios do fungo são globosos, marrom avermelhado e com ostíolo. Os conídios são de uma célula só, hialinos e típicamente com duas gotas. Ronei de Almeida Douglas 22 Fig. 43. Zoosporângios de Physoderma no tecido foliar Fig. 42. Sintoma na nervura central Fig. 44.Sintoma na folha Fig. 45. Phyllosticta Picnídio, conidios e conidióforos PODRIDÃO DE PYTHIUM - Pythium aphanidermatum (Eds.) Fitz. Ocorre tanto em milho como em sorgo. A parte atacada da planta, frequentemente se limita a um estrangulamento do internódio próximo à linha do solo e situado acima desse, ocasionando geralmente queda da planta. O fungo é um habitante do solo e se caracteriza, diferentemente de outros fungos causadores de podridões em colmos, pela capacidade de atacar plantas jovens e vigorosas antes do florescimento e estágios finais do ciclo de desenvolvimento das plantas. MANCHA CINZENTA OU CERCOSPORIOSE – Cercospora sorghi Ellis & Everhart O fungo foi descrito pela primeira vez por Ellis e Everhart, causando manchas em folhas de Sorghum halepense, nos E.U.A. Além de sorgo também ataca o milho (Cercospora zeae-maydis), porém, sendo mais importante no primeiro. As lesões são alongadas, estreitas, geralmente limitadas pelas nervuras, com várias áreas necróticas em seu centro o que lhe confere um aspecto típico. Essas lesões são inicialmente púrpuras escuras que ficam posteriormente acinzentadas quando apresenta esporulação do fungo na superfície. Além das folhas as lesões podem ocorrer na bainha e no caule, porém raramente. O fungo apresenta conidióforos e conídios. Esporula em ambas as faces da folha, e passa de um ano para outro através de restos de cultura, e possivelmente em sementes. A disseminação é realizada pelo vento e chuva. Os conidióforos emergem dos Doenças do Milho e Sorgo 23 Fig. 46. Sintomas em colmo Fig. 47. Pythium A – Zoósporos B – Vesícula evanescente C – Zoosporêngio D – Zoosporangióforo E - zoósporos MANCHA DE CURVULARIA – Curvularia sp. Tem sido observada tanto em milho como em sorgo, em plantas adultas e mais para o fim do ciclo da cultura. As folhas apresentam manchas circulares, de inicio avermelhada nos bordos e creme no centro, com halo amarelado. Ronei de Almeida Douglas 26 Fig. 52. Sintomas em folha Fig. 53. Kabatiella zeae Fig. 54. Sintomas na folha Fig. 55. Curvularia sp. PODRIDÃO DE PHYSALOSPORA – Physalospora zeae Stout (Macrophoma zeae Tehon e Daniels); Physalospora zeicola Ell e Ev. (Diplodia frumenti Ell. & Ev.). Os sintomas causados por esta doença são similares ao de “Podridão de Diplodia”. Só ocorre no milho. Physalospora zeae – os peritécios são de cor negra com pequenos ostíolos. As ascas são largas, claviformes e cilíndricas pediceladas, de dupla parede. Os ascósporos podem ser em número de 8 apresentando cor hialina a âmbar pálido. Physalospora zeicola – os peritécios são negros. As ascas tem forma cilíndrica ou claviformes, são quase sésseis e de parede dupla. Os ascósporos são em número de 8 e em disposição biseriada, de forma elipsoidal, unicelulares e hialinos. Doenças do Milho e Sorgo 27 Fig. 56. Sintoma na espiga Fig. 57. Sintoma externo no colmo Fig. 59. Physalospora zeae Ascas e ascósporos Fig. 58. Physalospora zeicola C – Ascas jovem; D – Ascas; E - Ascosporos MANCHA DE PHYLLACHORA – Phyllachora maydis Maubl. A doença caracteriza-se por formar em folhas lesões mais ou menos circulares de coloração palha com bordos marrons, tendo em seu centro uma pontuação avermelhada. Esta doença só ocorre sobre o milho. MANCHA FOLIAR DE PHAEOSPHERIA – Phaeosphaeria maydis (P. Henn.) Rane et al. (Phyllosticta sp.). Inicialmente, as lesões são pequenas, cloróticas, tornando-se maiores posteriormente, com até 2 cm, arredondadas e oblongas, com coloração esbranquiçada e bordos escuros. Pode haver coalescência de lesões, o que leva á morte parcial ou total das folhas. Peritécios e conídios podem ser encontrados no centro das lesões. Só corre no milho. Ronei de Almeida Douglas 28 Fig. 61. Phyllachora sp. A – Peritécio; B – Ascas C – Paráfises; D - Ascosporo Fig. 60. Sintomas em folha Fig. 62. Sintomas nas folhas ENFEZAMENTO PÁLIDO E VERMELHO ENFEZAMENTO PÁLIDO – causado pelo spiroplasma Kunkelii Whitcomb et al., produz pequenas lesões cloróticas arredondadas na parte basal do cartucho. Á medida que as folhas se desenvolvem, há um aumento das áreas cloróticas que se transformam em longas faixas de cor amarelo-limão, podendo as folhas apresentarem-se inteiramento cloróticas. ENFEZAMENTO VERMELHO – O organismo causador desta doença é um Fitoplasma. As folhas revelam um certo amarelecimento dos bordos e extremidades, que precede um avermelhamento cuja intensidade varia segundo a tendência da planta hospedeira desenvolver antocianina. Relatados só para o milho. Fig. 66. Enfezamento pálido Sintoma nas folhas Fig. 67. Enfezamento vermelho Sintoma nas folhas Doenças do Milho e Sorgo 31 LITERATURA CONSULTADA ARNY, D.C., et alii. Eyespot of Maize, a Disease New to North America. Phytopathology 61:54-57. 1971. BAIN, D.C., e EDGERTON C.M. 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