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Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios, Manuais, Projetos, Pesquisas de Química

Discursão sobre a geração de resíduos quimicos em laboratórios de instituições de ensino e pesquisa no Brasil

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 10/04/2009

kedma-gaspar-10
kedma-gaspar-10 🇧🇷

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Baixe Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Química, somente na Docsity! QUÍMICA NOVA, 21(5) (1998) 671 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS EM LABORATÓRIOS DE ENSINO E PESQUISA Wilson de Figueiredo Jardim Instituto de Química - UNICAMP - Laboratório de Química Ambiental - CP 6154 - 13081-970 - Campinas Recebido em 3/10/97; aceito em 17/12/97 WASTE MANAGEMENT PROGRAM FOR CHEMICAL RESIDUES IN BOTH TEACHING AND RESEARCH LABORATORIES. The generation of chemical residues in both teaching and research laboratories is a serious problem in Brazil. In this article, a Chemical Residues Management Pro- gram is presented and discussed. The Program is centered in different hierarchic positions, but driven by minimization. A common ground for discussion and distribution of related information is also proposed as a mean to spread the program throughout Brazilian Universities. Keywords: chemical residues; management; academic institutions. ASSUNTOS GERAIS INTRODUÇÃO A geração de resíduos químicos em instituições de ensino e pesquisa no Brasil sempre foi um assunto muito pouco discu- tido. Na grande maioria das universidades (e em especial nos Institutos e Departamentos de Química), a gestão dos resíduos gerados nas suas atividades rotineiras é inexistente, e devido à falta de um órgão fiscalizador, o descarte inadequado continua a ser praticado. No atual cenário, onde vários segmentos da sociedade vêm cada vez mais se preocupando com a questão ambiental, as universidades não podem mais sustentar esta medida cômoda de simplesmente ignorar sua posição de geradora de resíduos, mesmo porque esta atitude fere frontalmente papel que a pró- pria universidade desempenha quando avalia (e gerealmente acusa) o impacto causado por outras unidades de geradoras de resíduo fora dos seus limites físicos. Assim sendo, frente ao papel importante que as universidades desempenham na nossa sociedade, frente à importância ambiental que estes resíduos podem apresentar, e por uma questão de coerência de postura, é chagada a hora das universidades, e em especial dos Institu- tos e Departamentos de Química, implementarem seus progra- mas de gestão de resíduos. Frente ao exposto, o objetivo maior deste artigo é o de apre- sentar as linhas básicas que devem ser seguidas para a imple- mentação de um Plano de Gestão de Resíduos. A proposta aqui apresentada é fruto não apenas de experiências compiladas na li- teratura internacional, mas também daquela vivenciada e aprimo- rada dentro do Instituto de Química da UNICAMP, e mais espe- cificamente, dentro do Laboratório de Química Ambiental (LQA). PRÉ-REQUISITOS PARA IMPLEMENTAR O PROGRAMA DE GESTÃO A implementação de um programa de gestão de resíduos é algo que exige, antes de tudo, mudança de atitudes, e por isto, é uma atividade que traz resultados a médio e longo prazo, além de requerer realimentação contínua. Por ser um programa que, uma vez implementado, o mesmo terá atuação perene dentro da unidade geradora de resíduo, é muito importante que o mesmo seja muito bem equacionado, discutido e assimilado por todos aqueles que serão os responsáveis pela manutenção e sucesso do mesmo. Deste modo, as premissas (e condições) básicas para sustentar um programa desta natureza são 4: 1- O apoio institucional irrestrito ao Programa 2- Priorizar o lado humano do Programa frente ao tecnológico 3- Divulgar as metas estipuladas dentro das várias fases do Programa 4- Reavaliar continuamente os resultados obtidos e as me- tas estipuladas É importante que a institutição esteja realmente disposta a implementar e sustentar um programa de gerenciamento de resíduos, pois o insucesso de uma primeira tentativa via de regra desacredita tentativas posteriores. Outro aspecto impor- tante é o humano, pois o sucesso do programa está fortemente centrado na mudança de atitudes de todos os atores da unidade geradora (alunos, funcionários e docentes). A divulgação inter- na e externa do Plano de Gestão de Resíduos é fundamental para a conscientização e difusão das idéias e atitudes que o sustentarão; e finalmente, trabalhando com metas pouco ambi- ciosas (e reais), deve-se sempre reavaliar os êxitos (ou insucessos) obtidos, redirecionando-as se preciso for para que o programa seja factível. A HIERARQUIA NO GERENCIAMENTO Ao ser implementado, inicialmente um programa de geren- ciamento de resíduos deve contemplar dois tipos de resíduos: o ativo (gerado continuamente fruto das atividades rotineiras dentro da unidade geradora), e o passivo, que compreende todo aquele resíduo estocado, via de regra não-caracterizado, aguar- dando destinação final (o passivo inclui desde restos reacionais, passando por resíduos sólidos, até frascos de reagentes ainda lacrados mas sem rótulos)1-3 . A grande maioria das unidades geradoras do Brasil não têm o passivo. Se por um lado a inexistência deste estoque muito facilita na implementação do Programa de Gestão, por outro lado mostra a realidade com que os resíduos sempre foram tratados nas universidades. A caracterização deste passivo nem sempre é possível, e o tempo e os esforços gastos com esta atividade inicial devem ser bem equacionados para que não haja um desestímulo logo no início. É importante lembrar que esta caracterização prioriza o reciclo e o reuso de tudo que for possível, bem como habilita o resíduo para a sua destinação final (geralmente a incinera- ção). A tabela 1 traz uma série de testes simples que podem ser usados na caracterizaçõa preliminar do passivo. Dentro o passivo, é muito comum se encontrar frascos sem rótulos, mas que contêm reagentes caros, ainda íntegros, e cujo reuso depende apenas de testes analíticos relativamente simples. Neste caso convém devotar um tempo maior na caracterizaçãowfjardim@iqm.unicamp.br 672 QUÍMICA NOVA, 21(5) (1998) destes resíduos. Cabe também lembrar que após a implementa- ção do programa, com a rotulagem e identificação de todos os reagentes usados sendo feita em rotina, o passivo tende a ser cada vez menor e de mais fácil manejo. O ativo é aquele resíduo gerado rotineiramente nas ativida- des de ensino e de pesquisa, ou seja, o principal alvo de qual- quer programa de gerenciamento. Neste caso, a experiência tem mostrado que o mais produtivo é se dividir a implementação do programa em duas partes: começar enfocando, primeiramen- te, os resíduos gerados nas atividades de ensino (aulas de labo- ratório), pois estes podem ser facilmente caracterizados, inventariados e gerenciados. Tendo adquirido certa prática na gestão deste tipo de resíduos, a segunda etapa de implementa- ção se expande para os laboratórios de pesquisa, onde a natu- reza e a quantidade de resíduos variam muito. Independentemente de qual das atividades geradoras de resí- duo (ensino ou pesquisa) serão abordadas, um programa de ge- renciamento deve sempre adotar a regra da responsabilidade objetiva, ou seja, quem gerou o resíduo é responsável pelo mesmo, e praticar sempre a seguinte hierarquia de atividades: 1- Prevenção na geração de resíduos (perigosos ou não) 2- Minimizar a proporção de resíduos perigosos que são ine- vitavelmente gerados 3- Segregar e concentrar correntes de resíduos de modo a tornar viável e economicamente possível a atividade gerenciadora 4- Reuso interno ou externo 5- Reciclar o componente material ou energético do resíduo 6- Manter todo resíduo produzido na sua forma mais passível de tratamento 7- Tratar e dispor o resíduo de maneira segura Estas atitudes podem ser facilmente traduzidas para a rotina de funcionamento da unidade geradora de várias maneiras. Por exemplo, há certos tipos de reagentes, tais como Hg2+ , Pb2+ , Cd2+ , H2S, benzeno, formalina, que por serem altamente impactantes e tóxicos, devem se evitados, o que é quase sem- pre possível nas aulas de laboratório por simples substituição de um experimento4-6. A prevenção aqui exemplificada tem, portanto, uma faceta pedagógica importante, e deve, neste con- texto, ser explorada na sua plenitude pelos docentes envolvi- dos tanto com o ensino como com a pesquisa. A minimização também pode ser facilmente implementada num laboratório de ensino ou de pesquisa7-9. O que se nota hoje em dia é que há um distanciamento muito grande entre a química que se ensina nos cursos experimentais e a química que se pratica na rotina dos laboratórios de pesquisa. Por exem- plo, com a facilidade de aquisição de micro-pipetas e micro- buretas, cabe questionar a necessidade de se fazer um aluno passar 4 anos titulando da maneira tradicional (em macro-esca- la, com buretas de 50 mL), onde os volumes e consumo de reagentes são muito grandes. A implementação das técnicas de micro-escala tem sido tão bem sucedida, que o próprio Journal of Chemical Education dedica constantemente artigos voltados para este tema, os quais sempre trazem experimentos que po- dem ser facilmente implementados nas ementas de disciplinas experimentais. Na pesquisa, o mesmo princípio deve ser adota- do, lembrando porém que a automação de métodos rotineiros e adaptações para FIA (Análise por Injeção em Fluxo) são exem- plos que muito colaboram para a minimização, principalmente quanto ao consumo de reagentes. A segragação dos resíduos em diferentes correntes tem como principal objetivo o de facilitar o seu tratamento e disposição final. Por exemplo, o Instituto de Química da UNICAMP, atra- vés de sua Comissão de Segurança, já vem desenvolvendo um trabalho consistente de controle do resíduos no qual são gera- das cinco correntes, a saber: (a) clorados; (b) acetatos e aldeídos ; (c) ésteres e éteres; (d) hidrocarbonetos e (e) álcoois e cetonas. Estes, após reciclo e reuso, são enviados para uma empresa para incineração. Via de regra, quem determina o número e a natureza das correntes de resíduos dentro de uma unidade geradora é o destinatário final destes resíduos, ou seja, quase sempre um incinerador. Assim, antes de se decidir pela segregação interna dos resíduos, é importante ter em mente qual será o seu destino final10-12. O reuso e o reciclo podem devem ser exercitados e fomen- tados dentro da unidade geradora. Entende-se por reuso o uso do resíduo como insumo, sem que o mesmo sofra qualquer Tabela 1. Protocolo para a caracterização preliminar de resíduos químicos não-identificados1. Teste a ser realizado Procedimento a ser seguido Reatividade com água Adicione uma gota de água e observe se há a formação de chama, geração de gás, ou qualquer outra reação violenta. Presença de cianetos Adicione 1 gota de cloroamina-T e uma gota de ácido barbitúrico/piridina em 3 gotas de resíduo. A cor vermelha indica teste positivo. Presença de sulfetos Na amostra acidulada com HCl, o papel embebido em acetato de chumbo fica enegrecido quando na presença de sulfetos. pH Usar papel indicador ou pHmetro Resíduo oxidante A oxidação de um sal de Mn(II), de cor rosa claro, para uma coloração escura indica resíduo oxidante Resíduo redutor Observa-se a possível descoloração de um papel umidecido em 2,6-dicloro-indofenol ou azul de metileno Inflamabilidade Enfie um palito de cerâmica no resíduo, deixe escorrer o excesso e coloque-o na chama Presença de halogênios Coloque um fio de cobre limpo e previamente aquecido ao rubro no resíduo. Leve à chama e observe a coloração: o verde indica a presença de halogênios Solubilidade em água Após o ensaio de reatividade, a solubilidade pode ser avaliada facilmente 1 Testes realizados após separar uma pequena alíquota (~1 g) que seja representativa do resíduo. Esquema baseado nas referências citadas (vide ref. 14)
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