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Notas de aula de macro III, Notas de aula de Economia

notas de aula da disciplina de análise macroeconômica III (oferta agregada, curva de phillips, ciclos econômicos e crescimento econômico - modelo de Harrod-Domar e modelo neoclássico de Solow

Tipologia: Notas de aula

Antes de 2010

Compartilhado em 21/04/2009

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anderson-da-silva-rodrigues-4 🇧🇷

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Baixe Notas de aula de macro III e outras Notas de aula em PDF para Economia, somente na Docsity! UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS ANÁLISE MACROECONÔMICA III NOTAS DE AULA Prof. Anderson da Silva Rodrigues 1. Ciclo e Crescimento Econômico Em Análise Macroeconômica III, iremos nos deter sobre duas questões importantes da teoria econômica: 1. Porque as economias crescem? 2. Porque há flutuações no produto? O gráfico abaixo apresenta melhor estas questões Como podemos perceber, o nível de atividade econômica apresenta comportamento cíclico (com fases de boom (auge) e recessão). A reta AB representa o crescimento do (logaritmo) do produto real () ao longo do tempo. A inclinação da reta AB, mede a taxa de crescimento da capacidade produtiva. O produto real é decomposto em 2 componentes: 1. Tendencial (produto potencial - ) 2. Cíclico (Yc) Assim podemos afirmar que: O componente cíclico (Yc) também é chamado de hiato do produto (Ht), fazendo apenas uma operação algébrica na equação acima, verificamos que o hiato do produto é a diferença entre produto efetivo ou real e o produto potencial. Ht = Y - • Se o hiato do produto é negativo, isto significa que o produto real é menor que o potencial, ou seja há nesta economia desemprego de fatores de produção (capital e/ou trabalho). • Se o hiato do produto é positivo, então o produto real é maior que o produto potencial, havendo com isto superemprego. Campos de Estudo Teoria do Crescimento Econômico F 0D E estuda o crescimento do produto potencial1 no longo prazo. Teorias do Ciclo F 0D E estuda as flutuações econômicas no curto prazo. Tecnologia e Função de Produção A tecnologia nos diz quanto de produto pode ser produzido com cada quantidade de insumo. Um modo simples de expressar a tecnologia vigente em uma economia é através da função de produção agregada. Y = F(K, L) (1) Onde: Y = produto agregado 2 1 Produto potencial: é o nível de produto obtido se todos os trabalhadores que quisessem trabalhar conseguissem emprego; por isto também é chamado de produto de pleno emprego. 1. Mercado de trabalho está sempre em equilíbrio 2. Preços e salários são flexíveis 3. A função de produção agregada exibe retornos decrescentes para os insumos capital e trabalho (ou seja, fKK F 0A 3 0 e fLL F 0 A 3 0 2). 4. No curto prazo o modelo considera como fixo os níveis de capital • O modelo clássico é utilizado para descrever o comportamento da economia no longo prazo, como podemos perceber pela função de produção (equação 1), o produto não depende de variações nos níveis dos preços. Assim a curva de oferta agregada é vertical. • Produto potencial: é o nível de produto obtido se todos os trabalhadores que quisessem trabalhar conseguissem emprego; por isto também é chamado de produto de pleno emprego. • Os trabalhadores aumentam a oferta de trabalho se ocorre aumento no salário real. • A hipótese de retornos decrescentes para os insumos, implica que à medida que aumentamos o número de emprego na economia (L), o produto aumenta, porém a taxas decrescentes, isto implica que à medida que o emprego aumenta cai a produtividade marginal do trabalho, as empresas deste modo estarão dispostas a contratar mão-de-obra até o ponto onde a PMgL iguala o salário real (W/P). Resumindo (curva negativamente inclinada) (curva positivamente inclinada) ou seja, quanto maior for o salário real (W/P) menor será a demanda por trabalho (Ld ) e maior será a oferta de trabalho (LS) • Suponha no gráfico acima que haja uma contração da oferta de moeda no longo prazo, assim como sabemos pelo modelo IS-LM, esta redução irá provocar reduções na demanda agregada (curva se desloca para baixo), porém no longo prazo, como o produto é afetado apenas pelas quantidades de capital, trabalho e tecnologia, este deslocamento da demanda agregada irá provocar apenas queda no nível de preços. • A curva de oferta agregada vertical atende à dicotomia clássica, pois implica que o produto independe da demanda agregada, e portanto da oferta de moeda. A base desta conclusão está na hipótese de que os agentes são racionais, assim a decisão sobre o quanto ofertar segue o princípio de otimização da produção. • Como podemos perceber no gráfico acima a demanda agregada para os economistas clássicos e neoclássicos o nível de demanda agregada é irrelevante pois deslocamentos de demanda provocam apenas variações nos níveis de preços. 5 2 As expressões são as derivadas segundas da equação 1, em relação aos insumos capital e trabalho respectivamente. Questão: Porque preços caem? Resposta: Os preços caem porque a redução na demanda agregada irá provocar no curto prazo, queda na produção e no emprego, isto porque a curva de demanda por trabalho se desloca para baixo, o desemprego prolongado irá pressionar os trabalhadores para aceitarem salários mais baixos, este fato implica uma redução nos custos das empresas, e consequentemente transferência desta redução para os preços, assim aumenta-se no longo prazo a demanda, e a oferta retorna ao nível anterior, ou seja a economia desvia-se apenas momentaneamente do pleno emprego. Nota: No caso de deslocamento para cima da curva de demanda agregada (um aumento de demanda), os preços irão subir, pois como a economia está em pleno-emprego, as empresas não podem aumentar a oferta sem serem obrigadas a pagar maiores salários aos trabalhadores, assim esta pressão por parte da demanda irá se traduzir em aumentos nos níveis de preços (via aumento dos custos). Olhando para o gráfico c, um aumento da demanda irá deslocar a curva de demanda por trabalho para cima, os trabalhadores somente aceitarão ofertar uma quantidade maior de trabalho se o salário subir. Conclusões • Para os economistas clássicos, o pleno emprego é garantido pelo equilíbrio no mercado de trabalho, e este equilíbrio somente é possível com as hipóteses de flexibilidade de preços e salários. • O produto potencial não é função dos preços; o crescimento do produto somente pode ser obtido se houver a ocorrência de um ou mais dos seguintes fatores: progresso técnico, aumento na quantidade de capital, aumento na produtividade do trabalho. 2.2.2. Curva de Oferta Keynesiana (Caso extremo) A curva de oferta keynesiana será utilizada para descrever o comportamento da economia no curto prazo, por trás desta curva estão as seguintes pressuposições: a) Preços e salários são rígidos b) Economia apresenta desemprego Conseqüência destas hipóteses F 0D E Curva de oferta é horizontal Importante F 0D E Para a economia Keynesiana a demanda agregada seria o componente determinante do produto. • No curto prazo, em uma economia com desemprego, variações na oferta de moeda ou na política fiscal teriam efeito sobre a demanda agregada que produziria aumento do produto (as políticas monetária e fiscal são eficazes). Como a economia se encontra em uma situação de desemprego, o produto pode acompanhar o aumento na demanda sem aumento dos preços, porque na presença de desemprego as empresas podem contratar mais trabalho sem pressão para aumentos nos salários. 6 Dinâmica do ajustamento 1. Suponha inicialmente uma economia no ponto de equilíbrio E1, ao nível de preços P1. 2. Suponha agora uma redução da demanda agregada (choque de demanda), no curto prazo esta redução na demanda agregada produzirá redução do produto e emprego, a economia caminha para o ponto E2. Os preços neste caso não se alteram por que os custos das empresas se mantém fixos (os trabalhadores resistem à quedas nos salários). 3. Porém com o passar do tempo o desemprego prolongado pressionará os salários para baixo e consequentemente os preços cairão. A economia caminha para o ponto E 3, o produto retorna ao nível potencial e o nível de preços caem para P3 Questão: O que poderia ter provocado uma queda na demanda agregada? Resposta: Queda na oferta de moeda por parte do BACEN, choque de demanda aleatório, corte nos gastos públicos, aumentos dos impostos, etc. Questão: O que são choques de demanda? Resposta: são mudanças bruscas de demanda não provocadas por mudanças nos preços, ou seja há um deslocamento da curva de demanda, outros fatores além da intervenção do governo podem provocar choques de demanda, como por exemplo: alterações nos padrões de consumo, contaminação de determinado produto; ou a descoberta de que este produto está associado à incidência de determinada doença; etc. Questão: O que são choques de oferta? Resposta: São alterações bruscas na oferta, como por exemplo, super safra agrícola, redução na oferta de petróleo no início do ano, etc. F 0 D E a principal característica de choques de oferta ou demanda é que eles possuem um componente aleatório, não sendo resultado de políticas macroeconômicas. 2.3. Oferta Agregada e Mercado de Trabalho (cap. 12 Mankiw) Na situação anterior a curva de oferta agregada consistia em dois casos extremos: no longo prazo era vertical (caso clássico), e no curto prazo era horizontal (caso Keynesiano). Agora vamos aprofundar a análise para o caso intermediário (verificado empiricamente) onde o nível de preços exerce influência sobre o produto. • Iremos apresentar quatro modelos que buscam explicar a influência dos preços sobre a oferta agregada. Porém todos se baseiam sobre a seguinte equação: (2) onde Y = produto efetivo ou real = produto potencial P = nível geral de preços = nível geral esperado de preços a = sensibilidade do produto à mudanças inesperadas nos preços 7 1. Suponha no gráfico acima um aumento não esperado no nível de preços (lembre-se que somente os aumentos inesperados tem efeito sobre o produto), este aumento irá reduzir o salário real corrente, e irá aumentar a demanda por trabalho (as empresas querem contratar mais trabalhadores). 2. O aumento nos salários nominais provocados pelo aumento nos níveis de preços, desloca a curva de oferta de mão-de-obra pois os trabalhadores pensam que seu salário real é mais alto, na verdade o salário real aumenta menos que o nível de preços. Como resultado o nível de equilíbrio do emprego aumenta 3. Porém se o aumento dos níveis de preços for antecipado pelos trabalhadores, estes irão rever suas expectativas de preços Pe, de modo que a oferta e demanda de trabalho não mudam, o salário real e o nível de emprego de equilíbrio permanecem constantes. 4. Pela equação 2: , o aumento dos preços acima do esperado irá provocar aumento no produto acima do potencial, porque irá ocorrer aumento na oferta de mão-de-obra. 2.3.3 Modelo 3 – de Informação Imperfeita Hipótese • Os mercados se ajustam automaticamente, e diferenças entre curto e longo prazo devem- se à percepções equivocadas dos agentes econômicos (empresas e trabalhadores) acerca do nível geral dos preços. Este modelo ao contrário do anterior, que propõe que as empresas são melhores informadas que os trabalhadores, não faz distinção entre empresas e trabalhadores. Funcionamento do Modelo • Cada agente (empresários e trabalhadores), oferta um único bem ou serviços, porém consome muitos. • Os agentes tem boa percepção do comportamento dos preços nos seus mercados, ou seja, eles percebem aumentos nos custos dos seus respectivos setores, ignorando ou tendo menor percepção do comportamento do preço em outros mercados, ou seja, cada mercado da economia seria como uma ilha. • Deste modo devido à imperfeição da informação, os agentes confundem variações no nível geral de preços com alterações nos preços relativos (que é a razão entre o preço do produto que eu vendo, e os preços dos produtos que eu consumo), levando à uma relação de curto prazo entre preço e produto. Exemplo 1. A empresa Jurubeba S/A, vende cachaça, o dono da empresa é o Sr. Taka Kara Nakashassa, que para sobreviver precisa de muitos outros bens que não sejam a cachaça. 2. Suponha um aumento no nível geral de preços motivado por choque de demanda, o Sr. Taka Kara (vamos abreviar o nome), percebeu que houve aumento na demanda por cachaça, e consequentemente o preço da cachaça subiu, para ele apenas o preço da cachaça subiu, ou subiu mais que o preço do feijão, por exemplo. 3. Assim o senhor Taka Kara pensa que houve aumento do preço relativo da cachaça (aumentou o poder de compra do seu produto), deste modo ele irá aumentar a quantidade ofertada de cachaça. 10 4. Quando o senhor citado perceber que o aumento foi generalizado, ou seja, aumentaram seus custos de produção, e seu custo de vida, irá retornar ao seu nível de produção habitual. Assim esta relação se daria apenas no curto prazo. 5. Um fato importante é que este aumento no nível geral de preços não seja esperado pelos agentes (pois se houver antecipação da inflação, não haverá aumento da produção, apenas do nível de preços - conferir com o comportamento dos agentes durantes os planos heterodoxos da década de 80) 2.3.4. Modelo 4 – Modelo de Preços Rígidos Este modelo ressalta que as empresas não reajustam instantaneamente os preços em respostas à variações na demanda, os motivos para tal atitude seriam por exemplo: existência de contratos de longo prazo, custos de publicação de catálogos (custos de menu), política de relacionamento da empresa com seus clientes. Processo de Decisão da Empresa Suponha uma empresa individual com certo poder de monopólio. O preço desejado p pela empresa é função de duas variáveis: • do nível geral de preços (P), pois quanto maiores forem o nível geral de preços, maiores serão os custos das empresas, e portanto o preço desejado pelo bem ou serviço que produz será maior. • e do nível de renda agregada (Y), pois quanto maior a renda , maior será a demanda, e como sabemos de microeconomia, quanto maior o nível de produção maiores serão os custos marginais, assim quanto maior for a demanda maior será o preço desejado (p). Podemos expressar o que foi dito em forma de uma equação de oferta da empresa: (7) onde b é um parâmetro positivo. Repare que um aumento em P, provoca aumento no preço desejado (p), e sempre que o produto agregado (Y) for maior que o produto potencial (), maior será o preço desejado. Vamos supor agora que dois tipos de empresas nesta economia: 1. O primeiro grupo são formados por empresas com preços flexíveis, assim sua equação de oferta segue a equação 7. 2. O segundo grupo é composto pelas empresas de preços rígidos, como estas empresas sabem que por certo período não poderão ajustar automaticamente seus preços elas formam expectativas sobre o nível de preços futuros (Pe), e sobre o nível de renda agregada, assim seus preços seguem a seguinte equação: (8) 11 Suponha que estas empresas acreditem que o produto agregado não se desviará do potencial, então o termo será igual a zero. Deste modo a eq. 8 transforma-se em: p = Pe (9) Curva de Oferta Agregada A curva de oferta agregada será a soma da oferta dos dois tipos de empresas. Suponha que s é a parcela das empresas com preços rígidos e que (1 – s) é a parcela das empresas com preços flexíveis na economia. Então a equação para o oferta agregada será: (10) onde: F 0 A E é a ponderação do preço desejado pelas empresas com preços rígidos por sua participação na economia. F 0A E é a ponderação do preço desejado pelas empresas com preços flexíveis por sua participação na economia. Subtraindo (1 – s)P dos dois lados da eq. 10, teremos: (11) Dividindo ambos os lados da eq. 11 teremos: (12) Conclusões 1. Os preços aumentam devido à dois fatores: fator expectativa (Pe) e fator demanda. 2. Quando as empresas de preços rígidos esperam aumento no nível de preços, também esperam aumentos nos custos, fixando seus preços em nível mais alto (efeito expectativa). Este aumento dos preços se propaga para a economia. Assim, nível de preços esperados alto provoca aumento no nível corrente de preços. 3. Quando o produto agregado estiver acima do potencial, a demanda também é alta (efeito demanda), assim as empresas com preços flexíveis também aumentam seus preços. 4. O magnitude do efeito demanda, ou seja o impacto do aquecimento da economia sobre o nível de preços depende da proporção de empresas flexíveis na economia. Relação com Mercado de Trabalho Se as empresas tem preços rígidos no curto prazo, uma queda na demanda agregada irá provocar uma queda na demanda por mão-de-obra e consequentemente uma 12 Esta equação diz que sempre que o produto efetivo estiver acima do produto potencial a taxa de desemprego estará abaixo do seu nível natural. Substituindo a equação 17 na equação 16, teremos: (18) Por simplicidade podemos substituir a expressão (1/λa) que é uma constante apenas por β , deste modo a expressão 18 assume a seguinte forma: (19) Para finalizar-mos nossa análise acrescentamos a presença de choques aleatórios de oferta (ε): (21) Esta equação é a Curva de Plhillips modificada pelas expectativas. O sinal negativo para a expressão –β(u-un) significa que sempre que a taxa de desemprego estiver abaixo do nível natural a inflação estará acima do nível esperado, do mesmo modo quando o desemprego estiver acima da sua taxa natural, a inflação estará abaixo do seu nível esperado. Porém cabe a pergunta, porque inflação e desemprego se relacionam inversamente? • A resposta seria que quanto mais baixo for o desemprego, maior é a pressão para aumentos nos salários nominais, e consequentemente maior é a pressão para aumentos nos preços (inflação). Deslocamentos da Curva de Phillips (Choques de Oferta e efeito da mudança nas expectativas) Pela equação 21 podemos perceber que o intercepto da curva de Phillips é dados pela expressão πe + ε, assim um aumento na expectativa inflacionária deslocaria a curva de Phillips para a direita, bem como um choque de oferta. Assim percebemos que quanto maior for a expectativa de inflação maior será o nível de inflação associado a cada nível de emprego. 3.1. Curva de Phillips e Formação das Expectativas Face o papel das expectativas exposto no esquema acima, devemos nos perguntar como os agentes estimam a inflação esperada (πe). Há várias formas como por exemplo: média da inflação passada, astrologia, numerologia, etc. Iremos considerar duas hipóteses para a formação das expectativas: 1. Expectativas Adaptativas. 2. Expectativas Racionais. Expectativas Adaptativas 15 Os agentes formam suas expectativas com base na experiência passada, desconsiderando na análise qualquer influência da política econômica no momento atual. A equação abaixo descreve a fórmula para formação de expectativas, supondo tempo discreto. (22) onde a constante (λ) é a velocidade de correção das expectativas. Como conseqüência a projeção da variável em questão torna-se função do seu desempenho passado. No caso da equação (22): (23) desde que: Esta última condição impõe que a influência das taxas de inflação dos períodos anteriores sobre a expectativa corrente de inflação diminua a medida que aumentamos a defasagem. Esta regra de formação de expectativas implica que os agentes corrigem suas expectativas em relação ao valor esperado de uma variável de acordo com os erros que cometeram no passado. Se por exemplo, no período anterior o agente subestimou a taxa de inflação, ele corrigirá sua expectativa levando em consideração esta subestimação. Suponha agora, como exercício, que λ = 1; então a equação 24 será: (24) Esta equação implica que a expectativa de inflação para o presente é igual à inflação efetiva no período anterior. Esta regra é muito seguida, pois agentes econômicos que o passado recente é o melhor previsor para o presente e para o futuro. Observação • Neste caso mesmo na ausência de choques de oferta ou variações nos níveis de desemprego, a inflação tende a se perpetuar ao nível anterior, gerando assim a chamada inflação inercial. • Outra explicação para a presença de inflação inercial é a existência de contratos indexados a índices de preços. Expectativas Racionais Embora explicasse muitos fenômenos com amplo registro empírico, a hipótese de expectativas adaptativas era uma suposição ad-hoc, dissociada de suporte em matéria de otimização do comportamento dos agentes econômicos. O melhor estimador para uma variável aleatória é a sua esperança matemática baseada no conjunto de informações disponíveis. Um defeito óbvio da hipótese de expectativas adaptativas é que, em determinadas condições, ela levaria a erros sistemáticos de previsão. Por exemplo, se o Governo acelerasse permanentemente a taxa de expansão monetária, os agentes econômicos estariam sempre subestimando a taxa de inflação, o que contraria o princípio de que é impossível enganar a muitos por muito tempo. 16 A macroeconomia das expectativas racionais baseia-se numa hipótese central: os agentes econômicos conhecem um modelo macroeconômico que descreve o comportamento das variáveis endógenas em função das variáveis exógenas. Ao incorporarem toda informação disponível os agentes utilizam na sua análise o estudo do comportamento da política econômica corrente, e seus efeitos no futuro. Versão Fraca F 0A E os agentes fazem uso de toda a informação disponível, os erros do passado deixam de influir nas expectativas. Com isto os agentes não incorrem em erros sistemáticos, ou seja, os erros dos diferentes períodos são não correlacionados. Versão Forte F 0A E os agentes sempre acertam em média o valor efetivo da variável. (Eles conhecem o “modelo correto” de formação das expectativas). Sintetizando a hipótese das expectativas racionais implica que: e (25) 3.2. Versões da Curva de Phillips A curva de Phillips teve diversas interpretações no decorrer da sua história, estas interpretações foram importantes pois influenciaram decisivamente a condução da política econômica. Abaixo são discriminadas estas versões em ordem cronológica: 1. Keynesiana (Phillips/Lipsey) 2. Aceleracionista (Friedman/Phelps) 3. Novo-Clássica (Lucas/Sargent) 3.2.1. Versão Keynesiana (Philips–Lipsey) Esta versão é baseada na interpretação do trabalho original em 1958, ainda não havia introduzido na Curva de Phillips o papel das expectativas, e choques de oferta. Neste gráfica aparece a variável inflação salarial () no lugar da inflação de preços, porém as duas variáveis são intimamente relacionadas, pois uma maior inflação salarial significa maior inflação de preços. Pelo gráfico percebemos que se a sociedade quiser taxas de desemprego abaixo do nível natural, deverá estar disposta a tolerar uma alta taxa de inflação, assim os formuladores de política econômica poderiam manter o desemprego abaixo do nível natural indefinidamente. 0 0 1 F3.2.2. Versão Aceleracionista da Curva de Phillips (Friedman Phelps) 17 Após todos os ajustamentos o produto tende ao seu nível potencial ou natural (idéia neoclássica). Se no longo prazo vale o mundo neoclássico, então do equilíbrio do mercado monetário teremos: L(Y,i) = M/P P.L(Y,i) = M então: %P=%M, ou seja π = m Onde m = taxa de variação do estoque nominal de moeda. Esta equação diz que a variação nos preços (inflação) é igual à variação percentual da emissão de moeda. 3.3.1. Demanda Agregada e Inflação Em macro II, a análise IS-LM, trabalhava com nível de preços constantes, neste caso sem inflação a taxa nominal de juros era igual à taxa real, com a introdução da inflação no modelo teremos: i = r + πe (26) onde i = taxa nominal de juros r = taxa real de juros A nova equação para a IS será: (27) Qual o efeito de uma aumento nas expectativas de inflação? R.: Um aumento nas expectativas de inflação desloca a curva IS para a direita, levando ao aumento dos juros nominais, isto ocorre porque o aumento das expectativas inflacionária provoca queda dos juros reais (supondo constante os juros nominais), com isto os financiamentos para os investimentos se tornam mais baratos, levando ao aumento dos gastos com investimentos, que eleva a demanda agregada e a renda. O aumento na renda eleva a demanda por moeda que por sua vez provoca o aumento na taxa nominal de juros (porém a taxa real se reduz). Notas: • Se toda o aumento das expectativas de inflação esperada se transformar em elevação da taxa nominal, então não haveria qualquer alteração na renda. • As taxas de juros nominais aqui descritas são pré-fixadas e sem correção monetária, no caso de juros pós-fixados com correção da inflação, a taxa esperada de inflação não terá efeito sobre a IS. Derivação da Demanda Agregada Equação da LM F 0D E Equação da IS F 0D E A equação para a demanda agregada é derivada igualando a IS e a LM, assim teremos: 20 (28) onde: é o multiplicador da política fiscal é o multiplicador da política monetária é o efeito de uma variação nas expectativas sobre a demanda. 3.3.2. Oferta, Demanda e Inflação Do gráfico acima podemos tirar algumas conclusões: • Quando houver excesso de oferta (deslocamento da curva de oferta p/ baixo) a inflação será mais baixa. • Quando houver excesso de demanda (deslocamento da curva de demanda p/ cima) a inflação será maior. • Variações na inflação esperada, deslocam tanto as curvas de demanda quanto as curvas de oferta para cima. Com base na equação 28 podemos calcular o deslocamento na demanda agregada, provocada por mudanças nas taxas esperadas de inflação, oferta de encaixes reais (moeda), e gastos autônomos. A equação será3: (29) 3.4. Curva de Phillips e nível de renda e emprego no Curto Prazo Nesta seção será abordado questões já discutidas anteriormente, porém com maior rigor matemático, de modo a fornecer o instrumental adequado a realização de exercícios. Lei de Okun: A equação para a lei de okun segue a seguinte expressão: (30) onde: é a taxa de crescimento do PIB real é a taxa de crescimento do produto potencial (estimada em cerca de 3%) λ é uma constante positiva. Curva de Phillips com Expectativas Adaptativa Da equação 24 temos: 21 3 Ver a demonstração desta equação no apêndice Assim a curva de Phillips com expectativa adaptativa definida por esta equação será: (31) Falta a determinação da demanda agregada, para esta derivação vamos tomar como base a equação 28, porém supondo que não haja variação nas expectativas, e na política fiscal. Assim podemos perceber que o produto é função apenas da oferta de encaixes reais (moeda). (32) Esta equação nos diz que a demanda agregada é proporcional ao estoque de moeda. Diferenciando esta equação teremos4: (33) Dividindo a equação 33 por Y, teremos: Após a devida simplificação da equação acima, o resultado será: (34) onde: gyt é a taxa de crescimento do produto gmt é a taxa de crescimento do estoque nominal de moeda π t é a inflação corrente 3.5. Déficit, Senhorinhagem e Inflação Nesta seção vamos analisar os efeitos de déficits públicos financiados por emissão monetária. Como visto a emissão monetária gera inflação, assim qual será o efeito sobre a economia do déficit público financiado por esta via. Devemos compreender algumas noções básicas sobre este tema, o governo pode financiar seu déficit de várias formas: aumento dos impostos, aumento do endividamento público (o governo vende títulos da dívida pública), ou emissão monetária, tecnicamente o governo não “cria” para pagar seus déficits, o governo emite títulos da dívida e gasta o que apurou, alguns títulos da dívida vencidos são comprados pelo Banco Central que então emite moeda para pagá-los, o resultado porém e o mesmo. Quando o governo emite moeda para financiar seu déficit, o efeito será a inflação, esta inflação funciona como imposto sobre os saldos monetários (imposto inflacionário). Caso de uma expansão constante de moeda Suponha que o governo escolha uma taxa constante de expansão monetária. Quanto de senhoriagem5 esta taxa irá gerar, ou seja, o governo pode financiar déficits de até que tamanho? Para que o déficit seja totalmente financiado pela criação de moeda, é necessário que: (35) 22 4 Ver apêndice 5 chama-se de senhorinhagem a receita advinda da criação de moeda (M/P). Apêndice – Diferenciais Totais de Funções Diferencial e derivada de uma função de uma variável Seja a função y = f(x), sua derivada será: Para a mesma função a diferencial será: Exemplo: a) Seja a função y = 3x2 + 2x, sua diferencial será: b) Seja a função y = 2x – x1/3; sua diferencial será: Diferencial Total Seja Z = f(x,y), assim a diferencial total de Z será: Exemplo: c) Z = 2xy − 3y2 d) Z = xy e) Z = x/y f) Caso descrito em sala dividindo ambos os membros por Y, teremos: Demonstração da Equação 29 Vamos analise agora com mais detalhes o termo : • se o estoque real de moeda permanecer constante o termo é igual à zero o que implica que = 0, arranjando os termos teremos , ou seja a taxa de expansão monetária deve ser igual à taxa de inflação • Se o estoque real de moeda aumentar então o termo é positivo o que implica que m > π, ou seja a taxa de expansão monetária deve ser maior que a taxa de inflação • Se o estoque real de moeda diminuir então o termo é negativo o que implica que m < π, ou seja a taxa de expansão monetária deve ser menor que a taxa de inflação. 25 Assim substituindo o fato que na equação acima teremos como resultado a equação 29. 26 4. Ciclos Econômicos Textos: Cap. 14 do Mankiw/ Cap.8 do Manual de Macroeconomia (USP) Questões presentes na teoria de ciclos • Dadas todas as razões possíveis de flutuações no produto e no emprego, quais as razões que na pratica, são responsáveis pelas variações observadas na atividade econômica? • Como podemos explicar que variáveis macroeconômicas aparentemente movimentam-se em ciclos. Tabela 1: Algumas variáveis macroeconômicas e suas propriedades nos ciclos de negócios Procíclicas Grande conformidade com o ciclo Baixa conformidade com o ciclo Contra-cíclica Acíc lica Produção agregada Produção de não duráveis Estoques de bens acabados Expo rtações Produção setorial (em geral) Produção de produtos agrícolas e recursos naturais Estoques de insumos de produção Lucros Taxas de juros de longo prazo Taxa de desemprego Agregados monetários falências Velocidade da moeda e taxa de juros de curto prazo Nível de preços Fonte: Sachs e Larrain, Macroeconomia . Makron Books, p.555 4.1. Impulso de Investimento e Teoria Keynesiana do Ciclo Econômico Keynes enfatizou que decisões de investimento dependem de expectativas de lucratividade futura (Eficiência Marginal do Capital), mas também verificou que estas expectativas podem ser instáveis. Segundo ele a instabilidade das expectativas dependem do chamado “instinto animal” dos empresários, ou seja seu pessimismo ou otimismo em relação ao futuro. 4.1.1. Ciclo Puro de Estoques 27 (42) (43) como Y = C + I = (44) Este modelo tem a capacidade de gerar movimentos cíclicos do produto da mesma forma que o modelo de estoque. Podemos perceber que sempre que o produto atual for superior ao produto do ano anterior, os empresários irão manter boas expectativas com relação ao futuro já que a economia mostra tendência de crescimento, deste modo ampliam seus investimento, até o ponto onde Yt-1 = Yt-2. Se por outro lado os empresários esperam queda na eficiência marginal do capital (lucratividade de um novo investimento) irão reduzir os investimentos. Tabela 3. Exemplificação do Modelo do Acelerador do Investimento Período Consumo Investimento autônomo Efeito Acelerador PIB 1 800 200 0 1000 2 800 250 0 1050 3 840 250 40 1130 4 904 250 64 1218 5 974 250 70 1295 6 1036 250 61 1347 7 1078 250 42 1370 8 1096 250 18 1364 9 1091 250 -5 1336 10 1069 250 -22 1297 11 1038 250 -31 1256 12 1005 250 -33 1222 13 978 250 -27 1201 14 961 250 -17 1193 15 955 250 -6 1199 16 959 250 4 1213 17 971 250 12 1232 18 986 250 15 1251 19 1001 250 15 1266 20 1013 250 12 1275 Fonte: Sachs e Larrain, Macroeconomia. Makron Books, p.566. Eficiência Marginal do Capital (EmgK): a eficiência marginal do capital é a taxa de desconto que iguala o valor atual das entradas previstas de caixa ao preço do bem de capital, em Engenharia Econômica ela recebe o nome de Taxa Interna de Retorno (TIR). 30 preço do bem de capital Como a taxa de juros é considerada o custo (de oportunidade) do capital, o empresário irá investir na produção enquanto a EMgK for superior à taxa de juros. Como exemplo suponha que você dispõe de R$100.000,00, se você aplicar o dinheiro em uma confecção a sua taxa de retorno será de 12% ao ano, ou seja R$12.000,00, porém se você aplicar este dinheiro em CDB que esteja pagando uma taxa de 15% ao ano, você terá um retorno de R$15000,00. Pergunta: Você aplica seu dinheiro em CDB, ou na confecção? Ciclo Keynesiano 1. Auge: o auge do ciclo se caracteriza por alto estoque de capital (mercado estagnado), e consequentemente baixo retorno do capital (baixa EMgK). 2. Declínio: com o mercado estagnado, caem as expectativas de lucro dos empresários, levando à queda dos investimentos e da produção, que por sua vez piora as expectativas, levando à nova queda dos investimentos e da produção e assim sucessivamente. 3. Depressão: no ponto mais profundo da depressão o estoque de capital é baixo devido a falência de empresas 4. Ascensão: Na depressão qualquer aumento dos gastos autônomos, leva a melhores expectativas de lucro, levando ao aumento do investimento, aumento do produto, etc. Ponto importante na teoria de Keynes: o papel das expectativas Proposta de Keynes: Estado atuar como regulador da demanda agregada 4.2. Teorias Novo-Clássicas de Ciclos de Negócios Pressupostos Novos-Clássicos • Preços e salários flexíveis • Moeda neutra (mesmo no curto prazo) • Líder intelectual: Edward Prescott 4.2.1. Informação Imperfeita Este modelo já foi apresentado, vocês lembram do Sr. Taka Kara Nakashassa? Segundo o que foi apresentado neste modelo, as flutuações econômicas decorrem do fato do nível de preços efetivo desviar-se do nível esperado. Para esta classe de economistas a Política Econômica representa uma fonte de instabilidade, outro problema é que devido a inclusão no modelo de expectativas racionais, as variações previstas na oferta de moeda não alteram o produto, apenas causam inflação. Crítica: No mundo atual os preços são divulgados com grande freqüência. Há índices de preços gerais. É difícil acreditar que os agentes não tomam conhecimento do índice geral de 31 preços ou que defasagens de tempo tão pequenas (meses), pode ser responsável por alterações tão grandes na produção e emprego como as observadas. 4.2.2. Teorias de Ciclos Econômicos Reais Hipótese • Preços são totalmente flexíveis mesmo no curto prazo, o que significa que os mercados se ajustam automaticamente. Com a total flexibilidade de preços e salários esta teoria mantém a dicotomia clássica: variáveis nominais (preços, estoque nominal de moeda) não influenciam produto e emprego. As flutuações se devem a mudanças reais da economia que afetam a taxa natural, como mudanças nas técnicas de produção e progresso técnico. As flutuações são provocadas por choques que afetam o comportamento da economia e a atitude dos agentes (guerras, choques tecnológicos, choques de oferta, choques de demanda). Questões presentes no debate 1. Interpretação do Mercado de Trabalho 2. Choques Tecnológicos 3. Neutralidade da Moeda 4. Flexibilidade de preços e salários Interpretação do Mercado de Trabalho A teoria considera que os trabalhadores ofertam mais trabalho se o salário real for maior, e menos trabalho se o salário real se reduzir. Substituição Intertemporal do Trabalho: opção de escolha entre trabalho e lazer no tempo (ou seja, os trabalhadores escolhem o melhor momento para ofertar trabalho). Preço Relativo Intertemporal (PRI) PRI = Onde: W1 é o salário real no período 1 W2 é o salário real no período 2 r é a taxa de juros. O numerador da expressão representa o patrimônio do trabalhador se ele receber o salário no período presente e aplicar no mercado financeiro, assim seu patrimônio será: 32 Defasagens de preços e salários Os preços e salários não são todos fixados ao mesmo tempo. Há defesagens de tempo nos reajustes o que faz com que o nível global de preços e salários ajustem-se lentamente, ainda que mudanças individuais sejam freqüentes. Exemplo: suponha que determinado setor da economia é formada por dois tipos de empresas, metade das empresas são do tipo A que reajustam seus preços no dia 1o de cada mês; a outra metade é do tipo B, que reajustam seus preços no 15o dia de cada mês. Agora vamos supor que houve um aumento inesperado de demanda no dia 10, as empresas que reajustam preços no dia 15 (tipo B) não farão grandes reajustes para não perder clientes para as empresas do tipo A que não reajustaram os preços. No próximo dia 1o as empresas do tipo A também não farão grandes reajustes para não perderem clientes para B. Deste modo enquanto todas as empresas não terminarem de reajustar seus preços o produto estará acima do nível potencial enquanto houver excesso de demanda. Os preços caminham lentamente até o ponto de equilíbrio entre oferta e demanda porque nenhuma empresa quer ser a primeira a fazer um grande reajuste. Este pensamento também se aplica aos salários, pois no caso de uma queda na demanda agregada, o produto deve cair, reduzindo a produtividade do trabalho (a produtividade cai porque cada trabalhador produz uma quantidade de produto menor que na situação anterior), esta queda na produtividade faz cair a demanda por trabalho, se os trabalhadores aceitassem uma redução no salário real, haveria pleno emprego (oferta igual a demanda por trabalho), porém cada trabalhador não quer ser o primeiro a ter seu salário real reduzido, assim o desemprego permanece. Determinação Sindical dos Salários Os sindicatos são resistentes à queda no salário nominal o que prejudicaria o mecanismo de ajustamento do mercado de trabalho. Outro fator é que os sindicatos negociam em favor dos seus membros, e não da classe trabalhadora como um todo (pois esta poderia estar interessada em menores salários e mais emprego). Contratos Implícitos Os trabalhadores são avessos ao risco enquanto as empresas são neutras ao risco. Assim os trabalhadores preferem estabilidade do salário real a ter variações salariais provocadas por variações na demanda. Assim as empresas funcionariam como uma seguradora mantendo o salário real estável mesmo em fases de expansão e contração do produto. Falha: • Explica a rigidez do salário real em países com baixa inflação • Porém não explica variações no nível de emprego. • Não inclui na teoria o comportamento do salário real em países de inflação crônica. Contratos de Trabalho A existência de contratos de trabalho de longo prazo colabora para o fato dos salários não se movimentarem rapidamente. 35 Salários de Eficiência Há diferenças de habilidade e produtividade entre os trabalhadores, aliado a este fato as empresas não fazem monitoramento periódico dos empregados, por este ser um procedimento com altos custos, sendo assim as empresas preferem pagar salários mais altos que a média de mercado para desincentivar a tendência do trabalhador a “enganar” no serviço, quanto maior é o salário, maior é o custo de oportunidade de se perder o emprego. Assim haveria mais desemprego do que deveria, por que o salário está acima do salário de equilíbrio. Conclusão • A principal conclusão acerca da rigidez de preços e salários, é que variações na demanda agregada produzirão alterações no produto e no emprego (como na teoria keynesiana a demanda agregada determina o produto). 36 5. Crescimento Econômico Texto: Cap. 4 do Mankiw Segundo a teoria Keynesiana uma política fiscal expansionista (aumento dos gastos públicos, redução dos impostos), teria o efeito de elevar o grau de utilização da capacidade produtiva da economia, levando ao crescimento dos níveis de produto e emprego. Porém estes modelos são chamados de curto prazo, uma vez que trabalham com a hipótese de que capital, trabalho e tecnologia são dados (ou seja, os estoques destes insumos são fixos variando apenas o grau de utilização). Porém há modelos que procuram explicar a expansão do produto potencial a longo prazo, tais modelos enfocam basicamente o crescimento da capacidade produtiva no longo prazo, quando todos os insumos podem variar. Estes são chamados de Modelos de Crescimento. Vamos estudar 2 modelos principais: • Modelo de Harrod-Domar (de vertente keynesiana) • Modelo de Solow (de vertente neoclássica) 5.1. Modelo Harrod-Domar O modelo de Harrod-Domar é de inspiração keynesiana, delegando para isto grande papel ao gasto de investimento, visto como única forma de se promover o crescimento econômico. Para os autores o investimento apresenta 2 efeitos, que são apresentados pelo esquema abaixo. O primeiro efeito seria o efeito demanda, pois o gasto de investimento representa aumento na demanda agregada da economia, o segundo efeito seria o efeito oferta que consiste no aumento da capacidade produtiva advinda do investimento, pois investimento é aumento do nível de estoque de capital da economia, e representa a única forma de se alterar o estoque de insumos, visto que o crescimento populacional apresenta maior dificuldade de controle. Modelo Simples Ye = C + I (45) (46) onde: Ye = é o produto efetivo C = Consumo Agregado = Consumo Autônomo Multiplicador do Investimento 37 A variação líquida no estoque de capital por trabalhador é dado pela diferença entre investimento por trabalhador e depreciação, isto está descrito pela seguinte equação: (63) onde F 06 4 - é a taxa de poupança Como o investimento é igual à poupança (s.y), então: (64) observação: • podemos perceber pelo gráfico acima que a depreciação é diretamente proporcional ao estoque de capital intensivo (capital por trabalhador) Tendência para o Estado Estacionário • Estado Estacionário – constitui o equilíbrio de longo prazo do nível de intensidade de capital da economia, ou seja constitui o nível de intensidade de capital a partir do qual devido à presença de retornos decrescentes do capital a depreciação do mesmo supera o investimento. onde k* representa o nível de capital por trabalhador no estado estacionário () • Situação 1 – k < k* - então o investimento é superior `a depreciação, assim o estoque de capital cresce junto com o produto até o estado estacionário. • Situação 2 – k > k* - a depreciação supera o investimento, o desgaste do capital é maior que sua reposição. Assim k diminui até chegar ao nível igual a k*. Questão: Como definir qual o nível de capital de estado estacionário para uma determinada sociedade? • No estado estacionário, o nível de capital é constante, assim , substituindo esta condição na equação (....), resulta: (65) Exercício taxa de poupança (s) = 0,2 Taxa de depreciação (F 06 4 ) = 0,1 Conclusão 40 • O nível de k no estado estacionário não depende do nível inicial mas apenas da taxa de poupança e da depreciação • Se a função de produção exibe retornos decrescentes de escala para o capital, então as taxas de crescimento do produto são altas quando há uma baixa razão k por trabalhador, diminuindo à medida que esta razão aumenta. • Na ausência de crescimento populacional e progresso técnico, países com a mesma taxa de poupança iriam convergir para o mesmo nível de capital (k*) e consequentemente de produto (y*) no estado estacionário. • Não existe crescimento perpétuo, a economia cresce apenas até atingir o estado estacionário Alterações Na Taxa De Poupança Iremos analisar os efeitos de uma alteração na taxa de poupança sobre o estado estacionário. Vamos supor que em uma economia qualquer ocorra aumento da taxa de poupança (s1), para s2, de modo que s2 > s1. • Um aumento da taxa de poupança leva ao aumento do nível de investimento por trabalhador. Assim ao nível de capital ainda haverá possibilidade de aumento do nível de capital por trabalhador, porque o investimento supera a depreciação. O estoque de capital aumenta até que a economia atinja novo estado estacionário () com maior nível de produto e de capital. • CONCLUSÃO Um aumento da taxa de poupança eleva o nível de estado estacionário para o produto e para o capital. Porém isto não significa que esta economia irá sustentar crescimento econômico no longo prazo (o crescimento existe apenas na passagem de um estado estacionário para outro). Regra De Ouro Do Modelo De Solow Questão: Qual o nível de k*, que maximiza o bem-estar da população (ou consumo)? • Como determinar o nível ótimo? I. Determinar o consumo no estado estacionário (c*) II. Verificar qual estado estacionário maximiza este nível de consumo (c*) Da equação y = c + i F 0D E deriva que 41 Como desejamos conhecer o consumo no estado estacionário, substituímos os valores de y e i pelos seus respectivos valores no estado estacionário. No estado estacionário sabemos que: (66) assim: (67) A condição de 1a ordem para a maximização do consumo, é que , o que resulta na seguinte expressão: (68) F 0 A E daí definimos o nível ótimo de capital de estado estacionário (k**), esta expressão é conhecida como regra de ouro do capital. • A taxa de poupança que irá conduzir ao nível ótimo de capital pode ser obtida utilizando a regra: Transição Para O Estado Estacionário Ótimo • Se não estamos no ponto ótimo, como proceder a transição Situação 1 Suponha que o estado estacionário da economia está acima do ponto definido pela regra de ouro ou seja k* > k**. Neste caso o administrador público (policy maker) deve reduzir a taxa de poupança. A redução da taxa de poupança no período t0 irá provocar redução do produto (renda), do investimento e aumento do consumo. Quando cai a taxa de poupança o consumo fica inicialmente mais alto, caindo em seguida, porém ele é maior durante todo o período até atingir o nível ótimo Situação 2 Suponha que o estado estacionário da economia está abaixo do ponto definido pela regra de ouro ou seja k* < k**. Neste caso o administrador público (policy maker) deve aumentar a taxa de poupança. O aumento da taxa de poupança irá provocar aumento do investimento e do produto, e redução do consumo. Inicialmente o consumo se reduz para posteriormente aumentar para um nível acima. 42 Agora analizamos a economia em termos de unidades de eficiência do trabalho, e admitimos que o número destas unidades de eficiência aumente. Para trabalharmos com o nosso modelo será necessário fazer uma pequena transformação nas variáveis de modo a representá-las em termos de unidades de eficiência. Assim: (73) onde as variáveis com acento circunflexo estão em termos de unidades de eficiência. A equação de variação do capital ao longo do tempo é representada por (74) Estado Estacionário O estado estacionário será dado por: No estado estacionário e são constantes; porém: • O produto por trabalhador cresce se houver progresso técnico Produto Agregado • Assim o crescimento econômico persistente pode ser explicado devido a presença de progresso tecnológico. Regra de Ouro (73) O consumo por unidades de eficiência é maximizado quando: (74) Produto Marginal Líquido do Capital (75) • IMPORTANTE Participação do Capital na Economia = Participação do Trabalho na Economia = Razão Capital-Produto = 45 Taxa de Crescimento do Produto – Considerando as Fontes do Crescimento e Resíduo de Solow Função de Produção Y = F(K, L) (76) dividindo ambos os termos por Y, e supondo que a participação dos fatores na renda nacional seja constante (como é o caso de uma Cobb-Douglas), teremos: Adicionando o progresso tecnológico teremos: (77) • O resíduo de Solow representa uma medida para avaliação do progresso técnico, pois indica a variação do produto que não foi explicada pela variação dos fatores (capital e trabalho). Exercício Suponha que na economia de um certo país a renda bruta do capital (parcela do capital no PIB), é de 30% do PIB, a taxa de crescimento do produto é de 3%, a taxa de depreciação é de 4%, e a razão capital-produto é de 2,5. Suponha uma função de produção do tipo Cobb-Douglas, e que a economia esteja no estado estacionário. Calcule a) A taxa de poupança b) A PMgK no estado estacionário c) A PMgK e o nível de capital compatível com o nível ótimo (regra de ouro) d) Qual a razão capital-produto no nível ótimo 46
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