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Guias e Dicas
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qualidade de vida na gestação, Exercícios de Enfermagem

tese de mestrado

Tipologia: Exercícios

Antes de 2010

Compartilhado em 15/05/2009

lillian-sampaio-3
lillian-sampaio-3 🇧🇷

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe qualidade de vida na gestação e outras Exercícios em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! UnG Universidade guarulhos CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM QUALIDADE DE VIDA NA GRAVIDEZ. MILENA BUTOLO VIDO Orientadora: Profº. Drº. Rosa Áurea Quintella Fernandes Guarulhos 2006 UnG universidade guarulhos CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM QUALIDADE DE VIDA NA GRAVIDEZ MILENA BUTOLO VIDO Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos para a obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Orientadora: Proff. Drº. Rosa Áurea Quintella Fernandes Guarulhos 2006 Dedicatória À Deus por permitir que eu esteja aqui. Ao meu querido marido José Badra, cuja dedicação, carinho e paciência amorosa sempre me impulsionou nos momentos que vacilei. Com você vivo uma oportunidade de transformação e de busca constante. Amo você! Ao meu filhote Guilherme, que silenciosamente compreendeu minha ausência frequente e meus momentos de irritação. É muito bom ter você! Aos meus pais queridos, Zenildo e Liliam, que nunca pouparam esforços ou estímulos para minha formação. Tudo isso é fruto de vocês.... A minha querida orientadora Profa. Dra. Rosa Áurea Quintella Fernandes que me acolheu durante estes dois anos. Agradeço o apoio e o incentivo para trilhar um novo conhecimento. Obrigada pela paciência nos meus momentos de ansiedade. vi Agradecimentos À Universidade de Guarulhos, instituição onde tive a oportunidade de dar um importante passo rumo ao crescimento científico e profissional. Aos professores do Mestrado Acadêmico em Enfermagem, pelos ensinamentos transmitidos, pelo exemplo profissional e pela amizade constante. As professoras Dra. Miako Kimura e Dra. Tamara I. Cianciarullo pelas sugestões dadas no exame de qualificação que contribuíram para o enriquecimento deste trabalho. A querida amiga e companheira Dulce SS. Franco, obrigada pelo apoio e solidariedade em todos os momentos, especialmente nos mais difíceis. Você me ajudou a ter mais coragem e acreditar que sou capaz. A amiga Rosa M. Scanavini, agradeço o companherismo, apoio e amizade. A Coordenadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas, vJaira Lopes B. Crepischi que me ofereceu a oportunidade do exercício da docência. Exemplo de esperança e alegria. A todo corpo docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Hermínio Ometto -— Uniararas. Obrigada pelo apoio, amizade e convivência. vii A todas as gestantes que participaram deste pesquisa, sem elas este trabalho não se concretizaria. Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Lista de Tabelas Distribuição da frequência das mulheres segundo a escolaridade, o estado civil, situação empregatícia e trimestre de gestação. Distribuição da frequência das mulheres segundo a zona residencial, Unidade Básica de Saúde, pessoa com quem reside e trimestre de gestação. Estatística descritiva das variáveis quantitativas:idade, renda e trimestre de gestação. Distribuição da frequência das mulheres segundo gestação, paridade, aborto, número de filhos vivos e trimestre de gestação. Resultados da análise de consistência interna do domínio Saúde/Funcionamento. Resultados da análise de consistência interna do domínio Família. Resultados da análise de consistência interna do domínio Sócio/Econômico. Resultados da análise de consistência interna do domínio Psicológico/Espiritual. Análise de Consistência Interna dos domínios do Índice de Qualidade de Vida. Estatística descritiva das médias dos escores de Qualidade de Vida englobando satisfação e importância. Estatística descritiva dos escores de Qualidade de Vida Geral e por domínio. Comparação das médias dos escores de Qualidade de Vida Geral e por domínio, nos trimestres de gestação. Resultado das comparações múltiplas. 42 44 46 48 50 51 53 54 55 57 63 64 69 Gráfico 1 Grafico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Lista de Gráficos Comparativo das médias dos escores do IQV Geral e por domínio em Intervalo de confiança. Intervalo de confiança das médias dos escores do Índice de Qualidade de Vida Geral e por domínios, separados por trimestre de gestação. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida no domínio Saúde/ Funcionamento em cada trimestre de gestação. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida no domínio Família em cada trimestre de gestação. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida no domínio Sócio/ Econônico em cada trimestre de gestação. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida no domínio Psicológico/Espiritual em cada trimestre de gestação. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida Geral em cada trimestre de gestação. xi 63 65 66 66 67 68 68 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 Sumário INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Conceitos: Definição, Construção e Análise 2.2. O conceito de Qualidade de Vida no decorrer dos tempos 2.3. Qualidade de Vida: Instrumentos de medida 2.4. Considerações sobre a Saúde da Mulher e a questão da Qualidade de Vida. 2.5. O processo da Gestação OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral 3.1.1. Objetivos Específicos MÉTODO 41.Tipo e Local da Pesquisa 4.2. População e Amostra 4.3.Coleta de Dados 4.3.1.Instrumento para a Coleta de Dados 4.3.2.Procedimento para Coleta de Dados 4.3.3.Teste Piloto . 4.3.4. Procedimentos Eticos 4.4.Tratamento dos Dados RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Dados Sócio-Demográficos 5.2.Dados Obstétricos 5.3.Índice de Qualidade de Vida 5.3.1.Análise da Consistência Interna por domínios 5.3.2.Análise de Consistência Geral 5.3.3.Índice de Qualidade de Vida Geral-Satisfação e Importância 5.3.4.Análise comparativa do IQV nos trimestres de gestação CONCLUSÕES CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS xii 1. Introdução 3 Atualmente o conceito de Qualidade de Vida refere-se ao resultado de percepções individuais, que podem variar de acordo com a experiência pessoal e o momento que cada pessoa está vivendo. Embora a gravidez seja considerada como um evento comum na vida reprodutiva da mulher, pouca atenção tem sido dada às modificações normais nos domínios físico e psicológico de seu estado de saúde e à percepção quanto a sua qualidade de vida nesta fase. Para se conhecerem tais aspectos, seria importante a própria mulher definir suas expectativas sobre a gravidez, gerando dados para a melhoria da assistência à saúde da mulher. Poucos estudos contemplam esta temática: gestante e qualidade de vida, daí a importância deste trabalho que pretende identificar o Índice de Qualidade de Vida para mulheres grávidas. REVISÃO DA LITERATURA 2. Revisão da Literatura 5 2.1 CONCEITOS: DEFINIÇÃO, CONSTRUÇÃO E ANÁLISE. Todo conhecimento é comumente expresso em termos de conceitos e teorias, especialmente na área das ciências sociais ou do comportamento. A Enfermagem é uma área cujo conhecimento científico vem evoluindo e se preocupa com questões relativas ao desenvolvimento de conceitos. O que se pretende, ao analisar um conceito é estabelecer a relação dele com o desenvolvimento teórico, clareando e examinando a nominação genérica do conceito; de modo a eliminar as múltiplas interpretações ou determinar com exatidão o significado único, relacionado com a teoria e suas associações com valores, atitudes e sentimentos que representem. Assim, é essencialmente uma oportunidade científica de integrar o conhecimento empírico, estético, ético e pessoal. O desenvolvimento de conceitos na área da enfermagem que incorpora características de uma profissão eminentemente prática, envolve processos que vão além da transformação de idéias em palavras, ou seja, os conceitos devem ser testados e validados empiricamente para que possam ser incorporados à base teórica, sedimentando assim a profissão". Conceitos são também chamados de “constructos” e recebem diversas definições como a seguir: “Objeto concebido pelo espírito, opinião, reputação, máxima, síntese, parte da charada em que se faz referência a palavra completa que constitui a solução”? Autores? sustentam que “conceito expressa uma abstração, formada mediante a generalização de observações particulares”. Relatam que alguns estudiosos privilegiam a teoria em detrimento da prática e preferem entendê-la como técnicas utilizadas para obter ou medir alguma coisa para além do próprio fenômeno que descreve. Inversamente, outros estudiosos privilegiam os fatos em detrimento da teoria, afirmando que o conceito significa uma série de operações realizáveis física e/ou mentalmente, empreendidas com a finalidade de justificar ou reproduzir os referentes do fenômeno o qual está sendo definido. 2. Revisão da Literatura 8 ro porque não era a vida que contava e sim a qualidade de vida. Para o filósofo, o mérito moral determinava essa qualidade". O termo Qualidade de Vida foi mencionado pela primeira vez, em 1920, por Pigou, em um livro sobre economia e bem-estar material, onde relacionou a Qualidade de Vida ao suporte governamental oferecido às classes menos favorecidas e avaliou seu impacto na vida das pessoas e finanças nacionais"? Há indícios de que, na literatura médica, o termo surgiu pela primeira vez na década de 30, em um levantamento baseado em estudos cujo objetivo era definir o termo ou referenciá-lo na avaliação da Qualidade de Vida!?. Assim, em decorrência do uso constante por filósofos e pesquisadores, a expressão Qualidade de Vida se tornou genérica. Nos EUA, por exemplo, após a Segunda Guerra Mundial o conceito de “boa vida” foi usado para descrever a posse de bens materiais como casa própria, carros e outros bens de consumo. Com o passar do tempo, o crescimento econômico e industrial ampliou esse conceito, integrando as áreas da saúde, educação, moradia, transporte, lazer, trabalho, crescimento individual, segurança, diminuição da morbimortalidade infantil'º. Com a integração destas variáveis ao conceito Qualidade de Vida as graves deficiências decorrentes do desenvolvimento econômico transformaram-se em objeto de consciência social'*. Assim sendo a discussão sobre o referido tema vem ganhando destaque mas, embora o questionamento sobre seu verdadeiro conceito tenha sido intenso nas últimas décadas, nota-se que não se chegou a um consenso definitivo acerca do assunto, por se tratar de um conceito evasivo e abstrato, subjetivo, complexo, indiretamente medido e que admite inúmeras tendências levando, portanto, a distintas definições"*. As revisões de literatura!” que cobriram períodos anteriores a 1995 revelam que, ao lado dos esforços direcionados para a definição e avaliação da QV na área de saúde, havia espaços e desafios teóricos e metodológicos a serem galgados. Vale salientar os estudos de Gill e Feisnstein!*, que encontraram 75 artigos que continham o termo QV em seus títulos, publicados em revistas médicas. Procuraram então, identificar como QV estava sendo definida e 2. Revisão da Literatura 9 ro mensurada na área da saúde. A pesquisa mostrou que apenas 15% dos trabalhos apresentavam uma definição conceitual do termo e 36% explicitavam as razões para a escolha de determinado instrumento de avaliação, concluindo assim que havia falta de clareza e de consistência quanto ao significado do termo e à sua mensuração. Outro estudo importante'º foi a taxonomia para as definições sobre Qualidade de Vida então existentes, embasada na revisão da literatura até o início da década de 90. Esse estudo apresentou os seguintes dados: | — definição global — são as primeiras referências que aparecem na literatura, em meados da década de 80, e são muito gerais, não abordam dimensões e operacionalização do construto e centram-se na avaliação de satisfação/insatisfação com a vida. H — definição com base em componentes surge nos anos 80, fracionando o conceito global em componentes e dimensões e prioriza estudos empíricos e a operacionalização do conceito. HI — definição focalizada valoriza componentes específicos, em geral voltados para habilidades funcionais e de saúde, dando ênfase a aspectos empíricos e operacionais. Apresentam instrumentos de avaliação da QV para pessoas acometidas por diferentes agravos. IV — definição combinada, que incorporava aspectos do tipo Il e III, desenvolve instrumentos de avaliação global e fatorial. A nomenclatura referente à Qualidade de Vida varia conforme os diferentes autores que utilizam sinônimos como “sentido da vida”, “felicidade”, “estado funcional”, “ajustamento social”, “satisfação”, “saúde”, “bem-estar”, entre muitos outros que são tão abstratos quanto os anteriores e provocam, da mesma forma, uma grande indefinição e falta de clareza”. Em meados da década de 70, Campbell tentou mostrar as dificuldades que envolviam a conceituação do termo Qualidade de Vida definindo-o como algo que muita gente verbaliza, mas não sabe ao certo o que é !º. A citação feita há cerca de 30 anos ilustra a ênfase dada, na literatura mais recente, às controvérsias sobre o conceito desde que começou a ser utilizado, associado a trabalhos empíricos. A definição de Qualidade de Vida, de seus conceitos e de suas propostas baseou-se em diferentes fundamentações teóricas e práticas, até 2. Revisão da Literatura 10 ro que após a Il Guerra Mundial, a Organização Mundial de Saúde redefiniu saúde, incorporando a noção de bem-estar físico, emocional e social e desencadeou uma discussão considerável a respeito da possibilidade de medir o bem-estar. Sendo assim, o termo Qualidade de Vida ressurgiu, iniciando um ciclo de formação do seu conceito que, apesar de parecer difícil de ser completado, já permite reciclagem técnico-científica de acordo com a área profissional"º. Atualmente, Qualidade de Vida (QV) é definida de acordo com a área de aplicação, englobando duas tendências: a primeira como um conceito genérico, que enfatiza de forma ampla os estudos sociológicos, sem fazer referência à disfunção ou agravos. Ilustra, com excelência, essa conceituação a adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS),ou seja, a percepção do indivíduo, de sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações!º. Neste estudo!” multicêntrico, o objetivo principal foi elaborar um instumento que avalasse a QV em uma perspectiva internacional e transcultural. Um aspecto importante que caracteriza estudos que partem de uma definição genérica do termo QV é que as amostras estudadas incluem pessoas saudáveis da população e nunca se restringem a amostras de pessoas portadoras de agravos específicos. Na mesma linha de pensamento, QV é definida como noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial e pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar??. A mesma autora ainda coloca que o termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades, que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural”. Flanagan?! conceitua QV de forma muito semelhante aos autores citados englobando, também, os recursos econômicos, o tempo para o trabalho, o lazer e o estado de saúde. 2. Revisão da Literatura 13 2.3 QUALIDADE DE VIDA: INSTRUMENTOS DE MEDIDA. Os primeiros instrumentos destinados a medir a QV apareceram na literatura na década de 1970 e, desde então, têm mostrado um desenvolvimento considerável. A medida da qualidade de vida é um fato irreversível que vai, provavelmente, pertencer ao nosso universo, trata-se de um instrumento recente, vindo de uma tradição estrangeira, anglo-saxônica, empirista e utilitarista?. Os instrumentos requerem do profissional da saúde um bom conhecimento do paciente e a valorização de suas capacidades ou limitações funcionais. A literatura apresenta diferentes instrumentos de mensuração da qualidade de vida, Bowling?” faz uma revisão sobre as escalas de qualidade de vida relacionadas à saúde, incluindo medidas de capacidade funcional, do estado de saúde, de bem-estar psicológico, de redes de apoio social, de satisfação e estado de ânimo de pacientes. Em geral, conclui que, de forma explícita ou implícita, toda medida repousa sobre teorias que guiam a seleção de procedimentos de mensuração. Três correntes orientam a construção dos instrumentos hoje disponíveis: o funcionalismo, que define um estado normal para certa idade e função social e seu desvio, ou morbidade, caracterizado por indicadores individuais de capacidades de execução de atividades; a teoria do bem-estar, que explora as reações subjetivas das experiências de vida, buscando a competência do indivíduo para minimizar sofrimentos e aumentar a satisfação pessoal e de seu entorno, e a teoria da utilidade, de base econômica, que pressupõe a escolha dos indivíduos ao compararem um determinado estado de saúde a outro?. Os instrumentos de medida de QV consistem em questionários que medem sentimentos, autovalorização ou condutas, por meio de interrogatório direto com o paciente (entrevista) ou questionário auto-aplicável. Em relação ao campo de aplicação, autores citam?” que as medidas podem ser classificadas como genéricas, as quais utilizam questionários de 2. Revisão da Literatura 14 ro base populacional sem especificar patologias, sendo mais apropriadas para estudos epidemiológicos, planejamento e avaliação dos sistemas de saúde. As específicas são utilizadas para situações relacionadas à qualidade de vida cotidiana dos indivíduos, subseguúentes à experiência de doenças, agravos ou intervenções médicas. Refere-se a doenças crônicas ou a consequências crônicas de doenças ou agravos agudos. Os instrumentos genéricos têm sido citados nos últimos 20 anos em diversas publicações, sendo que uma das suas características fundamentais é avaliar também a população geral, podendo ser utilizados como referência para interpretar as pontuações. Já os instrumentos específicos, que não são poucos, facilitam a padronização e a quantificação da medida dos sintomas e seu impacto como a precisão das medidas no momento de valorizar os efeitos dos tratamentos"? Na obra Directory of instruments to measure quality of life and correlate áreas, publicado em 1998, o autor? identifica 446 instrumentos utilizados para avaliação da QV, num período de 60 anos, sendo que 322 destes apareceram na literatura a partir dos anos 80, e destaca que esse acentuado crescimento nas duas últimas décadas atesta os esforços voltados para o amadurecimento conceitual e metodológico do uso do termo na linguagem científica. Alguns instrumentos podem ser mencionados como: SF- 36 (The Medical Outcomes Study 36 itens) um instrumento genérico, atualmente um dos mais utilizados internacionalmente, aplicável a diversos tipos de doenças. Por ser composto de questões gerais que incluem o funcionamento físico, as limitações causadas por problemas de saúde física e emocional, o funcionamento social, a saúde mental, a dor, a vitalidade (energia/fadiga) e as percepções da saúde geral avalia, portanto, a qualidade de vida relacionada à saúde. Foi adaptado para o português por Ciconelli?? e aplicado a pacientes portadores de artrite reumatóide. A Organização Mundial de Saúde desenvolveu um instrumento WHOQOL-100 itens (The World Health Organization Quality of Life Assessment)", cuja versão em português foi desenvolvida por Fleck?” para avaliar Qualidade de Vida numa perspectiva transcultural. Considera o conceito de qualidade de vida subjetivo, multidimensional, incluindo facetas da vida 2. Revisão da Literatura 15 ro positivas, como mobilidade, desempenho de papel, contentamento, e negativas, como fadiga, dor, dependência de medicação e sentimentos negativos. Seis domínios fazem parte da abordagem proposta pelo WHOQOL!? Group: psicológico, físico, nível de independência, relações sociais, ambiente, espiritualidade/ religião/ crenças pessoais. Cada domínio é sintetizado por vários sub-domínios que são avaliados por quatro questões. Assim, o instrumento é composto por 24 sub-domínios específicos e um domínio geral que inclui questões de avaliação global de qualidade de vida. No âmbito médico, desenvolveram-se também instrumentos de avaliação de qualidade de vida, focalizados, primeiramente, na idéia de complementar as análises de sobrevida. Com a evolução dos estudos, estes instrumentos integraram análises de custo-utilidade, ou seja, a qualidade de vida dos pacientes deveria avançar um patamar melhor do que o anterior à intervenção?. No âmbito específico da enfermagem, destacam-se os trabalhos da Dra.Carol Estwing Ferrans, pesquisadora do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de Illinois, Chicago, que, desde 1982, vem desenvolvendo estudos sobre qualidade de vida, em colaboração com outros pesquisadores. Ferrans faz uma crítica às abordagens tradicionais de desenvolvimento de conceitos, porque considera que os resultados produzidos carecem de coesão e poder explicativo. Por isso desenvolveu um modelo conceitual de qualidade de vida baseado numa variedade de abordagens metodológicas, cujo objetivo foi subsidiar a criação de um instrumento de medida deste conceito”. Optou por uma abordagem individualística, ou seja, uma visão ideológica em que os próprios sujeitos pudessem definir o que representa qualidade de vida para eles. O sujeito é questionado sobre a avaliação que faz de sua própria qualidade de vida em relação a domínios específicos da vida?. A essência da qualidade de vida baseia-se na experiência de vida de cada pessoa e só a ela cabe julgá-la, de acordo com seus valores e preferências?. 2. Revisão da Literatura 18 ro outros, que possibilitem novas formas de pensar-fazer o mundo, especialmente rever nossos conceitos de qualidade de vida, percebendo a saúde como processo e produto desta. A proposta é repensar nas nossas formas de cuidar da vida individual e coletiva, seja em casa, no trabalho, na comunidade e na sociedade de uma maneira geral”. A mesma autora?! coloca que, quando se pensa em qualidade de vida, há que se compreender o processo de transformação do ser humano, que tem início antes mesmo de sua concepção, pelo modo de viver de seus pais e depois, no útero materno e por meio de sua atuação no mundo, em um movimento de momentos de felicidade e infelicidade, prazer e dor, alegrias e tristezas, satisfação ou não de desejos. Desta forma a saúde da população depende muito mais de fatores preventivos como: acesso a serviços e bens públicos, alimentação e condições de higiene, do que da quantidade de postos de saúde e leitos hospitalares disponíveis. Transpondo todas essas questões relevantes ao mundo da mulher, ou melhor, à saúde da mulher, observa-se que a sua vida tem passado por grandes mudanças, seja no plano político, seja no cultural, econômico ou social, e que refletem na organização da vida doméstica e no espaço público em busca dos seus direitos à cidadania. Resgatando o processo de trabalho sob a óptica de gênero, vemos que já na Grécia antiga existia marcada divisão sexual do trabalho, pois tanto as mulheres consideradas livres, como as escravas eram responsáveis pela manutenção das atividades referentes ao espaço doméstico como a comida dos homens, o cuidado das crianças, a busca de água e a lavagem das roupas. Na Idade Média, as atividades domésticas eram divididas segundo o status civil das mulheres, as solteiras lavavam e teciam, as mães cuidavam das crianças pequenas, as de meia idade se ocupavam dos adolescentes e da cozinha. Uma clara divisão de classes sociais se estabelecia entre as próprias mulheres, no que diz respeito às atividades. Eram as mulheres dos servos e dos camponeses as que mais trabalhavam, pois, além de dividir as tarefas da agricultura com seus maridos, também realizavam as tarefas domésticas**. Percebe-se que, dentro do contexto de vida dessas mulheres em épocas mais antigas, de uma forma indireta, através do seu trabalho, elas 2. Revisão da Literatura 19 ro acabavam se exercitando, trabalhando a musculatura perineal por meio de certos movimentos, se alimentavam do que era plantado e colhido, o agrotóxico passava longe, o ar que se respirava era mais puro e o meio ambiente mais preservado, tudo isso influindo na qualidade de vida. No final do século XVIII, acentua-se a migração campo-cidade, consolida-se a burguesia e paralelamente surge o proletariado feminino caracterizado pelo trabalho em domicílio das mulheres, em decorrência da objeção dos homens ao trabalho delas nas fábricas*. Atualmente as mulheres conquistaram o direito de frequentar escolas e universidades, de votar e de serem votadas. A participação feminina na economia do país cresce a cada ano e um número cada vez maior de mulheres assume a chefia da família, conquistando o acesso ao emprego e à licença maternidade. Nas últimas décadas, as mulheres conseguiram introduzir na agenda política nacional e internacional, os problemas relacionados à saúde sexual e reprodutiva. Estas questões vêm sendo tratadas no contexto dos direitos humanos e reivindica-se dos governos a garantia das condições para o exercício pleno desses direitos. Antigamente as mulheres eram vistas como as únicas responsáveis em cuidar da casa e da família como já citado anteriormente. Hoje há indícios de que os homens começam a perceber que também é prazeroso cuidar dos filhos, compartilhar emoções e ficar mais em casa, porém, a divisão equilibrada das tarefas domésticas ainda não é uma constante na vida de milhares de brasileiras e, apesar dos avanços, ainda pesa sobre elas a maior carga de trabalho doméstico, configurando uma dupla jornada de trabalho. Ainda há possibilidade de que as mulheres venham a sofrer, adoecer e morrer em conseguência dos problemas gerados pela desigualdade de gênero. Em estudo realizado, no município de São Paulo, com mulheres donas de casa de uma comunidade de baixa renda, identificou-se que a percepção de Qualidade de Vida estava fortemente relacionada a fatores de ordem sócio-econômicos, físicos e psicológicos*º. 2. Revisão da Literatura 20 Ca As autoras? afirmam que falar de saúde da mulher, não só se restringe à ausência de doença mas abrange um universo muito maior. As questões de ordem interpessoal, social e econômica são as causas de suas preocupações. O processo de desenvolvimento da mulher parece ser acompanhado pelo conflito de papéis como a sobrecarga e descontinuidade de suas tarefas afetando a sua saúde física, social e mental. Para buscar uma nova maneira de viver digna e solidária, é imprescindível identificar o nível de qualidade de vida, de bem-estar e satisfação das mulheres. As políticas de saúde da mulher também mudaram, pois os primeiros programas enfocavam apenas o momento da gravidez e do parto, levando a crer que o mais importante era proteger a criança ao nascer. Nos anos 80, o governo criou o PAISM (Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher) que introduz a perspectiva de atender à mulher em todas as fases de sua vida, considerando sua individualidade, necessidades e direitos, sem discriminação de raça e classe social. Este programa propõe ao setor da saúde que assuma suas responsabilidade na promoção da qualidade de vida da mulher, na ampliação de seu conhecimento sobre o próprio corpo e sexualidade — reforçando que cada cidadã deve ser tratada de acordo com o contexto social em que vive e que os seus direitos devem ser respeitados?” Os princípios do PAISM são os mesmos do Sistema Único de Saúde e, ainda, não estão implantados em todo o país. Uma das propostas do PAISM, assegurada com sucesso em muitos municípios, é a garantia do direito à informação. De maneira geral, são as mulheres que mais utilizam os serviços públicos de saúde. A crescente pobreza, a dependência econômica, a violência, a discriminação, assim como a falta de controle sobre a vida sexual e reprodutiva geram efeitos altamente prejudiciais à saúde de muitas mulheres e adolescentes. Em muitos casos, a falta ou distribuição desigual dos alimentos no ambiente doméstico, o acesso insuficiente à água potável e saneamento, bem como condições inadequadas de moradia são fatores que contribuem para a deteriorização permanente de sua saúde. Além disso, seu papel na procriação faz com que seu organismo apresente demandas específicas ao 2. Revisão da Literatura 23 ro aumenta as necessidades da gestante e pode intensificar sua frustração gerando, em conseguência, raiva e ressentimento que, muitas vezes, a impedem de encontrar gratificação na gravidez. Quanto ao casamento, a gestação, por um lado, pode levar a maiores níveis de integração e aprofundamento no relacionamento do casal, mas, por outro lado, pode romper uma estrutura frágil e neuroticamente equilibrada. Para a mulher que quer excluir o marido de sua vida, para o homem que sente ciúme do filho que vai nascer, assim como sentiu em relação aos irmãos mais novos, para a mulher que não superou sua dependência infantil da própria mãe, ou para a que se sente inferior pelo fato de ser mulher, a gestação pode constituir uma ameaça ao casamento ou ao equilíbrio pessoal'2. Sendo assim, percebe-se que cada mulher é um ser único, com idealizações e significados pessoais do que é estar grávida e do que é ser mãe, construídos a partir do seu contexto sócio-cultural e familiar. É neste momento que o profissional de saúde se faz necessário como ponto de apoio e acolhida, buscando entender essa gestante no seu contexto sócio-cultural e familiar. Um ambiente favorável fortalece os vínculos familiares, condição básica para o desenvolvimento saudável do ser humano. As consultas de pré-natal regulares, começando, idealmente, logo após a ausência da última menstruação, oferecem oportunidade para assegurar a saúde da futura mãe e de seu bebê. Além disso, esse acompanhamento regular permite detectar distúrbios maternos que podem ser preexistentes ou desenvolver-se durante a gestação. A mulher e sua família podem procurar apoio para o estresse gerado por inúmeros fatores relacionados, direta ou indiretamente, ao processo da gestação e aprender as habilidades inerentes à maternidade/ paternidade**. A assistência pré-natal também deve incluir o âmbito sócio-cultural, pois quando proporciona, além do controle biológico, a segurança para a mulher e sua família, constitui fator de coesão social, viabiliza o cuidado de enfermagem humanizado e integral e pode tornar-se um eficiente fator de redução da morbimortalidade materna e perinatal, transformando, desta forma, a realidade em qualidade”. 2. Revisão da Literatura 24 ro A gestação prolonga-se por nove meses do calendário solar, 10 meses do lunar ou aproximadamente 40 semanas. Divide-se em 3 períodos chamados de trimestres. O primeiro trimestre compreende da 1º a 12ºsemana; o segundo da 13º a 24º e o terceiro da 25º até a 40º semana da gestação”. As mulheres de qualquer idade, durante os meses da gestação, tratam de adaptar-se ao papel materno, um processo complexo de aprendizado social e cognitivo. A gestação é uma crise maturacional que pode ser estressante, mas compensadora, pois prepara a mulher para um outro nível de cuidados e de responsabilidades. Seu autoconceito se modifica para a mudança de papéis. Gradualmente passa de um ser independente e auto- suficiente para ter um compromisso de vida inteira com outro ser humano. Tal crescimento exige domínio de determinadas etapas de desenvolvimento: a aceitação da gestação, a identificação com o papel de mãe, a reorganização dos relacionamentos e a preparação para o parto?. Discutindo um pouco mais sobre cada uma destas etapas, o primeiro passo na adaptação ao papel materno é aceitar a idéia da gestação e assimilar o status de gestante em seu estilo de vida. Muitas mulheres inicialmente ficam abaladas ao descobrirem a gravidez, mas com o decorrer do processo, passam, gradativamente, a aceitá-la*2. Embora um estado geral de bem-estar predomine, muitas ficam surpresas ao apresentar instabilidade emocional, rápidas e imprevisíveis mudanças de humor, as quais estão relacionadas às profundas mudanças hormonais. Estas oscilações emocionais e a crescente sensibilidade aos outros são desconcertantes para a futura mãe e para os que a cercam. A maior irritabilidade, as explosões de lágrimas e raiva e os sentimentos de grande alegria e contentamento alternam-se com alguma ou nenhuma provocação'?. As gestantes são afetadas emocionalmente pelas alterações que ocorrem em sua aparência física e nas funções de seu corpo. Durante o primeiro trimestre, a forma do corpo altera-se pouco, as novas sensações de desconforto quanto às modificações das mamas podem incomodá-la, o aumento da urgência e da frequência urinária também é muito comum, bem como o mal-estar e a fadiga. Náuseas, vômitos, enjôo matutino, ptialismo ocorrem em 50 a 70% das gestantes entre o 1º e 2º trimestre. Devido à 2. Revisão da Literatura 25 ro estimulação hormonal, a cérvice torna-se hipertrófica e hiperativa aumentando a lubrificação vaginal, o que, muitas vezes, acaba incomodando as gestantes". Não se pode ignorar que a sexualidade durante a gestação é um ponto crítico durante este processo. O desejo sexual durante a gestação é altamente individual, e o relacionamento pode ser afetado por todas estas modificações fisiológicas, psicológicas e até interacionais, incluindo mitos, tabus sobre o sexo na gravidez, uma vez que neste período o desejo sexual da mulher pode diminuir. No segundo trimestre, normalmente o volume do abdome fica mais perceptível, a cintura alarga e as mamas aumentam, os movimentos fetais tornam-se perceptíveis à mãe tornando concreta a gestação. A mulher desenvolve uma sensação de aumento generalizado no tamanho de seu corpo e de estar ocupando mais espaço. A ambivalência de sentimentos muitas vezes é conflitante e simultânea, sendo considerada uma resposta normal para essas mulheres. Pode-se destacar neste período um aumento na pigmentação, oleosidade da pele e em algumas até acne. A hipotensão supina e a bradicardia são muito comuns, induzidas pela pressão desse útero gravídico sobre a veia cava ascendente, reduzindo a perfusão útero-placentária e renal; algumas chegam a desmaiar, tornando o processo de gestação incômodo'S. Desejos por certos alimentos, pirose ou indigestão ácida são queixas muito frequentes e, por isso, as orientações são de grande valia. Constipação e flatulência são explicadas pela diminuição da motilidade do trato gastrintestinal, fazendo com que a gestante modifique muitas vezes seus hábitos alimentares e aumente sua ingesta hídrica. Entrando na etapa final do processo gestacional, ou seja, no terceiro trimestre, destaca-se a intensidade dos sentimentos de ambivalência, indicando um conflito não-resolvido relacionado ao papel materno. As modificações mais acentuadas nas formas, a imagem corporal e nível de desconforto influenciam a expressão do desejo dos parceiros, diminuindo assim o interesse pelo sexo. Ao aproximar-se do final do terceiro trimestre, a respiração fica mais difícil, os movimentos do feto são vigorosos, a insônia é mais comum, as dores lombares, o aumento da frequência urinária, cáibras, constipação, edemas e varizes podem ser incômodos e representar desconfortos para as mulheres". OBJETIVOS 3. Objetivos 29 3.1 OBJETIVO GERAL - Identificar o Índice de Qualidade de Vida para gestantes, utilizando uma adaptação do instrumento de Ferrans & Powers específico para esta população. 3.1.1 OBJETIVOS EsPECÍFICOS - Identificar o Índice de Qualidade de Vida para gestantes no 1º, 2º e 3º trimestres de gravidez. - Analisar se o índice de qualidade de vida das gestantes varia no 1º, 2º e 3º trimestres de gravidez. MÉTODO 4. Método 33 4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA Fizeram parte da população deste estudo todas as gestantes que estiveram em acompanhamento Pré-Natal nas referidas Unidades Básicas de Saúde, durante o período determinado para a coleta dos dados, independentemente da idade, classificação de risco, número de gestações anteriores ou semana do trimestre gestacional. Os critérios de inclusão para que as gestantes integrassem a amostra foram: . Pregnosticon positivo até 12º semana de gestação, para as mulheres que estivessem no 1º trimestre de gestação. . Não ter participado da amostra do trimestre anterior quando no 2º ou 3º trimestres de gravidez pois se tratava de mulheres diferentes em cada trimestre. . Saber ler e escrever. . Aceitar participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. (Anexo |). 4. Método 34 4.3 COLETA DE DADOS 4.3.1 INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS O instrumento é composto de duas partes: a primeira traz dados que caracterizavam o perfil sócio-econômico demográfico das mulheres gestantes como: município de residência, área urbana ou rural, logradouro, idade, escolaridade, estado civil, condições de moradia, profissão, empregada ou não, renda mensal familiar, renda per capta, além dos antecedentes obstétricos; variáveis de interesse para o estudo, como gestação, paridade, aborto, filhos vivos, data da última menstruação (DUM), data provável de parto (DPP) e idade gestacional (IG), trimestre gestacional no qual se encontrava. A segunda parte refere-se ao Índice de Qualidade de Vida propriamente dito. O Índice de Qualidade de Vida original de Ferrans & Powers? é constituído de duas partes e apresenta 34 itens em cada uma delas. A parte | mensura a satisfação nos vários aspectos da vida, e a parte Il, a importância desses mesmos aspectos. Inúmeros trabalhos sobre a qualidade de vida das pessoas têm sido desenvolvidos por profissionais de saúde utilizando o índice de Ferrans e Powers, assim como outros instrumentos de mensuração. Contudo, no Brasil, há poucos estudos sobre a qualidade de vida da mulher no ciclo gravídico. A gestação não é doença, mas representa um momento especial e delicado na vida da mulher e determina mudanças físicas e psicológicas importantes que podem influenciar sua qualidade. Entretanto, desconhece-se, em nossa cultura, o significado da qualidade de vida para as mulheres nesta fase do ciclo vital. Fernandes; Narchi; Cianciarullo? adaptaram o instrumento original de Ferrans e Powers de modo que possibilitasse medir a qualidade de vida de gestantes. As autoras adaptaram alguns itens e introduziram outros, considerados específicos para a mulher nesta etapa da vida tendo em vista que, nesta fase do ciclo vital, ocorrem modificações no organismo feminino, 4. Método 35 que podem interferir em sua qualidade de vida ou na percepção que a mulher tenha de si. Os itens acrescidos ao instrumento original foram: “Sua gravidez” item 2; “As mudanças de humor que você sente (tristeza e alegria)” item 5; “A intensidade de irritação que você sente” item 6. Mudanças de humor e irritação são também queixas bastante frequentes das gestantes e entende-se que possam interferir em sua percepção de qualidade de vida, por isto foram introduzidas no instrumento.Há estudos que apontam estas queixas em 55,7% das mulheres grávidas nominando-as como transtornos emocionais, entretanto, as repercussões destas queixas na qualidade de vida das gestantes não estão devidamente exploradas*. Assim foram adaptados, o item 2 que, originalmente, era “A assistência à saúde que você está recebendo” passando a ser “A assistência pré -natal que você está recebendo como item 3; o item 3, “A intensidade de dor que você sente” para “A intensidade de desconforto que você sente” como item 4 e “ A possibilidade de ter uma velhice feliz” passou para “A possibilidade de ter uma criança” como item 29. No desconforto foram englobadas as ocorrências fisiológicas como: náuseas, vômitos, urgência miccional, azia, dor lombar, fadiga e movimentos fetais. Estes sintomas são comuns na literatura?" “04! obstétrica e geralmente apontados como queixas normais decorrentes do estado gravídico, não caracterizando para os profissionais da área estados patológicos, por isto foram agrupados no item referente a desconforto*. O item 29; “Sua disposição para passear” foi incorporada ao item 28,"Suas atividades de lazer"**. A mensuração da qualidade de vida proposta por Ferrans & Powers* agrupa os itens que compõem o instrumento, em domínios da qualidade de vida. Assim identificam 4 domínios inter-relacionados: saúde e funcionamento composto por 14 ítens, psicológico e espiritual composto por 7 ítens, sócio- econômico composto por 9 ítens e família composto por 4 ítens. Os domínios serão também considerados neste estudo. 4. Método 38 4.4 TRATAMENTO DOS DADOS Foram utilizados na tabulação e análise estatística dos dados coletados, os softwares: MSOffice Excel versão 2000 para o gerenciamento do banco de dados; SPSS for Windows versão 10.0 - Statistical Pachage for the Social Science, para a execução dos cálculos estatísticos, elaboração e edição de gráficos e na elaboração das tabelas e redação do texto o MSOffice Word versão 2000. Para as variáveis quantitativas utilizou-se médias e medianas com intuito de resumir as informações e o desvio-padrão, mínimo e máximo, para indicar a variabilidade dos dados. Com relação à distribuição da frequência das variáveis qualitativas entre os grupos (1º, 2º e 3º trimestre de gestação) utilizou-se para compará-las o teste Qui-Quadrado de Pearson*”. O teste exato de Fisher foi utilizado nas situações onde os valores esperados das variáveis foram inferiores a 5. Abaixo de cada tabela de cruzamento das variáveis apresentou-se os resultados da significância do teste através do p-valor, sendo que, para valores menores do que 0,05 (p-valor<0,05) considerou-se a associação estatisticamente significativa entre as variáveis. Quando as associações entre essas variáveis foram encontradas, para a identificação de pares de categorias que correspondem a um valor acima do esperado, foi utilizado o valor do resíduo padronizado (Zres) acima de 2,0 ou baixo de -2,0, indicando significância estatística na casela (categorias associadas) a um nível de significância de 5%. Empregou-se o teste de Kolmogorov-Smirmov * e utilizou-se a metodologia de Análise de Variância - ANOVA * para a comparação das mulheres gestantes nos três trimestres, com relação a variável Idade e o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis para a renda. Para as variáveis cujo valor do teste foi significativo (p-valor < 0,05), foi feito uma análise de comparações múltiplas, com a finalidade de determinar em quais pares de grupos se encontra a diferença. As duas metodologias citadas acima testam se a média da variável quantitativa em estudo é semelhante para os diferentes grupos. 4. Método 39 Para comparar os escores de qualidade de vida geral e por domínios com relação ao trimestre de gestação foi aplicado o teste não paramétrico de Krukal-Wallis*º. Aplicou-se a metodologia não paramétrica, para os escores de qualidade de vida que não apresentaram distribuições normais, que é uma pressuposição para o uso de métodos paramétricos. A confiabilidade do instrumento IQV de Ferrans e Powers adaptado foi testada pela análise de consistência interna em cada domínio e geral utilizando o coeficiente Alfa de Cronbachºº. . Este coeficiente varia entre 0 e 1,e quanto maior este valor melhor a confiabilidade. Os critérios para a retirada dos itens inconsistentes foram: a correlação de cada item com o escore e com os outros itens (itens com correlações negativas devem ser excluídos) e o acréscimo no coeficiente alfa quando o item é retirado (acréscimos inferiores a 1% foram desconsiderados). Para todos os testes foi assumido o nível de significância de 5%. A consistência interna é um termo usado para dizer se há confiabilidade no instrumento, ou seja, analisar se o instrumento é capaz de medir ou avaliar aquilo a que se propõe medir; para tanto, é necessário analisar a validade do conteúdo, do construto e do critério, para os quais existem outras técnicas "º. As principais propriedades de medida dos questionários de Qualidade de Vida são a confiabilidadade ou a reprodutibilidade, a validade e a responsividade. Sendo a Qualidade de Vida um conceito multidimensional, os instrumentos proporcionam uma série de pontuações, também denominada de perfil. Autores consideram aceitáveis coeficientes iguais ou maiores que 0,70". No presente estudo, o limite de aceitação de consistência interna foi de 0,70 e a análise da consistência interna foi realizada por domínios e geral. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5. Resultados e Discussão 43 ro Acredita-se que esta adesão das mulheres ao pré-natal está relacionada com a qualidade da assistência prestada pelos serviços e pelos profissionais de saúde, o que, em última instância repercute na redução dos elevados índices de mortalidade materna e perinatal verificados no BrasilS. Verifica-se na Tabela 1 que em todos os trimestres de gestação o grau de escolaridade de maior porcentagem foi o ensino médio completo (52,5%) não havendo diferença estatisticamente significante entre as mulheres nos três trimestres gestacionais com relação a esta variável. Estes dados podem ser comparados a estudos brasileiros acerca das conquistas femininas ao longo de todo o século XX, quanto ao acesso à educação. No Brasil, diferente de outros países em desenvolvimento, as mulheres estão em igualdade de condições em relação aos homens ou apresentam níveis de escolaridade superiores. A situação educacional no Brasil sofreu uma sensível melhora nos últimos anos, beneficiando as mulheres principalmente no que se refere à queda das taxas de analfabetismo, que caiu de 20,28% em 1991, para 13,50% em 2000, entre aquelas com mais de 15 anos de idade*". Os avanços observados na sociedade brasileira não devem mascarar as desigualdades que afetam um grande contingente da população. Uma análise com base nas variáveis de gênero revela que, em 2001, a média geral de anos de estudo dos homens era de 5,6 anos e a média das mulheres era de 5,9 anos*!. Estes dados são semelhantes aos encontrados em outra pesquisa realizada com mulheres gestantes, que apontou um percentual 53,9% de grávidas com tempo de escolaridade entre 9 a 11 anos de estudos, o que corresponde atualmente ao ensino médio? e está compatível com a média de anos de estudos da mulher brasileira”. No que se refere ao estado civil das gestantes houve diferença estatisticamente significante entre as mulheres principalmente no 1º trimestre, onde 84,4% delas são casadas. Dados semelhantes são verificados em estudo realizado com mulheres gestantes na Capital Paulista onde 89,6% tinham 5. Resultados e Discussão 44 Ca parceiro fixo englobando neste percentil as casadas*?. Percebe-se assim que as mulheres, ainda buscam relações conjugais estáveis como o casamento. No que tange a variável emprego houve diferença estatisticamente significante entre os grupos de mulheres. Conforme mostra a Tabela 1 no 1º trimestre 64,1% das gestantes encontravam-se empregadas, no 2º trimestre 53,7% tinham emprego, entretanto no 3º trimestre a situação foi inversa 67,2% das gestantes não estavam empregadas. Tabela 2. Distribuição da frequência das mulheres, segundo a zona residencial, Unidade Básica Saúde, a pessoa com quem reside e trimestre de gestação. São Paulo. 2005. Trimestre Total Variáveis 1º 2º 3º Ny N% N% 64 67 67 02 01 04 07 Zona Rural 03,1 01,5 060 03,5 Urbana 62 66 63 191 96,9 985 94,0 96,5 p-valor = 0,407 Teste Exato de Fisher ; 05 21 22 48 Municípi Unidade! eg 313 328 242 unicípio Unidade Il 59 46 45 150 922 687 67,2 75,8 p-valor = 0,001 Teste Qui-Quadrado . 28 25 24 77 Mihos 438 373 358 389 . pn 01 01 Filhos+família 01,6 00,5 . . 01 02 03 Reside com Filhos 018 030 01,5 07 11 08 26 10,9 164 11,9 13,1 10 13 16 39 15,6 194 239 19,7 p- valor = 0,811 Teste Exato de Fisher Família M+Família Optou-se por separar as mulheres segundo a área de residência, pois é característica da região a mulher da zona rural quando engravida, passar a residir temporariamente na cidade, moradia de familiares mais 5. Resultados e Discussão 45 ro próximos, a fim de realizar o acompanhamento pré-natal e facilitar o acesso aos serviços de saúde. Nota-se que a maioria das mulheres (96,5%) residem na área urbana e uma pequena parcela na área rural (03,5%) proporção esta compatível com estudos realizados pelo Ministério da Saúde, onde as mulheres representam 51,2% da população brasileira, sendo aproximadamente 89 milhões, das quais, 85,4% vivem em áreas urbanas, e o restante na área rural. Dentro do contexto geral da população residente e trabalhadora rural, faz-se necessário visualizar as restrições e discriminações referentes ao acesso da mulher a terra, à renda, ao crédito e às tecnologias, dentre outras. A dificuldade das mulheres rurais no acesso às informações e ações de saúde está relacionada, dentre outros fatores, às desigualdades das relações de gênero e de trabalho, às grandes distâncias entre residência ou trabalho e os serviços de saúde, à maior precariedade dos serviços locais e a pouca sensibilização e organização da rede de saúde para lidar com a especificidade dos agravos decorrentes do trabalho no campo. Os dados da PNDS* de 1996 retratam também as lacunas na efetividade das ações de saúde na área rural: 30% das mulheres da área rural e 8% das mulheres da área urbana não realizaram nenhuma consulta de pré- natal. Das mulheres residentes na área rural que receberam atendimento de pré-natal, apenas 36% tiveram acesso ao cartão da gestante. Pesquisas nacionais? referentes à saúde da mulher residente e trabalhadora rural, devem ser realizadas no sentido de ampliar e adequar estratégias e conteúdos que subsidiem a elaboração de políticas públicas, evitando a perpetuação da invisibilidade das questões que determinam a boa ou a má qualidade de vida da mulher residente e trabalhadora rural. A Tabela 2 apresenta também a distribuição das gestantes segundo a unidade de referência, apenas como ilustração, pois os dados foram coletados em dois municípios diferentes para que se conseguisse a amostra suficiente para o estudo em tempo hábil. A análise dos dados da qualidade de vida não considerou esta divisão, por não ser objetivo do trabalho. Observa-se que a maioria das gestantes (92,2%) está locada na Unidade Il e no 1º trimestre. 5. Resultados e Discussão 48 ro 5.2 DADOS OBSTÉTRICOS Tabela 4.Distribuição da frequência das mulheres segundo gestação, paridade, aborto, números de filhos vivos, risco e trimestre de gestação. São Paulo, 2005. Trimestre Variáveis 1º 2º 3º Total Não N% N% 64 67 67 | 16 28 31 75 Gestação 250% 418% 462% 378% E 48 39 36º; — 123 750% 582% 537% 621% o 21 33 35 89 328% 493% 522% 449% 32 18 16 66 Paridade ! 500% 269% 239% 33,3% E 11 16 16 47 172% 239% 239% 217% o 47 57 56 — 160 734% 851% 836% 80,8% 11 7 9 27 Aborto ! 179% 104% 134% 13,6% A 6 3 2 11 94% 45% 30% 55% o 23 33 35 91 35,93% 49,3% 522% 46,0% Filhos | 31 19 20 70 vivos 484% 284% 299% 354% E 10 15 12 37 156% 229% 179% 187% 62 63 65 — 190 Ri Baixo 96,9% 940% 970% 95,9% isco Alto 2 4 2 8 31% 6,0% 30% | 41% Observa-se pelos dados da Tabela 4 que em relação à gestação a maioria das mulheres (62,1%) apresentou mais de uma gestação. Quanto à paridade 50,0% delas eram primíparas e a maioria nunca abortou 80,8%. Com relação ao número de filhos vivos 46,0%, tinham 1 filho. Ao que se refere variável risco, a maioria 95,9% era gestante de baixo risco. 5. Resultados e Discussão 49 ro Desta maneira, os dados encontrados, estão condizentes com os apresentados pelo Ministério da Saúde acerca dos índices de fecundidade no Brasil, que pela primeira vez, chegou ao limite de 2,1 filhos por mulher, o que indica a tendência de reposição populacional. A fecundidade no Brasil, atualmente, se aproxima do padrão de países mais desenvolvidos. Percebe-se que em diversos graus e modos, mulheres em diferentes países, ocupações, classes, raças, idades e situações conjugais encontram suas decisões reprodutivas estruturadas em um conjunto de condições sócio- econômico-culturais que influenciam no planejamento familiar. 5.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA 5.3.1. ANÁLISE DA CONSISTÊNCIA INTERNA POR DOMÍNIOS Domínio Saúde e Funcionamento Nesse domínio foram considerados 16 itens sendo que alguns deles continham dados faltantes; observações, (“missing”) como no ítem 3, “Assistência Pré Natal que você está recebendo”, pois para as gestantes do 1º trimestre a avaliação deste item ficou dificultada, pois no momento da pesquisa, muitas mulheres aguardavam sua 1º consulta de pré-natal. Assim, nesta análise foram considerados inicialmente 166 indivíduos (83,8%) com observações completas. Vale destacar que, em estudo com o mesmo instrumento adaptado o item 3 “Assistência Pré Natal que você está recebendo” apresentou correlação baixa com o domínio e negativa com item 5, 28 e 29, resultando na sua exclusão**. 5. Resultados e Discussão 50 Tabela 5. Resultados da análise de consistência interna do domínio Saúde / Funcionamento. São Paulo, 2005. Scale Scale Corrected Mean Variance Item- squared Alpha if Item if Item Total Multiple if Item Deleted Deleted | Correlation Correlation Deleted ovi 350, 7922 4115,8035 0,3951 0,2444 0,8525 ov2 349, 5090 4069,7802 0,5170 0,6035 0,8477 qv3 350, 0542 4103,7152 0,4028 0,4088 0,8522 ova 357,7741 4156,6562 0,2934 0,1912 0,8578 ov5 358, 1958 3829,2690 0,5057 0,4703 0,8479 ov6 362,0211 3888,6708 0,4316 0,4079 0,8529 ov7 357,1386 3761,0716 0,5846 0,4608 0,8429 ovs 353,2771 3867,7530 0,6010 0,5168 0,8424 ovo 352,2259 3838,4684 0,6235 0,5337 0,8411 Qvio 349,3705 4101,1998 0,5481 0,5446 0,8474 QviS 351,5361 3919,5381 0,5585 0,4272 0,8447 Qvi8 351,2440 4028,3356 0,5419 0,3732 0,8464 Qvi9 351,3313 4064,1502 0,5134 0,3849 0,8477 Qv20 359,1235 3992,3619 0,4195 0,3054 0,8521 ov28 355,0783 3873,0393 0,5033 0,4268 0,8477 Qv29 348,6325 4259,7823 0,4280 0,4684 0,8527 a = 0,8567 Na análise de correlação entre os itens, destaca-se a questão 9, “Ter condições físicas para controlar sua vida” que apresentou a melhor performance (0,6235) demonstrando seu peso no domínio, juntamente com a questão 8 “Sua independência física” (0,6010). Em estudo que analisa a interferência da dor lombar na habilidade física, os autores apontam à repercussão da dor na Qualidade de Vida das mulheres grávidas*º. A questão 4 “Intensidade de desconforto que você sente” foi um item adaptado e obteve a pior performance de correlação no domínio (0,2934) e valor Alfa (0,8578) se fosse excluída. Optou-se por não retirar o item por não acrescer significativamente o valor de Alfa do domínio (0,8567). O desconforto como entendido no estudo pode ter sido um item muito genérico e abrangente que não influiu como o esperado neste domínio, pois pode não ter sido compreendido pelas mulheres. Neste item as autoras que adaptaram o instrumento para aplicação em gestantes, consideraram desconforto as ocorrências fisiológicas da gravidez como: náuseas, urgência miccional, azia e dor lombar. Outro estudo que utilizou o mesmo instrumento adaptado com 101 gestantes de uma comunidade carente de São Paulo apresentou o item 8 “Sua 5. Resultados e Discussão 53 Tabela 7. Resultados da análise de consistência interna do domínio Sócio/ Econômico. São Paulo, 2005. Scale Scale Corrected Mean Variance Item- Squared Alpha if Item if Item Total Multiple if Item Deleted Deleted Correlation Correlation Deleted Qvi6 162, 8090 2003,9801 0,4587 0,2937 0,7653 Qv17 160,8315 2115,9201 0,3086 0,1948 0,7806 ov21 161, 7416 2044,5575 0,3502 0,2834 0,7764 ov22 165, 7416 1946,7961 0,4845 0,3432 0,7608 ov23 166, 4663 1861,0159 0,6108 0,4589 0,7449 ov24 169, 1348 1689,2998 0,6128 0,5040 0,7381 ov25 176, 7472 1838,5802 0,3510 0,2324 0,7869 ov26 168, 1461 1705,1659 0,5611 0,4578 0,7473 Qv27 169,0112 1731,9999 0,5519 0,4239 0,7487 Alfa = 0,7826 Na análise de correlação o item 17 “Apoio que recebe das pessoas” apresentou a pior performance (0,3086), porém nada que justificasse sua exclusão, pois o acréscimo no valor do Alfa seria de 0,002. O item 24 “Seu trabalho” apresentou o maior valor de correlação neste domínio (0,6128), seguido do item 23 “Ter boas condições sócio econômicas” (0,6108) isto pode estar ligado ao fato de que, atualmente, um número cada vez mais expressivo de mulheres trabalha fora de casa e contribui com a renda da familiar, ou até garantem, inúmeras vezes, a subsistência familiar. O modelo da família tradicional de classe média brasileira, que consagrava uma divisão clara de papéis, em que geralmente o homem se envolvia com o trabalho remunerado, enquanto a mulher dedicava- se aos afazeres da vida familiar como: administração da casa e os cuidados com os filhos, passa a não ser mais comum em nossa realidade*º. Em estudo com o mesmo instrumento adaptado o resultado encontrado foi: item 27 “Sua independência financeira” com maior valor de correlação (0,6227) e o item 26 “Sua escolaridade” com menor valor de correlação no domínio (0,3358)**. Nota-se que os itens 24 e 27 com maior valor de correlação em ambos os estudos estão relacionados com poder aquisitivo. Desta maneira não foram observadas correlações negativas, que sugerisse a exclusão de algum item. O alfa neste domínio foi 0,7826. 5. Resultados e Discussão 54 ro Domínio Psicológico e Espiritual Neste domínio foram considerados 7 itens, sendo que nenhum deles apresentou dados faltantes, considerando 198 indivíduos (100%). Tabela 8. Análise de consistência interna do domínio Psicológico/Espiritual. São Paulo, 2005. Scale Scale Corrected Mean Variance Item- Squared Alpha if Item if Item Total Multiple if Item Deleted Deleted Correlation Correlation Deleted Qv31 155,4335 682,2696 0,6674 0,4993 0,8482 qv32 153,0080 824,8783 0,5182 0,3455 0,8679 qv33 157,1489 661,1970 0,6838 0,5050 0,8466 ov34 155,4548 709,3790 0,7305 0,5960 0,8401 qv3s 155,8963 724,6189 0,7348 0,5737 0,8411 Qv36 157,5053 718,2780 0,5479 0,4901 0,8659 Alfa = 0,8694 O item de melhor correlação neste domínio foi o 35 “Sua aparência pessoal”, 0,7348, e o item 34 “Estar satisfeito com a vida”, 0,7305 o que significa que o item pode influenciar em sua percepção de qualidade de vida. Na literatura alguns autores"? apontam as modificações na forma do corpo da mulher, como uma situação que interfere na percepção de sua auto-imagem ou de sua imagem corporal, com sentimentos negativos relacionados à sua forma física. Este item foi o que apresentou a menor correlação (0,48880) em estudo que utilizou o mesmo instrumento adaptado**. O item de menor correlação foi o 32 “Realizar seus objetivos pessoais” 0,5182, porém a sua exclusão não aumentaria o alfa. Nenhum item apresentou correlação negativa e o coeficiente alfa, considerando-se todos os itens, foi alto (0,8694). Dessa forma, não foi excluído nenhum item no domínio psicológico/ espiritua. 5.3.2 ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA GERAL. Com base nesses resultados, para cada domínio foram criados índices que consistem em escores que variam de O a 30. Foi realizada análise de consistência interna considerando cada domínio, como um item. Os resultados encontram-se na Tabela 9. 5. Resultados e Discussão 55 Tabela 9. Análise de consistência interna dos domínios do Índice de Qualidade de Vida. São Paulo, 2005. Scale Scale Corrected Mean Variance Item- squared Alpha if Item if Item Total Multiple if Item Deleted Deleted | Correlation Correlation Deleted QvsE 74, 6865 136,4310 0,7318 0,5679 0,7677 QVFA 71,1136 139,7153 0,5712 0,3287 0, 8316 Qvsc 76,9154 119,7424 0,6566 0,4409 0,8013 QVPE 72,3550 130,1736 0,7304 0,5702 0,7633 Alfa = 0,8348 É importante ressaltar que não foi excluído nenhum item dos domínios. Observando-se o Alfa de todos os domínios o de maior valor (0,8694) foi o do domínio Psicológico/Espiritual, seguido pelo domínio Saúde/Funcionamento com Alfa 0,8567. Os menores valores foram os do domínio Família com 0,6991 de Alfa e o Sócio/Econômico com 0,7826. Na análise de consistência interna, considerando os quatro domínios, o domínio que obteve a menor correlação foi o domínio “Família” com valor Alfa 0,5712, seguido do domínio Sócio/Econômico, com Alfa 0,6566. Os domínios Saúde / Funcionamento e o Psicológico / Espiritual foram os que apresentaram maiores correlações, com valores de Alfa 0,7318 e 0,7304 respectivamente. Os resultados encontrados coincidem com os apresentados por Kimureê, quando compara diversos estudos desenvolvidos com o mesmo instrumento e onde o domínio Família apresenta sistematicamente o menor Alfa. Para outro estudo” que utilizou o mesmo instrumento adaptado para gestantes o domínio Família também apresentou o menor valor de correlação entre os domínios e o domínio Psicológico/ Espiritual o de melhor valor. Considerando o Alfa Geral (0,8348) pode-se admitilo como satisfatório, ao aceitar o coeficiente de confiabilidade igual ou maior que 0,50. Caso o valor de aceite, adotado para o coeficiente de confiabilidade fosse 0,70, ou seja, o maior estabelecido pela literatura, o Alfa Geral (0,8348) também seria caracterizado como satisfatório. 5. Resultados e Discussão 58 À Qualidade e . Desvio de Vida Média Mediana padrão Qv8 192 2305 2400 813 0,00 30,00 OV9 196 2468 3000 792 0,00 30,00 QViO 196 2769 3000 555 0,00 30,00 QVIt 196 26,63 3000 655 0,00 30,00 Qvi2 441 2846 3000 5,08 0,00 30,00 OVi3 195 2753 3000 585 0,00 30,00 QVi4 198 2667 3000 7,18 0,00 30,00 QVIS 196 25,84 3000 7,13 0,00 30,00 QVI6 198 2410 2500 747 000 30,00 OVi7T 189 2718 3000 564 0,00 30,00 QVI8 196 2601 3000 5,96 0,00 30,00 OVI9 195 2594 2750 666 000 30,00 QV20 491 17,74 1800 858 000 30,00 QVv21 196 2603 3000 664 0,00 30,00 Qv22 1495 21,67 2250 6,90 0,00 30,00 QV23 192 21,41 2400 769 000 30,00 Qv24 451 19,05 2250 1022 0,00 30,00 QV25 444 11,22 1200 11,33 0,00 30,00 Qv26 190 1996 2325 10,18 0,00 30,00 OV27 187 1928 2250 9,99 0,00 30,00 Qv28 198 2181 2400 872 0,00 30,00 QV29 196 28,50 3000 423 250 30,00 OV30 196 2653 3000 649 0,00 30,00 QV31 198 2883 3000 380 0,00 30,00 Qv32 493 2477 2400 6,89 0,00 30,00 QV33 198 2641 3000 561 0,00 30,00 OV34 196 2597 3000 517 600 30,00 QV35 196 2440 2400 6,50 0,00 30,00 QV36 498 2504 2400 5,99 0,00 30,00 Mínimo Máximo 5. Resultados e Discussão 59 ro Segundo os valores apresentados na Tabela 10 em relação aos escores de Qualidade Vida, verifica-se que os itens 31, “Sua fé em Deus” (28,83), 29, “Ter essa criança” (28.50) e o item 12 “Seus filhos” (28,46) e o 2 “Sua gravidez” (27,81) obtiveram as maiores médias dos escores. O item com maior média de escore e portanto, com importante influência na vida das gestantes que participaram do estudo foi a “Sua fé em Deus”. Defini-se religiosidade como uma aposta em algo que não se vê, uma força que faz criar novas opções, e que por um ato de fé modifica comportamentos, supera dificuldades de forma inacreditável. Em muitos casos, torna-se suporte para a vida e a existência”. Na Antropologia, o padrão religioso é dado como universal; não se conhece povo que não tenha suas crenças e que não realize seus rituais, existindo uma variedade muito grande no padrão de comportamento em cada povo*S. Religião representa o sobrenatural, aquilo que foge do entendimento humano, estando acima das leis naturais e físicas**. Destacam-se dois elementos importantes em todas as religiões: a fé e o sobrenatural. Com relação à fé, sabe-se que a religião conta com um corpo doutrinário, um verdadeiro sistema de mitos. A crença é antes de tudo um ato de confiança, de respeito e reconhecimento, tornando-se de certo modo mais forte do que o conhecimento, pois, não supõe a compreensão. O conhecimento, ao contrário, existe para suprir a falta de entendimento com relação a muitos problemas existenciais humanos. Sendo assim a fé é a aceitação de certos enunciados tidos como certos e corretos, não porque sejam de fácil compreensão, mas porque alguém deu testemunho de que são verdadeiros*. Para aqueles que crêem, o sobrenatural é uma outra dimensão da vida, a mais importante e humana de todas. Essa idéia do que significa o sobrenatural pode variar entre as sociedades e culturas. É bem possível que a concepção do sobrenatural tenha decorrido da constatação de vários conflitos que acompanham o existir humano. A humanidade se vê diante do binômio conflitante do bem e do mal, do certo e do 5. Resultados e Discussão 60 ro errado; há quem assegure que o problema do bem e do mal perpassa toda a realidade humana. Percebe-se que o homem sempre procurou desenvolver um sistema global de conhecimentos que servisse para dar sentido à sua vida social. O conhecimento religioso tem este objeto, ao contrário da ciência, que restringe seu campo de conhecimento e de estudos apenas ao mundo sensível, isto é, suscetível de ser experimentado pelos sentidos, a religião existe para explicar tudo sem exceção, é tida como autoridade em todos os domínios, tem explicação para o sentido da vida, para a origem de tudo. Diante do exposto infere-se que a religião é forte na vida das gestantes e que a fé no sobrenatural, supre a falta de entendimento do que não tem explicação, dando sentido a vida. A possibilidade de gerar uma criança, os filhos, e a própria gravidez foram às questões subsequentes que se destacaram com as maiores médias dos escores. Desta maneira faz-se necessário destacar o que os estudos revelam acerca destas questões. A gestação e a fecundação do ser humano, desde tempos remotos, eram envolvidas por mistérios, tabus, preconceitos e rituais, que buscavam explicar o incompreensível, o não visto a causa geradora do ser humano, bem como o seu desenvolvimento. Os mitos em relação a gravidez eram e continuam sendo incontáveis, remontando aos tempos mais antigos, alterando- se de acordo com cada cultura e momento históricos. Na Antiguidade, a gravidez era extremamente valorizada, em razão da sua finalidade, a perpetuação da espécie. Em determinadas culturas, as mulheres grávidas eram colocadas acima da humanidade vulgar, sendo escolhidas por Deus para dar continuidade à vida humana, respeitadas e cultuadas através da religião”?. Faz-se aqui importante relacionar estas definições com os dados obtidos neste estudo, onde as questões de maiores médias dos escores atribuídas pelas mulheres gestantes foram a religiosidade e a possibilidade de ter um filho, ou seja, perpetuar a espécie gravidez. 5. Resultados e Discussão 63 Tabela 11. Estatística descritiva dos escores de qualidade de vida geral e por domínio. São Paulo, 2005. Índices de Qualidade de N Média Desvio Mediana Mínimo Máximo Vida Padrão IQV- Saúde/Funcionamento 198 23,67 403 24,35 544 30,00 IQV — Família 198 27,24 4,54 2938 0,00 30,00 IQV — Sócio/Econômico 198 21,44 5,20 2233 5,56 30,00 IQV — Psicológico/Espiritual 198 26,00 4,35 2743 429 30,00 IQV Geral 198 2384 381 24,42 5,86 29,67 O Gráfico1 ilustra melhor estes resultados em intervalo de confiança das médias. Observa-se que o domínio Família se destaca dos demais e o domínio Sócio / Econômico foi o que apresentou menor média. Houve sobreposição de intervalo de confiança no IQV Geral e no domínio Saúde/Funcionamento, onde suas médias encontram-se no mesmo espaço, não havendo diferença do IQV Geral com o domínio Saúde/ Funcionamento. 30,0 280 260 240 : : 220 : : + 200 95% CI N- 198] 198 188 188 188 IQV-SF IQV-FA IQV-SE IQV-PE IQVGeral Gráfico 1. Comparativo das médias dos escores do Índice de Qualidade de Vida geral e por domínio em intervalo de confiança. São Paulo, 2005. A Tabela 12 traz as médias dos escores de Qualidade de Vida Geral e por domínio nos trimestres de gestação e o Gráfico 2 ilustra melhor estes dados em intervalo de confiança. 5. Resultados e Discussão 64 Tabela 12. Comparação das médias dos escores de qualidade de vida geral e por domínio, nos trimestres de gestação. São Paulo, 2005. - an ; Desvio Au: IQV Trimestre N Média Mediana Padrão Mínimo Máximo p-valor 1º trimestre 64 24,29 2485 3,82 10,82 30,00 , 2º IQv- Saúde! trimestre 67 23,03 2421 3,79 10,74 29,65 Funcionamento o, trimestre 67 23,72 2421 441 544 2929 0,081 Total 198 23,67 24,35 4,03 5,44 30,00 1º trimenstre 64 28,29 30,00 3,21 15,00 30,00 2o IQV- Família trimestre 67 26,80 2850 4,74 6,00 30,00 3º trimestre 67 26,69 2850 5,25 0,00 30,00 0,029* Total 198 27,24 2938 4,54 0,00 30,00 te trimenstre 64 23,32 2431 447 6,31 30,00 o IQv-Sócio- trimestre 67 20,48 2088 5,20 5,56 2831 Econômico 3º trimestre 67 20,61 21,56 5,45 9,88 30,00 0,003* Total 198 21,44 2233 5,20 5,56 30,00 1º trimenstre 64 26,55 2743 4,07 4,29 30,00 IQV - 2º Psicológico/ trimestre 67 25,41 26,36 413 8,57 30,00 Espiritual 3º trimestre 67 26,07 2743 480 5,36 30,00 0,131 Total 198 26,00 2743 435 429 30,00 1º trimenstre 64 24,80 2510 3,43 9,19 29,67 po IQV Geral trimestre 67 2313 2347 3,57 12,25 29,23 3º trimestre 67 23,65 2443 424 5,86 2947 0,015* Total 198 23,84 2442 3,81 5,86 29,67 * estatisticamente significante (p<0,05) 5. Resultados e Discussão 65 30,0 280 1 : 1 I 280 : ' m IQV-sE o Ê 1 2 240 I : : = IQV-FA io : ' º t t ! 20 : : = IQV-SE : ! I 20,0 ! : = IQV-PE : : 1 180 ! = IQV Geral N= 64 64646464 676767676 67676767 67 1º trimenstre 2º trimestre 3º trimestre Trimestre Gráfico 2. Intervalo de confiança das médias dos escores do Índice de Qualidade de vida geral e por domínios, separados por Trimestre de gestação. São Paulo, 2005. No domínio Saúde / Funcionamento foi encontrada a média mais alta, no 1º trimestre (24,29) e a menor no 2º trimestre (23,03). Estes dados inferem uma possível correlação com as modificações fisiológicas próprias da gestação, as quais tendem a acentuar-se com o decorrer das semanas de gestação. Neste domínio estão agrupados itens que abordam essas mudanças. O Gráfico 3 ilustra melhor estes achados. Embora no 1º trimestre e no 2º haja sobreposição de intervalos de confiança, nenhum dos intervalos de uma média inclui a outra média, ou seja existe diferença do IQV no 1º trimestre e no 2º neste domínio. 5. Resultados e Discussão 68 20 as E E E as — E IQV - Psicológico Espiritual (1.0.95%) us E tºtrimensto 2º vimastre a trimesto Trimestre Gráfico 6. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida no domínio Psicológico/Espiritual, em cada trimestre de gestação. São Paulo, 2005. O Gráfico 6 demonstra bem estes dados, somente o 1º trimestre tem sua média fora do intervalo de confiança dos outros trimestres, demonstrando a diferença do Índice de Qualidade de Vida deste trimestre em relação aos outros. Quanto às médias do IQV Geral, a Tabela 12 mostra que o 1º trimestre obteve a maior média (24,80) em seguida o 3º trimestre (23,67) e finalizando o 2º trimestre (23,13). O Gráfico 7 apresenta melhor o comportamento destes dados. E E E —— IQV Geral (10.95%) ao E tºtrimensto 2º imastro ar imastro Trimestre Gráfico 7. Intervalo de confiança das médias do Índice de Qualidade de Vida Geral, em cada trimestre de gestação. São Paulo, 2005. 5. Resultados e Discussão 69 ro A Tabela 12 mostra que existe diferença estatisticamente significante do Índice de Qualidade de Vida Geral, Família, Sócio / Econômico onde o p> 0,005. Os domínios Saúde / Funcionamento e Psicológico / Espiritual, não apresentaram diferença estatisticamente significante. Desta maneira compararam-se os domínios que apresentaram diferença estatisticamente significante. Estes dados encontram-se na Tabela 13. Tabela 13. Resultado das comparações múltiplas. São Paulo, 2005. IQV— — IQV-— Sócio/ Comparações Múltiplas Família Econômico IQV Geral 1º trimestre X 2º trimestre 0,060 0,005* 0,037* 1º trimestre X 3º trimestre 0,044* 0,008* 0,252 2º trimestre X 3º trimestre 0,889 > 0,999 0,743 * estatisticamente significante (p<0,05) Pelos resultados obtidos destas comparações múltiplas, nota-se que no IQV domínio Família houve diferença estatística entre as gestantes do 1º trimestre com relação as gestantes do 3º. As gestantes do 1º trimestre apresentaram índices maiores de qualidade de vida. Nota-se uma tendência de diferença estatística entre as gestantes do 1ºtrimestre em relação as do 2º (p = 0,05). Não houve diferença significante na comparação das gestantes do 2º trimestre com as do 3º. O IQV para o domínio Sócio-Econômico apresentou diferença estatística entre as gestantes do 1º trimestre com relação as gestantes do 2º e 3º (p<0,05). As gestantes do 1º trimestre apresentaram índices maiores de qualidade de vida. Não houve diferença significante na comparação das gestantes do 2º trimestre com as do 3º trimestre de gestação. Analisando o IQV Geral, houve diferença estatística entre as gestantes do 1º trimestre com relação as do 2º. As gestantes do 1º trimestre de gestação apresentaram índices maiores de qualidade de vida. Não houve diferença significante na comparação das gestantes do 2º trimestre com as do S3ºtrimestre, assim como as do 1º trimestre X 3º trimestre de gestação. 5. Resultados e Discussão 70 ro Em outro estudo que utilizou o mesmo instrumento adaptado, a comparação das médias dos escores de Qualidade de Vida Geral e por domínio no 2º trimestre e 3º trimestre não demonstraram diferença estatisticamente significante, ou seja as gestantes apresentaram as mesmas médias dos escores de Qualidade de Vida independente do trimestre". 6. Conclusões 73 os domínios por ordem decrescente de média foram: Família (27,24), Psicológico/Espiritual (26,00), Saúde/ Funcionamento (23,27) e com a menor média o Sócio/Econômico (21,44). a média do Índice de Qualidade de Vida Geral dessas gestantes é relativamente alta 23,84. houve diferença significativa do Índice de Qualidade Vida das mulheres que participaram do estudo no domínio Família na comparação entre o primeiro trimestre de gestação e o terceiro, e no domínio Sócio/Econômico no primeiro trimestre em relação ao segundo e ao terceiro trimestres. houve diferença significativa do Índice de Qualidade de Vida Geral das gestantes do primeiro trimestre de gestação e as do segundo. Considerações Finais 7. Considerações Finais 75 ro O estudo permitiu verificar que a Qualidade de Vida das gestantes que participaram da amostra, é relativamente boa e que os trimestres gestacionais podem ter influência em sua percepção de Qualidade de Vida. Embora, os resultados deste estudo não possam ser generalizados e caracterizar a percepção de todas as gestantes sobre Qualidade de Vida, eles podem colaborar para a compreensão de certos aspectos individuais muitas vezes não percebidos ou não inferidos como importantes pelos profissionais da saúde. No momento da gravidez muitas modificações e adaptações acontecem com cada mulher e é importante que o profissional de saúde saiba identificar e amenizar os fatores que podem influenciar negativamente neste processo. Desta maneira, há necessidade de se buscar outras populações para aplicar o mesmo instrumento, de modo a possibilitar comparações que consolidem os achados e possam enriquecer o conhecimento sobre a temática. Vale destacar que para uma assistência de enfermagem com qualidade faz-se necessário conhecer a realidade da população e planejar o cuidado mediante suas necessidades que envolvem, também os aspectos sociais. O papel do enfermeiro neste processo é detectar, precocemente fatores que possam alteram a qualidade de vida das mulheres sob seus cuidados”. Qualidade de Vida é uma área individual e complexa, que pode receber influências ligadas à saúde e ao bem-estar, fazendo-se necessário o desenvolvimento de estudos que busquem identificar e avaliar os padrões de Qualidade de Vida estabelecidos pela população, permitindo uma compreensão acerca das áreas da vida percebidas pelo indivíduo como importantes e identificar os pontos nos quais gostariam de obter melhorias”. Cada pessoa tem valores, satisfações e planos tão essenciais quanto imprecisos, o que confere a cada indivíduo uma unicidade que não é previsível.” É essencial ressaltar que o Índice de Qualidade de Vida aplicado neste estudo, além de ser facilmente aplicado e compreendido, apresenta itens com características mais específicas acerca dos domínios, tornando-o um instrumento mais sensível às alterações que as pessoas possam apresentar. 8. Referências Bibliográficas 78 1. Gift AG. Clarifying concepts in nursing research. Springer Publishing 1997. 2. Ferreira ABdeO. Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 11ºed. Rio de Janeiro: Editora Gamma; 1975. 3. Cervo AL, Bervian PA. Metodologia Científica. 5º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall editora; 2004. 4. Chinn PL, Jacobs MK. Theory and nursing: A systematic Approach. St.Louis: C.V. Mosby; 1983. 5. Hickman JS. Introdução à teoria de enfermagem. In: George JB e colaboradores. 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Anexos 85 Anexo 1 Pall(S UNIVERSIDADE GUARULHOS TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que recebi orientação sobre a pesquisa “Qualidade de Vida na gravidez” que será realizada com o intuito de melhorar a assistência à saúde da mulher e cujo objetivo é de identificar o índice de Qualidade de Vida para as mulheres gestantes, utilizando uma adaptação do instrumento de Ferrans & Powers. Está claro para mim que minha participação no estudo limita-se a responder um formulário e entendo que nenhuma compensação será oferecida por eu participar e que minha assinatura neste documento, por livre e espontânea vontade, significa que concordo em agir como sujeito nas atividades de pesquisa que visam melhorar o tipo de atendimento efetuado. Por este termo ficou-me assegurado que as respostas obtidas serão mantidas em sigilo e que a qualquer momento posso interromper minha participação no referido Projeto. Declaro, ainda, que fui certificada de que os resultados deste trabalho poderão ser publicados ou utilizados em estudos futuros e que não há riscos para minha pessoa nas atividades a serem desenvolvidas. de 2005. Nome da participante Assinatura da participante RG. Profa Dra Rosa Áurea Quintella Fernandes Milena Butolo Vido Pesquisador Responsável — COREN 5532 COREN 61610 Telefone ( 011) 91985847 Telefone (019) 97677699
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