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Guias e Dicas
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Manual de silvicultura tropical, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Florestal

Natasha Ribeiro Almeida A. Sitoe Benard S. Guedes Cristian Staiss Maputo, 2002 Publicado com apoio da FAO, Projecto GCP/Moz/056/Net

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010
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Baixe Manual de silvicultura tropical e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! MANUAL DE SILVICULTURA TROPICAL Natasha Ribeiro, Almeida A. Sitoe Benard S. Guedes, Cristian Staiss Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de agronomia e engenharia Florestal Departamento de engenharia Florestal MANUAL DE SILVICULTURA TROPICAL Natasha Ribeiro Almeida A. Sitoe Benard S. Guedes Cristian Staiss Maputo, 2002 Publicado com apoio da FAO, Projecto GCP/Moz/056/Net - - iii 7. Análise silvicultural de uma floresta nativa 81 7.1. Generalidades 81 7.2. Normas para o levantamento silvicultura 81 7.3. Selecção, tamanho e forma das amostras 81 7.4. Dados necessários para uma caracterização silvicultural 86 7.5. Interpretação dos dados 87 7.6. Exemplo de uma análise silvicultural 89 8. Sis temas Si lv icul turais 100 8.1. Generalidades 100 8.2. Formas de domesticação 102 8.2.1. Transformação 102 8.2.2. Substituição 103 8.3. Tipos de sistemas silviculturais 104 8.3.1. Sistemas Monocíclicos 104 8.3.1.2. Subdivisão dos sistemas monocíclicos 106 8.3.1.2.1. Sistemas para florestas de baixa altitude 106 8.3.1.2.2. Sistema para florestas de alta altitude (primarias ou secundarias) 106 8.3.1.2.2.1. Sistema de regeneração natural ou artificial com dossel protector 106 8.3.1.2.2.2. Remoção do dossel superior de uma só vez 109 8.3.2. Sistemas Policíclicos 110 8.3.2.1.Sistemas de enriquecimento 111 8.3.2.2. Sistemas de melhoramento 114 3.2.2.3. Sistemas de desbastes 118 9. Questões especiais de transformação de florestas tropicais 121 9.1. Tratamentos silviculturais 121 9.1.1. Principais tipos de tratamentos silviculturais 122 9.1.1.1. Libertação 122 9.1.1.2. Refinamento 123 9.2. Técnicas silviculturais 122 9.2.1. Principais técnicas silviculturais 124 9.2.1.1. Anelamento 124 9.2.1.2. Perfurações 126 9.2.1.3. Envenenamento 127 9.2.1.4. Corte directo 128 10. Bib l ioogra f i a 121 - 1 - 1. Glossário Crescimento: Crescimento de uma planta é o aumento do tamanho ao longo do tempo (Louman et al., 2001), e a formação de novos órgãos (GTZ, 1986). O crescimento é expresso em termos de diâmetro, altura, área basal ou volume (Louman et al., 2001). Desbaste: É a redução do número de árvores que crescem num determinado povoamento, de modo a condicionar a competição, e dar as árvores restantes, mais espaço, luz e nutrientes para o seu bom desenvolvimento. Desrame: É o corte ou supressão natural ou artificial, dos ramos mortos ou vivos que se situam ao longo do fuste, para melhorar a qualidade da madeira. Estrutura vertical: É a distribuição de biomassa ao longo do perfil vertical do ecossistema (Louman et al., 2001). Estrutura horizontal: É a distribuição espacial das plantas numa determinada área (Sitoe, 1995). A estrutura horizontal pode ser coetânea ou disetânea. A primeira, corresponde a uma floresta, na qual a maior parte dos indivíduos de uma ou várias espécies pertencem a mesma classe de idade ou tamanho. A segunda corresponde a uma floresta na qual os indivíduos se encontram distribuídos em várias classes de tamanho, em forma de "J-invertida", uma distribuição típica das florestas nativas (Louman et al., 2001). Mortalidade: É a diferença entre o tamanho da população no ano X e no ano X+1, ou seja, a percentagem da população no ano X. A população ano X +1 representa a sobrevivência da população depois de 1 ano. A mortalidade pode variar de um ano para outro, e é função do número de árvores, do diâmetro dela e da idade (Louman et al., 2001). - 2 - Povoamento florestal: É uma parte da floresta, que se destingue evidentemente do resto da floresta, por causa da sua particular estrutura e composição das espécies arbóreas (Lamprecht, 1990). Recrutamento: É a entrada de novas árvores para um dado povoamento. O recrutamento também pode ser definido como sendo a entrada de árvores para classe diamétrica seguinte. Silvicultura: É a arte ou a ciência de manipular um sistema dominado por árvores e seus produtos, com base no conhecimento das características ecológicas do sítio, com vista a alcançar o estado desejado, e de forma economicamente rentável (Louman et al., 2001). Sistema silvicultural: É a sequência de amostragens, e tratamentos silviculturais, com vista a favorecer certas árvores, por forma a obter uma floresta com uma proporção de árvores de espécies comercias, desejáveis e cada vez mais vigorosas (Louman et al., 2001). Sistemas Monocíclicos: São aqueles que removem numa só operação todo stock de madeira comercial. Estes sistemas, modificam completamente a estrutura natural da floresta, com objectivo de criar florestas altas equiâneas. Os principais sistemas são: sistema de regeneração natural/artificial com dossel protector; sistemas de eliminacão do dossel superior de uma só vez, e em função da regeneração natural ou artificial das sementes e sistema monocíclico de melhoramento (Louman et al., 2001). Sistemas Policíclicos: São aqueles que manejam o povoamento em pé, e apenas, uma parte das espécies são aproveitadas. Estes sistemas modificam muito pouco a estrutura natural ad florersta, e o objectivo é de criar uma floresta alta multiânea e composta predominantemente por espécies de valor comercial. Os sistemas policíclicos podem ser subdivididos em: sistemas de enriquecimento, sistemas de melhoramento e sistemas de desbastes (Louman et al., 2001). - 5 - exclusivamente com as florestas plantações, e o mais independente possível do sítio natural, isto é, num meio artificial, e só artificialmente mantido. Ambas as subdivisões tem por objectivo fundamental, a produção de madeira (Lamprecht, 1990). Porém, a silvicultura moderna para além de produzir madeira, assume outras funções tais como: serviços (protecção, lazer, bem estar) ou bens (postes, resinas, cortiça, etc..). Independentemente dos objectivos em questão, é tarefa do silvicultor saber quando e como intervir na floresta de modo a conseguir um alto rendimento, mas sem afectar o equilíbrio ecológico. Estas questões só podem ser respondidas através do conhecimento das condições de sítio (sítio ecológico), por forma a ter-se uma ideia do tipo de intervenção silvicultural, capacidade de regeneração e crescimento, intensidade de exploração, mas por outro, lado para se ter uma base para a planificação do orçamento das actividades florestais - 6 - 3. Povoamentos florestais 3.1. Generalidades Povoamento florestal é uma parte da floresta que se destingue evidentemente do resto da floresta por causa da sua estrutura e composição espécifica particulares de espécies arbóreas (Lamprecht, 1990), e o tamanho mínimo situa-se entre 0.5-1 ha. De acordo com a estrutura os povoamentos florestais podem ser equiânios ou inequiânios. • Povoamentos equiânios, também designados por povoamentos regulares ou coetânneos, são aqueles que em determinado momento, as árvores pertencem à mesma classe de idade, isto é, a diferença de idades entre as árvores jovens e adultas não é superior a 20 % da idade de rotação (Loureiro, 1991). Povoamentos equiâneos, normalmente são povoamentos artificiais e poucos deles, senão nunca, são encontrados como povoamentos naturais, dada a dificuldade que existe de se conhecer a idade real das florestas nativas. Por exemplo, se a idade de rotação de um povoamento for de 50 anos, este será considerado equiâneo, se a diferença de idades entre as árvores jovens e adultas for inferior a 10 anos. • Povoamentos inequiânios, também designados por irregulares ou disetâneos, são aqueles que possuem pelo menos três classes de idade misturadas no mesmo povoamneto (Loureiro, 1991). Os povoamentos inequiâneos podem ser naturais ou artificiais. A floresta de miombo é um exemplo típico deste de povoamentos inequiâneos. - 7 - Quanto à composição os povoamentos podem ser puros ou mistos. • Povoamentos puros, são os constituídos por uma ou muito poucas espécie arbóreas e normalmente são artificiais (plantações), mas também podem ser naturais. Para povoamentos artificiais, podem servir de exemplos as plantações do projecto FO2 localizados em Marracuene (Maputo), Nova-Chaves (Nampula) entre outros locais e para os povoamentos naturais servem de exemplos, a floresta de mangal e mopane. Os povoamentos puros (naturais), podem ser o resultado da força de concorrência superior de uma determinada espécie arbórea, condições extremas devido ao clima (geadas, secas, fogos, pragas ou doenças, etc.), devido ao solo (solos permanentemente inundados, salinos, etc.) devido a topografia (terreno íngreme e acidentado, montanhoso, etc.) (Lamprecht, 1990). • Povoamento mistos, são os constituídos por várias espécies arbóreas, de tal forma que todas influenciam e determinam as circunstancias do meio ambiente do povoamento, por exemplo, a floresta miombo, as pradarias, etc. Entre os factores responsáveis pela formação de povoamentos mistos, destaca-se a coincidência de nichos ecológicos e equilíbrio de concorrência entre várias espécies arbóreas do povoamento (lamprecht, 1990). 3.2. Perpetuação dos povoamentos florestais A perpetuação dos povoamentos pode ser feita através de três regimes: alto-fuste, talhadia simples e talhadia composta. Alto-fuste é o sistema no qual a regeneração do povoamento se obtém através de sementeira e/ou plantio. Na talhadia simples, o maciço florestal obtém-se a partir da propagação vegetativa (rebrotação). Entre as principais espécies arbóreas usadas neste regime destacam-se as folhosas (por ex. Eucalyptus sp.), entretanto, também são usadas coníferas, por exemplo, Shorea robusta (Dipterocarpaceae). - 10 - 3. Árvores subdominantes- são aquelas cujas copas possuem dimensões menores e ocupam os espaços existentes entre as copas das dominantes e codominates e, apenas recebem luz directa na extremidade da copa; 4. Árvores dominadas- aquelas cujas copas se encontram sob as das classes anteriores e não recebem luz directa. 5. Árvores mortas ou que estão a morrer- neste caso não interessa à classificação do tronco ou das copas quanto à conformação, e geralmente estas árvores são removidas no primeiro corte que passe pelo povoamento. Com excepção da classe 5, nas restantes, as árvores são repartidas por 3 grupos consoante a qualidade do tronco e noutros 3 consoante a forma e dimensões da copa. Quanto à qualidade do tronco distingue-se: tronco bem conformado, tronco levemente defeituoso e tronco muito defeituoso. Quanto à forma e dimensões da copa distingue-se: copa bem conformada, copa levemente defeituosa e copa muito defeituosa. 3.3.1.2. Tipos de desbaste Os desbastes podem ser classificados em: desbaste pelo baixo, desbaste pelo alto, desbaste selectivo e sistemático (Loureiro, 1991). 3.3.1.2.1. Desbaste pelo baixo Consiste em eliminar a maior parte das árvores da classe dominada e subdominada, isto é, aquelas cujas copas se encontram nos níveis inferiores. Depois do desbaste pelo baixo restam no povoamento árvores da classe dominante e codominante. Neste método de desbaste distinguem-se 3 principais graus de intensidade (Tabela 1). - 11 - Tabela 1. Graus de intensidade do desbaste pelo baixo (GTZ, 1986) Grau de Intensidade Descrição do desbaste (Árvores a serem cortadas) A (leve) removem-se as árvores doentes, mortas, a morrer, dominadas e subdominadas. B(moderado) Cortam-se as árvores indicadas para o grau anterior e ainda removem- se gradualmente todas subdominantes, ocasionalmente as dominantes bem conformadas que estiverem muito juntas ou com copa excessiva, a maioria das codominates que apresentam defeitos na copa ou no tronco e com copa excessiva (árvores acoite 1 ). C (forte a muito forte) Cortam-se as árvores indicadas para o grau anterior e ainda algumas codominates bem conformadas , dominantes mal conformadas juntamente com algumas dominantes bem conformadas. A finalidade deste desbaste é deixar no povoamento árvores com uma copa bem desenvolvida e troncos muito bem conformados. A representação esquemática dos diferentes graus de intensidade, por baixo moderado e baixo forte comparativamente a um povoamento sem nenhum tratamento é mostrada a continuação (Figura 1). Povoamento sem qualquer tratamento 1 árvores que apresentam uma copa comprida e estreita que com a movimentação do vento toca as copas das árvores vizinhas e danifica partes delas - 12 - Desbaste baixo, moderado Desbaste baixo, forte Figura 1.. Representação dos graus de desbaste (GTZ, 1986) 3.3.1.2.2. Desbaste pelo Alto Cortam-se as árvores do estrato médio a superior do povoamento, com a finalidade de desafogar as dominantes e codominantes que interessa manter até ao final da rotação, isto é, os cortes são efectuados por cima, para abrir o estrato superior, favorecendo as árvores mais promissoras deste estrato. A finalidade deste método de desbaste é permitir que as árvores dos estratos inferiores venham atingir valor comercial. No desbaste pelo alto consideram-se dois graus de intensidade: - 15 - O desbaste selectivo requer uma inspecção individual das árvores e nalgum momento, necessita de desrame baixo para se poder efectuar a classificação das árvores. 3.3.1.2.4. Desbaste Sistemático É feito com base num espaçamento pré- determinado, sem considerar a classe das copas, muito menos a qualidade das árvores a serem retiradas. Este método, normalmente, é aplicado em povoamentos com muitas árvores e mais ou menos uniformes. Os cortes podem ser feitos segundo duas modalidades:(1) desbastar por todo o povoamento através da fixação de um determinado compasso médio, (2) desbastar por linhas ou faixas. • O desbaste sistemático, ignora os valores actuais e potenciais das árvores e remove indiscriminadamente árvores de boa ou má qualidade. 3.3.1.3. Vantagens e desvantagens dos desbastes I. Vantagens • eliminar as árvores com defeitos, como tortuosas, com ramos grossos, bifurcadas, com topo excêntrico, elíptico ou oval, árvores mortas, esmorecidas e doentes, concentrando para o futuro, o crescimento do povoamento com melhores árvores; • proteger as árvores com bom crescimento com boa forma de fuste e apropriadas para permanecerem no povoamento até ao corte final; • do ponto de vista de melhoramento genético, permite remover as árvores inferiores deixando no povoamento árvores com características superiores, aumentando assim a produtividade média na rotação actual e a qualidade genética para as rotações subsequentes; - 16 - • o corte das árvores de crescimento muito lento, melhora a percentagem de crescimento do resto do povoamento e concentra o incremento nas árvores das maiores classes diamétricas; e • facilita o acesso para a realização de actividades de maneio. II. Desvantagens • podem aumentar a vulnerabilidade das árvores do povoamento restante ao vento, e consequentemente elevar os custo de investimento resultantes do tombamento das árvores; • podem aumentar o investimento no povoamento, requerendo uma grande soma de receitas mais tarde para justificar a sua efectivação; • podem causar danos físicos às árvores do povoamento restante, compactação do solo e consequentemente reduzir o crescimento das árvores do povoamento restante; • podem aumentar a quantidade de material inflamável no chão e aumentar o risco de incêndios; e • diminui a percentagem do tronco aproveitável como por exemplo a madeira devido ao aumento da conicidade. 3.3.1.4.. Efeito dos desbastes 3.3.1.4.1. Efeitos fisiológicos Os desbastes reduzem a competição das árvores pela luz, humidade e nutrientes, melhorando deste modo as condições de sobrevivência e crescimento das árvore e consequentemente, diminuem a mortalidade natural, favorecem o crescimento e desenvolvimento da copa das árvores, crescimento dos rebentos dos ramos, raízes e folhas. - 17 - 3.3.1.4.2. Efeitos ecológicos dos desbastes Desbastes leves/moderados não afectam muito as condições ecológicas do povoamento. Mas, os desbastes fortes alteram as condições ecológicas e essa alterações, podem se manifestar através do aumento das temperaturas dentro do povoamento, aumento da quantidade de água que chega ao solo e redução da transpiração do povoamento. Mais água no solo e temperaturas mais altas melhoram as condições de vida dos (micro) organismos do solo, aceleram a decomposição da matéria orgânica provocando o aparecimento explosivo de vegetação daninha, sobretudo, em povoamentos compostos por espécies heliófitas. 3.3.1.4.3. Efeitos sobre as características silviculturais O efeito mais visível sobre as dimensões da árvore individual observa-se ao nível do diâmetro. Portanto, aumenta a conicidade, diminui o factor de forma e a percentagem de fuste aproveitável. Embora menos visível, os desbastes também influenciam o crescimento em altura e retardam o desrame natural, visto que os ramos recebem mais luz e permanecem vivos por mais tempo. 3.3.1.4.4. Efeitos sobre o desenvolvimento do povoamento Os desbaste influenciam a altura média do povoamento, o diâmetro médio do povoamento, e a relação volume médio das árvores desbastadas (Vd) e o volume médio das árvores remanescentes (Vp) (veja tabela 1). Os desbastes não alteram muito o volume total do povoamento mas, alteram o volume secundário (Vd) e o volume principal (Vp), porque, quanto mais intenso for o desbaste maior será o volume Vd consequentemente, menor VP. - 20 - 3.3.2.1. Programa de desrame Programa de desrame é um documento que contém informações sobre aspectos económicos, silviculturais, entre outros relevantes ao desrame, indica o momento, as dimensões, o número e as características das árvores a serem desramadas, indica a periodicidade do desrame, época, equipamento e métodos de desrame e outros aspectos silviculturais relevantes. 3.3.2.1. Momento da realização do desrame e critérios para sua definição O momento para a realização do desrames, depende de uma série de factores, entre os quais, a qualidade do sítio (que é dos mais importantes) e os objectivos da produção (estes irá determinar o comprimento do tronco desejado e o diâmetro máximo do núcleo nodoso aceitável). Em sítios de boa qualidade o desrame é realizado mais cedo que em sítios pobres, porque o crescimento é relativamente mais rápido. Os critérios mais frequentemente usados para definir o momento do desrame tem como base o diâmetro do fuste a altura do peito (1.3m), diâmetro da base dos ramos e altura das árvores. As dimensões mínimas recomendadas para cada um dos casos (critérios) são indicadas por tabelas especificas para o efeito. 1. Diâmetro do fuste e dos ramos O diâmetro das árvores(dap) situa-se entre 10 e 25 cm (Burschel at al., 1987; Loureiro, 1991). Se a referência for o diâmetro dos ramos, aconselha-se o desrame seja efectuado quando os ramos da base tiverem diâmetros entre 2 e 3 cm, porque, desramar ramos grossos pode provocar a formação de bolsas de resina e prejudicar deste modo a formação de madeira de boa qualidade. - 21 - 2. Altura das árvores A altura fixa a partir do solo, na qual a árvore deve ser desramada é muito variável. O critério mais frequentemente usado para determinar essa altura fixa, tem como base, a proporção de copa verde e a altura das árvores. Uma vez conhecida a altura das árvores, desrama-se 40 % da altura dominante (Lamprecht, 1990). Por exemplo, se a altura dominante for de 6 metros, isto significa que o desrame será feito até a uma altura correspondente a 2,5 metros. A definição da altura do desrame com base na altura dominante, leva a um tratamento desigual das árvores do povoamento, porque, sobrestima a altura algumas árvores e consequentemente, essas terão uma maior redução relativa de copa o que afectará negativamente o seu crescimento. 3.3.2. 3. Número e características das árvores a desramar O número de árvores a serem desramadas depende da densidade do povoamento, do regime de desbastes, do número de árvores no corte final, da qualidade das árvores e dos riscos (ventos, pragas, temperatura extremas). As características tomadas em consideração são: posição sociológica, qualidade do tronco, qualidade da copa, diâmetro dos ramos e sanidade das árvores. 3.3.2.4. Periodicidade, modos e época de desrame A periodicidade depende do equilíbrio entre vantagens de desramar mais intensamente e menos vezes, originando mais madeira limpa e a baixos custos, e as consequências negativas desse modo de proceder sobre o engrossamento das árvores. O desrame pode ser seco e/ou verde. No primeiro caso cortam-se ramos mortos e secos e essa operação é realizada sem problemas em qualquer época do ano. No segundo caso, cortam-se ramos verdes, geralmente da parte inferior da copa viva, e a operação é feita normalmente no período de estiagem porque, a cicatrização é - 22 - mais rápida e na madeira só permanecem nós vivos, permitindo assim a produção de madeira de alto valor comercial. 3.3.2.5. Equipamento, métodos e documentação do desrame O desrame pode ser feito de forma manualmente ou através de maquinaria. No primeiro caso é efectuado a uma altura entre 5-6 m empregando diversos tipos de serras curvas em função da altura e diâmetro dos ramos. Até a uma altura de 2,5 m usam-se serras manuais de cabo curto e acima de 2,5 m usam-se serra com cabos especiais que em função das necessidades podem ser aumentadas ou diminuídas. No segundo caso, empregam-se máquinas, que podem subir ao longo do tronco e desramar até 16 m de altura acima do solo. Entretanto, qualquer que seja o equipamento usado recomenda-se que se faça o corte num só golpe. A documentação do desrame serve para o controle do trabalho, o conhecimento da história do povoamento e serve como base para determinar o preço que a madeira deve ser vendida no fim da rotação. Para cada povoamento desramado deverão ser anotados os dados mais importantes que são (Burschel et al., 1987): Talhão, tamanho de superfície, idade do povoamento desramado, ano e mês de desrame, diâmetro médio das árvores desramadas, altura média do desrame, número de troncos desramados, ferramentas usadas para o desrame, custos da operação, etc.. - 25 - Figura 4. Distribuição das florestas em Moçambique (Sitoe, 1994) - 26 - 4.2. Floresta higrófila perenifólia (floresta pluvial tropical) As florestas higrófilas perenifólias, também designadas por florestas pluviais ou florestas equatoriais, estão concentradas na faixa equatorial situada entre 100 N e 10 °S, mas também podem ser encontradas para além dos limites equatoriais, prolongando-se até ao trópico de capricornio, como são os casos das florestas da serra domar no Brazil Nas proximidades do litoral, entretanto, elas podem ultrapassar de muito os limites equatoriais para chegar, como é o caso das florestas localizadas na Serra do Mar, no Brasil e na Austrália Oriental. Este tipo florestal ocorre em locais com regime pluviometrico entre 2000 a 4000 mm/ano Lamprecht (1990). A floresta higrófila perenifólia, subdivide-se em perenifólia de baixa e de altitude elevada (Lamprecht, 1990). 4.2.1. Floresta higrófila perenifólia de baixa altitude (até 800m sobre n.m.m) As florestas higrófilas de baixa altitude estendem numa área de aproximadamente 4 milhões de Km2, ocupando extensas áreas da Bacia da Amazónia, Orinoco e Congo, Golfo da Guiné, Índia Ocidental e Tailândia. Neste tipo florestal, as temperaturas variam muito pouco durante o ano (22-280 C), a chuva cai regularmente durante todo o ano, os solos na sua maioria são geologicamente envelhecidos devido a influência do clima quente e húmido (Lamprecht, 1990). A composição florística é extremamente rica, diversificada, regionalmente muito distintas e varia muito no espaço de pequenas áreas. O número de espécies arbóreas varia normalmente entre 60 e 80 (por vezes até 100 ou mais) e o número de árvores/ha com dap  10 cm pode atingir 600 indivíduos. A estrutura vertical caracteriza-se por apresentar e nalguns casos, difícil de delimitar um do outro, mas, em geral apresenta 3 a 4 estratos. A altura das árvores do estrato superior variam entre 45-55 (figura 5) e em casos excepcionais atingim 60 - 27 - m ou mais. As copas em geral são elevadas e não formam um dossel fechado pois, encontram-se geralmente isoladas ou em pequenos grupos. O segundo estrato apresenta um dossel relativamente mais denso e composto por árvores cujas alturas variam entre 30 a 35 m. Abaixo deste encontra se um terceiro estrato e, por vezes, um quarto estrato, cuja densidade de cobertura, depende do grau de penetração da luminosidade. Em geral, é rara a ocorrência do estrato arbustivo e herbáceo. Figura 5. Floresta higrófila perenifólia de baixas altitudes (Lamprecht, 1990) Fisionomicamente, as árvores apresentam casca lisa e geralmente fina, folhas normalmente grandes e com as bordas inteiras. Nas florestas pouco perturbadas da África, a área basal varia entre 23 e 37 m2/ha (Dawkins, 1958, 1959, citado por Lamprecht, 1990). Outros aspectos característicos deste tipo florestal, são a caulifloria e o desfolhamento observado em muitas espécies, frequente ocorrência lianas, epífitas e palmeiras(principalmente nos estratos inferiores), embora, em números inferiores comparativamente as florestas higrófilas pereniflolias de altitudes elevadas. - 30 - A ocorrência de espécies facultativamente caducifólias deve-se a características inerentes as próprias espécies e a duração e intensidade do período seco. Durante período seco, o solo fica recoberto por uma camada de folhas secas com uma espessura que atingir 10 cm. No período chuvoso todas as árvores enverdecem mais ou menos em simultâneo, assemelhando-se a uma floresta higrófila perenifólia. As florestas higrófilas caducifólias, apresentam em seu conjunto, um número menor de espécies arbóreas, um estrato arbustivo e herbáceo mais desenvolvido, e diversificado comparativamente as florestas higrófilas perenifólias. Nas florestas higrófilas caducifolias, a maioria das espécies floresce no fim da época seco e a frutificação ocorre no início da época chuvosa. Figura 7: Floresta higrófila subcaducifólia de baixas altitudes durante o período seco (Lamprecht, 1990) - 31 - Figura 8: Floresta higrófila inteiramente caducifólia, durante o período seco (de baixas altitudes) (Lamprecht, 1990). 4.3.1. Florestas xerófilas caducifólia É o terceiro maior tipo florestal entre as florestas tropicais de baixa altitude do mundo, ocupando uma área de de cerca de 530 milhões de ha (Lamprecht, 1990). A maior área localiza-se na África, ao Sul do Sahara ocupando extensas áreas da África Oriental, incluindo Países como Zimbabwe, Quénia, Tanzânia e Moçambique. Embora, em pequenas manchas este tipo florestal, também encontra- se na Ásia, Austrália e no continente americano. As florestas xerófilas podem ser abertas ou fechadas. A vegetação é predominantemente xerofítica e desfolhada em períodos secos, possue 1 ou 2 estratos, a produtividade é relativamente baixa e localizam-se em áreas com períodos secos que variam entre 5 a 7.5 meses, precipitações pluviométricas anuais entre 700 a 1000 mm e temperatura média anual entre 23 e 28 0C. Dependendo das condições do sítio, a altura das árvores varia entre 4 a 12 m e por vezes atinge alturas de 20 m e geralmente são retorcidas e nodosas, com copas baixas, largas e frequentemente umbiliformes. O número de árvores em média varia entre 200 e 300 indivíduos/ha. O número de espécies arbóreas/ha varia entre - 32 - 12 e 24 e, a maior parte delas são caducifólias (Cossa, 1995, citado por Frost, 1996) e o dap varia entre 30 e 60 cm. O estrato arbustivo, está quase sempre presente, e pode ser aberto ou fechado nalgumas vezes quase impenetrável quando formado por espinhosas. Os solos em geral apresentam um baixo grau de lixiviação 4.3.1.2. Miombo A palavra “Miombo” provém de várias línguas faladas no centro de África e denota uma ou mais espécies do género Brachystegia, Julbernardia, e Isoberlina angolensis (Fabaceas, Subfamilia Caesalpinioideae) como sendo as mais abundantes da região. Na África, o miombo ocorre somente ao sul do equador, em países como Tanzânia, Zâmbia, Zaire, Malawi, Moçambique e Zimbabwe numa extensão de aproximadamente 270 milhões de hectares (Celender, 1983; Campbell et al., 1996; Frost, 1996). O miombo é o principal tipo florestal de Moçambique (Figura 4) e ocupa aproximadamente 2/3 da superfície total, principalmente a norte do rio Limpopo (Sitoe & Ribeiro, 1995). Conforme as variações topográficas e fisiográficas, a estrutura e composição do miombo é modificada pelo clima, solo e altitude, distinguindo-se duma região para outra. A maioria dos solos, apresenta textura franco-arenosa e a taxa de argila cresce substancialmente com o aumento da profundidade. Em geral, são pobres em nutrientes, maioritariamente ácidos (pH entre 4-6), com baixa disponibilidade de fósforo e baixa capacidade de troca catiónica. A maioria dos nutrientes incorporados no solo, provém da decomposição das folhas que caem no solo. As árvores dos género mais predominante são todas ectomicorrizais, característica importante para elas puderem aproveitar a matéria orgânica directamente do húmus e dessa foram compensarem a baixa fertilidade dos solos do miombo. - 35 - outras espécie. Um estudo feito por Sitoe & Ribeiro (1995) em Niassa, Manica e Cabo Delgado (Tabela 4) encontrou várias que também são encontradas noutras áreas de miombo em outros Países (Celender 1993, Chidumayo 1995, citado por Frost, 1996). Tabela 4. Espécies mais comuns de miombo em três regiões diferentes de Moçambique (Sitoe & Ribeiro, 1995). Espécies Niassa Manica Cabo Delgado Annona senegalensis x x Brachystegia spp. x x Crossopterix febrifuga x x Diplorhynchus condilocarpon x x x Friesodielsia obovata x x Julbernardia globiflora x x Millettia stuhlmannii x x Piliostigma thonningii x Protea spp. x Pseudolachnostylis maprouneifolia x x x Terminalia stenostachya x x Terminalia sericea x x Uapaca kirkiana x x 4.3.1.2.2.2. Estrutura A floresta miombo apresenta geralmente 2 a 3 estratos. Os estratos inferiores em geral compõe-se de uma mistura de arbustos, árvores em regeneração, árvores jovens oprimidas pelas copas das árvores maiores, gramíneas, espécies forrageiras (Por exemplo: Digitaria sp., Eragrostis sp., Andropogon sp., Hyparrhenia sp. etc.) e fetos (no miombo húmido). A densidade das plantas (excluindo a camada herbácea) varia entre 1500-4100 plantas/ha. A densidade das árvores (com mais de 2 metros de altura) varia entre 380-400 árvores/ha. Em Moçambique as espécies dominantes como são o caso da Brachystegia spiciformis, Julbernardia sp. entre outras associadas à estas, desenvolvem-se bem em solos profundos (>3 m) e bem drenados, podendo atingir - 36 - 27 m em miombos densos, mas em geral poucas atingem alturas superiores 22 m. No miombo médio e pobre as árvores atingem alturas não superiores a 15 m. A área basal é muito variável e depende da precipitação média anual, temperatura média anual e evapotranspiração potencial (Figuras 1 e 2). Em miombos pobres adultos, a área basal ronda por volta de 7 m2/ha a(precipitação média 650 mm/ano) e no miombo denso, 22 m2/ha (precipitações superiores a 1200 mm/ano). Porém, casos há em que miombos densos atingem área basal de cerca de 55 m2/ha. Em média a área basal da floresta miombo varia entre7 a 19 m2/ha (Chidumayo 1987, citado por Frost, 1996). 0 5 0 100 150 200 250 0 500 1 0 0 0 1 5 0 0 2 0 0 0 Precipi tação média anual (mm) Á re a ba sa l ( m 2 / ha ) Figura 9. Relação área basal (Y, m2/ha) e precipitação média anual (P, mm). Construído através da equação alométrica: Y=0,14P + 4,14 (r=0.605, p<0.01) (Chidumayo 1987, citado por Frost, 1996). - 37 - 0 5 10 15 20 25 30 35 0 10 20 30 40 T/P (0C/m) Á re a ba sa l ( m 2 /h a) Figura 10. Relação área basal (Y, m2/ha) e a razão entre a temperatura média anual (T, ºC) e precipitação média anual (P, mm): Y= 6,571 e13,885/X, onde X= T/P (F1.21=13.40, p=0.0015) (Chidumayo 1987, citado por Frost, 1996). A área basal é um bom indicador do crescimento volumétrico (Figura 11) e a quantidade de biomassa aérea de um povoamento. O volume médio no miombo seco varia entre 14 a 59 m3/ha e no miombo húmido (manejado) entre 41-100 m3/ha (Endean, 1968 e Chidumayo, 1988b, citados por Frost, 1996; Lowore et al. 1994; Campbell 1996). A estimativa da biomassa arbórea dos diferentes componentes (tronco, ramos, folhas e raízes), pode ser feita através de equações de regressão que relacionam esses componentes com o diâmetro do tronco ou um outro parâmetro particular. Mas, porque o tamanho relativo das árvores varia de uma região a outra, estas equações não devem ser automaticamente utilizadas, devendo-se para o efeito, avaliar a sua fiabilidade ou caso contrário produzir equações para cada região. - 40 - Julbernardia é uma excepção. Julbernardia globiflora produz flores entre Novembro- Abril ao passo que Jubernardia paniculata entre Fevereiro- Abril (Figura 9). A maioria dos arbustos floresce durante a época chuvosa. Outros arbustos e algumas árvores (p.ex. Pterocarpus angolensis), e as herbáceas (p.ex. Rhynchosia sp. e insignis sp.), florescem depois da folheação ou em simultâneo com a emergência das folhas. Outras árvores porém, produzem flores quando ainda estão desfolhadas. A maioria da gramíneas floresce durante a época chuvosa, outras porém florescem na época seca ou só depois de passar fogo. 4.3.1.2.4. Frutificão e dispersão de sementes A época de frutificação no miombo varia de ano para ano. Essa variação é relativamente mais pronunciada em miombos adultos que em miombos jovens (Chidumayo 1993a, citado por Frost, 1996). Falhas na frutificação podem ocorrer como resultado da floração deficiente, deficiências na polinização, ataque de pragas/doenças, predação , etc Espécies Meses Ju Ag Se Ou No De Ja Fe Ma Ab Ma Ju Brachistegia spiciforme Isoberlinia angolensis Julbernardia globliflora Julbernardia paniculata Parinari curatellifolia Pterocarpus angolensis Uapaka - 41 - kirkiana Figura 13: Fenologia reprodutiva de algumas árvores do miomboSombreado= Floração; Preto=Maturação e dispersão de frutos/sementes (Frost, 1996). A dispersão de sementes da maioria da árvores e arbustos do miombo ocorre entre Agosto-Novembro. A dispersão das sementes pode ser feita através do vento, explosão das vagens ou animais (Tabela 5). A dispersão das sementes do estrato superior do dossel, composto maioritariamente por árvores com frutos em forma de vagem, é feita principalmente através da explosão das vagens (por exemplo, Brachystegia spp e Isoberlina angolensis) e através do vento (Albizia sp. e Pterocarpus sp). Frutos carnudos, são mais frequentes no estrato intermédio ou ao nível do sub- bosque arbustivo e, a dispersão de sementes é feita principalmente por pássaros e mamíferos (por exemplo, Strichinus sp., Tabernamontana elegans, etc.). Tabela 5: Formas de dispersão de sementes das árvores e arbustos da miombo Classe de árvores Tipo de fruto Agente dispersor carnudo vagem outros vento vagem explosiva animais Estrato superior 15 78 7 22 59 19 Estrato intermédio 48 24 28 24 4 54 Arbustos 67 24 9 9 9 82 Fonte: Chidumayo (1996). A distância de dispersão das sementes é variável. Mas a maioria das sementes provenientes das vagens caem ao redor da planta mãe, dentro de um raio entre 2-4 m e, excepcionalmente atingem um raio superior a 10 m. As distâncias mais longas observadas são feitas pelo vento, entre 28-100 m, ou mais e entre 5-10 m ou mais para dispersão por animais. - 42 - 4.3.1.2.5. Germinação das sementes Em geral, a maioria das sementes germina pouco tempo depois de atingire o solo, mas, a quantidade de sementes que germina é inferior que aquele que atinge o solo. Pragas e doenças são alguns dos factores apontados como sendo responsáveis pela redução da viabilidade de algumas sementes no banco de sementes. A germinação é mais intensa quanto maior for a quantidade de água disponível no solo, p.ex., depois de uma chuva intensa (Campbell 1996; Chidumayo 1999a, 1992a, citado por Frost, 1996). Sementes de algumas espécies, como por exemplo, Pterocarpus angolensis, só germinam depois do fogo ter passado por elas. O período de dormência das sementes no solo varia, de uma espécie para outra, por exemplo, as sementes de Brachystegia e Julbernardia, mantém a viabilidade poucos anos, ao passo que as sementes de Afzelia quanzensis e Swartzia madagascariensis, mantém-se viáveis por muito mais tempo (Chidumayo 1993a, citado por Frost, 1996). O período de germinação para a maioria das espécies do miombo varia entre 2 a 6 semanas sob condições de humidade favoráveis, e até 10 semanas sob condições de seca. A maioria das sementes perde viabilidade e apodrece caso estas não germinem durante a primeira época chuvosa. Pterocarpus angolensis é uma excepção, porque ela só germina na estação chuvosa da época seguinte. Outras espécies tais como, Isoberlina angolensis e Julbernardia globiflora minimizam o risco de perda de viabilidade, dispersando as suas sementes no início da época chuvosa seguinte. 4.3.1.3.6. Regeneração e crescimento A regeneração natural das árvores do miombo, pode ser feita através da rebrotação das toiças, banco de sementes (no solo) ou banco de plântulas (no estrato herbáceo). Mas a maioria das árvores regenera através da rebrotação e do banco de plântulas e, no caso de rebrotação as taxas de sobrevivência são elevadas (95 % em miombos - 45 - 4.4.1.3. Composição e estrutura dos mangais Dentro do mangal, as condições edáficas, a duração das inundações, o teor salino da água, a dinâmica e a frequência das marés sobretudo, determinam a composição da floresta. Vezes há, em que o mangal é composto por uma ou muito poucas espécies, noutras, ela apresenta uma composição mais rica e diversificada. As espécies do mangal são heliófitas (Lamprecht, 1990). Na África Ocidental, as espécies mais comuns segundo Semesi e Howell (1985); Lamprecht (1990) são: Rhizophora mucronata, Bruguiera gymnorrhiza, Ceriops tagal, Xilocarpus granatum, Xilocarpus muluccensis, sonerratia alba, Avicennia marina, Avicennia officinales, Heritiera littorales, Lumnitzera racemosa e Acrostichum aureum. Na costa moçambicana, as mais comuns são: Avicennia marina, Rhizophora mucronata, Bruguiera gymnorrhiza, sonerratia alba, Heritiera littorales, e Lumnitzera recemosa (Saket e Matusse, 1994). A Figura 10, mostra de forma esquemática o perfil da composição florística do mangal, do mar para a plataforma continental. Devesse referir, que este modelo não é universal e, pode ser modificado pelos factores atrás referidos (condições edáficas, a duração das inundações, a dinâmica e a frequência das marés, temperatura da água, sedimentação, clima etc.). O número 1, representa o primeiro cinturão, no qual o número de inundações por ano varia entre 240-730, a salinidade é quase constante e igual ao do mar e, as espécies mais predominantes são: Avicennia marina e soneratia alba. No segundo cinturão as espécies mais predominantes são Rhizophora spp., Bruguiera spp. e Ceriops tagal e, o número de inundações por ano varia entre 120-230. Nos restantes cinturões, o número de inundações por ano não é superior a 110 e, são dominadas por espécies várias espécies tais como, Xilocarpus spp., Lumnitzera spp., Laguncularia racemosa, e Conocarpus erecta. - 46 - Figura 14. Perfil esquemático de um mangal intacto mostrando os diferentes cinturões da plataforma marítima a continental (Lamprecht, 1990). Legenda: 1 Rizophora mangle com plantulas, 2 Avicennia nitida com plantulas 3 Laguncularia racemosa, 4 Conocarpus erecta 4.4.1.4. Adaptações do Mangal às difíceis condições do sítio Os solos do mangal, geralmente são aluviais e hidromórficos (FAO, 1994). Quanto à composição, eles podem ser arenosos, argilosos ou formados por sedimentos minerais e orgânicos (Lamprecht, 1990). Devido a falta de Oxigénio, os solos apresentam uma coloração cinzenta a cinzento- escuro, com odor desagradável e possuem um teor salino muito elevado. Os mangais sobrevivem numa grande variedade de solos, mas, os mais favoráveis são aqueles composto por sedimentos ricos em húmus e com uma certa participação de área, porque a falta de oxigénio não é tão acentuada. As condições desfavoráveis do sítio obrigam a que as árvores desenvolvam mecanismos de sobrevivência tais como folhas suculentas (brilhantes e pilosas) para reduzir a transpiração. O fornecimento de oxigénio é assegurado por raízes pneumatóforas, também chamadas raízes aéreas. Nas espécies do género Rhizophora as raízes - 47 - formam-se desde a copa ou do tronco, até ao solo. Avicennia spp, Xilocarpus spp. e Sonneratia spp. formam raízes delgadas e que descrevem um percurso sinuoso sobre o solo (Figura 15). Figura 15: Sistema radicular de Xilocarpus spp. (Semesi & Howell, 1985) O sistema radicular para além de garantir um nível eficiente de respiração, absorção de água e nutrientes, permite uma suficiente fixação da árvore no solo em condições extremamente difíceis de inundação. Por outro lado, presta uma contribuição substancial na formação do solo, retendo materiais flutuantes ou imersos de natureza orgânica, como por exemplo material limoso, arenoso, etc.., trazidos pelo fluxo e refluxo da maré. O outro mecanismo de sobrevivência das árvores do mangal, tem haver com a estratégias de dispersão. Algumas espécies como por exemplo Bruguiera gymnorrhizai forma um propágulo (Figura 16) que desenvolve o seu sistema radicular ainda na árvore e, quando cai sobre o solo, caso as condições forem, estabelecesse entre dois a três dias e, começa crescer imediatamente. - 50 - Figura 17: Ilustração de um mangal com áreas degradadas (Semesi & Howell, 1985) 4.4.1.7. Consequências da destruição dos Mangais Qualquer acção destruidora sobre a floresta mangal, resultará em perdas de um ou muitos dos seus valores. Os principais efeitos negativos são (Semesi & Howell, 1985): • redução da produção de madeira e lenha que resulta no abaixamento da receitas pagas ao governo; • redução da fauna e flora dependente dos mangais com notável decrescimento da pesca de camarão; • Incremento da erosão costeira, que pode ter efeitos muito negativos para as construções das vilas tais como residências locais, hotéis, etc.. - 51 - • Incremento de sedimentação de recifes e corais que resulta na redução da produtividade de peixes e redução do turismo. 4.4.1.8.Regeneração natural e artificial do mangal 4.4.1.8.1. Regeneração natural Comparativamente a outras formações florestais, a regeneração do mangal pode ocorrer naturalmente e de forma satisfatória, através de sementes caso o ecossistema não tenha sido muito perturbado (Semesi & Howell 1985). As causa s mais frequentes da fraca regeneração natural são: • abate completo de uma determinada área de mangal onde a regeneração é fraca devido às alterações causadas ao solo e microclima. em algumas zonas, a exploração total provoca o surgimento massivo de infestantes como acrostichum aureum impedindo a emergência da regeneração das plantas; • grandes quantidades de estacas deixadas no solo após o abate numa determinada da área do mangal. Estas, podem interferir na dispersão de sementes e comprometer a regeneração natural do mangal; • animais como hipopótamos, macacos, caranguejos e outros que se alimentam das plantas do mangal, podem comprometer sobre maneira a regeneração natural; • alteração dos níveis de salinidade das águas, nas zonas onde ocorrem (que pode ser causada pela actividade humana); • exploração selectiva ou total de uma determinada área e; • drenagem deficiente do solo e ocorrência de insectos que danificam a regeneração, ect. A água do mar é o agente dispersor de sementes e propágulos mais importante dos mangais A maioria das espécies tem adaptações que lhes permitem flutuar no mar durante tempos relativamente longos e, sem perder o poder viabilidade. Por exemplo, Bruguiera gymnorrhizae Rhizophora mucronata podem flutuar no mar - 52 - cerca de 117 e 50 dias respectivamente, aguardando por condições óptimas para o estabelecimento e crescimento (Lamprecht 1990). A regeneração natural em geral tem vantagens e desvantagens. Entre as vantagens encontra-se a facilidade de adaptação às condições do sítio ecológico (segurança ecológica), menores custos de estabelecimento; menores possibilidades de insucessos e em geral não requer grandes perturbações do solo. Entre as desvantagens encontra-se a desigualdade da densidade na regeneração das sementes; menor controle do espaçamento, não é fácil introduzir plantas geneticamente melhoradas; possibilidade de atrasos e falhas na regeneração; os povoamentos podem não são aptos para uma extracção mecanizada; dependência de anos de boa frutificação e do rendimento de sementes e esforço elevado de cuidados. 4.4.1.8.2. Regeneração artificial O êxito da regeneração artificial depende de aspectos ambientais e silviculturais. Sempre que possível, é necessário assegurar que as características naturais do solo estão presentes, caso contrário o terreno deve ser previamente preparado, assegurar que o regime de marés não está alterado, conhecer a fenologia e a sucessão das espécies a reflorestar, se necessário estabelecer viveiros e respeitar recomendado para cada uma das espécies. Por exemplo, o transplante imediato de propágulos do pomar de sementes (propágulos), para os locais de reflorestamento localizados em áreas propensas à inundações ou infestadas por caranguejos, pode não ser êxitosa. Nesses casos, recomenda-se que o plantio dos propágulos primeiro seja feito num viveiro e, o transplante para o local de reflorestamento seja feito só quando as plantas tiverem atingido alturas suficientemente boas e, que lhes permitem sobreviver às condições do sítio definitivo. O espacamento entre as plantas varia de uma espécies para outra, por exemplo, entre plântulas Rhizophora apiculata, em terrenos frequentemente inundados é de 1.5 X 1,5 m e, Rhizophora mucronata, 1,8 X 1,8 m. Considerações mais detalhadas sobre a regeneração do mangal podem ser vista em FAO (1994) e KULIMA (1999). - 55 - 4.4.2.5. Florestas de Campinas Este tipo florestal ocorre em podzolos húmicos formados a partir de silicatos muito ácidos, arenitos, areias oligotróficas, sedimentos marinhos e outros substratos semelhantes. O factor determinante do sítio é o caracter extremamente oligotrófico dos solos e tal como nas floresta paludosas, nestas, os solos também são formadas por camadas impermeáveis e com um sistema de drenagem deficiente. Os principais centros florestais localizam-se na Guiana, Sarawaka e Brunei e, em geral compõe-se de espécies de alto valor comercial. Em África praticamente não existem florestas de campinas. A floresta de campinas podem ser distinguidas de outras florestas limítrofes, devido a ocorrência de espécies típicas do género Mirtacea. e Mirmocoricas (plantas habitadas por formigas), plantas carnívoras do gêneros Brossera, Nepenthes e Urticularia, folhagem predominantemente de cor avermelhada um tanto pálida entre outras (Lamprecht, 1990). Os solos das florestas de campinas embora piores do que as florestas pantanosas são utilizadas para agricultura de queima roça, uma prática que leva a uma rápida degradação florestal originado savanas abertas e sem valor comercial, povoadas por poucas árvores e arbustos em geral de crescimento lento. 4.4.2.6. Florestas tropicais naturais de coníferas De um total de 50 géneros de coníferas espalhadas pelo Mundo, algo mais do que 20 encontram-se nos trópicos, perfazendo nada menos do que 200 espécies. A área total ocupada por florestas tropicais naturais de coníferas compreende cerca de 34.3 milhões de hectares. A maior parte, com um total de 24.7 milhões de hectares fica na América Latina, concentrando-se na América Central e no Caribe. A Ásia conta com uma área de 8.4 milhões restando para África apenas 1.2 milhões de hectares. - 56 - A Ásia Oceânica embora ocupe uma área relativamente menor que aquela que é ocupada pela América tropical, é a que mais géneros de coníferas possui. De acordo com as exigências ecológicas e comportamento relativo à sucessão pode-se distinguir dois grupos de coníferas: • O primeiro grupo é formado por pioneiras heliófilas, caracterizadas pelo baixo nível de exigências ecológicas e pelo rápido crescimento. Representantes típicos deste grupo são os Pinus, capazes de povoar novas terras, savanas, machambas abandonadas e pastagens, de preferência sob condições desfavoráveis para folhosas pioneiras, como seriam o clima demasiado frio e/ou seco, bem como solos degenerados, oligotrópicos e pouco profundos. os Pinus são favorecidos pelo fogo quando os incêndios são relativamente raros e suficientemente intensos para eliminar totalmente a camada arbustiva. • O segundo grupo compõe-se de coníferas mais ou menos esciófilas. Exemplos típicos são os Podocarpus rospigliosii e Agathisdamnara sp. que regeneram em povoamentos fechados. Tabela 6: Distribuição e géneros de coníferas nos trópicos (lamprecht, 1990) Área Tropical da Género Ásia Oceânica América África Abies X Agathis X Araucaria X X Autrotaxus X callitris X X Cephalotaxus X Chamaecyparis X Cunnenghamia X Cupressus X Dacrydium X Juniperus X X Keeteleria X Libocedrus X Phyllocladus X Pinus X X Podocarpus X X X - 57 - Taxodium X Tsuga X De um modo geral a caracterização das coníferas restringe-se à ocorrência em colónias e, em muitos caso formam povoamentos puros. Todas as florestas naturais de coníferas tem um valor económico relativamente elevado e, não obstante, a existência de condições muitas vezes favoráveis para o maneio, ainda falta na maioria dos casos um maneio regular sustentado. 5. Dinâmica de florestas nativas 5. 1. Generalidades Dinâmica florestal é o mecanismo através do qual a floresta se mantém em equilíbrio, mantém a sua estrutura e composição ao longo do tempo (Lamprecht, 1990). O estado actual de um povoamento florestal é resultado da interacção de vários processos em particular o crescimento, a mortalidade e a regeneração Vários autores, entre os quais Lamprecht (1990), Whitmore (1991) e Jordan (1993) advogam a existência de dois grandes grupos de espécies de acordo com os requerimentos de luz para a regeneração e estabelecimento, nomeadamente: escifitas e heliófitas: As esciófitas, também designadas por “tolerantes à luz”; “strugglers” ou “umbrófilas” que são aquelas que podem germinar e estabelecer-se na sombra. Estas, apresentam estratégia "k", são colonizadores tardios e podem ser classificadas como esciófitas parciais e esciófitas totais, sendo as totais aquelas que suportam intensidade de sombra densa (Sitoe 1995). Exemplos de espécies esciófitas: Casuarina equisetifolia, Acacia albida, Acacia nilotica e Kaya senegalensis. - 60 - vegetação, como por exemplo em materiais de origem vulcânica, sedimentos depositados por rios, etc.. A sucessão primária é lenta e, em geral inclui uma fase de melhoramento do sítio, na qual, as espécies fixadoras de nitrogénio podem ter um papel preponderante. Sucessão secundária, é o processo de recuperação da floresta depois de uma perturbação(abertura de uma clareira). Em casos de clareira grandes, a sucessão inicia com o desenvolvimento de uma vegetação herbácea para dar lugar uma vegetação arbórea para depois dar lugar a uma vegetação arbórea, que com tempo vai assumindo a estrutura e composição da floresta original. Neste tipo de sucessão a recuperação da floresta depende completamente da rebrotação e germinação das sementes presentes no banco de sementes. Exemplos: recuperação de terrenos agrícolas abandonados, recuperação da floresta após o aproveitamento 5.1.2. Estágios de sucessão Quando a sucessão ocorre em sítios livres da vegetação original, ela ocorre em três estágios a saber: estágio de floresta incipiente, estágio de floresta em transição e estágio de floresta madura. 1. Estágio de floresta incipiente Uma superfície nua (não arborizada) constitui o ponto de partida de uma floresta incipiente e, muitas vezes, são áreas que resultam do desmatamento decorrente da acção antrópica (exploração, queimadas, etc.) ou desmatamento natural (furacões, incêndios, deslizamento do solo, mudanças de rumo nos cursos de águas, etc.). Nesta etapa distinguem-se três fases de desenvolvimento: Primeira fase: constituí-se de herbáceas e arbustos pioneiros e compreende os primeiros 3 anos de estabelecimento. As espécies arbóreas presentes compõe-se de - 61 - arbustos densos, espécies sobreviventes (rebrotação) e plantas jovens nascidas de sementes imigrantes (espécies pioneiras agressivas e heliófitas). Segunda fase: corresponde à de povoamentos secundários de 4 a 7 anos, dominados por espécies heliófitas de grande agressividade e rápido crescimento em altura. Em virtude de predominância de poucas espécies formam-se povoamentos homogéneos, e com uma tendência a formação de dois estratos. Terceira fase: inicia na idade dos 8 anos e caracteriza-se pelo desaparecimento progressivo das espécies heliófitas, provocado pela intensificação da competição intra e inter-específica. O número de espécies esciófitas aumenta continuamente. O estágio de floresta incipiente encerra-se após 15 a 20 anos marcando de seguida o inicio da fase de floresta em transição. 2. Floresta de transição A floresta de transição contém espécies heliófitas e espécies esciófitas da floresta madura (floresta primária). No estrato superior continua frequente a presença de espécies heliófitas e no(s) estrato(s) inferior(es) dominam espécies esciófitas, com a ocorrência frequente de dois estratos mais ou menos pronunciados (Tabela 8). O número de espécies arbóreas por unidade de área aumenta significativamente, os quocientes de mistura baixam, a abundância relativa das espécies esciófitas aumenta e os povoamentos vão se tornando mais heterogéneos (Lamprecht, 1990). Segundo o mesmo autor, a floresta de transição, após cerca de 60 a 80 anos, é sob o ponto de vista fisionómico, amplamente semelhantes às lorestas maduras. Elas apresentam 3 ou mais estratos, variando em termos de espécies e dimensões (altura e diâmetro) em pequenas áreas de forma muito heterogénea. Os estratos inferiores e a regeneração compõem-se, na maior parte de espécies esciófitas capazes de suportar a sombra por muito tempo. Segundo Lamprecht (1990), não existem dados - 62 - confiáveis a respeito da duração desta fase mas, estimativas indicam um período entre 200-600 anos. Tabela 8. Distribuição por estratos das espécies de uma floresta de transição Estratos Heliófitas Esciófitas Estrato superior 74 30 Estrato intermédio 34 37 Estrato. inferior 47 75 Total 155 142 Fonte: Adaptado de Lamprecht (1990) A tabela acima evidencia uma grande participação de espécies heliófitas no estrato superior. Os estratos inferiores são dominados por espécies esciófitas, aguardando condições favoráveis para maior crescimento, e apenas poucas possuem capacidade de crescer até ao estrato superior. A dominância de espécies heliófitas no estrato superior sugere uma intensidade de sombra média a densa, proporcionando condições favoráveis a regeneração das espécies esciófitas. As abundância relativas dos dois grupos de espécies corresponde a mais ou menos 50 %, o quociente de mistura é alto, revelando um povoamento homogénea em termos de participação dos dois grupos de espécies. 3. Floresta madura A floresta madura (floresta primária), é extremamente diversificada. Contém espécies heliófitas mas, a participação de espécies esciófitas é muito mais pronunciada portanto, apresenta uma estrutura e composição variada (tabela 9). - 65 - Distribuição das sementes das dominantes pássaros, vento pássaros, vento vento gravidade, mamíferos Madeira e tronco das dominantes muito mole, diâmetros pequenos muito mole, diâmetros < 60 cm leve até médio dura e pesada, grandes diâmetros Tamanho das sementes pequeno pequeno pequeno até médio grande Tabela 10. Resumo dos estágios de sucessão (...Continuação). Diferentes estágios Parâmetros Incipiente Transição Madura Cedo Tarde Viabilidade das sementes longo, latente no solo longo, latente no solo curto até longo curto Trepadeiras abundante, mas poucas espécies abundante, poucas espécies abundante abundante, muitas espécies lenhosas Arbustos muitos, mas poucas espécies abundantes poucos poucos em número mas muitas espécies Fonte: Jordam (1993) 5.2. Dinâmica da regeneração (caso duma floresta tropical higrófila) Cada tipo de regeneração surge em dependência de numerosas pré- condições que normalmente diferem entre espécies arbóreas individuais ou grupos de espécies. A dinâmica da regeneração depende dos seguintes: presença em quantidade suficiente de sementes viáveis; condições edáficas e climáticas à altura das exigências da germinação e crescimento de cada espécie ou grupo de espécies, factores bióticos (insectos, fungos, pássaros, morcegos, macacos e outro) e abióticos (calor, humidade, factores mecânicos accionados por animais selvagens etc,) (Lamprecht, 1990). Os animais consumidores de sementes, contribuem para dispersão destas, visto algumas sementes só germinam satisfatoriamente após terem passado pelo trato digestivo destes. Pragas e doenças e a concorrência entre plantas pode comprometer a regeneração. - 66 - De um modo geral os factores decisivos para o êxito da regeneração são as condições locais de luminosidade. Por exemplo, a regeneração das espécies heliófitas tem a sua condição de êxito restritas às áreas abertas e clareiras de maiores proporções (> 0.2 hectares). As heliófitas adquirem muito cedo a capacidade de regeneração e já no primeiro ano de seu estabelecimento produzem sementes viáveis, frutificam anualmente e em alguns casos, várias vezes por ano, e em geral em grande abundância. As sementes são facilmente transportáveis, leves, aladas, flutuantes, dispersadas pelo vento e pássaros a distâncias relativamente grandes (Lamprecht, 1990). As sementes são capazes de ficar dormentes durante muito tempo, esperando que se criem condições favoráveis para sua germinação. O mesmo autor constatou em estudos efectuados numa floresta madura que em cada metro quadrado da floresta e a 1 cm de profundidade da camada superior do solo a presença de cerca de 73 sementes viáveis de uma espécie heliófita e após o recolhimento observou que depois de 5 anos, elas ainda mantinham o seu poder germinativo. Ao contrário das heliófitas que precisam de luz para desenvolver, as espécies esciófitas sobrevivem no interior da floresta até durante décadas sem crescer praticamente nada. Neste momento de espera elas preservam a sua capacidade de reagir com maior crescimento a qualquer melhoria nas condições de luminosidade. Em geral, sua produção de sementes é baixa, a frutificação revela-se relativamente escassa em muitos casos, os frutos são pesados e a disseminação é feita predominantemente pela força de gravidade. As esciófitas totais conseguem permanecer dormentes durante muito tempo, ao passo que as esciófitas parciais toleram a sombra temporariamente, e se depois de muito tempo não houver incremento algum de luminosidade elas acabam opor morrer. - 67 - 6. Competição e sua importância ecológica 6.1. Generalidades Dentro de uma comunidade vegetal, existem relações e inter-relações entre indivíduos da mesma ou de espécie diferentes. Se a demanda pelos recursos entre eles for maior do que a sua disponibilidade, pode levar a competição pelos recursos. Portanto, eles podem competir pela água, nutrientes, luz, e espaço. Essa competição leva a que alguns indivíduos não consigam captar recursos suficiente para o seu crescimento e sobrevivência (Ellenberg, 1982, Louman et al., 2001). A competição é um fenómeno que pode ser manipulado. O silvicultor pode influenciar as condições competitivas por exemplo através do desbaste, promovendo assim as espécies reprimidas no seu óptimo fisiológico de maneira a atingirem uma melhor produtividade. A utilidade silvicultural dessa manipulação pode ser resumida da seguinte maneira: • Orientar ou direccionar a produção de carbohidratos para certas espécies e indivíduos desejados da mesma espécie. • Estimular o crescimento e aumentar a longevidade • Aumentar a produção de sementes dos indivíduos presentes numa determinada comunidade ou ecossistema e; • Aumentar o rendimento volumétrico. - 70 - (competição por exploração). Geralmente conduz à coexistência das espécies competidoras, mas também, pode conduzir à eliminação de uma das espécie de um determinado sitio. Este tipo de competição é assimétrica e os principais efeitos são a redução da abundância, reprodução, sobrevivência e crescimento de indivíduos da espécie em desvantagem. Algumas espécies podem coexistir em certos sítios, mesmo com muitos indivíduos por unidade de área, porque as espécies geralmente toleram diferentes ambientes: ocupam nichos distintos usando os mesmos recursos. Espécies com uma estratégia de reprodução de tipo “k” geralmente se adaptam bem a tais situações. Espécies com uma estratégia de reprodução “r”, dificilmente poderão se estabelecer em uma floresta serrada, salvo em casos de distúrbios que criam clareiras, das quais reduzem a competição interespecífica criando assim condições para sua sobrevivência. Nestes casos, o êxito da espécie sobreviver não depende da sua capacidade de competir com outras espécies, mas sim das oportunidades de regeneração criadas pela natureza (frequência e intensidade das perturbações). Esta relação pode ser cooperativa, donde diferentes indivíduos facilitam a existência de cada um usando recursos diferentes ou transferindo recursos que lhes sobrem. As relações de cooperação raras vezes se encontram entre as árvores, o que se verifica é que algumas espécies aproveitam-se da sombra de outros indivíduos durante uma fase do seu desenvolvimento. 6.3. Estratégias de competição • Competição por exploração, onde um indivíduo tem que usar os recursos também usados por outros indivíduos. Por exemplo, uma planta herbácea é afectada pela presença de plantas vizinhas porque a zona onde ela extrai os recursos (luz, água, nutrientes) está sobreposta pela “zona de diminuição de recursos” das plantas vizinhas; e - 71 - • Competição por interferência, onde um indivíduo activamente evita que outros usem o mesmo recurso (por exemplo alelopatia). A interferência é uma estratégia muito frequente entre animais, os quais podem ocupar territórios e defende-los para que outros animais não retirem os recursos que nele se encontram. Neste caso o território converte-se em recurso. 5.1. Comportamento silvicultural sob condições de competição Numa região bem limitada com clima uniforme em primeiro lugar as particularidades do solo, principalmente humidade e fertilidade decidem sobre o potencial volumétrico e o rendimento das espécies arbóreas. Estes dois factores importantes foram usados para desenhar diagramas ecológicos para mostrar o âmbito de humidade e acidez de cada espécie. Em geral as espécies heliófitas têm menor força competitiva do que as espécies esciófitas. As figuras 19 e 20 mostram a amplitude fisiológica e o óptimo fisiológico. Amplitude fisiológica é definida como sendo a gama de sítios ecológicos, no qual uma espécie arbórea pode povoar e, o óptimo fisiológico é o espaço onde uma espécie pode alcançar o seu maior crescimento, sob exclusão dos competidores. É importantante recordar que em situação de competição somente aquelas espécies arbóreas hábeis em competir a nível intra e interespecífica são capazes de se impor no seu óptimo fisiológico. Para além da amplitude fisiológica existe a amplitude ecológica, que é definida como sendo o espaço no qual, uma espécie arbórea pode-se desenvolver em competição com outras espécies arbóreas. As outras espécies com menor força competitiva são suplantadas através das árvores com poder competitivo superior. Portanto, muitas vezes uma certa espécie arbórea tem de se contentar com as condições edáficas desfavoráveis, povoando os sítios ecológicos mais extremos onde não há nenhuma competição. Esta área de - 72 - ocorrência natural sob pressão competitiva chama-se amplitude ecológica duma espécie arbórea. Ácido Calcário Figura 19. Caso do género Eucalyptus: O género Eucalyptus (figura 19) pode crescer desde solos ácidos a calcário e desde o clima húmido a seco- é a sua amplitude fisiológica. Dentro dos solos calcários as espécies deste género podem crescer sob condições de clima húmido e seco- é amplitude ecológica. Na zona representada por (o) , as espécies tem o seu óptimo fisiológico, eliminado os seus competidores menos fortes. O género Acacia (figura 20)desenvolve-se em solos ácidos a calcários, e entre clima húmido a seco, mas tem menor amplitude fisiológica, não suportando níveis extremos de calcário, humidade e seca. O seu óptimo fisiológico é restringido para aquelas áreas onde ela pode eliminar seus competidores. Mas como são espécies de Amplitude fisiológica Óptimo fisiológico H úm id o Se co Área dominante natural - 75 - 7.2. Normas para o levantamento silvicultural • a análise silvicultural não requer necessariamente o levantamento de todas as espécies vegetais de uma determinada floresta, normalmente define-se um dap mínimo de medição, e são definidas amostras e apartir dos resultados obtidos faz-se inferências sobre o resto da floresta; • dentro duma unidade de amostragem as condições do sítio e a distribuição das plantas têm de ser uniforme; por exemplo, evitar rios ou riachos, picadas, montanhas, mudanças de topografia, comunidades vegetais diferentes, etc..; • para garantir uma boa representatividade das espécies recomenda-se que o tamanho da amostra seja superior a 100 m2; • para completar os dados do levantamento deve-se tomar nota sobre a data, a região, coordenadas geográficas ( latitude, longitude, altitude), inclinação, o clima local, estrutura do solo ( tipo de solo, cobertura de húmus etc..), previas influências antrópicas, como queimadas, pastagem, forragem, exploração madeireira, recolha de lenha, etc.; • o tempo mais favorável para o levantamento é o período no qual se podem encontrar quase todas as espécies vegetais duma determinada associação vegetal mas também, que o acesso ao sítio seja fácil, visto que no período húmido alguns sítios não podem ser atingidos. Por exemplo, para o caso de Moçambique, o trabalho por período chuvoso de dificultado pela faltra de acesso. Contudo, é este o período mais adequado para o trabalho por causa da colheita de material botânico. 7.4. Selecção, tamanho e forma das amostras Como já foi referido, a condução de uma análise silvicultural não tem por objectivo efectuar um senso (levantamento de todas as espécies arbóreas de um determinado lugar) mas sim uma inferência dados em pequenas parcelas (amostragem). A questão que se coloca é: Qual é a área que deve ser amostrada? Que critérios serão - 76 - usados para seleccionar essas áreas? Qual é que deve ser o tamanho e a forma das amostras? Nos parágrafos que se seguem tentaremos responder cada uma destas questões, mas também aconselha-se a consultar Barbour et al, (1987), Lamprecht (1990), Alder & synnott (1992), Louman et al, (2001). Um dos critérios usados para determinar a área mínima de amostragem são as curvas espécie área (figura 21). Estas curvas, para além de ajudarem a determinar a área mínima de amostragem, também são utilizadas para exprimir om grau de complexidade das espécies numa determinada região. (Sitoe, 1995). Segundo este critério, prossegue-se o levantamento em pequenas parcelas (p. ex., 100m2 ou 200m2) até que não se registrem novas espécies. A soma dessas parcelas representa a área mínima de amostragem (ou área mínima representativa). Área mínima de amostragem é a área a partir da qual se verifica um aumento pouco significativo de novas espécies ou seja, é o ponto a partir do qual, um aumento da área em cerca de 10 % resulta um acréscimo de espécies novas inferior a 10 %. I Floresta higrófila perenifolia (baixas altitudes) II Floresta higrófila caducifólia (baixas altitudes) III Floresta higrófila perenifólia serrana (floresta nublada) - 77 - Figura 21. Curva de espécies por área para diferentes tipos florestais. (Lamprecht, 1990). Da figura 16 pode–se ver que a curva (I) é sempre crescente, ou seja quanto mais área for amostrada sempre encontraremos novas espécies. A curva (II) representa um caso intermédio, no qual o número de espécies se bem que não é alto, também não é muito pouco. Amostrando uma área maior relativamente grande pode-se conseguir encontrar representantes de todas as espécies que ocorrem na região. A curva (III) representa uma floresta pouco diversificada na qual numa área muito pequena podem-se encontrar todas as espécies que ocorrem na região. Das curvas pode-se ver que no caso de floresta densa húmida de terras baixas (cura I), a área mínima de amostragem mínima requerida é a maior e a floresta aberta decídua seca tem a menor área. Para além da diversidade ecológica, a área mínima de amostragem também depende do diâmetro a partir do qual as árvores são consideradas. Quanto menor for este valor, tanto menor será a área mínima de amostragem. Dependendo da finalidade do estudo é comum serem estabelecido limites mínimos de medição. Para levantamentos destinados à investigação e diagnóstico silvicultural (por exemplo, análise da estrutura do povoamento e dos processos dinâmicos do mesmo) recomenda-se um dap mínimo de 10 cm para incluir os dados sobre a regeneração, mas para levantamentos para fins comerciais são estabelecidos dap maiores que 20 ou 40 cm. A selecção da área de amostragem pode ser feita de forma aleatória ou sistemática. No primeiro caso segundo Lamprecht (1990) faz-se a estratificação da área florestal em seu conjunto, e em seguida faz-se um mapa reticulado representando as possíveis áreas de amostragem em cada estrato, e finalmente faz-se a escolha aleatória das área efectivas de amostragem. Porém, programas especiais de computadores hoje em dia já permitem fazer uma distribuição aleatória das amostras na área de estudo de forma rápida e simples. - 80 - - segundo a distribuição horizontal ( frequência ) - segundo as dimensões (DAP, alturas ) • A posição sociológica de cada árvore e as estruturas verticais dos povoamentos; • A qualidade ( fuste, copas ) de cada árvore; • Peso de cada árvore (tronco, ramos, folhas e raízes); • A formação de copa e grau de exposição à luz de cada árvore; regeneração natural, etc. 7.5. Interpretação dos dados Com os dados obtidos podem ser calculados os seguintes parâmetros: a) Abundância = Número de árvores por espécie. Distingue-se abundância absoluta (número de árvores por espécie) e abundância relativa ( participação percentual de cada espécie no total de árvores). b) Frequências = Exprime a percentagem de ocorrência ou ausência de uma espécie numa determinado lugar. Este parâmetro dá uma ideia da distribuição das espécies no espaço de amostragem, e varia entre 0 a 100 %. Valores altos de frequência (61%- 100%) indicam uma composição florística homogénea, valores baixos (1%- 40%) significam alta heterogeneidade florística. Quanto maior for a extensão de respectiva parcela, maior é o número de espécies que passam a fazer parte das classes superiores de frequência. c) Dominância = A dominância propriamente dita estima-se através do somatório dos diâmetros das copas de todos indivíduos de uma determinada espécie por área. Porque é difícil e dispendioso determinar as projecções das copas no solo, a dominância é estimada através do somatório das áreas basais dos troncos, visto que existe uma correlação linear relativamente rigorosa entre os diâmetros das copas e do tronco. A dominância normalmente é expressa em m2/ha. A dominância pode ser absoluta ou relativa. Absoluta é dada pelo somatório das áreas basais de todos - 81 - individuais e exprime-se e metros quadrados, ao passo que a relativa é a participação percentual de uma espécie no total da área basal e varia entre 0-100 %. d) Índice de valor de importância (IVI)= Obtêm-se através do somatório dos valores da abundância relativa, frequência relativa e dominância relativa de cada índice. Este parâmetro permite comparar os pesos ecológicos das espécies num determinado tipo florestal, isto é, é uma indicação da diferença ou semelhança entre povoamentos quanto a estrutura e composição, características do sítio e a dinâmica dos povoamentos. e).Quociente de mistura (QM)= É uma indicação da intensidade de mistura das espécies de um determinado lugar, e obtém-se da razão entre o número das espécies e número de indivíduos f) Biomassa= É a massa dos organismos vivos por unidade de superfície. Nas plantas é comum diferenciar entre biomassa aérea e biomassa subterrânea (das raízes). A biomassa (Kg/m2) é um indicador de produtividade (Kg m-2 ano-1) de um sítio, e varia com a precipitação, temperatura, latitude e altitude. g). Índices de biodiversidade= Os índices de biodiversidade são uma importante ferramenta para avaliação da diversidade vegetal, devido aos padrões de variação temporais e espaciais que ocorre normalmente em florestas, além de que funciona como uma ferramenta para avaliar o estado do ecossistema. Contudo, a diversidade é um parâmetro difícil de definir e interpretar, devido aos aspectos relaccionados com a medição de diversidade, veja Magurram (1988). Para efeitos deste manual é suficiente referir que a diversidade pode ser medida através do número de espécies, a sua abundância relativa ou medidas que usam as duas componentes. Um exemplo é o índice de Shanon-Wiever, calculado através da seguinte formula: Onde: pi= é a proporção da espécie i ∑= piln**pi'H - 82 - A continuação apresenta-se de forma resumida um exemplo de uma análise silvicultural. O exemplo foi extraído do Relatório das Actividades de julho- AJU’s (2001) . Outros exemplos sobre como proceder análises silviculturais podem ser vistos em Cossa (1995), Sitoe (1996), Ribeiro (em pre.). 7.6. Exemplo de uma análise silvicultural O presente estudo foi levado a cabo numa zona de transição entre o miombo decíduo e seme-decíduo de alta precipitação localizada no planalto de Báruè, distrito do mesmo nome ao noroeste da província de Manica, aproximadamente a 18.190 de latitude Sul e 33.240 de longitude Leste. A altitude média do sítio é de 556 metros sobre o nível médio das águas do mar, com uma temperatura media anual de 230 C, precipitação media anual de 1591mm e solos com um teor médio de matéria orgânica (1.4-3.6 %) e pH entre 4.8 e 7.4. O estudo tinha como objectivo determinar o peso seco da Brachystegia spiciformis, espécie arbórea mais abundante com a finalidade de construir equações alométricas entre o diâ metro e peso (do tronco, ramos e folhas) e entre o diâmetro e o volume do tronco. Para o efeito, foram estabelecidos dois transectos de 5 parcelas temporárias (10 parcelas) com 20X20m e separadas 20m uma da outra. Os transectos foram estabelecidos na orientação Norte-Sul e Este-Oeste cruzando-se entre si na parcela central (Figura 22 B). Dentro de cada parcela foram ,medidos todos os dap 10cm, e foram identificadas pelo nome cientifico todas as espécies arbóreas. A informação recolhida em cada uma das parcelas esta resumida na tabela (Tabela 11). Uma vez determinada a espécie mais abundante da área de estudo, (Brachystegia spicifomis) o passo seguinte consistiu em seleccionar as árvores de amostra e - 85 - Tabela 11. Características ecológicas da floresta de miombo utilizada para o estudo de biomassa no Distrito de Bárué, Manica. Anexo 1 - 86 - Tabela 12. Tamanhos das árvores medidas no estudo de biomassa no Distrito de Bárué em Manica. Anexo 2 - 87 - A média e o desvio padrão do tamanho das árvores seleccionadas para determinação do peso seco individual da espécie mais abundante na área de estudo são apresentados na anterior (Tabela 12). A grande variabilidade ao nível do DAP (39 %) e volume do tronco (85 %) se deve a alta heterogeneidade do tamanho das árvores, isto é, a amostragem de árvores de diferentes classes diamétricas como foi referenciado nas considerações metodológicas por forma a obter funções/equações de peso em função do DAP das árvores que sejam representativas de todas classes diamétricas . As coordenadas geográficas dessas árvores, latitude, longitude e altitude estão reproduzidas na Tabela 13. Estudos efectuados por Barbour et al., (1989), indicam a latitude entre os vários factores que influenciam a biomassa de árvores individuais ou comunidades florestais no interior dos continentes como sendo o mais relevante. Segundo os mesmos autores, variações na latitude sugerem variações na radiação solar e temperatura. Em geral, um aumento da latitude sugere uma diminuição da radiação solar, temperatura e precipitação, consequentemente, redução da biomassa. Embora não existam dados concretos que suportem o argumento atrás referido, seguindo o raciocínio destes autores pode-se inferir que, para regiões localizadas nas latitudes inferiores às da área estudada p.ex. Cabo Delgado, Niassa e Nampula teram valores de biomassa superiores e as províncias da região sul (p.ex. Maputo) inferiores que aqueles que foram encontrados na área de estudo. - 90 - O DAP representa um importante índice de volume e peso individual das árvores. O peso aérea total (tronco, ramos e folhas) aumentam com o aumento do dap, tendo sido ajustada uma curva quadrática (Figura 24). Correlação similar foi observada por Frost (1996) em povoamentos naturais de miombo. O peso do tronco e respectivo volume apresentam as mesmas tendências, isto é, aumentam com o aumento do dap (Figura 25) e a função linear teve o melhor ajuste. Através das relações encontradas entre o dap/peso total (Wt= 0,91dap2 - 2dap-31,5) e o dap/peso do tronco (Ws= -119,3 + 1155,1dap/100) pode-se estimar o peso total ou do tronco respectivamente a partir do dap. Os coeficientes de regressão para as duas equações acima referidas são altos ( r2 =0.94 e r2 =0.82 respectivamente) o que significa que elas podem fornecer inferências fiáveis em florestas ecologicamente similares. A relação dap/Volume do tronco (Figura 24) mostrou um coeficiente de regressão baixo (r2 =0,79), isto significa que as inferências do valor do volume a partir do dap não devem ser usados para estudos que requeram alta precisão dos volumes (exploração madeireira). Tabela 15. Coeficientes de correlação entre diferentes medidas das árvores utilizadas para o estudo de biomassa no distrito de Báruè, Manica. Número de árvores é 12; todos os coeficientes de correlação têm um nível de significância de 0.01 %. dap Volume Peso Peso Peso do tronco do tronco dos ramos das folhas Volume do tronco 0,89 Peso do tronco 0,90 0,97 Peso dos ramos 0,93 0,82 0,83 Peso das folhas 0,73 0,58 0,61 0,66 Peso total 0,95 0,89 0,91 0,98 0,67 - 91 - Figura 24. Regressão quadrática do peso total da árvore individual sobre o diâmetro à altura do peito (dap) das árvores utilizadas para o estudo de biomassa no distrito de báruè, Manica. N= 12. a) b) Figura 25. Regressão linear simples do (a) volume do tronco e (b) peso do tronco sobre o diâmetro à altura do peito (dap) das árvores utilizadas para o estudo de biomassa no distrito de Báruè, Manica. N= 12 - 92 - Dos resultados encontrados no presente estudo que são preliminares para estudos de biomassa e produtividade vegetal em geral e em particular da Brachystegia Spiciformis, obtiveram-se relações alométricas significativas entre o dap/peso total e dap/peso do tronco. Também foi observado que o peso aéreo total (tronco, ramos e folhas) aumenta com o aumento do dap. Em florestas ecologicamente similares estas relações podem ser utilizadas com fiabilidade como uma base para auxiliar as actividades de maneio silvicultural. O estudo recomenda a continuidade de estudos similares para auxiliarem na tomada de decisões de maneio, mas também, contribuir para enriquecimento do material didáctico de silvicultura tropical, ecologia etc.., e fortalecer o intercâmbio com outras instituições da região com florestas do mesmo tipo. 8. Sistemas Silviculturais 8.1. Generalidades Sistema silvicultural é uma sequência de amostragens e tratamentos silviculturais com vista a obter uma floresta com uma proporção de árvores de espécies comercias desejáveis e cada vez mais vigorosas (Louman et al., 2001). Os sistemas silviculturais subdividem-seBasicamente distinguem-se dois grupos principais de sistemas silviculturais (Louman et al., 2001): sistemas monocíclicos e sistemas policíclicos. A escolha de um sistema ou outro, e a adaptação do sistema a um determinado local, depende muito da composição florística, da estrutura e dinâmica da floresta a manejar, entre outros aspectos ecológicos das espécies escolhidas e do sitio.
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