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Guias e Dicas
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Arquitetura, urbanismo e psicologia ambiental, Manuais, Projetos, Pesquisas de Psicologia

Este texto apresenta os aspectos que mais induzem a uma colaboração - e a seus resultados positivos - de características interdisciplinares, envolvendo áreas do conhecimento como Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental. Aponta para colaborações já existentes, analisando, em especial a questão da metodologia. Discute, finalmente, as possibilidades de intervenção ambiental fundamentada na interdisciplinaridade, apresentando sugestões quanto ao modo de uma ação integrada entre as diver

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 28/08/2009

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thaisa-r-4 🇧🇷

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Baixe Arquitetura, urbanismo e psicologia ambiental e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Psicologia, somente na Docsity! Psicologia USP, 2005, 16(1/2), 155-165 155 ARQUITETURA, URBANISMO E PSICOLOGIA AMBIENTAL: UMA REFLEXÃO SOBRE DILEMAS E POSSIBILIDADES DA ATUAÇÃO INTEGRADA Sheila Walbe Ornstein 1 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP Este texto apresenta os aspectos que mais induzem a uma colaboração - e a seus resultados positivos - de características interdisciplinares, envolvendo áreas do conhecimento como Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental. Aponta para colaborações já existentes, analisando, em especial a questão da metodologia. Discute, finalmente, as possibilidades de intervenção ambiental fundamentada na interdisciplinaridade, apresentando sugestões quanto ao modo de uma ação integrada entre as diversas áreas e disciplinas. Descritores: Psicologia ambiental. Arquitetura. Urbanismo. Pesquisa interdisciplinar. ste texto pretende apresentar os aspectos que mais induzem a uma cola- boração - e a resultados positivos - de características interdisciplinares, envolvendo áreas do conhecimento como Arquitetura, Urbanismo e a Psico- logia Ambiental. De um modo abrangente, tanto as questões metodológicas na Psicolo- gia Ambiental como a implícita ótica da interdisciplinaridade, têm sido a- 1 Arquiteta e urbanista, Professora e ex-vice diretora (1998-2002) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Especialista em avaliação pós-ocupação e coordenadora das áreas de ensino e de pesquisa em Avalação Pós- Ocupação do ambiente construído e do Núcleo de Pesquisa em tecnologia da Ar- quitetura e Urbanismo -USP. Endereço eletrônico: sheilawo@usp.br E Sheila Walbe Ornstein 156 bordadas por diversos autores, principalmente psicólogos ambientais, arqui- tetos e outros. Recentemente Del Rio, Duarte e Rheingantz (2002) e Tassara (2001) coordenaram obras importantes no sentido da reunião de autores nacionais e internacionais, de formações científico-profissionais distintas e que vem oferecendo instigantes contribuições para o pensamento e as solu- ções da imbricada questão ambiental. Mais especificamente, Muir e Rance (1995) trataram do tema do projeto participativo incluindo aspectos da equi- pe interdisciplinar e da participação da população-alvo no processo de proje- to. A Avaliação Pós Ocupação 2 (APO) também tem se prestado a diagnósti- cos e a proposições oriundos de conhecimentos interdisciplinares em função da natureza da pesquisa aplicada de que trata. A APO, nos países mais desenvolvidos, é assim considerada uma ati- vidade interdisciplinar dirigida, enquanto resultado, à intervenções e melho- rias do ambiente construído sendo, nesses países, a coordenação de equipe feita ora por arquitetos e/ou urbanistas e/ou designers ora por psicólogos ambientais. No entanto, conceitualmente, a transdisciplinaridade, mesmo nestes países desenvolvidos, é muito pouco praticada ou implementada. No caso do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, Por- tugal, pode-se concluir que muitas das ações do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo (NAU) combinadas com aquelas do Núcleo de Ecologia Social (NESO) enquanto processo e implementação de resultados, são transdisci- plinares (Cabrita, Freitas, Coelho, Menezes, Pedro, 1998) quando tratam de renovações urbanas e/ou empreendimentos habitacionais a custos controla- dos (de interesse social) e da satisfação de moradores. Porém, mesmo no caso do LNEC, de atuação coesa e homogênea, a interdisciplinaridade NAU – NESO é a que de fato mais ocorre. 2 Conjunto de métodos e técnicas aplicado ao ambiente em uso, o qual afere o de- sempenho físico deste ambiente, do ponto de vista de especialistas, e também mede os níveis de satisfação dos usuários, correlacionando estes dois levantamentos e a- nálises - dos especialistas e a opinião dos usuários - num diagnóstico comum de a- certos e falhas (Evans McCoy, 1998). Este serve de insumos para alimentar pro- gramas de manutenção, uso e operação dos próprios estudos de caso e diretrizes para futuros projetos semelhantes. Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental: uma Reflexão Sobre Dilemas... 159 produção do ambiente construído voltadas ao planejamento, à programação de necessidades e à formulação de alternativas de estudos preliminares e de ante-projetos, etapas em que o homem - usuário é o centro do ambiente “em fase de concepção” ou seja, um dos focos do problema a ser resolvido, en- quanto necessidades e níveis de satisfação a serem atendidas. Neste sentido, a maioria das escolas de Arquitetura e de Urbanismo de elevado nível no exterior (por exemplo, nos EUA, os denominados colleges of environmental design e as escolas - agora já na União Européia - como a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal ou a Faculda- de de Arquitetura da Universidade de Tecnologia de Delft, Holanda, dentre outras) têm disciplinas básicas no campo das Ciências Sociais (embora não necessariamente em Psicologia Ambiental, o que ocorre mais ao nível de pós-graduação, em mestrados e doutorados, de características interdiscipli- nares, no campo das RACs). Também, no país, a maioria das escolas de arquitetura e urbanismo do sistema público de ensino tem disciplinas de graduação e de pós-graduação (tal como no caso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universida- de de São Paulo) voltadas aos fundamentos sociais, algumas delas com ca- racterísticas (inter) e (trans) disciplinares alimentadoras especialmente de proposições e intervenções em áreas de renovação urbana e de implementa- ção da habitação de interesse social. As (inter) relações entre as ciências sociais de um modo geral e a ar- quitetura, o urbanismo e o design, embora reconhecidamente necessárias, não têm sido fáceis. As ciências sociais buscam um processo de análise a partir de méto- dos científicos, cujos resultados nem sempre resultam em eficácia imediata. Tal processo pode também ocorrer na pesquisa em arquitetura, no urbanis- mo e no design, mas no ensino (profissionalizante) e na prática profissional há que se atingir, como meta, num processo de síntese ambientes e objetos construídos. Na Arquitetura, no Urbanismo e no design, em algumas situa- ções - e provavelmente de modo equivocado - destaca-se de um lado, o mé- todo científico e, de outro lado, a via rápida, visando encurtar etapas do pro- Sheila Walbe Ornstein 160 cesso para se chegar ao produto utilizando-se para isto, apenas algumas téc- nicas e ferramentas. Talvez esta situação - muito comum em países em de- senvolvimento como o nosso - ocorra devido a exigências do cliente e à pouca compreensão que a sociedade tem do papel do projetista, do profis- sional de arquitetura e do urbanismo e por conseguinte, de um projeto in- completo e seu desempenho negativo no ambiente construído no decorrer do uso 3 em termos de seu impacto na saúde física e mental de seus usuários (Evans & Mc Coy, 1998). Quando se consegue romper ou minimizar estas diferenças de proce- dimentos entre ciências sociais e a arquitetura, o urbanismo e o design num processo comum de atividades interdisciplinares, o impacto no desenvolvi- mento de projetos ambientais mais conseqüentes em termos da intervenção física, do ponto de vista da sustentabilidade e do homem a quem se destina, é visivelmente positivo. A avaliação de desempenho do ambiente construído em geral (por exemplo, voltada à formulação de roteiros - checklists de ava- liação física, Brandão, 2003) e a APO em específico, têm buscado este tipo de interrelação (Abiko & Ornstein, 2002; Marcus & Francis, 1990; Ramos, 2003) dentre outras áreas do conhecimento. É também pertinente mencionar entre as disciplinas que podem forta- lecer estas relações - ainda que pesem algumas restrições sobre elas tal como a ênfase em preferências apontada por Romice - o marketing (relacionado à economia enquanto campo do conhecimento) devido à ampla experiência em termos metodológicos e empíricos nos procedimentos continuados de avaliação para gestão e controle de qualidade. (Mattar, 2000; Salomon, 2002; Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Civil da Es- cola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, 2003). 3 Em termos dos aspectos funcionais, do conforto ambiental, do consumo de energia, das patologias construtivas, gerando sobrecustos na sua manutenção e operação. Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental: uma Reflexão Sobre Dilemas... 161 Conclusões Neste esforço de se responder às três questões anteriores, chega-se a algumas conclusões e questões adicionais para o futuro, as quais podem ser caracterizadas como reflexões sobre o tema: • As relações interdisciplinares Arquitetura - Urbanismo - Psicolo- gia (ambiental) existem como princípio, pois estas áreas do conhe- cimento partem das relações - ambiente (construído) - habitante e seu comportamento. • A problematização, as análises, os diagnósticos, a definição de so- luções e a implementação de diferentes intervenções, abrangendo o homem e seu habitat, seriam mais adequadamente abordadas se houvesse uma atuação de equipe (inter) ou (trans) disciplinar, sen- do que os níveis de abordagem dependeriam da escala do proble- ma, dos objetivos a serem alcançados e do nível pretendido para a solução e seu impacto ambiental. Por exemplo: na formulação de políticas ambientais; em intervenções ou renovações urbanas na escala do bairro; no desenvolvimento de projetos habitacionais de interesse social; no desenvolvimento de projetos de parques e pra- ças; em diagnósticos de riscos ambientais com demandas de rema- nejamento de moradores e assim por diante. • O trabalho integrado em equipes (inter) ou (trans) disciplinares de- veria ser simulado e fomentado nos exercícios de prática profis- sional e de projeto de modo explícito, nas escolas de Arquitetura e Urbanismo do país, como mecanismo contemporâneo relevante de gestão da qualidade no projeto. • No campo da interdisciplinaridade, tanto nos cursos de graduação e de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, como na prática profissional no país, já existe tradição na colaboração de arquitetos e urbanistas com sociólogos, antropólogos, geógrafos e historiado- res, mas ainda não há - apesar da existência de alguma atuação iso- lada de docentes e pesquisadores conhecedores, por exemplo, das Sheila Walbe Ornstein 164 Cabrita, A. M., Freitas, M. J., Coelho, A. B., Menezes, M., & Pedro, J. B. (1998). Análise e avaliação da qualidade habitacional. Revista de Estudos Urbanos e Regionais 25/26, 162-170. N. temático: I. Guerra, R. d. Villanova, & A. Castro (Orgs.), Sociedade e Território: Mudança social e formas de habitar. Porto, Portugal: Afrontamento. Del Rio, V., Duarte, C. R., & Rheingantz, P. A. (2002). Projeto do lugar. Colaboração entre psicologia, arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro: Programa de Pós- Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. (2003). Anais do III Workshop Brasileiro Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios [cd-rom]. 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Recebido em 5.04.2004 Revisto e encaminhado em 23.02.2005 Aceito em: 7.03.2005
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