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Guias e Dicas
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Apostila de proteção florestal, Notas de estudo de Engenharia Florestal

Um brilhante material que trata de diversos temas ligados a proteção e preservação das florestas, na matéria de incendios florestais, danos causados por agentes atmosféricos por animais e etc. Também desenvolvido por excelentes professores da Federal de Santa Maria - RS.

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 12/09/2009

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paulo-josino-do-amaral-ribeiro-juni 🇧🇷

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Baixe Apostila de proteção florestal e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS CADERNO DIDÁTICO: CFL 506 - PROTEÇÃO FLORESTAL Elaborado por: Prof. Dr. Mauro Valdir Schumacher Eng. Ftal. M.Sc. Doutorando Eleandro José Brun Eng. Ftal. M.Sc. Doutoranda Francine Neves Calil Santa Maria – 2005 2 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ...........................................................................................................5 2. INTRODUÇÃO À PROTEÇÃO FLORESTAL................................................................6 2.1. OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA.......................................................................6 2.2. RELAÇÃO COM OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO..........................................................6 2.2.1. Legislação Florestal .................................................................................................6 2.2.2. Meteorologia ............................................................................................................7 2.2.3. Zoologia....................................................................................................................7 2.2.4. Entomologia .............................................................................................................7 2.2.5. Fitopatologia ............................................................................................................8 2.2.6. Manejo Florestal ......................................................................................................8 2.2.7. Topografia ................................................................................................................8 2.2.8. Outros de menor importância ..................................................................................8 2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES CAUSADORES DE DANOS À FLORESTA ...............................9 2.3.1. O homem como fonte de danos à floresta...............................................................10 3. INCÊNDIOS FLORESTAIS .............................................................................................12 3.1. CAUSAS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS .............................................................................12 3.1.1. Raios .......................................................................................................................12 3.1.2. Incendiários ............................................................................................................12 3.1.3. Queimas para limpeza............................................................................................14 3.1.4. Fumantes ................................................................................................................16 3.1.5. Fogos campestres ...................................................................................................16 3.1.6. Operações florestais ...............................................................................................17 3.1.7. Estradas de ferro ....................................................................................................17 3.1.8. Diversos ..................................................................................................................17 3.2. CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS .................................................................18 3.2.1. Incêndios subterrâneos...........................................................................................18 3.2.2. Incêndios de Superfície...........................................................................................18 3.2.3. Incêndios de Copa ..................................................................................................19 3.3. DANOS CAUSADOS ..........................................................................................................22 3.3.1. Danos diretos..........................................................................................................22 3.3.2. Danos indiretos ......................................................................................................23 3.4. PRINCÍPIO DE COMBUSTÃO..............................................................................................23 3.4.1. Materiais combustíveis ...........................................................................................28 3.5. PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS...........................................................................................29 3.6. COMPORTAMENTO DO FOGO ...........................................................................................31 3.7. EFEITOS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS..............................................................................32 3.7.1. Efeitos benéficos do fogo........................................................................................32 3.7.1.1. Combate a incêndios........................................................................................32 3.7.1.2. Destruição de animais nocivos, insetos e enfermidades..................................33 3.7.1.3. Favorece a germinação de sementes e regeneração de espécies florestais......33 3.7.1.4. Limpeza do terreno..........................................................................................34 3.7.1.5. Redução do material combustível....................................................................34 3.7.1.6. Melhora atributos do solo ................................................................................32 3.7.2. Efeitos maléficos do fogo........................................................................................32 3.7.2.1. Danos ao solo ..................................................................................................32 5 1. APRESENTAÇÃO A Disciplina de Proteção Florestal é parte integrante do conjunto de disciplinas obrigatórias do currículo atual do Curso de Graduação em Engenharia Florestal da UFSM, assim como nos demais cursos pelo Brasil e mundo. Devido ao fato de a mesma ser ministrada durante o último ano do curso, a mesma agrega conteúdos que fazem com que o aluno, no desenvolver dos temas, busque conhecimentos já adquiridos em outras disciplinas do currículo, fazendo com que o tema “Proteção Florestal” se torne amplo e multidisciplinar. Este fato também faz com a responsabilidade sobre quem ministra a disciplina seja grande, pois a partir do término da mesma, o aluno está quase a ponto de sair para o mercado de trabalho, formado e plenamente disposto a pôr em prática os seus conhecimentos. Desta forma, a elaboração deste caderno didático procura suprir uma necessidade de informação escrita (bibliografias) a respeito do tema em nosso Curso e ser uma boa fonte de consulta ao profissional, principalmente o recém formado. 6 2. INTRODUÇÃO À PROTEÇÃO FLORESTAL 2.1. Objetivos e importância da disciplina A Proteção Florestal é o ramo da silvicultura que objetiva proteger a floresta de seus inimigos, através do controle, prevenção e manejo de seus agentes. A importância da proteção se faz sentir em todas as etapas do ciclo da vida de uma árvore ou de uma floresta. Alguns autores chegam mesmo a afirmar que a proteção florestal representa 90% da silvicultura. Analisando esta afirmação, conclui-se que não há tanto exagero como pode parecer à primeira vista. Efetivamente, antes mesmo de lançarmos ao solo a semente ou plantio de mudas, de qualquer essência florestal, já teremos tomado medidas preventivas de proteção para que esta semente ou muda possa germinar e crescer num ambiente livre de qualquer praga ou enfermidade. Um exemplo típico desta afirmação é a imunização do solo de canteiros antes da semeadura de Pinus e Cuninghamia, a fim de evitar o ataque de fungos causadores do tombamento (Damping-off). Ainda quando as plantas encontram-se em fase de viveiro, estamos periodicamente aplicando medidas de proteção, ora erradicando ervas daninhas, ora combatendo insetos, ora protegendo contra geadas, enfim, sempre protegendo cuidadosamente a futura árvore. Ao levar-nos a muda para o terreno definitivo, este já deverá estar livre de pragas (especialmente formigas), para garantir um ambiente em que a planta possa desenvolver-se normalmente. E desta maneira, durante todo o período de vida da árvore a proteção estará sempre presente visando evitar ou eliminar os danos que poderão advir do ataque de fungos, insetos, animais, incêndios, etc. 2.2. Relação com outras áreas do conhecimento Apesar de sua íntima ligação com a silvicultura, a Proteção Florestal exige, para seu perfeito entendimento e efetiva aplicação, conhecimentos básicos de outros ramos da ciência florestal, os quais serão discorridos abaixo. 2.2.1. Legislação Florestal Para se formular um plano de proteção, adotar medidas preventivas ou proteger eficazmente o patrimônio florestal é necessário, antes de tudo, conhecer toda a legislação florestal vigente para que não se tome medida arbitrária que possam vir de encontro às leis atuais. (Ver os entraves das leis, no que se refere ao manejo de florestas nativas). 7 2.2.2. Meteorologia A probabilidade ou freqüência de ocorrência de incêndios florestais está ligada às condições meteorológicas locais, entre elas temperatura, umidade relativa do ar e a velocidade e direção do vento. Portanto, o conhecimento e a interpretação dos dados meteorológicos é de fundamental importância, principalmente na prevenção dos incêndios florestais. A temperatura do ar e do material combustível afeta direta e indiretamente a possibilidade de ocorrência e principalmente o potencial de propagação de incêndios. Os dados de temperatura, necessários para cálculos de índices de perigo de incêndios, podem ser obtidos em estações meteorológicas, em condições mais próximas possíveis dos povoamentos em que se quer realizar a avaliação de risco. A Umidade relativa do ar é um dos principais meios de se medir a umidade atmosférica, sendo amplamente usada nos estudos relacionados a incêndios florestais. Ela se caracteriza pela relação entre a quantidade de vapor d’água presente em um certo volume de ar (pressão real de vapor d’água) e a quantidade que este mesmo volume conteria se estivesse saturado. O vento se caracteriza pelo movimento de ar das áreas de alta pressão para as áreas de baixa pressão. Além das características de circulação geral dos ventos no sentido pólos-equador deve-se considerar outros efeitos como movimento de rotação da terra, fricção, topografia e massas de água. Em função destes efeitos existem muitos outros movimentos locais que tornam bastante complexa a distribuição dos ventos na superfície terrestre. 2.2.3. Zoologia Conhecimentos básicos sobre hábitos e costumes dos animais domésticos e selvagens são de grande importância para se prevenir os danos que eles podem causar às florestas. Principalmente nas últimas décadas, com a destruição de muitos habitats naturais de espécies da fauna, em função da expansão de fronteiras agrícolas, estes se tornaram nocivos a plantações florestais, principalmente em função da carência alimentar daí decorrente. 2.2.4. Entomologia Para se tomar as medidas necessárias à prevenção dos danos causados pelos insetos ou para combatê-los eficazmente, são necessários conhecimentos de entomologia, uma vez que as pragas florestais apresentam comportamentos distintos e são necessários conhecimentos de sua biologia visando definir a melhor forma de atuação na prevenção e controle dos mesmos. 10 fungos. Não se pode esquecer que os agentes atmosféricos estão sempre, indiretamente ligados aos danos causados pelo fogo à floresta. O grande incêndio ocorrido no Paraná em 1963 foi um exemplo típico. As fortes geadas e o grande período de seca propiciaram as condições ideais para a propagação do fogo. Não há duvida de que, sem condições climáticas favoráveis, não ocorrem incêndios. É importante salientar que qualquer um desses efeitos citados pode, em certas ocasiões e em certos locais, assumir proporções de verdadeiras catástrofes. Assim sendo, a proteção florestal, deve ser prevista para todos os agentes daninhos a fim de podermos, a qualquer momento, organizar e aplicar as medidas de controle necessário. 2.3.1. O homem como fonte de danos à floresta Após analisarmos as cinco principais classes de agentes daninhos torna-se necessário estabelecer os meios pelos quais o homem pode danificar a floresta. O homem pela ação, é uma fonte primária de danos para a floresta. Direta ou indiretamente, como conseqüência de suas atividades, a influência do homem é notada em cada uma das classes de agentes daninhos. A maior parte dos incêndios florestais, que tantos prejuízos causam às florestas é de responsabilidade humana. Pode-se dizer que o homem é o principal causador dos incêndios florestais, afinal de contas a maioria deles são iniciados em decorrência de algum tipo de atividade humana. Nos países americanos, a maioria dos incêndios é causada direta ou indiretamente pelo homem. Geralmente esses incêndios são provocados por descuido ou negligências, porém algumas vezes podem ser intencionais. A educação do homem no sentido de corrigir os descuidos, reprimir os propósitos intencionais e principalmente dar ao homem a visão correta das necessidades de se proteger a floresta, deve ser uma preocupação constante e prioritária nos planos de proteção florestal. O homem tem responsabilidade, quer direta ou indiretamente no estabelecimento de várias enfermidades e pragas nas florestas. Através dos incêndios e dos aproveitamentos irracionais o homem está debilitando as árvores, diminuindo consideravelmente sua resistência e com isto, expondo a floresta ao ataque de fungos ou insetos. Desta maneira ele está indiretamente contribuindo para o estabelecimento de doenças e ataque de insetos às florestas. De outra forma, ao importar ou transportar materiais florestais, tais como sementes, madeiras, flores, e outros, de outras regiões ou outros países sem tomar os devidos cuidados, isto é, sem observar as medidas preventivas que o caso requer (quarentena, imunização, etc.) o homem está contribuindo diretamente para a introdução de outras pragas ou doenças. Convém relembrar, como exemplo desta situação, a destruição das plantações de Pinus radiata que começaram a ser instaladas no Brasil, vinham apresentando um ótimo crescimento, quando por negligência ou falta de medidas preventivas na importação de materiais, introduziu-se 11 também o fungo Diplodia pinea, que dizimou todos os plantios de Pinus radiata existentes na época. E uma praga desta natureza dificilmente, ou talvez nunca, poderá ser definitivamente dizimada. Com relação ao ataque de animais domésticos e selvagens, o homem exerce também grande influência. Os animais domésticos (bovinos, eqüinos, caprinos, etc.) são introduzidos pelo homem na floresta e geralmente causam grandes prejuízos à mesma, seja diretamente através de danos físicos, ou indiretamente através dos efeitos sobre o solo. A maioria das injúrias causada por animais selvagens é também de responsabilidade humana, por modificar o equilíbrio biológico da floresta, diminuindo ou destruindo, dentre outras coisas, a fonte alimentar dos animais, e estes na luta pela sobrevivência passam a causar sérios danos à floresta. Os agentes daninhos que estão fora da responsabilidade humana são os atmosféricos. Apesar disso, os efeitos provocados pelos agentes atmosféricos podem ser maximizados ou minimizados através de um mau ou bom manejo. Uma floresta mal manejada pode facilitar a erosão do solo ou ainda expor as árvores à ação mecânica do vento, provocando sérios prejuízos. Em vista disto é evidente que o homem, embora indiretamente, pode contribuir para o agravamento de danos produzidos por certos agentes atmosféricos. Diante de todos estes fatos, concluímos que a ação do homem influi diretamente no sucesso ou fracasso de qualquer empreendimento florestal. O homem é sem duvida o maior e mais importante causador de danos à floresta, e paradoxalmente, é também o único responsável pela sua proteção. 12 3. INCÊNDIOS FLORESTAIS 3.1. Causas dos incêndios Florestais O conhecimento das causas dos incêndios florestais é de extrema importância, principalmente levando-se em consideração que o ponto de partida para a elaboração dos planos de prevenção é saber quem (ou o que) iniciou o fogo. Tal aspecto já foi brevemente exemplificado no capítulo anterior (Ver: Perfil de um incendiário) e serão agora mais detalhadamente abordados os principais fatores de causa de um incêndio florestal. As causas dos incêndios florestais são numerosas e de caráter muito variável. Torna-se necessário, para efeitos estatísticos, então estabelecer um padrão destas causas, para ser usado em todo o país. Uma classificação a ser adotada em todo o Brasil, por ser completa é a descrita abaixo. 3.1.1. Raios São incêndios causados direta ou indiretamente, por descargas elétricas. São os únicos que não constituem responsabilidade humana e, por isto mesmo, sua prevenção é praticamente impossível. Em certas regiões (noroeste dos EUA) esta causa pode adquirir grande ação destrutiva. No Brasil não são muito comuns em virtude das tempestades serem acompanhadas de precipitação. Porém já ocorreram, focos iniciais de incêndios por raios, focos estes que foram prontamente debelados, pois foram descobertos no dia seguinte à tempestade e não haviam se propagado ainda, em virtude da umidade do material florestal. 3.1.2. Incendiários Neste grupo estão incluídos os incêndios provocados intencionalmente, por pessoas, em propriedade alheia. Pode-se distinguir dois tipos de incendiários: aquele que age por vingança e o que age inconscientemente, por um desequilíbrio mental qualquer, tornando-se um "piromaníaco". Pesquisa que está sendo realizada em Portugal já aponta algumas características especiais de pessoas piromaníacas. Tais dados, segundo a psicóloga Cristina Soeiro, divulgada na Revista Proteção Civil (2002), servirão de base para o delineamento de ações públicas de educação e também punição para estas pessoas. Em Portugal existem muitos incêndios florestais e alguns urbanos, onde as causas podem ser diversas, mas o mais difícil de definir é o perfil dos indivíduos que cometem este crime. 15 Figura 1: Ciclo vicioso entre sistemas de produção extensivos, fogo acidental e perdas em sistemas intensivos. O fogo usado na abertura e manejo de pastagens e na agricultura de corte e queima geralmente foge ao controle, queimando culturas perenes, sistemas agro-florestais e florestas manejadas para produção madeireira. Estas perdas estimulam produtores a continuarem optando por sistemas de produção extensivos, mantendo sua dependência do fogo (Fonte: IPAM, 2003). Seguindo-se a isso, o uso da queima, seja ela acidental ou provocada intencionalmente, para a formação de pastagens para pecuária extensiva, acarreta outros problemas com o passar dos anos. Casos muito típicos têm acontecido no estado de Roraima, onde os agricultores queimam a floresta para a instalação de pastagens. Após alguns anos de pastejo, já começam a aparecer manchas, em meio às gramíneas, de solo descoberto, o qual dará início, na época das chuvas, a processos erosivos (Figura 2). Tendo em vista que a pecuária no norte do país é uma atividade que merece maiores cuidados, uma vez que a lotação de animais por área deve ser pequena, visando a não degradação do solo (altamente intemperizado, frágil, onde a degradação já iniciou quando da passagem do fogo), a situação descrita é mais freqüente em pequenas e médias propriedades, onde o proprietário, visando obter lucros capazes de manter a sua família através da pecuária, não tendo área disponível para tanto, acaba por colocar muitos animais por hectare, em sua propriedade, dando inicio ao processo de degradação. 16 Figura 2: Pastagem com, no máximo 5 anos de implantação, em processo de degradação do solo (observar manchas brancas, solo exposto). Se o proprietário continuar com a mesma lotação de animais e não realizar nenhuma recuperação da área, o processo iniciado com o fogo terminará pela degradação total da área. (Foto: Eleandro José Brun, Caroebe-RR, 2001). 3.1.4. Fumantes Neste item estão incluídos os incêndios originados por fósforos e pontas de cigarros acesas, que são atiradas displicentemente por fumantes descuidados. Esta é a uma das maiores causas de incêndios florestais nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália e União Soviética. Provavelmente esta seja a causa onde mais se evidencia a falta de cuidado do homem na proteção das florestas contra incêndios. No Brasil, principalmente na época mais seca do ano para as regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste, intensificam-se os focos de incêndios provenientes de pessoas descuidadas que jogam cigarros ou fósforos acesos no chão. Casos típicos ocorrem nas margens de rodovias, onde o motorista, ao jogar uma bituca de cigarro acesa pela janela de seu carro, poderá estar dando início a um grande incêndio, onde o fogo começa no capim a margem da rodovia e posteriormente se espalha, podendo queimar florestas e residências. 3.1.5. Fogos campestres Nesta classe estão incluídos os incêndios florestais originados de fogueiras feitas por pessoas que estejam acampadas, caçando ou pescando na floresta ou proximidades. Não se incluem aqui os trabalhadores florestais que estejam em atividade, pois são considerados em um grupo separado. Os parques florestais abertos à recreação estão sempre sujeitos a este tipo de incêndio, devido ao descuido e irresponsabilidade de certas pessoas que os visitam. 17 3.1.6. Operações florestais Inclui-se neste grupo os incêndios causados por trabalhadores florestais, quando em atividade na floresta. Para melhor definir esta causa serão citados dois exemplos hipotéticos: 1. O primeiro foi um incêndio que se originou da fogueira que um operário florestal fez para aquecer sua comida e não apagou com o devido cuidado. 2. Em outra ocasião, um trabalhador florestal ao derrubar uma árvore, ativou um formigueiro que se encontrava próximo à base da árvore, e as formigas (muito agressivas) não permitiam que ele se aproximasse da árvore derrubada para continuar seu trabalho. Ele então ateou fogo ao formigueiro para matar as formigas e, descuidadamente, permitiu que o fogo se expandisse dando origem ao incêndio. 3.1.7. Estradas de ferro Sob esta classificação estão incluídos os incêndios que direta ou indiretamente são causados pelas atividades em estradas de ferro. Como causa direta podemos definir as fagulhas desprendidas das locomotivas, que encontrando a vegetação seca, podem causar incêndios. Com o uso de máquina diesel-elétrica, este perigo tem diminuído sensivelmente. Como causa indireta pode-se citar os materiais acesos (fósforos, estopas encharcadas de óleo) atirados por passageiro e maquinistas. As propriedades florestais que são cortadas por estrada de ferro necessitam de uma vigilância constante ao longo do seu percurso, para se evitar possíveis incêndios. 3.1.8. Diversos Nesta classe são incluídos os incêndios que não podem, satisfatoriamente, serem classificados em nenhum dos outros grupos analisados. São causas pouco freqüentes, que ocorrem esporadicamente e por esta razão não justificam uma classificação especial. Um exemplo típico de classificação neste grupo seria os incêndios causados pelos balões de festas juninas. O conhecimento das causas dos incêndios é básico para a elaboração de planos de prevenção. Ainda hoje o Brasil não possui uma estatística confiável que permita o conhecimento das principais causas dos incêndios nas diversas regiões do país. É de extrema importância, portanto, que os órgãos competentes e mesmo as empresas verticalizadas que fazem reflorestamento, mantenham um banco de dados das ocorrências e causas dos incêndios florestais, para que sejam tomadas medidas concretas de proteção através da elaboração de planos de prevenção. 20 sp., existindo condições favoráveis, especialmente idade, densidade e condições atmosféricas, geralmente ocorrem incêndios de copas. Figura 3: Tipos de incêndios florestais (A: subterrâneo; B: superficial; C: de copa). Fonte: Soares (1985). É importante mencionar ainda que os três tipos de incêndios descritos podem e acontecem simultaneamente ou nas diversas combinações possíveis, dependendo das condições existentes. 21 Figura 4: Incêndio de superfície (fogo superficial). Fonte: UOV (2004). Figura 5: Incêndio de copa. Fonte: UFRRJ (2005). 22 Existe outro meio de se classificar os incêndios, tendo relação com a área queimada. O Serviço Florestal dos Estados Unidos adota uma classificação, mas esta não se adapta muito bem às condições brasileiras, pelas características diferentes de vegetação, clima, sistema métrico e principalmente de meios de proteção, ocasionando uma grande diferença de tamanho e outras particularidades entre os incêndios nos EUA e no Brasil. SOARES (1985) sugere, através da observação prática das características dos incêndios no Brasil, especialmente no Paraná, uma classificação um pouco diferente a ser adotada (Tabela 1). Tabela 1: Classificação dos Incêndios Florestais segundo a área queimada. Área queimada (ha) Classes EUA Brasil A < 0,1 < 1 B 0,1 – 4 1 – 10 C 4 – 40 10 – 100 D 40 – 120 100 – 1000 E > 120 >1000 3.3. Danos causados Existe uma relação entre fogo e silvicultura que é de vital importância para o Engenheiro Florestal. A silvicultura comercial está diretamente dirigida à produção de fibra de madeira e a criação e manutenção de uma cobertura verde. Basicamente, a silvicultura consiste em manejar a fotossíntese, processo químico do qual toda a vida depende e através do qual o dióxido de carbono, água e energia solar são combinados para produzir celulose e outros carboidratos. O processo é lento e contínuo. O fogo, por sua vez, rapidamente reverte o processo e libera, sobre forma de calor, a energia armazenada pela fotossíntese. O fogo, portanto é o processo inverso da fotossíntese, ou seja, é um processo de decomposição. fotossíntese CO2 + H2O + Energia Solar → (C6H10O5) + O2 Combustão (C6H10O5) + O2 + T0C Ignição → CO2 + H2O + Calor 3.3.1. Danos diretos Os danos diretos são aqueles visíveis e de fácil avaliação, como por exemplo, a quantidade de madeira queimada, as construções destruídas, etc, em um incêndio florestal. 25 gás. Existindo calor suficiente, este vapor, desde que seja inflamável, se converterá em chamas, iniciando o processo de combustão. Na primeira fase, pré-aquecimento, o material é seco, aquecido e parcialmente destilado, porém ainda não existem chamas. O calor elimina a umidade existente no material e continua aquecendo o combustível até a temperatura de ignição, aproximadamente entre 260 e 400°C para a maioria do material florestal. A temperatura de ignição será alcançada rápida ou lentamente, dependendo do tipo de combustível, seu conteúdo de umidade e seu estágio de maturação (se está verde ou em dormência, no caso de vegetação viva). Os componentes voláteis se movem para a superfície do combustível e são expelidos para o ar circundante. Inicialmente esses voláteis contêm grandes quantidades de vapor d’água e alguns compostos orgânicos não combustíveis. Nos combustíveis florestais, quando a temperatura aumenta, a hemicelulose, seguida da celulose e da lignina, começam a se decompor e liberam um fluxo de produtos orgânicos combustíveis (pirolisados) (Figuras 7 e 8). Devido esses gases estarem aquecidos, elevam-se misturando-se com o oxigênio do ar e incendeiam-se produzindo a segunda fase. Figura 7: Esquema demonstrando a primeira fase da combustão (Fonte: UOV, 2004) 26 Figura 8: Na primeira fase da combustão não existe fogo, o combustível começa a esquentar e, normalmente libera água. (Fonte: UOV, 2004). Na fase seguinte, de destilação ou gasosa, os gases destilados da madeira incendeiam-se e entram em combustão, produzindo chamas e altas temperaturas que podem atingir 1250°C ou um pouco mais. Nesse estágio do processo de combustão os gases estão queimando, mas o combustível propriamente dito ainda não está incandescente. Olhando-se atentamente para um pedaço de madeira que está queimando, por exemplo, um fósforo aceso, observa-se que as chamas não estão ligadas diretamente à superfície da madeira, mas separadas dela por uma fina camada de vapor ou gás. Isto ocorre porque combustíveis sólidos não queimam diretamente, necessitando primeiro serem decompostos ou pirolisados, pela ação do calor, em vários gases, uns inflamáveis e outros não. Os gases inflamáveis não possuem suficiente quantidade de oxigênio para queimar quando liberados da madeira, precisando primeiro se misturar com o ar em redor para formar uma mistura inflamável. Se a pirólise é lenta, pouco gás é destilado, e as chamas são curtas e intermitentes. Mas quando grandes quantidades de combustível estão queimando rapidamente, como em um incêndio florestal, o volume de gases é grande e alguns deles necessitam se expandir, afastando-se a consideráveis distâncias do combustível antes que a mistura se torne inflamável. Nesse caso, longas e compactas chamas são formadas (Figura 9). 27 Figura 9: Esquema demonstrando a segunda fase da combustão (Fonte: UOV, 2004). Na última fase, a incandescência, o combustível é consumido, havendo formação de cinzas. O calor é intenso, porém praticamente não existe chama nem fumaça. Nessa fase o combustível (carvão) é consumido, restando apenas cinzas. A quantidade de calor liberada nessa fase depende do tipo de combustível, mas de um modo geral, pode-se dizer que 30 a 40% do calor de combustão da madeira está no seu conteúdo de carbono (Figura 10). A composição do carvão residual que é liberado após a fase de destilação varia de acordo com a temperatura em que ocorreu a destilação dos hidrocarbonos. Se ela ocorreu no limite inferior de temperatura, 260 a 300°C, o carvão retém considerável quantidade de alcatrão e o conteúdo de carbono pode ser apenas 60%. Mas a temperaturas normais de um incêndio florestal, 800°C ou mais, a porcentagem de carbono chega a 96%. Figura 10: Terceira fase da combustão (permanência somente de brasas) (Fonte: UOV, 2004). 30 Por exemplo, imaginando-se três pessoas sentadas nas proximidades de uma fogueira, a mais próxima pode estar se sentindo confortável a uma distância de 2 m do fogo. A segunda, estando a 4 m do fogo (o dobro de distância) somente receberá a mesma quantidade de calor se o fogo for 4 vezes mais quente. A terceira pessoa está a 6 m de distância, ou seja, 3 vezes mais longe que a primeira, porém somente receberá a mesma quantidade de calor se o fogo for 9 vezes mais insuportável à pessoa próxima ao fogo. A radiação é muito importante em todos os incêndios, mas é o principal método de transferência de calor em grandes incêndios florestais. A convecção é o movimento circular ascendente devido ao aquecimento de massas de ar. Por exemplo, em uma sala aquecida por um fogão, o ar em contato com o mesmo absorve calor por condução. O ar aquecido se expande tornando-se mais seco e mais leve que o ar frio ao redor. Sendo mais leve, esse ar tende a subir deixando espaço para a entrada de ar frio que também se aquecerá, dando assim início a um movimento constante. Seguindo este princípio de convecção, o fogo pode criar condições de turbulência aspirando oxigênio dos lados e lançando para cima o ar aquecido. Este processo é o responsável pelo barulho que se houve em grandes incêndios que se movem rapidamente. Fagulhas podem ser levadas a grandes distâncias pelo movimento de convecção em incêndios de grande porte, dificultando bastante o controle dos mesmos. A condução é a transferência de calor por contato direto com a fonte de calor. Por ser a madeira um mal condutor de calor, a transferência por condução tem pouca importância em incêndios florestais. O aquecimento de massas de ar através de condução é que apresenta um pouco mais de importância no controle de incêndios. Um incêndio florestal apresenta várias formas de propagação. O incêndio superficial começa sempre através de um pequeno foco (fósforo aceso, fagulhas, toco de cigarro, pequena fogueira) e inicialmente se propaga de forma circular. Algumas vezes o incêndio chega à floresta já com grandes dimensões, quando proveniente de uma queima em área agrícola nas proximidades da floresta, por exemplo. A propagação inicial do fogo, em forma circular, continuaria sempre assim se não ocorresse à influência de vários fatores que controlam e definem a forma e intensidade de propagação do incêndio. O vento é o primeiro fator a manifestar sua influência, transformando a forma de propagação inicial que era circular em uma forma elíptica, desde que haja condições favoráveis, também em material combustível. Daí em diante o incêndio toma uma forma definida, compreendendo as seguintes partes: cabeça ou frente, flancos e base ou parte posterior. A Figura 13 ilustra a explanação. A cabeça ou frente do incêndio é a parte que avança mais rapidamente e segue a direção do vento. A base ou parte posterior é a que avança lentamente contra o vento e, às vezes, se extingue por si só. Os flancos do incêndio ligam a frente à base. Com a mudança do vento ou em condições topográficas favoráveis, os flancos podem se desenvolver em outras frentes de incêndios. Em muitos 31 casos os flancos avançam com relativa lentidão, e nestes casos, os flancos constituem-se no melhor ponto para se iniciar o combate ao fogo. Apesar do vento ser talvez o elemento de maior importância na forma e direção de propagação dos incêndios, não se pode esquecer também da influência do material combustível e topografia. Em terrenos com declividade acentuada o fogo tende a se propagar montanha acima, tomando uma forma triangular. Figura 13: Formas em que se desenvolve um incêndio florestal. Fonte: Cianciulli (1981). Os incêndios superficiais propagam-se lentamente e são independentes da direção ou velocidade do vento. Os incêndios de copas avançam rapidamente, com grande poder de destruição, lançando fagulhas ou outros materiais acesos que poderão se converter em novos focos de incêndio. 3.6. Comportamento do fogo É importante observar, especialmente no planejamento do combate, a variação do comportamento do fogo (propagação) durante as 24 horas do dia. Fatores como intensidade do fogo e ONDE: 1- Ponto de ignição 2- Zona queimada 3- Zona incendiando-se 4- Novos focos originados por chispas ou fagulhas 5- Cabeça do fogo 6- Flancos 32 velocidade de propagação, ambos reagem às variações diurnas. De um modo geral o fogo alcança a máxima intensidade nas horas mais quentes do dia, entre as 14:00 horas e 16:00 horas. A partir daí começa a declinar até passar por um mínimo, geralmente entre 3:00 e 5:00 horas da manhã (Figura 14). Apesar de fatores e condições especiais poderem, às vezes, modificar o comportamento do fogo, essas considerações relativas à ação do fogo ao longo do dia são de grande importância na luta contra os incêndios. A maioria dos incêndios florestal é mais fácil de se combater durante as últimas horas da tarde, à noite e de madrugada. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 H Te m pe r Figura 14: Variação da propagação do fogo durante o dia (Fonte: Soares, 1985). 3.7. Efeitos dos incêndios florestais Os incêndios florestais constituem, sem dúvida alguma, a principal fonte de injúria às florestas. Sob certos aspectos e em circunstâncias especiais os incêndios podem também representar alguns benefícios para a floresta. Porém, existe tamanha disparidade entre a importância dos danos causados e os benefícios proporcionados. 3.7.1. Efeitos benéficos do fogo Sob o ponto de vista silvicultural o fogo pode, em determinadas ocasiões e condições, resultar em alguns benefícios para a floresta. Porém o uso do fogo deve ser feito sempre com cuidado, de forma prudente e controlada, para que não fuja do controle e não cause nenhum dano. De um modo geral, são estes os benefícios que podem ser obtidos de um fogo bem dirigido e controlado. 3.7.1.1. Combate a incêndios Podemos usar o fogo no combate a incêndios florestais na forma de contra-fogo, aumentando a área de aceiro, transformando-se numa excelente arma para deter o avanço de um incêndio. Este tipo 32 controlada desta área (durante o inverno, quando as gramíneas estão completamente secas) é uma excelente técnica preventiva, protegendo efetivamente a floresta no caso de incêndio (Figura 17). Figura 17: Aplicação de fogo controlado em vegetação nativa. 3.7.1.6. Melhora atributos do solo Dentro de certas condições, e em alguns casos especiais, o fogo controlado pode melhorar as condições físicas do solo, ao queimar os depósitos de “húmus”, proporcionado melhor aeração e aquecimento do solo. Com isto estimula também a atividade microbiana, favorecendo a nitrificação. O fogo faz com que a ciclagem de nutrientes seja acelerada, deixando os nutrientes disponíveis na forma de cinzas, que pela incorporação da mesma, além do fornecimento de nutrientes, contribui também na eliminação da acidez do solo. 3.7.2. Efeitos maléficos do fogo Os incêndios florestais constituem uma permanente fonte de danos às florestas de todo o mundo. Anualmente milhares de hectares de florestas são queimados, com prejuízos incalculáveis. De um modo geral, os danos causados as florestas podem ser classificados. 3.7.2.1. Danos ao solo Os incêndios florestais geralmente causam grandes danos ao solo, principalmente nas suas características físicas. A destruição da cobertura orgânica do solo, expondo-o diretamente as intempéries, provoca grandes modificações em suas propriedades físicas, particularmente, porosidade 33 e permeabilidade. Os solos argilosos tornam-se duros, dificultando a penetração da água, que escorre sobre a superfície, em forma de enxurrada, provocando erosão e a degradação deste valioso recurso. Os solos arenosos tornam-se extremamente friáveis, perdem o poder de retenção de água e são facilmente erosionáveis pela água das chuvas e até mesmo, sob certas condições, pelo vento. Os danos também se estendem à química e a microbiologia do solo, uma vez que boa parte dos nutrientes contidos nos restos vegetais é volatilizada pelo fogo, que também destrói grande parte dos organismos. A Figura 18 apresenta uma seqüência de eventos relativos aos incêndios florestais que acabam por causar erosão e degradar o solo, se nenhum cuidado for tomado para que isso seja evitado. Figura 18: Exemplo de uma seqüência de eventos relacionada ao cultivo incorreto do solo, que vem a ocasionar a degradação do solo pela erosão hídrica. Em (A), queimada de floresta para cultivo a qual, sofre preparo intensivo (B), deixando o solo sujeito à ação da chuva, o que vem a ocasionar uma seqüência de processos erosivos (C e D). Devemos ressaltar que os danos ao solo são particularmente mais severos de acordo com a intensidade e freqüência dos incêndios. Incêndios extremamente severos causam a completa destruição de toda a cobertura vegetal expondo totalmente o solo. Se o incêndio ocorre com freqüência em determinada área, mesmo não sendo muito intenso, ele não permitirá o acúmulo de matéria orgânica (sendo periodicamente destruída), expondo, portanto, o solo permanentemente a ação dos agentes causadores de erosão. A C B D 34 Paralelamente a estes danos citados, o incêndio atua também sobre a microbiologia do solo afetando-a seriamente. O fogo afeta as propriedades químicas e físicas dos solos. Com a passagem do fogo ocorre a eliminação da cobertura orgânica do solo, deixando-o completamente exposto à ação de intempéries, tornando-se susceptível a erosão. 3.7.2.2. Capacidade produtiva da floresta O fogo interfere tanto na qualidade quanto na quantidade da produção madeireira das florestas. Os danos à capacidade produtiva das florestas podem ser caracterizados por três partes principais: − O fogo pode mudar completamente o tipo de floresta, causando geralmente o enfraquecimento da mesma, pois quase sempre as madeiras valiosas são as mais atacadas e de difícil regeneração. O fogo, de uma maneira geral, favorece a vegetação herbácea e as matas secundárias. Um exemplo típico dessa afirmação ocorre no Paraná, onde após o incêndio das valiosas florestas de Araucária, sempre associada à peroba, pau marfim, imbuia, cedro, etc., há a invasão de espécies pioneiras, tais como o capixingui, a bracatinga, etc., essências típicas de matas secundárias e de baixo valor econômico. − Redução da densidade da floresta, sendo que a maioria dos incêndios não chega a destruir todo o povoamento, porém provocam um raleamento da floresta, prejudicando a produção qualitativa e quantitativa da floresta. − Alteração do princípio da sustentabilidade, por forçar o corte de árvores ainda imaturas, diminuindo o rendimento da floresta. Principio da sustentabilidade é o termo utilizado para definir um rendimento anual sustentado em longo prazo. Para melhor evidenciar o fato, citamos o caso de uma empresa madeireira com auto-suficiência em matéria prima. Pelo planejamento feito, estima-se a quantidade de madeira necessária anualmente para o suprimento da empresa, sendo que a ocorrência de um incêndio altera todo o cronograma, por forçar o corte de áreas que ainda não estejam em condições ideais (imaturas), para que não acorra perda de madeiras, podendo causar falta de madeira em anos futuros. 3.7.2.3. Aspecto recreativo da floresta Em muitos países, as florestas são utilizadas como um local de recreação, onde as populações urbanas vão passar os fins de semana ou feriados, fugindo da vida agitada das cidades. As florestas usadas para esta finalidade apresentam um bonito aspecto paisagístico e um incêndio tornará este aspecto sombrio e desolador. A floresta perde então o seu aspecto recreativo. 37 O que efetivamente danifica ou mata uma árvore durante um incêndio é a elevação da temperatura das células vivas a um nível letal (temperatura letal), em locais críticos da mesma, tais como a base do tronco e a folhagem. A morte do câmbio na base do tronco, quando submetido a altas temperaturas, é uma das principais causas da mortalidade das árvores em incêndios florestais. As temperaturas letais dos tecidos vivos das árvores têm sido estudadas por vários pesquisadores. Na maioria das vezes, os resultados desses estudos podem ser representados através de uma curva semilogarítmica do seguinte tipo: T = a - b . l n . t sendo: T = temperatura letal; a e b = constantes; l n = logaritmo natural; t = tempo de exposição A equação indica que a temperatura letal é inversamente proporcional ao logaritmo do tempo de exposição àquela temperatura. Ambos, portanto, temperatura e tempo de exposição, são importantes. Isto significa que para ser morta pelo fogo uma árvore deve ter seus tecidos vivos submetidos à determinada temperatura durante certo tempo. Quanto maior a temperatura, menor o tempo de exposição necessário para provocar a morte dos tecidos. A tolerância ao calor de quatro espécies florestais (Pinus elliottii, Pinus palustris, Pinus rigida e Pinus taeda), foi determinada submetendo-se suas folhagens a diferentes temperaturas e tempos de exposição através do método de banho-maria. Os resultados mostraram não haver diferença significativa entre as espécies. A 54°C a morte da folhagem ocorreu após cerca de 6 minutos de exposição; a 60°C, após meio minuto; e a 64°C quase instantaneamente (Nelson, 1952). Com relação ao câmbio, trabalhos realizados por Kayll (1963) demonstram que temperaturas de 60°C durante 2 a 4 minutos ou 65°C em menos de 2 minutos, são letais. Isto indica que os tecidos vivos, de diferentes espécies, apresentam praticamente o mesmo nível de resistência ao calor. Entretanto, para chegar ao câmbio o calor tem que atravessar a casca da árvore. Por isto, a quantidade de calor que chega ao câmbio é inversamente proporcional à espessura e diretamente proporcional ao conteúdo de umidade da casca. 3.7.2.6. Caráter protetor da floresta A floresta constitui um agente protetor de grande importância. Ao ser destruída ou danificada pelo fogo, fatalmente esta capacidade protetora será prejudicada, com maior ou menor intensidade, dependendo da severidade e freqüência dos incêndios. A floresta exerce proteção básica contra deslizamentos, avalanches, invasão de dunas e erosão. A floresta atua também como reguladora do regime hidrológico. O solo florestal, coberto pela serapilheira, facilita a infiltração da água das chuvas. O fogo destruindo esta proteção, a água das chuvas vai escorrer pela superfície, causando inundações, deslizamentos, erosão, etc. 38 3.7.2.7. Ar Atmosférico A combustão completa do combustível florestal libera calor, água (vapor) e dióxido de carbono (CO2). A água não é poluidora do ar e o CO2, produzido livremente através da decomposição natural de substâncias orgânicas, também não é considerado, pelo menos até o momento, um elemento poluidor da atmosfera. O grande problema ocorre quando, nos incêndios florestais, a combustão não é completa. Quando ocorre um incêndio florestal, além da água e do CO2, vários outros elementos são lançados na atmosfera, como por exemplo, monóxido de carbono, hidrocarbonos e partículas. Pequenas quantidades de óxido de nitrogênio são também liberadas em alguns incêndios de maior intensidade. Entretanto, nos incêndios florestais não há produção de óxidos de enxofre, altamente poluidores, porque o conteúdo de enxofre na madeira é insignificante. Uma questão freqüente, que preocupa os ecologistas, é até que ponto os incêndios florestais contribuem para a poluição do ar. Segundo a Associação de Doenças Respiratórias dos EUA, os incêndios florestais contribuem com cerca de 3% do total dos principais poluentes na atmosfera do país, enquanto os automóveis representam 60%, as industrias 18% e os sistemas de aquecimento das casas e edifícios, 5%. Para se avaliar a importância de diversas fontes de poluição ambiental é importante analisar a composição das emissões. Cerca de 90% dos produtos da combustão do material florestal é CO2 e água. O maior impacto dos incêndios florestais sobre a qualidade do ar provém dos outros 10%, principalmente partículas e hidrocarbonos. Por outro lado, a fumaça dos automóveis, por exemplo, contém porcentagens muito mais altas de elementos venenosos tais como monóxido de carbono, óxidos de enxofre e compostos de chumbo. Provavelmente, o mais importante elemento individual das emissões dos incêndios seja a fração de partículas em suspensão na fumaça. Essas partículas, sólidas ou líquidas, são constituídas por uma complexa mistura de fuligem, alcatrão e substância orgânicas voláteis, geralmente microscópicas, com dimensões entre 0,001 a 10 micra. Embora existam evidências de que as partículas sejam posteriormente lavadas da atmosfera pelas chuvas, ou se precipitem pela ação dos ventos e da gravidade, a fumaça visível que elas geram é freqüentemente uma fonte de problemas. As partículas são a maior causa da redução da visibilidade, às vezes em áreas críticas como aeroportos, rodovias e cidades, além de servirem de superfície de absorção de gases nocivos que podem estar presentes na atmosfera. As partículas finas, especialmente as menores de 3 micra, podem afetar as condições respiratórias de pessoas sensíveis, especialmente quando combinadas com gases tóxicos. O monóxido de carbono é o mais abundante dos poluentes produzidos pelos incêndios florestais. Medições realizadas durante a ocorrência de incêndios têm mostrado valores de 50 a 200 ppm, próximo às chamas. A concentração média de 60 ppm registrada à margem do fogo decresce rapidamente para cerca de 10 ppm a 30 m de distância da zona de combustão. Esses valores são relativamente baixos 39 quando comparados com a média de 200 ppm registrada em túneis de rodovias, onde a produção é constante. Apesar do crescimento industrial, do número de automóveis e dos incêndios florestais, a concentração de monóxido de carbono na atmosfera não tem aumentado através do tempo. Isto porque ele tem vida curta na atmosfera. Estudos preliminares têm indicado que o solo talvez seja a maior fonte de absorção de monóxido de carbono, onde ele é consumido por fungos e bactérias. Devido a sua alta toxidade, o monóxido de carbono pode ser prejudicial à saúde humana, dependendo de sua concentração e do tempo que a pessoa fica exposta ao contato com o gás. A formação de óxido de nitrogênio normalmente ocorre através da fixação do nitrogênio da atmosfera, na zona de combustão, a temperaturas acima de 1.540°C. Esta temperatura é muito superior às comumente registradas em queimas controladas. Mesmo em incêndios florestais ela não é muito comum. No entanto, pequenas quantidades de óxido de nitrogênio podem ser formadas a temperaturas mais baixas, através de compostos nitrogenados presentes no combustível florestal. Os hidrocarbonos compreendem uma classe extremamente diversificada de compostos contendo hidrogênio, carbono e, algumas vezes, oxigênio. As medições das emissões dos incêndios florestais geralmente consideram todos os hidrocarbonos em conjunto, apesar da maioria deles não apresentar efeitos daninhos. Por outro lado, alguns hidrocarbonos, como por exemplo, os de baixo peso molecular (olefinas) e os aromáticos polinucleares, mesmo presentes em pequenas quantidades, são responsáveis pelo fenômeno da névoa seca e danos à saúde humana. A temperatura desempenha um papel importante na formação desses hidrocarbonetos e o intervalo ótimo situa-se entre 700 a 850°C. As avaliações da quantidade de hidrocarbonos produzidos em um incêndio florestal mostram valores entre 5 e 20 kg por tonelada de combustível consumido, relativamente baixos quando comparados aos 65 kg produzidos por tonelada de gasolina queimada. Queimas controladas, por consumirem menos combustível, de maneira mais completa, produzem menos compostos poluentes que os incêndios florestais, que queimam material mais úmido, inclusive vegetação viva. A queima contra o vento, técnica mais usada em queimas controladas, produz menos poluentes do que o fogo a favor do vento. A fumaça originada das queimas controladas pode causar problemas de poluição do ar, embora muito menos graves que os causados pelas indústrias. No entanto, aplicando-se princípios básicos de meteorologia no manejo da fumaça, pode-se usar cientificamente o fogo, para se alcançar certos objetivos, sem poluir o ambiente. A queima deve ser feita quando existe vento constante e sob condições atmosféricas que permitam o movimento vertical do ar (atmosfera instável) para dispersar a fumaça. Não se deve queimar durante períodos de ocorrência de inversões térmicas a baixa altitude. À noite, por exemplo, o fogo geralmente produz mais fumaça e ela permanece por mais tempo próxima à superfície, devido à inversão de temperatura e ao movimento do ar frio na direção dos declives. 42 Tabela 3: Interpretação dos valores do índice de inflamabilidade. Valor de G Perigo de incêndio Até 300 Nenhum risco (NR) De 301 a 500 Risco fraco (RF) De 501 a 1000 Risco médio (RM) De 1001 a 4000 Grande perigo (GP) Maior que 4000 Perigosíssimo (PP) 3.8.3. Fórmula de Monte Alegre Este índice foi determinado por Soares & Paez, onde foi estabelecida uma formula para determinar o grau de perigo de incêndios florestais na região centro-paranaense, sendo denominada de Monte Alegre. Esta, quando comparada com três formulas internacionais (Angströn, Nesterov e Telicyn), demonstrou uma superioridade ao nível de 99% de probabilidade. ∑= )100( hFMA onde: h = umidade relativa do ar em percentagem. Com decorrência da formula deduzida, estabeleceu-se um quadro de escala de perigo de incêndio (Tabela 04), para a formula de Monte Alegre. Tabela 4: Escala de perigo de incêndio para a formula de Monte Alegre.Alegre. Tabela 4: Escala de perigo de incêndio para a formula de Monte Alegre. Valor de Índice (FMA) Grau de perigo Até 1,0 Nulo 1,1 – 3,0 Pequeno 3,1 – 8,0 Médio 8,1 – 20,0 Alto Maior que 20,0 Muito alto De acordo com os resultados obtidos, essa formula poderá ser utilizada na região centro- paranaense com melhores resultados do que as atualmente utilizadas (Angströn e Nesterov), para previsão do grau de perigo de incêndio. Na Figura 20, observa-se o aspecto de uma placa indicando o risco de incêndio segundo a fórmula de Monte Alegre. 43 Figura 20: Risco de incêndio segundo a fórmula de Monte Alegre. O uso destes índices, quando corretamente calculados nos fornecem uma boa noção do grau de perigo, que o dia ou a época apresentam. Mas não há duvida de que é necessário realizar pesquisas visando a melhor adaptação desses índices as condições locais, pois valores validos para a região Sul certamente não serão os mesmos validos para a região Norte. 4. PLANEJAMENTO, PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS E REALIZAÇÃO DE QUEIMAS CONTROLADAS O planejamento da prevenção à ocorrência de incêndios florestais é de grande importância. Requer a aplicação de táticas variadas e a utilização de equipes completas com formação pessoal distinta e específica, e com funções diferentes, formando um todo com um só objetivo. Neste sentido, é necessário: • Preparar as florestas, campos e pastagens com aceiros e outros obstáculos contra incêndios; • Instalar sistemas de detecção e comunicação que permitam atacar e extinguir rapidamente o fogo; • Impedir que se originem incêndios que podem ser evitados; • Quando houver possibilidade, é ecologicamente correto mesclar espécies vegetais resistentes ao fogo, para dificultar o avanço dos incêndios; 44 • Quando possível, plantar espécies vegetais que têm a capacidade de armazenar água ou que vivem em lugares úmidos, como as higrófilas, em áreas limítrofes, favorecendo a formação de aceiros naturais ou faixas, pois essas espécies aumentam a umidade relativa do ar; • Construir torres de observação em pontos estratégicos, especialmente nas Unidades de Conservação; • Desenvolver trabalho educativo objetivando sensibilizar e esclarecer a comunidade que se relaciona com o empreendimento florestal ou que se localize internamente ou nos limites de reservas e parques sobre a necessidade e importância da prevenção dos incêndios florestais; • Divulgar, exaustivamente, através dos meios de comunicação, informações relativas aos perigos dos incêndios florestais, dentro das áreas da empresa e nas áreas limítrofes. Impedir totalmente que os incêndios ocorram é praticamente impossível. Porém, é fundamental impedir seu avanço no Ecossistema. Assim, medidas e ações para evitar a ocorrência e propagação dos incêndios são de vital importância no trabalho de combate aos incêndios, e a colaboração de todos é fundamental. As atividades de prevenção começam com a construção de acessos livres, caminhos, picadas, pontes nas florestas, matas, serras, montanhas para facilitar a segurança e penetração de brigadas nas áreas de ocorrência dos incêndios. Para a comunicação, detecção, realização dos primeiros ataques ao fogo é necessária a construção de cabanas, de barracas e de abrigos, em pontos estratégicos, com equipamentos úteis e ferramentas imprescindíveis a essas atividades. Além disto, a construção de torres de observação em pontos estratégicos permite o máximo de visibilidade ao observador na identificação dos focos de incêndios e na comunicação destes ao chefe da equipe. Quando se tratar de região de pequenas propriedades rurais, em áreas de alto risco de incêndios, é essencial, como medida de prevenção, que as autoridades competentes supervisionem possíveis queimas a serem realizadas pelos agricultores. Por sua vez, o agricultor, ao pretender fazer queima controlada, necessita preparar o terreno (fazendo aceiros ou corta-fogo) de forma adequada, eliminando todo e qualquer material combustível, como gramíneas, herbáceas e restos de cultura. É importante, ainda, evitar a queima de grandes áreas (acima de 10 hectares) ao mesmo tempo para impedir a passagem de faíscas sobre os aceiros para outras áreas. Em áreas mecanizadas, o uso de máquinas pesadas para fazer aceiros, retirando o material combustível inflamável é aconselhável para não permitir que o fogo alcance outras áreas. Orientações mais detalhadas sobre como proceder para fazer uma queimada controlada, bem como a descrição dos tipos de queima que podem ser adotadas são apresentadas a seguir. 47 Figura 22: Método de queima em faixas a favor do vento. (IBAMA, 2001). c) Queima em “v” • Indicado para áreas montanhosas (de cima para baixo), de um único ponto, com propagação radial de linhas de fogo. • queimadas em cunho a favor do vento coloca-se fogo, ao mesmo tempo, em vários pontos da borda do terreno, sempre a partir do aceiro-base (Figura 23); • Esta prática é recomendada somente para vegetação leve. Figura 23: Método de queima em cunho ou “v”, a favor do vento. (IBAMA, 2001). d) Queima em manchas • Queimadas por pontos o fogo é posto contra o vento a partir do aceiro-base em vários pontos. • Nenhum fogo vai ser grande nem difícil de se controlar; • Necessita da manutenção do acesso ao interior da área (Figura 24). 48 Figura 24: Método de queima em mancha. IBAMA (2001). e) Outros tipos • Queimada central é feita em terrenos planos, colocando fogo em vários pontos do centro da área, em forma de círculos. Deste modo, a força do fogo será maior na parte central do terreno e facilitará o trabalho do pessoal envolvido nesta tarefa; • Queimada contra o vento esta é a queimada básica. Iniciar o fogo numa extremidade do terreno, de modo que queime ladeira abaixo ou contra o vento; • Queimada em vegetação dispersa começar com o fogo contra o vento, lentamente, sempre partindo da base do aceiro; Para realizar uma queima controlada ou prescrita é fundamental estar atento às seguintes recomendações: • Todo tipo de queima requer um estudo prévio para conhecimento das condições ideais para a sua realização; • Deve-se verificar com atenção os seguintes itens: o Época de maior risco ou perigo de incêndio o Tamanho e condições da área a ser queimada; o Tipo de vegetação (baixa, média, alta (Ex: campo, floresta, lavoura, etc)); o Objetivo da queima; o Temperatura local (no momento em que se planeja realizar a queima); o Umidade do ar no período; o Quantidade de combustível existente; 49 o Hábito da fauna silvestre o Pessoal disponível (para realizar a queimada e controlar o fogo). • Para evitar perigos futuros é imprescindível queimar ou remover, antecipadamente, as acumulações de materiais combustíveis (lenhosos) na linha de controle do fogo; • Não abandonar, em hipótese alguma, a área incendiada até a completa extinção do fogo; É tecnicamente recomendada a realização da queima controlada no período do outono ou inverno, uma vez que os tecidos dos vegetais encontram-se em estado de dormência nesta época. Caso haja a necessidade de maior intensidade de fogo, a queima poderá ser realizada no verão, porém, neste caso os cuidados a serem tomados para evitar a perda de controle do fogo devem ser maiores, em virtude da temperatura do ar ser mais alta e possivelmente a umidade do ar e do material combustível ser menor. A realização de queima controlada na primavera é desaconselhada em virtude da intensa atividade vegetativa em que se encontram os vegetais neste período, quando a passagem do fogo poderia causar danos irreversíveis. Em pesquisa realizada em povoamentos de Pinus taeda nos EUA, citada por Soares (1985), (Tabela 5) pode-se observar a influência da época e do tipo de queima na velocidade de propagação, consumo de material combustível e na intensidade do fogo. A maior velocidade de propagação ocorreu no verão com fogo a favor do vento. A influência maior da estação do ano pode ser detectada em relação ao consumo de material combustível e na intensidade do fogo, a qual é sempre maior no verão, associada com o vento favorável. TABELA 5: Influência do tipo e época de queima na velocidade de propagação, consumo de combustível e intensidade do fogo em povoamento de Pinus taeda nos EUA. Tipo queima Veloc. Propag. (m/s) Consumo de combustível (ton/ha) Intensidade de fogo (kcal/m.s) Inverno (Contra o vento) 0,007 5,50 17,0 Verão (Contra o vento) 0,006 6,25 16,5 Inverno (Favor do Vento) 0,044 6,00 116,4 Verão (Favor do Vento) 0,050 7,25 154,3 Fonte: Soares (1985). Fatores como a hora do dia em que é realizada a queima também influenciam no sucesso da tarefa. Queimas realizadas durante a luz do dia são mais eficientes em virtude das melhores condições de queima do material combustível, influenciada pela maior temperatura e menor umidade do ar, porém é claro que necessitando de maiores cuidados em relação ao controle do fogo. A realizada de queima a noite somente é recomendada quando em florestas mais jovens, em virtude de causar menor volume de danos. 52 • Organização de pessoal; • Transporte de pessoal; • Abastecimento e transporte de combustíveis; • Abastecimento de água/alimentação; • Apoio logístico/primeiros socorros; • Acampamento/alojamento. 4.3.2. Normas Gerais de Segurança A extinção de incêndios florestais, normalmente, acontece em condições tensas, uma vez que a própria natureza desta atividade obriga a uma atuação de emergência. São, assim, trabalhos perigosos que se desenvolvem em ambiente de precipitação e nervosismo, sendo, em grande parte, executados por pessoas não habituadas a trabalhar em matas e florestas. Além de ser um trabalho duro e estafante, conta, muitas vezes, com o agravante de as pessoas desconhecerem o uso correto das ferramentas que irão manusear. Portanto, é oportuno estar atento às seguintes normas de segurança: • Estar em contato com seus superiores; • Trabalhar em equipe; • Carregar as ferramentas corretamente; • Olhar onde pisa; • Manter a calma em qualquer circunstância; • Avisar quando se afastar da equipe e/ou do local do incêndio. 4.3.2.1. Segurança no Transporte para o Local do Incêndio • No veículo, o motorista é o responsável absoluto pelo seu comando; • Os passageiros devem manter-se quietos durante todo o trajeto ou percurso da viagem; • Todos os passageiros deverão estar bem acomodados dentro do veículo; • Não viajar com ferramentas de trabalho nas mãos; • Descer do veículo, ordenadamente, pela porta; • Olhar bem o ambiente onde estiver pisando ou andando; • Não subir no veículo em movimento; • Não descer quando o veículo estiver em movimento, afastando-se dele ao sair; • Não cruzar vias públicas e estradas pela parte traseira do veículo; • Periodicamente, fazer inspeção mecânica nos veículos em que viaja. 53 4.3.2.2. Deslocamento da Equipe Rumo ao Incêndio • Escolher a rota mais curta, mais segura, que ofereça menor esforço físico e que leve de forma mais rápida aos incêndios. Para tanto, usar mapas e/ou bússolas, ou pedir orientação às pessoas que conheçam a região; • Caminhar sempre em ritmo normal e adequado, para não gastar tempo e nem energia desnecessária; • Ter tempo para descanso, necessário ao restabelecimento das energias; • Se tiver que ultrapassar canaviais, cruzá-los pelo lado mais seguro possível; • Observar bem por onde passar tendo cuidado com materiais no solo, galhos, tocos, ramos, olhando sempre em frente; • Se não for necessário, não saltar e nem correr; • Não caminhar no escuro, em hipótese alguma; • Quando for tomar água, beber calmamente; • Ao chegar próximo de incêndios ou queimadas, certificar-se de que escolheu a forma mais segura possível; • Ao escalar morros, serras, montanhas, subir em forma de ziguezague para não gastar energia em demasia; • Quando estiver desorientado e perdido no campo ou floresta, procurar os pontos mais altos e tomá-los como referencial para se posiciona; • Não se separar da equipe a uma distância maior que dez metros. 4.3.2.3. Segurança em Combate no Campo Todos os envolvidos no combate ao incêndio devem estar protegidos contra as altas temperaturas e gases, utilizando vestimentas e outros utensílios adequados, tais como: • roupa adequada (calça e camisa de manga longa feitas em tecido antifogo (Nomex) ou utilizar roupas de algodão, nunca de tecidos sintéticos) • capacete leve e certificado para incêndios • estojos com protetores e máscaras • botas de couro com cano alto, solado antiderrapante e palmilha isolante • kits de primeiros socorros • lanterna • cantil cheio para a rehidratação, deve ser em alumínio, ter capacidade para 1 litro e ser coberto com material isolante • facão 54 • apito (usado em caso de perigo ou acidentes) Todas as peças devem permanecer guardadas em local de fácil acesso e estar com o nome do combatente. Seguir as normas estabelecidas para o uso de ferramentas. Ao delimitar uma área de controle para operacionalização das ações, tomar todos os cuidados possíveis com a borda do perímetro delimitado. Ao delimitar a área, ter o máximo de cuidado em deixar vias de escape, bem visíveis, mostrando-as aos demais componentes da equipe. Se possível, manter um vigia, sentinela, para avisar quando houver perigo eminente de fogo. Estar sempre em alerta, manter a calma, pensar claramente e agir decididamente. Ao cair ou atrapalhar-se com o fogo, procurar proteger-se por um dos seguintes métodos: • Escapar por vias de controle, previamente estabelecidas, até chegar a um corta-fogo, caminho ou estrada; • Se as chamas forem pequenas, entrar em áreas anteriormente queimadas, passando pelo espaço que contiver as menores chamas; • Se as chamas forem grandes e o incêndio de alta intensidade, fazer outro fogo para eliminar os combustíveis vegetais e proteger-se na área queimada. 4.3.2.4. Organização do Pessoal em Combate Em qualquer organização cada pessoa deve ter um chefe e saber quais são seus deveres, suas responsabilidades e o seu superior. Além de não terem prática no uso de ferramentas e implementos empregados neste tipo de atividade, a maior parte das pessoas que trabalham com incêndios são também inexperientes em relação ao tipo de trabalho e de organização estabelecidos para este fim. Por isso, é fundamental trabalhar com equipes pequenas e bem divididas, sob o comando de um chefe da brigada que deve dirigir, comandar e supervisionar sua equipe com firmeza e objetividade. O número de trabalhadores mobilizados depende da topografia local, da reação do fogo, do trabalho a ser executado e do grau de entendimento entre o chefe e seus comandados que devem ser de no máximo oito. 4.3.2.5. Função do Chefe da Brigada Ao ser informado do incêndio, o chefe da brigada tem que: • Informar-se da situação do incêndio; • Fazer uma pré-avaliação do incêndio e de todas as informações disponíveis; • Informar-se sobre o acesso ao local, caminho, estrada, topografia, meio de transporte; 57 • Bolsa de gelo; • Esparadrapo; • Gases esterilizadas; • Mercurocromo; • Pinças; • Seringas descartáveis para injeções; • Tiras para ataduras; • Tônico cardíaco. 4.3.2.8. Uso de Ferramentas Para a realização adequada de um trabalho desta natureza é preciso contar com ferramentas apropriadas, além, é claro, do perfeito conhecimento de seu uso e conservação. São equipamentos necessários (Figura 25): • Machado: para cortar árvores em pé ou caídas e abrir linhas de corta-fogo; • Enxada: para carpir as gramíneas, herbáceas e outros tipos de vegetação rasteira, limpar trilhas; • Enxadão: para cavar valas e buracos, fazer trincheiras; • Foice: para abrir picadas, cortar galhos; • Facão: para marcar árvores onde o fogo possa passar, delimitar área para posterior aceiro, cortar galhos, podar árvores; • Serra: para serrar árvores e galhos; • Motosserra: para serrar árvores em pé, podar galhos, árvores caídas; • Pás: para cavar terras e jogá-las sobre as chamas; • Rastelos: para raspar o solo, retirando serapilheiras e outros tipos de combustíveis vegetais; • Abafadores: para apagar as chamas, em ação direta contra o fogo; • Bombas costais: para lançar água sobre as chamas e reduzir a intensidade do fogo; • Moto-bombas: para lançar água ou retardante sobre as chamas, árvores e tocos, apagando o incêndio; • Lança-chamas: para conter o fogo, fazendo um contrafogo; • Carro-pipa: caminhão ou camionete equipados com um reservatório de água ou retardante para uso direto sobre o fogo. 58 Figura 25: Algumas ferramentas equipamentos usados na extinção dos incêndios florestais (Fonte: UOV, 2004). 4.3.2.9. Manutenção das Ferramentas Antes de iniciar a temporada ou período de maior intensidade dos incêndios florestais é necessária uma manutenção geral em todos os equipamentos de uso nesta atividade, verificando se estão em perfeitas condições de utilização. Deve-se: • Utilizar sempre ferramentas adequadas para a função certa; • Guardar e acondicionar cada ferramenta de forma adequada; • Conservar em bom estado todas as ferramentas; • Ao transportá-las, acondicioná-las de forma adequada; • Embalar todas as ferramentas perigosas ou defeituosas; • Utilizar roupas de proteção e luvas, quando for necessário. 4.4. Considerações finais A ação do fogo sobre as florestas é tão antiga quanto à história da humanidade. No mundo inteiro ocorrem incêndios florestais, causando sérios danos aos ecossistemas. Para quantificar e avaliar esses danos, bem como para planejar ações de prevenção, controle e combate, muitos países mantêm estatísticas completas sobre essas ocorrências. 59 Os Estados Unidos, por exemplo, coletam dados e informações sobre os incêndios florestais e alterações climáticas desde 1926, e a Espanha realiza pesquisas e estatísticas completas sobre esta questão desde 1961. Na Alemanha, França, Suécia, Austrália, Grécia, Rússia, Canadá, Chile, México registra-se, também, a ocorrência dos incêndios florestais, alterações climáticas, suas causas e conseqüências para a humanidade e para o ecossistema. No Brasil, este trabalho vem sendo feito efetivamente a partir de 1990, quando dados e informações meteorológicas, referentes aos incêndios florestais, clima começaram a ser catalogados por meio de satélites. Entretanto, não existe ainda uma estatística global sobre a ocorrência de incêndios florestais em todo o mundo. Para a Europa e América do Norte estão sendo executados estudos, compilação de dados e informações registradas no Comitê ECE/FAO (Genebra) sobre os incêndios florestais nessas regiões. Para as demais regiões do mundo, os dados catalogados são muito fragmentados, sem consistência e se referem, especificamente, às florestas plantadas. Embora, planejando, orientando, divulgando e fiscalizando as ações do homem sobre a natureza, as florestas continuam ardendo, o ar continua sendo poluído; o solo continua sendo lixiviado, perdendo nutrientes; os rios continuam sendo assoriados e o meio ambiente sofrendo as suas conseqüências. Mesmo com todas as precauções possíveis sobre os perigos do fogo sem controle, ainda assim, em maior ou menor escala, todos os anos, nos países de todos os continentes, acontecem incêndios florestais. Acredita-se que, com a expansão e difusão nos meios de comunicações de massa e com a globalização da economia, caminhamos para maior integração e avaliação estratégica constante dos impactos ambientais do fogo e das emissões de gases sobre os ecossistemas, o clima e a saúde humana. 62 Nível de queima II Ocorre a queima do material combustível (serapilheira), sub-bosque e crestamento parcial das copas (18% da altura total da árvore). Nível de queima III Ocorre a queima parcial da copa (em torno de 40% da altura total da árvore). Nível de queima IV Queima total da árvore. Com base ainda na intensidade de fogo serão estabelecidas as variáveis de velocidade ou taxa de propagação do fogo, altura de crestamento letal, energia liberada por unidade de área. Velocidade ou Taxa de Propagação do Fogo É a variável que descreve a taxa em que o fogo aumenta, tanto em área quanto linearmente. Para povoamentos de pinus a variável é definida pela seguinte equação: )*( wH Ir = Onde: r = Velocidade de propagação do fogo (m/s) I = Intensidade do fogo (Kcal/ m-s) H = Calor de combustão em kcal/Kg (4.000 kcal/Kg) w = Peso do material combustível disponível (Kg/m2) A obtenção da variável Peso de material combustível disponível (w) é por meio do somatório dos compartimentos formadores do material combustível no Povoamento de Pinus sp., ou seja, biomassa total dos indivíduos arbóreos adultos, subosque e serapilheira acumulada sobre o solo (acículas, galhos, material reprodutivo (cones) e resíduos). Para povoamentos de eucaliptos a equação empregada será de McArthur (1962), definida por: )*227,0*158,0( 5,1*22,0 fMUer −= Onde: r = Velocidade de propagação do fogo (m/min) U1,5 = Velocidade do vento no interior da floresta à 1,5 m de altura Mf = Umidade do material combustível fino (%) A velocidade ou taxa de propagação do fogo para vegetações naturais (capoeirinhas) é dada pela seguinte equação descrita por Traubad (1979). 63 12,1 352,0400,0 **72,5 U hVr v= Onde: r = Velocidade de propagação do fogo (cm/s) V = Velocidade média do vento (cm/s) hv = Altura da vegetação (cm) U = Conteúdo de umidade da vegetação verde (%) Para vegetação de campo nativo a equação para cálculo da velocidade ou taxa de propagação do fogo será dada pela expressão de Bidwell & Engle (1991) dada por: ( )[ ] RHFMFr *004,0*005,0*07,0 −= Onde: r = Velocidade de propagação do fogo (m/min) FMF = Umidade do material combustível (%) RH = Umidade relativa do ar (%) Estabelecida à velocidade propagação do fogo é possível classificá-las dentro de escalas de velocidade, fornecendo assim informações como tempo necessário para alastramento ou extinção do fogo para as equipes de combate à incêndio em áreas de Pinus, Eucalipto, Capoeirinha ou Campo nativo, a fim de uma eficaz ação para controle de focos. A escala de velocidade propagação do fogo para o presente estudo se baseia na escala desenvolvida por Botelho & Ventura (1990), que se apresenta descrita na Tabela 6. Tabela 6: Escala de classificação da velocidade de propagação do fogo. Velocidade de Propagação (m/s) Classificação < 0,033 Lenta 0,033 –0,166 Média 0,166 – 1,166 Alta > 1,166 Extrema Altura de Crestamento Letal É a secagem letal da folhagem das árvores causadas pelos gases quentes que se desprendem da zona de combustão, sendo que as folhas crestadas não são 64 consumidas pelo fogo, permanecendo intactas porém secas e mortas, com coloração marrom, e será desenvolvida por meio da equação de Van Wagner (1973), definida como: )60(*)*107,0( *94,3 2/13 6/7 TVI Ihs −+ = Onde: hs = Altura de crestamento letal (m) I = Intensidade do fogo (Kcal/ m-s) V = Velocidade do vento (m/s) T = Temperatura do ar (°C) Com base na altura de crestamento será estabelecida a quantificação dos danos às árvores dos povoamentos afetados pelo incêndio e modelar estimativas de probabilidade de sobrevivência dos indivíduos remanescentes. Para quantificação dos danos emprega-se a classe de danos estabelecida por Mobley et al. (1973) descritas na Tabela 7. Tabela 7: Classes de danos às árvores em função do crestamento da copa. Percentagem de crestamento da copa Dano à árvore 0 a 35 Nenhum a insignificante 36 a 66 Moderado 67 a 100 Pesado Energia Liberada por Unidade de Área É a quantidade de energia calorífica liberada durante a queima do material combustível durante o incêndio por unidade de área. r IH a = Onde: Ha = Calor liberado (kcal/ m2) I = Intensidade do fogo (kcal/ m-s) r = Velocidade de propagação do fogo (m/s) Outra variável importante para avaliação dos danos ocasionados por incêndios florestais é avaliação da regeneração e formação do subosque após a ocorrência do incêndio, pois esta nos dará com exatidão o grau de degradação do ecossistema após impacto do fogo, pois sabemos que algumas 67 Com base nos dados expostos na tabela acima se observa que as alturas totais, 1º galho vivo, carbonização apresentam-se menores que este estudo devido o povoamento estudado por Toller et. al (2002), ser um povoamento de apenas 9 anos, porém que quanto à intensidade de fogo na parcela 1 de ambos povoamentos igualaram-se na altura de carbonização, o que vem a ressaltar a severidade e intensidade do incêndio foi sobre o Pinus elliottii, o que futuramente vai comprometer consideravelmente o desenvolvimento desta floresta reduzindo sua potencialidade de aumentar seu incremento. Além dos aspectos mensuráveis avaliados neste trabalho, outro parâmetro de vital importância para avaliação da capacidade de regeneração das florestas pós-incêndio é a realização de estudos da composição florística do sub-bosque que se forma. Na Tabela 11, temos a composição florística do sub-bosque do povoamento em estudo formado pós-incêndio. Tabela 11: Composição florística do sub-bosque formado pós-incêndio no povoamento de Pinus sp na FEPAGRO Florestas, 2003. Nome Comum Nome Científico Família Nº de indivíduos Nº de ind./ha Altura (cm) Pinus Pinus sp. Pinaceae 6 600 57 Caraguatá Eryngium spp. Umbelliferae 1 100 20 Eucalipto Eucalyptus sp. Myrtaceae 1 100 185 Samambaia- das-taperas Pteridium aquilinum Pteridaceae 60 6.000 30 Fumo-bravo Solanum erianthum Solanaceae 4 400 160 Pitangueira Eugenia uniflora Myrtaceae 3 300 104 Mamica-de- cadela Zanthoxyllum rhoefolium Rutaceae 1 100 164 Cinamomo Melia azedarach Meliaceae 2 200 106 Coentrilho Zanthoxyllum hiemalis Rutaceae 1 100 85 Caroba Tecoma stans Bignoneaceae 1 100 175 Guaco Mikania laevigata Compositae 3 100 50 O sub-bosque do povoamento caracterizou-se basicamente por ser espécies de porte herbáceo, como samambaias, caraguatá e trepadeiras. As espécies arbóreas encontradas na área se devem as mesmas ser implantadas em caráter de enriquecimento do povoamento. Quanto à presença de samambaiais (Pteridium aquilinum), na área observou-se que as mesmas exercem dominância sobre a regeneração do sub-bosque no local onde ocorreu o fogo, porém no local onde se instalou a parcela testemunha não há indivíduos de tal espécie, o fato pode ser explicado pela necessidade da ocorrência 68 do fogo para que se viabilize seu desenvolvimento na área e também devido a grande acidez gerada no solo pela lixiviação de nutrientes em longo prazo pela queima. CONCLUSÕES Com o presente trabalho pode-se concluir que: • O nível de queima apresentou-se de classe I, com intensidade de 76,6 kcal/m-s, com altura média de carbonização da casca 6,2 m, caracterizando um incêndio que não produziu danos à folhagem das árvores; • Necessita-se uma padronização nos critérios de avaliação para o nível de queima dos incêndios, pois nos sistemas de avaliação vigentes um determinado incêndio pode ser enquadrado ao mesmo tempo em dois ou mais níveis, dependendo das variáveis de dano empregadas. Portanto vindo a dificultar a análise; • A composição florística do sub-bosque caracterizou-se predominantemente por espécies de porte herbáceo, como as samambaias-da-tapera (Pteridium aquilinum), caraguatás (Eryngium sp.) e trepadeiras. As espécies arbóreas componentes do sub-bosque apresentaram em estágio inicial de desenvolvimento; • Quanto da substituição do povoamento recomenda-se estabelecimento de medidas de prevenção a incêndios como: construção de aceiros, açudes em local estratégico de fácil acesso e capacidade compatível, conservação das estradas no interior das áreas e formação de brigada de combate e prevenção, na impossibilidade desta, optar pelo controle através de torre vigília. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, A. C.; SOARES, R. V. Relações entre a altura de carbonização da casca das árvores e algumas variáveis do comportamento do fogo em uma queima controlada em povoamento de Pinus taeda. Floresta, Curitiba, v. 23. n. 1–2, 1995. p. 47 – 53. BIDWELL, T. G.; ENGLE, D. M. Behavior of headfires and backfires on tallgrass prairie. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM FIRE AND ENVIRONMENT: ECOLOGICAL AND CULTURAL PERSPECTIVES. Proceedings… Knoxville: USDA Forest Service SE – 69, p. 344 – 350. BOTELHO, H.; VENTURA, J. Modelos de comportamento do fogo. In: REGO, F. C.; BOTELHO, H. A técnica do fogo controlado. Universidade de Trás-Os-Montes e Alto D’ouro, 1990. p. 49 – 55. 69 KÖNIG, F. G.; SCHUMACHER, M. V.; BRUN, E. J.; STAHL, J.; DEPRÁ, G.; MACHADO, A. A.; GONÇALVES, L.; FERNANDES, D. L. G.; SERAFIM, K.; KLEINPAUL, I. S. “Avaliação de danos causados por incêndio florestal em um povoamento de Pinus sp. no Centro de Pesquisas em Recursos Florestais, Santa Maria, RS”. In: 9º CONGRESSO FLORESTAL ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL. Anais... Nova Prata, RS, 2003. 8 p. MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University. 179p. 1998. McARTHUR, A. G. Control burning in eucalypt forest. Communication Australian Forest Burning Leaflet. nº 80, 1962. 33 p. MOBLEY, H. E. A guide for prescribed fire in southern forests. Atlanta: U. S. Forest Service, Southeastern Area State and private Forestry, 1973. 40 p. ROTHERMEL, R. C.; DEEMING, J. E. 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Ottawa: v. 3, nº 3, 1973. p. 373 – 378. 72 Figura 26: Árvores parcialmente mortas em função da geada. Cachoeira do Sul, RS. Conforme se observa na figura anterior, a severidade da geada causa danos irreparáveis à floresta, principalmente na qualidade do fuste, podendo levar a mesma a morte. Uma das alternativas neste caso é a realização de corte raso e condução da brotação da cepa (Figura 27). Figura 27: Aspecto da brotação de eucalipto após dano da geada e corte raso do tronco. 73 5.2. Vento O vento afeta a floresta de várias maneiras, podendo causar: - Efeitos sobre o solo; - Efeitos sobre a atmosfera da floresta; - Danos fisiológicos às árvores; - Danos mecânicos às árvores. Certamente o vento proporciona também alguns benefícios à floresta, que não poderíamos deixar de mencionar. A principal influência benéfica do vento é a disseminação de pólen e sementes. O vento é um dos principais responsáveis pelo fenômeno da polinização. A regeneração natural da maioria das espécies baseia-se também, nas sementes trazidas pelo vento, as quais encontrando condições favoráveis germinarão e repovoarão as áreas desmatadas. Outra influência benéfica do vento é a mistura ou revolvimento do solo, observado especialmente em solos de povoamentos naturais, melhora as condições do solo e pode propiciar condições favoráveis à regeneração de certas espécies valiosas até então não abundantes nas florestas. 5.2.1. Efeitos sobre o solo O vento exerce influência negativa sobre o solo de dois modos, primeiro soprando-o e causando a erosão eólica; segundo ativando a evaporação e provocando o seu ressecamento. Movimentos acelerados de ar aumentam a evaporação e tendem a exaurir a umidade do solo. A contínua ação ressecante do vento sobre o solo interfere também sobre a acumulação e qualidade do húmus, podendo favorecer o desenvolvimento de uma camada de húmus ácido, áspero e turfoso, reduzindo ainda a atividade de bactérias e da fauna microbiana, tão necessárias à fertilidade e qualidade do solo. Algumas vezes toda a cobertura de folhas é levada e empilhada em outros locais, deixando o solo nu, com maus resultados para a regeneração e para o solo. A erosão eólica, outra atividade do vento sobre o solo, resulta da remoção de partículas do solo, resulta da remoção de partículas do solo da posição original para outros locais. A terra fina é freqüentemente levada de lugares expostos no chão da floresta, especialmente nos locais mais quentes e secos. Esta remoção de partículas finas do solo, depois de algum tempo torna-o raso e, por conseguinte, menos fértil. Sendo a fertilidade do solo o principal fator que determina o valor produtivo da área, obviamente qualquer dano ao solo afetará o grau de crescimento da floresta. Em geral, a erosão eólica aumenta á medida que cresce a porcentagem de areia no solo. 74 5.2.2. Efeitos sobre a atmosfera da floresta Para um perfeito desenvolvimento da floresta o ar deve ser calmo e úmido e relativamente quente. Quando estas condições prevalecem, a transpiração e evaporação excessivas são evitadas e a atmosfera úmida, com grande teor de CO2, capacita às árvores a elaborar vantajosamente os elementos nutritivos necessários ao seu desenvolvimento. Se o vento encontra condições de penetrar livremente na parte interna da floresta, toda esta situação favorável é alterada. O CO2 é rapidamente carregado pelo vento e a atmosfera da floresta pode ser resfriada pela injeção de ar mais frio. Assim o calor fornecido pelos raios pelos raios do sol e mantidos na atmosfera da floresta pode ser perdido. 5.2.3. Danos fisiológicos às arvores O efeito fisiológico do vento sobre as árvores é exercido de vários modos. O vento pode deformar a copa, mudar a natureza do sistema radicular e mesmo impedir o crescimento dos povoamentos. As árvores das bordas de um povoamento exposto por longos períodos a ventos fortes vindos de uma certa direção geralmente têm copas deformadas e sistema radicular especialmente desenvolvido para apoio contra esses ventos. 5.2.4. Danos mecânicos às árvores Os ventos fortes podem arrancar árvores inteiras pelas raízes, derrubar povoamentos inteiros e quebrar em dois os troncos das árvores (Figuras 28 e 29). Figura 28: Árvore derrubada pela ação do vento. 77 5.3. Calor As altas temperaturas podem provocar a morte da brotação nova ou de mudas ainda pequenas e danos em árvores de todos os tamanhos desde que haja certa exposição de partes sensíveis. O fogo constitui um exemplo especial de acesso de calor, mas temperaturas excessivas para as árvores são também produzidas pelo aquecimento do sol. Temperaturas excessivas, acima do máximo adequado para as árvores, podem ser freqüentemente observadas em áreas abertas. Assim sendo, os maiores danos do calor excessivo são produzidos sobre as plantas novas, especialmente em plantações artificiais. Existe uma pequena divergência entre autores no que se refere às temperaturas letais às plantas, porém, todos concordam que temperaturas acima de 65°C são fatais para os tecidos das plantas jovens e estas temperaturas são freqüentemente encontradas na superfície e camada superior do solo, podendo causar sérios danos especialmente às mudas recém plantadas em tais áreas. O calor excessivo causa lesões ao caule das mudinhas geralmente junto à superfície do solo na região do colo, onde as temperaturas são mais altas. 5.3.1. Medidas de controle contra o calor Em viveiros, os danos causados por altas temperaturas podem ser evitados proporcionando-se proteção às mudinhas através da cobertura de canteiros. A reprodução natural muitas vezes necessita de abrigo durante o primeiro ou os dois anos de vida. Este abrigo pode ser através de cortes parciais ao invés de derrubar toda a madeira de uma só vez. No caso de reflorestamento artificial, a proteção contra o calor excessivo é bem mais difícil. A araucária, especialmente quando semeada diretamente, é talvez a espécie mais susceptível aos danos pelo calor. Neste caso o plantio intercalado com espécies não perenes, como o milho ou alguma leguminosa, para funcionar como abrigo durante o primeiro e segundo ano de vida da planta, talvez fosse uma boa opção para prevenir e evitar os danos produzidos pelo calor. 5.4. Erosão A erosão é um processo físico que consiste na desagregação, transporte e deposição do solo, pela água ou pelo vento. A erosão como um processo natural e contínuo na superfície terrestre, existe desde os primórdios, mas a luta contra ela iniciou quando o Homem mudou de um sistema nômade para um sistema fixo, onde precisou intensificar o uso do solo, expondo-o a uma erosão acelerada, pela destruição da cobertura vegetal protetora do mesmo. 78 Os agentes da erosão é que fornecem a energia para os processos de desagregação e transporte dos sedimentos erodidos. Os mais importantes são a água e o vento. A erosão pela água é comum em regiões de elevadas precipitações pluviométricas e em áreas com solo revolvido e sem cobertura vegetal. É mais intensa em áreas de topografia acidentada. A erosão causada pelo vento predomina nas regiões áridas e semi-áridas, com topografia plana e áreas descobertas. 5.4.1. Processos de erosão 5.4.1.1. Erosão geológica ou natural É uma ocorrência normal dos processos de modificação da crosta terrestre. É extremamente lenta, pela atuação da água e ventos, sem a interferência do homem. Esta erosão ocorre em equilíbrio com os processos de formação dos solos. 5.4.1.2. Erosão acelerada É o processo no qual a remoção de solo supera a taxa de formação, sendo por isto definida como acelerada. Geralmente é resultante do distúrbio causado pelo homem nas condições naturais da superfície da terra. 5.4.2. Formas de erosão A erosão acelerada apresenta-se de três formas, dependendo da intensidade do agente causador. 5.4.2.1. Erosão Laminar ou entre Sulcos As partículas de solo são desagregadas pela energia cinética do impacto da gota d’água no solo, a remoção é gradual de uma fina camada superficial, a espessura pode ser variável, dependendo das resistências que o solo oferece. Estas resistências são relativas às propriedades do solo. Outros fatores que influenciam na quantidade de solo desagregado pelo impacto das gotas são a topografia do terreno e o tipo de cobertura vegetal encontrado. 5.4.2.2. Erosão em Sulcos É causado pelo fluxo de água concentrado na superfície do solo, onde a energia cinética do fluxo cisalha as partículas do solo e as transporta. Esta degradação não é uniforme ao longo do sulco, e depende do volume do fluxo e sua velocidade, da resistência do solo, e da presença de plantas ou seus resíduos no local. As forças de desagregação do fluxo concentrado atuam tanto no início do sulco, 79 formando um desnível, ou pelo desbarrancamento das laterais do sulco. A tendência é que vários pequenos sulcos concentrem-se em sulcos cada vez maiores. Nas áreas de erosão entre sulcos e em sulcos, podem ocorrer os seguintes subprocessos: desagregação e transporte de solo pelo impacto das gotas de chuva; desagregação e transporte de solo pelo escorrimento superficial. A desagregação e transporte de solo pelo impacto das gotas de chuva são mais importantes nas áreas de erosão entre sulcos, e a desagregação e transporte de solo pelo escorrimento superficial, são predominantes nas áreas de erosão em sulcos. A ocorrência em uma mesma área, de erosão laminar associada à erosão em sulcos, favorece a ocorrência de elevadas perdas de solo. A erosão laminar tem elevada capacidade de desagregação e limitada capacidade de transporte, enquanto que a erosão em sulcos possui limitada capacidade de desagregação e elevada capacidade de transporte. Os dois processos se completam. 5.4.2.3. Erosão em Voçorocas É o deslocamento de massas de solo, formando grandes desbarrancamentos ou cavidades. Pode também ser caracterizada como um sulco de maiores dimensões. A desagregação no início do sulco (cabeceira) é causada principalmente pelo fluxo concentrado de água. Nas laterais também podem ocorrer desabamentos para dentro do canal, onde o solo e subsolo vão ser transportados pelo fluxo concentrado. Quando a fonte de água for permanente, esta voçoroca pode se transformar em uma sanga, arroio, ou até mesmo um rio, passando a fazer parte da rede de drenagem da bacia hidrográfica. O processo de voçorocamento pode ser natural ou pode ocorrer pelo aprofundamento e alargamento de sulcos de origem agrícola, no meio da lavoura, ou o que é mais comum, no local onde os terraços deságuam, não tendo uma proteção adequada no canal escoadouro. As voçorocas também podem se formar quando as águas infiltram no perfil, e encontram uma camada impermeável, (ex. horizonte Btextural em solos podzólicos), a qual não pode transpor. Neste caso a água desloca-se lateralmente sobre a camada, formando um túnel subterrâneo e aflorando na encosta, formando sulcos ou valas, que aumentam gradativamente. A partir do local onde a água aflora na superfície, inicia-se morro acima um contínuo processo de desbarrancamento, que pode propiciar o surgimento repentino de uma voçoroca, isto se o solo sobre o túnel perder sua sustentação e desbarrancar para dentro do túnel (solapamento). A diferença entre sulcos e voçorocas, de grande aplicação prática, como já foi relatado, se dá pelo tamanho, sendo medida com um trator agrícola comum. Se o trator passar sem maiores problemas é caracterizado como sulco, mas se o trator tiver grande dificuldade ou não conseguir passar é caracterizado como voçoroca. 82 Figura 31: Permanência de resíduos após a colheita florestal. 5.4.4.5. Práticas conservacionistas Estas práticas visam principalmente ordenar a direção do preparo do solo e diminuir o comprimento das pendentes. O terraceamento é a principal prática, mas também se pode fazer culturas em faixas, cordões vegetados, cultivo em nível. O uso combinado destas práticas diminui significativamente as taxas de erosão do solo. 5.4.5. Erosão eólica Para que ocorra a erosão eólica é preciso que exista certa condição necessária, tais como: existência de vento (agente ativo), áreas planas ou suavemente onduladas, períodos de estiagem, solo seco e descoberto, presença de fração areia na composição do solo, e partículas de solo desagregadas. A erosão eólica é dividida em diferentes fases, as quais são descritas a seguir. 5.4.5.1. Desagregação do solo A desagregação é feita pelo impacto das gotas de chuva, impacto das partículas já desagregadas, geadas, alternância entre umedecimento e secagem do solo, mobilização do solo para semeadura e tratos culturais. Existe uma fase transitória entre a desagregação e o transporte, que é o início do movimento das partículas, chamado saltamento. 83 5.4.5.2. Transporte O transporte pode ocorrer por três maneiras: saltamento, suspensão e rolamento. Saltamento: Ocorre em movimentos rápidos, na forma de saltos curtos, por pressão direta do vento e colisão das partículas. As partículas transportadas são entre 0,1 a 0,5 mm de diâmetro. Suspensão: As partículas transportadas por suspensão têm diâmetro inferior a 0,1 mm de diâmetro, possuindo grande área específica, sendo transportadas a grandes distâncias. Rolamento: Transporte de partículas mais pesadas, entre 0,5 a 3,0 mm de diâmetro, não são erguidas, mas sim roladas ou arrastadas sobre a superfície do solo, por ação direta do vento e impacto de outras partículas. 5.4.5.3. Deposição A deposição se dá com a diminuição parcial ou total da velocidade do vento. É seletiva, primeiro se depositam as partículas mais pesadas (rolamento), depois as um pouco mais leves (saltamento), e por ultimo as mais leves (suspensão). 5.4.5.4. Formas de Erosão Eólica Detrusão: Desagregação de grânulos grosseiros, por ação direta do vento ou bombardeamento pelas partículas movidas por saltamento. Efluxão: Remoção dos grânulos com diâmetro de 0,05 a 0,5 mm, quase só por salteamento. Parte pode ser por rolamento ou suspensão. Extrusão: Rolamento das partículas mais grossas sobre a superfície. Eflação: Remoção das partículas por suspensão. Abrasão: Desagregação das partículas mais grossas da superfície, resultante do impacto das partículas carregadas por suspensão. 5.4.5.5. Fatores que afetam a Erosão Eólica Velocidade e turbulência do ar: Acima de 13 km/h a velocidade é suficiente para provocar o saltamento e o rolamento de partículas, conforme o seu tamanho. A turbulência do ar atua como componente vertical, pelo deslocamento do ar, gerando uma pressão negativa, que ajuda a suspender as partículas. Solo: Depende da: textura (quanto mais arenoso, maior será a erosão), estrutura (solos com maior índice de agregados resistem mais), crosta superficial (proporciona maior coesão entre partículas), umidade (aumentando a umidade aumenta a adesão e a tensão superficial ao redor das partículas), rugosidade superficial (diminui a velocidade do vento e ajuda a coletar partículas em movimento). 84 Topografia: Os solos com topografia regular, uniformes, são mais suscetíveis por apresentarem menor número de obstáculos ao vento. Vegetação: Diminui a velocidade do vento próximo à superfície, ajuda a manter maior teor de umidade no solo, e resíduos de culturas obstruem o movimento das partículas movidas por salteamento e rolamento. Uso e manejo do dolo: Práticas de mobilização e cultivo podem facilitar a desagregação das partículas e favorecem o secamento da superfície do solo. Solos de pastagem com alta densidade expõem a superfície à ação dos ventos. 5.4.6. Controle da Erosão O melhor e mais eficiente meio de se controlar a erosão é evitar. Não permitindo condições para início e desenvolvimento. Para prevenir a erosão em áreas de cultivo agrícola, devem ser feito curvas de nível para escoar a água com baixa velocidade, e o alinhamento das linhas de plantio deve ser no mesmo sentido das curvas. Quando a declividade for acentuada, esta área deve ser convertida permanentemente em floresta. As estradas ou caminhos devem ser construídos de maneira que proporcione perfeita drenagem da água, e nos cortes e aterros, que são mais atingidos pela erosão, devem ser feitos, observando os padrões técnicos recomendados, mantendo-os protegidos por vegetação. Nas regiões de solo exposto, onde a erosão está iniciando ou evoluindo, a melhor maneira de se recuperar a área é com o estabelecimento de floresta. Muitas vezes, o simples plantio de espécies adequadas pode controlar a erosão. Porém em áreas onde o processo de degradação do solo encontra- se nem estágio muito evoluído, necessita-se de um tratamento prévio do solo antes de ser estabelecido o plantio. Este tratamento consiste no preparo do solo, para que o mesmo possa receber o plantio, sendo que muitas vezes uma simples aração nas bordas superiores dos sulcos, para segurar o solo fértil, outras vezes precisamos abrir covas maiores e encher com solo fértil, e ainda outras vezes pode ser necessária a construção de pequenas represas, de madeira ou de pedra, para segurar a terra até que as árvores possam se estabelecer. A escolha do tratamento deve ser feita após uma análise cuidadosa e detalhada da situação atual da área. As obras de engenharia são muito caras e só devem ser usadas quando estritamente necessário, fazendo-se sempre um levantamento de custos previamente. Na prática percebe-se que a melhor maneira de evitar erosão hídrica é manter o solo protegido, podendo ser com cobertura morta ou viva, principalmente para minimizar o impacto da gota d’água sobre o solo. 87 7. DANOS CAUSADOS POR ANIMAIS NA FLORESTA 7.1. Animais domésticos Atualmente muito se fala na utilização de sistemas silvipastoris, ou seja, uso de animais/pastagem e floresta na mesma área. É de suma importância que se tenha conhecimento prévio da época em que estes poderão entrar na floresta, bem como do manejo a ser empregado, pois do contrário os danos causados a mesma serão muito grandes. Como principais danos vamos ter o pisoteio excessivo, resultando na compactação do solo e mortalidade de raízes finas, quebra de plantas entre outros. No caso de animais domésticos entrarem em florestas nativas, estes reduzirão drasticamente a regeneração das plantas levando a uma degradação da área. Na Figura 32, verifica-se o tronco de uma planta que sofreu ação dos chifres de bovinos. Figura 32: Caule de planta anelado pela ação de bovinos. 7.2. Animais selvagens No caso de animais selvagens, os ataques de macacos, aves e roedores de forma geral, ocorrem devido ao desequilíbrio ecológico causado pelo próprio homem. Com a eliminação dos 88 corredores ecológicos, verifica-se um aumento do surgimento de novas pragas bem como dos danos causados as florestas (Figura 33). Figura 33: Fuste de planta atacada pela ação de animais selvagens. 89 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BATISTA, A. C.; SOARES, R. V. Manual de prevenção e combate a incêndios florestais. FUPEF, 1997. 50p. BATISTA , A. C.; SOARES, R. V. Avaliação do comportamento do fogo em queimas controladas sob povoamentos de Pinus taeda no norte do Paraná. Floresta, v. 25, n. 1-2. p 31-42. 1997. CIANCIULLI, P. L. Incêndios florestais: prevenção e combate. São Paulo: Nobel, 1981. 169 p. COUTO, E. A.; CANDIDO J. F. Incêndios florestais. Imprensa Universitária da UFV. Viçosa. MG, 1980. 101p. FORUM NACIONAL SOBRE INCÊNDIOS FLORESTAIS, 1; REUNIÃO CONJUNTA IPEF- FUPEF-SIF, 3. Anais. Piracicaba, IPEF, 1995. 51p. KAYLL, A.J. A technique for studying the fire tolerance of living trunks. Canada, Depto. of Forestry Publication, n. 1012. 22 p. 1963. IPAM – INSTITUTO DE PESQUISAS AMBIENTAIS DA AMAZÔNIA. Relatório do Projeto: Cenários Futuros para a Amazônia. 2002. NELSON, R. M. Observations on heat tolerance of southern pine needles. U. S. Forest Exp. Station Paper, n° 14. 6 p. 1952. REUNIÃO TÉCNICA CONJUNTA FUPEF/SIF/IPEF, 4: Curso de Atualização em Controle de Incêndios Florestais, 2. Anais. Curitiba, FUPEF, 1996 163p. REVISTA FLORESTA. Seminário de atualidades em Proteção Florestal. Vol. 30 nº. 1 e 2. 2000. 204p. REVISTA DE PROTEÇÃO CIVIL. Fogo: do fascínio à destruição. Portugal. Abril de 2002. SILVA, R. G. Manual de prevenção e combate aos incêndios florestais. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998. 80 p. SOARES, R. V. Incêndios Florestais. Controle e uso do fogo. FUPEF, 1985. 213p. 92 Tabela 13: Determinação da umidade relativa do ar (%) através da leitura do psicrômetro. DIFERENÇA DOS DOIS TERMÔMETROS ( t - t ' ) Termômetro Úmido ( t' ) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 -4 100 79 60 44 29 -3 100 80 62 46 33 -2 100 81 64 49 36 -1 100 82 65 51 39 -0 100 82 67 53 41 +0 100 82 64 49 36 25 14 6 1 100 82 66 52 39 28 18 10 2 100 83 67 54 42 31 21 13 6 3 100 84 69 56 44 34 25 17 9 3 4 100 84 70 57 46 36 27 20 13 7 1 5 100 85 71 59 48 39 30 23 16 10 4 6 100 85 72 61 50 41 33 25 19 13 7 7 100 86 73 62 52 43 35 28 22 16 10 8 100 87 74 64 54 45 37 30 24 18 13 9 100 87 75 65 55 47 39 33 26 21 16 10 100 88 76 66 57 49 41 35 29 23 18 11 100 88 77 67 58 50 43 37 31 26 21 12 100 88 78 68 60 52 45 38 33 28 23 13 100 89 79 69 61 53 46 40 35 30 25 14 100 89 79 70 62 55 48 42 36 31 26 15 100 89 80 71 63 56 49 43 38 33 28 16 100 90 80 72 64 57 51 45 40 35 30 17 100 90 81 73 65 58 52 46 41 36 31 18 100 90 81 73 66 59 53 48 42 38 33 19 100 91 82 74 67 60 54 50 44 39 34 20 100 91 82 75 68 61 55 50 45 40 36 21 100 91 83 75 68 62 56 51 46 42 37 22 100 91 83 76 69 63 57 52 47 43 38 23 100 92 84 76 70 64 58 53 48 44 39 24 100 92 84 77 70 65 59 54 49 45 40 25 100 92 84 77 71 65 60 55 50 46 41 26 100 92 85 78 72 66 61 56 51 47 42 27 100 92 85 78 72 67 61 56 52 48 43 28 100 92 85 79 73 67 62 57 53 49 44 29 100 93 86 79 73 68 63 58 54 50 45 30 100 93 86 80 74 68 63 59 54 50 46 31 100 93 86 80 74 69 64 60 55 51 47 32 100 93 86 80 75 69 64 60 56 52 48 33 100 93 87 81 75 70 65 61 56 53 48 34 100 93 87 81 75 70 66 61 57 53 49 35 100 93 87 81 76 71 66 62 58 54 49 37 100 93 87 82 76 71 66 62 58 54 51 39 100 94 87 82 77 72 67 63 59 55 52 93 Tabela 14: Determinação do ponto de orvalho (°C) T U 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 U T 06 00 01 02 03 04 05 06 06 06 07 00 01 02 03 04 05 06 06 07 07 08 00 01 02 03 04 05 06 07 07 08 08 09 00 02 03 04 05 06 07 07 08 09 09 10 00 01 03 04 05 06 07 08 08 09 10 10 11 00 01 02 04 05 06 07 08 09 09 10 11 11 12 00 02 03 05 06 07 08 09 10 10 11 12 12 13 00 01 03 04 05 07 08 09 10 11 11 12 13 13 14 01 02 04 05 06 08 09 10 11 11 12 13 14 14 15 00 02 03 05 06 07 08 10 11 12 12 13 14 15 15 16 01 02 04 06 07 08 09 11 12 13 14 14 15 16 16 17 01 03 05 07 08 09 10 12 13 14 15 15 16 17 17 18 00 02 04 06 07 09 10 11 13 14 15 15 16 17 18 18 19 01 03 05 07 08 10 11 12 13 15 16 16 17 18 19 19 20 02 04 06 08 09 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 20 21 00 03 05 07 09 10 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 21 22 01 04 06 08 10 11 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 22 23 02 05 07 09 10 12 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 23 24 00 03 05 08 10 11 13 14 16 17 18 19 20 21 22 23 24 24 25 01 04 06 09 11 12 14 15 17 18 19 20 21 22 23 24 25 25 26 01 05 07 09 11 13 15 16 18 19 20 21 22 23 24 25 26 26 27 02 06 08 10 12 14 16 17 19 20 21 22 23 24 25 26 27 27 28 03 06 09 11 13 15 17 18 20 21 22 23 24 25 26 27 28 28 29 04 07 10 12 14 16 18 19 20 22 23 24 25 26 27 28 29 29 30 00 05 08 11 13 15 17 18 20 21 23 24 25 26 27 28 29 30 30 31 00 05 09 11 14 16 18 19 21 22 24 25 26 27 28 29 30 31 31 32 01 06 10 12 15 17 19 20 22 23 25 26 27 28 29 30 31 32 32 33 02 07 11 13 16 18 20 21 23 24 26 27 28 29 30 31 32 33 33 34 03 08 11 14 16 19 20 22 24 25 27 28 29 30 31 32 33 34 34 35 04 09 12 15 17 19 21 23 25 26 27 29 30 31 32 33 34 35 35 36 05 10 13 16 18 20 22 24 25 27 28 30 31 32 33 34 35 36 36 37 06 10 14 17 19 21 23 25 27 28 29 31 32 33 34 35 36 37 37 38 07 11 15 17 20 22 24 26 27 29 30 32 33 34 35 36 37 38 38 39 08 12 15 18 21 23 25 27 28 30 31 33 34 35 36 37 38 39 39 40 09 13 16 19 22 24 26 28 29 31 32 34 35 36 37 38 39 40 40 41 09 14 17 20 23 25 27 29 30 32 33 34 36 37 38 39 40 41 41 42 10 14 18 21 23 26 28 29 32 33 34 35 37 38 39 40 41 42 42 U = Umidade relativa do ar; T = Temperatura do ar 94 Tabela 15: Pressões máximas de vapor d’ água em mm. DÉCIMOS DE GRAU GRAUS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 -5 3,16 3,14 3,11 3,09 3,07 3,04 3,02 3,00 2,98 2,95 -4 3,41 3,38 3,36 3,33 3,31 3,28 3,26 3,23 3,21 3,18 -3 3,67 3,64 3,62 3,59 3,56 3,54 3,51 3,48 3,46 3,43 -2 3,95 3,92 3,89 3,86 3,84 3,81 3,78 3,75 3,72 3,70 -1 4,25 4,22 4,19 4,16 4,13 4,10 4,07 4,04 4,01 3,98 -0 4,57 4,54 4,50 4,47 4,44 4,41 4,37 4,34 4,31 4,28 +0 4,57 4,60 4,64 4,67 4,70 4,74 4,77 4,80 4,84 4,87 1 4,91 4,94 4,98 5,02 5,05 5,09 5,13 5,16 5,20 5,23 2 5,27 5,31 5,35 5,39 5,42 5,46 5,50 5,54 5,58 5,62 3 5,66 5,70 5,74 5,78 5,82 5,86 5,90 5,94 5,99 6,03 4 6,07 6,11 6,15 6,20 6,24 6,28 6,33 6,37 6,42 6,46 5 6,51 6,55 6,60 6,64 6,69 6,74 6,78 6,83 6,88 6,92 6 6,97 7,02 7,07 7,12 7,17 7,22 7,26 7,31 7,36 7,42 7 7,47 7,52 7,57 7,62 7,67 7,72 7,78 7,83 7,88 7,94 8 7,99 8,05 8,10 8,15 8,21 8,27 8,32 8,38 8,43 8,49 9 8,55 8,61 8,66 8,72 8,78 8,84 8,90 8,96 9,02 9,08 10 9,14 9,20 9,26 9,32 9,39 9,45 9,51 9,58 9,64 9,70 11 9,77 9,83 9,90 9,96 10,03 10,09 10,16 10,23 10,30 10,36 12 10,43 10,50 10,57 10,64 10,71 10,72 10,85 10,95 10,99 10,07 13 11,14 11,21 11,28 11,36 11,43 11,50 11,58 11,66 11,73 11,81 14 11,88 11,96 12,04 12,12 12,19 12,27 12,35 12,43 12,51 12,59 15 12,67 12,76 12,84 12,92 13,00 13,09 13,17 13,25 13,34 13,42 16 13,51 13,60 13,68 13,77 13,86 13,95 14,04 14,12 14,21 14,30 17 14,40 14,49 14,58 14,67 14,73 14,86 14,95 15,04 15,14 15,23 18 15,33 15,43 15,52 15,62 15,72 15,82 15,92 16,02 16,12 16,22 19 16,32 16,42 16,52 16,63 16,73 16,83 16,94 17,04 17,15 17,26 20 17,36 17,47 17,58 17,69 17,80 17,91 18,02 18,13 18,24 18,35 21 18,47 18,58 18,69 18,81 18,92 19,04 19,16 19,27 19,39 19,51 22 19,63 19,75 19,87 19,99 20,11 20,24 20,36 20,48 20,61 20,73 23 20,86 20,98 21,11 21,24 21,37 21,50 21,63 21,76 21,89 22,02 24 22,15 22,29 22,42 22,55 22,67 23,83 22,96 23,10 23,24 23,38 25 23,52 23,66 23,80 23,94 24,08 24,23 24,37 24,52 24,66 24,81
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