Baixe PMT 2100 - Slide Aula 15 - 2008 e outras Notas de aula em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity! ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais CORROSÃO E DEGRADAÇÃO DOS MATERIAIS PMT 2100 - Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia 2º semestre de 2008 (versão 2007) PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 2 CICLO DE VIDA DOS MATERIAIS DE ENGENHARIA PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 5 CUSTOS DIRETOS • CUSTOS CORRETIVOS (Cdc) reparos reposição de material • CUSTOS PREVENTIVOS (Cdp) revestimentos (pintura e outros) material resistente à corrosão proteção catódica inibidores de corrosão desumidificação de armazém superdimensionamento PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 6 CUSTOS INDIRETOS (Cin) interrupção de produção perda de materiais perda de eficiência contaminação de produtos PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 7 CUSTO DA CORROSÃO • Custos totais (Ct) de 3 a 4% do PNB • Custos evitáveis: 1530 % de Ct • no Brasil: PNB ∼ US$ 644 bilhões (em 2005) • Ct = US$ 1926 bilhões/ano • Custos evitáveis estimados: ∼ US$ 5 bilhões/ano PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 10Corrosão e degradação dos materiais Para os três tipos de materiais de engenharia, os mecanismos de deterioração são diferentes: • Metais: a deterioração ocorre pela dissolução do material, com ou sem a formação de produtos sólidos (óxidos, sulfetos, hidróxidos). Esse fenômeno é denominado corrosão. A deterioração também pode ocorrer pela reação em atmosferas a alta temperatura, formando camadas de óxidos. Esse fenômeno se chama oxidação. Ambos são processos eletroquímicos. •Cerâmicas: a deterioração (que também pode ser chamada corrosão) ocorre somente em temperaturas elevadas ou em ambientes muito agressivos. Estes materiais são muito resistentes à deterioração. • Polímeros: os mecanismos de deterioração são diferentes daqueles dos metais e cerâmicas, mencionados acima. A deterioração deste tipo de material é denominada degradação. Alguns tipos de solventes líquidos podem provocar dissolução ou expansão (quando o solvente é absorvido pelo polímero) nos polímeros. Podem também ocorrer alterações na estrutura molecular dos polímeros pela exposição a radiações eletromagnéticas (luz, raiosX,...) ou calor. PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 11 PRINCIPAIS REAÇÕES EM CORROSÃO • ANÓDICAS: • dissolução via íon aquoso: ze+→ +2FeFe • passivação: e6H6OCrOH3+Cr2 +322 ++→ • dissolução via íon hidrolizado: e2H4AlOOH2+Al +222 ++→ e2H3Fe(OH)O3HFe 32 ++→+ + • CATÓDICAS: • redução do hidrogênio: H H+ 2+ →e 12 (gás) • redução do oxigênio: O H O + 4 OH2 2 + →2 4e PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 12 Processo corrosivo • Um processo corrosivo consiste na ocorrência simultânea de pelo menos uma reação anódica e de pelo menos uma reação catódica. A carga elétrica produzida na reação anódica é totalmente absorvida pela reação catódica. • Se a solução é uma boa condutora, o metal que sofre corrosão assume um potencial de eletrodo, que é chamado potencial de corrosão. • Obs.: potencial de eletrodo = potencial medido com relação a um eletrodo de referência, como, p.ex., o eletrodo padrão de hidrogênio ou o eletrodo de calomelano saturado (ECS) (eletrodo de referência secundário) e2ZnZn 2 +→ + gás)(H2H2 2→+ + e PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 15 Diagrama de Pourbaix para o sistema FeH2O a 25oC e concentrações iônicas de 106 M (potencial de eletrodo medido com relação ao eletrodo padrão de hidrogênio) • A partir do diagrama de Pourbaix é possível prever possíveis estratégias de proteção contra a corrosão. • Assim, para o ferro sofrendo corrosão no ponto A do diagrama, podese aplicar as seguintes proteções: – Diminuição do potencial de corrosão para < 0,62 V: o Fe ficará na região de imunidade (proteção catódica). – Aumento do potencial de corrosão para > 0,4 V: o Fe se passivará (proteção anódica). – Aumento de pH para acima de 7: o Fe se passivará. As linhas tracejadas correspondem ao equilíbrio das reações de redução do oxigênio (superior) e do hidrogênio (inferior) PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 16 Proteção Catódica (a) de tubulação subterrânea com a utilização de anodos de sacrifício (de magnésio), e (b) de tanque subterrâneo com o uso de corrente impressa. Nos dois casos o potencial de eletrodo da estrutura sendo protegida é levado para a região de imunidade (ponto 1 no diagrama de Pourbaix). PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 17Prevenção da Corrosão com Revestimento Metálico Anódico Um revestimento de zinco aplicado sobre aço conferelhe proteção por barreira e, além disso, protege o aço exposto em pequenas falhas pelo mecanismo de proteção catódica. PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 20 Corrosão localizada • Corrosão por pite: Ocorre em metais passivos na presença de íons cloreto. Os íons cloreto rompem localmente a película passiva e evitam a repassivação do metal. Como as condições são de estagnação no interior do pite, formase aí uma solução ácida, o que possibilita um rápido crescimento do pite para o interior do material, por um mecanismo semelhante ao da corrosão galvânica. • Corrosão em fresta: Ocorre em frestas nas quais a solução consegue penetrar. As condições estagnadas e o empobrecimento em oxigênio favorecem o enriquecimento em íons cloreto, os quais acabam rompendo a película passiva. Passa se então a ter um mecanismo semelhante ao da corrosão por pite. PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 21 Corrosão intergranular A corrosão intergranular ocorre nos contornos de grão. Por causa deste tipo de corrosão, uma amostra pode se desintegrar pelo desprendimento dos grãos. Nos aços inoxidáveis ela é causada pela precipitação de carbonetos de cromo nos contornos de grão, a qual provoca empobrecimento em cromo nas regiões vizinhas (sensitização). Com o teor de cromo atingindo teores inferiores a 12%, a passividade dessas regiões fica comprometida, e o aço sofre dissolução seletiva. Nas ligas AlMg a corrosão intergranular é devida à precipitação no contorno de grão de Mg2Al3 que é anódico com relação à liga. É este composto que é corroído preferencialmente, por um processo de corrosão galvânica. PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 22Corrosão associada a tensões mecânicas Corrosão sob tensão (CST) : causada pela ação simultânea de: (1) tensões de tração (aplicadas e/ou residuais) e (2) meio corrosivo (específico). A CST provoca formação de trincas que podem levar à ruptura do material. Na indústria de processos químicos ela é uma das principais causas de falhas em serviço. Na micrografia é mostrada uma trinca intergranular ramificada provocada por CST num latão exposto à atmosfera amoniacal. Erosãocorrosão : a ação combinada e simultânea de ataque eletroquímico e da erosão leva a esse tipo de degradação. A erosão se deve ao movimento do fluido. Quanto maior a sua velocidade, maior é o dano provocado (o efeito passa a ser significativo acima de 1,5 m/s). Nas curvas o dano é maior, devido ao aumento do atrito do fluido com a superfície do metal. Figura ao lado mostra perfuração por erosãocorrosão em um cotovelo que pertencia a uma linha de condensação de vapor. PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 25 Capacidade protetora de uma camada de óxido 0 0 ρ ρ=Φ M M aA A Índice de Pilling Bedworth (φ ) onde: AO é a massa molecular do óxido, a é o número de átomos do metal (Me) em uma molécula de óxido, AM é a massa atômica do metal Me, e ρ O e ρ M são as densidades do óxido e do metal, respectivamente. Φ < 1: óxido não protetor 1< Φ < 23: óxido protetor Φ > 23: óxido não protetor Quando um óxido MeaOb é formado a partir de um metal Me: ba2 OMO2 b aM →+ o índice de PillingBedworth Φ é dado pela relação: PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 26 Corrosão de materiais cerâmicos • Podemos pensar nos materiais cerâmicos como materiais estáveis em relação à maior parte dos mecanismos de corrosão que acabaram de ser discutidos. • Na maioria dos meios, esses materiais são altamente resistentes à corrosão. • Em altas temperaturas, a corrosão desses materiais se dá através de processos de formação de fases vítreas e de dissolução. • Ex.: corrosão de refratários usados em fornos de fusão de vidro (formação de fases vítreas). • A corrosão por dissolução em meios ácidos específicos (HF, por exemplo) ou em meios alcalinos é favorecida, principalmente com o aumento da temperatura do sistema. • Na temperatura ambiente, o processo de degradação de vidros não tratados pode se iniciar com gotas d’água que se condensam na superfície deles (esse fenômeno é conhecido como intemperismo). Exemplo: imagem de santa formada no vidro de um casarão antigo, que teve ampla divulgação na imprensa de São Paulo. PMT 2100 Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia EPUSP - 2008 (versão 2007) 27Degradação de polímeros • A degradação dos materiais poliméricos ocorre por processos físicoquímicos. • Ela pode ocorrer por: – Inchamento seguido de dissolução do polímero. Isto ocorre quando o polímero está em contato com um líquido, principalmente de natureza orgânica (querosene, desengraxante, ...) – Ruptura (cisão) das ligações decorrente de radiação eletromagnética (p.ex. luz), calor, agentes químicos (p.ex. ozone) . Ocorre diminuição do peso molecular, o que afeta negativamente as propriedades do polímero. – Ação do clima (intemperismo) : combinação da ação de agentes químicos (água, ácidos, ...) com radiação (luz) e variação de temperatura.