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Guias e Dicas
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Apostila de deficiência, Notas de estudo de Educação Física

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Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 14/01/2010

edson-bolivar-simas-junior-7
edson-bolivar-simas-junior-7 🇧🇷

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Baixe Apostila de deficiência e outras Notas de estudo em PDF para Educação Física, somente na Docsity! CAÇÃO E CULTURA ÇÃO FÍSICA E DESPORTOS aliyidadeliísica [fe] detoiento a MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS PRESIDENTE DA REPÚBLICA João Figueiredo MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Rubem Carlos Ludwig SECRETARIO G E R A L Sérgio Mário Pasquali SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS Péricles de Souza Cavalcanti atividade física para deficiente INTRODUÇÃO Partindo da ideia de que o desenvolvimento sadio de uma associa- ção esportiva depende, em larga escala, da qualidade, do saber e da espe- cialização dos instrutores, a "Fédération Sportive Suisse des Invalides" (FSSI) — Federação Esportiva Suíça dos Inválidos — esforçou-se, constan- temente, no sentido de elevar o nível de seus monitores dos cursos centrais e de grupo, por meio de cursos de instrução e aperfeiçoamento. Os quator- ze dias do curso central básico na Escola Federal de Ginástica e Esporte não constituem apenas, para candidatas e candidatos, uma introdução ao vasto e complexo domínio do esporte para deficientes. Aquele que pro- vém do ensino dos esportes aprende a conhecer, dentro de certa medida, os diversos grupos de enfermidades e suas particularidades; aquele que per- tence à ginástica curativa adquire o essencial da técnica e do método ine- rentes às diversas disciplinas esportivas. Não se pode obter muito, em um curso de duas semanas. Tal iniciação necessita de que se aprofundem os conhecimentos e as capacidades especiais. Tanto nos cursos de formação quanto na prática dos grupos, o problema sempre foi encontrar um material de ensino apropriado. Existe um admirável manual — Der Versehrtensport (Edição Ferdinand Enke, Stuttgart) —, redigido por nosso amigo Hans Lorenzen. Infelizmente, esta excelente obra é muito onerosa, de modo que poucos instrutores podem adquiri-la. É necessário levar em conta que, em muitos casos, este meio de ensino corresponde pouco às nossas condições particulares. Do ponto de vista das classes de idade e das categorias de enfermidades, a composição dos nossos grupos é consideravelmente mais heterogênea do que na Ale- manha, por exemplo. Diante desta situação, a Comissão técnica da FSSI, em estreita co- laboração com a Escola Federal de Ginástica e de Esporte de Macolin, criou um material de ensino que engloba — ampliando-a — a matéria teóri- ca e prática do curso central de base, bem como algumas áreas especiais. Cada candidato ao curso de monitor pode, tranquilamente, reler em casa os diversos capítulos teóricos e aperfeiçoar-se na matéria; ao mesmo tem- po, encontra nesse guia informações abundantes sobre as principais disci- plinas esportivas praticadas no esporte para deficientes. Apesar de terem sido fornecidas diretivas gerais aos autores, foi- Ihes deixada inteira liberdade para a composição de seus capítulos. Nas diferentes seções, a individualidade está mais ou menos bem exprimida, distanciando-se, aqui e ali, da linha geral. Preferimos correr este risco, in- tencionalmente, a fim de respeitar o "modo" do autor. Aos colaboradores que, competentemente, contribuíram na reda- ção deste manual, gostaria de expressar meus agradecimentos por seu gran- de trabalho. Um obrigado muito especial aos colegas da Comissão de re- dação: Heinrich Niedermann, Karl Ringli e Louise Waldispühl, bem como a Alex Diggelmann que cuidou, com mãos de mestre, da realização gráfica. Macolin, princípio de 1970 Marcel Meier GENERALIDADES O esporte moderno é essencialmente uma reação necessária, face à industrialização progressiva. O trabalho cada vez mais automatizado e ra- cionalizado exige uma compensação, sob a forma de lazer, próprio para a satisfação simultânea do corpo e da alma.' Quanto mais existem seres hu- manos executando seus trabalhos nos escritórios, "ateliers", usinas e labo- ratórios, mais esta massa humana sente a necessidade de uma compensação que lhe enseje o necessário contacto com a natureza. Imaginemos aqueles que, de costas encurvadas, cabeça baixa e pernas dobradas, permanecem sentados de oito horas ao meio-dia e de duas às seis horas diante de suas escrivaninhas ou suas bancas. Imaginemos, por exemplo, estas inúmeras secretárias que, com o passar dos anos, terminam por se parecerem com as longas fórmulas que preenchem quotidianamente. Pensemos também nes- ses trabalhadores que executam suas monótonas manipulações no trabalho em série — Charles Chaplin revelou-nos com tintas cruas esta imagem da usina contemporânea, no filme Tempos Modernos. Pensemos ainda nos intelectuais e cientistas, sobre quem se acomoda a poeira do gabinete de trabalho. Destes cientistas, dos quais Lessing, o sensato e perspicaz poeta e crítico, autor de Minna von Barnheim, disse: "Entre os livros, no estreito e poeirento gabinete, esquecemo-nos do corpo, que tanto quanto a alma deve ser educado e formado, ambos devendo atingir a per- feição da qual são capazes". É sob este ângulo que devemos considerar esta necessidade de es- porte, própria de nossa época. Como o afirma tão justamente Diem, a paixão pelo esporte constitui um modo de higiene pessoal instintiva, dian- te da diminuição da função corporal na vida profissional; uma tentativa de salvaguarda das forças vitais, o que só se torna possível graças a uma certa quantidade de movimentos compensadores, na medida que nosso corpo é capaz. Esta inclinação humana para a atividade física é natural. A natu- reza proveu-nos de um aparelho muscular que, se não utilizado, degenera. A ciência moderna, segundo os fisiólogos, nos ensina através de suas leis funcionais que, por falta de exercício, um órgão se enfraquece, ao passo que um exercício contínuo o desenvolve e fortifica. O professor Mallwitz resumiu estas leis nesta quadra: O exercício fortifica, Falta de exercício, produz anemia. O supertreino prejudica. Trabalho dosado traz alegria. Afinal, por que o esporte? A confirmação destas leis funcionais se manifesta de maneira vívi- da para todos aqueles que, em uma circunstância qualquer, quebram a perna. Ao retirar o gesso, após algumas semanas, constatam com horror que sua perna afinou (enfraquecimento do músculo). O que vem demons- trar o quanto a falta de exercício debilita! Como apenas uma ínfima parcela dos seres humanos tem condição de utilizar completamente a musculatura em sua atividade profissional, impõe-se absolutamente uma compensação, sob a forma de exercícios físi- cos. Daí a necessidade da atividade corporal ao ar livre, luz, sol e água. Quanto mais o homem vive em contacto com a natureza, maiores são as oportunidades e motivos para usar seus músculos Segundo Kaech, o esporte, além de constituir a vacina mais natural contra as consequências da atrofia característica de nossa época tecnocra- ta, assume uma importante função de higiene social. Infelizmente não podemos considerar o esporte atual apenas sob este ângulo, pois a prática moderna do esporte fornece ao observador al- gumas manifestações de degenerescência, que ameaçam destruir o verda- deiro esporte. A. Kaech escreveu: "Constatamos com preocupação que a noção de 'esporte' tende a degenerar e a se identificar cada vez mais com uma exibição para a massa, cuja preocupação central não é mais a própria 'performance', a própria ex- periência vivida, mas a participação passiva, É a razão pela qual a vacina perde sua eficácia. Dentro de amplas esferas, principalmente nas escolas e nas igrejas, o esporte, confundido com um pseudo-esporte inspirado no estrangeiro, está a tal ponto desacreditado, que simplesmente é recusado. O pseudo-esporte prejudica o esporte de dois modos: desviando as pessoas da participação ativa para a simples presença, e privando o esporte da boa vontade e patrocínio dos meios competentes". Muita gente se pergunta, com razão o que se entende exatamente por esporte? Habitualmente esta noção de esporte é reservada para ativi- dades esportivas determinadas. Acreditamos defini-lo substancialmente, esquecendo-nos de que isto independe do que se faz, mas depende da ma- neira, da razão e do objetivo pelos quais o fazemos. Ninguém contesta, por exemplo, que a luta é um esporte. Em compensação, recusamo-nos com toda a franqueza a considerar o catch como um esporte. A delimitação da noção de esporte deve, por conseguinte, ressaltar o fato de que o esporte não é apenas uma questão de corpo, de bíceps, de braços fortes e pernas rápidas. O que é essencial não é tanto o fato de que alguém pratique ou não o esporte, é o estado de espírito que se traz a esta atividade. Em outros termos, a prática de um esporte dito clássico não traz em si nenhuma garantia de comportamento esportivo irrepreensível. Em si, o esporte não é nem bom, nem mau. Frequentemente empregado para o bem, infelizmente pode ser empregado com a mesma frequência para o mal. Assim como várias outras áreas, o esporte oferece inúmeras possibi- lidades de desenvolver o espírito cavalheiresco, a lealdade, a honestidade, o companheirismo; por outro lado, apresenta-se o mesmo número de ocasiões para corromper virtudes, simplesmente pelo atrativo da vitória ou do ganho. Por que um tal arremate, tão frequente? Não é por falha do espor- te, mas por falha do espírito. Mesmo em matéria de esporte, existe o bom e o mau por parte do homem, proveniente de seu foro íntimo, "deci- sões morais de seu espírito", segundo o educador Fuhri. Eis por que, nesta área, a educação voltada para o bem é decisiva. Trata-se, antes de tudo, de fazer com que a juventude compreenda o justo valor do esporte, de incutir-lheo senso esportivo que classifica um homem no nível de sportsman, de gentleman. Inatividade dos deficientes Uma explicação necessária. Quem está apto a se tornar monitor? A finalidade de nosso trabalho Quais os exercícios físicos que podem ser praticados nas atividades físicas para deficientes? É necessário — em apenas algumas horas — exerci- tar os órgãos e os músculos. Para tanto se prestam a natação, a ginástica, a aprendizagem da marcha, os exercícios com material e aparelhos de ginás- tica, bem como diversos jogos, com ou sem bola. Se, em se tratanto de indivíduos fisicamente válidos, é necessário estar sempre informando e incentivando, maior se torna esta necessidade junto aos deficientes. A maioria deles tende a se marginalizar, evitando-se expor, É corrente entre eles a ideia errónea de que a ginástica e o esporte lhes são nefastos ou perigosos, ou, no mínimo, que para eles está fora de cogitação a prática de exercícios físicos. Aí está a razão fundamental para explicar que, entre 50.000 deficientes físicos, apenas 2.000 aproximada- mente participam regularmente de aulas de ginástica e de esporte, ou seja, cerca de 4%. Na Suíça existem mais de 100 grupos praticantes de atividade fí- sica para deficiente. Estes, na verdade, se concentram principalmente nas cidades e grandes aglomerações. Grande número destas últimas ainda não cotam com nenhum grupo. Em razão disto, a Federação Esportiva Suíça dos Inválidos organiza todos os anos cursos de iniciação aos problemas das atividades físicas para deficientes e, ao mesmo tempo, cursos para moni- tores, com a duração de 14 dias, destinados principalmente aos monitores e monitoras iniciantes. Em primeiro lugar, possuem as qualidades necessárias as pessoas que tiveram uma preparação no campo da ginástica curativa ou da pedago- gia esportiva. A qualidade e o desenvolvimento do trabalho nas atividades físicas para deficientes dependem decididamente do número e da capaci- dade dos monitores. A FSSI, por conseguinte, atribui maior valor à sua formação, devido aos cursos regionais de introdução, de instrução e de re- petição. Quem deseja participar de atividades físicas para deficientes de- ve-se iniciar, primeiramente, em um dos campos já mencionados. Apenas os desportistas possuidores desta preparação podem ser iniciados, median- te cursos breves, em todos os problemas particulares da atividade para de- ficiente. A direção de um grupo de atividade física para deficiente exige consideravelmente mais dos monitores do que a de um grupo habitual de ginástica e de esporte. Os problemas referentes à técnica, ao método, e até à intuição psi- cológica — esta, particularmente importante —, nem sempre são fáceis-de resolver. Tomemos, simplesmente por exemplo, a dosagem da atividade física: quão depressa nos encontramos diante de artroses (doenças cró- nicas das articulações, aprição de escolioses devido a cargas desigualmente distribuídas), causadas, como já sabemos, por uma solicitação excessiva do aparelho motor. Por esta razão tornou-se necessária a introdução do atestado de saúde, não para a proteção dos monitores, mas para maior se- gurança dos participantes dos grupos. Manutenção e aumento da capacidade de trabalho. A atividade física para deficientes é essencialmente um dever de higiene social. Tanto deficientes quanto válidos não podem permanecer indiferentes ao fato de que os deficientes físicos tornam-se rapidamente O importante é que na atividade física para deficientes possamos levar em conta estas afecções mentais dos enfermos e que as consideremos como consequência da enfermidade corporal. A distinguir: — afecções internas — distúrbios orgânicos (respiração, coração, nervos); — afecções externas. Via de regra excluem da atividade física para deficiente a prática de esportes que em geral pressupõem órgãos internos sãos. Aqueles que possuem lesões no crânio e no cérebro necessitam de atenção especial. Perigos principais: — insolações, — exercícios "cabeça para baixo", — exercícios com abalos, choque e golpes, — exercícios com movimentos circulares. Os epilépticos devem ser objeto de constante vigilância e devem, em qualquer caso, receber socorro imediato (natação!). A base médica de toda atividade esportiva repousa sobre a regra de Arndt-Schultz: ligeiras excitações ou estimulantes moderados; em exces- so, prejudicam. Em todos os casos de lesões do aparelho motor devemos conformar-nos com esta regra. Postura: é sempre a expressão do estado mental! Segundo a forma da coluna vertebral, distinguimos: Danos físicos Afecções internas Afecções externas (lesões do aparelho motor): Mobilidade: — aparelho motor ativo: musculatura — aparelho motor passivo: ossos e articulações A mobilidade pode ser restringida por: — alterações da pele — alterações da musculatura — alterações dos tendões — alterações do tecido conjuntivo — alterações dos ossos cicatrizes em consequência de queimaduras contrações encurtamentos (consequência de ferimentos, por exemplo) encolhimentos, artroses reduções mal feitas, após fratu- ras, infecções. Nível de amputação Condições necessárias para a prótese: Amputações e Próteses Em regra geral é escolhido pelo cirurgião, não soem função da si- tuação médica (acidente; distúrbios circulatórios etc) , como também em vista do futuro tratamento protético. Amputação acima do joelho: particularmente indicada para, apro- ximadamente, meia largura de mão acima da rótula, deixando espaço sufi- ciente para a articulação artificial do joelho, e permitindo a esta última situar-se à mesma altura da articulação da outra perna. Desde há pouco procede-se cada vez mais com sucesso, nos adul- tos, a desarticulações do joelho, as quais fornecem um coto que suporta bem a carga, mas necessitam de um tratamento protético especial. Amputação abaixo do joelho: coto não muito curto, se possível — do contrário o tratamento protético se torna difícil. O coto também não deve ser muito longo, existindo o perigo de distúrbios circulatórios e .dificuldade em recobrir o osso com partes moles. Comprimento desejável: aproximadamente 15 centímetros. Forma do coto: As dificuldades do tratamento protético têm ori- gem nos cotos em forma de clava e nos de forma acentuadamente cónica. Próteses: o tipo de aparelho depende do tipo de amputação e das cicunstâncias pessoais do amputado: idade, sexo, profissão e, enfim, da solicitação previsível. Prótese = reposição da função: perna: estabilidade e aptidão ao andar braço: preensão da mão reposição funcional do fragmento do membro perdido (o andar deve despender um mínimo de energia) peso mínimo estrutura mecânica satisfatória inserção de uma articulação simples do joelho reposição estética do segmento do membro perdido estrutura adaptada às solicitações (solidez). Prótese da coxa (femural): compõem-se de um encaixe da coxa, da articulação do joelho, de uma pantorrilha, da articulação do tornozelo, do Pé. Encaixe da coxa: apoio sobre a saliência da virilha; esta não deve deslizar para dentro do cartucho. O interior do encaixe deve ser suficien- temente profundo, para não se acavalar sobre o peroneo. Não deve sobres- sair nenhuma parte mole do cartucho quadrilátero. Por ocasião do apoio, a pressão deve ser exercida sobre a saliência da virilha e sobre a face lateral do coto. Fixação: correias ou prótese de sucção. A readaptação dos amputados Articulação do joelho: existem diversos tipos, com freio regulável, controle de cadência etc. Articulação do pé: articulação com apoio contra a dobra; articula- ção poliaxial (pé chato) diminui a solicitação do coto. A articulação rígida do tornozelo exige, para a extensão do pé, um desgaste energético elevado. Colocação da prótese da coxa: de pé! posição da superfície de carga na linha de resistência, a partir do centro de gravidade parcial da ar- ticulação do quadril, ou seja, estrutura da prótese sem coincidência abso- luta com o prolongamento do coto. Más posições do coto devido à limita- ção do movimento na articulação do quadril devem ser corrigidas no car- tucho pelo ortopedista. A estrutura, na linha de resistência, deve ter jogo nas duas direções, isto é, vista de frente e de lado. O eixo da articulação do joelho deve situar-se na linha de resistên- cia, ou diretamente atrás da mesma. Quanto mais para trás estiver coloca- do, maior a estabilidade, mas também mais difícil sua propulsão para diante e para andar. A articulação do tornozelo é colocada bastante atrás da linha de resistência. Através da posição traseira do pé, obtém-se uma passagem mais fácil para a denominada posição "de disponibilidade". Prótese da anteperna (tibial): em geral, ligação articulada com cartucho quadrilátero; na nova prótese PTB, (Patella Tendon Bearing Pro- thesis), desaparece a parte superior, sendo que a pressão é suportada pelo tendão da rótula. Colocação da prótese da ante-perna: Linha de resistência no terço central, a partir do meio do joelho — superfície do pé. O eixo do pé é des- viado entre 6 e 8o na direção externa. Uma articulação artificial do pé torna-se necessária. Prótese do braço: a reposição funcional do braço não convém tan- to quanto a da perna, devido à ausência do tato. Quanto à mão, fazer distinção entre prótese de trabalho e prótese de passeio. Condicionamento geral: o andar com auxílio de prótese, exige muita energia. Tratamento do coto: ginástica do coto, tendo a finalidade de re- forçar os músculos e evitar as anciloses (contrações). Amputados da coxa: exercitar a extensão da articulação do quadril e a projeção da perna. Movimento passivo: mantém a mobilidade completa do coto. Exercícios ativos: contra-resistência, exercícios com saco de areia. Higiene do coto: desempenha um papel decisivo quanto ao bem-es- tar do amputado. Compreende sobretudo cuidados regulares e quotidia- nos, uma ginástica praticada todos os dias. A inobservância destes cui- dados minuciosos pode ocasionar sérias complicações. Por isto, é necessá- rio observar os itens seguintes: O coto, mais ou menos contraído dentro da prótese durante o dia, após a retirada, deve todas as noites, ser lavado alternadamente com água quente e fria. Não é necessário lavar todos os dias com sabonete, o que pode facilmente causar irritações da pele. Em todo caso, é aconselhável o uso exclusivo de sabonete neutro. Evitar o emprego de pós, unguentos etc, sem a prescrição do médico que acompanha o caso. Para a proteção da pele e seu fortalecimento, recomenda-se o em- prego do Heydogene-Sprayou do "PC 30" (à venda nas farmácias). Se não houver uso da prótese, é aconselhável enrolar o coto com uma tira elástica. Banhos regulares de sol e ar endurecem o coto. Para absorver a transpira- ção, deve-se introduzir no cartucho uma pequena almofada de algodão cru, ou pequena esponja. A prótese deve ser lavada com água morna e A graduação das exigências não deve ser muito rápida, sendo que o essencial na execução dos exercícios é conseguir que o espástico possa ad- quirir segurança. Em se tratanto de espásticos, nunca se deve ter pressa — é preciso muita afeição e paciência. O espástico deve, antes de tudo, ser treinado para adquirir autonomia própria (vestimenta, higiene, etc) . Os movimentos não devem-se suceder com muita rapidez. Quanto aos hemiplégicos, deve-se sempre trabalhar com os dois braços e pernas. Nos exercícios, é mais necessário dar a conhecer o objetivo do que o desempenho propriamente dito. Os exercícios de trepidação relaxam a musculatura e constituem um bom aquecimento para a prática do exercício. Os exercícios de equilí- brio contribuem para o reforço da estabilidade. De vez em quando, pode- se tentar ultrapassar o limite da fadiga (exceto com relação às paralisias flácidas); uma certa fadiga da musculatura conduz à descontração, melho- ra a coordenação e reduz os movimentos involuntários. Os exercícios com parceiro (exercícios graduados de resistência) requerem a sensibilidade dos músculos e tendões, melhoram a coordenação e aumentam a força. Durante as pausas, o espástico deve ficar em posição de descanso (posição abdomino-lateral). Pernas em X: normalmente, entre as idades de 3 a 6 anos (fenó- meno fisiológico), em consequência da poliomielite, acidentes etc). Pernas em O: frequentemente de origem raquítica (isto é, por fal- ta de vitamina D). Em condições normais, o eixo de carga das pernas (linha de resis- tência) percorre desde a virilha, passando pelo meio da rótula e caindo no meio da linha ideal, ligando os dois tornozelos. Deformações Extremidades inferiores Coluna vertebral Escoliose: entende-se por tal, a curvatura lateral constante, definiti- va, da coluna vertebral. É necessário fazer distinção entre escolioses de postura ainda corri- gíveis, correspondentes, por exemplo, à postura geral indolente, ou prove- niente de diferença no comprimento das pernas, e escolioses propriamente ditas, provenientes de uma inclinação habitual ou da desigualdade do com- primento das pernas, não mais corrigíveis. Estas últimas se caracterizam por uma torsão do eixo longitidinal. Em muitos casos, a origem da escoliose é desconhecida. Às vezes trata-se de paralisia (poliomielite), ou de malformações congénitas das vértebras (escolioses congénitas). Classificação das escolioses: — segundo o lado: convexa esquerda, direita — segundo o nível: peitoral, lombar — segundo a forma: emforma de C ou de S. Nos casos de escolioses que afetam a região peitoral, a função do coração e dos pulmões é dificultada. Uma ginástica respiratória praticada regularmente é de extrema importância para tais pacientes, É também par- ticularmente recomendada a prática regular da natação e da ginástica geral de manutenção física. Doença de Scheuermann Trata-se de uma perturbação do crescimento das vértebras, que so- brevêm na puberdade, tanto nos rapazes quanto nas moças. "Scheuermann" toráxico: produz uma cifose acentuada da coluna vertebral peitoral, isto é, uma forte curvatura para trás (corcunda). "Scheuermann" lombar: ocasiona um achatamento da lordose, ou curvatura lombar (costas planas). A doença de Scheuermann pode provocar dores, ainda na puber- dade, principalmente se estiver localizada na região lombar. Generalidades: A coluna vertebral apresenta uma formação muito precisa e reage rapidamente às perturbações. Quaisquer que sejam as afecções da coluna vertebral, é necessário tomar as seguintes medidas: — início do treino mais lento e com maiores precauções; — nenhum exercício de velocidade: movimentos lentos, regula- res (remo, natação); — evitar abalos; — intercalar frequentes pausas; estender-se de costas. Os exercícios de extensão na barra, geralmente são os mais in- dicados, mas é bom precaver-se para descer! Quando se levanta peso, a coluna vertebral deve-se manter plana, ou seja, ereta; portanto, utilizar os joelhos e elevar o peso com o auxílio das pernas. Nunca forçar as costas e evitar sempre qualquer torsão da coluna vertebral, quando esta estiver carregada. Não permanecer por muito tempo na mesma posição, principal- mente na posição inclinada para a frente. Distrofia muscular progressiva Pertence ao grupo das chamadas miopatias, isto é, doenças nas quais o músculo propriamente dito é atingido. A particularidade deste mal é que, geralmente, ataca com igual intensidade tanto o lado direito, quan- to o lado esquerdo do corpo, tratando-se de paralisias puramente mo- toras. Em regra geral, não acarreta perturbação sensitiva e nem dores. A distrofia muscular progressiva é um mal hereditário, de lenta evolução e constitui a mais frequente das miopatias. Durante o processo de evolução da doença, são principalmente atingidos os músculos do tronco e em especial, os da cintura escapular e da bacia. Ao contrário da paralisia infantil, por exemplo, geralmente não ocorre nenhum decréscimo da musculatura, mas, em compensação, obser- va-se um aparente aumento do volume muscular (pseudo-hipertrofia), de- senvolvendo-se de tal forma que, as fibras musculares são substituídas por tecidos conjuntivos e gordurosos. Este aumento de volume é particular- mente visível na barriga da perna. Segundo o ponto de impacto e a locali- zação da musculatura afetada^, distinguem-se diversos tipos ou grupos de distrofias musculares. A causa do mal se encontra na disfunção metabólica do músculo. Ainda não existe um tratamento causal para a doença. Portanto, a terapia dita sintomática adquire maior importância, consistindo, em primeiro lugar, no treino dos músculos ainda existentes e em evitar más posições das articulações. Por isto, o treino regular e intensivo torna-se uma neces- sidade premente, tanto nos casos de distrofia muscular progressiva quanto nas outras formas de miopatia. Deste modo, pode-se conservar por muitos anos a autonomia do paciente. Generalidades Paraplegias e tetraplegias Por paraplegia entende-se a paralisia da metade superior do corpo; a tetraplegia, além disfo, ainda afeta as extremidades superiores. Quanto à gravidade da lesão neurológica, estas duas categorias se subdividem em le- sões completas e lesões incompletas. A lesão completa é caracterizada pela perda total de qualquer forma de sensação e motricidade, abaixo da lesão medular. Na lesão incompleta, ainda persiste uma certa função motora e/ ou sensitiva sublesional. No caso de lesão motora completa com preser- vação parcial de certos músculos ou grupos musculares, falamos respecti- vamente de paraparesia e de tetraparesia. A característica da lesão medular completa encontra-se em qualquer secção anatómica da medula, como se pode observar nos ferimentos produzidos por armas brancas — facadas, por exemplo —, ou ainda, com menos frequência, nas fraturas-desloca- mentos da coluna vertebral, em consequência de acidentes. Seja a lesão completa ou não, ela ainda pode ser, segundo a nível lesionai, do tipo flá- cido ou espástico, o que vai influir na escolha do esporte a ser praticado pelo doente. Por exemplo, basquete para os espásticos, proporcionando a projeção das pernas para diante, ou arco e flexa para aqueles que sofrem de espasmos dos músculos abdominais, permitindo a flexão do atirador no ato do lançamento da flexa. Enfim, do mesmo modo como existem lesões de meio-corpo nas hemiplegias causadas por lesão cerebral, podemos tam- bém encontrar lesões medulares do tipo hemiplégico ou hemiparético. As causas de lesão da medula espinhal são múltiplas, variando desde o trau- matismo vertebral - queda, acidente de carro, acidente do trabalho, aci- dente do esporte, principalmente mergulho — até o tumor medular ou ver- tebral, passando pelas lesões vasculares e infecciosas da medula. A propósito das lesões medulares infecciosas ou mielites, é neces- sário diferenciar as mielites poliomielíticas das outras espécies de mielite. Com efeito, se a poliomielite afeta essencialmente o sistema locomotor, atacando as células nervosas do corpo, deixa, em compensação, intactas a sensibilidade, as funções da vesícula, intestinos e genitais. Infelizmente, não ocorre o mesmo quanto è tetraplegia, ou à paraplegia traumática, tu- moral ou infecciosa não poliomielítica. Esta diferença fundamental das le- sões deve estar sempre presente no espírito de todos aqueles que, no setor esportivo, se ocupam desta categoria de deficientes, tendo em vista as co- nexões existentes entre as diversas deficiências patológicas e os esportes planejados, tanto quanto pelos seus efeitos recíprocos. Perigos Paciente de 15 anos, atingido de paraplegia total à altura da 6? vértebra toráxica, con- sequência de queda do alto de uma árvore. Ví t ima de osteoporose elevada do fémur direi to, o que lhe causou uma fratura dita "espontânea", quando tentava retirar suas meias, na posição abaixada. Diante da perda da sensibilidade e de outros fatores, dentre os quais desempenham importante papel a pressão e a paralisia dos nervos vaso-motores, todo paraplégico e tetraplégico deve prevenir o desenvol- vimento de escaras, quando de traumatismos da pele ou pressão prolon- gada do mesmo local, principalmente nos ísquions, devido à posição sen- tada mais ou menos contínua em cadeira de rodas. Além disto, tendo em vista a perda da sensibilidade, uma torsão do pé, por exemplo, pode passar desapercebida e terminar numa luxação e até mesmo em fratura. Uma queda banal para o poliomielítico ou o amputado pode ser catastrófica pjra o paraplégico. Além do risco de fratura habitual nesses deficientes, consequência da osteoporose sublesional, o perigo de ulceração cutânea (escaras) é grande e pode exigir alguns dias de repouso. Na mesma ordem de ideias, em toda transferência - por exemplo, da cadeira de rodas para a piscina ou para o tapete de exercícios —, deve-se evitar os choques e con- tatos brutais geradores de escaras. Quer o deficiente esteja sentado ou deitado, sempre deve haver entre ele e a superfície sobre a qual se encontra um material de consis- tência semelhante à da espuma de borracha. Devido à perda da sensibili- dade térmica, também é necessário prevenir os riscos de queimaduras atra- vés de água muito quente, ou ainda, da exposição demasiada aos raios so- lares. A paralisia da vesícula e do intestino pode causar problemas quando da prática de esporte em piscina, onde também estão outros deficientes. Enquanto que a reeducação intestinal satisfatória deixa poucas probabili- dades de incidentes de incontinência, o mesmo não ocorre quanto à re- educação da vesícula. Inúmeras lesões medulares exigem que o paciente use um coletor de urina, para torná-lo socialmente aceitável, fator que também deve ser levado em conta pelo professor de esportes. É preciso também saber que as lesões medulares de nível D 4 — D 5, cujo limite de sensibilidade passa à altura dos mamilos (por exemplo, em consequência de fratura da terceira, quarta ou quinta vértebras dorsais), assim como as tetraplegias podem ser extremamente sensíveis às mudanças da temperatura ambiente, principalmente ao calor. Isto se dá, em parte porque falta-lhes a sudorese, em parte porque seu sistema neuro-vegeta- tivo pode reagir ao calor ou ao frio através de modificações no aparelho cardiovascular, as quais são passíveis de causar graves perturbações, prin- cipalmente hipertensão arterial. Estas considerações nos demonstram que o esporte dos paraplégi- cos e tetraplégicos está intimamente ligado as suas exigências médicas, bem como à competência dos monitores de esporte, os quais têm o dever de conhecer perfeitamente o conjunto dos problemas trazidos por estes de- ficientes. Para concluir esta breve exposição, gostaríamos de ressaltar que se os portadores de lesões medulares podem praticar tanto os esportes de equipe, tais como o basquete, quanto os esportes individuais, tais como o arco-e-flexa, o esporte contribui para proporcionar-lhes o equilíbrio tanto físico quanto psíquico, contribuindo deste modo, para a harmonia do in- divíduo. Perturbações motoras cerebrais São perturbações na execução dos movimentos, causadas por lesão do cérebro, quando ainda em desenvolvimento. Contrariamente à paralisia infantil, a força muscular apresenta-se normal, havendo apenas perturbação na coordenação dos músculos em movimento. Os movimentos são mal dosados; são angulosos, rígidos, len- tos, excessivos, etc. Ou se apresentam tensos ao extremo, ou muito lassos, ou ainda, a tensão muda constantemente, de maneira irracional. De modo que encontramos, por exemplo, super-rigidez de todo o corpo com ten- dência a cair para trás, torsão da parte interna das pernas mantidas rígidas ou ligeiramente dobradas, porte assimétrico com flexão excessiva de um lado do corpo e super-rigidez do outro, em relação à posição da cabeça. Á este propósito, falamos em movimentos artificiais, inadaptados à cir- cunstância. Existem grupos distintos dentre as diversas perturbações motoras: Perturbações espásticas: movimentos rígidos, crispados, lentos. Nos casos graves, a tensão muscular é constantemente aguçada; nos casos ligeiros ou moderados, permanece sob o efeito de estímulos (atividade, ex- citação), o que torna os movimentos difíceis. A espasticidade excessiva de todo o corpo constitui uma pesada deficiência. Em muitos casos, entretan- to, as pernas são as mais atingidas, ou o lado (= hemiplegia), enquanto que o resto do corpo permanece mais ou menos normal. Atetoses: distinguem-se através dos movimentos involuntários, des- controlados (chamados movimentos atetóides). Estes movimentos são de- vidos a rápidas e descontroladas variações da tensão muscular, que impe- dem a execução normal do movimento. Deste modo, os movimentos se apresentam também descontrolados, excessivos, variando desde uma fle- xão desmesurada até a uma extensão desmesurada. Torna-se assim impos- sível para o doente, entre outras coisas, o sentar-se devagar, a mudança normal do passo. Ataxias: falta de segurança na força e na direção dos movimentos. Assim, estes se tornam incertos e lentos, trêmulos (a fim de corrigir a dire- ção falsamente orientada). A musculatura apresenta-se lassa. As reações de equilíbrio, particularmente perturbadas. Os deficientes executam ape- nas os movimentos dos quais se sentem seguros; têm medo de ciar para trás, enrigecendo-se assim voluntariamente; evitam os movimentos girató- rios. E impossível para eles uma adaptação ou uma modificação dos movi- mentos. Generalidades Cegueira Entende-se por cegueira a intensa redução das funções do órgão da visão. Um objeto se destaca oticamente do meio ambiente através de sua irradiação luminosa própria. Nosso olho está apto a perceber esta irradia- ção especial, a moldá-la, a transmiti-la, de tal modo que, com o auxílio de determinadas regiões do cérebro, podemos observar as particularidades do meio ambiente. No caso de ceguiera, existe um defeito neste processo. Por um lado, a irradiação luminosa pode ser dificultada em razão de modifi- cações doentias das partes refratárias, tais como córnea e cristalino. Por outro lado, pode existir uma perturbação da percepção luminosa e, da transformação do estímulo luminoso nos centros sensitivos da retina, se estes últimos foram prejudicados por inflamações ou quaisquer outros processos patológicos. Em seguida, o contato dos nervos com o cérebro pode ter sido interrompido, ou o próprio centro de visão — situado no interior do cérebro —, tenha sofrido um dano qualquer. A alteração de qualquer uma das malhas desta corrente pode suprimir a percepção real dos objetos ou, como se diz geralmente, a percepção do meio ambiente. A apreciação da extensão da cegueira depende de dois fatores: 1. acuidade visual a distância, 2. campo visual. Por "acuidade visual", entendemos, por exemplo, a capacidade de ler ao longe, tanto quanto de perto. Chamamos cego a um ser humano no qual esta capacidade não ultrapasse 6/60 a distância (capacidade de dis- tinguir, numa distância de 6 metros, os objetos que uma pessoa normal reconhece a 60 metros), ou 0,1 de perto. O segundo critério, o campo visual, ou seja o trecho que o olho, mantido fixo, pode abranger de uma só vez, nos casos normais cobre um setor de aproximadamente 150°. No caso de uma redução do campo vi- sual a 10 ou 20°, a pessoa distinguirá tão pouco do meio ambiente, que pode ser considerada cega. Estima-se o número de cegos no mundo, em cerca de 14 milhões. Na Suíça deve haver aproximadamente 9.000 no sentido lato da palavra. Entre 10.000 habitantes, 15 possuem um campo visual inferior a 0,1, ou uma deficiência correspondente do mesmo campo visual. Ainda na Suíça, a classificação dos cegos, segundo a idade, é mais ou menos a seguinte: 10% são jovens em idade escolar; 33% são adultos 57% são pessoas de mais de 60 anos. Por razões sociais e práticas, cabe fazer distinção segundo o grau e a origem da cegueira; quanto à sua posição social, a situação à qual o cego fica reduzido é decisiva. Naturalmente, o significado individual da enfer- midade visual em geral não é contestado. A idade, a situação social antes da cegueira, a inteligência e, consequentemente, a facilidade e a vontade de adaptação desempenham um papel decisivo com relação às consequên- cias práticas da cegueira. Apesar disto e por motivos práticos, parece-nos apropriado proce- der a uma discriminação, pois a diferença entre ausência de percepção lu- minosa e a conservação de uma capacidade visual de 0,1 é muito signifi- cativa. Distinguem-se portanto, três grupos: 71% são socialmente cegos. São aqueles que não ganham a vida com base numa profissão que utiliza a vista. Sua capacidade visual com- porta 0,05 a 0,1, em comparação com uma boa visão. Pertencem também a este grupo aqueles cuja capacidade de leitura ultrapassa 0,1, mas cujo campo visual se encontra fortemente reduzido e em consequência, tam- bém seu senso de orientação no espaço e sua percepção dos perigos. A es- colarização dos jovens pertencentes a este grupo não pode ser efetuada se- gundo as vias normais. Porém, sua formação escolar é possível — seguindo um curriculo normal —, utilizando-se o recurso do tato, da escrita para ce- gos (Braille). 20% são praticamente cegos. São aqueles cuja capacidade visual, comparada à visão sadia, comporta 0,05. Em decorrência de sua deficiên- cia visual, dependem de auxílio externo. Este auxílio tanto pode ser uma bengala para cegos, quanto um cachorro treinado. 9% são absolutamente cegos, ou seja, desprovidos de qualquer per- cepção luminosa. Encabeçando as causas da cegueira, figura, para 15% dos casos, o glaucoma ou "estrela verde", doença que, por efeito da pressão exage- rada na parte interna dos olhos, com o decorrer dos anos, causa o pereci- mento dos centros sensitivos da retina. A idade média dos cegos vítimas de glaucoma é de 75 anos. Trata-se de uma doença da velhice, cujo índice aumenta de acordo com o envelhecimento da população. Não tem relação alguma com a elevação da pressão sanguínea. Em 10% dos casos, a cegueira é causada por inflamações da retina e da túnica vascular; aparece em média, 20 anos mais cedo do que o glau- coma. Dentre os distúrbios metabólicos, a diabetes é a causa mais fre- quente de cegueira, pois provoca modificações na retina. 0 índice de ce- gueira causada pela diabetes é atualmente mais elevado, tendo em vista o prolongamento da expectativa de vida, devido ao controle sanitário mais cuidadoso. É necessário mencionar ainda, um grupo importante (11,5%) de casos de cegueira, oriundos de doenças causadas pela falta de higiene gene- Convenção sobre os exames médicos para deportistas deficientes a situação particular dos deficientes físicos. Naturalmente que a escolha do médico será inteiramente livre. Os honorários são fixados pelo Comité Central da Federação dos médicos suíços. A nota do médico é encaminhada ao tesoureiro do grupo respectivo de atividade física para deficientes. Esta salda a conta e recebe devolta, por sua conta, no final do ano, os 75% do montante da parte do Seguro-Invalidez federal. O exame médico inclui investigações gerais determinadas e para es- te f im, a FSSI mantém à disposição do médico um formulário especial. Se o médico estimar, indicando, para mais ampla informação, que se façam radiografias, exames de sangue, etc, estes ficarão a cargo do desportista deficiente. Ficaram convencionadas, entre a Federação Esportiva Suíça dos Inválidos (FSSI) e o Comité Central da Federação dos médicos suíços, as seguintes disposições, publicadas no n9 50/1962, pág. 919, do Bole- tim dos médicos suíços, e que entraram em vigor em 19 de janeiro de 1963: 1. No interesse do desportista deficiente e a f im de resguardar o monitor de atividade física para deficientes, os exames médicos são obri- gatórios para todos os participantes da atividade física para deficientes. 2. O médico fornece ao inválido o certificado de aptidão ("li- cença médica desportiva para inválidos"). Nele, o desportista deficiente é declarado apto ou inapto para as disciplinas ali citadas. Assim, o que se pode exigir do interessado fica discriminado para o monitor de atividade física para deficientes. 3. É livre a escolha do médico, É desejável que os exames tenham lugar durante o horário de consulta do médico. Convém abrir mão dos exames em série, comuns quando se trata de desportistas válidos, e consi- derar com particular atenção a situação especial dos deficientes físicos. 4. Para o exame médico dos desportistas, o Comité Central da Fe- deração dos médicos suíços fixou os honorários em Fr. 15. - (1967). A nota deve ser endereçada ao tesoureiro do grupo de atividade física para deficientes" respectivo. Este salda-a, e recebe de volta, por sua conta, no final do ano, os 75% do montante da parte do Seguro-invalidez federal. 5. O exame médico compreende investigações gerais determinadas. Para este fim, a FSSI mantém um formulário especial à disposição do mé- dico. Não é obrigatório para o médico o preenchimento deste formulário. Se o médico estimar indicando, para mais ampla informação, que se pro- ceda a exames especiais (radiografias, exames de sangue, etc) , ficarão es- tes a cargo do desportista deficiente. 6. O médico fixará a data do próximo exame. Generalidades Higiene na atividade física para deficientes O presente capítulo não pretende constituir um tratado completo de higiene, mas antes, ater-se a certas normas aplicadas no esporte em geral, e de grande importância, particularmente quanto aos deficientes. Na área do esporte, o conceito de higiene engloba todas as medidas que colo- cam ou mantêm o corpo em forma, como, por exemplo, o modo espor- tivo de viver, a alimentação conveniente, cuidados corporais adequados e vestuário apropriado. 0 leitor crítico observará que ilustrações pertencen- tes ao capítulo "Aula de treinamento" encontraram lugar igualmente no capítulo "Higiene", no intuito de que estas experiências possam contri- buir para aumentar o rendimento e evitar danos suplementares na ativida- de física para deficientes. O vestuário esportivo Tanto na vida quotidiana como no esporte, a roupa deve corres- ponder às circunstâncias, e preencher as seguintes condições: proteção contra os efeitos da temperatura, fácil absorção e expulsão da umidade (transpiração) e — o que não constitui a maior das preocupações — de lim- peza fácil.1! Os vestuários de training em lã ou algodão, que hoje em dia se encontram no mercado, correspondem bem a estas exigências. Além da ab- sorção regular da umidade já mencionada, o vestuário visa igualmente pro- teger o corpo contra a perda muito rápida de calor. O corpo suado, por causa do exercício, aumenta a emissão de calor, devido à evaporação do suor. Se, após o esforço, não protegermos o corpo vestindo um training, daí resulta um esfriamento da musculatura, bem como o risco, quando de um novo esforço, de contusões e até de rupturas musculares. Na atividade física para deficientes, o vestuário preenche ainda algumas outras funções protatoras, contra as lesões cutâneas. Imaginemos simplesmente um jogo de bola (sentado) no qual, para este f im, vestem-se calças almofadadas. Em nosso país*, que conta com um número elevado de sequelas de paralisias flácidas e espásticas, encontramos, precisamente, casos semelhantes nas equipes de bola (sentadas). As paralisias de toda a extremidade inferior ocasionam a perda de massa muscular (atrofia) das nádegas. A alimenação da pele (trófico), nesse setor paralisado, sendo mais ou menos perturbada, existe o risco de ferimentos cutâneos caso se des- prenda grande esforço mecânico (decubitus). Estas feridas, em geral, não cicatrizam facilmente. Estando o paralisado quase sempre obrigado a exe- cutar suas atividades quotidianas na posição sentada, estes ferimentos constituem um fator a mais de invalidez. Aos amputados de braço e de perna, recomenda-se proteger as ci- catrizes dos cotos, em geral sensíveis, por intermédio de meia apropriada. Como, frequentemente, trabalhamos com os deficientes sentados no chão, torna-se necessário ressaltar o perigo de esfriamento que resulta deste contato. Resfriados e inflamações das vias urinárias geralmente são o saldo de tais perdas de calor. Apenas o vestuário apropriado não basta. A fim de melhorar o isolamento contra estas perdas localizadas de calor, é aconselhável trabalhar sentado sobre esteiras ou cobertores dobrados. Grande tormento, tanto para o interessado quanto para os demais, é a transpiração dos pés, acompanhada da tão desagradável formação de odor. É um fenómeno fisiológico normal e não uma calamidade, apesar de pouco agradável para os companheiros! Portanto, é preciso lavar os pés todos os dias e, principalmente, trocar também diariamente as meias. Quem quer que sofra deste inconveniente deve evitar o uso de meias de tecido artificial. Cuidados Corporais São de grande importância para o deficiente, instado a fornecer o melhor rendimento, tanto no trabalho quanto na prática do esporte. Não é à toa que se pretende que a capacidade de rendimento de- pende da capacidade da pele. São inúmeras as impurezas secretadas pelo suor que se sedimentam sobre a pele. É preciso limpá-las, através de ba- • Nota do tradutor: o autor se refere á Suíça. nhos quentes ou duchas, pelo menos uma vez por semana, e também após cada esforço acompanhado de transpiração. Por mais banais que possam parecer, estas exigências — principalmente a ducha após a ginástica — ainda não são, nem de longe, preenchidas aqui*. Cabe a cada monitor o dever de levar sua contribuição para a melhoria da higiene em geral. Uma pele sã necessita de estímulos externos para fortalecer-se. Pode-se conse- gui-lo de um modo simples, por meio de duchas alternativamente quentes e frias. O calor dilata os vasos sanguíneos, proporcionando a circulação máxima do sangue nos vasos que irrigam a pele. O frio age sobre eles de um modo restfitivo, mas, logo em seguida, ocorre uma forte extensão do diâmetro dos vasos. A consequência disto é a melhoria da circulação san- guínea. 0 que se disse vale também para esfriamentos de curta duração. Por esta razão, após uma rápida ducha fria, sentimo-nos particularmente frescos e dispostos. O banho frio quotidiano produz o mesmo efeito. Estas práticas regulares mentem a elasticidade dos vasos, constituindo-se numa excelente preservação contra os males causados pelo resfriamento. É necessidade premente a ducha fria após a natação em piscina coberta. Deste modo, evitam-se os resfriados tão frequentes em seguida à natação. Bem entendido, prevalesce a regra: não se expor ao vento depois do banho, com os cabelos úmidos! A sauna oferece um treinamento intensivo da pele e dos vasos san- guíneos. A questão de saber se, e quanto tempo, o deficiente deve fre- quentá-la, é da competência do médico. A regra geral é que não há contra- indicação, quando o sistema circulatório está são e funciona a contento. Para uma demonstração dos efeitos bastante intensos da sauna sobre a circulação, bastariam exames apropriados. Uma sauna normal correspon- de a carga idêntica à que resulta de uma corrida de 3.000 metros. Por esta razão, a sauna e os banhos quentes nunca devem ser anteriores ao horário do esporte. No verão, o sol nos oferece outra possibilidade de retirar da pele as impurezas naturais, É conveniente renunciar ao mau hábito de se dei- xar "assar" durante horas, É preferível se expor ao sol e ao ar por intermé- dio do esporte e dos jogos. Mas, ainda aqui, guardar a medida. Quem quer que possua pele sensível, necessita de mais tempo para se acostumar, É preferível, após meia hora, refugiar-se à sombra, do que perseverar "heroi- camente" sob o sol e pagar, no dia seguinte, o preço de ficar com as costas cobertas por dolorosas manchas vermelhas e ampolas. O bronzeamento da pele se deve aos raios ultravioletas do sol. O corpo se torna bronzeado e fortificado por intermédio do ar e do sol e, em geral, resiste mais contra as doenças infecciosas. Podemos igualmente obter a melhoria da circulação cutânea atra- vés de fricções da pele. Esta prática regular contribui para a melhoria do estado geral e do rendimento. Recomenda-se a todos os deficientes que, em consequência de sua enfermidade, possuem má circulação, procedam à massagem a seco quotidiana da pele. Como material, servimo-nos de uma escova comum de banho, não muito dura. A técnica é muito simples: Esfrega-se braços e pernas por meio de pequenos e grandes movi- mentos circulares, em direção ao coração, intercalando longos movimentos retilíneos no mesmo sentido. Friccionar também com movimentos circula- res os quadris e as nádegas. O abdómen deve ser tratado segundo a mesma técnica, da direita para a esquerda (sentido do intestino grosso). Fricciona-se o tórax com a mínima pressão. Em regra, esfrega-se um braço e a parte do tórax a ele correspondente. Procede-se da mesma maneira quanto às costas, até onde se puder alcançar. * Nota do tradutor: o autor se refere à Suíça. Quando se carrega a dois, é importante executar os movimentos sob comando: levantar, mudar a direção, parar, depositar; do contrário, arrisca-se uma sobrecarga inesperada de um dos parceiros, que pode causar lesão na coluna vertebral. Se houver necessidade de movimentos circulares, girar o corpo in- teiro, a partir dos pés, ou seja, como no ski, tomar nova direção executan- do passos giratórios repetidos. Em caso algum torcer a parte superior do corpo, com relação às pernas mantidas firmes. Locomoção com cadeira de rodas Um poliomielítico, sozinho, senta-se em sua cadeira de rodas, apoiando-se nas mãos (excelente "performance"). Assim, ele estará seguro! O homem do primeiro-plano só está pre- sente, para maior garantia. Escadas: sempre, apenas sobre as rodas traseiras! Apesar de tudo, cuidado! Ultrapassar uma profunda depressão do solo com a cadeira de rodas: sempre usando apenas as rodas traseiras. Noções elementares Fixar as metas Preparação A didática é a arte de ensinar. A metodologia é o modo de ensinar, a maneira de proceder, o ca- minho que conduz ao objetivo. Não se pode estabelecer, sem mais aquela, princípios universais relativos à maneira de ensinar. Esta deve ser adaptada aos participantes (idade, sexo, tipo de deficiência, número de participan- tes), bem como às condições externas (local, material, instalações, condi- ção meteorológica, etc) . Inúmeros caminhos levam a Roma; alguns, passam também ao lado. O modo mais suscinto de ensinar nem sempre é o melhor; entretan- to, é o mais usual e o mais digno de esforços. Fixar metas precisas é o ponto de partida de toda atividade peda- gógica. Na qualidade de monitor, devemos colocar-nos a seguinte questão: qual é a meta que devo atingir? Somente quando tivermos definido a meta é que poderemos estu- dar o modo de atingi-la. São diversos os objetivos, conforme considerarmos: a) a hora do exercício individual, b) o curso, o mês ou o trimestre, c) o ano. Para atingir o objetivo fixado, é indispensável a preparação cuida- dosa e por escrito. Isto auxilia o professor a cumprir seu dever de formação e de educação. Obriga-o a estudar, com precisão, as intenções de seu método pedagógico, facilitando-lhe a exposição da matéria e a organização do en- sino (Dr. P. Marscher). Uma boa preparação já é meio sucesso! Portanto, nada de aulas improvisadas. Os deficientes possuem uma sensibilidade muito desenvolvida e percebem imediatamente se o conteúdo e a forma do exercício são ou não válidos e sensatos. Objetivos dos exercícios (segundo H. Lorenzen) Toda aula deve conter: a) exercícios preparatórios (marcha, aquecimento, treino para o jogo; b) exercícios principais (muito concentrados, treinamento inten- sivo); c) um jogo para terminar. 1. Desenvolvimento físico (aquisição de postura correta, da elas- ticidade e da agilidade). Todos os exercícios tendendo para o reforço, o desenvolvimen- to harmonioso, ao equilíbrio das fraquezas físicas existentes, o que con- vém ao desenvolvimento corporal. Levando em conta as debilidades físi- cas, estes exercícios conduzem a uma atitude mais livre ea maior liberdade de movimentos. Durante a aula podemo-nos dedicar a partes do corpo bem definidas e selecionar os exercícios adequados, com a condição de ja- mais esquecer que a função do organismo antecede a função dos músculos. Para os deficientes físicos, a dosagem da educação orgânica é muito importante, porque as possibilidades são muito diversas. Para al- guns, será necessário limitar-se ao cuidado do organismo, a cuidados equi- parados aos das pessoas válidas. Neste caso, a orientação do médico é in- dispensável; este deverá informar o monitor dos limites do treinamento do organismo. Os melhores exercícios para a circulação do sangue são: a natação, a marcha, a corrida, o remo, o ski, os jogos, etc. 2. Desenvolvimento dos movimentos (aquisição da segurança dos movimentos). 3. Aperfeiçoamento das "performances" (aquisição da capacidade de rendimento). O desenvolvimento dos movimentos e o aperfeiçoamento das "per- formances" também podem ser o tema principal de uma hora de exercí- cio. Podem-se revestir das seguintes formas: marcha, corrida, exercícios de flexibilidade, saltitação, salto, escalada, subida, elevação por tração dos braços, balanço, lançar, pegar empurrar, atirar, deslizar, segurar, carregar, rolar, balançar, nadar, remar,andar de bicicleta, dançar, etc. A maneira de exercitar pode ser livre ou metódica. Nos exercícios livres pode-se adquirir primeiro a prática elementar do movimento. Entretanto, o método de tra- balho é desejável, quando o aluno estiver praticando com um companhei- ro, participando de um grupo, ou estando dentro de uma sala de aula que contenha material; da mesma forma, pode-se procurar a melhoria das "per- formances" se, por exemplo, um aluno que conseguiu uma recuperação primitiva qualquer utilizando a barra, a partir de então, fixar sua meta em subir na mesma com os joelhos estendidos. 4. Formação do movimento (aquisição do exercício formador e criador). Certos monitores só acreditam ter cumprido um trabalho satisfa- tório, se, ao final do horário, todos os participantes se desgastaram ao máximo. Nada é mais fácil do que levar um indivíduo a arquejar, a trans- pirar, ao esgotamento completo, através de simples exercícios físicos em determinadas posições. Geralmente, isto constitui o contrário de uma for- mação razoável e válida, sem contar que, deste modo, o trabalho de forma- ção deixará a desejar. O outro extremo que deve-se evitar: educar através de movimentos tão lentos, com uma atenção tão exagerada, que nenhum dos participan- tes desprende um real esforço físico e não fica satisfeito. Como geralmente se trata de pessoas não treinadas, este método pode ter como consequência mal-estar, rompimento de músculos, pertur- bações, luxações ou outros males que arriscam causar a suspensão dos trei- nos, por um tempo mais ou menos longo. Nestas circunstâncias, os exerci- Exercícios preparatórios 1 0 ' - 12' Performances 1 5 ' - 2 0 ' 15' Canto Aprendizagem do andar 1. Posição inicial: porte correio, encolher a barriga, distribuição do peso sobre os dois pés, olhar adi- ante, andar 3 a 4 vezes ao longo da sala. 2. Marcha com obstáculos: Pratica-se o contorno flexível do obstáculo. Passar por sobre o obstáculo não oferece dificuldade àquele que não é muito deficiente. 3. Para terminar, ainda a marcha em conjunto. Circuito - mesmo programa 1. Sentar-se, partindo da posição deitada, com ou sem peso (bola medicinal 2 a 3 kg) por sobre a cabeça. 2. Posição de bruços sobre um cobertor de lã; desli- zar 10 m, ida e volta; após curta pausa, reco- meçar. 3. Duas câmaras de ar de bicicleta ou uma corda elástica fixada na barra. Sentado, braços levanta- dos de lado. Ritmo mantido. 4. De bruços, atravessado no banco sueco. Um aju- dante do monitor segura as pernas. Mãos para trás, levantar-se na horizontal partindo do solo. 5. Pequeno apoio facila, com as pernas dobradas: 6. Sentar-se na barra fixa na altura justa para que se possa segurá-la ao estender os braços). Quem con- seguirá olhar por cima da barra? 7. Sentado. Jogar a bola medicinal na parede, acima da própria cabeça. 8. Suspender-se na barra, levantar um joelho ou os dois joelhos. Jogo de revezamento 1. Revezamento sentado, deslizando Deslizar até a 2ª bandeirola (F2) com a bola me- dicinal; deste ponto, jogar a bola para trás. Qual a equipe que chegará primeiro à 2ª bandeirola? Esquema de preparação Parte Duração Material de trabalho Parte Duração Material de trabalho Continuação do Esquema de preparação 2. Outra forma de revezamento deslizando sentado: Cada equipe (A e B) coloca um "golzinho" diante da equipe adversária que deve procurar receber o mínimo possível de golpes em sua linha (banco sueco). Os integrantes da equipe A e da equipe B deslizam até a linha dos 5m e, daí, adquirem o direito de jogar duas vezes a bola sobre a meta. Bola Sentada 1. Preparação: treinar o jogo de equipe. Passar suces- sivamente a bola 50 vezes, sem faltas. 2. Treina-se o lançamento da bola de ténis, uma vez no ângulo esquerdo, uma vez no ângulo direito (dois jogadores, colocados um diante do outro, devolvem imediatamente as bolas jogadas). 3. Bola sentada Final da aula, descanso, colocar o material em ordem. Debate sobre o jogo, do ponto de vista: a) téc- nico; b) tático. Canto final, avisos. 10' 15' 5' Nota Final Explicação dos desenhos: = torso e braços = torso e pernas - circulação sanguínea. Solicitações Organização Material Generalidades Ordem dispersa 1. Lado a lado 2. Em fila de um 3. Lado a lado 8 postos (evitar a organiza- ção de postos em do- bro). Se o grupo for muito grande: 1/2 grupo trabalha no circuito; 1/2 grupo se exerci- ta. p.ex., em atirar a bola na meta, sobre o tapete redondo. 4 bolas medicinais 1 trampolim 1 esteira 1 banco sueco cobertores de lã 2 câmaras de ar de pneu de bicipleta 1 barra fixa 4 bolas medicinais Quanto a 1. e 3., acompanhamen- to com palmas, ou canto, tambo- rim, música. Trabalha-se simultaneamente com cada um dos postos. Todos os exercícios devem ser re- petidos várias vezes (5 a 10 vezes). Entre cada posto, pode haver des- canso (30" a 1'). Cada qual pode decidir o número de vezes que deseja repetir o exer- cício. Executando-se o mesmo programa numa aula seguinte, pode-se esta- belecer o aumento do rendimento individual. 1. Em fila dupla 2 bolas medicinais 4 bandeirolas 4 bolas de ginástica 2 bancos suecos (parte larga para cima) marcar a linha a 5 m. 1 bola de vôlei para cada círculo disposição de bola sentada o maior número possível de bolas o mesmo, como aci- ma Diversas variantes possíveis. Concurso: a) quem terminará primeiro? b) quem possui mais metas? 2. Em fila dupla 1. De um a dois cír- culos, um jogador no meio 2. Em fila dupla; a- quele que jogou desliza imediata- mente para o final da fila. 3. Um ajudante do monitor joga a bo- la; se houver mui- tos participantes, elimina-se aquele que cometer 2 faltas. Ordem de dispersar. Meios auditivos do ensino Contar: Certamente ressoa ainda nos ouvidos de mais de um ginasta de elite a voz de comando nos exercícios: um, do-ois, três, qua-atro, cinco, se-eis, se-ete, oi to! Introduzir sinais acústicos puros para um movimento de ginástica que se desenrola dentro do ritmo é ruim, na maioria das vezes; tanto quanto possível seria desejável suprimi-los. Vale mais A palavra explicativa como, por exemplo, para a natação: "alto e profundo, e le-enta- mente". A palavra adaptada ao movimento é, de longe, o melhor meio, e convém melhor aos alunos. Tamborilar e bater palmas Quando é necessário contar, podemos simplesmente, substituir a contagem pelo tamborim e pelas mãos; deste modo, o monitor poderá controlar sua voz. Tamborilando e batendo palmas pode-se também imprimir a rapi- dez do ritmo de um movimento repetido (marcha, corrida). Acompanhamento musical Ver o capítulo "Música no ensino", pág. 41 . Sílabas rítmicas Sistema muito difundido hoje em dia. Uma das vantagens está na simplicidade da apresentação. Do simples "bim-bam" como iniciação ao balanço, até ao encorajamento final "et hop!", encontramos um número ilimitado de possibilidades que as sílabas nor fornecem para dar o ritmo, seja para acentuar ou para reforçar um movimento. As sílabas utilizadas por O. Hanebuth, a saber: "Taa", para o impulso, " T a " para desencadear o movimento, até seu ajustamento, "Tam", para o esforço? contribuem agradavelmente no desenrolar dos movimentos. O auxílio acústico não deveria ser o método dominante. Os movi- mentos rítmicos só atingem seu rendimento máximo, se forem acompa- nhados por demonstrações óticas e motoras: "mostrar" e "imitar" (F. Fetz). Transmitir confiança e ajudar Mesmo sendo nossa meta a de levar os deficientes à independência, não devemos negligenciar o fato de que nosso dever é imprimir-lhes con- fiança e ajudá-los. Se, ocorrendo um acidente, se puder recriminar o mo- nitor por ter negligenciado seu dever, ou por não ter dado suficiente aten- ção às precauções necessárias, este poderá ser punido legalmente. Transmitir confiança e ajudar são regras de ensino que devem estar presentes, onde houver atividade educativa e de exercícios físicos. A segurança é a base da prevenção de acidentes, podendo também consti- tuir uma medida de organização e método. Produz o sentimento de confi- ança, sendo também uma proteção psíquica para o deficiente. A ajuda é algo importante, como meio de ensino. O objetivo da ajuda é o de facilitar o desenrolar do movimento, nos diversos modos de executá-lo. Assim, um deficiente pode-se beneficiar. Proprociona alegria, estimula, apressa o resultado que deve ser a sensação do movimento. Trata-se de encontrar a justa medida para transmitir segurança e ajudar, devendo-se acentuar mais o primeiro, do que o segundo. Do fácil ao difícil Princípios metódicos Este princípio fundamental tanto é válido para as mães, quanto para o professor de uma escola superior. Seria insensato exigir de um ini- ciante um exercício difícil nas barras paralelas, se ele ainda não sabe apoi- ar-se corretamente. Construir sempre sobre as bases existentes Isto exige um trabalho intensivo, com cada indivíduo pertencente .ao grupo. Um livro de notas, no qual se possa anotar, ao lado da prepara- ção das aulas, as experiências e as observações, traz reais benefícios. Ensinar de maneira simples e clara No ensino, devemos sempre ressaltar, de modo inteligível, a carac- terística principal do movimento. Mostrar erudição é fora de propósito. Sobretudo, nada de "pseudo-ciência"! Os "místicos" grangeiam muita au- diência, no princípio; no final, só lhes restam os tolos. Apenas os trapacei- ros espirituais podem fazer do ensino um segredo científico. Evitar muitas novidades de uma só vez A cada hora, uma novidade Ensinar de modo leve, vivo e alegre Mais vale comprometer-se com prudência, quando se trata de ma- téria nova. Ao final de cada exercício, dever-se-ia introduzir alguma coisa inesperada - uma surpresa. O pior que se possa reclamar de um monitor é ser ele aborrecido ou ranzinza. Seus problemas pessoais não interessam aos alunos; em troca, é necessário interessar-se pelos problemas dos deficientes. O segredo do bom monitor: trabalhar com o senso do humano. Não esquecer que o en- tusiasmo é um estímulo. Um companheiro sem humor, não é bom monitor. Nem por isto se deve ser palhaço e burlesco. Adaptar a matéria ao modo de vida dos participantes Pensar nas diversificações Exercícios apropriados Trabalho e repouso na mesma medida Demonstrar - explicar - vigiar - fazer- imitar Propor deveres Trabalhar o desenvolvimento do movimento Observação e correção das faltas A "aproximação da vida" é o slogan da pedagogia de hoje. Não existe melhor comparação. A monotonia cansa os alunos antes do monitor. Cada mudança sensata renova o incentivo do trabalho. Pode-se repetir de maneira nova um determinado exercício, depois de uma pausa. Isto repercute repentina- mente, e bem. O antigo com nova roupagem. Erróneo: começo acompanhada pela arenga: "Quem traz muito, traz alguma coisa para alguém". Tal ensinamento conduz ao excesso. As "performances" exigidas devem estar de acordo com a idade, sexo, e rendimento individual de cada um. Isto exige uma elasticidade de espírito, intuição e senso de respon- sabilidade. Este método é conhecido. Mas o que é importante, é a demonstra- ção eficiente e clara, completada por uma boa e breve explicação. Os alu- nos devem ser habituados a uma observação precisa. Ao lado do método conservador, existe também o método deno- minado de "ensino natural", com proposição de deveres. Por exemplo: quem consegue, com a mão direita, fazer uma bola de ténis rolar, a partir do quadril direito até aos pés, fazendo-a voltar pelo lado esquerdo, tudo isto, na posição.sentada e com as pernas estendidas? Estes deveres facilitam a execução de exercícios combinados. O melhor método é o exercício sistemático e multiforme. "Trabalhar com a cabeça!" Quem não o faz, leva o dobro de tem- po para conseguir o desenvolvimento dos movimentos. Em primeiro lugar: aprender a distinguir as faltas principais (faltas grosseiras); doscobrir sua origem. Não experimentar uma infinidade de paliativos para corrigir pequenezas. Corrigir, emprestar coragem; não magoar ou prejudicar. Nunca esquecer: pode-se também criticar de um modo positivo. Generalidades Música no ensino A experiência demonstra que um bom rendimento físico só é pos- sível quando se está com boa disposição de alma e espírito. Esta se mani- festa, por exemplo, em nossa mímica e até mesmo, no andar. Quando nosso entusiasmo não puder ser exteriorizado através dos gestos, o tra- balho do nosso corpo deve conduzir a um contentamento íntimo e a um certo alívio. Hinrich Madam recomenda um método para contribuir na descon- tração da alma e do corpo: a música. Ele escreve em seu livro Rhythmisch- musische Gymnastik: "As vibrações dos sons liberam e tranquilizam as pe- quenas falhas respiratórias, e incitam à respiração profunda. Apercebemo- nos disto principalmente durante a pausa musical, É suficiente tocar algu- mas notas no piano ou dar alguns toques rítmicos no tamborim para sus- citar um impulso criador, ou sentir os benefícios da descontração. Este jogo rítmico combinado com a pausa, cadenciado, constitui o que cha- mamos a rítmica. Esta possui pleno valor educativo, acalma e incentiva à imitação. De resto, ela impõe a unidade do grupo e possui também um valor ético, devido à posição do companheiro, ao acompanhamento, ao valor que lhe atribuímos, completado pelo valor da ordem e da disci- plina". Música e Movimento Instrumentos Existem três maneiras de combinar movimento e música na ginás- tica: a) Ritmo, harmonia e melodia — portanto, a música como um to- do — formam boa combinação com o movimento. Este último tende a dar forma à expressão musical. Encontramos esta unidade perfeita no "bal- let". b) Ritmo e melodia se ajustam bem com o movimento. O ritmo marca a cadência do movimento, a melodia sustenta-lhe a forma. Assim, um movimento no qual o esforço é crescente deve ser acompanhado por melodia também crescente. Esta estreita harmonia entre ambos é válida para o acompanhamento musical da ginástica rítmica. c) O ritmo sozinho se ajusta bem ao movimento. Com uma música de dança ritmada e bem cadenciada, pode-se dirigir movimentos simples. Na prática, é vantajoso empregar alguns elementos rítmicos de base, tais como: semínimas para a marcha, colcheias para a corrida, col- cheias estacadas para os saltitados, uma combinação de semínimas, col- cheias, colcheias estacadas e tresquiáIteras para a cultura física. A partir desta base rítmica pode-se compor formas melódicas simples, baseadas em acordes cadenciados. O acompanhamento musical é o melhor fundamento para os movi- mentos. Entretanto, nem sempre é fácil encontrar a música apropriada. Sílabas rítmicas, acompanhamento com bastões ou com tamborim podem constituir um excelente apoio rítmico. Gaita, acordeon, piano, bem como os instrumentos de sopro como a flauta, o clarinete, convêm perfeitamente para o acompanhamento mu- sical. A música de dança, gravada em fita cassete é a melhor para os mo- vimentos simples, que apresentam certa unidade. Para a medida do movi- mento é necessário seguir o ritmo estereotipado. A música de compasso binário corresponde bem ao saltitado; a valsa aos movimentos simples mais soltos; o slow-fox aos exercícios de flexibilidade. A música mais vivaz só covém à corrida e aos exercícios próprios para a flexibilidade das extremi- dades, por exemplo, o charleston. Pode-se usar tanto a fita cassete, como o disco. Não devemos deixar-nos impressionar pelas dificuldades dos alu- nos, que geralmente são subestimadas, antes de nos confrontarmos real- mente com elas. Tentemos sem receio as diversas possibilidades de vencê- las. Conseguiremos alcançar rapidamente uma atuação mais feliz dos alu- nos, e seremos recompensados com muitas satisfações. A dança é um exercício de valor excepcional. Se conseguirmos convencer um deficiente a dançar de maneira livre e descontraída com seu par, teremos feito mais pela sua integração social do que se ele tivesse conseguido lançar a bola alguns centímetros mais além (Lorenzen). Exercícios físicos com crianças deficientes Em geral, a criança gosta mais do "esporte" do que do "exercício físico". Ela considera um certo número de exercícios corporais como sen- do esporte, aqueles que os adultos, por sua vez, não incluiriam nesta cate- goria. De resto, a criança se interessa por simples exercícios de movimen- to. Portanto, basta que aproveitemos esta tendência, acrescentado a estes exercícios o valor e a forma de exercícios esportivos para que se entusias- mem; em seguida é só orientar sua ambição nesta mesma direção. 0 limite entre esporte verdadeiro, jogos esportivos e jogos propria- mente ditos, difícil de estabelecer em meio aos adultos, se apaga comple- tamente no trabalho com as crianças. Como uma série de esportes reconhecidos não são próprios para a criança válida e muito menos para a criança deficiente, è necessário buscar formas que se adaptem mais ao seu ensino. As crianças, os jovens De permeio ao trabalho com crianças e adultos, ainda existe o trabalho com jovens, adolescentes. O adolescente desprende grandes esfor- ços para se integrar ao ambiente dos mais velhos, não sendo entretanto aceito neste círculo. Além do mais ele corre o risco de querer alcançar "performances" acima de seus limites. Se, ao inverso, colocarmos jovens juntamente com crianças de idade escolar ou pré-escolar, fatalmente não alcançaremos o objetivo, ocasionando o descontentamento de todos os participantes. É de uso, tanto nos treinos quanto nas competições de atividade física para deficientes, prever classes diferentes. A classificação de que tra- tamos raramente leva em conta a puberdade — idade na qual a sobrecarga ou a falta de treino podem produzir um efeito muito negativo sobre a pes- soa; a tal ponto os adolescentes são negligenciados, que se menciona bem pouco a idade entre 12 a 18 anos, talvez porque o número de enfermos — no sentido original da palavra — desta idade é muito restrito. Na prática, colocamo-nos sempre a mesma questão: em que categoria podere- mos classificar os jovens, vítimas das sequelas de acidente, da doença de Scheuermann, de uma degenerescência do porte, da doença de Schlattou de Perthes, de deformação da caixa toráxica, de pés planos, de asma, de doença cardíaca, e também frequentemente, simplesmente de um cres- cimento muito rápido ou de uma falta de desenvolvimento? É muitas ve- zes difícil aconselhá-los acertadamente quanto à escolha de uma atividade apropriada. A afiliação normal a um clube de ginástica, o atletismo leve, o futebol ou outros, em geral não são recomendáveis, não mais do que a natação, o ski, o ténis. lnfelizmente,não existe uma cultura física válida para todo o mundo, inclusive para as pessoas ligeiramente deficientes e de todas as idades. Assim, se encontra preterido este grupo de crianças que cresceram muito rápido, e que não são realmente deficientes, mas, entre- tanto, estão a caminho de sê-lo, e para quem um exercício físico favorável ao seu desenvolvimento seria de grande importância. Seria gratificante poder lhes dar também uma chance de treinamento corporal. Convém talvez ressaltar, aproveitando a ocasião, que as crianças de tenra idade, nas quais se constata uma enfermidade funcionalmente im- portante, apesar de pouco visível para os demais, estão em situação mais grave do que aquelas cuja invalidez patente suscita inúmeras atenções e disponibilidades. Possam estes casos "ligeiros" nos ser encaminhados en- quanto ainda é tempo! Se, na definição da noção de "esporte", normalmente fazemos dis- tinção entre as diversas faixas etárias, é portanto normal que na atividade física para deficientes estabeleçamos também uma diferença entre adultos e crianças. As crianças deficientes são dispensadas sumariamente da ginástica escolar, em parte por solicitação dos pais amedrontados; em parte por re- comendação dos professores - naturalmente receosos de assumir responsa- bilidades; por recomendação do médico que não deseja correr riscos, e, rinalmente, por recusa das próprias crianças, em razão de se terem tornado preguiçosas ou de terem adquirido complexos de inferioridade. A pretensa "ginástica escolar especializada" ocupa-se apenas com defeitosde manuten- ção física, não dispondo de meios de prevenção com relação ao doente. As aulas particulares de ginástica ensinam mais frequentemente por intermédio do ritmo e da dança e laureiam seu trabalho promovendo apresentações, das quais nossas crianças, mantidas à parte com tristeza,não participam. Nas associações de ginástica, enfim, não há possibilidade de dispensar atenção particular a cada participante, e a ginástica individual praticada numa clí- nica ou por intermédio dos cuidados de um fisioterapeuta se reveste da aparência de um tratamento no qual não se encontra a "atividade espor- tiva" que tanto agrada às crianças. Onde então poderão elas conseguir sua formação física fundamental? Aquela cultura física praticada em grupos etários adequados, separando os diferentes tipos de deficiência, promoven- do jogos; o esporte com seus semelhantes, o treino sistemático e adaptado ao crescimento, entremeado de pausas, e levando em conta os diversos es- tágios do desenvolvimento - a tudo isto, afinal, elas também têm direito, estas crianças desfavorecidas pelo destino. Em alguns casos isolados, pode- se também evitar uma cura terapêutica por demais onerosa e até uma pensão por invalidez de longa duração se, desde tenra idade, tentarmos melhorar a condição geral dos deficientes. Tentativa audaciosa que, diante dos fato- res físicos e psíquicos frequentemente complicados, nada tem de fácil, mas tem muito de mérito. Dentro desta perspectiva, trata-se agora de examinar o material de trabalho apropriado que sirva à criança enferma. De acordo com o que já mencionamos, as formas tradicionais devem ser em parte modificadas e, em parte, substituídas por formas especiais. Partimos do princípio de que toda criança fisicamente deficiente já seguiu um tratamento de ginástica terapêutica, durante o qual cuidou-se de fazer exercícios especiais, a fim de fortalecer e mobilizar os locais afetados, exigindo esforço principal- mente dos grupos musculares e das articulações, para atingir a resistência Material de trabalho Realização prática cia nos braços e pernas. No primeiro caso a bola será rolada, ao invés de jogada, e no segundo caso, jogar-se-á em posição sentada. 0 mesmo se dá quanto ao jogo da bola, jogo universal que se pratica tanto com a bola ro- lada quanto lançada. Também o ténis se mesa, o Bosselspiel, o minigolfe e o croquet serão modificados de acordo com a circunstância. Nestes últi- mos jogos, é preferível utilizar os aparelhos de apoio para andar, tais como as bengalas. Ginástica de solo A verdadeira ginástica de solo, com rolamentos, flexões e cam- balhotas pode ser praticada por todos os tipos de deficientes que se apre- sentam em nossos grupos. É necessário não esquecer o balanço. Em cada sala de ginástica para crianças deveria haver um ou vários balanços. Não há nada melhor do que este exercício para fortificar os músculos das costas, do ventre, das coxas, da barriga da perna e dos quadris, no ato de elevar o balanço cada vez mais alto, quer seja na posição sentada, ajoelhada ou de pé. Ne- nhum outro exercício exige tanto esforço. Um aspecto importante de nosso trabalho é a aula de equilíbrio. Andar com ou sem ajuda sobre o banco sueco, na barra horizontal, sobre prancha atravessada por cima de uma vala, sobre varas horizontais ou corda, sobre palissadas ou troncos de árvores, constitui excelente exercí- cio, mas apenas quando houver segurança suficiente do equilibrista em relação a estes diversos elementos. Para todos os deficientes que se debatem contra uma certa assimetria, é muito importante que se exerci- tem diante do espelho (autocrítica) com um pequeno peso sobre a cabeça. Se quisermos variar o-exercício, podemos exigir um movimento extra dos braços. Evidentemente, que se estes exercícios são acompanhados por can- to ou música de ritmo simples, evapora-se qualquer receio das crianças, como é o caso quanto aos outros exercícios. Durante o inverso é muito mais recomendável o trenó do que o ski, como exercício para os deficientes mais jovens. Exercícios na água: Os primeiros exercícios que se pode executar nesta modalidade tão apreciada de cultura física são os de barrote, barra, jangada ou outros, desde que não impliquem movimentos para a frente. Remar, com as mãos. ou com remos, um barco inflável, colchão pneumático ou bóia já exige mais coragem e independência dentro deste elemento tão incerto queéa água, apesar de estas atividades nada terem em comum com a natação. Se esta última puder ser empreendida, a prática do crawl e nado de peito em geral dá bons resultados. No caso de rendimento restrito dos braços, o nado de costas alcança melhor êxito. Para reforçar o sentimento de segu- rança, satisfazer o desejo de independência e atingir mais rapidamente o objetivo (nadar só), as almofadas infláveis, as vestes ou bóias de salva- mento, bem como as bóias infláveis que se prendem às pernas podem proporcionar um bom começo. Em seguida, pode-se utilizar os cintos, coletes ou sandálias de bor- racha infláveis, que possuem efeito mais discreto. As crianças apreciam tais medidas de segurança; podem assim debater-see brincar imediatamente na água, sem perigo. Se surgir o desejo de mergulhar, convém verificar pri- meiro se a criança possui a capacidade de emergir da água e f irmar-se com as mãos quando necessário. A autorização de saltar e mergulhar só poderá ser dada de acordo com o caso. O fato de saltar ou mergulhar é considerado como fase decisiva pelo deficiente, principalmente se for jovem, demons- trando ser secundário, do ponto de vista do treinamento físico, mas im- portante no ângulo psicológico. Para ele, isto constitui uma porta aberta para alcançar o esporte reservado aos válidos. Se conseguirmos condicionar nossos jovens deficientes físicos no sentido de desejarem ardentemente atravessar esta porta e em seguida es- merar-se para atingir o objetivo, então nosso dever terá sido bem cum- prido. Valor da natação 0 Prof. F. H. Lorentz nos descreve, como segue, as virtudes deste esporte para a saúde: "Se devesse ser eleita como rainha uma disciplina esportiva, seria esta sem dúvida, a natação. Não só ela situa-se em primeiro lugar, do pon- to de vista higiénico e biológico, como auxilia a salvar-se e salvar a vida dos outros, como ainda, e sobretudo, torna-nos acessível este elemento natural que é a água". Esta citação diz realmente tudo. Aplica-se entretanto à natação, não aos "banhos". Não só para os deficientes, mas para todo o mundo, a natação tem um lugar privilegiado entre os exercícios físicos. Cerca de 90% do peso do ser humano desloca-se por si próprio na água; portanto, resta apenas um décimo para sustentar. Por conseguinte, a capacidade de movimento torna-se mais fácil. Os movimentos podem ser amplamente executados em todos os sentidos. Assim, pode-se dizer que a natação requisita toda a musculatura. O movimento progressivo contra a resistência da água exige uma contração dos músculos, seguida por um Respiração: até que ponto é regular e profunda? Forma: esta traz uma imagem aproximada das possibilidades de natação. Esta análise deve ser refeita posteriormente, a fim de apreciar as possibilidades de adiantamento e o gênero de progressão dentro d'água. Os diversos tipos de deficiência Espásticos: A respiração frequentemente é muito superficial. Com frequência não conseguem dobrar os joelhos de acordo com a von- tade. As pernas rígidas não se abrem, o que faz a pessoa rodar dentro d'á- gua. Na maioria dos casos, os braços não se elevam acima dos ombros. Os movimentos de rotação e de flexão do torso são limitados, devido à rigi- dez. Paralisias flácidas: Os membros deficientes nadam sozinhos, "auto- maticamente", o que frequentemente produz uma posição de equilíbrio instável e provoca a imersão da cabeça na água. As pessoas que usam cole- te normalmente e que, em geral, não conseguem ou quase não conseguem utilizar seus braços e pernas flutuam como cortiça, graças ao acréscimo de volume; como elas são incapazes de se defender dentro d'água, nunca de- vem ser deixadas sós sem treino prévio, a fim de evitar choques. Atetoses: Os movimentos descontrolados dos braços fazem rodar dentro d'água. Os movimentos convulsivos da cabeça para trás provocam queda no mesmo sentido. Amputados: A ausência de um ou dos vários membros requer uma nova adaptação do equilíbrio. Atrofia dos ossos: A fragilidade anormal dos ossos conduz facil- mente às fraturas. Os portadores desta deficiência nunca devem ser deixa- dos sozinhos em locais escorregadios ou molhados. Hemofilia: Os hemofílicos só podem desfrutar do ensino da nata- ção se forem tomadas sérias medidas de segurança, pois cada contusão leva a um sangramento inestinguível. Asmáticos: Por causa da dificuldade de respiração, é necessária uma vigilância muito estreita. Epilépticos: Estes não acarretam grandes problemas quando bem tratados, do ponto de vista dos remédios, mas é necessário um contato pessoal com o médico que acompanha o caso. Deficientes mentais: Podem, em todos os casos, participar das au- las de natação, das quais gostam muito, aprendendo melhor através da imitação do que pela linguagem. Cardíacos: É desaconselhável para eles a natação. Cegos: Nas aulas de natação para cegos, é preciso atentar para os pontos seguintes: — dispor de uma piscina muito tranquila, pois os cegos se orien- tam pelo ouvido; — no início do curso, descrever-lhes a piscina, o modo de entrar na água, a profundidade, a largura e o comprimento da mes- ma; é mais fácil trabalhar quando o cego já conhece o local onde se encontra; — trabalhar com calma e lentamente; não exigir muito até que o novo ambiente lhes seja familiar; — o trabalho com um parceiro deficiente é recomendável para o início mas, em seguida, o cego deve trabalhar só e tomar-se independente. Os perigos da natação Quase não existem riscos de acidentes na prática da natação, mesmo que aumentarmos as "performances". Acidentes tais como: fraturas de os- sos, luxações, contusões etc. são praticamente desconhecidos na natação. Até no water-polo que se joga com os participantes lutando entre si, estes acidentes são muito raros. As doenças infecciosas das vias respiratórias superiores, principal- mente gripes e sinusites - consequências dos refriamentos - são frequen- tes em nadadores e mergulhadores. Estes resfriamentos são devidos ao fato de, quando se sai da água em tempo frio, principalmente nas piscinas ao ar livre, não se proceder a uma vigorosa fricção e não se vestir uma saída de banho ou training. Nos cursos de natação para deficientes, é preciso primordialmente evitar que se resfriem. Eles devem manter-se em movimentação constante. Também os "ratos d'água" não podem permanecer muito tempo dentro d'água. Se estas regras forem observadas pelo pessoal de ensino, muitas dispensas médicas poderão ser evitadas. Se for muito prolongada a duração da natação, o esforço despen- dido será grande, podendo levar certas pessoas não treinadas ao esgota- mento total. Material acessório O ensino moderno da natação funda-se na ambientação à água, o que não requer material algum. Talvez aqui os deficientes constituam uma exceção. Retirar imediatamente os cintos de cortiça ou qualquer objeto inflável que 'apresente defeito e corra o risco de se esvaziar sem que se note. Recomendações: bóia de braço para os participantes; prancha de natação para o trabalho das pernas e o exercício da posição deitada; cadeira de rodas para o transporte dentro d'água; tamborete de rodas para o transporte, da cabine ao chuveiro e à borda da piscina; tapete de borracha para penetrar na piscina; bóias para os amputados de perna. Ambientação à água Reações inibitórias Os exercícios de ambientação à água constituem o ponto de parti- da de todo o ensino natural da natação. Para os iniciantes, são indispensá- veis. O esquema seguinte demonstra a orientação a seguir. Este esquema deve servir para consultar e fornecer dados para que cada um encontre seu método próprio. Medo — falta de segurança — hipertensão - reflexos respiratórios deficientes - movimentos descontrolados — equilíbrio incerto. Grupos de exercícios Grupos de exercícios A.Para despertar o interesse pela água: 1. Espernear (fazer espuma na água) 2. Qualquer tipo de aspersão 3. Jogos de bola 4. Permanecer alguns instantes sob a água. B. Exercícios de respiração sob a água. 1. Concerto sob a água 2. Bomba d'água 3. Cantar 4. Dizer A C. Exploração da resistência: 1. Formar ondas 2. Fazer espuma 3. Corrida e marcha 4. Jogo de bola em equipes D. Aprender a mergulhar: 1. Balanço costa a costa 2. Mergulho prolongado 3. Ver os peixes 4. Pescar pratos E. Flutuação: 1. A partir do apoio facial, levantar os braços para a frente 2. Rolar 3. Fingir de morto 4. Chapinhar, de costas. F. Controle da posição de nado: 1. Movimento do peixe 2. Salto da foca 3. Carrossel 4. Movimento arrastado, em cadeia. Exercício de movimento - Trabalho das pernas - Trabalho dos braços - Coordenação — Respiração. Os exercícios em terra (no seco) devem ser de curta duração, sendo dada prioridade ao trabalho dentro d'água. Trabalho com parceiro. Exercícios de salto Aula de coragem: — Mergulhar ao nível da água, na posição de pé. — Mergulhar a partir dos degraus (posição de salto, ligeiramente elevada). — Mergulhar da borda da piscina em posição abaixada, em posi- ção de pé, com um ligeiro impulso. — Mergulho de partida do trampolim com 1 m de altura: deixar- se cair de frente, de costas, bomba, salto em grupo, salto com pés juntos e com impulso, mergulho com impulso, pés para a frente, cabeça para a frente. Maneira de ensinar - A aula de natação sempre deve ser ativa, a f im de prevenir o resfriamento do corpo. — Explicar, demonstrar, exercitar, vigiar as faltas, corrigi-las. - O professor de natação se exercita na água, com os alunos. Aula de natação com nadadores Exemplo nº 1 — Nadar, entrando na água: nado em posições diversas, ginástica e respiração dentro d'água. — Trabalho técnico: formação complementar para o nado de peito e de costas (regular), mergulho. - Condição: Nado alongado. - Jogos: corrida de estafetas, o "homem negro". - Nadar para sair da água: nadar tranquilamente de peito, ginás- tica e exercícios de respiração dentro d'água. Exemplo nº 2 - Nadar, entrando na água: nado em posições diversas, ginástica e exercícios de respiração dentro d'água. - Trabalho técnico: crawl para iniciantes (peito e costas), im- pulsionar, mudar de direção, saltar. - Condição: nado por eliminação, nado americano. - Diversos jogos com bola. - Nadar para sair d'água: nadar tranquilamente de peito, ginás- tica e exercícios de respiração dentro d'água. Pode-se dar vazão à fantasia. Os exemplos-tipo seguintes devem fornecer ideias e estimular. Nado por eliminação: separam-se sejam os dois últimos ou os dois primei- ros (curta distância). Nado americano: no mínimo, três nadadores. Os nadadores nºs 1 e dois se colocam de um lado da piscina, o nº 3 no lado oposto. O nº 1 nada ao encontro do nº 3, e o nº 3 em direção ao nº 2, o nº 2 na direção do nº 1, e assim por diante. Jogos de revezamento Existem diversas variantes de revezamento. Podem desenrolar-se no senti- do do comprimento ou da largura da piscina, de acordo com os nadadores de que se dispõe. Exemplos: Revezamento com nado de peito (posição completa ou evitar tração dos braços, apenas) Revezamento com nado de costas (posição completa ou evitar tração dos braços, apenas) Revezamento com crawl (posição completa ou evitar tração dos braços, apenas) Revezamento com mergulho (uma parte do trajeto deve ser percorrida sob a água). A parte da piscina onde não se pode nadar convém perfeitamente para os revezamentos, tanto para os iniciantes quanto para os bons nada- dores (corrida dentro d'água, com esta chegando à altura do peito). Jogos e revezamento Jogos sem bola Mergulho: quem fica mais tempo debaixo d'água? procurar pratos na parte rasa, ou na parte mais funda da piscina. Entre 4 a seis pessoas se mantêm de pé dentro d'água, umas após as outras, pernas abertas. A última da fila mergulha e passa por entre as pernas dos colegas e toma o primeiro lugar. Batalha na coluna: Dispõe-se o mesmo número de nadadores de cada lado da coluna. Ao sinal de partida, cada equipe procura empurrar a outra na direção da borda da piscina. A batalha termina quando um dos nadadores é obrigado a bater em retirada e toca a borda da piscina que se encontra atrás dele, ou após um tempo predeterminado. A equipe vencedora é então designada se- gundo a situação da coluna. Fuga do rei: Alguns nadadores (evitar iniciantes) formam um círculo dentro d'água. Um dos nadadores se coloca no meio do círculo e procura sair por todos os meios. Jogos com bola Basquete: coloca-se um cesto de cada lado da piscina, podendo ser a 1 m acima da água ou na borda da piscina. Rugby: cada uma das equipes procura, por todos os meios, levar a bola para o seu lado. Só há ponto marcado quando a bola for colocada na borda da piscina com as mãos (forma simplificada de water-polo). Water-polo: (seguir as regras de Federação Suíça de Natação). O salto na água exige inúmeros fatores educativos: aula de cora- gem, de vontade, de concentração e de confiança em si. Infelizmente, o salto só pode ser executado por deficientes, medi- ante certas condições. Saltos fáceis, tais como: salto de partida, saltos com pés juntos, saltos com a cabeça adiante, executados de cima do trampolim de 1 a 3 metros, podem ser efetuados por amputados de uma perna, de um braço e por cegos. Existem também inúmeros saltos que se pode executar da borda da piscina, dos degraus da escada, de um parapeito ou de uma prancha flu- tuante, que se executam a partir da posição abaixada ou sentada, o que permite exercícios coletivos de joelhos ou na posição sentada. A maior parte dos deficientes pode participar destes saltos. Basta apenas um pouco de fantasia, e tudo corre muito bem! Saltos Desde a mais tenra infância, o ser humano deveria ficar atento ao seu andar, a fim de que este fosse o mais natural possível: postura do corpo ereta, balanço livre dos braços e olhar direto. Um andar correto de- veria ser automático, desde que não houvesse deficiência nas extremidades inferiores. Isto não ocorre com frequência e podemos constatá-lo, infeliz- mente, dia após dia. É a razão pela qual, no período dedicado à ginástica e ao esporte, faz-se necessário insistir incansavelmente no andar correto, com uma boa postura. A prática demonstra que mesmo com os válidos pode-se obter excelentes resultados. Já com o ser humano deficiente, este aspecto se passa de maneira bem diferente. Tentar imprimir ao andar deste grupo de pessoas a melhor forma possível, é um dever imperioso, infelizmente negligenciado com muita frequência. Eis por que insistimos em que o ensino da marcha ocupe um lugar de destaque no nosso trabalho com os deficientes. Uma ajuda muito importante nos é fornecida pelos amputados de uma perna, ou pe- los deficientes de ambas as pernas, cujo maior desejo é aprender a andar de modo natural e seguro. Isto já constitui enorme alívio em nosso trabalho com os deficientes. Uma atenção especial deve ser dispensada ao apren- dizado da marcha, simultaneamente com a reeducação corporal, através de exercícios de treinamento racional. Ensinando a bem andar, desenvol- veremos também a confiança em si, a segurança, a capacidade profissional e, igualmente, a alegria de viver entre os demais. Desde que tenha sido dada autorização médica para aprender a an- dar, é necessário começar sem demora. Quanto mais cedo se inicia, melho- res os resultados. Assim, nenhuma falha vai-se infiltrar no modo de andar, pois do contrário, somente com tempo, energia e paciência se consegue corrigir os vícios do andar. Os primeiros ensaios de marcha já podem ser empreendidos pelos amputados de perna quando da confecção da próte- se, o que permite de imediato uma aprendizagem intensiva, levando em conta, bem entendido, os momentos necessários de repouso. Por outro lado, é necessário sublinhar que a aprendizagem do andar deve ter caráter individual. Os amputados já habituados de há muito a andar com uma prótese devem, de tempos em tempos, controlar suas técnicas de marcha. Durante os últimos anos esta necessidade tem-se imposto de modo cada vez mais premente. Portanto, deve-se insistir em chamar a atenção deste grupo de pessoas sobre certas falhas no modo de andar, adquiridas inconsciente- mente ao longo dos anos. Proporcionar um andar melhor e menos difíci l, tal deve ser nosso esforço constante. Princípios da aprendizagem do andar Quem pode empreender e assumir o ensino da marcha? A resposta é clara: apenas aquela que possua curso do ensino da marcha, que saiba o que é uma amputação da perna ou uma deficiência do membro inferior, e que tenha noções quanto à confecção de uma prótese. Presta-se melhor ao ensino da marcha, a pessoa que seja ela própria ampu- tada da perna, a qual possua os conhecimentos necessários e o savoir-faire pedagógico. Isto não exclui as pessoas normais que possuam boa bagagem profissional. No âmbito deste ensino, deve-se dispensar particular atenção à ati- vidade esportiva. A aprendizagem do andar com prótese ou aparelhos de sustento requer uma certa capacidade de rendimento físico, que o ser hu- mano deficiente poderá atingir por meio de exercícios regulares. É inconcebível o ensino da marcha sem a prática simultânea da atividade física para deficientes. As condições prévias para a marcha satisfatória com prótese de coxa, são: a manutenção impecável do coto, a montagem estática correta da prótese, a posição livre do coto dentro do cartucho da prótese e sufi- ciente liberdade de movimento na articulação artificial do joelho. Assim que o médico julgue o coto em condições de tolerar uma prótese, é necessário confeccioná-la. Quanto mais cedo for colocada, me- lhor. Amputados da coxa Exercícios 1 (1) (2) (3) Posição inicial, pés pa- ralelos, separados um do outro com o espaço de um palmo, o pe- so estando distribuído igualmente entre as duas pernas. Postura ereta do corpo, braços livres, olhar para a frente. O amputado deve ter a impressão de que as duas pernas se apoiam de modo igual sobre toda a sola. Para estes primerios exercí- cios de pé, pode-se recorrer ao au- xílio de duas bengalas inglesas, ou duas bengalas comuns, duas cadei- ras, ou a barra; ou então, o profes- sor pode auxiliar pessoalmente. 2 (4) Peso alternado na perna ampu- tada e na perna válida, com deslo- camento simultâneo do peso do corpo. 3 Exercícios de distribuição de peso, primeiro sobre a planta dos dois pés, e em seguida sobre os dois cal- canhares, alternando constante- mente. 4 Rotação da bacia; trata-se de exer- citar a mudança de peso sobre as pernas, de maneira prolongada. 5 (5) Como exercício de equilí- brio, elevar ligeiramente do solo primeiro a perna amputada, em se- guida a perna válida. Atenção para a transferência igual do peso do corpo de uma perna para a outra, como indica o nº 2. 6 (6) Conservando a posição inicial, dobrar ligeiramente a articulação artificial do joelho e voltar à posi- ção de partida. Esta flexão do joe- lho pode ser obtida mediante um ligeiro impulso dos quadris. A pró- tese, entretanto, sempre deve to- car o solo. 7 A partir da posição inicial, flexão alternada da articulação artificial do joelho e do joelho válido. Pro- gressivamente, este exercício deve- rá alcançar um ritmo rápido. 8 (7) Pequenos passos laterais, man- tendo a prótese rígida. À esquer- da, à direita, com deslocamento do peso do corpo para a oerna que estiver fornecendo apoio. Este exercício também serve para ad- quirir equilíbrio. Atenção à pos- tura correta do corpo, braços li- vres e olhar adiante. 9 (8) A partir da posição inicial, com apoio na prótese, mantida verticalmente, deslocar a perna vá- lida para a frente e para trás, com pequena distância. Atenção para que o peso do tórax se mantenha bem acima da prótese; não dobrar nem quadril e nem cintura, mas pender um pouco para o lado da prótese. 10 (9) (1) Primeiros passos para dian- te. A partir da posição inicial, dobrar o coto na articulação do quadril, até retirar do chão a ponta do pé artificial. Assim se produz um os- cilar passivo da anteperna artifi- cial. Um movimento simultâneo da bacia permitirá que a prótese toque o solo, se possível de sola inteira. Para este fim, a bacia deve ser deslocada para a frente, de modo que se coloque sobre a pró- tese. No início, os passos devem ser curtos. Permanecendo "acima da prótese", evita-se que o joelho ar- (22) (23) Ao subir um declive, le- var bastante longe a perna válida, em direção à qual a prótese tam- bém será levada em seguida. Esta técnica se aplica aos declives muito acentuados. Ao descer um ligeiro declive, po- de-se executar passos do mesmo tamanho. O coto deve ser pressio- nado para trás com um pouco mais de força, e o peso do tórax deve estar sempre acima da próte- se. Num forte declive, a prótese avança primeiro, o coto deve sem- pre ser pressionado bastante forte para trás, e a perna válida avan- çada à altura do pé artificial. Em declives muito acentuados, deve-se andar de lado, primeiro a prótese e depois a perna válida. (24) A marcha por sobre pequenos obstáculos (pedras, raízes etc.) po- de ser efetuada no ritmo normal. Quanto aos obstáculos mais al- tos, passa-se primeiramente a pró- tese e em seguida a perna válida. No momento de elevar a prótese (para ultrapassar estes obstácu-" los), atenção para que o peso da parte superior do corpo esteja aci- ma da prótese. Para ultrapassar obstáculos altos, inicialmente a pessoa se coloca de lado e eleva a prótese por cima do mesmo; a perna válida vem a seguir. Em qualquer caso, a dança terá utilidade na aprendizagem do andar. Traz alegria de viver, refor- ça a autoconfiança e contribui pa- ra o andar cadenciado. Atenção ao seguinte: passos curtos, postura do corpo ereta, cabeça alta, e não apertar em demasia o par. Amputados da anteperna Contanto que o coto possua um bom comprimento, que sua extremidade não cause problemas, que as cicatri- zes estejam em boas condições, po- dendo-se, deste modo, falar no com- portamento favorável do coto, o am- putado da anterperna poderá aprender a andar de maneira natural muito rapi- damente. A aprendizagem quase não lhe será necessária, bastando-lhe algu- mas breves noções Exercícios 1 (25) Colocar as duas pernas na po- sição inicial e apoiar-se alternativa- mente na perna esquerda e direita. 2 Pequenos passos laterais, para a frente e para trás. 3 (26) Ultrapassar pequenos obstá- culos, subir e descer declives. 4 (27) Subir normalmente uma esca- da. Para descer, apoiar apenas a planta do pé artificial, no degrau inferior; isto facilitará o movimen- to natural. 5 Segue-se normalmente a marcha em terreno acidentado. 6 (28) Manter-se em equilíbrio sobre uma barra com cerca de 10cm de largura, a fim de desenvolver o senso de equilíbrio. 7 Se o coto se comportar bem, po- de-se tentar passos de corrida sobre esta barra. Amputados de ambas as antepemas Os exercícios descritos acima para am- putados tibiais simples também se prestam para aprender a andar com duas próteses tibiais. (29) Após a posição de pé e os exercí- cios de distribuição do peso, pode-se ensaiar pequenos passos para a esquer- da e para a direita, para a frente e para trás. Em seguida, passa-se aos exercícios de marcha por sobre pequenos obstácu- los. Depois, à subida e descida de de- clives. (30) O ato de subir e descer escadas pode ser executado normalmente, como o fazem as pessoas de pernas vá- lidas. Entretanto, ao descer os degraus é preciso atenção em pousar a planta do pé artificial, o que facilitará o de- senvolvimento normal do movimento. (31) Para desenvolver o senso de equi- líbrio, manter-se equilibrado sobre uma barra de cerca de 10 cm de lar- gura. De início, pode-se utilizar duas benga- las inglesas, ou duas bengalas comuns, observando o ritmo: perna esquerda — bengala direita, perna direita — benga- la esquerda. A meta é movimentar-se com segu- rança, dispondo de uma só bengala; pode até ocorrer que o amputado bi- lateral ande sem diferenças como uma pessoa normal. O bom comportamen- to dos cotos e a adaptação perfeita das próteses permitem até pequenos passos de corrida (32). Amputados das duas coxas A aprendizagem da marcha para o am : putado femural bilateral exige muito exercício, perseverança, paciência e energia. Condições para aprender a an- dar: próteses bem adaptadas e de es- trutura estática impecável. Inicialmen- te, há vantagem em executar os exer- cícios utilizando as próteses ditas "curtas". Para pessoas idosas que pos- suam cotos curtos, é indicado, no iní- cio, exercitar a marcha com uma pró- tese de joelho rígido, o que propor- ciona maior segurança. Exercícios 1 (33) (34) De início, é necessário exercitar a posição de pé e o peso do corpo, como para os amputa- dos femurais simples, até que se obtenha uma postura segura e sem encurvamento. 2 (35) Elevar alternativamente as próteses esquerda e direita, trans- ferindo o peso do corpo para o lado correspondente. 3 (36) Pequenos passos à esquerda e à direita, elevando a bacia. 4 (37) Ao exercitar o passo lateral, desenvolve-se o passo para diante. Elevar a meio a bacia, avançando o coto ao mesmo tempo, para o primeiro passo. Em seguida, deslocar a outra pró- tese do mesmo modo, efetuando igualmente o outro passo. No iní- cio, pode-se recorrer ao auxílio de barras, duas cadeiras ou bengalas. Se forem utilizadas as bengalas, andar assim: perna esquerda — bengala direita, perna direita — bengala esquerda. Objetivo: andar com duas bengalas comuns. Se o amputado femural bilateral for muito ágil, flexível e jovem, cujos cotos se comportem bem e com próteses bem adaptadas, che- gará a andar com uma só bengala em locais planos. A boa condição física também é uma das condi- ções. E agora, os diversos exercícios práti- cos: 5 (38) (39) (40) Sentar em uma ca- deira e levantar. Uma mão segura o espaldar da cadeira, enquanto a outra se apoia sobre o assento. Voltando-se sobre seu próprio ei- xo e flexionando as articulações artificiais dos joelhos uma após a outra, o amputado se senta. Para levantar-se da cadeira, ele deve co- locar as mãos no espaldar e no assento, como para sentar-se, e em seguida estende os cotos a fim de bloquear as articulações dos joe- lhos. Depois endireita a parte su- perior do corpo, apoiando-se nas mãos. 6 (41) (42) Subir e descer escadas, na maioria dos casos só é possí- vel com o auxílio do corrimão. Na subida, é preciso primeiro le- var ao degrau superior a-prótese mais afastada do corrimão e pou- sá-la em posição rígida. Apoian- do-se no corrimão, iça-se a segunda prótese para este degrau. O amputado femural bilateral que coloca todos os dias suas próte- Paraplégicos Quando os aparelhos de sustentação são bem adaptados, ou seja, sustentam bem e não apertam muito, e dispondo de autorização médica para efetuar as primeiras tentativas, começa a aprendizagem do andar. An- teriormente, diversos exercícios já foram praticados, visando ao fortale- cimento da musculatura dos braços e ombros. O paraplégico deve ter cons- ciência de que, de ora em diante, o peso principal de seu corpo repousa nos braços. Com duas bengalas inglesas, e se necessário, duas muletas, exerci- tar-se-á, primeiramente, a posição de pé. O paralítico deve de início recu- perar o senso de equilíbrio. Insistir na postura ereta do corpo, olhar para a frente. O apoio sólido sobre as muletas é necessário. Serão necessários muitos exercícios da posição de pé, mas não deixar de entremeá-los com inúmeras pausas de curta duração. Em seguida, exercita-se a transferência de peso da bengala esquer- da para a direita, com carga simultânea da perna esquerda e da direita. Por- tanto, quando o peso do corpo estiver sobre a bengala direita, estará tam- bém sobre a perna direita, e vice-versa. Os dois pés permanecem no solo. Este exercício deve ser repetido até que o paraplégico consiga elevar ligei- ramente as duas bengalas acima do solo. Quando houver perfeito controle deste exercício, pode-se começar a exercitar os primeiros passos para a frente. Para este f im, convém apoiar todo o peso do corpo nas bengalas. Para transferir o peso do corpo de um lado para o outro, deve-se elevar a metade correspondente da bacia, e a perna deste modo elevada será levada para a frente ou será impulsionada para a frente, através do impulso do lado aliviado da bacia. Assim, a perna é novamente pousada e firmada no chão. Procede-se em seguida ao avanço de outra perna usan- do a mesma técnica. Atenção ao ritmo de avanço das bengalas: bengala direita — perna esquerda, bengala esquerda — perna direita. No início, os menores passos devem ser motivo de júbilo. Utilizando este método conseguimos que um paraplégico preso há 33 anos à cadeira de rodas, andasse com o auxílio de duas bengalas. Para tanto, é preciso começar moderadamente, não temer nenhum esforço, entremear muitas pausas de repouso e exercitar sempre. Principalmente no início, pode-se efetuar o deslocamento dos paraplégicos do seguinte modo: a partir da posição inicial, impulsionar o corpo para a frente, entre as duas bengalas, as duas pernas ao mesmo tem- po. As duas bengalas são em seguida avançadas ao mesmo tempo, as pernas são novamente impulsionadas para a frente. O objetivo deve ser: sair da cadeira de rodas e movimentar-se sem ajuda de terceiros, apenas com o auxílio de bengalas ou muletas. Marcha de apreciação 1. Situação, do ponto de vista da deficiência Estabelecer anteriormente a situação do ponto de vista da deficiência (p. ex.: amputado de coxa com boas condições do coto, poucos pontos; coto curto e em más condições, número elevado de pontos). 2. Pernas Posição das pernas. Conduta apertada das pernas. Tamanho igual dos passos. Passo de oscilação sobre o calcanhar da perna válida. 3. Torso e braços Inflexão do lado da prótese. Ombro elevado do lado da prótese. Crispação de ombros e braços. 1 a 20 pontos 1 a 20 pontos 1 a 20 pontos 4. Percurso de terreno ou ultrapassar obstáculos Chegar ao final do percurso. Domínio dos obstáculos. Há segurança? 5. Ritmo Série de passos iguais e ritmados. Postura ereta do corpo. Impressão geral. No total, pode-se atingir a 100 pontos. 1 a 20 pontos 1 a 20 pontos Classificação — com um só juiz, a apreciação se faz de 1 a 20 pontos; — com dois juízes, apreciação de 1 a 10 pontos; soma-se depois os dois resultados. Não só os amputados de perna podem participar desta marcha de apreciação, mas também todos os outros deficientes das pernas (poliomie- líticos, paraplégicos, etc). GINASTICA Generalidades Efeitos físicos Efeitos físicos e psíquicos A ginástica consiste no trabalho metódico dos órgãos de sustento e movimento em seu conjunto, por meio de exercícios físicos apropria- dos, sistemáticos e ordenados (Carlos Diem). Tanto a ginástica contribui para a manutenção e aperfeiçoamento das "performances" esportivas dos válidos, quanto ela é necessária aos de- ficientes. sob mais de um aspecto, e no mínimo, como ponto de partida para a prática do esporte. A ginástica age sobre os órgãos da circulação sanguínea (coração, pulmões), sobre os músculos, ligamentos e articula- ções. Órgãos da circulação sanguínea Para inúmeros deficientes, a corrida, treinamento nº 1 dos órgãos, não é mais possível. Cabe então à ginástica suprir esta falta, através de exer- cícios precisos, que agem massivamente sobre o sistema circulatório. Musculatura A ginástica nos fornece a possibilidade de distender a musculatura, relaxá-la, estirá-la e reforçá-la. De movimentos coordenados permitem "aguçar" os reflexos, o que acarreta a melhor coordenação dos músculos exercitados. Ligamentos e articulações A ginástica melhora a flexibilidade dos ligamentos e do aparelho capsular, influindo também na mobilidade fisiológica das articulações. No conjunto, a ginástica causa um aquecimento próprio a evitar surpre- sas desagradáveis, tais como torsões e rompimento de músculos. Age con- tra a má postura devido a deficiência do aparelho motor e evita danos fu- turos, se não os elimina completamente. Exercícios para os braços e cintura escapular Repouso Serve de preparação para a descontração e à extensão. Os exercí- cios seguintes podem ser executados a partir de qualquer posição inicial, permitindo uma oscilação livre dos braços. Elevar um braço acima da cabeça, estirá-lo ligeiramente, deixá-lo cair e oscilar; quando o braço cair, deve-se sentir o peso do mesmo. Elevar bastante os ombros e soltá-los; exercitá-los também através de uma ligeira rotação dos dois ombros, para a frente e pa- ra trás; manter os braços à vontade. Ligeira flexão lateral do tórax; o braço deve pender para baixo com todo o seu peso; o braço oposto deve estar apoiado no quadril; através de um pequeno movimento de rotação do torso para diante, o braço pendente oscila ligeiramente. Relax Todas as oscilações e balanços de braço são adequados ao relax. No que tange à posição inicial: ver acima. Importante: o balanço de braço não se obtém por esforço do mesmo, mas por esforço do torso e, na posi- ção de pé, pela movimentação do pé, do joelho e do quadril. Se este balan- ço dos braços oferecer dificuldades no início, pode-se recorrer a um tru- que de imaginação: fingir que se quer sacudir água das mãos, deixando em seguida cair os braços. Oscilação de um dos braços ou de ambos para a frente e para trás, endireitando o tórax. Três vezes à esquerda, três vezes à direi- ta. Virando o torso para trás (seguir as mãos com o olhar). Círculos contínuos para a frente e para trás. Balanço regular dos dois braços, um de encontro ao outro, com e sem círculo. Balanço dos dois braços diante do corpo, com círculos. Círculos em forma de oito com um braço, depois com os dois braços. Com um braço alternando, três vezes à esquerda, três vezes à direita. Virando o corpo para trás (seguir a mão com o olhar). Extensão Os exercícios de extensão não devem ser executados em início de aula (perigo de rompimento muscular!). Em se tratando de musculatura paralisada e frágil, é necessário muita prudência e não forçar em demasia (perigo de distensão!). O efeito da extensão se faz sentir, principalmente desde a musculatura da cintura escapular à caixa toráxíca e braços. O género de execução dos exercícios fornece o grau de extensão: execução enérgica e regular = forte estira- mento. Círculos dos ombros com os braços à vontade, de um lado, dos dois lados, com antebraços dobrados, alternando para a frente, para trás; procurar o pleno desenvolvimento do movimento. Segurar um punho, elevá-lo rapidamente e relaxar, deixando balançar. Posição lateral: cruzar os braços estendidos diante do peito, abrir a mão e fechá-la; executar igualmente o contrário: da posição cruzada, conduzir rapidamente os braços para trás, de lado, o polegar apontando para trás. A partir de uma oscilação descontraída dos dois braços para a frente, cruzá-los diante do peito e jogá-los o mais possível para trás, procurando segurar as omoplatas. Procurar juntar as mãos nas costas: mão direita passando por cima do ombro direito, mão esquerda provindo de baixo. Círculos dos braços estendidos acima da cabeça; segurar um punho. Mãos nas costas; estender flexivelmente os braços para trás. Posição de escorregar, coxas verticais; balançar ligeiramente. Da posição de gatinhas, deslizar lentamente para diante, en- direitar o corpo para a frente e retomar a posição inicial etc. Repouso de bruços, fronte pousada no solo, estender bastan- te os braços para a frente; válidos também como exercício de des- contração. Produzirá o mesmo efeito o exercício denominado "suspensão ativa", praticado nas barras, de frente e de costas. Exercícios de extensão com parceiro "Balanço" com parceiro, de joelhos, ou sentados num tam- borete. Posição de escorregar, balançando, como acima, mas exe- cutado com parceiro. Sentar-se arqueando o corpo e levantar-se. Balançar sentados, costa a costa, os braços dos dois parceiros se entrecruzando, ou mantidos acima da cabeça; flexão do torso para a frente, trazendo o parceiro nas costas. Sentado no chão, efetuar círculos com os braços, com o au- xílio do parceiro. Reforço Nunca exercitar o reforço sozinho; será sempre necessária uma alternância: extensão-reforço-descontração. Para manter a excitação do músculo, trocar, com frequência, a medida e o género de solicitação (ver também capítulo "Treinamento Isométrico", pág. 91 ). Posição de gatinhas, fronte quase tocando o solo, levantar a cabeça, ora lentamente, ora rapidamente; mesma posição inicial, apoiando uma mão sobre a outra; executar a mesma coisa com um só braço, mantendo a outra mão nas costas. De joelhos, cair apoiando-se nas mãos, retirá-las do solo e voltar à posição inicial. De gatinhas: quem conseguirá pousar o nariz no chão, o mais adiante possível? Sentado sobre os calcanhares: pousar as mãos no solo o mais longe possível, o peito arqueado; estirar para a frente e voltar à posição inicial, mantendo o corpo arqueado. Apoio sobre as mãos, pernas flexionadas; é mais difícil com as pernas estendidas. Sentado, pernas estendidas, elevar as nádegas. "Estender a barriga ao sol"; igualmente dobrando, alternati- vamente, os joelhos. De bruços, as mãos bem estiradas para a frente levam o corpo para diante; repetir o movimento; executar o mesmo exercício empurrando o corpo para trás. Exercícios com parceiro Todos os exercícios com parceiro — espécie de luta a dois, a fim de puxar, deslizar ou empurrar — são excelentes exercícios de reforço para os braços e o tórax. Na posição sentada, o risco de cair para trás é mínimo. O parceiro " A " coloca as mãos na nuca; o parceiro " B " se- gura os punhos de "A " , que estende os braços contra a resistência de " B " , de lado, em posição elevada -; quem encontrará maiores possibilidades neste sentido? • Sentados, pernas afastadas, um em frente ao outro, anteper- nas do primeiro cruzadas sobre as do outro, dar as mãos. " A " se deita de costas e " B " o levanta, puxando-o. Sentados, pernas estendidas, um ao lado do outro; quem con- seguirá puxar o parceiro para seu lado? Posição de joelhos, um diante do outro, deixar-se cair para a frente, suspender-se com apoio nas mãos do parceiro e levantar-se. Exercícios para as pernas e o torso Generalidades Visto que a maioria dos deficientes têm dificuldade em se manter de pé, os exercícios nesta posição não poderiam constituir a regra. Tam- bém não significa que se deva deixar de lado a musculatura das pernas. Os exercícios aqui descritos são importantes para o reforço. Levando em con- sideração que a maioria dos movimentos das pernas exigem uma estabili- dade adequada do torso, daí resulta, automaticamente, a solicitação da musculatura do ventre e das costas. Isto será igualmente encontrado nos capítulos "Aprendizagem do andar", "Exercícios de corrida e salto". Nos casos de insegurança na posição de pé: ver pág. 64. Relaxação Contribuem para o relax todos os movimentos de balanço das per- nas que não cheguem ao limite da oscilação, do contrário teriam, antes, um efeito de extensão. Sacudir as antepernas para a frente, de lado. para trás (sacudir água). Segurar a perna por baixo do joelho com as duas mão, deixar aanteperna balançar; 'movimentos circulares, balanço lateral; este exercício pode ser executado na posição sentada, sobre um tambo- rete. Deitado de costas, rolar cada perna para dentro e para fora; rolar também as duas pernas do mesmo lado. Deitado de costas, baixar até o chão a perna elevada. De bruços, elevar as antepernas, seguras pelo parceiro. De bruços, segurar reciprocamente as pernas; cada um pro- curará dobrar suas pernas e puxar o parceiro para si. Exercícios para o torso (muscu- latura da coluna vertebral, bacia, costas e ventre) Repouso — descontração De pé ou sentado sobre um tamborete, com as pernas ligeira- mente afastadas: jogar o torso para diante, na ordem seguinte: cabeça, peito e bacia; pernas ligeiramente dobradas; endireitar-se na mesma ordem, mas, desta vez, invertida. De pé, mãos nos quadris, executar círculos com a bacia, co- meçando pela esquerda e em seguida pela direita. O mesmo exercí- cio pode também ser executado na posição sentada, mas cuidar para permanecer na borda da cadeira. Mesmo exercício de joelhos, braços de lado. De pé ou sentado, jogar os braços para trás, à esquerda, em direção às nádegas e segui-los com o olhar. Mesmo exercício em posição de marcha, de joelhos ou sentado sobre os calcanhares. De pé ou sentado sobre um tamborete, distender o torso e deixá-lo pender para o lado, deixar pendente e balançar os braços. De gatinhas, afundar as costas, arredondá-las como um gato, afundar novamente. De gatinhas, rodar um braço de lado. De costas, pernas elevadas, braços de lado; deixar pender as pernas para a direita e para a esquerda. Deitado de lado, joelhos dobrados em ângulo reto; girar o torso até à posição deitada, as pernas permanecendo no chão, bra- ços de lado. Reforço das costas, flexibilidade da coluna vertebral Os exercícios nos quais se endireita o torso, ou nos quais se curva o tórax (cabeça para baixo), acarretam o reforço do extensor das costas e da musculatura, que compreende desde a coluna vertebral às omoplatas e occipício, e também da cintura escapular até à parte superior dos braços, isto é, os músculos que ajudam a prevenir a corcunda. Estes exercícios não devem durar até que se tenha a impressão de que os rins estão se rompen- do. Tensão e descontração devem-se alternar. De pé, pernas afastadas ou sentado sobre tamborete, soltar o torso para a frente, levantá-lo em seguida até - à horizontal, manter os braços nas costas, na nuca ou estendê-los para o lado ou para diante. Para endireitar-se, exigir esforço primeiro das omoplatas (apertá-las). Variações: na posição horizontal, estender os braços para a frente (anteriormente ao longo do corpo); ou, a partir da nuca; es- tendê-los para a frente e voltar para trás. Elevar uma perna para a frente e dobrar o torso sobre esta, le- vantado-se em seguida. Na posição horizontal, mãos na nuca, girar o torso para a es- querda e para a direita. Sentado sobre os calcanhares, mãos nas costas, "enrolar-se" lentamente para diante, até que o nariz toque os joelhos, e em se- guida soerguer-se seguindo a ordem inversa, "desenrolando" vér- tebra após vértebra. Sentado nos calcanhares, mãos nas costas, manter o tronco inclinado para a frente na horizontal, não afundar a cabeça nos ombros; o mesmo exercício, com as mãos atrás da cabeça ou es- tendidas para o lado ou para a frente. Balançar-se mantendo os braços de lado. Abaixado, erguer-se rapidamente, braços obliquamente acima da cabeça. De gatinhas, arredondar as costas, em seguida mantê-las re- tas, dobrando os braços. Mesma posição inicial, deslizar com o tronco bem próximo ao chão, o peito quase tocando o solo, em seguida, soerguer-se exe- cutando um grande arco. Posição de deslizar, elevar um braço de cada vez, ligeiro ba- lanço na mesma posição. Deitado de costas, pernas dobradas, braços de lado, abaular o peito. "Formar uma ponte" mantendo as mãos na nuca, subir e baixar a bacia; quem conseguirá bater palmas nas costas7 De bruços, estender primeiro todo o lado direito, desde as pontas dos dedos até a ponta dos dedos dos pés; mudar lentamente e depois, rapidamente; mesmo exercício, elevando o lado (braços e pernas). Elevar o tronco, na posição de bruços, braços nas costas, de lado etc. De bruços, fronte apoiada no solo, elevar os braços estendi- dos. Idem, dobrar o torso à esquerda e à direita. Idem, elevar uma perna por vez; executar círculos, jogar perna, abri-la. Elevar os braços, o tronco e as pernas e recolocá-los do mes- mo lado etc. Exercícios com parceiro: Balançar-se, com os dois calcanhares seguros pelo parceiro. Deitar-se de bruços frente a frente, dar-se as mãos, braços ligeiramente dobrados, soerguer-se. De joelhos, abaixar-se e levantar-se. Sentados, pernas afastadas, tronco dobrado para diante, ele- var o tronco contra resistência. Para a postura correta da coluna vertebral, a musculatura abdomi- nal é tão importante quanto a das costas. Como ela se desdobra, do tórax à bacia, fica garantida a postura correta da bacia. Todos os exercícios, nos quais se mantém o peso das pernas e tronco em flexão para diante, solici- tam a musculatura abdominal. 0 mesmo ocorre quanto aos movimentos de rotação de tronco. Exercícios na posição deitada: Apoiar bem os rins contra o solo. Dobrar os joehos, estender as pernas — uma por vez; não to- car o solo com os calcanhares; repetir com as duas pernas, ao mes- mo tempo. Exercício mais difíci l: estender as pernas, uma vez à esquerda, uma vez à direita. Os dois joelhos dobrados junto ao corpo, manter os braços de lado; colocar as pernas em ângulo reto à esquerda e à direita (mui- to difíci l , com as pernas estendidas). Como acima; executar círculos ao longo do corpo. Passar as pernas por cima da cabeça e, se conseguir, chegar até o solo; o mesmo exercício, tocando a fronte com os joelhos. Mãos na nuca, tocar o joelho direito com o cotovelo es- querdo. Braços estendidos acima da cabeça, elevar o torso num impul- so e tocar os joelhos com as duas mãos; tocar também o joelho direito com a mão esquerda. Balançar sobre as costas (nádegas-nuca). Passar as duas pernas por cima da cabeça, pousá-las nova- mente no chão, -, pousar o nariz nos joelhos, segurar os pés com as mãos. Sentar-se com os joelhos dobrados, não tocar o solo com os pés, manter os braços para o lado e estender rapidamente as duas pernas para a esquerda e para a direita. Apertar os joelhos contra o peito, segurar os joelhos com as mãos, estender as pernas, manter os braços para o lado. Sentar-se "à oriental", plantas dos pés uma contra a outra; segurar os dedos dos pés, balançar-se de lado, sem cair para trás. Deitado de costas, virar-se de barriga para baixo, sem que os braços ou os pés toquem o solo, voltar à posição inicial pelo mes- mo processo. Exercícios com parceiro: Sentado, pernas afastadas, o parceiro segura-lhe os pés, mãos pousadas na cabeça, girar para a esquerda e deitar-se de costas. Sentados frente a frente, juntar as plantas dos pés. Procurar empurrar-se mutuamente. Com e sem apoio das mãos. Sentar-se ou manter-se de pé, lado a lado, braços acima da ca- beça e flexão lateral, dar-se as mãos, cada um puxando o parceiro para o seu lado. Sentados, costa a costa, dar-se os braços e procurar derrubar o parceiro de lado. De pé ou sentados frente a frente, dar-se as mãos, cruzando- as, "serrar" Ginástica para a coluna vertebral Os exercícios de ginástica aqui descritos têm por objeto dar maior mobilidade à coluna vertebral, ou manter sua postura. Esta parte do cor- po é considerada como de grande valor, na qual, como o demonstra a ex- periência, se encontram as lesões mais frequentes, É importante praticar os exercícios quotidianamente, se não todos, ao menos uma parte. Ao exe- cutar os movimentos, prestar atenção para não ultrapassar a medida, pois se isto ocorrer os exercícios se tornam dolorosos. Nunca empregar toda a energia de início, mas começar lentamente e intensificar progressivamen- te. Os exercícios não devem ser executados bruscamente, mas gradualmen- te e buscando a extensão. Atenção à expiração e nunca respirar de forma comprimida. Para a execução dos exercícios será necessário dispor de uma es- teira, de aproximadamente 50 X 100cm. Em casa, pode-se utilizar um ta- pete. O conjunto dos exercícios descritos abaixo não pretende ser com- pleto, são apenas exemplos de ginástica para a coluna vertebral. Na posição sentada: 1 Sentado de modo descontraído, mãos entre os joelhos, deixar pen- der a cabeça, fechar os olhos - sacudir os ombros. 2 Elevar lentamente o torso, colo- car os ombros para trás, deslizar a bacia para a frente. Em seguida, 22 Braços estendidos de lado, palmas das mãos no solo. Levantar a perna esquerda estendida, e em se- guida, afastá-la para a esquerda e para a direita. Mesmo exercício com a perna direita. 23 Braços estendidos de lado, palmas das mãos para baixo. Levantar as duas pernas estendidas e pousá-las alternativamente à esquerda e à di- reita. 24 Estender os braços acima da cabe- ça, costas das mãos no chão Es- tirar o corpo inteiro. 25 Estender os braços acima da ca- beça, palmas das mãos para cima. Elevar verticalmente o braço di- reito, levando junto o ombro di- reito e a cabeça; ao mesmo tem- po, elevar a perna esquerda es- tendida; a mão direita deverá tocar a ponta do pé esquerdo. Voltar à posição inicial e execu- tar com o outro braço e a outra perna. 26 Segurar a nuca com as duas mãos. Curvar para a esquerda a cabeça, o torso e as pernas estendidas. Atenção: os ombros, as nádegas e os calcanhares permanecem no chão! Mesmo exercício para a di- reita. 27 Braços e palmas das mãos ao lon- go do corpo. Trazer as pernas do- bradas até o peito, estendê-las e pousá-las estendidas no solo. 28 Estender os braços acima da ca- beça, palmas das mãos viradas pa- ra baixo. Elevar as duas pernas do solo e, com um impulso dos braços, sentar-se. Em seguida dei- xar-se cair, na posição inicial. Exe- cutar este exercício várias vezes seguidas. 29 Braços e palmas das mãos ao longo do corpo. Jogar as duas pernas, de forma que a ponta dos pés toque o chão, atrás da cabeça. Erguer-se para a posição sentada e dobrar o tronco para diante. 30 Elevar as pernas, braços para a frente, sacudir braços e pernas de maneira descontraída. Na posição sentada: 31 Estender os braços acima da cabe- ça, extensão dos braços e torso, deixar os braços cairem de modo descontraído. 32 Segurar a nuca com as mãos, pernas estendidas. Dobrar o tron- co para a frente, mantendo a cabeça ereta. Expirar. 33 Sentado, pernas estendidas. Segu- rar os tornozelos por baixo, com as duas mãos. Dobrar as pernas. Inclinar o tronco para diante e estender as pernas. Atenção: man- ter a cabeça ereta! Não esquecer de expirar. 34 Segurar a nuca com as mãos pernas bem abertas. Virar o tor- so para a esquerda, de modo que o cotovelo direito toque na rótu- la esquerda. Voltar à posição ini- cial e recomeçar, para a direita. Expirar ao virar o torso. 35 Sentado, pernas dobradas, segurá- las com as mãos e apoiar a testa nos joelhos. Nesta posição, balan- çar-se até à nuca e voltar. TREINAMENTO ISOMÉTRICO Recentemente, diversos autores estudaram o problema do treina- mento dinâmico da musculatura. Métodos científicos conduziram a uma certa normalização da maneira de trabalhar, e em especial, da aquisição de força muscular. O esporte de "performances" tirou imediatamente par- tido destas novas experiências. Mas também na atividade física para defi- cientes alguns exercícios permitem obter um excelente esforço. 0 texto seguinte abordará ligeiramente algumas noções fisiológicas. Maneira de trabalhar do músculo Treinamento muscular através do trabalho isométrico O músculo trabalha quando se contrai. Distinguimos três espécies de contrações: — contração isotânica: quando o músculo é apoiado por uma só extremidade, o efeito de uma excitação se traduz exclusivamen- te por um encolhimento. O comprimento do músculo muda, mas sua tensão permanece a mesma. Exemplo: flexão do ante- braço; — contração isométrica:o músculo também pode trabalhar sem se encolher, É O caso quando ele é apoiado pelas duas extremida- des. Seu trabalho, neste caso, consiste apenas numa tensão e não em trabalho mecânico. Qualifica-se de isométrica a esta forma de trabalho. Exemplo: flexão do antebraço contra uma resistência que não se pode vencer; — contração auxotônica: no desenvolvimento fisiológico normal de um movimento, as duas formas de contração acima quase sempre se misturam. Uma pode suplantar a outra. Hettinger demonstrou que, através de um trabalho isométrico, obtém-se com rapidez e eficiência o reforço da musculatura. Após várias experiências, o autor pôde constatar que utilizando, para treinamento, de 40 a 50% da força muscular absoluta, o efeito deste treinamento atingia o máximo. A duração do treinamento de uma só tensão isométrica deve
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