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Guias e Dicas
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Revisão do câncer de próstata, Manuais, Projetos, Pesquisas de Enfermagem

Uma revisão da literatura sobre o CA de próstata

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 03/03/2010

lorrania-bezerra-3
lorrania-bezerra-3 🇧🇷

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Baixe Revisão do câncer de próstata e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! CÂNCER DE PRÓSTATA: UMA REVISÃO DA LITERATURA Thiarles Cristian Aparecido Tonon Discente do Curso de Especialização em Ensino- Aprendizagem de Ciências e Biologia da Universi- dade Estadual de Maringá - UEM. E-mail: thiarles- tonon@gmail.com João Paulo Ferreira Schoffen Docente do Departamento de Biologia e Tecnolo- gia da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP. E-mail: jpschoffen@yahoo.com.br RESUMO: O câncer de próstata caracteriza-se pelo crescimento exagerado da próstata, com consequente diminuição do calibre e intensidade do jato urinário, sendo considerada uma das principais causas de doença e morte no mundo. Influências genéticas, história sexual, exposição a patógenos, sub- stâncias químicas industriais, urbanização, hábitos alimentares, metabolismo hormonal, além da idade e do estilo de vida, são fatores postulados na pro- moção e início da doença. O diagnóstico desta patologia e seus estágios po- dem ser confirmados por: toque retal, dosagem do PSA e fosfatase ácida, ul- tra-sonografia transretal, biópsia e por outros métodos. Se o tumor prostático for localizado, pode-se recorrer à cirurgia ou à radioterapia, porém, se este se expandiu para outros órgãos, a castração ou bloqueio hormonal são os trata- mentos mais adequados. Esta revisão busca trazer informações voltadas aos profissionais, pesquisadores e a população em geral, sobre a fisiopatologia, a etiologia, os sintomas, o tratamento e a prevenção do câncer de próstata, uma vez que sua incidência vem aumentando nos últimos anos. PALAVRAS-CHAVE: Câncer de próstata; Etiofisiopatologia; Manifestação Clínica; Diagnóstico; Tratamento. PROSTATE CANCER: LITERATURE REVIEW ABSTRACT: Prostate cancer is characterized by the exaggerated growth of the prostate, with consequent decrease of the caliber and intensity of the urinary jet, being considered one of the main causes of disease and death in the world. Genetic influences, sexual history, exposition to pathogen, indus- trial chemical, urbanization, diet, hormonal metabolism, besides the age and lifestyle, all are postulated factors in the promotion and disease onset. The diagnostic of this pathology and its stages can be confirmed by: rectal touch, dosage of PSA and phosphatase acid, transrectal ultrasound, biopsy and other methods. If the prostatic tumor be located, it can be appealed to the surgery or radiotherapy, however, if it had expanded to other organs, castration or hormonal blockade are the most appropriate treatments. This review seeks to bring information to professionals, researchers and the general population on the physiopathology, etiology, symptoms, treatment and the prevention of prostate cancer, once its incidence is increasing in the last years. KEYWORDS: Prostate Cancer; Etiophysiopatology; Clinical Expression; Di- agnostic; Treatment. INTRODUÇÃO Com o aumento da expectativa de vida, doenças como o câncer de próstata (CP), que surgem com o envelhecimento e que potencialmente podem ser detectadas e tratadas preco- cemente, vêm assumindo uma dimensão cada vez maior, não somente como um problema de Saúde Pública, mas pelo im- Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 3, p. 403-410, set./dez. 2009 - ISSN 1983-1870 404 Câncer de Próstata: uma Revisão da Literatura pacto socioeconômico sobre a população (DINI; KOFF, 2006; PINA; LUNET; DIAS, 2006). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o CP é a neoplasia maligna mais frequente nos homens e o segundo maior causador de mortes no Brasil (SBU, 2008). Raramen- te este tipo de câncer produz sintomas até que se encontre em sua forma avançada. Todavia, nos casos sintomáticos, o paciente se queixa de dificuldade para urinar, jato urinário fraco e sensação de não esvaziar bem a bexiga (CORRÊA et al., 2003; GONÇALVES; PADOVANI; POPIM, 2008). Sua etiologia é ainda desconhecida, entretanto, presume-se que alguns fatores possam influenciar no seu desenvolvimen- to. Ultimamente, tem se dado muita atenção a alimentação, uma vez que dietas ricas em gordura predispõem ao câncer e as ricas em fibras diminuem o seu aparecimento. Os fatores gené- ticos e ambientais são alvo, também, de investigação (GOMES et al., 2008). Fumaça de automóveis, cigarros, fertilizantes e outros produtos químicos estão sob suspeita (BANDEIRAS et al., 2003). O diagnóstico da doença muitas vezes acontece quando o câncer prostático já se disseminou para outros órgãos, o que di- ficulta seu tratamento (GONÇALVES; PADOVANI; POPIM, 2008). Quando a doença é detectada precocemente, por exa- mes clínicos e laboratoriais de rotina como, por exemplo, o to- que retal e a dosagem do antígeno prostático específico (PSA), a patologia é curável em 80% dos casos (CIMERI, 2007). Neste estudo é feita uma revisão da literatura acerca do CP, enfatizando sua fisiopatologia, incidência e etiologia, bem como seus sintomas, métodos diagnósticos, tratamento e pos- síveis medidas preventivas. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 FISIOPATOLOGIA A próstata é uma pequena glândula localizada na pelve masculina, cujo peso normal é aproximadamente 20g. Ela é responsável em produzir 40% a 50% dos fluidos que consti- tuem o sêmen ou esperma, tendo uma função biológica impor- tante na fase reprodutora do homem, conferindo proteção e nutrientes fundamentais à sobrevivência dos espermatozóides. Além disso, a próstata é muito importante na prática urológi- ca, já que é sede de vários processos que causam transtornos a pacientes de idades variadas (CALVETE et al., 2003). À medida que o homem envelhece sua próstata vai aumen- tando de tamanho. Em razão deste aumento, é comum que a partir dos 50 anos os homens sintam o fluxo urinário mais lento e um pouco menos fácil de sair. Por isso, quando au- menta de volume, a próstata se transforma em uma verdadeira ameaça para o bem-estar do homem, pois começa a comprimir a uretra e a dificultar a passagem da urina: o jato urinário se torna gradativamente fino e fraco (FERREIRA; MATHEUS, 2004). Para Corrêa e colaboradores (2003) e Dini e Koff (2006), como todos os outros tecidos e órgãos do corpo, a próstata é composta por células, que normalmente se dividem e se repro- duzem de forma ordenada e controlada, no entanto, quando ocorre uma disfunção celular que altere este processo de divi- são e reprodução, produz-se um excesso de tecido, que dá ori- gem ao tumor, podendo este ser classificado como benigno ou maligno. Segundo Srougi e Simon (1996), a próstata pode ser sede desses dois processos: o crescimento benigno, chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB), e o maligno, deno- minado CP, podendo este último surgir associado ou não ao crescimento benigno. A velocidade de crescimento do CP é lento, sendo necessá- rio entre 4 a 10 anos para que uma célula produza um tumor de 1 cm (MIRANDA et al., 2004), todavia, esse crescimento leva a próstata a atingir volumes de 60g ou mesmo de 100g, passando a exigir quase sempre tratamento cirúrgico (CALVE- TE et al., 2003). Nos estágios iniciais, o câncer limita-se à prós- tata, entretanto, se deixado sem tratamento, poderá invadir órgãos próximos como vesículas seminais, uretra e bexiga, bem como espalhar-se para órgãos distantes como ossos, fígado e pulmões, quando se torna incurável e de nefastas consequên- cias (LYNCH; LYNCH, 1996; GOMES et al., 2008; INCA, 2008). Ao se espalhar da sua localização original para outros ór- gãos, o novo tumor tem o mesmo tipo e o mesmo nome das células anormais do tumor primário. Por exemplo, se o CP contamina os ossos, as células cancerosas do novo tumor são células da próstata, a doença é um câncer metastático da prós- tata, e não um câncer de osso (LYNCH; LYNCH, 1996). Dessa maneira, a neoplasia se dissemina desde o seu estágio primá- rio, formando tumores secundários em outros órgãos (INCA, 2008). 2.2 INCIDÊNCIA O CP é o tumor maligno de maior incidência em homens nos Estados Unidos, estima-se que 1:6 homens desenvolvam a doença. Cerca de 200.000 novos casos são diagnosticados todo ano. Esta patologia é a segunda principal causa de morte por câncer em homens, com uma mortalidade anual avaliada em 38.000 óbitos, tendo um impacto devastador sobre a morbida- de e a mortalidade na população masculina norte-americana a partir da meia-idade (ABDO et al., 2006). Dados do INCA (2008) mostram que o número de novos casos diagnosticados de CP no mundo é de aproximadamente 543 mil por ano, representando 15,3% de todos os casos in- cidentes de câncer em países desenvolvidos e 4,3% dos casos em países em desenvolvimento. O CP é o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, com estimativa de 1,5 milhões de casos diagnosticados nos últimos anos. Este tipo de câncer é raro antes dos 50 anos, mas a incidência aumenta constante- mente com a idade, atingindo quase 50% dos indivíduos com 80 anos, e quase 100% dos com 100 anos. Segundo Corrêa e colaboradores (2003) e Dini e Koff (2006), atualmente o CP é a patologia maligna mais frequente e que mais aumenta em incidência no Brasil (52 novos casos a cada 100 mil homens). Estima-se que cerca de 140.000 novos casos de câncer prostático surjam a cada ano e que, desses, aproximadamente 10.000 resultem em óbito devido a compli- cações desta patologia. As estimativas realizadas pelo INCA para o Brasil, em 2008, válidas também para o ano de 2009, apontam que ocor- 407Tonon e Schoffen Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 3, p. 403-410, set./dez. 2009 - ISSN 1983-1870 tático e um ou mais diagnósticos já constatados, tais como: toque retal com suspeita de malignidade, nódulos ou zonas endurecidas; PSA superior a 10 ng/ml e/ou detecção na eco- grafia de zonas com alterações ecogênicas que sugiram à pre- sença de um CP. Atualmente, a biópsia da próstata é realizada utilizando-se a ecografia transretal, uma vez que o aparelho indica as zonas suspeitas que se deve biopsiar (BANDEIRAS et al., 2003). Quando a biópsia confirma a presença do câncer, deve-se proceder à avaliação da extensão e das características do tumor (REGGIO, 2005), a fim de se estabelecer o estágio da doença e o seu tratamento (OTTO, 2002). Para tanto, utiliza-se o scan- ner ou a tomografia computadorizada para avaliar a extensão do tumor a tecidos vizinhos, a gânglios linfáticos, ao fígado, rins, ureteres e bexiga; a radiografia do tórax para pesquisar metástases no pulmão, e ainda, o rastreio ósseo, que conse- gue detectar a presença de metástases nos ossos (REGGIO, 2005). 2.6 TRATAMENTO 2.6.1 Tratamento do CP localizado Quando o câncer prostático encontra-se localizado, a ra- dioterapia é uma das opções de tratamento vigentes (GALÁN et al., 2004; SHAHI; MANGA, 2006). Esta se baseia em ad- ministrar radiações externas ou internas sobre a próstata para destruir as células cancerígenas (SROUGI; SIMON, 1996; SROUGI, 2007). Na radiação externa o feixe de radiação é invasivo e pode matar cânceres que estão à extremidade da próstata, toda- via, acaba danificando outros órgãos, podendo os pacientes sentir cansaço durante o tratamento (CORDÓN; ALBIA- CH; ALBIACH, 2003). Já na radiação interna, também co- nhecida como braquiterapia, a radiação é emitida dentro do órgão (aplicação de sementes radioativas de iodo ou de ouro na próstata), sendo, por isso, mais concentrada e constante, apresentando-se então, mais eficiente, porém, muitas vezes levando a impotência sexual e a incontinência urinária (NET- TO JUNIOR; WROCLAWSKI, 2000; FRIEDENREICH, 2001; CORRÊA et al., 2003). Diarréias, inflamações do reto e estreitamento na uretra são também complicações frequentes (SROUGI, 2007). Um tratamento muito eficaz e curativo, que oferece maior sobrevivência que a radioterapia é a prostatectomia radical (LU- CIA et al., 2005; CAUWELAERT; AGUIRRE; SANDOVAL, 2006). Tal método consiste na extirpação de toda a próstata (tumor, hiperplasia e glândula prostática) e das vesículas semi- nais, posteriormente unindo-se a bexiga à uretra (GOMES et al., 2008). Apesar da eficácia deste tratamento, Srougi e Simon (1996) e Srougi (2007), ressaltam que este procedimento é muito agressivo podendo acarretar certas complicações: estrei- tamento da nova união entre a bexiga e a uretra, incontinência e fugas involuntárias de urina e impotência sexual. Mesmo as- sim, há possibilidade de se corrigir tais problemas, obtendo-se a cura do paciente. A crioblação é ainda outro tipo de tratamento possível para o CP localizado. De acordo com Reggio (2005), esta te- rapia teve início no século XIX, quando James Arnott aplicou misturas de gelo e sal com baixas temperaturas em tumores de colo uterino e mama, diminuindo seu tamanho, reduzindo drenagens e aliviando a dor, uma vez que por meio do conge- lamento diminui-se a inflamação, destruindo a vitalidade das células cancerosas, assim prolongando a vida e, em estágios iniciais, proporcionando a cura. Muitas teorias têm sido divulgadas sobre o mecanismo de lesão tecidual na crioterapia. Uma das teorias propõe que a lesão protéica gerada pela alta concentração de solutos devido ao congelamento e desidratação celular danificaria as mem- branas celulares e o seu maquinário enzimático. A formação de cristais intracelulares causaria a ruptura das organelas celu- lares como também das membranas plasmáticas. Outra teoria refere-se ao dano vascular causado pelo congelamento, prin- cipalmente na microvasculatura, impedindo a perfusão dos tecidos provocando necrose. Acredita-se, ainda, que ocorra uma ativação do sistema imunológico do hospedeiro contra o tecido, particularmente nas áreas mais periféricas do conge- lamento. Esses diversos mecanismos descritos sugerem que a lesão talvez seja um processo multifatorial (REGGIO, 2005). 2.6.2 Tratamento do CP disseminado (metastásico) No caso de CP metastásico, a terapia endócrina ou hor- monoterapia é o tratamento mais indicado (DÍAZ et al., 2005; SHAHI; MANGA, 2006; KALIKS; GIGLIO, 2008). Nesta te- rapia são empregados vários medicamentos à base de hormô- nios (estrógenos, análogos da LHRH e antiandrógenos), que impedem a produção de testosterona ou bloqueiam as suas ações na próstata. A castração (orquiectomia), retirada cirúrgi- ca dos testículos, também é utilizada como hormonoterapia, já que elimina os órgãos que produzem o hormônio masculino, este apontado como principal responsável pelo crescimento do tumor (CORDÓN; ALBIACH; ALBIACH, 2003; SHAHI; MANGA, 2006). Segundo Srougi e Simon (1996), a dependência hormo- nal do CP foi estabelecida por estudos experimentais, onde se verificaram que a administração de testosterona estimulava a secreção e o crescimento da próstata e, que ao contrário, a castração de estrógenos tinha efeitos opostos. A próstata nor- mal e as neoplasias da próstata sofrem influências hormonais, em função da presença em seu aparato celular de mecanismos sensíveis à ação da testosterona. Por ação da 5-alfa redutase, a testosterona é transformada no citoplasma das células prostáti- cas em dihidrotestosterona, que se liga a um receptor e é trans- portada ao núcleo celular, onde favorece a síntese de RNA e DNA. Isto estimula a função e a proliferação das células pros- táticas, ao passo que a redução dos níveis de testosterona inibe o metabolismo e a divisão das mesmas. A produção de testosterona no testículo é regulada pela hi- pófise, através da liberação do hormônio luteinizante (LH). A utilização de estrógenos inibe em nível hipotalâmico e hipofi- sário a liberação de LH e, consequentemente, reduz os valores séricos da testosterona a níveis de castração. Além de inibir a produção de testosterona, os estrógenos em doses elevadas têm uma ação citotóxica direta sobre as células prostáticas (SROUGI; SIMON, 1996). Os medicamentos denominados análogos do LHRH im- Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 3, p. 403-410, set./dez. 2009 - ISSN 1983-1870 408 Câncer de Próstata: uma Revisão da Literatura pedem a formação de testosterona no testículo, travando-se ou retardando-se o crescimento do CP (OTTO, 2002; SBU, 2008). A terapia com análogo do LHRH consiste na admi- nistração de uma droga denominada agonista do receptor do hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH-A); este conduzindo a uma queda no nível de testosterona. A ad- ministração de um análogo do LHRH produz um resultado tão bom quanto a remoção dos testículos, porém não envolve cirurgia. Esta classe de drogas pode oferecer uma alternativa para o paciente que não pode, ou opta por não realizar uma orquiectomia ou receber a terapia estrogênica (SCHELLHAM- MER et al., 1997). Outro tipo de hormonoterapia utilizada no combate ao CP é a administração de drogas denominadas antiandrogênicos, que bloqueiam os receptores da testosterona ao nível da prós- tata, impedindo, assim, a ação do hormônio masculino que chega à próstata. Ao se administrar simultaneamente análogos do LHRH e antiandrógenos, um bloqueio hormonal completo pode ser obtido, uma vez que estes dois medicamentos associa- dos travam a progressão do CP (TAMAGHO; MCANINCH, 1994). O análogo do LHRH ou a orquiectomia reduzem a tes- tosterona, enquanto que o antiandrogênico bloqueia qualquer hormônio masculino restante no corpo (SCHELLHAMMER et al., 1997). Com relação ao tratamento quimioterápico, frequente- mente utilizado no combate a cânceres, diversos esquemas têm sido utilizados em tumores avançados ou metastáticos da próstata, porém, os resultados não são animadores. A utili- zação de apenas uma droga ou a associação de várias drogas vem sendo propostas, entretanto, até o momento não se pode concluir quanto sua eficácia (NETTO JÚNIOR; WROCLA- WSKI, 2000, WROCLAWSKI et al., 2003). 2.7 PREVENÇÃO De acordo com dados do INCA (2008), não são conheci- das formas específicas de prevenção do CP. No entanto, sabe- se que a adoção de hábitos saudáveis de vida é capaz de evitar o desenvolvimento de certas doenças, entre elas, o câncer. Ati- vidade física, alimentação saudável, manutenção do peso cor- poral correto e o não-uso de drogas, são algumas das medidas importantes para se prevenir doenças em geral. A identificação dos estágios iniciais das doenças crônicas pode reduzir taxas de morbidade e mortalidade, o que pode ser realizado por meio de dois níveis de programas de preven- ção: a primária que previne a ocorrência da enfermidade e a secundária que consiste no diagnóstico precoce por meio de rastreamento. No caso do câncer, a prevenção primária con- siste na limitação da exposição a agentes causais ou fatores de riscos como o fumo, sedentarismo, dieta inadequada, vírus e exposição solar. Para a prevenção secundária do câncer se faz necessário procedimentos junto à população que permitam o diagnóstico precoce ou detecção das lesões pré-cancerosas, cujo tratamento pode levar à cura ou, ao menos, à melhora da sobrevida dos indivíduos (TUCUNDUVA et al., 2004). Segundo Gomes e colaboradores (2008), o exercício regu- lar e a comida saudável diminui a taxa de crescimento do cân- cer. Deve-se evitar gorduras, álcool, carnes em geral (especial- mente carne vermelha) e cálcio (nunca mais de 2 copos de leite ao dia), já que o câncer necessita de calorias para crescer. A melhor forma para uma alimentação saudável é comer muita verdura e vegetais, grãos e legumes, produtos de soja, chá verde ou branco, água (2 litros/dia), fibras (pelo menos 25 gramas), vitaminas C, D e E e o mineral selênio. Costa (1994) ressalta ainda que a ingestão abundante de tomate é muito importante, pois seus derivados parecem diminuir cerca de 35% os riscos do CP, segundo estudo realizado na Universidade de Harvard. Conforme Cagigal, Alonso e Sánchez (2003), o efeito benéfico do tomate resultaria da presença de grandes quantidades de Licopeno (um b-caroteno natural precursor da vitamina A), que apresenta um importante papel antioxidante. Com relação à prevenção secundária do CP, Moritz e co- laboradores (2005) destacam que, em decorrência dos pro- gramas de detecção precoce e da introdução das medidas do PSA, atualmente cerca de 75% dos novos casos de CP se apresentam como doença localizada, uma evolução quando comparado a dados do passado, onde a maioria dos pacientes com CP apresentava-se, de início, com neoplasia disseminada. De acordo com Srougi e Simon (1996), Fuganti, Machado e Wroclawski (2003) e Pina, Lunet e Dias (2006), a descoberta precoce do CP é de fundamental importância para a sua cura, por isso é de extrema importância que os homens submetam- se ao exame preventivo anual da próstata, a partir dos 45 anos de idade. Em suma, apesar da inexistência de medidas específicas de prevenção do CP, constata-se que os conhecimentos de prevenção primária associados com os conhecimentos da pre- venção secundária, permitem a diminuição da exposição da população a fatores de riscos e a realização de diagnóstico pre- coce, podendo reduzir em 2/3 o número de casos de câncer em nosso meio (TUCUNDUVA et al., 2004). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O câncer de próstata, uma das principais causas de doença e morte no mundo, tem um tratamento controverso, uma vez que muitas variáveis o influenciam: idade do paciente, níveis do PSA, estágio do tumor e seu tipo histológico, bem como o desconhecimento de sua etiologia. Atualmente, o grande de- safio é realizar o diagnóstico precoce da doença, buscando sua cura logo nos estágios inicias. Contudo, nota-se ainda um descaso da população mascu- lina com relação a fisiopatologia do câncer prostático, assim como sobre a importância da utilização de medidas preventi- vas para se evitar o seu desenvolvimento, já que registra-se na literatura um aumento progressivo de sua incidência com o passar dos anos. Este aumento pode ser parcialmente justifica- do pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida do brasileiro. No entanto, superar o pre- conceito, o medo e as barreiras impostas à realização do exame preventivo do toque retal, assim como a desinformação dos homens com respeito a esta patologia, ainda é uma realidade em nosso meio. Diante deste cenário, fica evidente a necessidade de se 409Tonon e Schoffen Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 3, p. 403-410, set./dez. 2009 - ISSN 1983-1870 ampliar os investimentos no desenvolvimento de ações abran- gentes para o controle do CP, nos diferentes níveis de atuação como: na promoção da saúde, na detecção precoce, na assis- tência aos pacientes, na vigilância, na formação de recursos humanos, na comunicação e mobilização social, assim como, na pesquisa e na gestão do SUS. Estas são algumas das ações imprescindíveis que poderão um dia modificar o perfil desta doença em nosso país. REFERÊNCIAS ABDO, C. H. N. et al. Disfunção erétil: resultados do estudo da vida sexual do brasileiro. Rev. Assoc. Med. Bras., São Pau- lo, v. 52, n. 6, p. 424-426, fev./mar. 2006. ALACREU, A. et al. PSA y hK2 en el diagnóstico de cáncer de próstata. Actas Urol. Esp., Madrid, v. 32, n. 6, p. 575-588, jun. 2008. BANDEIRAS, A. M. et al. 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