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Isolamento acústico de uma parede de alvenaria de blocos cerâmicos, Notas de estudo de Engenharia Agrícola

Caracteriza a perfomance do isolamento sonoro de uma parede de uma alvenaria estrutural de blocos cerâmicos.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 10/04/2010

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Baixe Isolamento acústico de uma parede de alvenaria de blocos cerâmicos e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Agrícola, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CARACTERIZAÇÃO DO ISOLAMENTO ACÚSTICO DE UMA PAREDE DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS CERÂMICOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Nestor Alves dos Santos Neto Santa Maria, RS, Brasil 2006 CARACTERIZAÇÃO DO ISOLAMENTO ACÚSTICO DE UMA PAREDE DE ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS CERÂMICOS por Nestor Alves dos Santos Neto Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em Construção Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadora: Dinara Xavier da Paixão Santa Maria, RS, Brasil 2006 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS................. remar rear cemeemmaa sereaemaarrenmanaaa 9 LISTA DE FIGURAS.............. rr cmeseerereemeae racer ereareaeeras msermameaa maes 10 1. INTRODUÇÃO... reter cereeeeeeereas ora casaeaemeersemrannaas 12 1.1 Justificativa: .................sn ss rerteeeeaenaneconasaneesacaneantenaaanrannaa car anaanansannaaa 12 14 1.2 Objetivos. 1.2.1 Objetivo gera 1.2.2 Objetivos específicos. 1.3 Organização do trabalho ...............ereeeneneenecererermenecocererencocereeneenesacenensenenacasa 15 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............... imensas reeeeemmsa serranas seeremrensa nes 16 2.1 A Alvenaria.. 2.1.1 Origem histórica da alvenari 2.1.2 Atualidade da alvenaria tradicional 2.1.3 A ortotropia da alvenaria ............... 2.2 A Alvenaria estrutural ................smss 2.2.1 Vantagens da alvenaria estrutural. 2.2.2 Desvantagens da alvenaria estrutural. 2.2.3 Tipos de alvenaria estrutural............ 2.2.4 Componentes e elementos da alvenaria estrutural. 2.2.4.1 Componentes... 2.2.5 Fatores que afetam a qualidade da alvenaria estrutural. 2.3 A Acústica... 2.3.1 Introdução Histórica 2.3.2 Efeitos do ruído sobre a saúde e bem estar das pessoas. 2.3.3 Conceitos relativos ao som. 2.3.3.1 Pressão Sonora... 2.3.3.2 Frequência ....... 2.3.3.3 Velocidade do som nos fluídos e sólidos.. 2.3.3.4 O Nível de Pressão Sonora e o Decibel (dB) . 2.3.3.5 Adição de nível de pressão sonora ... 2.3.3.6 Ruído de fundo ou ruído ambiente. 2.3.3.7 Subtração do ruído de fundo... 2.3.4 Transmissão e isolamento do som 2.3.4.1 Transmissão através de três meios.. 2.3.4.2 Índice de Redução Sonora em Paredes Simples .. .45 2.3.4.3 Indice de Redução Sonora em Parede Vibrante ..46 2.3.4.4 Transmissão ressonante e não-ressonante ... .49 2.3.4.5 Lei da Massa x Construção Civil 2.3 .4.6 Transmissão marginal ou “transmissão por flancos” ...................... 2.3.4.7 Outros fatores que influenciam no isolamento de uma parede 3. METODOLOGIA ................... ns ss si rreraneaereesasanaseneesasanesenansasanasonanramaansenarantansa 55 3.1 Considerações sobre as Normas Internacionais ISO 140 e ISO 717............ 55 3.2 Local de realização dos ensaios (Câmaras Reverberantes da UFSM) ......... 58 3.3 Condições ambientais ..............mmerenereemererereremesacereremsererenemenecerermenenececerenea 59 3.4 A Parede em estudo................. er eeeeeeeeeeeeeecerereareceme nano aenemrenanaaencenanannas 59 3.5 Equipamentos empregados ................ rm reererem e eeerereraseneerenerarencenenaasa 61 3.6 Experimentos realizados .................. eee ereeeeemesemeeremmeneaereeemeaesaenemenene nana 62 4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS ENSAIOS..................mereememseererseaamas 64 4.1 Resultados dos ensaios e análise comparativa parcial.. 41.1 Ensaio 01 41.2 Ensaio 02... 4.1.3 Comparativo entre os ensaios 01 e 02 4.1.4 Ensaio 03... 4.1.5 Comparativo entre ensaio 02 e 03 4.1.6 Ensaio 04... 4.1.7 Comparativo entre os ensaios 03 e 04 4.1.8 Ensaio 05... 4.1.9 Comparativo entre ensaio 04 e 05.. 41.10 Ensaio 06... 4.1.11 Comparativo entre ensaio 05 e 06. 41.12 Ensaio 07... 41.13 Comparativo entre ensaio 06 e 07 4.1.14 Ensaio 08... 4.1.15 Comparativo entre ensaio 07 e 08 4.1.16 Ensaio 09... 41.17 Comparativo entre ensaio 08 e 09 4.1.18 Ensaio 10... 4.1.19 Comparativo entre ensaio 09 e 10. 4.1.20 Evolução do INDEX....................... 4.2 Análise global dos resultados dos ensaios «83 4.2.1 Comparativo entre ensaio 02 e 04.. 4.2.2 Comparativo entre ensaio 03 e 08.. 4.2.3 Comparativo entre ensaio 07 e 10. 4.3 Cálculos analíticos para comparação com os ensaios 4.3.1 Freguência crítica... 4.3.2 Método do Patamar 4.4 Aspectos gerais da análise ..............mesteneaeeenecererermeneenencemencecoeeneenesaserensanes 90 91 5. CONCLUSÃO... 5.1 Considerações finais .............mmeneseeemererereremeraeecaremeasereenemene cecereesenecncacencasa 91 5.2 Sugestões para futuros trabalhos ....................... iss rsesesaesarsesammarearsesammansa 93 LISTA DE TABELAS TABELA 01 — CURVA PADRÃO DA NORMA ISO 717 TABELA 02 — CARACTERIZAÇÃO DOS ENSAIOS TABELA 03 — INDEX (DB) DOS ENSAIOS TABELA 04 — CARACTERÍSTICAS DA PAREDE ESTUDADA TABELA 05 — MÉTODO DO PATAMAR 57 61 82 87 88 LISTA DE FIGURAS Figura 01 — Edifício Monadnock..................... Figura 02 — Edifício Muriti, São José dos Campos Figura 03 — Bloco, meio bloco e bloco de amarração cerâmico-linha estrutural 14% x 19x 29cm. . Figura 04 — Canaleta, canaleta jota, canaleta compensador e bloco cerâmico- linha estrutural 14x 19x 29 Mm... Figura 05 — Bloco hidráulico e bloco elétrico-linha estrutural 14 x 19 x 29 cm Figura 06 — Bloco, meio bloco, bloco canto e canaleta-linha estrutural 14x 19 x 39 CM... eee tea tacar racea reatar rear aeee aacute rata 30 Figura 07 — Canaleta jota e canaleta compensador-linha estrutural 14 x 19x 39 cm Figura 08 — Partes do teatro greg Figura 09 — Teatro romano.............. Figura 10 — Igreja medieval (SOUZA, 2003) ......... Figura 11 — Meios de transmissão do ruído aéreo Figura 12 — Reflexão, absorção e transmissão..... Figura 13 — Curva típica de Índice de Redução Sonoro para paredes simples. Figura 14 — Efeito da coincidência... eee Figura 15 — Curva típica de Índice de Redução Sonora para paredes simples espessas... eereeeeeeeaee aeee rea aeee aaa caras aeearanena ereta 51 Figura 16 — Diferentes caminhos de propagação da energia sonora entre dois Espaços... eee acerca Figura 17 — Esquema exemplificativo da influência da transmissão marginal Figura 18 — Câmaras Reverberantes da UFSM ..... Figura 19 — Equipamentos utilizados nos ensaios Figura 20 — Parede de alvenaria estrutural........... Figura 21 — Ensaio 01 - Conexões elásticas sem reboco aos 7 dias. Figura 22 — Ensaio 02 - Conexões elásticas sem reboco aos 14 dias. Figura 23 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 01 e o Ensaio 02. Figura 24 — Ensaio ias do revestimento da parede e conexões semi- rígid: as PRIOR ROO 68 Figura 25 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 02 e o Ensaio 03... Figura 26 — Ensaio 04 -conexões elásticas com reboco . Figura 27 — Comparação do índice de isolação entre o Ensaio 03 e o Ensaio 04... “71 Figura 28 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 04 e o Ensaio [0 [o RREO ORDER RODO RO ROO ORDER 72 Figura 29 — Ensaio 06 - Parede revestida nos dois lados com conexões elásticas aos 7 dias.. 13 Figura 30 — Comparação do Indice de Isolação Sonora entre o Ensaio 05 e o Ensaio DB... aeee 74 Figura 31 — Ensaio 07 - Parede revestida nos dois lados com conexões elásticas aos 14 dias... eee eee eee area ceatanaãa 75 Figura 32 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 06 e o Ensaio (0 7 ARROIO RODO RODO ERROR ORDER 76 Figura 33 — Ensaio 08 - Parede revestida nos dois lados com conexões semi-rígidas PRIOR ROO 77 Figura 34 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 07 e o Ensaio Figura 35 — Ensaio 09 - conexões rígidas e reboco na emissão e recepção. Figura 36 — Comparação do índice de isolação sonora entre o Ensaio 08 e o Ensaio DO... 80 Figura 37 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 09 e o Ensaio —1O. ..82 Figura 38 — Evolução do INDEX (dB). Figura 39 — Comparação do Indice de Isolação Sonora entre o Ensaio 02 e o Ensaio Figura 40 — Comparação do Indice de Isolação Sonora entre o Ensaio OB... e tea eae eee eae 85 Figura 41 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 07 e o Ensaio —1O. eee Figura 42 — Traçado da linha com inclinação de 6 dB/oitava 14 O estudo se justifica, ainda, por proporcionar melhores condições na qualidade de vida do ser humano, uma vez que o desconforto acústico pode desenvolver problemas patológicos e psico-emocionais nas pessoas. Dessa forma o desempenho acústico deve ser tão ou mais importante do que a estética da edificação. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Conhecer o comportamento de uma parede de alvenaria estrutural, quanto a sua isolação acústica, avaliando o tempo de execução da alvenaria e do revestimento, o uso de diferentes tipos de conexões e a influência do uso do revestimento com argamassa. 1.2.2 Objetivos específicos e Mostrar o desempenho da isolação acústica de uma parede de alvenaria estrutural, contribuindo para o aprimoramento desse método construtivo de edificações; e Determinar o Índice de Redução Sonora e o INDEX para uma parede de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos; e Estudar a utilização de conexões elásticas e/ou rígidas numa parede em alvenaria estrutural e sua influência na transmissão sonora para outros elementos (paredes e/ou lajes) a ela ligados (transmissão por flancos); e Avaliar o comportamento da isolação sonora da parede de alvenaria estrutural, quando da aplicação de argamassa de revestimento; e Identificar se há mudanças no isolamento devido a diferentes fases de cura (secagem) da argamassa de revestimento; e Verificar a influência da argamassa de revestimento na transmissão por flancos; e Incentivar a realização de outros trabalhos na área da acústica das edificações, para estudo de outros elementos e métodos construtivos; 15 e Contribuir, através dos conhecimentos decorrentes do trabalho, para a melhoria do conforto acústico e da qualidade de vida das pessoas. 1.3 Organização do trabalho A presente Dissertação está organizada em cinco capítulos, referências bibliográficas, apêndices e anexos. O capítulo 1 aborda o porquê da realização do trabalho, destacando a importância do tema, justificando a sua escolha, enfatizando o objetivo geral e objetivos específicos da dissertação. O capítulo 2 mostra um histórico da alvenaria e sua origem, contemplando conceitos e contextualizando a alvenaria estrutural, seus componentes e elementos, suas vantagens e desvantagens. Aborda, também, idéias da acústica arquitetônica, o efeito do ruído sobre a saúde e o bem estar das pessoas e o estudo do isolamento de ruídos aéreos em paredes simples e suas leis fundamentais. O capítulo 3 trata da metodologia empregada durante os ensaios realizados, a determinação experimental do Índice de Redução Sonoro (R) e do INDEX. Escreve- se sobre as câmaras reverberantes do Setor de Acústica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), as condições ambientais, a parede estudada, os equipamentos utilizados, a sequência dos experimentos e comenta as Normas Internacionais ISO 140 e ISO 717. O capítulo 4 apresenta a análise e comparação dos diversos ensaios realizados e os resultados obtidos. No capítulo 5 conclui-se o trabalho e apresentam-se sugestões para a realização de futuras pesquisas nessa área. A bibliografia citada no texto, bem como os apêndices e os anexos, encerram o trabalho. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 A Alvenaria A alvenaria pode ser entendida como um componente construído em obra, a partir da união entre tijolos ou blocos com juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso. (SABBATINI, 1984) As edificações em alvenaria estão entre as construções que têm maior aceitação pelo homem, em todos os tempos. Edificações monumentais em alvenaria de pedras e tijolos ainda permanecem de pé, após mais de 2.000 anos passados de sua construção. Num testemunho da durabilidade e aceitação desse material e sistema construtivo ao longo do tempo, muitas dessas edificações antigas continuam sendo utilizadas. (DUARTE, 1999) Segundo Lordsleem Júnior (2002), a palavra alvenaria deriva do árabe al- banna: aquele que constrói (banna significa construir). Quando empregada apenas com a função de vedação, portanto não sendo dimensionada para resistir a cargas além de seu peso próprio, chama-se alvenaria de vedação. Essa alvenaria é caracterizada por elevados desperdícios, adoção de soluções construtivas no próprio canteiro de obras (no momento da realização do serviço) pelo pedreiro ou no máximo pelo mestre, ausência de fiscalização dos serviços, deficiente padronização do processo de produção e ausência de planejamento prévio à execução. A alvenaria de vedação é utilizada para o fechamento dos vãos da maioria dos edifícios construídos pelo método convencional, ou seja, estrutura em concreto armado com preenchimento em blocos cerâmicos ou de concreto. A alvenaria estrutural, objeto do presente trabalho, não apresenta estrutura de concreto e adota a vedação com blocos modulares de maior resistência, que possuem vazados na vertical, por onde passam as tubulações, sem “rasgos nas paredes”, constituindo-se numa obra mais rápida, que gera menos entulho e mais economia. 2.1.1 Origem histórica da alvenaria A alvenaria foi o principal método construtivo até o início do século XX e o tiolo é o mais antigo dos materiais de construção manufaturados, ainda em uso. (JÚNIOR, 1992) 19 Essas medidas tomadas visam competir com uma nova tecnologia, chamada alvenaria estrutural. 2.1.3 A ortotropia da alvenaria A alvenaria é um material ortotrópico, porque possui propriedades que são diferentes nas direções longitudinal, radial e transversal, ou seja, nas três direções ortogonais, constituindo-se num caso especial de anisotropia!. (POPOV, 1978) Santos (2001) destaca que, antigamente, a análise sobre a alvenaria era simples, considerando-a com um comportamento contínuo, elástico e isotrópico. Atualmente, com a evolução das técnicas numéricas, busca-se respeitar a não- linearidade do material. Segundo Paixão (2002), em geral, os trabalhos sobre transmissão sonora em edificações se referem à alvenaria somente como isotrópica, devido a dificuldade na aquisição de dados que permitam o seu tratamento como ortotrópica. Em sua Tese, a autora mostrou resultados onde a alvenaria, no caso de tijolos maciços, foi considerada isotrópica e ortotrópica, revelando valores muito próximos nos Índices de Redução Sonora, bem como nas diferentes faixas de frequência, quando avaliadas as duas condições. O presente trabalho, por isso, considerará a alvenaria estrutural como isotrópica. 2.2 A Alvenaria estrutural A alvenaria estrutural é um processo construtivo que se caracteriza pelo emprego de paredes de alvenaria, dimensionadas segundo métodos de cálculo racionais, como principal estrutura suporte dos edifícios. Nesse processo construtivo, as paredes constituem-se ao mesmo tempo no subsistema estrutura e vedação. ! Anisotropia — propriedades mecânicas distintas em diferentes direções, com relação aos seus planos cristalográficos 20 A simplicidade resultante deste fato traz inúmeras vantagens do ponto de vista construtivo, possibilitando a racionalização do processo, com a consequente diminuição de custos e prazos. Tais motivos justificam a difusão da alvenaria em praticamente todas as regiões do país, num curto espaço de tempo. (FRANCO, 1992) Segundo Rosso (1994), o desconhecimento das potencialidades desse sistema construtivo, faz com que o “mito da inflexibilidade arquitetônica” conduza a opiniões do tipo: “o processo se adapta melhor a obras moduladas, de geometria simples e alturas não muito grandes”. Acredita-se que as primeiras edificações executadas no Brasil com blocos vazados de concreto, tenham ocorrido no ano de 1966, na cidade de São Paulo, com 4 pavimentos. Em 1972, foram construídos também na cidade de São Paulo, prédios com 12 pavimentos, utilizando-se de alvenaria armada de blocos de concreto. Logo, em São José dos Campos, foi construído com 16 pavimentos, o edifício Muriti, mostrado na figura 02, também em alvenaria armada de blocos de concreto. Somente em 1977, tem-se notícia de prédios com 9 pavimentos executados em alvenaria não armada, nesse caso foram utilizados blocos sílico- calcários. (CAMACHO, 2001) - = = - o = = = o = Figura 02 — Edifício Muriti, São José dos Campos Fonte: Manual da ABCI, 1990 21 Segundo Roman, Mutti & Araújo (1999), a base de projetos em alvenaria estrutural são a possibilidade de suportar grandes tensões de compressão, mas pequenas de tração, bem como a necessidade de evitar toda a tração causada por momento fletor. Para se atingir a finalidade da alvenaria estrutural, portanto, deve-se investir no desenvolvimento de blocos, explorando-se a resistência à compressão dos mesmos. No Brasil, a técnica de cálculo e execução da alvenaria estrutural data do final dos anos 60, mas ainda é pouco conhecida da maioria dos profissionais da Engenharia Civil. A abertura de novas fábricas de materiais e o surgimento de grupos de pesquisas sobre o tema fazem com que, a cada dia, mais construtores utilizem e se interessem pelo sistema. (ROMAN, MUTTI & ARAÚJO, 1999) Ramalho & Correa (2003) afirmam que a alvenaria não-armada de blocos vazados de concreto parece ser uma das técnicas mais promissoras, tanto pela economia proporcionada, como pelo número de fornecedores já existentes. Sua utilização é mais indicada em edificações residenciais de padrão baixo ou médio, com até 12 pavimentos. Nesses casos, utilizam-se paredes com espessura de 14 cm e a resistência do bloco normalmente necessária é de 1 MPa vezes o número de pavimentos acima do nível considerado. Ramalho & Correa (2003) enfatizam, ainda, que a alvenaria em blocos cerâmicos também ganha força com o aparecimento de fornecedores confiáveis para resistências superiores a 10 MPa. 2.2.1 Vantagens da alvenaria estrutural A alvenaria estrutural tem se caracterizado por aspectos técnicos e econômicos que destacam fatores como: a economia no uso de fôrmas e nos revestimentos, a redução de desperdícios, a simplificação e a rapidez na execução. As fôrmas são usadas única e exclusivamente para se fazer a concretagem das lajes, já que o sistema não faz uso de vigas e pilares. O controle tecnológico e a precisão dimensional dos blocos levam a uma significativa redução dos revestimentos. 24 Pilar: elemento que absorve ações verticais em que a relação de seus lados seja inferior a cinco. Verga: elemento estrutural colocado sobre os vãos das aberturas com a finalidade de transmitir as ações verticais para as paredes adjacentes. Contraverga: elemento estrutural colocado sob os vãos das aberturas com a finalidade de absorver tensões de tração nos cantos. Coxim: elemento estrutural não contínuo, apoiado na parede, com a finalidade de distribuir cargas verticais. Cinta: elemento estrutural apoiado continuamente na parede, ligado ou não às lajes, vergas ou contravergas, com a finalidade de uniformizar a distribuição das ações verticais e servir de travamento e amarração. Enrijecedores: elementos estruturais vinculados a uma parede resistente com a finalidade de produzir um enrijecimento na direção perpendicular ao plano da parede. Diafragma: elemento estrutural laminar admitido como totalmente rígido em seu próprio plano e sem rigidez na direção perpendicular, sendo normalmente o caso das lajes maciças. 2.2.4.1 Componentes a) O Bloco O bloco de construtivo. alvenaria estrutural constitui a unidade básica desse método 25 É o componente mais importante, uma vez que comanda a resistência à compressão e determina os procedimentos para aplicação da técnica da coordenação modular nos projetos. (CAMACHO, 2001) As unidades mais utilizadas no Brasil para edificações de alvenaria estrutural são, segundo Ramalho & Correa (2003), em ordem decrescente de utilização: unidades de concreto, unidades cerâmicas e unidades sílico-calcárias. Ainda segundo Ramalho & Correa (2003), quanto à forma, as unidades podem ser maciças ou vazadas, sendo denominadas tijolos ou blocos, respectivamente. São consideradas maciças aquelas que possuem um índice de vazios de no máximo 25% da área total. Se os vazios excederem esse limite, a unidade é classificada como vazada. Os blocos diferenciam-se dos tijolos, basicamente, por terem maiores dimensões que as máximas destes (250 x 120 x 55 mm, de comprimento, largura e altura, respectivamente). (CAVALHEIRO, 1995) Roman, Mutti & Araújo (1999) afirmam que, para utilização em alvenaria estrutural, as unidades devem apresentar as seguintes qualidades: resistência à compressão, baixa absorção de água, durabilidade e estabilidade dimensional. a.1) Bloco de concreto É a unidade mais utilizada no Brasil, confeccionada em diversas geometrias e resistências à compressão. Obtida pela mistura e cura do cimento Portland, agregados (graúdo e miúdo) e água. Deve apresentar tolerância dimensional de + 3mm. Os blocos-padrão encontrados apresentam resistência à compressão de 6 a 15 MPa, podendo apresentar, em casos especiais, resistência de até 20 MPa. (ROMAN, MUTTI & ARAÚJO, 1999) 26 a.2) Bloco cerâmico É o bloco mais utilizado na região Sul do Brasil, onde a argila — que é a matéria prima da unidade — é de boa qualidade e existem empresas cerâmicas com avançada tecnologia. As unidades são moldadas em máquinas extrusoras, expostas a secagem e queimadas sob temperaturas muito elevadas, apresentando uma porosidade muito baixa devido à sinterização perfeita. A qualidade das unidades cerâmicas está intimamente relacionada à qualidade das argilas empregadas na fabricação e também ao processo de produção (ROMAN, MUTTI & ARAÚJO, 1999). Da mesma forma que nos blocos de concreto, fissuras, trincas e outros defeitos nos blocos cerâmicos podem acarretar prejuízos, tanto no assentamento dos blocos quanto na resistência da obra. Da linha estrutural 14x19x29 cm, visualiza-se, na figura 03, o bloco, o meio bloco e o bloco de amarração; na figura 04, canaleta, canaleta jota, canaleta compensador, bloco 45º; na figura 05, o bloco hidráulico e o bloco elétrico. Da linha estrutural 14x19x39 cm, observa-se, na figura 06, o bloco, o meio bloco, bloco canto e canaleta; na figura 07, canaleta jota e canaleta compensador. Esses grupos de blocos cerâmicos são usualmente denominado “família de blocos”, por suas diferentes formas, dimensões e funções. 29 Bloco hidráulico Função: Instalações hidráulicas ZE = |sIw é E Bloco elétrico Função: Instalações elétricas E ê á | Eur je us | o , no Figura 05 — Bloco hidráulico e bloco elétrico-linha estrutural 14x 19x 29 cm Fonte: Catálogo de blocos cerâmicos estruturais — Cerâmica GRESCA http:/Awww.ceramicagresca.com .br/ 30 Bloco inteiro Função: Amarração em canto 90º 4 o nl palco ju | au aj a . = L 1 um a Meio Bloco Função: Amarração em canto 90º ELA: frota sr) l 100 L Bloco canto 18 mr Função: Amarração em canto 90º 2: AL, ipa, wm ja . é L E l 1 y 1 Canaleta Função: Vergas em portas e janelas e contravergas em janelas E 6 mm | . “48 se E] E Figura 06 — Bloco, meio bloco, bloco canto e canaleta-linha estrutural 14x 19x 39 cm Fonte: Catálogo de blocos cerâmicos estruturais — Cerâmica GRESCA http:/Awww.ceramicagresca.com .br/ 3 Canaleta jota Função: Apoio de laje a a Canaleta compensador Função: Apoio de laje Figura 07 — Canaleta jota e canaleta compensador-linha estrutural 14x 19x 39 cm Fonte: Catálogo de blocos cerâmicos estruturais — Cerâmica GRESCA http:/Awww.ceramicagresca.com .br/ Além da modulação nominal de 15 cm (largura), esses blocos podem ser encontrados com a modulação de 20 cm (largura). a.3) Bloco sílico-calcário Essas unidades são fabricadas a partir de uma mistura homogênea de areia silicosa (quartzosa) e cal virgem em pó, moldadas em prensas hidráulicas e curadas por vapor de pressão. Apresentam boa resistência à compressão, durabilidade e grande uniformidade dimensional. Os blocos cerâmicos e os de concreto possuem dimensões semelhantes, de modo que a resistência e produtividade se equivalem. A grande vantagem do bloco 34 parede, de maneira que as fissuras que venham a ocorrer devido a expansões térmicas ou outros movimentos na parede ocorram na junta (ROMAN, MUTTI & ARAÚJO, 1999). Pozzobon (2003) alerta: “Para cada resistência de bloco existe uma resistência ótima da argamassa. Um aumento desta resistência não aumentará a resistência da parede”. Duarte (1999) enfatiza que a espessura ideal das juntas horizontais de argamassa deve ser em torno de 1,0 centímetro, admitindo-se aumentos até 1,5 centímetros. Juntas mais espessas somente conduzem a aumento de custos e reduções da resistência à compressão da alvenaria, já que aumenta a proporção de argamassa no volume da parede. c) Graute O graute é um microconcreto de alta plasticidade cuja função principal é aumentar a resistência da parede à compressão, em razão do aumento da seção transversal do bloco. Quando combinado com o uso de armaduras em seu interior, o graute combaterá também esforços de tração (MANZIONE, 2004). Roman, Mutti & Araújo (1999) recomendam sempre que possível usar graute de fiada em fiada, ou pelo menos em duas vezes, uma até meio pé direito e a outra ao se atingir a última fiada. Este procedimento diminuirá a possibilidade de ocorrência de vazios nos alvéolos dos blocos. Roman, Mutti & Araújo (1999) enfatizam que o graute deve ser adensado. Podem ser utilizados vibradores de agulha de pequeno diâmetro ou compactação manual. Salienta-se que, no processo de execução, o graute não deve ser utilizado como pilaretes, já que esta não é sua função. d) Armadura As armaduras utilizadas juntamente com o graute possuem a função de combater os esforços de tração na alvenaria. Outro tipo de armadura usada na alvenaria estrutural são os elementos de amarração de paredes, os “grampos”. Recomenda-se que a alvenaria trabalhe com 35 suas juntas amarradas, logo a utilização dos grampos não é aconselhável, sendo usada somente em alguns casos especiais. 2.2.5 Fatores que afetam a qualidade da alvenaria estrutural Roman, Mutti & Araújo (1999) ao relacionarem fatores que influenciam a qualidade da alvenaria, citam: resistência do bloco, geometria da unidade, resistência da argamassa, deformação característica do bloco e da argamassa, espessura da junta, taxa de sucção inicial do bloco, retentividade de água da argamassa, qualidade da mão de obra e condições de cura. Além desses fatores, deve-se primar pelos conceitos de qualidade, tanto na fase de elaboração de projeto, quanto na fase de execução, em razão da racionalização e organização das técnicas produtivas e do controle da produção. Rauber (2005) destaca que, quando se opta pela adoção do sistema construtivo da alvenaria estrutural, para que se obtenham as vantagens técnicas e econômicas que levem a racionalização, esta opção já deve estar definida desde o início do empreendimento, gerando aumento de produtividade e redução de custos. Segundo Griffith (1989), a "Qualidade Total" na construção consiste na interação entre projeto e construção. Nesse processo, há a interferência da legislação e regulamentação da construção, bem como dos subcontratados e fornecedores. Franco (1996) ressalta que, muitas ações permitem a implementação dos princípios ligados à qualidade, como a melhoria na comunicação entre os projetistas e a equipe de obra, e a motivação de todos os participantes do processo. Hall e Fletcher (1990) enfatizam que é muito importante o envolvimento dos clientes com o empreendimento. 2.3 A Acústica 2.3.1 Introdução Histórica A importância do projeto acústico não é um fato recente, sendo demonstrado por gregos e romanos, desde a Antiguidade, com os teatros ao ar livre. Os gregos exploravam a forma do teatro, construído para cultos religiosos, que eram acompanhados de cânticos e danças rituais. Essas edificações eram 36 situadas em locais inclinados, para o aproveitamento da topografia local. Distribuíam a platéia em semi-círculos, aproximando o público do palco e, com isso, proporcionando maior captação sonora pelos espectadores. A Figura 08 detalha um teatro grego. (SOUZA, 2003) Figura 08 — Partes do teatro grego Fonte: SOUZA, 2003 O teatro romano segue o modelo grego, entretanto, sua estrutura se apóia em escadas e corredores, formando superfícies verticais mais altas, proporcionando o reforço sonoro, como mostra a Figura 09. (SOUZA, 2003) Figura 09 — Teatro romano Fonte: SOUZA, 2003 39 Azevedo (1984) afirma que a exposição excessiva ao ruído pode causar: surdez permanente, parcial ou total; surdez temporária, que poderá tornar-se crônica; não percepção de outras comunicações sonoras; perturbações do sono; interferência na atenção, na concentração e no trabalho mental; modificação do humor e perturbação do relaxamento mental. Costa (1994) ressalta que indivíduos expostos a excessivos níveis de ruído, apresentam diminuição da seção dos vasos sanguíneos, podendo ocorrer modificações irreversíveis do sistema circulatório, ocasionando problemas como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, ou até mesmo, levar o indivíduo à morte. Outros problemas afetam diretamente o aparelho digestivo, o sistema endócrino, o sistema imunológico, o sistema reprodutor e o sistema nervoso, entre outros. 2.3.3 Conceitos relativos ao som O som faz parte do cotidiano da vida de todos os seres humanos. Apresentam-se, a seguir, conceitos fundamentais do som, visando a perfeita compreensão do trabalho realizado. 2.3.3.1 Pressão Sonora Segundo Méndez (1994, p.), a presença do som produz no ar pequenas variações de pressão que se sobrepõem à pressão atmosférica. Essas variações de pressão são conhecidas como “pressão sonora”. 2.3.3.2 Frequência Gerges (2000) explica que a taxa de ocorrência da flutuação completa de pressão sonora é conhecida como frequência. Ela é dada em ciclos por segundo, ou Hertz (Hz). Na faixa de frequências de 20 a 20.000 Hz, as ondas de pressão no meio podem ser audíveis. Chamam-se infrasons os sinais de frequência menores que 20 Hz e ultrasons os sinais de frequência maiores que 20.000 Hz, ambos sinais inaudíveis. 2.3.3.3 Velocidade do som nos fluídos e sólidos A velocidade das ondas acústicas (c), através de meios fluídos, é definida pela raiz quadrada da primeira derivada da pressão em relação à densidade do 40 fluído. Essa velocidade é expressa em metros por segundo (m/s). Para o ar, o som se propaga a uma velocidade que depende apenas da temperatura do meio. Uma fórmula aproximada para determinação da velocidade do som no ar, dentro de um intervalo razoável de temperaturas t (em ºC), é mostrada na Equação 01. (GERGES, 2000) c=331+0,6t Equação 01 onde: c: velocidade do som no ar, em m/s t: temperatura do ar, em *“C Méndez (1994) explica que, no ar, o som se propaga por ondas longitudinais e sua velocidade é a mesma para todas as frequências. Nos sólidos as ondas podem propagar-se de várias formas, basicamente, ondas longitudinais, transversais, de torção e de flexão, sendo estas últimas as mais importantes para o caso de uma parede. 2.3.3.4 O Nível de Pressão Sonora e o Decibel (dB) Méndez (1994) afirma que a intensidade de um som depende do valor que tenha sua pressão sonora. Um som muito fraco, audível pelo homem, tem uma pressão sonora da ordem de 20 uPa em 1 KHz. A essa mínima pressão sonora se denomina “limiar da audição”, sendo o valor a partir do qual o ser humano é capaz de ouvir. O “limiar da dor” é uma pressão sonora muito alta, da ordem de 20 Pa. Essa relação então, entre a máxima e a mínima pressão sonora que o ouvido pode perceber, é de 1.000.000 de vezes. Todos os sons que ouvimos têm pressões sonoras compreendidas entre estes limites. Sendo muito difícil expressar graficamente números de ordens de grandeza tão diferentes, numa mesma escala linear, usa-se a escala logarítmica. Segundo Gerges (2000), um valor de divisão adequado a esta escala é /og10, também chamado Bel. No entanto, o Bel é um valor de divisão de escala muito grande e usa-se então o decibel (dB) que é um décimo do Bel. 1 Bel = 10 decibéis 4 Por exemplo: 10 log10!! = 140 decibéis Logo, uma mudança de 3 dB corresponde a 1098 = 2, ou seja, dobrando-se a intensidade sonora resulta em um acréscimo de 3 dB. O nível de pressão sonora é dado pela Equação 02 NPS = 20log & Equação 02 o onde: NPS = nível de pressão sonora Po= 20 uPa, valor de referência (limiar da audição em 1 KHz). 2.3.3.5 Adição de nível de pressão sonora Quando se usa a escala dB, a soma de dois níveis de pressão sonora é logarítmica. Gerges (2000) enfatiza dois procedimentos para soma de níveis de pressão sonora: um gráfico e um analítico. O gráfico utiliza uma curva padrão e o analítico emprega a Equação 03. AL = 10l0g 1410 10 Equação 03 onde: L1 = maior leitura de pressão sonora L2 = menor leitura de pressão sonora AL = diferença entre L1 e L2 Obtém-se a soma dos níveis de pressão sonora NPS,, adicionando-se o valor de AL ao maior dos dois níveis medidos. 2.3.3.6 Ruído de fundo ou ruído ambiente Gerges (2000) afirma que o ruído de fundo é aquele ruído ambiental gerado por outras fontes que não o objeto de estudo. Para que uma medição de nível de “4 A Perda de transmissão (PT) alta significa baixa transmissão de energia acústica e vice-versa. Paixão (2002) explica que a Perda de Transmissão (PT) não se baseia, somente, nas características dos materiais, porque sofre a interferência dos locais de medição desses níveis, ou seja, de fatores relativos ao ambiente, como o volume e a absorção. Isso a diferencia da simples Diferença de Nível Sonoro (D). 2.3.4.1 Transmissão através de três meios O som decorrente de uma fonte sonora presente em um local propaga-se até encontrar um obstáculo qualquer, que pode ser uma parede ou outro material. De Marco (1990) esclarece que uma onda de pressões sonoras ao encontrar um obstáculo, produz um choque das moléculas, fazendo com que parte de sua energia volte em forma de onda de pressão refletida e o restante produza uma vibração das moléculas do novo meio, como se o obstáculo “absorvesse” parte do som incidente. Parte dessa energia de vibração das moléculas do obstáculo será dissipada como calor, devido a atritos que as moléculas enfrentam no seu movimento ondulatório; outra parte voltará ao primeiro meio, somando-se com a onda refletida, o resto da energia contida na vibração do próprio obstáculo produzirá a vibração do ar do lado oposto, funcionando esse obstáculo como uma nova fonte sonora que criará uma onda no terceiro meio, conforme mostra a figura 12. Figura 12 — Reflexão, absorção e transmissão Fonte: DE MARCO, 1990 45 2.3.4.2 Índice de Redução Sonora em Paredes Simples Costa (2003) destaca que no fenômeno de transmissão do som, em paredes simples, para aplicações práticas simplificadas, pode ser considerada apenas a parcela da irradiação por vibração da parede, porque ela é muito superior a outras formas de transmissão. Sendo assim, considerando onda plana longitudinal, propagando-se unidirecionalmente, com incidência normal a uma parede de massa m (kg/m?), sem vibração, admitindo sem dissipação de energia no ar que circunda a parede nem na própria parede demonstra-se que: R= 20log + 20log(mf) (dB) Equação 06 plc onde: p1 = densidade do meio 1 (ar) c1 = velocidade do som no meio 1 (ar) m = massa f = frequência T=3,1416 Em condições normais, para o ar, pode-se fazer p1c1 = 412,8, chegando-se a chamada Lei da Massa, apresentada na equação 07: R=20log(mf)—42,4(dB) Equação 07 Costa (2003) explica que, como a incidência da onda sonora se dá em todos os ângulos possíveis, chega-se a conclusão comprovada pela prática de que o valor da equação anterior ficaria reduzido a aproximadamente 5 dB. Logo a equação citada assumiria um valor mais aproximado com a realidade, como mostra a equação 08, que identifica a Lei da Massa de Campo. R=20log(mf)—47,4(dB) Equação 08 O valor considerado em medições laboratoriais ou mesmo em situações reais é a chamada Perda de Transmissão de Campo, que considera somente os ângulos com incidência de 0º a 78º (GERGES, 2000). Reynolds (1981) destaca que a perda de transmissão é máxima quando a incidência é normal à superfície, aproximando-se de zero para ângulos de incidência próximos a 90º. Afirma também que a perda de transmissão nunca é igual a zero, por isso a integração é apenas dos ângulos de incidência até 78º. 46 2.3.4.3 Índice de Redução Sonora em Parede Vibrante As paredes sobre excitação acústica, podem entrar em vibração, nas frequências ditas de ressonância, apresentando uma rigidez k limitada. O comportamento da isolação de uma parede, de acordo com a teoria clássica, definida para placas finas, é mostrado na figura 13, onde se pode observar quatro regiões distintas e bem definidas. Controlado por Rigidez Controlado por Amertecimento Controlado por Massa Coincidência nm = - a 1a a a E a E E E “ & =] B| 5. mn LR . Ai Ressongan- Frequência (Hz) cia Figura 13 — Curva típica de Índice de Redução Sonoro para paredes simples Fonte: GERGES, 2000 1. Região controlada pela rigidez: Ocorre em frequências muito baixas e nela o isolamento depende principalmente da rigidez da parede. Costa (2003) afirma que, nas frequências inferiores à mínima de ressonância, o Índice de Redução Sonora vai depender somente da rigidez da parede (H), e pode ser obtido pela equação 09. R= 20log + - 74,2 Equação 09 49 (6000 a 18000 Hz), vidro (1200 Hz) e gesso (4000 Hz), entre outros. Verifica-se para situações usuais, como uma laje de concreto com 10 cm de espessura, a frequência crítica é de 180 Hz. Observando-se uma parede de tijolos maciços com 10,6 cm de espessura, obtém-se uma faixa de frequência aproximada de 265 a 530 Hz. Verifica-se que a frequência crítica de coincidência para os materiais usualmente utilizados na construção civil, encontra-se nas baixas frequências, por isso é fundamental o entendimento da resposta ressonante dessa parede (acima da frequência crítica de coincidência), onde o Índice de Redução Sonora é determinado pela rigidez e pelo amortecimento da parede e não pela Lei da Massa. Como salienta Paixão (2002), a frequência crítica está localizada na região de coincidência, a qual é definida pelo “Método do Patamar” (Plateau Method), descritos por muitos autores, dentre os quais: Beranek (1980), Reynolds (1981), Beranek (1988) e Gerges (2000). 5. Acima da região controlada pela coincidência, o isolamento é controlado pela rigidez, dependendo do tamanho do painel, dos seus contornos e do seu amortecimento interno, podendo ter um aumento de 10 18 dB por oitava. 2.3.4.4 Transmissão ressonante e não-ressonante Segundo Craik (1996), em um modelo de duas salas separadas por uma parede, existem dois mecanismos de transmissão sonora entre elas: a transmissão ressonante e não-ressonante. A pressão sonora gerada na sala de emissão gera uma vibração da divisória, que vai originar uma pressão sonora na sala de recepção. Essa vibração pode ocorrer de dois modos: por ondas de flexão livres ou por ondas de flexão forçadas. As de flexão livre interagem causando ressonâncias, cuja amplitude depende do amortecimento da divisória. Assim, a parede irradia som para a recepção, caracterizando a transmissão ressonante, considerada a transmissão dominante, acima da frequência crítica de coincidência. Craik (1996) destaca, ainda, que a pressão na emissão pode ocasionar a vibração da divisória sem que as ondas de flexão livre sejam geradas. Como consequência, não ocorre ressonâncias. São as chamadas transmissões não- ressonantes, que adquirem importância apenas abaixo da coincidência, onde é válida a Lei da Massa. 50 2.3.4.5 Lei da Massa x Construção Civil Paixão (2002) enfatiza a importância de se observar que a Lei da Massa resulta de simplificações e que, por isso, não pode ser aplicada, indiscriminadamente, quando se trabalha com materiais da construção civil, por se tratarem de elementos com espessuras muito superiores às placas finas, para as quais as equações foram deduzidas. Como comprovado por Paixão (2002) na sua Tese, as formulações apresentadas anteriormente seguem a Teoria das Placas Finas, válida até uma determinada frequência, definida a partir da velocidade da onda de flexão na parede e do comprimento de onda. Ljunggren (1991) enfatiza que nas baixas e médias frequências os resultados para Perda de Transmissão não diferem muito dos obtidos pelo cálculo executado para placas finas. Nas altas frequências, essa diferença torna-se importante, pela presença de vales devido às ressonâncias de espessura da parede. O gráfico a seguir, demonstrado por Paixão (2002), propõe uma adaptação ao gráfico da figura 13, que mostrava o comportamento do isolamento sonoro para placas finas, mostrando o desempenho para placas espessas. 51 s q z Ê E o 2 g £ 5 | 3 Ê Ê Ê $ Elé li ; : ê 3 E s E s a É g < o ê é g 5 8 5 Ê Ê ê 5 ê z º ê é Ê â ê : É k > [11 I Fe I I Frequência [Hz] Ressonância Figura 15 — Curva típica de Índice de Redução Sonora para paredes simples espessas Fonte: PAIXÃO, 2002 Ao contrário da figura 13, que era dividida em 4 regiões, a figura 15 pode ser dividida em 6 regiões, que são: 1) Região controlada pela rigidez, há um decréscimo no Índice de Redução Sonora; 2) Região controlada pelo amortecimento, onde o Índice de Redução Sonora (R) é pequeno, havendo grande transmissão sonora. 3) Região controlada pela Lei da Massa, crescimento no Índice de Redução Sonora (R) de 6 dB/oitava; 4) Região da coincidência, onde se situa a frequência crítica. Para paredes usualmente estudadas na construção civil, é a região mais importante, devido à faixa de frequências que abrange e a acentuada diminuição que provoca no Índice de Redução Sonora (R); 54 2.3.4.7 Outros fatores que influenciam no isolamento de uma parede Méndez (1994) salienta que paredes com grande porosidade podem apresentar baixo isolamento acústico, mesmo tendo bom desempenho quanto a rigidez e massa. O autor destaca também que os fenômenos de ressonância ocorrem em frequências que dependem das dimensões da parede. Outros fatores são abordados e avaliados para cada situação particular, pois podem influenciar no som que é percebido em um ambiente, ao ser gerado em local vizinho, são eles: nível sonoro no local de emissão, distribuição espectral de ruído, Índice de Redução Sonora (R) da parede divisória, área da parede divisória, absorção total do local receptor, natureza das paredes adjacentes (transmissão por flancos). 3. METODOLOGIA A pesquisa caracteriza-se quanto à natureza como uma pesquisa aplicada, de abordagem quantitativa. Quanto aos objetivos, é uma pesquisa explicativa porque aprofunda o conhecimento, identificam os fatores que contribuem para os resultados obtidos, configurando uma pesquisa experimental quanto aos procedimentos técnicos aplicados. Foram realizados testes numa parede de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos, no Laboratório de Acústica da Universidade Federal de Santa Maria — UFSM. A análise dos resultados considerou a variação das formas de conexão entre a parede em estudo e as câmaras reverberantes, o uso ou não de revestimento na alvenaria, bem como o tempo de realização dos ensaios. Nos tópicos a seguir são feitas considerações sobre as normas utilizadas na realização desses ensaios, a determinação do Índice de Redução Sonora (R), o local de realização dos ensaios, a forma de execução da parede em estudo, os equipamentos utilizados para as medições. 3.1 Considerações sobre as Normas Internacionais ISO 140 e ISO 717 A medição em laboratório dos Índices de Isolação Sonora de elementos construtivos (paredes, portas, janelas, etc.) deve seguir os procedimentos especificados pela norma ISO 140 (Acoustics — Measurements of sound insulation in buildings and of buildings elements). A ISO 140 é um conjunto de doze normas técnicas que dizem respeito ao isolamento acústico de edificações. AISO 140 — 3 (Acoustics — Measurements of sound insulation in buildings and of buildings elements — Part 3: Laboratory measurements airborne sound insulation of buildings elements) consiste na parte dessa norma, indicada para especificar as medições da isolação sonora por ruídos aéreos, realizadas em laboratório, de elementos como paredes, janelas, portas, pisos, vidros, etc, servindo de referência para os laboratórios brasileiros. Está constituída de nove itens, cujos conteúdos podem ser sucintamente descritos como: 56 Item 1: Explica os objetivos e utilizações, Item 2: Cita normas usadas como referência; Item 3: Define termos e conceitos utilizados; Item 4: Estabelece requisitos para os equipamentos; Item 5: Descreve as condições necessárias para as salas e instalação dos elementos ensaiados; Item 6: Trata dos procedimentos de teste e avaliação; Item 7: Fala sobre a precisão requerida; Item 8: Mostra como devem ser expressos os resultados; Item 9: Exemplifica o que deve constar no laudo técnico. O Índice de Redução Sonora (R), também chamado de Perda de Transmissão (PT), adotado pela norma ISO 140 — 3, é um dos parâmetros mais importantes para a caracterização acústica de uma parede, ou qualquer outro elemento de fachada, quanto as suas características de isolamento sonoro. Para se avaliar o coeficiente de isolação sonora de elementos construtivos, deve-se realizar medições em bandas de frequência de oitava ou de 1/3 de oitava. Para facilitar a avaliação desses índices de isolação e suas comparações, desenvolveram-se procedimentos normalizados, demonstrados na norma ISO 717 (Acoustics — Rating of sound insulation in buildings and of building elements — Part 1: Airborne sound insulation). A ISO 717 leva a obtenção de um número único, denominado INDEX, que expressa, de maneira simplificada, o resultado obtido em bandas de frequências. Esse número é determinado através da comparação da curva do espectro de frequências do material avaliado, a uma curva padrão, conforme valores mostrados na tabela 01. 59 3.3 Condições ambientais Durante todos os ensaios realizados nas câmaras reverberantes, foram determinadas as condições de temperatura e umidade através do Analisador Climático, tipo 1213, com os transdutores de temperatura do ar, tipo MMOOS4 e de umidade, tipo MMOOS7, todos os equipamentos da Brúel & Kjaer (B&K). No próximo item, detalha-se a parede fonte do estudo, seu sistema construtivo, o tipo de bloco utilizado, argamassa de assentamento, revestimentos e conexões. 3.4 A Parede em estudo Foi construída uma parede de alvenaria estrutural, com blocos cerâmicos estruturais, classe de resistência de 7,0 MPa, vazados e ranhurados (140x190x290mm), nas dimensões de 4,10 metros de largura e 3,20 metros de altura, na separação das duas câmaras reverberantes, para a execução dos ensaios acústicos. As juntas verticais e horizontais foram preenchidas com argamassa. Para assentamento dos blocos foi utilizada uma argamassa industrializada com traço 1:3:12 (cimento:caliareia), em juntas de 1 cm, rendimento de aproximadamente 47 kg de argamassa por metro quadrado. Para a execução do revestimento (reboco em camada única), utilizou-se uma argamassa industrializada com traço 1:2:8 (cimento:caliareia), com espessura de 1,0 cm, rendimento de aproximadamente 23 kg de argamassa por metro quadrado revestido Sequência para execução da referida parede: - Limpeza da superfície das câmaras, eliminando-se sobras de materiais testados anteriormente; — Uma borracha com 7,5 centímetros de largura e 5,0 milímetros de espessura foi colocada nas bordas laterais e superior da parede para diminuir o vazamento da energia sonora da alvenaria estrutural para as superfícies de concreto das câmaras. A borda inferior foi executada com a mesma argamassa de assentamento. - Levantamento da alvenaria até a laje superior, com juntas horizontais de 1,0 cm de espessura. As juntas verticais apresentam a mesma espessura. so - Preenchimento da diferença de largura da borracha (7,5 cm) e do bloco cerâmico (14 cm), com silicone, para uma melhor vedação. A borracha ficou centralizada em relação ao bloco cerâmico. Primeiramente, realizaram-se ensaios acústicos com a parede sem revestimento e as conexões elásticas (borracha+silicone), executados em dois períodos: 7 e 14 dias após a execução da alvenaria. Posteriormente, aconteceu o revestimento do lado da câmara de emissão, para a verificação do isolamento sonoro agregado, uma vez que os vazados verticais dos blocos permitem a passagem das tubulações de água e luz no seu interior, evitando-se rasgos na alvenaria. Repetiram-se, então, os ensaios com as conexões elásticas (borracha+silicone) em dois períodos: 7 e 14 dias após a execução do revestimento. A seguir, revestiu-se o outro lado da alvenaria, lado da câmara de recepção, e repetiram-se os ensaios nos mesmos períodos. Com o fim desse grupo de ensaios, foram substituídas as conexões elásticas (borracha+silicone) por conexões rígidas (argamassa). O preenchimento da borda foi, então, executado com a mesma argamassa utilizada para o assentamento dos blocos. Foram realizados ensaios acústicos com a parede revestida dos dois lados e as conexões rígidas (argamassa), nos períodos de 7 e 14 dias após a substituição das conexões. O resumo dos ensaios acústicos está expresso na Tabela 02. São definidos: o tipo de conexão utilizada entre a parede em estudo e a câmara reverberante, a presença ou não de revestimento na alvenaria, o período (n.º de dias) decorridos desde a execução da parede, e do revestimento, bem como a data em que aconteceram as medições. Quanto ao tipo de conexão entre a parede em estudo e as paredes da câmara tem-se que: — Conexões elásticas: somente a presença da borracha e do silicone nas conexões; — Conexões semi-rígidas: a presença da borracha, do silicone, com revestimento de 1 cm de argamassa; — Conexões rígidas: retira-se totalmente o material elástico (borracha+silicone) e preenche-se o espaço com argamassa. 81 Tabela 02 — Caracterização dos ensaios Descrição Alvenaria Ensaio Data Revestimento Nºdias Tipo de conexão (2005) | Emissão | R ão | n1 | n2 |n3| Elástica) SEM | Rigid missao ecepçao | n n n astica Rígida igida 01 | O1/05 - - 0|7/0| Sim - - 02 | 08/05 - - 0 [14/0| Sim - - 03 | 21/05 | Sim - Ti2riol - Sim - 04 | 2705 | Sim - 13/33/0| Sim - - 05 | 0406 | Sim - 21[41/0| Sim - - 06 | 18/06 | Sim Sm /35/55/7| Sim - - O7 | 25/06 | Sim Sim |42/62/14] Sim - - 08 | 0907 | Sim Sim 56/76/28] - Sim - 09 | 16/07 | Sim Sim [63/83/35] - - Om 10 | 2207 | sim Sim [|60l89|41]) - - (a ny: nº de dias de assentamento do revestimento na câmara de emissão no: nº de dias de assentamento da parede na: nº de dias de assentamento do revestimento na câmara de recepção “número de dias referente à aplicação da conexão Descrevem-se, no próximo item, os equipamentos utilizados nas medições, bem como os procedimentos adotados. 3.5 Equipamentos empregados A figura 19 mostra os equipamentos utilizados para a realização dos ensaios nas Câmaras Reverberantes da UFSM. Fonte Sonora — modelo 4224 Microfone Rotativo — modelo 3923 4. RESULTADOS E ANÁLISE DOS ENSAIOS O presente capítulo apresenta os resultados dos ensaios acústicos realizados na parede de alvenaria estrutural, construída nas Câmaras Reverberantes do Setor de Acústica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Os resultados são representativos de dez ensaios. Cada ensaio resulta da média aritmética de 03 repetições, visando comprovar a repetibilidade dos valores medidos. Durante a realização dos ensaios 06, 07 e 10, defeitos ocorreram no microfone rotativo (Rotating Microphone Boom), por isso, os ensaios ocorreram com o equipamento parado, sem rotação. Para atender a norma ISO 140, cada ensaio foi realizado 4 vezes, modificando-se a posição do microfone ortogonalmente. O índice de isolação sonora resultante é o valor médio calculado entre aqueles medidos em cada posição do microfone. O estudo analisou a influência do tipo de conexão utilizada (entre a parede estudada e a câmara), do revestimento e da secagem da argamassa. Os gráficos são apresentados de forma a permitir a análise espectral do ensaio realizado segundo a Norma ISO 140 — parte 3. 4.1 Resultados dos ensaios e análise comparativa parcial O presente item mostra o resultado obtido em cada grupo de ensaios, comparando-os quanto ao fator cronológico proposto para o trabalho. 41.1 Ensaio 01 A figura 21 apresenta os resultados obtidos dos índices de isolação sonora, dos três ensaios realizados, após 07 dias, da alvenaria estrutural executada, sem revestimento e com as conexões elásticas (borracha nas bordas). 65 Gráfico de Isolação Sonora Ensaio 01/05 - Sem Reboco com Conexão Elástica - 7 dias e 55 45 R(dB) “0 100 1000 10000 Frequência(Hz) Figura 21 — Ensaio 01 - Conexões elásticas sem reboco aos 7 dias. Observam-se, neste grupo de ensaios, duas quedas bem definidas, no índice de redução sonora, para as frequências de 160 Hz e 315 Hz, identificando a zona de coincidência do elemento estrutural. Essa identificação, possibilitada pela presença das conexões elásticas, é importante, pois aí se localiza o ponto de maior transmissão sonora. Outros vales significativos surgem em 1600 Hz e 5000 Hz, referentes à ressonância devida à espessura da parede, como explicado e comprovado em Paixão (2002). Percebe-se ainda que, confirmando a teoria, os menores índices de isolação sonora estão associados às frequências mais baixas, enquanto que os maiores índices estão relacionados às frequências mais altas. 4.1.2 Ensaio 02 A figura 22 apresenta os resultados obtidos dos índices de isolação sonora, após 14 dias da alvenaria estrutural executada, sem revestimento e com as conexões elásticas. Verifica-se, também, neste grupo de ensaios, duas quedas bem definidas, no índice de redução sonora, para as frequências de 160 Hz e 315 Hz, Outros vales significativos surgem em 1600 Hz e 5000 Hz, referentes à ressonância 66 devida à espessura da parede. Gráfico de Isolação Sonora Ensaio 08/05 - Sem Reboco com Conexão Elástica - 14 dias e 55 a ã “0 R(dB) 100 1000 10000 Frequência(Hz) Figura 22 — Ensaio 02 - Conexões elásticas sem reboco aos 14 dias. 4.1.3 Comparativo entre os ensaios 01 e 02 A figura 23 apresenta o comparativo entre os ensaios 01 e 02, realizados aos 07 e 14 dias, respectivamente, ambos com parede sem revestimento e com conexões elásticas. Percebe-se que não há diferenças significativas entre os resultados dos ensaios realizados aos 07 dias e aos 14 dias. Nota-se que o tempo de execução da alvenaria não é um fator de grande influência nos resultados dos ensaios, confirmando o que já havia sido mostrado em Paixão (2002), que estudou a diferença entre 14 e 28 dias. 89 02e 03 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 02 e 03 e & [INDEX sv | E02=35 A «| E03=40 Fab Fá tê —E- Ensaio 02 “o TEA —A4— Ensaio 03 35 AAA 2 R(dB) 100 1000 10000 Frequência(Hz) «nítida influência do reboco aos 7 dias de assentamento Mio 7/2140 quando comparado com parede sem revestimento, para conexões elástica e semi-rígida ED Figura 25 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 02 e o Ensaio 03 4.1.6 Ensaio 04 A figura 26 apresenta os resultados obtidos dos índices de isolação sonora, após 33 (trinta e três) dias da alvenaria estrutural executada, 13 (treze) dias do revestimento na sala de emissão e com as conexões elásticas. Nessa etapa, foi retirada apenas aquela parcela de revestimento sobre as conexões elásticas, para simular as condições iniciais, de elasticidade nas conexões. Com a presença do revestimento, o índice de redução sonora, apresentou um crescimento, para as baixas frequências, definindo um pico acentuado na frequência de 200 Hz, associado à frequência natural da câmara. A presença das conexões elásticas permitiu a identificação da frequência crítica de coincidência da parede em f=315 Hz. 70 Gráfico de Isolação Sonora Ensaio 27/05 - Reboco Emissão com Conexão Elástica - 7 dias Repetição es 55 so 45 —— Ri(dB) “o —s— R2(dB) Mo —a- R3(dB) 35 CC 25 R(dB) 100 1000 40000 Frequência(Hz) Figura 26 — Ensaio 04 -conexões elásticas com reboco 4.1.7 Comparativo entre os ensaios 03 e 04 A figura 27 compara os resultados dos ensaios realizados aos 07 e 14 dias após a colocação do revestimento na sala de emissão. Observa-se que em ambos os casos as conexões são elásticas, mas aos 07 dias o revestimento foi até a parede da câmara, caracterizando a conexão semi-rígida. O resultado final da comparação entre esses ensaios apresentou desempenhos similares em médias e altas frequências, pois o tipo de conexão não altera significativamente a resposta obtida. Comprovou-se, no entanto, que o tipo de apoio (conexão) interfere bastante na identificação da frequência de coincidência e que a presença de conexões semi- rígidas ocasiona queda no índice de redução sonora para baixas frequências. Há uma melhor definição da frequência crítica de coincidência (fo = 315 Hz) com as conexões elásticas. 7 03 e 04 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 03 e 04 65 60 SI INDEX er so | E03 = 40 EO4 = 40 ar 8 +s —E- Ensaio 03 É wo —A- Ensaio 04 35 30, 25 20 100 het 1000 10000 Frequência(Hz) “pico na frequência de 200Hz, associado a fregiência natural da câmara, frequência crítica bem definida em f = 315 Hz associada a parede com as conexões elásticas. 7/2140 14/5210 a sD Figura 27 — Comparação do índice de isolação entre o Ensaio 03 e o Ensaio 04 4.1.8 Ensaio 05 Após 41 (quarenta e um) dias da alvenaria estrutural executada, 21 (vinte e um) dias do revestimento na sala de emissão e com as conexões elásticas, foi executado o Ensaio 05, cujos resultados, como nos demais casos, são a média de três repetições. Esse ensaio objetivou analisar a influência do número de dias de aplicação do revestimento, antes da retomada dos ensaios, que foram paralisados. Distinguiu, do ensaio 04 (parede na sala de emissão revestida e com conexão elástica), apenas no número de dias. Observou-se que o comportamento foi similar ao do ensaio anterior, como mostra o comparativo apresentado a seguir. 74 05 e 06 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 05 e 06 os o A INDEX 8 5 Eos =| 40 7] so E06 = 40 g 48 —E- Ensaio 05 É «o A LÃ & E —4- Ensaio 06 a rá 35 30 3, 2 100 1000 10000 Frequência(Hz) “o revestimento no lado da parede da câmara de recepção melhora o desempenho para as frequências acima de 1250 Hz. 21210 >215217 EL EL Figura 30 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 05 e o Ensaio 06. 41.12 Ensaio 07 O ensaio 07 foi realizado após 62 (sessenta e dois) dias da alvenaria estrutural executada, 42 (quarenta e dois) dias do revestimento na sala de emissão, 14 (quatorze) dias do revestimento na sala de recepção e com as conexões elásticas. Este ensaio teve por objetivo observar a influência do tempo de execução da argamassa na sala de recepção e também foi executado com o microfone parado em quatro posições ortogonais, devido a defeitos no microfone rotativo. Observou-se que os resultados em relação ao ensaio anterior, ensaio 06, são similares, conforme figura 31. 75 Gráfico de Isolação Sonora Ensaio 25/06 - Reboco Emissão/Rece pção com Conexão Elástica - 14 dias Repetição 65 so 4| 55 50 —4— R1(dB) 8 45 —s— R2(dB) E 40 | + R3(dB) 35 —s— R4(dB) 30 25 20 100 1000 10000 Frequência(Hz) Figura 31 — Ensaio 07 - Parede revestida nos dois lados com conexões elásticas aos 14 dias 4.1.13 Comparativo entre ensaio 06 e 07 Verifica-se, na figura 32, que a diferença no número de dias de aplicação do revestimento na sala de recepção não altera, significativamente, os resultados obtidos no índice de redução sonora. O ensaio 07, com 14 dias do revestimento na recepção apresentou um desempenho ligeiramente superior ao ensaio 06, com 07 dias do revestimento na recepção. 76 06 e 07 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 06 e 07 65 INDEX A 0 E06 = 40 55 Eo7 =41 50 g +s —E- Ensaio 06 É 40 —A- Ensaio 07 35 A al 20 100 1000 10000 Frequência(Hz) «os 14 dias de assentamento do| >21b217 >21b2114 revestimento no lado da parede da câmara de recepção apresentou um desempenho ligeiramente superior. Figura 32 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 06 e o Ensaio 07. 4.1.14 Ensaio 08 A figura 33 apresenta os resultados obtidos dos índices de isolação sonora, após 76 (setenta e seis) dias da alvenaria estrutural executada, 56 (cinquenta e seis) dias do revestimento na sala de emissão, 28 (vinte e oito) dias do revestimento na sala de recepção e com as conexões semi-rígidas. Nesse ensaio, revestiu-se a região das conexões com argamassa para que se caracterizasse, novamente, a situação de conexões semi-rígidas, já apresentadas no ensaio 03, para o caso da sala de emissão. Observa-se um patamar de frequências bem definido, onde o índice de isolação sonora se mantém constante para um aumento da frequência na faixa de 1600 Hz a 2500 Hz. O emprego de conexões semi-rígidas ou rígidas dificulta a identificação da frequência de coincidência da estrutura. 79 Gráfico de Isolação Sonora Ensaio 16/07 - Reboco Emissão/Recepção com Conexão Rígida - 7 dias es o A ss so ge 4 R1(dB) E o —B-R2(dB) ——R3(dB) 35 = Jo 2 zo 100 1000 10000 Frequência(Hz) Figura 35 — Ensaio 09 - conexões rígidas e reboco na emissão e recepção 41.17 Comparativo entre ensaio 08 e 09 A figura 36 compara os resultados dos ensaios 08 e 09, mostrando o desempenho da parede com conexões semi-rígidas e rígidas, respectivamente. No ensaio 09, verifica-se que ocorre um ganho no índice de isolação sonora, para as frequências abaixo de 1000 Hz, enquanto que, para frequências acima de 1000 Hz, nota-se uma perda nesses índices. Em relação ao patamar já observado (entre 1600 Hz e 2500 Hz), verifica-se que ele manifesta-se tanto com as conexões semi-rígidas quanto rígidas. 80 08 e 09 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 08 e 09 6 INDEX [eo] 1 Eos = 41 ss EO9 = 41 so a 45 E —A- Ensaio 09 mr º A 3 30 25 20 100 1000 10000 “Mesmo INDEX da parede |Frequência(Hz) quando se compara conexão S2HB2US2 S2P2IBA semi-rígida com conexão rígida SR RG Figura 36 — Comparação do índice de isolação sonora entre o Ensaio 08 e o Ensaio 09. 4.1.18 Ensaio 10 O ensaio 10 avaliou os índices de isolação sonora, após 89 (oitenta e nove) dias da alvenaria estrutural executada, 69 (sessenta e nove) dias do revestimento na sala de emissão, 41 (quarenta e um) dias do revestimento na sala de recepção e com as conexões rígidas. Neste último ensaio, buscou-se analisar a influência do número de dias da colocação da conexão rígida, no desempenho final da parede. Este ensaio foi realizado com o microfone parado, devido a defeitos no rotativo. 4.1.19 Comparativo entre ensaio 09 e 10 A análise da figura 37 pretende avaliar o resultado dos desempenhos dos ensaios 09 e 10, considerando-se apenas a influência do tempo de execução do tipo de conexão utilizada, no caso, as conexões rígidas. 81 O ensaio 10, após 14 dias da colocação da conexão rígida, apresentou resultados um pouco superiores, por frequência, aos índices obtidos do ensaio 09, após 07 dias da colocação dessa conexão, porém o resultado final mostrou o mesmo INDEX para os ensaios. Acredita-se que a secagem na argamassa confira maior rigidez ao sistema, e daí melhor redução sonora. 09 e 10 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 09 e 10 65 INDEX 0 À Eog = 41 55 E10= 42 +s —E- Ensaio 09 “o Ar —A4- Ensaio 10 R(dB) 100 1000 10000 Frequência(Hz) “Resultado um pouco superior quando da aplicação da conexão rígida; a | >21>21b21 >21b21521 secagem da argamassa pode conferir maior rigidez ao sistema. ES DOCES Figura 37 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 09 e o Ensaio 10. 4.1.20 Evolução do INDEX A tabela 03 identifica o INDEX obtido em cada ensaio, de acordo com a norma ISO 717, define quanto o objeto estudado, no presente caso a parede de alvenaria estrutural, está isolando acusticamente. 84 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 02 e 04 02e04 6 | INDEX 1 SI EUZ= 3 A “|-E04= 40 rs am 45 E 8 id —E- Ensaio 02 É «o mA —A- Ensaio 04 ad A df 25 20 100 1000 todo Frequência(Hz) * A obtenção de uma superfície mais reflexiva, 0210 14210 diminuindo a parcela das ondas acústicas E transmitidas pela parede e do aumento da E massa superficial da alvenaria estrutural. Figura 39 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 02 e o Ensaio 04. 4.2.2 Comparativo entre ensaio 03 e 08 A análise da figura 40 tem por objetivo caracterizar o efeito do revestimento na sala de recepção (ensaio 08), em relação à parede sem revestimento nesta sala (ensaio 03), ambos os ensaios com as conexões semi-rígidas. Nestes dois ensaios, a sala de emissão encontrava-se revestida, no ensaio 03 não havia revestimento na recepção, no ensaio 08, sim. Para o caso de conexões semi-rígidas, verifica-se que a parede revestida na recepção, ensaio 08, apresenta um INDEX de 41 dB, superior ao INDEX do ensaio 03, de 40 dB, sem revestimento na recepção. Concluí-se que, embora pequeno, o desempenho do índice de redução sonora, é superior, quando do revestimento na recepção. No caso do revestimento na recepção, verifica-se um melhor isolamento, em especial para as frequências superiores a 1250 Hz. R(dB) 85 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 03 e 08 03 e 08 65 co Dex A ss | EO3 = 40 E so | EO8= 41 s —E- Ensaio 03 40) —4— Ensaio 08 4 35 30 25 20 100 1000 10000 Frequência(Hz) * Quando revestida a recepção, tem-se um desempenho superior no INDEX, embora pequeno, ambos os casos com revestimento na emissão e conexões semi-rígidas. Figura 40 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 03 e o Ensaio 08. 4.2.3 Comparativo entre ensaio 07 e 10 A análise da figura 41 tem por objetivo, caracterizar o efeito do tipo de conexão utilizada. Ambos os ensaios referem-se às salas de emissão e de recepção com revestimento. No ensaio 07 as conexões são elásticas e no ensaio 10, rígidas. Levando-se em conta apenas a variável do tipo de conexão, para o caso de conexões rígidas (ensaio 10), verifica-se um melhor isolamento geral em relação ao ensaio com as conexões elásticas (ensaio 07), principalmente nas frequências entre 500 Hz e 2000 Hz. Acredita-se que haja a influência de uma maior rigidez do conjunto, com a colocação da argamassa, contribuindo para um ganho de 1 dB (INDEX) a favor do ensaio 10. 86 Comparação de Resultados Médios dos Ensaios 07 e 10 07 e 10 DEX E07=41 E10= 42 100 1000 10000 Frequência(Hz) Melhor isolamento para conexões rígidas, principalmente nas fregúências entre 500 Hz e 2000 Hz. Figura 41 — Comparação do Índice de Isolação Sonora entre o Ensaio 07 e o Ensaio 10. 4.3 Cálculos analíticos para comparação com os ensaios 4.3.1 Frequência crítica Na região da coincidência, calcula-se a frequência crítica pela equação 11, apresentada anteriormente. onde: c; = velocidade longitudinal de propagação do som na parede, definida como: E G=|[>"—& Equação 15 p(t=vê) onde: E = módulo de elasticidade (N/m?) p = densidade (Kg/m?) v = coeficiente de Poisson 89 Silva (2000) destaca, no ensaio 006 da sua Dissertação de Mestrado defendida no PPGEC/UFSM, que uma parede de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos 14x19x29 cm, apresenta densidade superficial total de 174,3 Kg/m?, descontando-se os revestimentos. Considerando-se que 1,0 cm de argamassa de revestimento apresenta uma densidade superficial de aproximadamente 23,0 Kg/m?, conforme o fabricante da argamassa, tem-se que a parede em estudo, com revestimento na emissão e na recepção, apresenta uma densidade superficial de 220,3 Kg/m?, para uma espessura de 16 cm. Logo, tem-se que a densidade superficial, para parede revestida na emissão e na recepção é de 13,77 Kg/m? por centímetro de espessura. O cálculo do Método do Patamar, para o caso da parede de alvenaria estrutural em estudo, a partir desse ponto, é simulado considerando-se os resultados do ensaio n. 09, ou seja, das respostas experimentais chega-se aos valores que deveriam estar tabelados para avaliar o desempenho desse material. — Cálculo da Perda na Transmissão para 500 Hz (M = 13,77 kg/m? e f = 500 Hz): PT =20 log [13,77 . 500] - 47,4 5 PT = 29,36 dB (linha 1) Gráfico de Isolação Sonora Ensaio 16/07 - Reboco Emissão/Recepção com Conexão Riígida - 7 dias so dá pd dd —4— R(dB) NT E 30 100 1000 10000 Frequência(Hz) Figura 42 — Traçado da linha com inclinação de 6 dB/oitava 90 Verifica-se, pela figura anterior, que o desempenho do isolamento acústico da parede de alvenaria estrutural nos ensaios é superior ao desempenho esperado teoricamente, a partir de sua densidade superficial. 4.4 Aspectos gerais da análise O estudo evidenciou aspectos importantes na determinação da performance acústica de uma parede de alvenaria estrutural, a partir da realização dos ensaios normalizados, em Câmaras Reverberantes, segundo a ISO 140 - parte 3. citam-se: e O tempo de execução da alvenaria, bem como, do revestimento, não altera significativamente os resultados. e O uso de revestimento na emissão fornece um ganho de 5 dB (INDEX) no Índice de Redução Sonora da parede. e O revestimento na recepção, depois de revestida a emissão, não tem influência direta no INDEX. Com revestimento na recepção, tem-se um melhor desempenho para frequências acima de 1250 Hz. e O simples revestimento das conexões elásticas, configurando as conexões semi-rígidas, não altera o INDEX, interfere sim, no resultado dos ensaios nas frequências abaixo de 500 Hz, diminuindo o isolamento, típico da transmissão por flancos. e Quando do uso de conexões semi-rígidas ou rígidas, verifica-se, nas baixas frequências, uma divergência nos valores dos resultados. e Uma parede de alvenaria perfeitamente revestida em ambos os lados com o uso de conexões rígidas apresenta desempenho de 42 dB (INDEX). e Parao cálculo do Método do Patamar são necessários dados mais confiáveis, uma vez que a bibliografia, mesmo da Acústica, não cita materiais referentes à Alvenaria Estrutural. 5. CONCLUSÃO 5.1 Considerações finais O crescimento das cidades traz consigo a elevação dos níveis de ruído, que devem ser combatidos. O aumento do custo da construção era um dos fatores inibidores da realização de tratamentos acústicos nas edificações. Hoje, percebe-se que cuidados aplicados já na fase de projeto levam a um acréscimo pequeno, frente aos benefícios proporcionados aos usuários. As correções, embora mais onerosas, são viáveis, atualmente, na maioria dos casos. O isolamento sonoro é um dos pontos mais destacados pelos usuários, que buscam privacidade e conforto nas edificações. O presente estudo mostra um Índice de Redução Sonora em torno de 42 dB (INDEX), quando a parede de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos é perfeitamente revestida em ambos os lados (espessura total de 16 cm). No decorrer da realização dos ensaios, modificaram-se as conexões entre a parede em estudo e as paredes das câmaras reverberantes. A parede de alvenaria estrutural foi confeccionada, primeiramente, com conexões elásticas (borracha+silicone) nas bordas laterais e superior. Com o desenvolver do trabalho, revestiram-se as conexões elásticas, tornando-as conexões semi-rígidas e, após, substituiu-se as conexões elásticas por conexões rígidas, preenchendo-se as bordas com argamassa. Ficou demonstrado que o simples revestimento das conexões elásticas origina as “pontes acústicas”, interferindo nos resultados dos ensaios para as baixas frequências. Essa queda no desempenho é fruto da parcela transmitida através da estrutura, chamada transmissão por flancos. Os ensaios realizados com configurações similares, levando-se em conta apenas o tipo de conexão (elástica ou rígida), mostram que o Índice de Redução Sonora para parede de alvenaria estrutural com as conexões rígidas é 1 dB (INDEX) superior. Dessa forma, confirma-se a teoria citada por Patrício (2003), a partir da qual, se a densidade superficial do elemento separador é menor que a densidade superficial dos elementos adjacentes, a transmissão ocorre essencialmente pelo elemento separador, pois a influência da transmissão marginal é desprezível. 94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA (ABCI). Manual técnico de alvenaria. 1990. 275 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: Acústica — Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade — Procedimento. Rio de Janeiro, 2000. . NBR 10152: Acústica — Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1986. AZEVEDO, Alberto Vieira de. Avaliação e Controle do Ruído Industrial. Rio de Janeiro:CNI, 1984, 117p. BERANEK, Leo L. Noise Reduction. Huntington, New York: Robert E. Krieger Publishing Company, 1980, 752 p. BERANEK, Leo L. Noise and Vibration Control. Revised Edition. 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