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Salvamento Terrestre - Apostilas - Engenharia Naval Part1, Notas de estudo de Engenharia Naval

Apostilas de Engenharia Naval sobre o estudo do Salvamento Terrestre, mutiplicação de força, contenção mecânica de animais, animais peçonhentos, aranhas e escorpiões , ocorrências com pessoas retidas ou presas em elevador.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 12/06/2013

Bossa_nova
Bossa_nova 🇧🇷

4.6

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Baixe Salvamento Terrestre - Apostilas - Engenharia Naval Part1 e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Naval, somente na Docsity! Coletânea de Manuais 3 Técnicos de Bombeiros SALVAMENTO TERRESTRE O S COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE 2ª Edição 2006 Volume 1 MSTE PMESP CCB O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua história. Desta feita fica consignado mais uma vez o espírito de profissionalismo e dedicação à causa pública, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contribuíram para a concretização de mais essa realização de nossa Organização. Os novos Manuais Técnicos de Bombeiros - MTB são ferramentas importantíssimas que vêm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, poderão proporcionar inestimável ganho de qualidade nos serviços prestados à população, permitindo o emprego das melhores técnicas, com menor risco para vítimas e para os próprios Bombeiros, alcançando a excelência em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa missão de proteção à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio. Parabéns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Técnicos e, porque não dizer, à população de São Paulo, que poderá continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados. São Paulo, 02 de Julho de 2006. Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo ÍNDICE ÍNDICE 1. HISTÓRICO 4 2. EQUIPAMENTOS 10 2.1. Alavanca “cyborg” 10 2.2. Almofadas pneumáticas 28 2.3. Desencarceradores 16 2.4. Serra-sabre 44 2.5. Moto-abrasivo 54 2.6. Motosserra 63 3. MUTIPLICAÇÃO DE FORÇA 78 3.1. Alavanca 78 3.2. Plano inclinado 80 3.3. Sarilho 81 3.4. Roldana, Polia, Patesca, Moitão, Cadernal e Talha 82 3.5. Vantagem mecânica 85 3.6. Sistemas de multiplicação de força 87 3.7. Conclusão 89 4. CONTENÇÃO MECÂNICA DE ANIMAIS, ANIMAIS PEÇONHENTOS, ARANHAS E ESCORPIÕES. 92 4.1 Introdução 92 4.2 Contenção de animais domésticos 92 4.3 Animais peçonhentos 98 4.4 Prevenção de acidentes com animais peçonhentos 103 4.5 Artrópodos peçonhentos 110 4.6. Acidentes causados por aranhas e escorpiões 115 4.7. Lagartas venenosas 122 4.8. Abelhas, vespas e formigas 123 4.9 Informações gerais 126 5. CORTE DE ÁRVORE 128 5.1. Introdução 128 5.2. Árvores 128 5.3. Formato da copa e desenvolvimento das raízes 131 5.4. Desestabilizadores de árvores 131 5.5. Métodos de avaliação 134 5.6. Plano de corte 136 5.7 Coletânea de legislação sobre o corte de árvore 144 6. SALVAMENTO VEICULAR 149 6.1. Acidente de trânsito com vítima presa em ferragens 149 6.2. Segurança 151 6.3. Riscos potenciais para o atendimento da ocorrência 153 6.4. Equipamentos e materiais 154 6.5. História dos veículos 157 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS ÍNDICE 6.6. Características veiculares 157 6.7. Novas tecnologias 160 6.8. Definição das ações 164 6.9. Planejamento da ação tática e emprego de técnica adequada 174 6.10. Técnicas de desencarceramento 175 7. OCORRÊNCIAS COM PESSOAS RETIDAS OU PRESAS EM ELEVADOR 184 7.1. Noções gerais sobre elevadores 184 7.2. Características do elevador 184 7.3. Procedimento operacional padrão 186 8. ESCORAMENTO DE EMERGÊNCIA 194 8.1. Definições 194 8.2. Materiais, ferramentas e equipamentos 194 8.3. Vistoria inicial e análise da situação 198 8.4. Tipos de escoramentos 205 9. ESPAÇO CONFINADO 224 9.1. Operações em galerias subterrâneas 224 9.2. Salvamento em poço 248 10. MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE VÍTIMA EM LOCAL DE DIFÍCIL ACESSO 266 10.1. Imobilização da vítima utilizando-se macas 266 10.2. Análise do terreno 266 10.3. Salvamento em terrenos de baixa e média inclinação 268 10.4. Salvamento em terrenos de alta inclinação 269 10.5. Transporte de vítimas utilizando-se macas 270 10.6. Revezamento de posições durante o transporte 270 11. NAVEGAÇÃO E ORIENTAÇÃO 273 11.1. Bússola 274 11.2. Cartas Topográficas 281 11.3. GPS (Sistema de Posicionamento Global) 290 12. DESABAMENTO 295 12.1. Introdução 295 12.2. Equipamento de Proteção Individual 296 12.3. Ferramentas e materiais necessários 297 12.4. Natureza dos desabamentos 299 12.5. Desenvolvimento coronológico das operações 301 12.6. O zoneamento do local de intervenção 303 12.7. Busca e localização 306 12.8. Busca e localização 317 12.9. Sanalização de acesso 321 12.10. Considerações finais 324 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS INTRODUÇÃO • Tempo e espaço foram unificados sobre a teoria da relatividade especial, não se justificariam duas unidades para a mesma coisa. • Na verdade, deveriam ser apenas seis unidades básicas, pois podemos expressar uma das unidades como função das outras, por exemplo: 1 cd = 109kg·m/s³. Entretanto, isto é mantido assim por motivos históricos. Derivadas Todas as unidades existentes podem ser derivadas das unidades básicas do SI. Entretanto, são consideradas unidades derivadas do SI apenas aquelas que podem ser expressas através das unidades básicas do SI e sinais de multiplicação e divisão, ou seja, sem nenhum fator multiplicativo ou prefixo com a mesma função. Desta maneira, há apenas uma unidade do SI para cada grandeza. Contudo, para cada unidade do SI podem haver várias grandezas. Às vezes, dão-se nomes especiais para as unidades derivadas. É fácil de perceber que existem infinitas unidades derivadas do SI (por exemplo; m², m³, etc.). As tabelas que se seguem não pretendem ser uma lista exaustiva, mas colocar as unidades do SI das principais grandezas. Na primeira tabela, unidades que não fazem uso das unidades com nomes especiais: Grandeza Unidade Símbolo Área metro quadrado m² Volume metro cúbico m³ Número de onda por metro 1/m Densidade de massa quilograma por metro cúbico kg/m³ Concentração mol por metro cúbico mol/m³ Volume específico metro cúbico por quilograma m³/kg Velocidade metro por segundo m/s Aceleração metro por segundo por segundo m/s² 1.000.000.000 10 9 giga G 1.000.000 10 6 mega M 1.000 10 3 quilo k 100 10 2 hecto h 10 10 1 deca da 0,1 10 -1 deci d 0,01 10 -2 centi c 0,001 10 -3 mili m 0,000001 10 -6 micro µ 0,000000001 10 -9 nano n 0,000000000001 10 - 12 pico p 0,000000000000001 10 -15 femto f 0,000000000000000001 10 -18 atto a 0,000000000000000000001 10 - 21 zepto z 0,000000000000000000000001 10 - 24 yocto y Unidades aceitas pelo SI O SI aceita várias unidades que não pertencem ao sistema. A primeiras unidades deste tipo são unidades muito utilizadas no cotidiano: Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI Tempo minuto min 1 min = 60 s Tempo hora h 1 h = 60 min = 3.600 s Tempo dia d 1 d = 24 h = 86.400 s Ângulo plano grau ° 1° = π/180 rad Ângulo plano minuto ' 1 ' = 1/60 ° = π/10.800 rad Ângulo plano segundo " 1 " = 1/60 ' = π/648.000 rad Volume litro l ou L 1 l = 0,001 m³ Massa tonelada t 1 t = 1.000 kg Argumento logarítmico ou Ângulo hiperbólico neper Np 1 Np = 1 Para utilizá-los, basta juntar o prefixo aportuguesado e o nome da unidade, sem mudar a acentuação, como em nanometro, miliampère e deciwatt. Para formar o símbolo, basta juntar os símbolos básicos: nm, mA e dW Exceções: • Unidade quilograma: o prefixo junta-se com o termo grama. Exemplos: grama, miligrama e hectograma; g, Tabela de conversão de pesos e medidas Sistema Imperial Pesos e Medidas 1 Onça (oz) 28,35 g. 1 Libra (lb) 453,59 g. 1 Polegada (in) (1") 2,54 cm. 1 Pé (ft) (1`) 30,48 cm. 1 Jarda (yd) 91,44 cm. 1 Milha Náutica (mn) 1.852 mts. 1 Milha Terrestre (mi) 1.609 mts. 1 Polegada por segundo (ips) 2,54 cm./s. 1 Galão (gal.) 3,78 lts. Medidas de COMPRIMENTO UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA metro (SIU) M = 1 m bohr a0, b ~ 5.291 77 x 10-11 m ångström Å ="10-10" m mícron Μ ="μ" m ="10-6" m unidade x X ~ 1.002 x 10-13 m polegada pol(") ="2.54" x 10-2 m pé pé(') =" 12" pol ="0.3048" m jarda Jd = 3 pés ="0.9144" m COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS INTRODUÇÃO mg e hg. • Unidades segundo e radiano: é necessário dobrar o r e o s. Exemplos: milissegundo, decirradiano, etc. • Especiais (apenas estes seis casos): quilômetro (quilómetro), hectômetro (hectómetro), decâmetro, decímetro, centímetro e milímetro. milha mi ="1760" jd ="1609.344" m milha náutica m.n. ="1852" m ="6076.1" pés unidade astronómica UA ="1.496" 00 x 1011 m parsec Pc ~ 3.085 68 x 1016 m ano-luz a.l. ~ 9.460 528 x 1015m Medidas de VOLUME UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA metro cúbico m3 = 1 m3 litro l, L ="dm3" ="10-3" m3 lambda Λ ="μl" ="10-6" dm3 barril (US) US-bl ~ 158.987 dm3 galão (US) US-gal ="3.78541" dm3 galão (UK) B-gal ="4.546" 09 dm3 Medidas de MASSA UN SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA quilograma kg = 1 kg massa do eletron me ~ 9.109 39 x 10-31 kg dalton (massa atômica) Da, u.m.a. ~ 1.660 540 x 10-27 kg gamma γ = 1 dalton tonelada (métrica) t ="103" kg libra (avoirdupois) lb =0.453 592 37 kg onça (avoirdupois) oz ~ 28.3495 g onça (troy) oz (troy) =~ 31.1035 g grão gr ="64.798" 91 mg Medidas de TEMPO UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA segundo s 1 s u. a. de tempo u.a.t. ~ 2.418 88 x 10-17 s minuto min = 60 s hora h = 3600 s dia d = 86400 s (convencionado) semana h = 7 dias mês h = 30 dias (convencionado) ano a ~ 31 556 952 s svedberg Sv = ~ 10-13 s Medidas de FORÇA UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA newton N ="kg.m.s-2" dina (unidade cgs) dina ="10-5N" u. a. de força u.a.f. =~ 8.238 73 x 10-8N Quilograma-força kgf ="9.806" 65 N Medidas de ENERGIA UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA joule J = 1 N.m = 1 kgf.m2.s-2 erg (cgs) erg ="10-7" J hartee (au) Eh ~ 4.359 75 x 10-18 J rydberg Ry ~ 2.179 87 x 10-18 J eletron-volt eV =~ 1.602 18 x 10-19 J caloria termoquímica calth ="4.184" J caloria internacional calIT ="4.1868" J caloria a 15 oC calIT ~ 4.1855 J atmosfera-litro atm-l ="101.325" J British Thermal Unit Btu ="1055.06" J Medidas de POTÊNCIA UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA watt W = 1 J.s-1 ="N.m.s-1" ="kg.m2.s-3" Horse Power hp = 745.7 W Cavalo Vapor cv = 0.9863 hp Medidas de PRESSÃO UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA pascal Pa = 1 N.m-2 = 1 kgF.m-1.s-2 atmosfera atm =101325 Pa = 101325 N.m-2 bar bar ="105" Pa torricceli Torr =(101325/760) Pa ~ 133.322 Pa milímetro de mercúrio (convencional) mmHg = 1 torr libra por polegada quadrada psi ~ 6.894 757 x 10 3 Pa milímetro de água mmH2O ~ 9.859503 Pa Medidas de TEMPERATURA TERMODINÂMICA UNIDADE SÍMBOLO EQUIVALÊNCIA kelvin K = 1 K grau Celsius oC = T (oK) - 273.15 grau Fahrenheit oF ="1.8" T (oC) + 32 grau Rankine oR ="(5/9)" K COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS INTRODUÇÃO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 5 Em 1955, foram adquiridas 03 viaturas da marca Internacional, de cabine simples, onde a guarnição era transportada em um espaço central da carroceria, que possuía bancos para esta finalidade, e os materiais eram todos adaptados com encaixe. Posteriormente, tivemos a aquisição de viaturas Ford F350, com materiais para ocorrências de água, poço e terra, porém, como não havia materiais suficientes para todas as viaturas, elas eram equipadas de acordo com a ocorrência a ser atendida, como por exemplo: para ocorrência de poço, eram equipados com o aparelho de poço, cabresto, munhequeiras, etc. Para atendimentos na Zona Sul de São Paulo, foi montado o POSTO DE SALVAÇÃO de Santo Amaro, tendo sido, para isso, adquiridos mais equipamentos e viaturas. A metrópole ficou então com dois Postos, um em Santo Amaro e outro no Bairro do Cambuci. A partir de 1957, os Postos passaram à denominação de COMPANHIAS DE SALVAMENTO. O nome de Salvação mudou para Salvamento, pois achavam que Salvação estaria mais relacionado à religião (salvação espiritual), mudando até a Canção dos Bombeiros que era: “... No Incêndio e na Salvação só Deus nos dá a Proteção...” para: “... No Incêndio e no Salvamento só Deus nos dá seu Alento...”. Os três primeiros Comandantes das COMPANHIAS DE SALVAMENTO foram os Cap PM Armando Soares, Cap PM Antônio Salomão Nassif e Ten PM Bidin, entretanto não temos os períodos exatos, porém o último citado passou o comando ao Cap PM Paulo Augusto de Figueiredo que permaneceu de 1962/63 até 20 de fevereiro de 1967, quando assumiu o Cap PM José Carnecina Martins comandando até novembro de 1971, sendo que permaneceu no comando o Cap PM Hélio Barbosa Caldas até dezembro de 1975. O então Cap PM Martins, em dezembro de 1973, assumiu o comando da 8a Cia, ficando por longo período. Por não termos dados mais precisos, ficam prejudicados informações sobre outros Comandantes, como por exemplo, o Cap PM José Carlos da Silva, que foi um grande contribuidor para a história do Salvamento. As guarnições tomavam “a postos” conforme o toque do “Bizorro” (alarme diferenciado da época): 1(um) toque para ocorrência envolvendo água; 2 (dois) toques para ocorrência de poço; 3 (três) toques para ocorrência de salvamento terrestre. Os aparelhos de poço existentes até hoje no CB foram adquiridos pelo Cap PM Caldas, diferenciando-se dos anteriores por possuírem apenas uma manivela, (antes o aparelho de poço possuía duas manivelas e era muito pesado), o que possibilita o manuseio por um único bombeiro, dois banzos fixos com engrenagem de multiplicador de força e duas pernas de apoio. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 6 Nesta época, a viatura era equipada dentre outros, com os seguintes materiais: lança- retinida, máscara de mergulho “Scoth hidro-park” para o rosto inteiro, máscara facial, arrancador de pregos, trado, furadeira elétrica, malho, picareta, aparelho oxi-corte-acetileno, traçador etc. Depois foram adquiridos furgões Ford F100 de cabine dupla e carroceria especial apenas para ocorrências de água. Novos materiais passaram a equipar as viaturas: barco de alumínio, escada prolongável, remos, croques, maca articulada, aparelho tirfor para 1500kg e depois para 3000kg, cabos de aço, ferramentas diversas (chave inglesa, alicate etc.), materiais de sapa (facão, foice, enxadão etc.), gerador, holofote, ventilador, corda de sisal de 1 polegada, corda espia de nylon, ressuscitador da marca Emerson (com três funções: ventilação, inalação e aspiração) e máscara contra gases. Em 1964 /1965, foi realizado o primeiro Curso de Elevadores na Empresa Atlas, sendo acrescentado ao material, um jogo de chaves de elevadores. Em 1964, o Agrupamento Auxiliar teve nova denominação, passando a ser a 4a Cia, conhecida como 4a Cia de Salvamento, com aproximadamente 06 (seis) viaturas F350, adquiridas em 1961, com gavetas e acondicionamento de materiais semelhantes aos das viaturas AS, da marca Chevrolet, existentes até os dias atuais. Em 1964/1965, houve o primeiro Curso de Mergulho, formando 19 (dezenove) alunos, dentre eles o Ten PM Martins e Ten PM Caldas, que tinham como docente o civil Magalhães, irmão do ator Tarcísio Meira. Em 1965, os Cabos PM de Salvação, candidatos a 3o Sgt PM do quadro de Salvação, passavam pelos seguintes testes: - 1000m de natação em até 30 min; - mergulho em apnéia 07 (sete) metros de profundidade; - cabo aéreo; - prova de operação em poço; - capacitação em altura; - passagem em pórtico; - conhecimento específico do material de Salvação; e. - exame teórico. Os Sds PM candidatos a Cb PM de Salvação se submetiam aos seguintes testes: - 400m em até 12 min; - mergulho em apnéia de 05 (cinco) metros de profundidade; - conhecimento específico do material de Salvação; MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 7 - operação em poço, altura, cabo aéreo e passagem no pórtico. Em 1966, houve o segundo Curso de Mergulho, com mais 19 (dezenove) formandos, sendo ministrado pelos Ten PM Martins e Ten PM Caldas tendo como auxiliares todos os Sargentos do primeiro Curso. Neste mesmo ano, a 4a Cia foi dividida, surgindo a 6a Cia de Salvamento, na Vila Prudente, tendo como comandante o Cap PM Célio, seguindo-se pelo Cap PM Fabre e depois Cap PM Edil Daubiam Ferreira que a transformou em Companhia de Incêndio, denominando-se posteriormente 1oGI e atualmente 1oGB. Em 1967, entrou em operação um Autoguincho de prefixo 307, posteriormente AG-07, marca Mercedes-Benz, dois eixos traseiros, rolo de tração dianteira e traseira, braço telescópico para 16 (dezesseis) toneladas, sendo um grande aliado das guarnições de Salvamento em acidentes automobilísticos. Em 1968/1969, houve o terceiro Curso de Mergulho, tendo como aluno o Ten PM Roberto Lemes da Silva, e, em 1976, o quarto Curso de Mergulho, sendo aluno o Cap PM João Sidney de Almeida, que chegou a ser o Cmt Geral da PM. As guarnições faziam o revezamento por ordem de chegada no quartel, o horário do serviço era 24X24 hs, permanecendo assim até outubro de 1970, figurando como Cmt do CB o Cel PM Jonas Flores Ribeiro Jr. Em 1972, foi adquirida a frota de Dodge 400, à gasolina, cabine dupla, modelo de carroceria igual às existentes hoje em algumas Unidades do CB, esta frota tinha as seguintes numerações: de 2001 a 2015, que depois foram substituídas pelos prefixos AS-01, AS-02... etc. Os equipamentos deles eram completos, para água, poço e terra; sendo que em 1973/1974, foram acrescentadas a cunha hidráulica e moto-abrasivo. O aumento significativo do quadro BM, Bombeiro Militar, deu-se em 17 de dezembro de 1974, que passou de 03 (três) Sub Ten PM para 10 (dez); de 04 (quatro) 1o Sgt PM para 20 (vinte); de 10 (dez) 2o Sgt PM para 45 (quarenta e cinco), de 45 (quarenta e cinco) 3o Sgt PM para 90 (noventa), tendo na época 300 (trezentos) Cb BM bombeiros. Esse quadro foi extinto em maio de 1989. Em dezembro 1973, devido ao crescimento da Cidade de São Paulo, a área, homens e viaturas da 4a Cia foram divididos para melhorar o tempo-resposta de atendimento de ocorrências, surgindo a 8a Cia, localizada nas proximidades do Aeroporto de Congonhas, dentro da USI Sul (Unidade de Serviço Integrado), que servia também como base para companhias da Cavalaria, Policiamento etc, hoje, PB - Campo Belo. 2 EQUIPAMENTOS MSTE 4 CONTENÇÃO DE ANIMAIS MSTE MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 92 4. CONTENÇÃO MECÂNICA DE ANIMAIS, ANIMAIS PEÇONHENTOS, ARANHAS E ESCORPIÕES. 4.1. INTRODUÇÃO A contenção mecânica e a farmacológica de animais, hoje em dia, são empregadas nas mais diversas situações, tanto em fazendas que necessitam de seringas e troncos para atender aos animais ali criados, quanto nas cidades, em que, às vezes, alguém se depara com uma onça evadida de um circo, ou um animal raivoso que deve ser capturado. Conter um animal significa limitar seus movimentos em diversos graus ou, até mesmo, sua completa imobilização. Desde seus primórdios, o homem procurou adaptar os métodos de contenção às suas necessidades com o propósito de obter comodidade e segurança na lida com os animais. Dentre esses princípios, ao se lidar com animais domésticos ou silvestres, devem-se reduzir as possibilidades de acidentes, utilizando-se métodos de contenção seguros. 4.2. CONTENÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS Dentre os métodos de contenção, os mecânicos talvez sejam os mais importantes, pois com eles é realizado o dia-a-dia daqueles que lidam com animais. Cercas, seringas de vacinação, bretes, coleiras, cambões e outros artifícios limitam os movimentos dos animais e permite o seu manuseio. Cada equipamento tem uma finalidade específica e visa dar condição de segurança no trabalho. Assim, a cerca elétrica foi projetada para facilitar a divisão de pastos e tem um dispositivo para dar choques de até 18.000 v, com corrente de miliamperes semelhante ao choque de vela de automóvel. As descargas são intermitentes para permitir que um animal ou pessoa desavisada possa, após receber o choque, escapar. Estes equipamentos não devem ser improvisados ou aplicados em locais que não sejam aqueles a que foram destinados. Os métodos de contenção exigem conhecimento prévio, pois aplicá-los de forma inadequada pode causar danos aos animais. Assim, a derrubada de eqüino pelo método de peias é prática, todavia deve-se ter cuidado com a cabeça do animal, não permitindo que curve o pescoço e caia sobre este, evitando-se que, na queda, o seu peso pressione as vértebras cervicais, o que pode causar paralisia irreversível. Na derrubada de bovinos, deve-se ter cuidado para que a corda não lese o sistema mamário ou reprodutor, que são partes nobres do animal. A seguir, sugerem-se alguns métodos para sujeição em diversas espécies domesticadas e silvestres: MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 95 4.2.2. CONTENÇÃO DE GATOS Os felinos oferecem riscos com os dentes e as unhas, e deve-se lembrar que possuem a pele elástica, de tal forma que podem dar um giro com o corpo de até 180º, quando mal contidos. Figura 4.5. O animal deve ser imobilizado sobre uma mesa Figura 4.6. A Toalha enrolada no pescoço ajuda a imobilizá-lo Figura 4.7. A mordaça é imprescindível na contenção de felinos MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 96 4.2.3. CONTENÇÃO DE EQÜINOS Figura 4.8. Cabresto improvisado MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 97 Figura 4.9. Tapar os olhos com um pano permite um manuseio tranqüilo Figura 4.10. O cachimbo imobiliza o animal, mas não deve ser muito apertado. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 100 Outro aspecto que distingue as serpentes peçonhentas das não peçonhentas é o tipo de dentição. No grupo das não peçonhentas dois tipos básicos são observados, um cujo animal possui muitos dentes fixos, pequenos e maciços que recebem o nome de dentição áglifa, e outro cujo animal, além desses dentes fixos, pequenos e maciços, observa-se-lhe, ao fundo da boca, um par de dentes mais longos, com sulcos, por onde a saliva da serpente pode escorrer e penetrar na presa quando ela a morde, a chamada dentição opistóglifa. São exemplos de serpente não peçonhentas a jibóia, a sucuri, a dormideira, a caninana, a cobra-cipó, a boipeva, entre outras. Dentre as serpentes peçonhentas, também existem dois tipos distintos. Um, em que o par de dentes que injeta o veneno é dianteiro, fixo, pequeno e semicanaliculado e pouco se destaca dos demais dentes maciços e menores. Esse tipo é denominado dentição proteróglifa, típico das corais verdadeiras. No segundo tipo os dentes fixos são menores e em pequeno número, destacando-se os que injetam o veneno, que são longos, dianteiros, completamente canaliculados (semelhantes a uma agulha de injeção), curvados para trás quando a serpente está com a boca fechada e capaz de moverem-se para frente no momento em que ela desfere o bote. Esta última é denominada dentição solenóglifa. Possuem este tipo de dentição as jararacas, cascavéis e surucucus (veja o quadro de diferenciação). O critério da identificação pela dentição não deve ser utilizado em virtude da necessidade de manipulação da serpente, o que implica sérios riscos de acidentes para o leigo. As características relativas à presença de fosseta loreal, tipo de cauda e distribuição geográfica em conjunto podem definir com elevado grau de precisão o tipo de serpente a uma distância segura. As serpentes apresentam dois tipos básicos de reprodução. Algumas depositam os ovos em lugares abrigados do sol e os abandonam em seguida. São as chamadas ovíparas. Após um determinado tempo os ovos eclodem e os filhotes se dispersam imediatamente em busca de comida, água e abrigo. Outras serpentes, porém geram seus filhotes no interior do corpo da fêmea e, após o nascimento os filhotes também se dispersam, abandonando a mãe e os irmãos. São as serpentes vivíparas. Não existe cuidado parental, ou qualquer tipo de relacionamento social entre serpentes. Somente na época reprodutiva, machos e fêmeas se encontram para cópula. Assim, quando se acha uma serpente na natureza, a probabilidade de se encontrar uma outra próxima do mesmo local é muito baixa, muitas vezes uma coincidência. Com relação à alimentação, as serpentes são carnívoras, alimentando-se de invertebrados como minhocas, mas na maioria dos casos elas ingerem vertebrados, tais como peixes, anfíbios (sapos, rãs, pererecas), outros répteis (pequenos lagartos e outras serpentes), aves, mamíferos e roedores, principalmente ratos. Entre as não peçonhentas, algumas matam sua presas por constrição, ou seja, enrolando-se ao redor do corpo e asfixiando-as, como fazem as jibóias e sucuris. Outras usam, além da constrição, uma saliva tóxica que injetam com o dente posterior alongado, sendo que MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 101 as peçonhentas, através da picada usam seu veneno para paralisar e matar a presa. Após a morte, a serpente ingere sua presas inteiras, não ocorre a mastigação e a digestão se dá totalmente no estômago. Pelo fato de as serpentes predarem uma grande variedade de animais, principalmente alguns considerados pragas para os seres humanos: como os ratos, esses répteis são muito importantes como controladoras de outras populações de animais na natureza. Elas ainda atuam no controle de populações de algumas serpentes, como é o caso da muçurana, que se alimenta das jararacas. Portanto, as serpentes não devem ser mortas deliberadamente, elas devem ser deixadas livres para cumprir seu papel. Ao encontrar uma serpente, só tente capturá-la se ela estiver causando algum incômodo, usando o laço e caixa apropriados e levando-a ao Instituto Butantan para identificação. Lá, qualquer tipo de serpente encontrada na comunidade é muito importante e útil: as peçonhentas ajudam a salvar a vida de pessoas que são acidentadas, pois com seu veneno é produzido o soro antiofídico específico. Entretanto, é muito importante evitar situações de risco de acidentes ofídicos. Não ande descalço, ao caminhar na mata ou plantações, use botas que o protejam até os joelhos. Não coloque a mão em buracos e, acima de tudo, não manipule serpentes, por mais inofensivas que elas possam parecer. Mantenham os quintais e áreas ao redor de residências limpas. Não acumule detritos ou material que sirva de alimento para ratos, pois estes podem atrair serpentes, que deles se alimentam. Em caso de acidente, não faça qualquer tipo de atendimento caseiro, não corte nem perfure o local da mordida e não faça torniquete. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 102 Figura 4.15. Diferenciação entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas Procure imediatamente um posto médico, porque somente o soro antiofídico cura. Ele é distribuído gratuitamente em todos os hospitais, Casas de Saúde e Postos de Atendimento Médico por todo o país, pelo Ministério da Saúde. Em São Paulo, o Hospital Vital Brasil, que pertence ao Instituto Butantan, realiza esse tipo de atendimento 24 horas por dia, como também os vários pontos estratégicos espalhados pelo Estado. 4.4. PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS Chamamos de peçonhentos todos os animais que possuem veneno e que podem inoculá- lo, prejudicando a saúde do homem. Entre os animais peçonhentos mais perigosos estão as serpentes. Veja na ilustração ao lado onde as picadas de serpentes são mais comuns. Cerca de 80% dos acidentes com serpentes atingem as partes do corpo localizadas abaixo dos joelhos e 19% mãos e antebraços. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 105 Figura 4.21. Jararaca da Seca Figura 4.22. Jararaca Pintada 4.4.2.2. SURUCUCU (gênero Lachesis) Responsável por cerca de 1,5% dos acidentes ofídicos registrados no país. Também é conhecida por “surucucu do pico de jaca”, “surucutinga”, “malha-de-fogo”, e outros. Figura 4.23. Surucucu e sua cauda Característica: É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, medindo até 3,5 metros. Possui fosseta loreal. As escamas da parte final da cauda são arrepiadas, com ponta lisa. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 106 Habitat: Florestas densas. Distribuição geográfica: Encontrada na Amazônia e nas florestas da Mata Atlântica, do Estado do Rio de Janeiro ao Nordeste. Sintomas após a picada: Dor e inchaço no local, semelhante à picada da jararaca. Pode haver sangramentos, vômitos, diarréia e queda da pressão arterial. Tipo de soro: Antilaquético ou antibotrópico-laquético. 4.4.2.3. CASCAVÉL (gênero Crotalus) É responsável por 8% dos acidentes ofídicos registrados no país. Também é conhecidos por “maracabóia”, “boicininga”, “boiquira”, “maracá” e outros. Figura 4.24. Cascavel e sua cauda Características: coloração marrom-amarelada e corpo robusto, medindo aproximadamente um metro. Possui fosseta loreal e apresenta caracteristicamente chocalho ou guizo na cauda. Não tem por hábito atacar e, quando ameaçada, começa a balançar a cauda, emitindo o ruído do chocalho ou guizo. Habitat: Campos abertos, áreas secas, arenosas ou pedregosas. Encontrada em algumas plantações, como café e cana. Distribuição geográfica: Encontrada em quase todo o território brasileiro, com exceção da Floresta Amazônica (apesar de já haver sido relatada a presença em locais de campos abertos), zona da Mata Atlântica e regiões litorâneas. Sintomas após a picada: no local quase não há alterações. A vítima apresenta visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Pode haver dor muscular e a urina torna-se escura algumas horas depois do acidente. O risco de afetar os rins é maior do que nos acidentes com jararaca. Tipo de soro: Anticrotálico. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 107 4.4.2.4. CORAL (gênero Micrurus) É responsável por cerca de 0,5% dos acidentes ofídicos registrados no país. Também conhecida por “coral verdadeira”, “ibiboboca”, “boicorá”, e outros. Figura 4.25. Corais Características: São serpentes de pequeno e médio porte, com tamanho em torno de um metro. Não possuem fosseta loreal. Seu corpo é coberto por anéis vermelhos, pretos, brancos ou amarelos. Na região Amazônica, existem algumas espécies com padrão diferente, como, por exemplo: branco e preto. É importante prestar bastante atenção nas cores da coral. Em todo o país existem serpentes não venenosas com coloração semelhante à das corais verdadeiras: são as falsas- corais. Habitat: Vivem no solo sob folhagens, buracos, entre raízes de árvores, ambientes florestais e próximo de água. Distribuição geográfica: Encontradas em todo o território brasileiro. Sintomas após a picada: No local da picada não se observa alteração importante, porém a vítima apresenta visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Pode haver aumento na salivação e insuficiência respiratória. Tipo de soro: Antielapídico. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 110 4.5. ARTRÓPODOS PEÇONHENTOS As aranhas, escorpiões e lacraias pertencem ao grupo dos animais peçonhentos, isto é, tem glândula de veneno e ferrão para injetá-lo. Existem no Brasil milhares de espécies, mas a maioria desses animais não oferecem perigo ao homem. As espécies abaixo podem provocar sintomas de envenenamento. Os acidentes podem ser fatais, principalmente em crianças. ESCORPIÕES: escorpiões amarelos e escorpiões marrons. ARANHAS: armadeira e aranha marrom. OUTROS ARTRÓPODOS DE INTERESSE: Aranha de Grama, caranguejeira, viúva negra, lacraia ou centopéia, taturanas. 4.5.1. ESCORPIÃO AMARELO (“Tityus serrulatus”) Figura 4.26. Escorpião amarelo Amarelo claro, com manchas escuras sobre o tronco (corpo) e na parte inferior do fim da cauda; quarto anel da cauda com dentinhos formando uma serra. Quando adulto chega a 7cm de comprimento. 4.5.2. ESCORPIÃO MARROM (Tityus bahiensis) Figura 4.27. Escorpião marrom MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 111 Marrom-avermelhado-escuro, braços (palpos) e pernas mais claros; com manchas escuras; não tem serrinha na cauda. Quando adulto chega a 7cm de comprimento. 4.5.2.1. ONDE SÃO ENCONTRADOS? Vivem em cupinzeiros, barrancos, sob pedras, troncos caídos, materiais de construção, frestas de muros etc. Adaptam-se bem ao ambiente domiciliar. A picada dessas duas espécies, feita com a parte posterior da cauda, e muito dolorida, sendo esse o principal sintoma do acidente escorpiônico. Figura 4.28. Cauda do escorpião 4.5.2.2. COMO TRATAR? O único tratamento necessário costuma ser aplicação local de anestésico (4ml de lidocaína a 2% sem adrenalina, até três vezes, com intervalo de uma hora). Nos casos graves, também deve ser usado o soro ANTIESCORPIÔNICO ou ANTIARACNÍDICO, conforme instruções da bula. 4.5.3. ARANHA ARMADEIRA (Phoneutria sp) 4.5.3.1. COMO RECONHECÊ-LA? Figura 4.29. Aranha armadeira Cor cinza ou castanho escuro; corpo e pernas com pêlos curtos; perto dos ferrões os pêlos são vermelhos. Atingem até 17cm de comprimento quando adultas, incluindo as pernas (o corpo tem de quatro a 5cm). MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 112 4.5.3.2. ONDE SÃO ENCONTRADAS? As armadeiras escondem-se em lugares escuros, cachos de banana, vegetação, calçados etc, de onde saem para caçar, em geral à noite. Tem esse nome por serem muito agressivas, assumindo a postura ameaçadora (daí seu nome). Os acidentes são comuns, podendo ser graves para crianças menores de sete anos. Uma dor intensa no local da picada, o sintoma predominante do acidente por essas aranhas. 4.5.3.3. COMO TRATAR? O tratamento necessário costuma ser aplicação local de anestésico (4ml de lidocaína a 2% sem adrenalina, até três vezes, com intervalo de uma hora). Nos casos graves, também deve ser usado o soro ANTIARACNÍDICO, conforme instruções da bula. 4.5.3.4. COMO RECONHECÊ-LA? Figura 4.30. Aranha marrom Cor marrom-amarelada, sem manchas. Atinge 3 a 4cm incluindo as pernas (corpo de 1 a 2cm). 4.5.3.5. ONDE SÃO ENCONTRADAS? Não são agressivas, vivem em teias irregulares (parecidas com um lençol de algodão) que constroem em tijolos, telhas, barrancos, cantos de parede etc. Os acidentes são raros, mas em geral graves. Os primeiros sintomas de envenenamento são uma sensação de queimadura e formação de uma ferida no local da picada. 4.5.3.6. COMO TRATAR? O tratamento é feito com soro ANTIARACNÍDICO ou ANTILOXOSCÉLICO. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 115 Possuem dois ferrões na parte debaixo da cabeça, com os quais podem inocular o seu veneno. Não se conhecem, entretanto acidentes graves e não se faz soro antiveneno da picada desses animais. Habitam entulhos, amontoados de madeiras e folhagens etc. 4.5.10.1. CONTROLE E PREVENÇÃO As seguintes medidas são eficazes para o controle e prevenção de acidentes: • Manter limpos: quintais, jardins e terrenos baldios, não acumulando entulho e lixo doméstico; • Aparar a grama dos jardins e recolher as folhas caídas; • Vedar soleiras de portas com saquinhos de areia ou friso de borracha, colocar telas nas janelas, vedar ralos de pia, tanque e de chão com tela ou válvula apropriada; • Colocar o lixo em sacos plásticos, que devem ser mantidos fechados para evitar o aparecimento de baratas, moscas e outros insetos, que são o alimento predileto de aranhas e escorpiões; • Examinar roupas, calçados, toalhas e roupas de cama antes de usá-las; • Andar sempre calçado e usar luvas de raspa de couro ao trabalhar com material de construção, lenha etc. 4.6. ACIDENTES CAUSADOS POR ARANHAS E ESCORPIÕES Além das serpentes, é muito importante prestar atenção a outros animais peçonhentos como aranhas, escorpiões, taturanas, abelhas, vespas e formigas. 4.6.1. ARANHA ARMADEIRA (gênero Phoneutria) Figura 4.36. Aranha armadeira MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 116 Características: Têm o corpo coberto de pêlos curtos de coloração marrom-acinzentada, com manchas claras formando pares no dorso do abdômen. Podem atingir de 3 a 4cm de corpo e até 15cm de envergadura de pernas. Não constroem teia. Habitat: Terrenos baldios. Escondem-se, durante o dia, em fendas, cascas de árvores, bananeiras, onde há materiais de construção, lenha acumulada ou empilhada e, dentro de residências, principalmente em roupas e calçados. Distribuição geográfica: São encontrados na Amazônia, Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Sintomas após a picada: Muitas vezes ocorre forte dor imediata e intensa. É acompanhada de inchaço (edema) discreto no local da picada. Nos casos mais graves, que ocorrem principalmente com crianças, pode haver suor intenso (sudorese), enjôos (náuseas) e vômitos, agitação, alteração no batimento cardíaco (arritmia cardíaca) e choque. Tipo de soro: Antiaracnídico, somente utilizado se houver manifestações graves. 4.6.2. ARANHA MARROM (gênero Loxosceles) Figura 4.37. Aranha marrom Características: Têm o corpo revestido de pêlos curtos e sedosos de cor marrom- esverdeada, com desenho claro em forma de violino ou estrela. Podem atingir 1cm de corpo e 3cm de envergadura de pernas. Não são aranhas agressivas, picando apenas quando comprimidas contra o corpo. Habitat: Constroem teias irregulares em fendas de barrancos, sob cascas de árvores, telhas, tijolos empilhados, atrás de quadros e móveis, cantos de parede, sempre ao abrigo da luz direta. No interior de domicílios se refugiam em vestimentas, causando acidentes. Distribuição geográfica: Ocorrem em todo o Brasil, porém os acidentes são mais freqüentes nos estados da Região Sul. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 117 Sintomas após a picada: Muitas vezes a picada não é dolorosa e, por isso, não é percebida. Horas depois do acidente aparece vermelhidão, endurecimento e dor no local, que podem ser acompanhados de bolhas e escurecimento da pele (necrose). Pode ocorrer também febre, mal- estar, dor de cabeça e vermelhidão no corpo todo e escurecimento da urina. Tipo de soro: Antiaracnídico ou antiloxoscélico. 4.6.3. VIÚVA-NEGRA (gênero Latrodectus) Figura 4.38. Viúva negra Características: Geralmente são aranhas de cor preta, sem pêlos evidentes, de aspecto liso, com ou sem manchas vermelhas no abdômen, que é bastante redondo. Algumas espécies têm coloração marrom. No ventre há uma mancha avermelhada em forma de ampulheta. Habitat: Vivem em teias irregulares, que constroem em vegetação rasteira, arbustos e barrancos. Distribuição geográfica: São encontradas em todo o território brasileiro. Os poucos casos de acidentes, leves e moderados, foram notificados no litoral nordestino, principalmente na Bahia. Há menção de acidentes no Rio de janeiro, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. Sintomas após a picada: Dor de média intensidade no local da picada, acompanhada de contrações musculares. Também ocorrem agitação, sudorese e alterações circulatórias. Medidas a serem tomadas em caso de acidente: Compressas quentes e anestesia local para alívio da dor são suficientes na grande maioria dos casos. No caso de acidentes com viúva- negra, não há soro disponível no Brasil – o acidentado deve ser hospitalizado para controle das alterações. Observações: as aranhas caranguejeiras e as tarântulas (aranhas de grama), apesar de muito comuns, não causam acidentes de importância médica. As aranhas que fazem teias aéreas geométricas (circulares, triangulares etc.) não oferecem perigo, mesmo aquelas que atingem grandes dimensões. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 120 4.6.8. ESCORPIÃO (espécie Tityus cambridgei) Figura 4.42. Tityus cambridgei Características: Possuem a cor escura, quase negra. Distribuição geográfica: São encontrados na Região Amazônica. 4.6.9. COMO PREVENIR ACIDENTES E MEDIDAS DE SEGURANÇA Veja agora alguns cuidados que você deve ter para evitar acidentes provocados por aranhas e escorpiões: • Manter sempre limpas as instalações de propriedades, principalmente a área em volta da casa; • Conservar quintal e jardim limpos; • Evitar o acúmulo de lixo e não amontoar objetos antigos em volta da casa; • Usar telas e vedantes em portas e janelas, procurando tapar buracos e frestas existentes na casa; • Verificar, antes de utilizar sapatos, roupas e outros objetos de uso pessoal, se eles não trazem escondidos alguns desses animais peçonhentos; • Utilizar botas de cano longo, botina com perneiras, luvas e camisas com mangas longas quando fizer trabalhos de coleta de lixo, manuseio de pilhas de madeira e outros materiais de construção. 4.6.10. MEDIDAS A SEREM TOMADAS EM CASO DE ACIDENTES MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 121 Compressas quentes e anestesia local para alívio da dor são suficientes na grande maioria dos casos. O soro antiaracnídico e antiescorpiônico somente é utilizado se houver graves manifestações. 4.6.11. INSETICIDAS Para evitar aranhas e escorpiões, o uso periódico de inseticidas não é a melhor solução. Além do alto custo, a aplicação desses produtos tem efeito apenas temporário e pode provocar intoxicações em seres humanos e animais domésticos. O ideal é coletar as aranhas e escorpiões e remover o material acumulado onde estavam alojados, o que evitará a reinfestação. 4.7. LAGARTAS VENENOSAS São também conhecidas por vários nomes, conforme a região: tatarana, mandarová, oruga, ruga, sauí, lagarta-de-fogo, chapéu-armado, taturana-gatinho, taturana-de-flanela etc. Figura 4.43. - Bando de Lonomia obliqua e detalhes da lagarta lonomia obliqua Figura 4.44. Podalia sp. Megalopygidae Características: As taturanas ou lagartas são formas larvais de borboletas e mariposas (ordem lepidoptera). Algumas delas apresentam cerdas longas, coloridas e inofensivas que escondem as verdadeiras cerdas pontiagudas (Podalia sp. Megalopygidae), contendo as glândulas de veneno. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 122 Existem outros tipos de taturanas, geralmente esverdeadas, que apresentam espinhos ramificados e pontiagudos, que lembram pinheirinhos, com glândulas de veneno nas extremidades. Algumas possuem, no dorso e nas laterais, manchas e listras, como a Lonomia obliqua. As lagartas alimentam-se de folhas, principalmente de árvores frutíferas e arbustos. Algumas são solitárias, enquanto outras são encontradas em grupos. Distribuição geográfica: São encontradas em todo o país. Nas Regiões Sul e Sudeste, as lagartas do gênero Lonomia são responsáveis por graves acidentes. Sintomas após o contato: A reação imediata após o contato é de ardência ou queimação, com inchaço local. Nos acidentes por Lonomia, pode ocorrer hemorragia após algumas horas (gengivas, pele e urina). Também pode haver problemas com o funcionamento dos rins (insuficiência renal) e sangramento grave (pulmão e cérebro). Tipo de soro: Antilonômico, somente para os acidentes com Lonomia. 4.7.1. PARARAMA No grupo das taturanas, também merece destaque a Pararama, pertencente ao gênero Premolis, cujo nome científico é “Premolis semirufa”. Os acidentes com esta lagarta ocorrem geralmente nos trabalhos de extração de seiva dos seringais durante quase todo ano, exceto no período de novembro a janeiro quando a atividade de extração do látex é menos intensa. Isto explica a ocorrência do “reumatismo dos seringueiros” ou “pararamose”. Figura 4.45. Pararama Distribuição geográfica: Esta espécie ocorre predominantemente na Região Amazônica. Sintomas após o contato: Inicialmente o quadro inflamatório no local é semelhante ao causado por outras espécies de lagarta. Uma maior exposição pode levar a artrites crônicas deformantes (inflamação nas articulações causando deformações). Como atingem predominantemente as mãos, a deformidade nos dedos pode impossibilitar o trabalho. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 125 4.8.4. FORMIGAS-DE-FOGO (gênero solenopsis) São insetos agressivos que atacam em grande número se o formigueiro for perturbado. Figura 4.48. Formiga de fogo 4.8.5. FORMIGA TOCANDIRA (gênero Paraponera) CABO-VERDE OU VINTE- E-QUATRO-HORAS De cor negra, são capazes de atingir 3cm de comprimento, sendo encontradas nas Regiões Norte e Centro-Oeste. Figura 4.49. Formiga tocandira 4.8.6. SAÚVA (gênero Atta) Acarretam grandes prejuízos à lavoura. Podem produzir cortes na pele humana com suas mandíbulas potentes. São encontradas em todo o Brasil. Figura 4.50. Saúva MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 126 4.8.7. FORMIGAS-CORREIÇÃO (gênero Eciton) São maiores e ocorrem principalmente na selva amazônica. São carnívoras e se locomovem em grande número, atacando pequenos seres vivos. 4.8.8. SINTOMAS DEPOIS DE FERROADAS Na maioria das pessoas ocorre apenas dor, inchaço, vermelhidão e coceira (prurido) no local da ferroada. Em menos de 1% dos casos, pode haver reações alérgicas graves que surgem, em geral, minutos após o acidente. Nesses casos, podem ocorrer obstruções das vias aéreas e choque anafilático, levando a pessoa à morte, mesmo com uma única ferroada. Nos acidentes por múltiplas ferroadas, em geral acima de cem, desenvolve-se um quadro tóxico generalizado denominado síndrome de envenenamento, com aumento das batidas do coração (taquicardia) e da pressão sangüínea, distúrbio da coagulação, alteração cardíaca. As formigas tocandira podem ocasionar dor intensa e, eventualmente, reações generalizadas (sistêmicas), como calafrios, sudorese e taquicardia. Já a ferroada pela formiga-correição é menos dolorosa. 4.8.9. COMO PREVENIR ACIDENTES E MEDIDAS DE SEGURANÇA Veja como evitar os riscos de acidentes provocados por abelhas, vespas e formigas: • Evite locais onde habitam esses insetos; • Use roupas adequadas e claras, de preferência de cor branca, quando for manipular os insetos, evitando roupas com cores berrantes; • Evite sons que podem excitar os insetos, como, por exemplo, antes de utilizar máquinas agrícolas, inspecione a área a ser trabalhada, verificando, entre outras providências, se não há colméias e abelhas; • Proteja as partes descobertas do corpo em caso de ataque. 4.8.10. MEDIDAS A SEREM TOMADAS EM CASO DE ACIDENTES Após a picada, devem ser feitas compressas frias no local. Pode ser necessária a aplicação de outros medicamentos e, nos casos mais graves, cuidados de terapia intensiva. Por isso é necessário o rápido encaminhamento a um Serviço Médico. Nas ferroadas de abelhas, a remoção de MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 127 ferrão deve ser feita com uma lâmina esterilizada rente à pele, para evitar que haja compressão da glândula de veneno contida no ferrão. Não utilize pinças. 4.9. INFORMAÇÕES GERAIS O Hospital Vital Brasil, que funciona no Instituto Butantan, permanece aberto dia e noite. O tratamento é gratuito para qualquer pessoa picada por animal peçonhento. O Instituto Butantan orienta sobre a captura de aranhas e escorpiões. O soro é feito a partir do veneno que é extraído dos animais vivos que são enviados ao Instituto. Instituto Butantan: 11-8137222 ramal 2188. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 79 De acordo com o posicionamento entre a força de ação e a resistência em relação ao ponto de apoio podemos ter três tipos de alavancas: ALAVANCA INTERFIXA O ponto de apoio está sempre entre a força de ação e a força de resistência. Figura 3.1. Alavanca interfixa ALAVANCA INTER-RESISTENTE O ponto de apoio está numa extremidade, estando a força de resistência entre a força de ação e o ponto de apoio. Figura 3.2. Alavanca inter-resistente MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 80 Figura 3.3. Bombeiro utilizando alavanca ALAVANCA INTERPOTENTE A força de ação está aplicada entre a força de resistência e o ponto de apoio Figura 3.4. Alavanca interpotente 3.2. PLANO INCLINADO É a mais antiga de todas as máquinas, que consiste em uma superfície inclinada a fim deslocar um peso à determinada altura. A vantagem mecânica do plano inclinado consiste na relação entre o braço de ação e o braço de resistência. O BA consiste no comprimento do plano inclinado e o BR consiste na altura a ser vencida. Quanto menor o ângulo do BA, maior será o comprimento do plano inclinado e, quanto maior o BA em relação ao BR, maior será a vantagem mecânica, ou seja, quanto menor a altura do plano inclinado a ser vencida em relação ao comprimento desse plano, menor será o esforço despendido; quanto mais plano o solo e menos inclinado, maior será a vantagem mecânica. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 81 Figura 3.5. Bombeiros utilizando plano inclinado 3.3. SARILHO É um cilindro horizontal móvel, em volta do qual se enrola um cabo ou corda que está ancorada ao peso que se deseja içar. A vantagem mecânica do sarilho consiste na relação entre o BA e o BR, sendo BA o comprimento da manivela e BR o raio do cilindro. Quanto maior for o comprimento da manivela em relação ao raio do cilindro, maior será a vantagem mecânica e, conseqüentemente, menor será a força necessária para içar o peso. Figura 3.6. Sarilho utilizado em poço MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 84 roldanas composto por uma roldana fixa e várias roldanas móveis. A talha diferencial é um sistema constituído por duas roldanas fixas solidárias ao mesmo eixo, porém de diâmetros diferentes e uma roldana móvel. Assim, essas diversas combinações de roldanas que levam nomes específicos, na verdade, possuem os mesmos princípios para se determinar à vantagem mecânica que, para fins de aplicação nas ocorrências de Bombeiros, serão sintetizados a seguir. Figura 3.10. Bombeiro resgatando maca com talha 3.5. VANTAGEM MECÂNICA A fim de nos aprofundarmos no estudo para identificar a vantagem mecânica obtida nas mais variadas combinações de uso de polias, devemos ter em mente algumas premissas em relação ao tema. a) A polia por si só não multiplica força, ela deve ser utilizada em conjunto com cabos ou cordas e equipamentos para ancoragem, tais como mosquetões, lingas e manilhas. É o uso conjunto desses equipamentos que permite a multiplicação de força; desta forma, podemos concluir que, na verdade, o peso se sustenta nos cabos e a polia é apenas um meio para passarmos o cabo, de maneira que não se gere muito atrito; b) Nem toda polia disposta no sistema se presta a multiplicar a força, algumas apenas mudam a direção. A polia que está ligada à resistência funciona como uma alavanca inter-resistente, sendo à força de ação equivalente ao diâmetro da roldana e a força de resistência o tamanho do raio (1/2 diâmetro), por esse motivo é que duplica a força aplicada. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 85 Figura 3.11. Representação de multiplicação A roldana que está ligada ao ponto fixo funciona como uma alavanca interfixa, sendo um dos raios equivalente ao braço de ação e o outro o braço de resistência, onde o ponto de apoio está no meio da alavanca, por esse motivo é que não aumenta a força aplicada. Em regra, somente polias móveis proporcionam vantagem mecânica. As polias fixas somente desviam a força, exceto se a força for exercida pela carga, nesse caso se obtém, vantagem mecânica, exemplo: içar o próprio corpo usando uma polia fixa. Figura 3.12. Representação de desvio de força Contudo, essa regra geral não é a melhor maneira para se determinar à vantagem mecânica na prática, porque variáveis podem acontecer e uma roldana posicionada em um ponto fixo pode gerar multiplicação de força de acordo com o local da resistência em relação ao sistema. Como foi dito anteriormente, o que multiplica força é o conjunto e não a roldana propriamente dita, assim é preciso atentar também aos cabos ou cordas empregadas. c) Deve-se ficar atento para que o ponto de ancoragem e os equipamentos empregados suportem todo o sistema de multiplicação de força. Em uma mudança de direção, o ponto de ancoragem deve suportar, no mínimo, o dobro da carga de resistência: para uma mudança de 180º, no entanto, deve-se trabalhar sempre com uma grande margem de segurança para que não se desloque o ponto de ancoragem ao invés da resistência, bem como para que os equipamentos MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 86 empregados suportem toda a operação, optando-se assim entre uma corda e um cabo de aço ou entre uma polia comum e uma patesca, ou entre um mosquetão e uma manilha. d) Quanto mais se multiplica a força, mais fácil se torna à movimentação da carga de resistência, de modo que deve haver equilíbrio entre a capacidade do sistema, a vantagem mecânica e a força empregada na tração. Com equipamentos de salvamento em altura, por exemplo, se utiliza a regra dos “doze”, ou seja, em um tracionamento direto sem emprego de roldana pode-se empregar, no máximo, a força de 12 homens, para que não se corra o risco de comprometer os equipamentos ou deslocar o ponto de ancoragem. Assim, multiplicando-se a força três vezes, por exemplo, poderão efetuar o tracionamento no máximo 4 pessoas, o que equivaleria a força de 12 pessoas. Assim, a regra estabelece que o produto da vantagem mecânica pelo número de homens deve ser no máximo igual a doze. Por isso que se costuma multiplicar a força no máximo até seis vezes, pois tais sistemas podem ser operados apenas por dois bombeiros sem comprometer o sistema e com rapidez no deslocamento. No entanto, deve-se ficar atento para se ajustar a carga de ruptura aos demais tipos de corda e outros equipamentos empregados, o ideal é trabalhar sempre com uma grande margem de segurança. e) A velocidade de deslocamento da carga de resistência é inversamente proporcional à vantagem mecânica obtida. Assim, se multiplicarmos a força quatro vezes, por exemplo, a velocidade do deslocamento será quatro vezes menor porque, para deslocar o peso 1(um) metro, teremos de tracionar 4 metros de corda. Desta forma, é necessário que se avalie a real necessidade de se multiplicar a força muitas vezes, pois o deslocamento pode não sair como desejado, sobretudo no caso de vítimas ou bombeiros em situação de risco. Recomenda-se multiplicar no máximo até seis vezes, a não ser que seja absolutamente necessário aumentar a vantagem mecânica. f) Para melhor aproveitamento da multiplicação de força, o ângulo entre os dois ramais que saem de uma roldana deve ser igual a zero, pois quanto maior o ângulo entre os ramais, menor será a vantagem mecânica conforme esquema abaixo. Figura 3.13. Perda em virtude da angulação MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 89 O uso dessa técnica exige ainda a instalação do sistema de captura de progresso, uma vez que serão necessários diversos ajustes à medida em que a corda vai sendo recolhida, assim enquanto uma está travada, a outra pode ser aliviada e vice-versa, possibilitando o ajuste desejado. O cálculo da multiplicação de força continua o mesmo, ou seja, contando-se o número de seções da corda que estão ligadas ao peso, no entanto, agora, o peso foi transferido todo para o blocante ou cordim. Nota-se que, com essa técnica, a 1ª ancoragem sempre será no blocante ou cordim, de modo que teremos um sistema ímpar (3X ou 5X). 3.6.4. Sistema Combinado O Sistema combinado nada mais é do que uma combinação de dois ou mais sistemas simples. O cálculo da vantagem mecânica obtida nesse sistema deve ser feito por partes: 1º) Identificar e calcular a vantagem mecânica de cada sistema simples individualmente, conforme já explicado; 2º) Multiplicar os resultados obtidos entre si a partir do primeiro sistema simples, de modo que o terceiro sistema simples seja multiplicado pelo resultado dos dois anteriores e assim sucessivamente. 3.7. CONCLUSÃO As técnicas ora apresentadas exigem muitos treinamentos práticos, devendo as guarnições estar preparadas e com funções divididas, anteriormente, para evitar surpresas sobre qual será a missão de cada um no local. O Comandante da operação exerce papel essencial e, para possibilitar melhor controle, deve se posicionar em local adequado a permitir rápida decisão e fácil fiscalização da montagem do sistema de multiplicação de força empregado devendo atentar ainda para: Se for necessário empregar um bombeiro em situação adversa, como no interior de um poço ou espaço confinado, este deverá ser o de melhor condicionamento e conhecimento técnico dentre os presentes; Se não for possível utilizar o HT, principalmente no caso de içamento, para facilitar a comunicação, deverão ser convencionados anteriormente toques nas cordas, em especial para as condições de descer, parar e subir; Poderão, em alguns casos, ser utilizado ponto de ancoragens improvisado tais como galho de árvore, guincho, escada do ABE e escadas prolongáveis, eixo de viatura e outros pontos de ancoragem capazes de suportar o içamento ou tracionamento, conforme o caso; MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 90 Seguir sempre a seqüência de procedimentos e as prescrições de segurança estabelecidas na folha de rosto do POP de multiplicação de força e dos demais POPs congêneres, tais como poço e outros em que se usa multiplicação de força na prática. 5 CORTE DE ÁRVORE MSTE MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 130 • Sistema radicular pivotante (profundo) Figura 5.3. Sistema radicular pivotante 5.2.3. CAMADAS DO TRONCO MEDULA – A parte mais interna do tronco; CERNE – Volume maior de tecido existente no tronco; ALBURNO – O tecido mais novo; CÂMBIO - Tecido que se regenera. Estimulador do crescimento produz células para dentro e para fora; FLOEMA - Conjunto de vasos que conduzem a seiva; ENTRECASCA – A parte interna da casca; CASCA – Invólucro exterior das árvores. 5.2.4. CONDICIONANTES DE ESTABILIDADE • FORMATO DA COPA • CLIMA • TIPO DE ENGALHAMENTO • DESENVOLVIMENTO DAS RAÍZES • AUSÊNCIA OU PRESENÇA DE VENTOS MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 131 5.3. FORMATO DA COPA E DESENVOLVIMENTO DAS RAÍZES As árvores normalmente têm o seu enraizamento de acordo com a projeção da copada. Toda esta área de projeção da copada deveria ficar livre para que a árvore recebesse melhor nutrição. Como já foi explorado anteriormente, as árvores brasileiras têm um sistema radicular superficial e se espalham conforme a copada cresce para os lados. Figura 5.4. Projeção da copa Normalmente, nas áreas urbanas, esta área de projeção da copada recebe cobertura de concreto ou outro tipo de cobertura devido à necessidade dos passeios e calçadas. Tal procedimento compromete a estabilidade da árvore, não permitindo nutrição adequada, o que facilita a instalação de pragas e outros problemas fito-sanitários. As árvores brasileiras são por isso mais afetadas do que as árvores de sistema radicular pivotante. Por esta razão entre outras ocorrem muitas quedas de árvores. 5.4. DESESTABILIZADORES DE ÁRVORES 5.4.1. FATORES EXTERNOS 5.4.1.1. AÇÃO DOS VENTOS As árvores costumam se desenvolver umas próximas das outras como forma de se protegerem dos ventos. O Eucalipto é um grande exemplo deste fenômeno. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 132 Figura 5.5. Ação do vento A ação dos ventos numa árvore provoca o seu tombamento devido às forças que agem sobre as raízes. 5.4.1.2. DESVIO DE FIBRAS O desvio de fibras provoca o nó (parte mais dura da madeira). Tal fenômeno compromete a estabilidade da árvore. Figura 5.6. Desvio de fibras 5.4.1.3. ENGLOBAMENTO INCOMPLETO Quando a árvore sobre um ferimento, ela inicia o englobamento. Se for completo a árvore estará protegida da influência de desestabilização ou outros fatores maléficos. Se o englobamento for incompleto sua estabilidade estará comprometida, além de permitir a penetração de fatores indesejáveis que poderão comprometer sua saúde. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 135 tais árvores ameaçarem a vida e o patrimônio das pessoas. O corte deve ser iniciado imediatamente, seja de dia ou seja de noite. Logicamente deve-se precaver-se das condições de segurança para a guarnição e população vizinha ao evento. O que ocorre muitas vezes são os tais PERIGOS EM POTENCIAL. A árvore está sadia, bem implantada, mas seus ramos e galhos estão projetados sobre residências, por exemplo. Pode ser que não estejam na iminência de caírem sobre elas, entretanto, poderão cair por uma circunstância ou outra. Daí convém que sejam podados para evitar um mal futuro. Cabe a presença do Engenheiro Agrônomo para que possa verificar se a poda pode ou não prejudicar a árvore. Todo corte não deixa de ser um ferimento. Muitas árvores não estão em PERIGO DE QUEDA IMINENTE e nem oferecem PERIGOS EM POTENCIAL, mas estão numa situação de RISCO PERMANENTE. Vejamos o caso de uma árvore que está implantada nas encostas de um terreno. Estão sadias e bem implantadas no solo inclinado, mas a acomodação do solo (mecânica de solo) com o passar do tempo poderá desestabilizar a árvore pela exposição das raízes desequilibrando as forças ao longo do tronco inclinando-a perigosamente com projeção sobre os arredores. Sendo assim, tal árvore está numa situação de RISCO PERMANENTE, pois o somatória dos fatores que poderão levá-la à queda são previsíveis embora tal queda não seja iminente. Cabe a cada avaliador uma grande dose de bom senso. Muitas vezes deixa-se de cortar ou podar uma árvore, oferecendo perigo em potencial, ou que está em risco permanente, como é o caso de galhos sadios projetados sobre residências ou árvores implantadas em taludes inclinados e recebe a triste notícia de que, tempos depois, os tais galhos ou a árvore caíram sobre a residência e provocaram lesões ou mesmo a morte de pessoas ou então grandes danos ao patrimônio. Na dúvida, deve-se isolar o local e acionar as autoridades do ramo (engenheiros agrônomos, assistentes sociais, defesa civil etc.) bem como empresas afins como as Cia de Força e Luz para juntos, sob a tutela do SICOE, tomarem a melhor decisão. Um conselho de Orgãos com certeza tomará a melhor decisão inclusive observando as questões legais. Finalmente existem árvores TOMBADAS (Registradas como patrimônio histórico ou cultural). Tais árvores para serem cortadas necessitam de um processo especial para poda ou corte. Convém, em caso de perigo de queda iminente isolar a área, evacuar a população do entorno e acionar as autoridades pertinentes ao caso. Algumas prefeituras mantém a relação de árvores tombadas pelo patrimônio público. Existem vários métodos para se avaliar as condições de uma árvore a fim de se verificar sua estabilidade e saúde. Deve-se ter sempre em mente o que é uma árvore sadia. E fazer comparações de uma árvore sadia com a que estamos avaliando. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 136 MÉTODO VISUAL: Consiste em verificar as condições sanitárias da árvore, sombreamento, sol, ação da umidade, raízes expostas apodrecidas, ação de pragas etc. Ex. A figueira não é uma árvore que perde folhas. Se assim acontecer poderá estár comprometida com alguma doença. Já o Ipê em determinadas épocas do ano perde todas as folhas, mas não está morto. MÉTODO DA AUSCUTAÇÃO Consiste em bater no tronco, ouvir o som e depois bater numa árvore sadia da mesma espécie e comparar os sons. MÉTODO POR APARELHOS Consiste em utilizar aparelhos a fim de se verificar as camadas internas da árvore. a) Aparelhos que penetram o tronco e vão medindo o esforço necessário para entrar; b) Aparelhos feito broca que retiram tecido e assim pode-se observar as camadas; c) Aparelho de RaioS X os quais mostram o interior do tronco sem precisar perfurá-los. O corpo de Bombeiros naturalmente usará os métodos Visual e de Auscutação, pois não temos aparelhos de medição. Entretanto, nada impede o acionamento de Engenheiros Agrônomos para fazerem um exame mais acurado. 5.6. PLANO DE CORTE Uma vez definido se vai cortar ou podar a árvore, elabora-se um plano de corte. Toda operação planejada leva a guarnição ao sucesso e o que é mais importante sem acidentes. Se o plano é um corte total da árvore, deve-se observar o seguinte: a) Determinar o CIRCULO DE AÇÃO: Deve-se avaliar a altura da árvore e determinar um raio cuja a distância seja de 2,5 (duas vezes e meia ) a altura da árvore. Figura 5.9. Círculo de ação MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 137 b) Determinar a ÁREA PARA FERRAMENTAS: Deve-se estender uma lona fora do Círculo de Ação e sobre ela colocar todas as ferramentas. Figura 5.10. Área para ferramentas c) Verificar se não há OBSTÁCULOS à SEGURANÇA DOS BOMBEIROS E POPULAÇÃO: - Tipo, som e situação da árvore a ser cortada; - Animais peçonhentos instalados na árvore; - Evacuar residências, se for o caso; - Acionar Cia de Força e Luz para os desligamentos necessários; - Acionar outros serviços necessários (Telefônica, SABESP, COMPAHIA DE GÁS etc.) para outras manobras; A guarnição a ser empregada deve possuir condições físicas, psicológicas e técnicas para esse trabalho. d) Determinar se haverá CORTE TOTAL ou se haverá PODA PRELIMINAR ou SIMPLES PODA. - Se o CORTE FOR TOTAL, determinar qual será a direção da queda e realizar a ancoragem do topo com cabos de aço ou cordas resistentes, tirfor ou sistemas para multiplicação de força para a utilização. Em seguida realizar o entalhe direcional e após o corte de abate. Lembrar-se de determinar a zona de segurança para quem está trabalhando. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 140 Figura 5.15. Corte lascado O próprio peso do galho vai lascar a casca e a entrecasca. Figura 5.16. Corte lascado Feito em galhos que se deseja uma queda vertical. O galho ficará pendurado pela entrecasca e a casca, quando não cai pelo próprio peso. b) Se há obstáculos que impeçam a queda livre: Empregar-se-á o balancinho, que nada mais é do que uma queda diagonal ou horizontal dos galhos sob controle de cordas, evitando que caiam de uma só vez. O operador da motosserra sempre se afasta do galho no momento da descida. Adota-se uma forquilha, a mais favorável, e acima do galho que se quer cortar. Tais forquilhas são usadas como apoio para sustentar o galho e desviar a força, facilitando o trabalho do corte do galho e sua queda diagonal, sustentado por uma corda ancorada no seu ponto de equilíbrio, deve-se, ainda, usar um cabo guia para direcionar a queda. Para queda horizontal, deverá ser usado balancinho duplo. Escolhe-se a forquilha mais favorável ou duas, passam-se as cordas que são ancoradas em dois pontos do galho, efetua-se o corte e se desce gradativamente, direcionando com o cabo-guia. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 141 Para fazer balancinho de tronco, deve-se prender uma linga abaixo do tronco com uma manilha por onde passa uma corda que é ancorada na parte do tronco a ser cortada, no qual também é fixado o cabo guia, efetua-se o corte acima da liga e controla-se a descida. Em ambos os casos, a outra extremidade da corda deverá estar ancorada durante o corte. 3) Pode-se empregar cortes de galhos com balancinhos com ajuda de tirolesa. São cortes especiais nos quais não seja possível o arriamento dos galhos no solo imediatamente ao lado do tronco. Neste caso, estendeum-se tantas tirolezas quanto forem o número dos galhos que se pretende retirar. Sempre começando de baixo para cima. Figura 5.17. Tirolesas As tirolesas devem ser montadas conforme os galhos superiores a ela são cortados. O galho a ser cortado deve ser preparado com balancinho e corda, que será presa à tirolesa através de manilhas, e cabo guia, para que se puxe o galho através da tirolesa. Poderá ser utilizado material descartado da bolsa de salvamento em alturas, que será exclusivo para corte da árvore. Figura 5.18. Balancinho com tirolesa MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 142 A medida que o galho é cortado e cai, ficará dependurado na tirolesa. Figura 5.19. Descida do galho na tirolesa Observações 1. Deve-se lembrar de sempre fazer as amarrações nos galhos depois de forquilhas, pois quando pendurados poderá escapar como no caso A. Figura 5.20. Forma incorreta e a correta de ancoragem O galho desliza pela tirolesa até o local desejado MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 145 5.7. COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃO SOBRE “CORTE DE ÁRVORE” 5.7.1. LEGISLAÇÃO RELATIVA À CRIMES AMBIENTAIS A Lei Federal nº 9605 de 13Fev98 dispõe sobre crimes contra o meio ambiente, tipificando especialmente como crime o “corte de árvore em floresta considerada de preservação permanente sem permissão da autoridade competente”, ou seja, Secretaria do Meio Ambiente (artigo 39 – Pena: Detenção de um a três anos e multa) e, também, “a destruição ou dano a plantas de ornamentação de logradouros públicos ou propriedade privada alheia” (artigo 49 – Pena: Detenção de um a três meses e multa). 5.7.2. CÓDIGO FLORESTAL Lei nº 4771 de 15Set65, alterada pela Lei nº 7803 de 18jul89, institui o Código Florestal, atribuindo competência aos munícipes para fiscalizar o corte de árvores nas áreas urbanas e para declarar qualquer árvore imune de corte (Lei nº 30443/89 adiante). 5.7.3. LEI DE CORTE E PODA DE ARVORES EM SÃO PAULO A Lei Municipal nº 10365 de 22Set87 caracteriza, como “preservação permanente”, a vegetação de porte arbóreo, tanto de domínio público como privado (artigos 1º a 4 º), e estabelece que a poda ou o corte das árvores em logradouros públicos só poderá ser realizada: a) por funcionários da Prefeitura, com a devida autorização do Administrador Regional, ouvido o Engenheiro Agrônomo responsável (artigo 12, inc.1); b) por funcionários de Empresas concessionárias de Serviços públicos, desde que com prévia autorização da Administração Regional e com acompanhamento permanente do Engenheiro Agrônomo responsável (artigo 12, inc. 11); c) pelo Corpo de Bombeiros, nas ocasiões de emergências em que haja risco iminente para a população ou para o patrimônio público ou privado (artigo 12, inc. 111). 5.7.4. DECRETO SOBRE ÁRVORES IMUNES AO CORTE O Decreto nº 30443 de 20Set89, alterado pelo Decreto nº 39743 de 23Dez94, declara, como imune de corte, as árvores existentes na Capital, nos locais relacionados e também dispõe que o corte dessas árvores, em caráter excepcional e devidamente justificado, dependerá de prévio exame e parecer favorável da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 146 5.7.5. CONSTITUIÇÃO FEDERAL A competência para a autorização para o corte da vegetação de porte arbóreo, em propriedade pública ou particular, no território do Município é da Prefeitura Municipal (incisos VIII e V do artigo 30 da Constituição Federal/88). O Corpo de Bombeiros é solicitado pela população para corte ou poda de árvores nas diversas situações: 1) situações emergenciais caracterizadas pelo risco iminente á vida ou ao patrimônio; 2) situações não emergências para apoio por solicitação de Órgãos públicos; 3) situações não emergenciais por solicitação de particulares. Sazonalmente, principalmente durante a estação das chuvas, as solicitações aumentam de tal modo, que essa atividade de corte/poda chega a prejudicar sensivelmente as missões específicas do Corpo de Bombeiros e as que requerem intervenção imediata (traumatismos diversos, incêndios, salvamentos etc.). 5.7.6. CONDIÇÔES DE EXECUÇÃO Ao haver solitação para corte ou poda de árvores, deverá ser procedida avaliação através de triagem e/ou vistoria “in loco” para caracterização da situação e atuação correspondente: a) situações emergenciais caracterizadas pelo perigo iminente de queda com risco à vida ou patrimônio: verificando através da triagem que a situação configura-se com o emergencial, o Centro de Comunicações deverá, incontinenti, providenciar a devida vistoria prévia para confirmar real necessidade desta operação que, neste caso, deverá ser iniciada de imediato, a qualquer hora do dia ou da noite, sem interrupção de continuidade do serviço; b) situações não emergenciais por solicitação de apoio a Órgãos públicos: nas situações de apoio de corte de árvores por parte de Órgãos públicos competentes (por exemplo: Administração Regional ou Secretaria de Verde e Meio Ambiente) ou Empresas concessionárias de serviços públicos (ELETROPAULO, TELESP, entre outras) devidamente autorizadas e acompanhadas do Engenheiro Agrônomo responsável, o Corpo de Bombeiros poderá intervir mediante prévia MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 147 deliberação do Comandante do CBM na região metropolitana e dos Comandantes de GB nos demais Municípios; c) Situações não emergenciais por solicitações de particulares: em situações não emergenciais, cabe ao proprietário ou responsável providenciar o corte ou poda das árvores. Caso não possua condições financeiras para realizar tal serviço, o interessado deverá procurar a ajuda da Prefeitura (na Capital através da Administração Regional e no Interior através do Órgão equivalente) que possui a competência constitucional deste serviço (artigo 30, incisos VIII e V, DA CF/88). 5.7.7. PRESCRIÇÕES DIVERSAS Por força da Lei, o Corpo de Bombeiros só deverá atender às solicitações de corte ou poda de árvores quando as circunstâncias o exigirem, isto é, somente em caráter emergencial em razão de risco iminente à pessoa ou ao patrimônio público ou privado, a fim de que seja retringido ainda mais esse tipo de atendimento pelo Corpo de Bombeiros. Nos casos em que a árvore estiver ameaçando especialmente a fiação elétrica, a solicitação de corte ou poda deverá ser encaminhado às respectivas Companhias de Força e Luz, uma vez que dispõem de equipamentos para este tipo de serviço e necessariamente já seriam acionados para desenergização da rede elétrica, o que deverá ser parâmetro, inclusive para orientação aos interessados. A atividade deverá procurar limitar-se à poda, desde que isto seja suficiente para eliminação do risco iminente. Todo corte ou poda em caráter emergencial deverá ser minuciosamente avaliado através da triagem e antecedido de competente vistoria e, durante o corte ou poda, o Comandante da Operação deverá permanecer avaliando constantemente as condições do local de trabalho, interrompendo as atividades somente caso não haja condições de segurança para os bombeiros (chuva com ventos fortes, chuva à noite ou outra intempérie grave e impeditiva da ação). Neste caso, o local deverá permanecer isolado e sinalizado até que cessem tais condições inseguras e se reiniciem os trabalhos de corte ou poda. Em razão da legislação já mencionada, a atuação deve ser criteriosa, pois a vegetação de porte arbóreo e demais formas de vegetação, tanto de domínio público como privado, consideram-se como bens de interesse comum a todos os munícipes, levando –se em conta também que existem áreas de preservação permanente e árvores declaradas imunes ao corte, por ato do Executivo municipal, em razão de sua localização, raridade, antiguidade,interesse histórico, científico, cultural, paisagístico ou de sua condição de porta-semente. Assim, o corte dessas árvores poderá configurar- se como crime ambiental, caso não fique bem caracterizado que foi realizado por apresentar risco iminente à vida ou ao patrimônio.
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