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Resgate e Emergências Médicas - Apostilas - Engenharia Naval Part1, Notas de estudo de Engenharia Naval

Apostilas de Engenharia Naval sobre o estudo do Resgate e Emergências Médicas, serviço de resgate do Corpo de Bombeiros, O local da ocorrência, Biossegurança, Noções básicas de anatomia, Cinemática do trauma, Hemorragias e ferimentos em tecidos moles.

Tipologia: Notas de estudo

2013
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Baixe Resgate e Emergências Médicas - Apostilas - Engenharia Naval Part1 e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Naval, somente na Docsity! Manuais Técnicos de Bombeiros 12 RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS EO SAS PAULO [ida ee (ee COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MR MANUAL DE RESGATE 1ª Edição 2006 Volume 12 PMESP CCBOs direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte. O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua história. Desta feita fica consignado mais uma vez o espírito de profissionalismo e dedicação à causa pública, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contribuíram para a concretização de mais essa realização de nossa Organização. Os novos Manuais Técnicos de Bombeiros - MTB são ferramentas importantíssimas que vêm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, poderão proporcionar inestimável ganho de qualidade nos serviços prestados à população, permitindo o emprego das melhores técnicas, com menor risco para vítimas e para os próprios Bombeiros, alcançando a excelência em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa missão de proteção à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio. Parabéns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Técnicos e, porque não dizer, à população de São Paulo, que poderá continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados. São Paulo, 02 de Julho de 2006. Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS INTRODUÇÃO É indiscutível a necessidade de um manual de resgate abrangente, já que este serviço tão técnico consiste atualmente na maioria dos atendimentos realizados pelos Corpos de Bombeiros. Portanto, uma fonte de conhecimento confiável é essencial para uma prestação de serviços com qualidade à população. Este manual técnico foi elaborado com o intuito de reunir, racionalizar e atualizar as esparsas fontes de conhecimento existentes na área de resgate e emergências médicas, facilitando o estudo por parte dos bombeiros em formação, especialização ou prontos no serviço operacional. Existem na corporação diversos manuais, apostilas, textos e monografias sobre o assunto, sendo que os conteúdos foram atualizados, reorganizados e introduzidos neste manual, obedecendo os procedimentos padronizados pelos órgãos e instituições geradores de doutrina e normalização de atendimento pré-hospitalar, conforme nossas referências bibliográficas. A organização dos capítulos foi feita numa ordem lógica de aprendizado, explanando desde o conceito do serviço de resgate, passando pela avaliação da cena, da vítima até as emergências mais complexas ou específicas. O grupo de trabalho que elaborou este manual foi composto por profissionais com formação superior ou técnica na área de saúde, além da especialização em atendimento pré hospitalar e experiência na área de ensino de socorristas. A experiência de um oficial médico coordenador e de oficiais e praças bombeiros, com anos de atendimento operacional, proporcionou detalhamento científico e técnico, proporcionando a este trabalho, uma grande abrangência de temas. Os autores procuraram se pautar nos princípios da verdade científica, da técnica atualizada e da legalidade. Buscou-se a clareza do texto para facilitar o entendimento por todos os profissionais da corporação, bem como sua aplicabilidade operacional. A inclusão de um glossário permite ao profissional o acesso aos conceitos técnicos essenciais e a riqueza de ilustrações fornece o detalhamento de cada manobra, bem como a identificação das lesões nas vítimas. O surgimento dos Primeiros Socorros confunde-se com o aparecimento do próprio homem. Ataques de animais, picadas e quedas devem ter sido as lesões mais comuns na vida dos primitivos. Com a formação das tribos, o homem se organizava em grupos para a caça, COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 1 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS sendo acabavam também transportando seus os feridos no regresso. Ao longo da história, as guerras entre os povos, causaram muitos mortos e feridos, necessitando de curativos, transporte, e havendo ainda a necessidade de escolher quem seria ou não socorrido, nascendo aí, a idéia de triagem. Com o advento da revolução industrial, ocorre a eclosão de um tipo de emergência, o acidente do trabalho. Os empreendedores e operários se viam diante de um ambiente perigoso repleto de equipamentos pesados, instalações complexas e métodos de produção que necessitavam, além do trabalho braçal, de uma fonte rápida de energia, no caso, a combustão e a geração de vapor. No século XX, dois fatores foram essenciais para a definitiva empreitada no atendimento emergencial: as guerras mundiais e o surgimento do automóvel. Após a 2ª guerra mundial, surge uma grande quantidade de material escrito pelas forças armadas sobre técnicas de transporte e reanimação. Os textos e gravuras antigas sobre técnicas de reanimação, hoje, nos parecem absurdas, porém, constituíram etapas essenciais da pesquisa científica. O grande interesse no desenvolvimento de técnicas e equipamentos de salvamento, retratam a demanda de emergências existente na época. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 2 Primeiros Socorros na Grande Guerra Foto: New York City – EMS Auto Salvamento: pioneiro no socorro de vítimas. Foto: Centro de Memória do Corpo de Bombeiros da PMESP. MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Já o conceito de resgate é amplo, reunindo todos os anteriores, sendo o atendimento emergencial prestado por profissional qualificado e habilitado que visa acessar uma vítima que se encontre em condições de risco ou não, estabilizá-la e transportá-la adequadamente, no menor tempo possível, ao hospital adequado. Hoje o serviço de resgate está difundido pelo mundo, sendo imprevisível até onde irá sua expansão e sua evolução. Mas há algo definitivamente conhecido e previsível neste serviço, que são seus elementos essenciais, o trinômio: homem, conhecimento e equipamento. É dentro do conhecimento que está inserido este Manual Técnico, podendo harmonizar a relação do homem com o equipamento, resultando na excelência do serviço prestado. Este manual tem por objetivo disponibilizar conhecimento na área de resgate, não a ponto de esgotar definitivamente o assunto, mas de oferecer com clareza e objetividade uma gama de conceitos, procedimentos e experiências que facilitem o aprendizado e dêem suporte doutrinário aos profissionais do Corpo de Bombeiros. APRESENTAÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO DE RESGATE Nos anos 70, o mundo ingressou numa nova era no tocante ao atendimento emergencial, quando se concluiu que devíamos levar ao local do acidente todos os recursos necessários ao atendimento de uma vítima, para, somente após estabilizá-la, realizar sua remoção ao hospital. Também se entendeu que esta remoção não mais estaria relacionada ao transporte em hospital mais próximo, mas sim, aquele que propiciasse o socorro mais adequado, em especialidades e exames complementares que o caso requeresse, evitando-se com isso a perda de tempo com posteriores remoções. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 5 Guarnição do 2º GBS em 1990 Foto: cedida por Cel Res PM Luiz Roberto Carchedi Guarnição do 1ºGB em 2000 Foto: cedida por 1º Ten PM Humberto Cesar Leão Leãode Bombeiros MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Essa teoria foi mais tarde confirmada por Trunkey (Médico Pesquisador Americano), que demonstrou a diminuição da mortalidade com um atendimento rápido e adequado, no local do fato, por equipes treinadas e pelo tratamento definitivo em hospitais apropriados dentro da primeira hora após o acidente, surgindo então o conceito da “hora de ouro” (golden hour). Aliada a esta necessidade, surgiu o enfoque econômico percebendo-se o elevado custo humano e social para o País, resultante das vítimas de acidentes. Citando os dados do Ministério da Saúde, no ano de criação do Sistema Resgate, 1990, somente nos acidentes de trânsito, foram gastos 1,5 bilhões de dólares, divididos em 200 milhões na assistência às vítimas, 400 milhões em danos materiais e 800 milhões em perda de produção. Foi exatamente neste campo fértil, de extrema carência da sociedade, da absoluta ausência de política pública, que foi depositada a semente conhecida como Sistema Resgate que, germinou, cresceu e frutificou para transformar o sonho de alguns abnegados bombeiros em realidade frondosa, comprovada pelo frenético vai e vem das viaturas em todo o Estado, pedindo passagem entre os carros nos grandes centros urbanos, nos mais longínquos trechos de nossas estradas para prestar o essencial atendimento para manutenção da vida. Após anos de dedicação, estudo, superação de barreiras, efetivou-se o projeto inicial cujo lançamento contou com a operacionalização de 36 viaturas, dois suportes avançados terrestres e um aéreo multiplicar-se em mais de 250 viaturas em todo Estado, aumentando no período de pouco mais de 15 anos, os 1.800 atendimentos iniciais, para os cerca de 300 mil dos dias atuais. Na década de 70, oficiais da 4ª companhia perceberam a difícil realidade na execução da tarefa de salvamento onde, após árduos trabalhos e operações que às vezes punham em risco as guarnições, a vítima, razão de todo este trabalho, era levada de forma improvisada dentro das viaturas ou em veículos de passeio ou ainda através de qualquer outro meio de fortuna gerando uma sensação incômoda de impotência e frustração entre os profissionais que atuavam. O, então, Tenente Lemes foi um dos primeiros a transformar esta preocupação em ação e, impulsionado por oficiais empreendedores como o Capitão Caldas, decidiu com outros jovens oficias, criar um veículo tipo “ambulância” que acompanhasse a viatura do comando de área, entretanto, sem recursos necessários ao atendimento e por se tratar de veículo único, já deteriorado pelo uso acabou por não resistir por muito tempo. A evolução deste transporte deu origem as UTE (Unidade de Transporte Emergencial), certamente o carro que deu origem ao Serviço de Resgate. Paralelamente, a necessidade também era sentida pelos profissionais da área da saúde e no início dos anos 80 surgiu o CRAPS ( Coordenação de Recurso e Assistências aos Pronto COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 6 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Socorros) com a participação de importantes nomes da área médica que, através observação da experiência de outros países, via com bons olhos a parceria com o Corpo de Bombeiros na área do atendimento pré hospitalar. O assunto ganhou espaço e, a partir da troca de experiências, entre profissionais da área médica, sobretudo àqueles que militavam na área de emergência e trauma, e alguns oficiais do Corpo de Bombeiros em especial os integrantes do Grupamento de Busca e Salvamento, as reuniões se intensificaram. Com a colaboração do Dr. Nelson Proença Guimarães, expressivo médico que atuava na área pública e a participação do então Tenente Arlindo que no ano de 1984 viajou às próprias expensas à Chicago estreitando contatos com o serviço de emergência daquela cidade, foi viabilizada uma viagem de estudos patrocinada por uma agência internacional conhecida como Partners of América (Companheiros da América ) sendo enviado um grupo composto por quatro Oficias do Corpo de Bombeiros ( Maj PM Roberto Lemes da Silva, Cap PM Luiz Roberto Carchedi, Cap PM Arlindo Faustino dos Santos Junior, Ten PM Luiz Carlos Wilke ) um Oficial da Defesa Civil ( Ten PM André Luiz Rabelo Viana) e três médicos Jorge Mattar Junior, diretor do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas, Dr. Carlos Alberto G. Eid, Diretor do Pronto Socorro de Pirituba, Dr Moise Edmundo Seid, Presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. A oportunidade de colocar estes oficiais em contato com um sistema de atendimento de emergência, atuante, padronizado e eficiente encantou a todos, trazendo-lhes conhecimentos que mais tarde os distinguiriam entre os integrantes dos bombeiros, fama que os acompanhou até os últimos dias dentro do serviço ativo. Afinal, eram reconhecidamente precursores do serviço que mais tarde viria a transformar-se no carro chefe dos atendimentos emergências do Corpo de Bombeiros. “Queríamos provar que aquela foi uma viagem de estudo e não um passeio ou um trem da alegria como chegou a ser chamado” diz hoje o Ten Cel PM Arlindo. O resultado dessa viagem não poderia ser mais promissor, pois os escolhidos elaboraram, após seu regresso, um relatório com o título “VIAGEM DE ESTUDO/CHICAGO” que foi exatamente a normatização para a criação do Sistema Resgate. Nele estavam contempladas desde a formação do socorrista básico ao instrutor, da especificação da viatura até o equipamento utilizado. Os meses que se seguiram, apesar de tudo, não foram fáceis, vencer a resistência interna de parte dos integrantes do Corpo de Bombeiros, parecia tarefa mais difícil do que convencer a COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 7 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Mas nem todos os problemas eram de fácil resolução. Achar um veículo no mercado nacional que atendesse às expectativas daquele grupo, passou a ser um novo desafio. O veículo protótipo, desenvolvido por um setor de uma empresa acostumada a desenvolver projetos militares, ENGESA, apresentou-se como solução. Item a item o projeto foi acompanhado, adicionando-se à viatura de atendimento às emergências médicas os essenciais materiais de salvamento. Numa demonstração clara e inequívoca de que, desde aquele momento, o veículo e suas guarnições manteriam sua vocação de continuar realizando as ações de salvamento, ou como gostamos de falar, o acesso à vítima antes de seu atendimento, afim de não desvirtuar desta forma, a competência própria, constitucional e indelegável do Corpo de Bombeiros. O Atendimento pré-hospitalar, poderia ser a qualquer tempo reinvidicado pelos setores Público ou Privado, mas não as ações de salvamento, inerentes aos serviços do Corpo de Bombeiros. A verba proveniente do convênio entre as duas secretarias disponibilizou a aquisição de trinta e seis viaturas que seriam finalmente entregues no dia 20 de fevereiro de 1990, data que marcou a efetiva implantação do Serviço de Resgate em 14 municípios do Estado. Um ano após a implantação do serviço, já era sentido um aumento significativo de atendimento às vítimas, que passou de 1.896 para 5.967 em 1991. No ano de 1992 com o mesmo número de viaturas, o Resgate atendeu 9.032 vítimas, sinalizando para uma natural e necessária expansão. Nesse mesmo ano, houve uma restruturação em todo o Corpo de Bombeiros e juntamente com esta mudança foi criado o elemento “RESGATE” na Unidade de Despesa do Corpo de Bombeiros, com o objetivo de possibilitar a dotação de recursos orçamentários próprio para aquisição de materiais e equipamentos específicos para o serviço. Ainda no ano de 1992, meados de novembro, foi criado um órgão de coordenação no CBC (Comando do Corpo de Bombeiros) para gerenciar o Serviço de Resgate. Em 1993 com expressivo aumento no atendimento aos acidentados passou de 9.032 para 24.039, foi implantado definitivamente uma Seção de Resgate dentro do DODC (Departamento de Operações e Defesa Civil) hoje DOp ( Departamento de Operações), tendo como missão gerenciar e coordenar administrativamente o Serviço em todo o Estado. Foi feita a integração da Seção de Resgate do DODC do Comando do Corpo de Bombeiros com o órgão correspondente da Secretaria de Estadual de Saúde do Estado de São Paulo, o SAMU (Serviço de Atendimento Médica às Urgências), e criado no PB Alfredo Issa, COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 10 localizado no centro de São Paulo, uma coordenação única do Resgate, composta por Oficiais e Praças do CB e Médicos e Enfermeiros da Secretaria de Saúde. A partir de maio do mesmo ano foram colocadas em operação 74 (setenta e quatro) novas viaturas, passando o Sistema a ser composto de 110 (cento e dez) viaturas de Resgate, um número suficiente para um novo e significativo aumento no atendimento aos acidentados, estando então presente em 76 (setenta e seis) municípios do Estado de São Paulo. Com o aumento de atendimento, no ano de 1994, foram colocadas mais 31 (trinta e uma) novas viaturas de Resgate, modelo americana, da marca Wheeled Coach, totalizando 141 (cento e quarenta e uma) viaturas no Estado, conseqüentemente elevando o número de atendimento para 52.566 ocorrências no Estado. Este projeto inicial foi se expandindo por todo o Estado, aumentando o número de viaturas e de pessoal até que, em 10 de março de 1994, o Serviço de Resgate foi consolidado através do Decreto nº 38432/94 e sua operacionalização atribuída exclusivamente à Polícia Militar do Estado de São Paulo, por intermédio do Corpo de Bombeiros e Grupamento de Radiopatrulha Aérea, conforme segue: DECRETO Nº 38432, DE 10 DE MARÇO DE 1994 Consolida o Sistema de Resgate a Acidentados no Estado de São Paulo e dá providências correlatas LUIZ ANTÔNIO FLEURY FILHO, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais e Considerando que o Sistema de Resgate a Acidentados, instituído por meio da Resolução Conjunta SS/SSP nº 42, de 22 de maio de 1989, em três anos de operação propiciou melhor atendimento às urgências médicas traumáticas, colaborando para a redução do índice de mortalidade das vítimas de acidentes , bem como foi fator importante para minimizar as seqüelas das lesões sofridas, o que veio a reduzir os períodos de permanência hospitalar. Decreta: Artigo1º - Fica consolidado o Sistema de Resgate a Acidentados no Estado de São Paulo, destinado ao atendimento pré-hospitalar de urgências médicas às vítimas de acidentes e traumas em todo o território do Estado, planejado e administrado de forma integrada pela Secretaria da Saúde e pela Secretaria de Segurança Pública, por intermédio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento de Rádiopatrulha Aéreo, da Polícia Militar do Estado de São Paulo. MTBRESG – RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Parágrafo Único: Cabe às unidades da Polícia Militar do Estado de São Paulo mencionadas no "caput" a operacionalização do Sistema. Artigo 2º - As Universidades estaduais serão convidadas a participar do Sistema para cooperarem em seus respectivos campos de atuação, em especial, na implementação de cursos de especialização médica e técnica, na área pré-hospitalar. Artigo 3º - As Secretarias da Saúde e da Segurança Pública editarão resolução conjunta, em que serão definidas suas respectivas áreas de responsabilidade e limites de competência, de forma a tingir os fins estabelecidos neste decreto. Artigo 4º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação. Palácio dos Bandeirantes, 10 de março de 1995 LUIZ ANTÔNIO FLEURY FILHO Roberto Muller Filho, Secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico Cármino Antônio de Souza, Secretário da Saúde Odyr José Pinto Porto, Secretário da Segurança Pública Renato Marins Costa, Secretário do Governo Sendo consolidado o Serviço no Estado de São Paulo, houve necessidade de regulamentação do tipo de ambulância para operar no Sistema, onde em parceria com a Diretoria técnica do Centro de Vigilância Sanitária, foi criado uma comissão Técnico-Científico de Emergência Pré-Hospitalar, tendo como representantes a Divisão de Resgate do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo, objetivando a implantação de medidas que visam criar o Sistema Integrado de Atendimento a Emergências, tendo como metas a criação de normas que orientassem técnica e cientificamente o sistema pré-hospitalar e regulamentar as atividades de transporte e atendimento a doentes em ambulâncias, até que em 16 de março de 1994 foi publicada a PORTARIA C.V.S. (Centro de Vigilância Sanitária) nº 09, que dispõe sobre as condições ideais de transporte e atendimento de doentes em ambulâncias. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 12 MTBRESG – RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS em complexidade conforme a gravidade do caso. Também a preocupação inicial com contaminação tendo em vista a mescla de equipamentos de bombeiros e de materiais para socorro a vítima na UR, deixou de existir, pois a nova concepção para veículo de resgate passou a prever compartimentos externos para o acondicionamento dos materiais específicos de bombeiros, além da incorporação por parte do efetivo, da rotina de utilização dos equipamentos de proteção individual e processamento de materiais de resgate utilizados nos atendimentos. Atualmente, este padrão de viatura foi aperfeiçoado, optando-se por um chassis maior, veículos monoblocos, adaptados para acondicionar os equipamentos de bombeiros além de várias alterações internas de acabamento e compartimentação, de forma padronizada. As Unidades de Resgate transportam materiais e equipamentos que podem ser divididos em 07 grupos, conforme sua finalidade específica: 1) procedimentos iniciais de socorro; 2) reanimação e oxigenoterapia; 3) curativos e bandagens; 4) imobilizações; 5) assepsia e limpeza; 6) acessórios; e 7) equipamentos de bombeiro. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 15 UNIDADE DE RESGATE COM OS MATERIAIS DE RESGATE MTBRESG – RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Neste ano (2006) o Serviço está presente em toda a Capital, na região metropolitana e em 86 municípios do Estado, totalizando 119 municípios com postos de bombeiros. Mas se considerarmos que, pelos próprios convênios entre Corpo de Bombeiros e Municípios, sua área de atuação se estende pelos municípios vizinhos, ampliando sobremaneira a quantidade de regiões cobertas pelo atendimento de Resgate, para quase todo o Estado. A coordenação em cada região é responsabilidade de cada um dos Grupamentos de Bombeiros (GB) distribuídos no Estado, ficando a cargo de um oficial denominado Coordenador Regional de Resgate o acompanhamento técnico do serviço e pessoal, bem como a integração com as áreas da saúde envolvidas. Para obter-se as informações aqui descritas, foram entrevistados vários personagens citados, cujos nomes estão associados ao serviço que hoje representa 70% de todo o atendimento emergencial do Corpo de Bombeiros. Referenciados e reverenciados por esta legião de profissionais que hoje tem a responsabilidade de carregar anonimamente, mas com a mesma dignidade e amor a bandeira que um dia tiveram a ousadia e competência de erguer. Especialmente ao Cel PM Lemes, Cel PM José Carlos, Cel PM Carchedi, Ten Cel PM Arlindo, Ten Cel PM Wilke, Maj Med PM Martini, Cap PM Boanerges que concederam à Corporação a honra de contar um pouco dessa história e que mencionaram outros tantos abnegados que fizeram deste sonho uma realidade, o especial agradecimento, não só da Corporação e seus profissionais, mas das incontáveis pessoas que já foram atendidas, salvas e confortadas na hora que mais necessitavam. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 16 MTBRESG – RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS OCORRÊNCIAS POR GRUPO COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 17 0,32% 0,43% 0,99% 4,65% 0,31% 0,02% 38,13% 20,47% 34,68% A C IDENTES DE TRÂN SITO EM ER GÊNC IA CLÍ N ICA QUEDA / SA LTO / EM P UR RÃO OU A M EÇA D E SA LTO (EXCETO QUEDA DE VEÍ C ULO D E TR A NSP ORTE) P ESSOA FER IDA P OR A RM A / OB JETO LA NÇA DO / JOGA DO OU QUE CA IU E LUTA / B RIGA DE M ÃO INGESTÃO / IN A LA ÇÃO / IN JEÇÃO DE D ROGA / M EDIC A M EN TO / P RODUTO QUÍ M IC O COM M ÁQUINA E EQUIP A M ENTOS (EXC ETO VEÍ CULOS) COM A NIM A L / INSETO (EXC ETO A N IM A L A QUÁTIC O) QUEIM A DUR A FERIM EN TO CA USA DO P OR P RODUTO QUÍ M IC O MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS CAPITULO –1 SERVIÇO DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS 1.1. CONCEITOS 1.1.1. SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS Um sistema de atendimento de emergências é definido como a cadeia de recursos e serviços organizados em uma determinada região, composta de profissionais capacitados para esse atendimento e coordenados por uma central de operações com a finalidade de dar resposta às emergências envolvendo vidas humanas, meio ambiente e patrimônio. Desde já é conveniente distinguir o atendimento pré-hospitalar do atendimento de resgate, historicamente utilizados como sinônimos, pois, de fato, apresentam diferenças essenciais. 1.1.2. ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH) É o conjunto de procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte da vítima, visando a mantê-la com vida e em estabilidade até sua chegada à unidade hospitalar1. 1.1.3. ATENDIMENTO DE RESGATE É a modalidade do Salvamento que, por meio de procedimentos técnicos padronizados, visa a garantir acesso à vítima, fornecer-lhe o suporte básico à vida, retirá-la desse local adverso (edifício em chamas, local elevado, energizado, confinado ou com vazamento de produtos perigosos, presa nas ferragens entre outros) e transportá-la ao hospital mais adequado às suas necessidades2. 1.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS COM VÍTIMAS Por vezes, o Atendimento Pré-Hospitalar e o Resgate são praticados ao mesmo tempo, gerando certa confusão, o que impede a distinção dos serviços por leigos. Um sistema de atendimento de emergência envolvendo vítimas deve dispor de: 1 EID, Carlos A.G.. A diferença de APH e resgate. Disponível no site: < www.aph.com.br/2002/legislacao.asp > acesso em 05Jul05. 2 Corpo de Bombeiros da PMESP. Histórico do Serviço de Resgate no Estado de São Paulo. DOp, 2005. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 18 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS • Recursos humanos capacitados (qualificação e reciclagens da equipe conforme regulamentação, inclusive de salvamento para os serviços que realizam ações de Resgate); • Veículos e equipamentos adequados (seguindo as normas técnicas, inclusive para equipamentos de salvamento, quando for o caso); • Procedimentos operacionais protocolados (protocolo com validade) e dinâmicos; • Regulação eficiente, mantendo controle de hospitais de referência adequados à natureza do atendimento prestado; • Amparo legal (Legislação, convênio etc. permitindo o serviço regular); • Supervisão e intervenção médica à distância ou direta (Unidades de Suporte Avançado terrestre e aéreo); • Comunicação eficiente da central de operações com as viaturas e com os hospitais de referência; • Registros de atendimentos operacionais de forma interligada com os demais sistemas de atendimento de emergência; e • Suporte científico por Universidades e Órgãos Públicos com desenvolvimento de pesquisas e programas interdisciplinar de formação profissional. Qualquer que seja a esfera ou a natureza do sistema, o serviço deve oferecer um atendimento de qualidade ao cidadão, possibilitando o acesso universal e igualitário aos serviços públicos de saúde. 1.3. GUARNIÇÕES DE RESGATE 1.3.1. UNIDADE DE RESGATE (UR): A UR é uma viatura equipada com materiais necessários ao Suporte Básico de Vida (SBV), com equipamentos de salvamento (terrestre, aquático e em alturas) para o atendimento de vítimas de acidentes ou vítimas de emergências médicas em local de difícil acesso, tripuladas por no mínimo 03 (três) Bombeiros capacitados. É composta pelo comandante de guarnição e auxiliar(es) de guarnição, sendo um deles o motorista. Suporte Básico de Vida (SBV), é a atividade que consiste em procedimentos básicos de primeiros socorros, excluindo-se as manobras invasivas, com a finalidade de minimizar o sofrimento do acidentado, evitar o agravamento das lesões e/ou manter a vida da vítima até a chegada do SAV ou entrega no hospital. Ex: reanimação cardiopulmonar, controle de COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 19 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS hemorragias, movimentação e transporte de vítimas, uso de DEA (desfibrilador externo automático) etc. São competências operacionais das Unidades de Resgate (UR): • determinar a natureza da ocorrência; • realizar triagem de vítimas; • prover os níveis de cuidados necessários para cada vítima; • determinar e realizar o cuidado necessário de acordo com o procedimento específico; e • executar os procedimentos adequados de forma rápida e efetiva. Deverá ainda aguardar determinação do Centro de Operações de Bombeiros - COBOM sobre o destino das vítimas, exceto no caso de isolamento completo, ou seja, impossibilidade total de comunicação com o COBOM (rádio e telefone fixo ou celular), tanto a UR ou USA, devendo conduzir a vítima ao hospital da região mais adequado ao caso e contatando o COBOM assim que possível. 1.3.2. UNIDADE DE SUPORTE AVANÇADO (USA) A USA é viatura devidamente equipada com materiais necessários ao Suporte Avançado de Vida, tripuladas por Médico e Enfermeiro do Sistema Estadual de Saúde, e Bombeiros que atuam como motorista e/ou auxiliares de guarnição. Realizam tanto procedimentos básicos de primeiros socorros como manobras invasivas, com a finalidade de iniciar o atendimento médico já no local da emergência. Ex.: intubação endotraqueal, desfibrilação cardíaca, uso de medicamentos, etc. Podem ser acionados em apoio às UR ou em primeiro alarme conforme despacho padrão do trem de socorro (ex: tentativa de suicídio, acidentes ferroviários ou metroviários etc.). São casos indicados para o acionamento da USA: • Parada respiratória ou dificuldade respiratória (afogamento); • Parada cardíaca; • Vítima em choque; • Politraumatizados graves, cuja estabilização e/ou transporte é demorado; • Politraumatizados presos nas ferragens ou locais onde o acesso à vítima é difícil e demorado (soterramento, desabamento, afogamento); • Quando o número de vítimas exceder sua capacidade de atendimento; • Suspeita de infarto agudo do miocárdio; COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 20 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS precisos do acidente, isolar e sinalizar o local, auxiliar a fluidez do trânsito para facilitar a chegada de outras viaturas e iniciar o SBV mais precocemente. 1.4. O PROFISSIONAL DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS Para tripular uma viatura de resgate, o profissional é selecionado pelo seu perfil, capacitado e atualizado continuamente, pois é o espelho do serviço prestado pelo Corpo de Bombeiros. 1.4.1. PERFIL DO PROFISSIONAL DE RESGATE DO CORPO DE BOMBEIROS Todo profissional de resgate deve possuir o Curso de Resgate e Emergências Médicas (REM) e ser credenciado pela Escola de Bombeiros e a DOp/CB. Especificamente, deverá o sargento possuir o CEP – Bombeiros e o motorista, além da respectiva habilitação pelo DETRAN e autorização para condução de viaturas pela Polícia Militar, deverá possuir o curso de condução de viaturas em situação de emergência (CVSE) para conduzir UR ou USA e o curso de condução de motocicleta em situação de emergência (CMSE) para conduzir MOB. Deve ser perfil do profissional de resgate: • Condicionamento físico: necessário devido às particularidades do serviço que exige esforço físico decorrente do grande número de ocorrências diárias atendidas. Atentar para a segurança do trabalho. Ex: utilizar técnicas de levantamento de pesos, correção de postura, etc; • Boa apresentação pessoal: própria do policial militar, que traduz organização. Uma questão de biossegurança, devido ao risco de contaminação com doenças infecto-contagiosas. Destaque para a possibilidade de levar contaminação para a casa através do uniforme, que deve ser lavado em separado das roupas da família; • Discrição e sigilo: não revelar informações pessoais ou relativas à situação clínica da vítima a quem não esteja diretamente envolvido no atendimento da emergência e que dessas informações devam ter conhecimento. Ex: vítima que fez uso de drogas; vítimas de trauma envolvidas em casos extraconjugais ou homossexuais, aspectos da doença ou dos traumas apresentados pela vítima; • Controlar o vocabulário: evitar conversação imprópria ou que perturbe ou aborreça a vítima e seus acompanhantes. Evitar o uso de gírias e palavras de baixo calão; • Estabilidade emocional: ter controle emocional, evitando envolvimento no atendimento da ocorrência e mantendo-se neutro aos acontecimentos; COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 23 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS • Iniciativa: assumir o controle da situação, adotando as condutas apropriadas e agilizando o acionamento dos recursos necessários; • Amabilidade: compreensão com o sofrimento alheio; tratar as vítimas com respeito e serenidade; • Criatividade: quando situações inesperadas surgirem, ser capaz de diversificar o uso de equipamentos e adaptar as técnicas existentes para solucionar os problemas, obedecendo-se os limites previstos nos POP RESGATE. 1.4.2. FUNÇÕES DOS COMPONENTES DA GUARNIÇÃO DE RESGATE Compete ao Comandante da Guarnição e Auxiliar: • Inspecionar e testar com atenção todos os materiais e equipamentos, conforme relação padrão, e o sistema de oxigenoterapia e aspiração da viatura; • Executar passo a passo todas as verificações, procurando atender aos seguintes princípios; • Acessar vítima o mais rápido possível, atentando às precauções universais; • Melhor e mais eficiente atendimento possível às vítimas; • Asseio e prevenção de contaminação da equipe e infecção das vítimas; • A segurança da equipe, das vítimas e de outras pessoas; • Assegurar qualidade do atendimento às vítimas; e • Conduzir bolsa com material de primeiros socorros, equipamento portátil de oxigenoterapia, colar cervical, etc, necessários para os procedimentos na(s) vítima(s). O Comandante da guarnição é o responsável pela rigorosa verificação das condições dos materiais e equipamentos que serão empregados no serviço operacional. Compete ao Motorista: • Efetuar manutenção de primeiro escalão, conforme POP específico; • Verificar, durante o deslocamento de checagem, ruídos anormais, eventuais peças soltas em geral, freios e funcionamento dos rádios móvel e portátil; • Conduzir a viatura até o local da ocorrência, escolhendo o acesso mais rápido, conforme POP de condução de viatura em situação de emergência; • Estacionamento da viatura de forma a proteger guarnição e vítima (de acordo com POP específico); • Sinalização e isolamento do local da ocorrência; e COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 24 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS • Conduzir, ainda, materiais necessários no atendimento, solicitados pelo comandante da guarnição. 1.5. TRANSPORTE DE VÍTIMAS: Uma vez determinado o transporte da vítima a guarnição de resgate deverá: • estabilizar a vítima, transmitir dados ao COBOM; • após orientação do COBOM iniciar o transporte, para o hospital de referência do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme POP específico para cada situação; • fixar à prancha longa através de, no mínimo, três tirantes; • fixar a cabeça da vítima para impedir movimentação lateral; • prender a prancha longa à maca de rodas e fixá-la na viatura; • estar preparado para a ocorrência de vômitos; • manter temperatura corpórea; • ministrar O2, conforme POP específico ; • transportar com velocidade moderada e com segurança, escolhendo o melhor trajeto até o hospital; • nas situações que exijam Transporte Imediato, trafegar para o hospital de destino em código de deslocamento “3”, evitando curvas (quebras de esquinas), se possível; • manter observação contínua da vítima, incluindo sinais vitais e nível de consciência; qualquer alteração no quadro, comunicar ao COBOM; e • informar o COBOM ao chegar ao serviço de emergência. Pertences pessoais da vítima, mesmo roupas e/ou calçados íntegros ou danificados, devem ser relacionados em recibo próprio e entregues à Chefia de Enfermagem ou à pessoa responsável pela recepção dos materiais, somente no hospital. O Protocolo de Resgate prevê o transporte de acompanhantes nos seguintes casos: • Vítimas portadoras de necessidades especiais; • Vítima com confusão mental; • Vítimas com deficiência mental; • Vítima idosa; • Vítimas RN, bebês e crianças; e COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 25 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS É responsabilidade das equipes de Resgate fornecer à equipe do serviço de emergência hospitalar, informações pertinentes à ocorrência e ao atendimento prestado que possam contribuir na continuidade do tratamento desta vítima, tais como: • natureza da ocorrência; • dados do local da ocorrência, como mecanismo do trauma e óbitos no local; • resultados da análise primária e secundária; • procedimentos efetuados e respostas decorrentes; • tempo aproximado decorrido desde o chamado; • intercorrências durante o transporte; e • informações dadas por familiares ou testemunhas relacionadas à vítima (uso de medicamentos, problemas de saúde, etc.). Bom relacionamento com a equipe do Serviço de Emergência Hospitalar é fundamental para melhor atendimento à vítima. Respeitar a rotina do Hospital é obrigação do socorrista. 1.6.2. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS NO TÉRMINO DO ATENDIMENTO: • informar ao COBOM o momento da saída da viatura do serviço de emergência hospitalar e o momento da chegada no Posto de Bombeiros; • realizar a limpeza e desinfecção dos materiais e da viatura, conforme Procedimento Operacional Padrão específico; • repor o material utilizado; • contatar o COBOM para a transmissão e obtenção de dados para a confecção de relatório; • preencher o relatório com os dados obtidos no local da ocorrência, dados obtidos durante o transporte e no hospital; • avaliar e comentar o atendimento com os membros de sua equipe; realizar treinamento das situações que sentirem dificuldades de execução no momento da ocorrência; e • comunicar por escrito qualquer problema durante o atendimento. Deve se adotado cuidado redobrado com materiais infectantes durante a limpeza da viatura. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 28 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS ASPECTOS LEGAIS DO SERVIÇO DE RESGATE DO CB Alguns aspectos legais que envolvem o Serviço de Resgate devem estar claros para os profissionais de resgate: IMPRUDÊNCIA: expor-se a si próprio e/ou a outrem a um risco ou perigo sem as precauções necessárias para evitá-los. Exemplo: é imprudente o socorrista que dirige um veículo de emergência sem colocar o cinto de segurança, ou ainda, excedendo o limite de velocidade permitido na via. IMPERÍCIA: falta de conhecimento técnico ou destreza em determinada arte ou profissão. Exemplo: (Medicar) É um ato de imperícia a aplicação de uma injeção por parte de um socorrista que desconhece os detalhes da adequada técnica de como fazê-lo. Se o socorrista presta assistência a uma pessoa além de seu nível de capacitação e, com isso lhe causa algum dano, incorre em imperícia e pode responder penalmente pela lesão causada (Ver Art. 13, § 2º, letra “a” e Art. 129, § 6º do CP). NEGLIGÊNCIA: descumprimento dos deveres elementares correspondentes a determinada arte ou profissão. Exemplos: é negligente o socorrista que deixa de monitorar os sinais vitais de uma vítima traumatizada, durante seu transporte do local do acidente até o hospital (Ver Art. 13, § 2º, letra “a” combinado com o Art. 121, § 3º - homicídio culposo do CP). É negligente o socorrista que deixa de usar EPI. OMISSÃO DE SOCORRO: capitulada pelo Código Penal no artigo 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Exemplo: se o Médico do Hospital não presta o devido socorro ou não permite que uma vítima de acidente seja atendida em seu Pronto Socorro responde pelo crime de omissão de socorro. PREVARICAÇÃO: prevista no artigo 319 do Código Penal - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Exemplo: prevarica quem deixa de encaminhar a vítima ao hospital determinado pelo Médico Regulador, encaminhando-a a outro nosocômio não adequado ao caso, por ter facilidade de acesso ou de retirada de material. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS LEGAIS: • adotar medidas iniciais que garantam primeiramente a segurança do local e da guarnição; COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 29 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS • nos crimes dolosos como homicídio ou lesões corporais provocadas por agressões, o socorrista deverá preocupar-se simultaneamente com o atendimento da vítima e a segurança da equipe e, em seguida, tomar as devidas providências policiais cabíveis. Se a vítima for autora de crime, deverá ser detida e apresentada ao policiamento ostensivo para as demais providências; • solicitar apoio do policiamento sempre que a situação exigir, visando a segurança do local, do socorrista ou da vítima; • alterar o mínimo possível o local da ocorrência durante o atendimento, preservando ao máximo as condições das edificações, dos objetos e dos veículos encontrados; • todo acidente pode gerar um local de crime, razão pela qual é dever de todo policial militar preservá-lo para a devida apuração, pela autoridade policial competente para adoção das providências decorrentes. Para efeito de exame do local de crime, não deverá ser alterado o estado das coisas, a não ser que seja absolutamente necessário. Entre as causas que justificam a alteração do local estão: • necessidade de socorro imediato às vítimas; • risco à vida para a vítima; • risco à vida para os socorristas; • risco à vida para outras pessoas ou risco de novos acidentes; • impossibilidade física de acesso à vítima; e • impossibilidade de outra forma de salvamento. Adotar as seguintes atitudes em situações especiais como: • crimes de abuso sexual: evitar constrangimento à vítima, respeitando sua intimidade e seu estado emocional; • violência contra crianças: o socorrista deverá priorizar o atendimento à vítima e, se houver identificação do responsável pela violência, tomar as medidas policiais cabíveis, evitando seu envolvimento emocional. Nesses casos, o socorrista não deve permitir que sentimentos de justiça ou revolta prejudiquem o atendimento à vítima, mesmo que seja o próprio criminoso. • vistoriar o local da ocorrência após o atendimento à vítima, procurando afastar as situações de risco; • em acidentes de trânsito com vítima, que geralmente são crimes culposos, o socorrista deve atuar de maneira que haja o mínimo de prejuízo para o local. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 30 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS vítima, sua recusa, possíveis lesões e complicações, a insistência no atendimento, bem como os dados das testemunhas arroladas; • constar no RACB a recusa do atendimento e/ou transporte ao hospital, o número do BO/PM-TC e os dados da respectiva guarnição que atendeu a ocorrência. Caso certificar-se de que há lesões que poderão resultar em agravo à saúde, seqüelas ou morte da vítima ou que há probabilidade de essas circunstâncias ocorrerem em razão de que a lesão (sinal) ou o relato da vítima (sintomas) nem sempre revelam a gravidade do trauma ou a extensão da lesão, o que pode, porém, ser avaliado em função do tipo de acidente, o socorrista deverá providenciar o atendimento e/ou transporte ao hospital mais adequado, indicado pelo Centro de Operações, arrolar pelo menos duas testemunhas e informar a vítima de que o fato será registrado em Boletim de Ocorrência, visando resguardo de ulterior responsabilidade da guarnição e da Instituição. Deverá ainda comunicar o fato ao Oficial de Operações e Oficial de Área e acionar a guarnição de policiamento ostensivo com responsabilidade sobre o local da ocorrência: • registro do fato em BO/PM-TC, constando as informações da vítima, sua recusa, possíveis lesões e complicações, a insistência no atendimento, bem como os dados das testemunhas arroladas; • solicitar aos policiais militares da guarnição que apresentem a ocorrência no Distrito Policial para as providências daquela Instituição; e • constar no RACB a recusa do atendimento e/ou transporte ao hospital, a necessidade de pronto socorro, o número do BO/PM-TC e os dados da respectiva guarnição que atendeu a ocorrência. É importante lembrar que, quando necessário, arrolar testemunhas preferencialmente que não sejam parentes da vítima ou pertencentes à guarnição. Não é necessária presença da vítima que recusou atendimento e/ou transporte ao hospital nem das testemunhas para a confecção do Boletim de Ocorrência, podendo ser convidadas a comparecer à Delegacia, se desejarem. É dever de todo policial militar conhecer a legislação penal vigente, bem como as normas processuais e administrativas, referente ao exercício profissional. Lembrar que o excesso no exercício das funções legais é punível criminalmente. RESTRIÇÃO FÍSICA DE VÍTIMAS: A restrição física de vítimas somente deverá ser utilizada como último recurso nos casos de: COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 33 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS • agitação da vítima por distúrbio de comportamento que acarretem risco para si ou para a equipe de resgate; e • agressividade resultante de hipóxia. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PARA RESTRIÇÃO FÍSICA DE VÍTIMAS Caso seja necessário realizar a restrição física de vítimas: • utilizar técnicas de restrição de vítimas, previstas no POP específico; • empregar somente a força necessária para conter a vítima agressiva, sem excessos; (guarnição deverá estar bem treinada, a ponto de atuarem juntos, evitando dessa forma que vítima fique se debatendo); • orientar a própria vítima e familiares antes de tomar a decisão de efetuar a restrição mecânica de movimentos; • evitar ofensas verbais à vítima e atitudes que possam causar constrangimentos, tais como: chave de braço, segurar pelo pescoço (gravata), apoiar joelhos sobre o tórax, utilização de algemas, cordas ou material similar; e • precaver-se contra mordidas, agressões e secreções por parte da vítima. O uso de ataduras de crepe, quando mal executado, pode acarretar lesões na área restringida. Acolchoar bem a área a ser utilizada para restrição e certificar-se de que o procedimento está sendo eficaz. Cuidado com a possibilidade de garroteamento do local restringido. Checar constantemente o pulso distal e perfusão capilar e atentar para a presença de cianose nas extremidades. Lembrar que o uso de “camisa de força” é proibido por lei. 1.10. CONSTATAÇÃO DE ÓBITO EM LOCAL DE OCORRÊNCIA (ÓBITO EVIDENTE): A constatação de óbito é competência médica, mesmo no local da ocorrência, exceto nos casos de óbito evidente previstos no Protocolo de Resgate. Constatar a morte evidente e comunicar a Central de Operações, quando houver uma das Seguintes situações: • Decapitação; • Esmagamento completo de cabeça ou tórax com PCR; COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 34 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS • Calcinação ou carbonização; • Estado de putrefação ou decomposição; • Rigidez cadavérica; • Apresentação de manchas hipostáticas; e • Seccionamento de tronco com PCR. 1.10.1. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA CASOS DE ÓBITO: • Cobrir o cadáver com lençol descartável; • Solicitar serviços competentes para providências legais; • Preservar o local de crime, até a chegada do policiamento local; • Preservar as informações das vítimas, fornecendo-as somente a autoridades; e • Preservar a imagem da vítima não permitindo fotos e filmagens pela imprensa. Respeitar o cadáver é dever de todo socorrista. Constatado o óbito no interior da viatura de resgate, o socorrista jamais poderá colocar a vítima novamente no chão sob o pretexto de morte irreversível. Isto será um procedimento extremamente contrário ao Procedimento Operacional Padrão do Resgate do CB. Havendo dúvida na constatação do óbito, iniciar RCP. Uma vez que a vítima esteja no interior da viatura de resgate, conduzi-la em RCP ao hospital ou PS, conforme orientação da Central de Operações. 1.11. ATUAÇÃO CONJUNTA COM PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE 1.11.1 PARTICIPAÇÃO DE MÉDICO OU ENFERMEIRO NÃO PERTENCENTE AO SISTEMA: Considerar como “intervenção de saúde solicitada” a intervenção de médico ou enfermeiro não pertencente ao Sistema Resgate e comunicar à Central de Operações a presença de um médico ou enfermeiro no local. Acatar suas orientações referentes à assistência e imobilização da vítima, desde que não contrariem os procedimentos operacionais padrão. Anotar o nome completo, número de inscrição no CRM ou COREN e telefone do profissional, mediante apresentação do documento profissional. Fazer constar no relatório os procedimentos adotados pelo profissional. Comunicar o Médico Regulador quando houver situação de conflito para resolução. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 35 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. ............... § 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. Quanto à legislação infraconstitucional pertinente às Polícias Militares, foi recepcionada pela Constituição Federal, visto que até o momento não se promulgou nova lei. Assim, as atividades e condições dos policiais militares e dos bombeiros militares continuam sendo regidas pelos seguintes embasamentos legais: Decreto-Lei n.º 667, de 02 de julho de 1969, alterado pelos decretos-lei n.º 1072/69, 1406/75, 2010/83 e 2106/84; regulamentado pelo Decreto n.º 88777, de 30 de setembro de 1983 e alterado pelo Decreto n.º 95073/87. No âmbito estadual, a Constituição do Estado de São Paulo repetiu a Carta Magna no que tange à Polícia Militar, já as legislações infraconstitucionais enriquecem o ordenamento jurídico, especialmente mencionando as Leis n.º 616, de 17 de dezembro de 1974 e n.º 207, de 05 de janeiro de 1979, e o Decreto-Lei n.º 217, de 08 de abril de 1970. Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio. ................. § 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. ................. Artigo 141 - À Polícia Militar, órgão permanente, incumbem, além das atribuições definidas em lei, a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. ............... Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil, tendo seu quadro próprio e funcionamento definidos na legislação prevista no § 2º do artigo anterior. No âmbito estadual, a legislação é extensa, disciplinando detalhadamente as competências da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, que a integra organicamente. Evidenciam-se alguns artigos que melhor denotam a competência da Polícia Militar, especialmente por intermédio do Corpo de Bombeiros: COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 38 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS Decreto-Lei n.º 217, de 08 de abril de 1970, que dispõe sobre a constituição da Polícia Militar do Estado de São Paulo, integrada por elementos da Força Pública do Estado e da Guarda Civil de São Paulo: Artigo 9.º - Compete à Polícia Militar do Estado: ............... V - prevenir e extinguir incêndios; VI - prestar socorros públicos e proceder a operações de salvamento; VII - auxiliar a população nos casos de emergência ou de calamidade pública; Lei n.º 616, de 17 de dezembro de 1974, dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar: Artigo 2.° - Compete à Polícia Militar: ............... V - realizar serviços de prevenção e de extinção de incêndios, simultaneamente o de proteção e salvamento de vidas humanas e material no local do sinistro, bem com o de busca e salvamento, prestando socorros em casos de afogamentos, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofes e calamidades públicas; ............... SEÇÃO II Corpo de Bombeiros ............... Artigo 39 - O Comando do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar é o órgão responsável perante o Comando Geral, pelo planejamento, comando, execução, coordenação, fiscalização e controle de todas as atividades de prevenção, extinção de incêndios e de buscas e salvamentos, bem como das atividades técnicas a elas relacionadas no território estadual. Lei n° 684, de 30 de setembro de 1975, que autoriza o Poder Executivo a celebrar convênios com Municípios, sobre Serviços de Bombeiros: Art. 1.° - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar com os Municípios, inclusive o da Capital, convênios sobre serviços de prevenção e extinção de incêndios, de busca e salvamento e de prevenção de acidentes, estabelecendo as correspondentes normas de fiscalização e as sanções a que estarão, sujeitos os infratores. Parágrafo único - Os convênios a que se refere este artigo obedecerão, formalmente, ao mesmo padrão e terão em vista as normas que regulam, no Estado, os serviços afetos ao Corpo de Bombeiros da Policia Militar. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 39 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNIAS MÉDICAS Decreto n° 7.290, de 15 de dezembro de 1975, que aprova o Regulamento Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo: Artigo 107 - O Comando do Corpo de Bombeiros (CCB) é o órgão responsável, perante o Comandante Geral, pelo planejamento, comando, execução, coordenação, fiscalização e controle de todas as atividades de prevenção e extinção de incêndios e de buscas e salvamentos, bem como das atividades técnicas a elas relacionadas, no território estadual. Parágrafo único - O Comando do Corpo de Bombeiros executa, ainda, outras atividades policiais - militares, conforme missões particulares que lhe sejam impostas pelo Comando Geral da Polícia Militar. Nota-se, pela legislação estadual anterior ao Projeto Resgate, a ratificação da competência da Polícia Militar, por meio do Corpo de Bombeiros, para as atividades de busca e salvamento, especialmente no socorro de acidentes em geral. No planejamento do Projeto Resgate, foi elaborada a Resolução Conjunta n.º 42, de 22 de maio de 1989, entre as Secretarias Estaduais de Saúde e de Segurança Pública para dar respaldo legal ao Serviço e atribuindo competências e responsabilidades às Secretarias. Com grande êxito e notória aceitação pública, o Serviço de Resgate foi consolidado por meio do Decreto n.º 38.432, de 10 de março de 1994, destinado ao atendimento pré- hospitalar de urgências médicas às vítimas de acidentes e traumas em todo o território do Estado, planejado e administrado de forma integrada pela Secretaria da Saúde e pela Secretaria de Segurança Pública, tendo sua operacionalização atribuída à Polícia Militar do Estado de São Paulo, por intermédio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento de Radiopatrulha Aérea. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 40 MTBRESG RESGATE E EMERGENCIAS MÉDICAS 2.4. CHEGADA AO LOCAL DA OCORRÊNCIA Ao chegar ao local da ocorrência: 2.4.1. informar a Central de Operações sobre a chegada e posicionar corretamente a viatura, de modo a: 2.4.1.1. proteger a equipe de trabalho; 2.4.1.2. obedecer o POP de “ESTACIONAMENTO DE VIATURA”; 2.4.1.3. sinalizar o local, conforme POP de “SINALIZAÇÃO DE LOCAL DE OCORRÊNCIA”; 2.4.1.4. manter todas as luzes e dispositivos luminosos de alerta da viatura ligados; 2.4.1.5. garantir uma rápida saída do local para o transporte; 2.4.1.6. obstruir o mínimo possível o fluxo do trânsito, sem comprometer a segurança da equipe; 2.4.1.7. isolar o local para evitar aproximação de terceiros, solicitando policiamento de área, quando necessário; e 2.4.2. garantir acesso rápido à vítima; 2.4.3. fazer uma verificação inicial rápida do local, observando: 2.4.3.1. presença de algum perigo iminente, afastando-o ou minimizando-o; 2.4.3.2. número de vítimas; 2.4.3.3. natureza da ocorrência, especialmente a cinemática do trauma para correlacionar com possíveis lesões; 2.4.3.4. necessidade de apoio de unidades adicionais ou outros serviços de emergências; 2.4.4. fazer um relato prévio a Central de Operações; 2.4.5. adotar a seguinte postura no contato com a vítima: 2.4.5.1. apresentar-se de forma adequada; 2.4.5.2. identificar-se como socorrista; 2.4.5.3. controlar o vocabulário e hábitos; 2.4.5.4. inspirar confiança; 2.4.5.5. resguardar a intimidade da vítima; 2.4.5.6. evitar comentários desnecessários sobre a gravidade das lesões; 2.4.5.7. coibir qualquer forma de discriminação ou segregação no atendimento de uma vítima; 2.4.5.8 permitir a presença de um acompanhante da vítima, desde que não prejudique o atendimento; COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 41 MTBRESG RESGATE E EMERGENCIAS MÉDICAS 2.4.6. efetuar Análise Primária e Secundária da vítima; 2.4.7. considerar, em qualquer momento da avaliação da vítima, se há necessidade de SAV no local e solicitar à Central de Operações; 2.4.8. estabilizar a vítima, procedendo às condutas específicas; 2.4.9. transmitir os seguintes dados para a Central de Operações: 2.4.9.1. sexo e idade aproximada; 2.4.9.2. resultado da análise primária/secundária, fornecendo obrigatoriamente pressão arterial; 2.4.9.3. freqüência cardíaca e respiratória, Escala de Coma de Glasgow; 2.4.9.4. quando a vítima encontrar-se estabilizada em condições de transporte. 2.4.10.solicitar à Central de Operações qual P.S. deverá ser encaminhada a vítima. 2.4.11.em casos de várias vítimas, enumerá-las, informando o prefixo da viatura que irá socorrer cada uma delas. 2.5. RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DA CENA DE EMERGÊNCIA Reconhecimento da situação, realizado pelo socorrista no momento em que chega no local da emergência. O reconhecimento é necessário para que o socorrista possa avaliar a situação inicial, decidir o que fazer e como fazer. 2.6. PASSOS PARA AVALIAR A CENA DE EMERGÊNCIA A Avaliação da Cena de Emergência é o estudo rápido dos diferentes fatores relacionados à ocorrência e indispensável para a tomada de decisão. Deve ser constante e não apenas no primeiro momento, pois os fatores podem alterar-se com facilidade e rapidez. 2.6.1. Três passos para avaliar uma cena: 2.6.1.1. Qual é a situação atual? (estado atual das coisas): Consiste na identificação da situação em si. O que está ocorrendo, o que o Socorrista vê. 2.6.1.2. Para onde vai? (riscos potenciais): Análise da potencialidade ou de como a situação pode evoluir. Combustível derramado pode explodir, um fio energizado, fogo que pode alastrar-se, um veículo que pode rolar um barranco, etc. 2.6.1.3. O que fazer para controlá-la? (operação e recursos adicionais): Identificação dos recursos a serem empregados, incluindo a solicitação de ajuda para atender adequadamente a situação, levando-se em conta, rigorosamente, os dois passos dados anteriormente. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 42 MTBRESG RESGATE E EMERGENCIAS MÉDICAS 2.7 OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DA CENA DE EMERGÊNCIA 2.7.1. Fazer uma verificação inicial rápida do local, observando: 2.7.2.1. Natureza da ocorrência; 2.7.2.2. Número de vítimas; situação das vítimas; 2.7.2.3. Presença de algum perigo iminente, afastando-o ou minimizando-o; 2.7.2.4. Possibilidade de atuação e necessidade de apoio de unidades adicionais ou outros serviços de emergências. 2.8. INFORMES INICIAIS 2.8.1. Após a avaliação inicial do local, de imediato, o socorrista deverá informar à Central de Operações os seguintes dados: 2.8.1.1. Tipo/natureza da ocorrência; 2.8.1.2. Endereço do acidente (local exato) e residência; 2.8.1.3. Problemas presentes e os riscos potenciais; 2.8.1.4. Número de vítimas; 2.8.1.5. Gravidade das vítimas; 2.8.1.6. Necessidades de apoio (recursos extras). 2.9 SEGURANÇA NO LOCAL DA OCORRÊNCIA 2.9.1. São prioridades para manter seguro o local de uma ocorrência: 2.9.1.1. Estacionar adequadamente a viatura de forma a proteger a equipe de trabalho; 2.9.1.2. Sinalizar o local e a viatura; 2.9.1.3. Isolar o local evitando a interferência de curiosos; e 2.9.1.4. Eliminar os riscos no local (desconectar bateria, conter vazamentos etc.), acionando o apoio necessário. 2.10 SEGURANÇA PESSOAL A primeira preocupação do socorrista, no local da emergência, é com a sua segurança pessoal. O desejo de ajudar as pessoas que têm necessidade de atendimento pode favorecer o esquecimento dos riscos no local. O socorrista deverá ter certeza de que está em segurança, ao aproximar-se da vítima e que permanecerá em segurança, enquanto presta o atendimento. Parte das preocupações do socorrista com a segurança pessoal está relacionada com a própria proteção contra as doenças infectas contagiosas. O socorrista, avaliando ou prestando atendimento às vítimas, deverá evitar contato direto com o sangue do paciente e outros fluídos corpóreos, tais como vômitos, fezes, urina, suor, etc. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 43 MTBRESG RESGATE E EMERGENCIAS MÉDICAS 2.14.5. Locais de incêndio (utilizando EPR): 2.14.5.1. Equipar dupla de bombeiros com EPI e EPR e cadeira confeccionada com cabo da vida; 2.14.5.2. A dupla deverá portar lanternas, machados e estarem ligados entre si através de um cabo da vida e esta a uma corda desde o local de entrada no local de incêndio; 2.14.5.3. A dupla deverá deslocar rastejando ou agachada para evitar efeitos do calor e/ou fumaça proveniente da combustão; e 2.14.5.4. Efetuar busca, estabilizar e retirar a(s) vítima(s) quando localizada(s). 2.14.6. Local de acidentes com Produtos Perigosos. 2.14.6.1. Identificação do produto; 2.14.6.2. Estacionar a viatura na direção do vento (vento pelas costas); e 2.14.6.3. Avaliar o nível de risco que a ocorrência proporciona; 2.14.6.4. Evacuação da área; 2.14.6.5. Isolamento proporcional a periculosidade da ocorrência; 2.14.6.6. Se necessário, solicitar informações e apoio empresa responsável pelo produto; 2.14.6.7. Solicitar apoio a outros órgãos públicos especializados; 2.14.6.8. Garantir descontaminação das vítimas antes de transportá-las para o hospital. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 46 MTBRESG – RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 3 BIOSSEGURANÇA MTB 12 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS CAPÍTULO 03 – BIOSSEGURANÇA 3.1.CONCEITO DE BIOSSEGURANÇA Significa VIDA + SEGURANÇA, em sentido amplo é conceituada como a vida livre de perigos. De forma mais ampla, entende-se biossegurança como o conjunto de medidas que contribuem para a segurança da vida, no dia a dia das pessoas (exemplo: cinto de segurança, faixa de pedestres). Assim, normas de biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar riscos físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos (como estresse). Representando a maior preocupação do trabalho de resgate, os riscos biológicos devem ser constantemente combatidos, prioritariamente de forma preventiva. 3.2 DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS São enfermidades causadas por microorganismos (bactérias, vírus ou parasitas) que são transmitidas à outra pessoa através da água, alimentos, ar, sangue, fezes, fluidos corporais (saliva, muco ou vômito) ou ainda, pela picada de insetos transmissores de doenças. 3.2.1 Doenças Infecto-Contagiosas mais Relevantes para o Serviço de Resgate −SIDA (AIDS), infecção por HIV; −Hepatite A; −Hepatite B; −Hepatite C; −Tuberculose; −Doenças Menigocócicas (meningite); −Cólera.; −Rubéola (especialmente para o sexo feminino); −Leptospirose; −Febre amarela; −Febre tifóide; e −Sarampo. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 47 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS −Dupla adulto (anti-tetânica e anti-diftérica) – 3 doses com reforço a cada 10 anos; −Anti Tuberculose ou BCG – dose única ; e −Febre tifóide – dose única. Informe-se na UIS de sua OPM ou procure o Posto de Saúde de seu município. 3.4 PRECAUÇÕES PADRÃO Objetivando prevenir a transmissão de microorganismos de um paciente a outros pacientes, à guarnição de resgate e aos profissionais de saúde, recomenda-se a adoção das precauções padrão, evitando-se a transmissão por sangue, fluidos corporais, secreções e excreções com ou sem sangue visível. São elas: Lavagem das mãos após tocar: sangue, fluidos corporais, secreções, excreções e itens contaminados, imediatamente após retirar luvas e entre contatos com pacientes; Uso de luvas para manipular sangue, fluidos corporais, secreções, excreções e itens contaminados; Uso de máscaras e protetores oculares para olhos, nariz e boca durante procedimentos que tenham possibilidade de gerar respingos de sangue, fluidos corporais, secreções e excreções; Uso de aventais limpos não-estéreis, impermeáveis quando necessário, durante procedimentos com paciente que tenham probabilidade de gerar respingos de sangue, fluidos corporais, secreções e excreções; Equipamentos envolvidos na assistência aos pacientes deverão ser manuseados de modo a prevenir contato com a pele e mucosas, contaminação das roupas e a transferência de microorganismos a outros pacientes e ao ambiente; Material contaminado deverá ser processado (limpo e desinfetado) antes de ser utilizado em outro atendimento; Controle ambiental, através das rotinas de procedimentos para limpeza e desinfecção da mobília e ambiente do paciente; A roupa de cama deverá ser manuseada de modo a prevenir a contaminação das roupas, exposição da pele e das mucosas e contaminação a outros pacientes e ao meio ambiente; Material pérfuro-cortante: evitar dobrar, quebrar ou manipular agulhas usadas e descartá-los em recipiente próprio (caixa de descarte). 3.4.1. Considerações Especiais com as Precauções Padrão É de responsabilidade de todo socorrista limitar a possibilidade de infecção cruzada entre as vítimas. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 50 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS No local da ocorrência recolher todo o material utilizado para o atendimento à vítima. Considerar toda vítima como provável fonte de transmissão de doença infecto- contagiosa. Trocar o uniforme, quando houver exposição direta com secreções da vítima. ATENÇÃO: NÃO EXISTE RAZÃO QUE JUSTIFIQUE O ESQUECIMENTO DAS PRECAUÇÕES PADRÃO DE BIOSSEGURANÇA. 3.5. EDUCAÇÃO SANITÁRIA Quando se fala em educação sanitária é prioridade lembrar que a educação dos profissionais atuantes constitui-se como elemento fundamental de um efetivo programa de controle e combate às infecções. Sua adesão dar-se-á, de modo mais intensificado e natural, a partir do momento em que existe maior poder de compreensão do como e porquê se proceder desta ou daquela forma, desde a base até o topo de suas orientações quanto aos procedimentos e normas. A educação sanitária deve ser ampla e preventiva, abrangendo desde hábitos de saúde (lavagem das mãos, alimentação equilibrada, atividades físicas etc.), cuidados e fiscalização com medidas de biossegurança próprias e de outros profissionais, até preocupações com o meio ambiente e saúde ambiental. Os materiais educativos precisam ser apropriados em conteúdo e vocabulário de acordo com o nível educacional, escolarização e linguagem do profissional. Todo o pessoal do Resgate precisa ser educado continuamente acerca da doutrina e procedimentos operacionais de prevenção e controle de infecção da organização. O enfoque à higiene pessoal tem caráter prioritário, especialmente a limpeza e anti- sepsia das mãos. A técnica de lavagem das mãos deve ser seguida rigorosamente. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 51 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS Técnica de Lavagem das Mãos COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 52 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 3.9.2. Limpeza Consiste na lavagem, enxágüe e secagem do material. Tendo por objetivo remover totalmente a matéria orgânica dos artigos, com utilização de soluções como detergentes enzimáticos, detergentes químicos ou desincrostantes. Para este procedimento são utilizadas água, detergente enzimático, detergente químicos ou desincrostante. Os tipos de limpeza recomendados são: − Manual: utilizando escovas, estiletes, arames, etc. − Mecânica: com auxílio de equipamentos tais como lavador ultra-som de baixa freqüência, lavadora de luvas e outros. Este é o processo final no caso de itens não críticos. 3.9.3. Desinfecção É o processo de destruição de microorganismos patogênicos ou não, na forma vegetativa (não esporulada), de artigos considerados semicríticos, com o objetivo de evitar que a próxima pessoa ao utilizar o material seja contaminada, oferecendo segurança ao usuário. O artigo deve estar totalmente seco. Para este procedimento recomenda-se a utilização de soluções de hipoclorito de sódio a 0,5%, glutaraldeido a 2 % ou álcool etílico a 70%. Processo químico recomendado: deixar o material imerso em um balde escuro e com tampa com hipoclorito a 0,5% por 30 minutos (para cada um litro de água coloque um litro de hipoclorito de sódio 1%); 3.9.3. Esterilização É o procedimento utilizado para a destruição de todas as formas de vida microbiana, isto é, bactérias, fungos, vírus e esporos, e artigos classificados como críticos, com o objetivo de evitar que os usuários sejam contaminados quando submetidos a tratamentos que exijam o uso desses artigos. É processo utilizado para materiais de resgate empregados pelas Unidades de Suporte Avançado à Vida (USA) Processo físico recomendado: vapor saturado sob pressão com utilização de autoclave. Processo químico recomendado: imersão total do artigo em produto químico do grupo dos aldeídos (glutaraldeido ou formaldeido) por 10 horas. Processo físico-químico recomendado: óxido de etileno. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 55 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 3.9.5. Indicações de Processo Químico para Artigos PRODUTOS INDICADO CONTRA-INDICADO ÁLCOOL ETÍLICO A 70% (fricção no mesmo local 3 vezes de 30 segundos) - Vidros; - Superfícies externas de equipamentos metálicos; - Macas e colchões. - Acrílico; - Borrachas; - Tubos plásticos; - Pintura da prancha longa. GLUTARALDEÍDO - Frasco de aspiração; - Ressuscitador manual; - Cânula orofaríngea; - Luva de borracha; - Tesoura. - Não é indicado para desinfecção de superfícies HIPOCLORITO - Colar cervical; - Sistema de aspiração; - Sistema de oxigenação; - Máscara de bolso (Pocket Mask); - Cânula orofaríngea; - Tala inflável; - Prancha longa; - Prancha curta; - Colete imobilizador dorsal; - Tala aramada moldável. - Em mármore e metais, devido à ação corrosiva. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 56 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 57 Fluxograma da seqüência dos procedimentos de descontaminação prévia, limpeza, desinfecção e esterilização dos artigos Precisa SIM efetuar a descontaminação prévia NÂO SALA DE LIMPEZA Artigo Artigo Artigo Semicrítico não-crítico crítico SALA DE HIGIENIZAÇÃO QUÍMICO FÍSICO SALA DE ESTERILIZAÇÃO Tipo de processo Processo de descontaminação prévia superfícies com presença de matéria orgânica (passar hipoclorito 1% ou organoclorado) Considerar todos contaminados Artigos críticos, semi-críticos e não críticos com presença de matéria orgânica ou sujidade. Processo de limpeza imergir em detergente enzimático Lavar com água e sabão Esfregar (se necessário) Enxaguar Secar Processo de Desinfecção Meio químico líquido (glutaraldeído 2% ou hipoclorito 0,5%) Meio físico líquido (máquina de ultra-som) Imergir o artigo (30 min) Preencher tubulações Enxaguar com água potável Secar Imergir pelo tempo e temperatura Empacotar e selar (Artigos semicrítico) Processo de esterilização Empacotar em papel grau cirúrgico Esterilizar em AUTOCLAVE SALA DE RESGATE Estocar MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 3.9.7.2. Procedimentos Complementares − Manter fechado o balde com diluição de hipoclorito. − Trocar a solução de hipoclorito a 0,5% a cada 24 horas. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 60 Limpeza da Tala Rígida de Madeira Baldes grandes e identificados para limpeza e desinfecção dos artigos. Obs: deve-se usar um balde para cada produto de limpeza. Materiais limpos e embalados pronto para uso MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 3.10. CONDUTA PÓS EXPOSIÇÃO A DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS 3.10.1. Procedimentos Operacionais − Lavar prontamente a ferida com água corrente e sabão e aplicar solução anti- séptica (álcool 70%, PVPI ou biguanida) no local; − Imediatamente após, o acidentado deverá dirigir-se ao hospital de maior referência da região a fim de ser avaliado e determinada a conduta através do serviço médico o mais precocemente possível; − Atentar à orientação médica e, se determinado pelo médico, realizar coleta de material e profilaxia; − Notificar imediatamente ao Oficial de Área e ao Comandante de Posto de Bombeiros; − Obter informações complementares sobre a vítima, fonte de contaminação; − O Comandante de Posto de Bombeiros deverá investigar o ocorrido e providenciar o Procedimento Técnico de Análise de Conduta Operacional (PTAC); e − Cientificar o chefe da UIS (Unidade Integrada de Saúde) a que pertence a UOp/CB. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 61 Kit para higiene das mãos MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 3.10.2. Fluxograma de Conduta Pós-Exposição 3.11.RESÍDUOS DE APH Após o atendimento, o profissional de bombeiro deve atentar para destinação adequada aos resíduos provenientes dos procedimentos adotados. Este material deve ser expurgado em local apropriado no hospital de referência, após o devido acondicionamento. Considera-se infectante: o sangue humano, resíduos pérfuro-cortantes, secreções e materiais utilizados nos procedimentos (compressa de gaze, ataduras e etc). Deve-se utilizar o tipo de caixa de descarte ou saco plástico normatizado para cada resíduo hospitalar produzido. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 62 ACIDENTE CUIDADOS IMEDIATOS - LAVAR PRONTAMENTE A LESÃO COM ÁGUA CORRENTE E SABÃO AVALIAÇÃO MÉDICA - APRESENTAÇÃO DO ACIDENTADO AO HOSPITAL DE REFERÊNCIA NOTIFICAÇÃO AO COMANDANTE DE POSTO E SEÇÃO DE RESGATE - INSTAURAÇÃO DE PTAC APRESENTAÇÃO À UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE PARA REGULARIZAÇÃO SANITÁRIA. Lixeira com pedal para material infectante indentificada com simbologia MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS sem auxílio do microscópio, como por exemplo o ovo. O ser humano, por ser formado por várias células, é classificado como pluricelular, ou metazoário. Em 1665, o físico inglês ROBERT HOOKE, ao observar finos cortes de cortiça (casca de árvore) ao microscópio, viu que ela era formada por numerosos compartimentos vazios aos quais deu o nome de células. Na verdade, o que Hooke observou eram espaços cheios de ar, células mortas que conservavam apenas suas espessas paredes. A unidade utilizada para medir o tamanho celular denomina-se micrômetro que equivale à milésima parte do milímetro. As células no organismo humano apresentam dimensões variadas, dependendo de sua localização. Nos organismos pluricelulares, as células se apresentam com formas e estruturas extremamente variadas. Eis alguns tipos: estreladas (sistema nervoso), alongadas (músculos), achatadas (pele) e ovaladas (sangue). Pela forma da célula podemos identificar sua localização. A célula constitui-se, entre outros elementos, de: membrana citoplasmática, citoplasma e núcleo. 4.4.2. Membrana Citoplasmática É a camada mais externa, envolvendo a célula. Tem, entre outras funções, as de sustentação e proteção da célula. Regula a entrada e saída de substâncias da célula. 4.4.3. Citoplasma É o conteúdo celular compreendido entre o núcleo e a membrana celular. É uma substância viscosa onde existem várias ORGANELAS (órgãos celulares), responsáveis por diversas funções da célula. 4.4.4. Núcleo É um corpúsculo que existe imerso no citoplasma, geralmente no centro da célula. Foi observado em 1831 pelo botânico inglês Robert Brown, ao estudar células de orquídeas. As principais funções do núcleo são o crescimento e a reprodução celular, como se demons­ trou no final do século XIX através da série de experiências com amebas realizadas por Balbiani. Entre 1876 e 1880, Fleming, apoiado em outros pesquisadores confirmou ser a CROMATINA o principal constituinte do núcleo. Nesta mesma época Hertwig demonstrou COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 64 MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS que a fecundação depende da fusão dos núcleos, das células reprodutoras masculinas e femininas (gametas): isso veio confirmar a importância do núcleo na hereditariedade. Em 1890 Waldeyer Introduziu o termo cromossomo para designar os filamentos de cromatina visíveis na célula em divisão. O microscópio eletrônico forneceu detalhes sobre aspectos anatômicos que todas as células animais compartilham em graus variados. Veremos as principais organelas celulares encontradas no citoplasma, bem como as respectivas funções: 4.4.5. Lisossomos São estruturas ricas em enzimas que degradam moléculas de gorduras, proteínas e outros compostos presentes na célula, ou seja, são as estruturas responsáveis pela digestão celular. 4.4.6. Mitocôndrias Apresentam-se como partículas arredondadas, ou alongadas. São responsáveis pela respiração celular; por isso seu número é elevado nas células com maior capacidade energética, como as células musculares e as nervosas. 4.4.7. Ribossomos Estão presentes em todos os tipos celulares e são extremamente pequenos sendo visíveis apenas pelo microscópio eletrônico. Na célula, participam do processo de elaboração de proteínas. 4.4.8. Complexo de Golgi Apresenta-se sob a forma de vesículas achatadas e superpostas. A função precisa dessa estrutura é desconhecida. Há indícios de que ela poderia estar relacionada à secreção a ao transporte de partículas para dentro e para fora da célula. COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 65 MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 4.4.9. Tecido 4.4.10. O tecido é um conjunto de células de forma e função semelhantes. Principais tipos de tecidos. 4.4.9.1 Tecido Epitelial É constituído por células de forma regular, intimamente unidas, de modo que entre elas quase não sobram espaços para material extra-celular. Geralmente são: cilíndricas, cúbicas ou achatadas. 4.4.9.1.1. O tecido epitelial tem duas funções importantes: 4.4.9.1.1.1. Revestir o corpo, formando a epiderme. Reveste internamente órgãos ocos (mucosa), como o estômago e o intestino. E envolve certos órgãos (serosa), como por exemplo, a pleura envolvendo os pulmões. 4.4.9.1.1.2. Formar glândulas. As glândulas são órgãos encarregados de produzir secreções. Algumas lançam seus produtos para fora do corpo, por meio de condutos, ou para o interior de órgãos, por meio de finos dutos. São as chamadas glândulas de secreção externa ou exócrinas. Como exemplos de glândulas exócrinas temos: glândulas lacrimais, mamárias, salivares, sudoríparas, etc. Outras glândulas liberam suas secreções diretamente no sangue ou na linfa. São as chamadas glândulas de secreção interna ou endócrinas. Seus produtos de elaboração são chamados de hormônios. Como exemplos podemos citar: glândula hipófise, tireóide, paratireóides, testículos, ovários, etc. O pâncreas, por ter função endócrina e exócrina ao mesmo tempo, é considerado uma glândula mista. Como glândula endócrina, ele produz a insulina e o glucagon, hormônios que regulam a taxa de glicose no sangue, e como glândula exócrina produz o suco pancreático, que é lançado no intestino delgado (duodeno) para auxiliar a digestão. 4.4.9.2 Tecido Conjuntivo 4.4.9.2.1. Tem como função preencher espaços entra os diversos órgãos, bem como formar a estrutura geral de sustentação do organismo (esqueleto). Classifica-se da forma que se segue: 4.4.9.3. Tecido Conjuntivo Difuso É o mais encontrado em todo o organismo, preenchendo espaços entre os diversos órgãos. Pode ser comparado à palha colocada entre as louças de uma caixa. 4.4.9.4. Tecido Conjuntivo Elástico É encontrado, por exemplo, nas paredes das artérias, permitindo que ocorra expansão pela passagem do sangue, originando a pulsação. COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 66 MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 4.7.1. REFERÊNCIAS ANATÔMICAS CONVENCIONAIS 4.7.1.1. PLANOS ANATÔMICOS 4.7.1.1.1. Plano Mediano: linha imaginária que passa longitudinalmente e divide o corpo humano em duas metades - direita e esquerda. COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 69   A - MEDIANO B - TRANSVERSAL C - FRONTAL Posição anatômica Referências anatômicas básicas MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 4.7.1.1.2. Plano Transversal ou Horizontal: linha que divide o corpo humano em duas metades - superior e inferior. 4.7.1.1.3. Plano Frontal ou Coronal: linha que divide o corpo humano em duas metades - anterior (ventral) e posterior (dorsal). 4.7.2. SUBDIVISÕES ANATÔMICAS DAS EXTREMIDADES DO CORPO HUMANO: 4.7.2.1. Proximal: é o terço mais próximo da origem da extremidade. 4.7.2.2. Medial/Médio: é o terço central ou médio da extremidade. 4.7.2.3. Distal: é o terço mais distante da origem da extremidade. Portanto, define-se PROXIMAL quando se refere a uma posição próxima da origem de alguma parte e DISTAL, quando se refere a posição distante ou mais afastada da origem de alguma parte e porção MEDIAL a parte da estrutura entre ambas 4.8. QUADRANTES ABDOMINAIS Para facilitar a localização das lesões internas na região abdominal, o socorrista deverá aplicar a regra dos quadrantes abdominais. Trata-se de uma divisão imaginária em quatro partes. 4.9. CAVIDADES CORPORAIS O corpo humano possui 5 cavidades corporais: 4.9.1. Cavidade Craniana – contém o cérebro, cerebelo, bulbo e tronco cerebral. COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 70 QSE (quadrante superior esquerdo) Estômago, baço, rim esquerdo e intestinos QIE ( quadrante inferior esquerdo) vasos ilíacos e Intestinos QSD (quadrante superior direito) Fígado parte do Estômago, pâncreas, veia cava inferior, rim direito e intestinos QID (quadrante infe rior direito) apêndice , vasos ilíacos e Intestinos cérebro cerebelo bulbo Quadrantes abdominais MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 4.9.2. Cavidade Torácica – contém os pulmões e o coração; 4.9.3. Cavidade Abdominal – contém o fígado, o baço, o estômago e o intestino. COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 71 tronco cerebral intestino grosso estômago intestino delgado baço pulmões coração fígado Cavidade craniana Cavidade torácica MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 4.10.3. Pressão Arterial É a pressão exercida contra a parede interna dos vasos e depende da força desenvolvida pelo movimento sistólico, do volume sanguíneo (volemia) e pela resistência das artérias sendo o seu valor mínimo durante a diástole ventricular. Assim, a PA diastólica ou mínima : representa o valor basal da pressão arterial e a PA sitólica ou máxima: representa o pico de pressão no momento da sístole. A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mm/Hg), utilizando –se equipamento denominado esfigmomanômetro, e tem como valores normais entre 60 e 90 mm/Hg para a pressão diastólica e entre100 e 140 mm/Hg para a pressão sistólica 4.10.4. Sistema Respiratório Dividido em vias aéreas superiores (nariz, boca, faringe e laringe) e inferiores (traquéia, brônquios, bronquíolos e pulmões) o sistema respiratório é de fundamental importância no estudo relacionado aos atendimentos emergências uma vez que a garantia da respiração e troca gasosa constitui-se numa das principais prioridades. A troca gasosa ocorre com a introdução do oxigênio (O²) e a saída do dióxido de carbono (CO²). a efetiva troca ocorre nos pulmões em suas estruturas mais elementares chamada alvéolos que se assemelham a pequenos sacos de ar , os quais estão envolvidos por vasos sangüíneos (chamados capilares). Através de impulsos nervosos que partem do cérebro até o tórax e ao músculo chamado diafragma, acontece o movimento para o enchimento dos pulmões com a entrada do ar atmosférico pela diferença de pressão entre o meio interno e externo (inspiração). Dentro do sistema respiratório o ar percorre as vias aéreas superiores e inferiores até a chegada nos alvéolos. O oxigênio presente no ar numa concentração de aproximadamente 21%, passa para os capilares (corrente sangüinea) e os capilares que transportavam altas concentrações de gás carbônico, resultado do metabolismo celular, passa para os alvéolos para ser expelido através do caminho inverso (expiração). A este processo de troca gasosa chamamos hematose. COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 74 temporalbraquialaortafemoral subcláviaradial poplítea pediosa Sistema circulatório – principais artérias MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 4.10.5. Sistema Digestório – Conjunto de órgãos responsáveis pela digestão e absorção dos alimentos. É composto pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos (delgado e grosso) e anus. Possui ainda glândulas acessórias como o fígado, pâncreas e as salivares, já que a digestão compreende processos mecânicos (mastigação, deglutição e peristaltismo) e químicos ( ácidos gástricos e enzimas) O baço , apesar de não fazer parte do sistema digestório está anatomicamente relacionado a este e está bastante relacionado nos traumas abdominais contusos às lesões com hemorragia associada 4.10.6. Sistema Urinário – Responsável pela eliminação de algumas substâncias tóxicas que é produto final do metabolismo, regula a eliminação e conservação de água e outras substâncias. É composto pela bexiga (órgão muscular oco localizado na COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 75 laringe brônquios bronquíolos alvéolos boca nariz faringe epiglote traquéia diafragma Sistema respiratório MTBRSG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS pelve) e demais órgãos excretores. Por estarem acopladas ao púbis é comum as lesões nestas estruturas nas fraturas de quadril. 4.10.7. Sistema Reprodutor – É responsável pela reprodução humana. Nele estão localizados os órgãos sexuais masculino e feminino. Na mulher, o útero é um órgão muscular, resistente e elástico que contém o feto. Feto é um ser que está se desenvolvendo e crescendo no interior do útero, está por nascer. A vagina é o canal do parto. A bolsa amniótica é uma membrana que forma uma espécie de saco que contém o líquido que protege o feto. A placenta é um órgão especial, formado durante a gravidez pelo tecido da mãe e do feto, que serve para circulação de sangue, com oxigênio e nutrientes entre ambos. O cordão umbilical é a continuação da placenta, que serve para ligar a mãe ao feto. 4.10.8 Sistema Nervoso Distribui-se por todos os tecidos do corpo humano. É responsável pela captação de estímulos do meio ambiente, pela regulação e integração da função de órgãos além da responsabilidade sobre as atividades mentais e de comportamento humanos. Formando pelo cérebro, cerebelo, medula espinhal e nervos, tem nos neurônios suas estruturas primárias que apresentam como características a quase nula capacidade de regeneração e, justamente por isso, a preocupação com as seqüelas funcionais após agressões a este sistema. medula COLETÃNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 76 útero feto vagina tubas uterinas placenta nervos Reprodutor feminino celebro MTBRESG – RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 5 CINEMÁTICA DO TRAUMA MTB 12 COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS CAPÍTULO 05 – CINEMÁTICA DO TRAUMA 5.1. INTRODUÇÃO 5.1.1. No Brasil e na quase totalidade dos outros países, o trauma é a principal causa de morte do indivíduo jovem. Mais de 120.000 brasileiros morrem por ano em conseqüência de aci­ dentes e estima-se de quatro a cinco vítimas com seqüelas permanentes para cada óbito. Frente a esta realidade, é fundamental que se desenvolvam serviços de atendimento pré-hospitalar eficazes em analisar a cena do acidente observando os mecanismos que produziram o trauma. Dessa forma é possível detectar precocemente as lesões potencialmente fatais e iniciar o tratamento da vítima da forma mais rápida possível, aumentando as chances de sobrevida. Mais de 90% das lesões de qualquer vítima de acidente podem ser sugeridas através da observação e interpretação dos mecanismos que as produziram. 5.2. DEFINIÇÃO 5.2.1. Denominamos cinemática do trauma o processo de avaliação da cena do acidente, para determinar as lesões resultantes das forças e movimentos envolvidos. No momento em que a equipe de socorro chega à cena do acidente e observa os danos no veículo, a distância de frenagem, a posição das vítimas, se usavam cinto de segurança, suas lesões aparentes etc., está analisando a cinemática do trauma. O conjunto dessas informações permite identificar lesões inaparentes e estimar a gravidade do estado da vítima. Cada vítima de trauma aparenta ter próprias e exclusivas lesões, mas muitas possuem traumatismos semelhantes, conforme as forças envolvidas no acidente. Analisando os mecanismos que produziram os ferimentos e entendendo-os, os socorristas ficam mais aptos para diagnosticar ferimentos ocultos, ou pelo menos para suspeitar das lesões. Saber onde procurar lesões é tão importante quanto saber o que fazer após encontrá-las. O conceito da cinemática do trauma baseia-se em princípios fundamentais da física. 5.3. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FÍSICA 5.3.1. A energia se apresenta em cinco formas básicas: (1) mecânica ou cinética, (2) térmica, (3) química, (4) elétrica, e (5) radiação. A energia mecânica (movimento) permanece como o agente de lesão mais comum e é o agente dos acidentes automobilísticos, quedas, traumatismos penetrantes e por explosão. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 79 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS A cinemática do trauma estuda a transferência de energia de uma fonte externa para o corpo da vítima. O entendimento do mecanismo de lesão reduz a possibilidade do Socorrista não reconhecer uma lesão grave e permite que seja desenvolvida tecnologia de proteção. Para possibilitar este estudo é necessário que o Socorrista conheça algumas leis básicas da física: 5.3.1.1. Lei da Conservação da Energia: a energia não pode ser criada nem destruída, mas sua forma pode ser modificada. 5.3.1.2. Primeira Lei de Newton: um corpo em movimento ou em repouso permanece neste estado até que uma força externa atue sobre ele. 5.3.1.3. Segunda Lei de Newton: força é igual a massa (peso) do objeto multiplicada por sua aceleração. 5.3.1.4. Energia Cinética: é a energia do movimento. É igual à metade da massa multiplicada pela velocidade elevada ao quadrado. 5.3.1.5. Troca de Energia: quando dois corpos se movimentando em velocidades diferentes interagem, as velocidades tendem a se igualarem. A rapidez com que um corpo perde velocidade para o outro depende da densidade (número de partículas por volume) e da área de contato entre os corpos. Quanto maior a densidade do maior a troca de energia. Por exemplo, o osso é mais denso que o fígado e este é mais denso que o pulmão. 5.3.1.6. Efeito de Cavitação: quando um objeto em movimento colide contra o corpo humano ou quando este é lançado contra um objeto parado ocorre uma transferência de energia. Os tecidos humanos são deslocados violentamente para longe do local do impacto, criando uma cavidade. A cavidade pode ser: 5.3.1.6.1. Temporária - não é visualizada na avaliação da vítima. Surge no momento do impacto, mas a seguir os tecidos conservam sua elasticidade e retornam a sua condição inicial. Ex: soco desferido no abdome - pode não deixar marcas externas visíveis após deformar profundamente a parede abdominal, inclusive atingindo órgãos internos. 5.3.1.6.2. Definitiva - a deformidade é visível após o impacto. É causada por compressão, estiramento e ruptura dos tecidos. Um projétil de arma de fogo que atinge o corpo humano provoca além da cavidade definitiva, a temporária causada pela compressão dos tecidos ao redor da via de penetração. Isto tem importância para compreendermos que a destruição dos tecidos não é restrita ao trajeto do projétil. Na avaliação da vítima observa-se apenas a cavidade definitiva. Analisando o mecanismo de trauma é possível estimar o tamanho da cavidade no mo­ mento do impacto, assim como as demais lesões decorrentes. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 80 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 5.7.2. As causas principais de trauma fechado são os impactos diretos de objetos em movimento e aceleração/desaceleração. Em colisões de veículos, o dano depende da energia cinética, da utilização de equipamentos de segurança tais como: cintos de segurança, banco com encosto, bolsas de ar. As lesões corporais são mais freqüentes em passageiros não contidos e ocorrem na cabeça, tórax, abdome e ossos longos. O dispositivo mais eficaz. é o cinto de segurança, que, apesar de causar compressão de órgãos durante colisões, impede que o corpo se choque com o painel e o pára-brisa. As lesões por desaceleração são causadas principalmente por acidentes automobilísticos e quedas de grandes alturas. A medida que o corpo desacelera, os órgãos continuam a se mover com a mesma velocidade que apresentavam, rompendo vasos e tecidos nos pontos de fixação. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS Peso dos Órgãos Humanos Durante Impacto Órgão Peso Normal (Kg) Peso Durante Impacto (Kg) 36 Km/h 72 Km/h 108 Km/h Baço 0,25 2,5 10 22,5 Coração 0,35 3,5 14 31,5 Cérebro 1,5 15 60 31,5 Fígado 1,8 18 72 162 Corpo 70 700 2800 6300 83 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 5 5.8. COLISÕES DE VEÍCULOS 5.8.1. A absorção de energia cinética do movimento é o componente básico da produção de lesão. Você deve considerar as colisões de veículo como ocorrendo em três eventos distintos: 5.8.1.1. Colisão da máquina - veículo colide com outro ou anteparo. 5.8.1.2. Colisão do corpo - ocupantes do veículo, sem cinto de segurança, sofrem impacto contra o interior do veículo ou contra outros ocupantes pela tendência de manter o movimento (inércia), conforme a primeira lei de Newton. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 84 MTBRESG RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS 5.8.1.3. Colisão de órgãos - assim que o corpo pára o movimento, órgãos colidem entre si ou contra a parede da cavidade que os contém, ou sofrem ruptura nos seus pontos de fixação. 5.8.1.4. A energia cinética do movimento do veículo é absorvida à medida que ele é freado subitamente pelo impacto. O corpo do ocupante está viajando com a velocidade que o carro trafegava até que colida com alguma estrutura interna do carro como o pára-brisa, volante ou painel. Ao examinar o carro colidido observamos as seguintes evidências de trauma da vítima:  Deformidade do veículo (indicação das forças envolvidas);  Deformidade de estruturas interiores (indicação de onde a vítima colidiu) e  Padrões de lesão da vítima (indicação de quais partes do corpo podem ter colidido). As colisões de veículos ocorrem em várias formas e cada uma delas é associada com certos padrões de lesão. As quatro formas comuns de acidentes com veículos automotores são: • Colisão frontal; • Colisão lateral; • Colisão traseira e; • Capotagem. COLETÂNEA DE MANUAIS TÉCNICOS DE BOMBEIROS 85 Colisão da máquina Colisão dos órgãos internos Colisão do corpo
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