Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

compreender comunicação empresarial / lígua portuguesa, Notas de estudo de Administração Empresarial

HORNICK, Carmen. Os sentidos de compreender comunicação empresarial lígua portuguesa no curso de administração de empresas

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 10/04/2010

9829-mara-cristiane-9829-6
9829-mara-cristiane-9829-6 🇧🇷

4.8

(23)

41 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe compreender comunicação empresarial / lígua portuguesa e outras Notas de estudo em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity! UNICiências, v.13, 2009 37 OS SeNTIDOS De APReNDeR COMUNICAçãO eMPReSARIAL/LÍNGUA PORTUGUeSA NO CURSO De ADMINISTRAçãO De eMPReSAS Carmen Hornick 1 ReSUMO Este estudo reflete sobre os discursos circulantes acerca do ensino de Comunicação Empresarial/Língua portuguesa no curso de Administração de Empresas, mediante a análise de uma enquete realizada para os corpos docente e discente de uma instituição de ensino superior, em Cuiabá – Mato Gros- so. Por meio da Análise de Discurso Crítica busco descobrir os sentidos, as imagens e o lugar atribuído à disciplina no curso de graduação. PALAVRAS-ChAVe discurso, ensino de comunicação empresarial/língua portuguesa, sentidos ABSTRACT This study analyzes the discourses concerning the learning of Portuguese in Business Administration graduation course through the analysis of a survey answered by students and teachers of a private university in Cuiabá – Mato Grosso. Under the view of the Critical Discourse Analysis, I search to grasp the images, meanings and place given to this subject in the graduation course. KeywORDS discourse, portuguese teaching in business administration course, meanings 1 Graduada em Letras Inglês/Português – UNEMAT, Especialista em Linguística Aplicada, Mestre em Estudos de Linguagem – UFMT, Professora de Comunica- ção Empresarial do curso de Administração de Empresas UNIC/FGV, Professora de Linguagem Forense do curso de direito da Universidade de Cuiabá – UNIC, Membro do Núcleo de Pesquisas da Universidade de Cuiabá – UNIC. UNICiências, v.13, 2009 38 Os desafios que permeiam o ensino/aprendizagem de Co- municação Empresarial/ Língua Portuguesa nos cursos de Admi- nistração de Empresas têm sido efervescentes. A discussão sobre o tema está presente nos vários segmentos comunicativos, extra- polando o ambiente escolar para alcançar uma amplitude que envolve os meios de comunicação como jornais, revistas, alma- naques, programas televisivos, sites da internet e centros de trei- namento empresarial, além da proliferação de livretos de dicas e superdicas sobre a arte de bem escrever, de bem se comunicar. Na maioria das vezes, as discussões veiculadas dizem respeito às deficiências apresentadas não só pelos acadêmicos, mas também por profissionais da área de administração, no processo de pro- dução textual, na utilização das regras da gramática, e na detur- pação, via interpretabilidade, de conceitos e fatos. Algumas revistas especializadas, como a revista Língua Portuguesa, reserva, desde seu primeiro número em 2005, um espaço que trata exclusivamente do processo de comunicação na empresa. Em sua edição inaugural a coluna denominada “Cor- porativo”, traz como tema primeiro a matéria intitulada “Portu- guês para brasileiros”. discorre sobre a necessidade de brasilei- ros, especialmente dos profissionais bem-sucedidos, voltarem às aulas para “reciclar os conhecimentos de português” (sic.). A ale- gação articula uma constatação paradoxal: a excelente formação do executivo, incluindo MbAs no exterior, e a parca articulação linguística deste profissional como usuário de sua língua mater- na. Conforme o discurso midiático e os comentários proferidos por professores das variadas disciplinas que compõem os cursos de graduação, as dificuldades vão desde desvios ortográficos até a capacidade de expressão, seja oral, seja escrita. Em jornais de grande circulação, como a Folha de São Pau- lo e outros, é comum encontrarmos a justificativa para as críticas circulantes pautadas no discurso da limitação do acadêmico ao estudo apenas das apostilas e resumos, sem a prática ostensiva e habitual da leitura. Nas universidades e nas escolas, a sala dos professores, ca- racterizada como um espaço de trocas de idéias e de experiên- UNICiências, v.13, 2009 41 O domínio da língua e as relações de poder Ao analisarmos o ensino de língua portuguesa ao longo da história da disciplina nos currículos escolares, de maneira geral, podemos perceber uma desarticulação que se instaurou, confor- me os preceitos da Gramática Tradicional, na análise estrutural da frase, da classificação, do estudo dos termos que compõem os períodos simples ou compostos. No período inaugural dos anos 80, inicia-se uma tendên- cia lingüística que se identifica com o texto como objeto princi- pal das aulas de português. O objetivo do ensino de português avança para a concepção da interação lingüística arbitrada pelos processos de leitura, interpretação e produção de textos. Esse deslocamento de objetivos da disciplina, marcado especialmente pela elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacio- nais, na década de 1990, revela a busca por responder aos anseios da sociedade que clama por novas habilidades do estudante/fa- lante da língua portuguesa. No entanto, a discussão sobre o ensino/aprendizagem de língua portuguesa, que alcança a mídia, faz-nos observar a pre- sença da temática do poder e do sucesso permeando a questão do bom/mau uso da língua. Mostram-se presente também, nos dis- cursos que irrompem entre os professores que conectam o bom/ mau desempenho do aprendiz, nas mais variadas áreas do conhe- cimento, à sua habilidade/inabilidade quanto ao uso da língua. Esta constatação remete a articulação do discurso à proposição do poder que permeia a obra do filósofo da linguagem, Michel Foucault, em dois momentos distintos: primeiro na arqueologia, na qual a relação saber/poder e verdade científica está conectada ao verdadeiro da época, ou seja, tudo que ‘ é tomado como ver- dadeiro numa época está ligado ao sistema de poder’, tornando a validação do conhecimento científico uma questão de poder. Aquele que o detém é autorizado a determinar o discurso verda- deiro. No segundo momento, da genealogia, o destaque se dá por meio das práticas de poder e sua influência na subjetivação do su- jeito. Foucault explora a articulação entre saber/poder, pois inse- UNICiências, v.13, 2009 42 rido nela encontra-se o sujeito. Nesta relação heterogênea entre poder e saber, os indivíduos passam a ser subjetivados e se cons- tituem como sujeitos. Para Foucault (1993), a subjetividade é pro- duzida, moldada e ‘fabricada’ em diferentes práticas discursivas. A questão que aqui me interessa pode ser expressa da se- guinte maneira: que imagens possuem os alunos e professores (que tiveram seus depoimentos analisados) sobre o ensino de Comunicação Empresarial/Língua Portuguesa no curso de Ad- ministração de Empresas? Essas imagens, influenciadas pela ar- ticulação do saber/poder atribuem um lugar para o ensino de Língua Portuguesa no contexto da graduação de Administração de Empresas, esse lugar é o que pretendo descobrir. No intuito de abordar o tema proposto sobre os sentidos de ensinar e aprender Comunicação Empresarial/Língua Por- tuguesa no curso de Administração de Empresas analiso trinta depoimentos de alunos que se dispuseram a responder uma en- quete, via portal universitário da própria instituição de ensino superior, que compreendia duas questões de múltipla escolha e uma questão dissertativa; dez depoimentos de professores que se dispuseram a responder a enquete, também via portal universi- tário, que compreendia duas questões de múltipla escolha e duas questões dissertativas (ver apêndice). Procedimentos metodológicos Em sua obra Discurso e mudança social, Fairclough (2001) propõe o modelo de análise do texto, da prática discursiva e da prática social. O modelo por ele chamado de tridimensional está representado pelo quadro 1 a seguir: UNICiências, v.13, 2009 43 Figura 1 – Concepção Tridimensional do discurso A análise do discurso como texto enfatiza os aspectos for- mais, porém sem separar forma e conteúdo. Segundo Fairclou- gh (2001: 103), a análise textual pode ser organizada em quatro itens: vocabulário, gramática, coesão e estrutura textual. O estudo do vocabulário trata das lexicalizações, relexicalizações, neologis- mos – enfim das conexões entre palavras e sentidos. A gramática observa a combinação entre frases e orações e a complexidade por ela desenvolvida. A coesão refere-se às propriedades organi- zacionais dos textos ao observar a ligação entre as frases e ora- ções e a estrutura textual em si, esta a que ele refere-se como a ‘arquitetura’ do texto, ou seja, o planejamento do texto: a or- dem de apresentação dos elementos, dos episódios, capítulos etc. O discurso como prática social implica “em compreendê- lo como modo de ação historicamente situado, que tanto é cons- tituído socialmente como também é constitutivo de identidades sociais, relações sociais e sistemas de conhecimento e crença” (Resende & Ramalho, 2006: 26). Nesta dimensão, Fairclough aplica sua noção própria de discurso, o qual pressupõe uma rela- ção dialética entre discurso e sociedade. Assim como o discurso é moldado pela sociedade é também constitutivo desta sociedade. A constituição do discurso pode manter e reproduzir estruturas sociais, como também pode transformar a sociedade. Resende & Ramalho enunciam que PRÁTICA SOCIAL TEXTO PRÁTICA dISCURSIVA UNICiências, v.13, 2009 46 O DESENVOLVIMENTO DE UM BOM ADMINISTRADOR A7 Importantissimo pois é através da comunicação, interpretação e compreensão que se vive um Administrador.2 Percebe-se que estes dizeres são relevantes para a análise. A escolha do léxico e do metadiscurso feita pelos sete alunos carac- teriza a avaliação positiva da disciplina curricular. A modalidade aparece por vezes salientando, enfatizando, e por vezes comentan- do as opiniões dos alunos demonstrando o grau de afinidade dos estudantes com a proposição. Além das opiniões acima transcritas, vários adjetivos foram utilizados em resposta à pergunta, no en- tanto, decidi por não transcrevê-las integralmente, apenas citá-los: fascinante, indispensável, atividade básica, interessante, e no quesito ‘im- portância’ vários enfatizadores compuseram o sintagma nominal, entre eles: super, muito, extremamente. Tais respostas pressupõem a existência de uma afinidade compartilhada pelos alunos, situando a disciplina em lugar de destaque na formação do administrador. O discurso dos professores também mostrou-se pautado na adjetivação, assim constituindo suas opiniões ao responder a pergunta 1: P1 Fundamental. É primordial que o administrador saiba ler critica- mente e tenha a capacidade de formalizar o que planeja. É triste vermos que isso não ocorre. P2 Essencial. Acho que a Língua Portuguesa é a base de tudo. P3 fundamental. 2 Convencionei a reprodução dos depoimentos dos alunos será precedido pela letra A, acrescida de um número que se refere à ordem de aparecimento do depoimen- to no texto. Os depoimentos dos professores serão precedidos da letra P, seguida de um número que indica a ordem de aparecimento do depoimento no texto. UNICiências, v.13, 2009 47 P4 Essencial para aprender a ter capacidade de relacionamento. Em oposição à opinião dos alunos, o corpo docente ate- ve-se a opinar, positivamente, porém, observa-se a ausência de qualquer tipo de modalizador. Esse fato pode revelar, conforme Hodge e Kress (1998: 123), um alto grau de afinidade com a proposição, pouca relação com o comprometimento e muita re- lação com um desejo de demonstrar solidariedade. Nesses seg- mentos, tanto alunos quanto professores classificam a linguagem como fundamentação para o exercício de outras habilidades. No momento em que A2 enuncia “tal disciplina ajudará nos mais di- versos momentos de sua vida”, ele ratifica a constituição do sujeito na sociedade por meio de seu discurso, desta forma, encaminha para a disjuntiva verificada em outras asserções sobre a utilização prática dos conceitos científicos, para o exercício da profissão, tal como enuncia A7 “é através da comunicação, interpretação e compre- ensão que se vive um Administrador” (sic.). A opinião dos docentes pauta-se na comunicação como prática social e como habilidade de planejamento. No entanto, chamou-me a atenção a observação do professor que enuncia que “É triste vermos que isso não ocorre”, a escolha lexical do professor para manifestar sua opinião configura sua avaliação sobre o pro- cesso de ensino, que, embora considere a disciplina “fundamental “não lhe são perceptíveis resultados positivos. Na cena pedagógica, a disciplina em questão é situada em determinados lugares. Vejamos os depoimentos: A8 É muito importante porque, temos que ter a língua portuguesa sem ela nós não somos nada.todos os concursos que tem cai mais interpre- tação de texto então é indispensável. A9 Para mim é muito importante, no começo pensava pra que estudar a língua portuguesa? Agora sei o quão importante é. Eu como sendo uma UNICiências, v.13, 2009 48 estudante em administração e quase uma administradora sei que a capa- cidade de entender, escrever bem é um ponto crucial para minha carreira. A10 importante! Pois,desenvolvemos a capacidade de analisar incóg- nitas e solucioná-las e maneira satisfatória. A11 Fundamental. Imagino que se os profissionais da área não tive- rem preparados com essa ferramenta, terão problemas que considero sé- rios, pois comunicação é tudo para o relacionamento, quer seja de ordem pessoal ou profissional. Quando conseguimos receber uma mensagem, decodificá-la e também dar um retorno preciso com relação a mensagem recebida, temos êxito nesta comunicação e evitamos muitos problemas, tais como mal interpretação. A12 É um ponto fundamental , pois temos que ter uma leitura e inter- pretação das coisas para que possamos tomar atitudes. O desejo de passar em concursos públicos, o desenvolvi- mento das habilidades interpretativas, a análise, a escrita, o pro- cesso de decodificação, a leitura e a interpretação, aparecem re- petidas vezes nas enunciações dos alunos. É possível observar, por meio das declarações destes, a percepção do deslocamento do foco das aulas de língua portuguesa. O conteúdo gramatical não foi citado pelos atores sociais, entretanto o aspecto comuni- cativo permeou todas as asserções. Evidencia-se a instrumentali- zação da língua para servir a propósitos profissionais, conforme enuncia A9 “a capacidade de entender, escrever bem é um ponto cru- cial para minha carreira”. No entanto, os aspectos interpessoais também são lembrados conectando o bom uso da língua à capa- cidade de bem relacionar-se. As asserções sugerem o bom uso da língua como uma prática social capaz de causar a mudança social, tal qual nos propõe Fairclough (1992), em seu modelo tri- dimensional de análise. UNICiências, v.13, 2009 51 _____. A arqueologia do saber. Trad. de Luis Felipe baeta Neves. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. _____. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Trad. Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 1972 _____. (1970) A ordem do discurso. 3ª ed. Trad. Lígia Fraga S. Almeida. São Paulo: Ed. Loyola, 1996. HOdGE, R. e KRESS, G. Social Semiotics.Cambridge: Polity Press; Itha- ca: Cornell University Press, 1988. KOCH, I. V. Argumentação e linguagem. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. MAINGUENEAU, d. Gênese dos Discursos. Trad. Sírio Possenti. Curitiba, PR: Criar Edições, 2005. RESENdE, M. V. & RAMALHO, V. Análise de discurso crítica. São Paulo: Contexto, 2006. Revista Língua Portuguesa. Ano 1, Nº 3, 2005 Apêndice Pesquisa sobre o ensino/aprendizagem - Discentes Título da aplicação Lingua Portuguesa - Instrução da aplicação Eu, professora Carmen Hornick, gostaria de fazer uma pesquisa das opiniões dos alunos do curso de Administração de Empresas sobre o ensino/aprendizagem deComunicação Em- presarial/Língua Portuguesa no contexto universitário. Se você quiser contribuir para esse levantamento, por favor, responda as questões abaixo. Você não precisa se identificar. Muito obrigada! UNICiências, v.13, 2009 52 Período (horário de Brasília) de 25/04/2007 - 22:00 até período indeterminado Outras configurações - Resposta obrigatória para todas as perguntas - Permitiu anonimato - Não permite ao respondente ver resultados - Sem bloqueio de portal Turmas associadas Período corrente Aluno Professor Coordenador Grupos selecionados Usuários selecionados Resultados compartilhados com: Lista de Questões Questão 1 Marque os itens abaixo os quais você considera importan- tes para o bom desempenho de um profissional da área de Ad- ministração de Empresas: Raciocínio lógico Capacidade de leitura e interpretação UNICiências, v.13, 2009 53 Capacidade de relacionar e ensaiar hipóteses Capacidade de expressar-se Capacidade de análise crítica Questão 2 Selecione agora dentre as que escolheu na questão ante- rior qual a mais importante. Raciocínio lógico Capacidade de leitura e interpretação Capacidade de relacionar e ensaiar hipóteses Capacidade de expressar-se Capacidade de análise crítica Questão 3 Para você, o ensino de Comunicação empresarial/Lín- gua Portuguesa no curso de Administração de empresas é ...
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved